RADIOACTIVIDADE Marília Peres 2009 RADIOACTIVIDADE Um pouco de história A Radioactividade A origem dos elementos Aplicações Marília Peres 2 1 UM POUCO DE HISTÓRIA Um pouco de história . . . 1895 - RőNTGEN Em 1895 o professor alemão descobriu uma radiação, que designou por “RAIOS X”, enquanto estudava os efeitos de uma descarga eléctrica no interior de ampolas de vidro onde o ar fora eliminado. Supôs que os raios X provinham da fluorescência que o vidro da ampola adquiria sob a acção dos raios catódicos a que a descarga originava. Marília Peres 4 2 Um pouco de história . . . 1896 – POINCARÉ Relacionou a fluorescência com a emissão de Raios X. Marília Peres 5 Um pouco de história . . . 1896 – HENRI BECQUEREL Especializado no estudo da fluorescência, sujeitou à verificação a ideia de Poincaré. Guardou numa gaveta cristais sobre uma chapa fotográfica, que estava protegida dentro de um invólucro. Mais tarde descobriu que a chapa apresentava a imagem dos cristais! Becquerel concluiu que os cristais de sulfato de urânio e potássio emitiam uma radiação capaz de actuar sobre a matéria mesmo sem ser necessário expô-los à luz do Sol para lhes excitar a fluorescência. Estava descobertaMarília a Peres RADIOACTIVIDADE. 6 3 Um pouco de história . . . 1896 – HENRI BECQUEREL Becquerel serviu-se de um espectroscópio de folhas de ouro de tal modo isolado que permitia que as suas folhas se mantivessem afastadas durante muito tempo. Abriu uma janela e tapou-a com alumínio. Posteriormente encontrou t um cristal i t l de d sulfato lf t duplo d l de d urânio â i e potássio e verificou que as folhas descaiam. Significava que as radiações emitidas pelo sal de urânio electrizavam o ar. Marília Peres 7 Um pouco de história . . . M i Skl d k Marie Sklodoswka Doutoramento em radiações emitidas pelos sais de urânio Nobel da Física – 1903 Nobel da Química – 1911 Marília Peres 8 4 Um pouco de história . . . Pierre Curie Nobel da Física – 1903 Um dos físicos franceses mais notáveis da segunda metade do séc. XIX. Sobre ele escreveu Poincaré: “...os fenómenos físicos tomavam um aspecto diferente quando eram apreciados através do seu espírito original e lúcido...”. Marília Peres cit. in Carvalho(2) 9 Um pouco de história . . . O casal Curie ligado por laços profundamente afectivos f ti e por interesses i t mentais t i comuns, entregaram-se, à investigação científica. Sobre o trabalho de Becquerel, Marie Curie disse: “... Becquerel assegurou-se que estas propriedades não dependem de uma insolação prévia e que persistem (...). Parece-nos extremamente atraente o estudo deste fenómenos e ainda mais por se tratar de um assunto completamente desconhe-cido, sem qualquer bibliografia. Resolvi-me, portanto, a fazer um trabalho sobre este tema”. cit. in Carvalho(2) Marília Peres 10 5 Um pouco de história . . . Os trabalhos iniciais consistiram em avaliar a intensidade da radiação emitida pelo urânio em condições variadas. variadas M. Curie concluiu que a intensidade da radiação é proporcional à quantidade de urânio presente. Concluiu também que se tratava de uma propriedade atómica do urânio, isto é, que a intensidade da radiação emitida só depende do facto do urânio estar presente. E portanto dos seus próprios átomos. Electroscópio com câmara de utilização utilizado por M.Curie fonte: Birch (10) “Tornava-se necessário dar um nome a esta propriedade nova da matéria (...) propus o nome de radioactividade.(...) Os elementos radioactivos receberam o nome de radioelementos.” Marília Peres 11 (2) M.Curie, cit. in Carvalho Um pouco de história . . . Laboratório instalado num velho barracão abandonado. Aqui ao utilizar uma porção de pechblenda, que continha uma certa percentagem de urânio. M. Curie descobriu que este minério descarregava o electroscópio quatro vezes mais depressa do que seria de esperar. Marília Peres 12 Uma nova descoberta! 6 Um pouco de história . . . Placa original g de qquartzo ppiezoeléctrico usado por M. Curie para medir a radioactividade Fonte: Birch(10) Após meses de trabalho árduo o casal Curie d descobre b que na pechblenda hbl d além lé de d urânio â i existe um outro elemento radioactivo. Numa comunicação em 1898 liam-se as seguintes palavras: “No caso de se confirmar a existência deste novo metal, propomos que se lhe dê o nome de polónio, derivado do país de origem g de um de nome do p nós.” M.Curie, cit. in Carvalho(2) Em Dezembro de 1898 foi anunciada a segunda descoberta, a de um elemento mais radioactivo que os anteriores: o rádio. Marília Peres 13 Um pouco de história . . . Electroscópio com câmara de utilização utilizado por M.Curie Fonte: Birch(10) Em 1900 depois de tratar mais de uma tonelada de pechblenda os Curie conseguiram obter cristais de brometo de rádio puros. Os cristais emitiam uma luminosidade pálida que os tornavam visíveis na escuridão. Só em 1910 com a ajuda de André Debierne, isolaram o rádio. Por cada tonelada de urânio contido na pechblenda existiam três decigramas de rádio!! “Pode mesmo pensar-se que o rádio se poderia tornar muito perigoso (...) Eu sou, um dos que acredita, do mesmo modo que Nobel , que a humanidade aproveitará, das descobertas, mais o lado bom que o mau.” Marília Peres 14 P.Curie, no discurso de entrega do prémio Nobel, 6 de Junho de 1905, cit. in Birch(10) 7 Um pouco de história . . . 1899 – André Debierne descobre um novo elemento radioactivo o actínio. 1904 – Armet de Lisle, fundou a primeira fábrica com o fim de fornecer aos médicos o rádio necessário para o tratamento de tumores. O interesse pelas aplicações médicas do rádio provocaram interesse em todo o mundo à procura de minérios radioactivos e na instalação i t l ã de d fábricas fáb i para a extracção t ã daquele d l elemento. l t Portugal teve na altura grande desenvolvimento nessa área. Possuíamos urânio na Beira Alta e na Beira Baixa. As minas mais importantes foram as dos Rosmaninhal (no concelho de Sabugal) e as de Urgeiriça (no concelho de Nelas). Marília Peres 15 Um pouco de história . . . 1902 Ernest Rutherford e Frédérick Soddy A descoberta dos raios alfa e dos raios beta conduziram estes dois cientistas à hipótese de que os átomos não são partículas simples, mas conjuntos complexos de corpúsculos. Villard, físico francês descobre um terceiro tipo de radiação emitido pelas substâncias radioactivas – a radiação gama. Ao contrário das anteriores esta partícula não é electrizada – é uma espécie de luz. Marília Peres 16 8 Um pouco de história . . . Frédérick Soddyy e Willidm Ramsayy Descobrem que o hélio é um dos produtos da desintegração radioactiva. Rutherford (em 1909) Descobre que são as partículas alfa que dão origem aos átomos de hélio. hélio Sabendo que cada átomo de rádio emite uma partícula alfa e que esta por sua vez dá origem a um átomo de hélio. Contando o número de partículas alfa e conhecendo o volume de hélio pode-se saber quantos átomos de hélio existem num certo volume de gás! Marília Peres 17 Um pouco de história . . . Ernest Rutherford e Boltwood Conseguiram C i i l vários isolar á i elementos l t radioactivos. di ti A Apenas assinalaram outros, visto que estes estavam constantemente a transformar-se (os de transformação mais rápida). Concluíram que nem todos os radioelementos emitem simultaneamente as radiações alfa , beta e gama. Concluíram que os elementos radioactivos têm períodos de transformação de diferentes tempos (o do urânio é de 4500 milhões de anos e o do polónio é de 140 dias) e que os elementos se vão transformando em outros mais estáveis, sendo o chumbo, o termo final para a série urânio-rádio. 18 Marília Peres 9 Um pouco de história . . . Ernest Rutherford, Geiger e Marsden - 1911 Bombardearam, com partículas α, folhas de metais. As partículas α sofriam deflexões Descobriram o núcleo “Uma pequena zona densa e central do átomo com carga positiva”. Marília Peres 19 Um pouco de história . . . A Figura Fig ra representa um m fei feixee de raios alfa, que se dirige para a lamina metálica. A1 e A2 são átomos dessa lamina. Pode observar-se que: ou as partículas (como α2) atravessam o intervalo entre os átomos e nada sofrem; ou (como α3 e α4) passará perto dos núcleos dos átomos e são desviados da direcção que seguiam embora continuem a avançar; ou (como α1) vão direitas ao núcleo atómico e são obrigadas a recuar. Marília Peres Fonte: Carvalho (2) Experiência de Rutherford 20 10 Um pouco de história . . . 1928 - George Gamow Explica o decaimento α. 1932 - James Chadwick Identifica o neutrão. Nobel da Física – 1935. Marília Peres 21 Um pouco de história . . . ¾ 1932 - Primeira desintegração artificial com partículas aceleradas. aceleradas ¾ 1934 - Irène e Frédéric Joilot-Curie - Os primeiros elementos radioactivos artificiais. ¾ 1934 - Enrico Fermi - Reacções Nucleares por bombardeamento de neutrões. ¾ Produziu novos elementos radioactivos – Transuranianos - Teoria do decaimento β ¾ Nobel da Física - 1938 Marília Peres 22 11 Um pouco de história . . . ¾ 1935 - Hideki Yukawa – propõe a hipótese de existirem mesões no núcleo. núcleo ¾ 1936 - Niels Bohr - Verifica que ao bombardear um núcleo com partículas, só volta a adquirir estabilidade depois de emitir radiações alfa, beta e gama. ¾ 1938 - Otto Hahn e Fritz Strassman ¾ Conseguem a Cisão do urânio a partir do bombardeamento de neutrões. Marília Peres 23 Um pouco de história . . . 1938 Lise Meitner e Otto Frisch Explicaram a Cisão do Urânio como sendo um processo espontâneo, ou induzido por bombardeamento de neutrões. ¾ 1938 - Hans Bethe ¾ Defende que a obtenção da energia das estrelas de obtêm por cisão de núcleos leves. ¾ 1940 - Glenn Seaborg ¾ Marília Peres Obtém os primeiros transurianos: o neptúnio e o plutónio. 24 12 Um pouco de história . . . 1942 - Enrico Fermi – Consegue a primeira reacção em cadeia do urânio. 1945 - Robert Oppenheimer – Um dos responsáveis pela bomba atómica. 1947 - Cecil Powell – Consegue identificar mesões. 1964 – Gell-Mann – Identifica pela primeira vez os QUARKS! Marília Peres 25 A RADIOACTIVIDADE 13 A Radioactividade Desde os tempos mais remotos, filósofos e cientistas têm estado interessados nos blocos elementares do nosso universo. Foram os gregos os primeiros a sugerir que toda a matéria fosse feita a partir de blocos indivisíveis – os átomos. fonte:qmcweb(9) Entretanto, foi somente no século XX que a ideia de um átomo divisível, isto é, uma partícula elementar que, por sua vez, é formada por outras partículas elementares, passou a ocupar a mente dos cientistas. Marília Peres 27 A Radioactividade Experiências clássicas (Thomsom, R theford Chadwick, Rutheford, Chad ick Bohr) tentaram compreender a estrutura deste átomo: Seria algo formado por um grande espaço vazio, ocupado por minúsculos electrões, que permanecem em prováveis regiões nas proximidades do núcleo - um pequeno e massivo conjunto de protões e neutrões, mais de 100.000 vezes menor do que o átomo ao qual pertence. Marília Peres fonte:qmcweb(9) 28 14 A Radioactividade Que pensam os físicos de hoje? H j Hoje conhecem-se h várias ái centenas t d de partículas, tí l elementares ou não. Visitemos as famílias das partículas elementares. Marília Peres 29 A Radioactividade Fotão 8 Gluões Interacção electromagnética Interacção forte Bosões intermédios W+, W- e Zo Interacção fraca Marília Peres 30 A CADA UM DOS FERMIÕES É NECESSÁRIO ACRESCENTAR A SUA ANTIPARTÍCULA. 15 A Radioactividade AS QUATRO INTERACÇÕES fonte:Silva(7) Nuclear Forte Mantém a estabilidade do núcleo, unindo os protões Marília Peres e os neutrões Electromagnética Permite que os electrões circulem à volta do núcleo. Faz com que as cargas do mesmo sinal se repilam e de sinal contrário31se atraiam. A Radioactividade AS QUATRO INTERACÇÕES Gravidade Responsável pela atracção entre o Sol e os planetas ou outros quaisquer 2 corpos Marília Peres com massa. fonte:Silva(7) Nuclear Fraca Faz com que exista reactividade natural; transforma os electrões celibatários num par protão32 electrão (mais um neutrino). 16 O Núcleo Instável neutrão protão ã Tanto os protões como os neutrões são, por sua vez, formados por outras sub-partículas: os quarks. Cada protão ou neutrão é formado por 3 quarks. A energia que mantém todas esta partículas e sub-partículas Peres 33 unidas é muito grande, eMarília pode ser aproveitada. O Núcleo Instável ¾ O núcleo possui carga positiva devido à carga dos protões, tõ já que os neutrões t õ não ã possuem carga. ¾ O número de protões e, consequentemente, a carga do núcleo, são característica fundamental do átomo: o que identifica um elemento é justamente o número de protões (Z) do seu núcleo – o número atómico. ¾ Embora o número de protões seja sempre o mesmo, o número de neutrões p pode diferir em átomos de um mesmo elemento, originando átomos com massas atómicas (A) ligeiramente diferentes. ¾ Dois átomos com o mesmo Z, mas com diferente A, são isótopos. Marília Peres 34 17 A Radioactividade Alguns isótopos são muito estáveis: a combinação adequada t neutrões t õ e protões tõ parece conferir f i sua estabilidade. t bilid d entre Outros, entretanto, possuem núcleos particularmente instáveis: os núcleos desintegram-se espontaneamente, por vários processos, resultando na emissão de radiação, sob a forma de partículas e/ou energia. Um determinado isótopo do Rádio (A=226; Z=88), Z=88) por exemplo, pode sofrer um decaimento espontâneo para outro elemento (Radão A=222; Z=86), libertando partículas alfa (núcleos de Hélio). Marília Peres 35 A Radioactividade Como se manifesta a radioactividade do Rádio: ¾ Impressiona as emulsões fotográficas; ¾ Torna, em seu redor, o ar bom condutor da electricidade; ¾ Excita a luminescência de certas substâncias; ¾ Emite espontaneamente calor, mantendo mantendo-se se a uma temperatura mais elevada do que a do meio ambiente; ¾ É luminoso na escuridão; ¾ Tem acção destrutiva sobre os tecidos animais. Marília Peres 36 18 Alfa , Beta e Gama As acções ç pprovocadas ppelas substâncias radioactivas são,, de facto devidas às radiações que emitem. Verificou-se que por exemplo o rádio emitia as três tipos de radiações a que se deu o nome de alfa, beta e gama. Marília Peres 37 fonte: Birch (10) Alfa , Beta e Gama ¾ As partículas alfa contém dois protões e dois neutrões, tal como o núcleo do átomo de Hélio. Por isso, podem ser representadas pela designação 4He2+, além do símbolo α. ¾ Os raios beta são, na verdade, electrões - uma partícula negativa, com uma massa 1/1837 vezes menor que a do protão É representa pela letra β. protão. β ¾ A radiação gama (γ), tal com os raios - X, são formas da radiação eletromagnética, que é uma forma de energia quantizada em "pacotes" chamados fotões. Marília Peres 38 19 A Radioactividade Marília Peres 39 Fonte:Birch (10) A Radioactividade Como se subdivide a radiação nuclear por efeito de um campo p magnético g Raios Beta Invólucro de Chumbo Substância Radioactiva Raios Gama Raios Alfa Marília Peres 40 Fonte: Repossi (11) 20 As Famílias Radioactivas ¾ Como já foi referido o Rádio – 226 origina um novo elemento – o p Radão-222 e uma ppartícula alfa,, qque ppodemos representar esquematicamente por: 226Ra Æ 224Rn + 4He ¾ Desintegrações sucessivas do rádio poderão originar átomos de massa 206 u. ¾ Por sua vez o rádio já resulta de desintegrações sucessivas em que o primeiro i i é o urânio. â i ¾ Estamos perante uma família de substâncias radioactivas (ou série). ¾ Existem outras famílias radioactivas além da do urânio, como por exemplo a família radioactiva do Tório (232u), que termina em átomo de massa 208u.Marília Peres 41 Decaimento do Urânio-238 Na figura ao lado, representase toda a série de decaimento radioactivo di ti do d Urânio-238. U â i 238 Cada emissão ALFA corresponde a uma diminuição de 4 unidades no número de massa atómica e de 2 unidades no número atómico, pois a partícula alfa é o 4He2+. Uma emissão BETA não pprovoca alteração ç no número de massa, uma vez que um neutrão se transforma em um protão: com um consequente aumento do número atómico. O processo culmina com a emissão de electrões - as partículas beta Marília Peres 42 fonte:qmcweb(9) 21 Semivida das Substâncias Radioactivas ¾ A transformação de uma substância radioactiva na que se lhe segue, na respectiva família, decorre num ritmo tão certo que pode servir para caracterizar a substância. ¾ Assim, o período de semidesintegração, ou de semivida é característica das várias espécies radioactivas, e é o tempo necessário para que a massa (m) de uma amostra se reduza a metade (m/2) por efeito da sua desintegração. Gráfico do declínio de uma substância radioactiva. Fonte: Carvalho (1) Marília Peres 43 A Radioactividade Reacções químicas Reacções ç nucleares Os núcleos dos átomos não são alterados. Os núcleos dos átomos são alterados. Os elementos químicos mantêm-se. Há transformação de uns elementos noutros diferentes. Outra diferença importante ! A energia posta em jogo nas reacções nucleares é milhões de vezes superior à queMarília é posta Peres em jogo na reacções químicas. 44 22 A Radioactividade Reacções ç Químicas vs Reacções ç Nucleares Formação do hidreto de lítio a partir do lítio e do hidrogénio Produção de hélio-4 a partir do lítio-7 quando este é bombardeado com protões acelerados. Li(g) + 1/2H2(g) Æ LiH(s) + Energia Litio-7 + protão Æ 2 Hélio-4 + Energia Energia = 1,3x104J/g de Li consumido. Energia = 2,4x1011J/g de Li consumido Não há alterações dos elementos A energia é cerca de dez milhões de envolvido são sempre H e Li. Marília Peres vezes superior! 45 fonte:Mendonça(6) As Reacções Nucleares fusão nuclear Reacções nucleares Marília Peres fissão nuclear 46 23 As Reacções Nucleares Na escrita das equações q ç correspondentes p às reacções ç nucleares deve-se ter em conta: ¾ a lei da conservação do número de nucleões – a soma dos números de massa deve ser igual nos dois membros da equação. ¾ a conservação da carga total – a soma dos números atómicos deve ser igual nos dois membros da equação. 7 3 Li + 1 1 p → 2 42 He + Energia Marília Peres 47 O que é a Fusão Nuclear? Neutrão Protão Positrão Marília Peres fonte: Simões(8) É uma reacção em que pequenos núcleos atómicos se juntam para produzir núcleos atómicos maiores e mais estáveis, com uma grande libertação de energia. 48 24 O que é a Fusão Nuclear? A síntese dos elementos é um processo de fusão nuclear que requer temperaturas da ordem de 107 a 108 K. O Universo comporta-se como uma central produtora de energia à custa das reacções nucleares de fusão. fusão Nas centrais nucleares que existem na Terra ainda não se consegue obter energia por fusão nuclear, gerando-se energia por fissão nuclear. Marília Peres 49 O que é a Fissão Nuclear? É uma reacção em que se bombardeiam os núcleos de átomos “pesados” com neutrões. Obtêm-se como resultados dois fragmentos de massa semelhantes e emissão de neutrões. Estes por sua vez voltam a bombardear outros núcleos, produzindo-se Marília Peres 50 assim uma reacção em cadeia. 25 Nas Centrais Nucleares . . . Utilizam-se átomos de urânio enriquecido (urânio 235). 235) Este ao ser bombardeado com neutrões divide-se em dois fragmentos, libertando-se uma grande quantidade de energia e um ou mais neutrões. Marília Peres 51 fonte: Simões(8) fonte: Simões(8) Diagrama de Fluxo de um Reactor Nuclear Marília Peres 52 26 APLICAÇÕES A técnica de datação ç radioactiva tem por base a desintegração de núcleos de elementos radioactivos. O 14C é um dos isótopos radioactivos mais usados pelos arqueólogos para determinar a idade de pinturas rupestres, múmias, etc... fonte: Silva(7) Datação Radioactiva Foi em 1946 que Libby previu a natureza radioactiva do 14C, quando procurou interpretar os efeitos das reacções dos raios cósmicos com a atmosfera terrestre. O 14C é produzido, nas altas camadas da atmosfera, a partir do bombardeamento de átomos de azoto por neutrões provenientes de Marília Peres 54 raios cósmicos. 27 Os átomos de 14C vão-se combinando com o oxigénio formando o 14CO2, que por sua vez se mistura com o 12CO2 e vai sendo absorvido pelas plantas. Durante o tempo que o ser é vivo a concentração do carbono radioactivo mantémse constante e igual à da atmosfera. Quando morre, deixa de receber 14C e a sua concentração vai diminuindo, pois este vai sofrendo um decaimento radioactivo (sendo t1/2 = 5730 anos). Medindo a quantidade de 14C existente em quaisquer vestígios de restos mortais é possível determinar há quanto tempo morreu o Marília Peres organismo. fonte: Maciel(5) Datação Radioactiva 55 Além da velha conhecida técnica de raios X é possível hoje utilizar outras técnicas que envolvem menos riscos e permitam obter imagens que não eram visíveis na técnica mais antiga. A CT – tomografia computorizada (sendo a TAC a mais vulgar) permite obter imagens a 3 dimensões, permitindo iti d a detecção d t ã de d anormalidades lid d sem o recurso a isótopos radioactivos. fonte: Maciel(5) Técnicas Auxiliares de Diagnóstico g do cérebro humano Imagem obtida por MRI A MRI - imagem por ressonância magnética usa a informação sobre a posição de protões para construir uma imagem A PET – tomografia por emissão de positrões – combina a tomografia 56 e os isótopos radioactivos.Marília Peres 28 Aplicações Tratamento do Cancro: Bombardeando tecidos cancerosos com radiações, as células podem ser selectivamente eliminadas. Utilizou-se durante muito tempo o 60Co. Hoje utilizam-se isótopos radioactivos como 198AU na região cancerosa. ç de Alimentos: Conservação Determinadas doses de radiação podem eliminar as bactérias dos alimentos, embora se argumente contra, por se considerar que a radiação pode alterar o próprio alimento. Marília Peres 57 Aplicações Marília Peres fonte: Maciel(5) 58 29 Aplicações As aplicações p ç tecnológicas g da energia g nuclear são imensas, têm os seus riscos, mas podem trazer grandes benefícios. Tudo depende da humanidade. “Pode mesmo pensar-se que o rádio se poderia tornar muito perigoso (...) Eu sou, um dos que acredita, do mesmo que N Nobell , q que a humanidade modo q aproveitará, das descobertas, mais o lado bom que o mau.” P.Curie, no discurso de entrega do prémio Nobel, 6 de Junho de 1905- cit. In Carvalho(2) 59 Marília Peres Bibliografia 1. Carvalho, R., A Radioactividade, Sá da Costa Editora, Lisboa, 1985. 1985 2. Carvalho, R., História da Radioactividade, Atlântida Editora, Coimbra,1977. 3. Chang, R., Química, 5.ª edição, Mc Graw Hill, Lisboa, 1994. 4. Friedlander, G., Kennedy, J., Macias, E., Miller, J., Nuclear and Radiochemistry, John Wiley and Sons, N Y, 1981. 5 5. Maciel, N., Maciel N Campante, Campante M., M Gradim, Gradim M., M Eu e a Química, Química Porto Editora, Porto, 2003. 6. Mendonça, L., Dantas, C., Ramalho, M., Jogo de Partículas – Química 10, Texto Editora, Lisboa, 2003. 7. Silva, H., Santos, P., Silva, J., Velhos Rumos, Caminhos Outros – Química A – 10.º ano, Plátano Editora, Lisboa, 2003. Marília Peres 60 30 8. Simões, Queirós., M., Simões, M., Química em Contexto, Porto Editora, Porto, 2003. 9. QMCWEB – Revista Electrónica de Química: www.qmc.ufsc.br/qmcweb/index.html 10. Birch, B., Marie Curie, Editora Replicação, Lisboa, 1990. 11. Repossi, G., A Química, Círculo de Leitores, Lisboa, 1977. 12. Cabral J. M., Química e Pré-história: datação pelo Radiocarbono, in Química e Sociedade, Escolar Editora e Sociedade Portuguesa de Química, Lisboa, 1990. 13. Martinho, E., A Energia Atómica, Junta de Energia Nuclear. Marília Peres 61 31