Maximizando o Tempo de Vida de RSSFI Thales Ruano Barros de Souza1, Rogério Caetano1, Fabiola Guerra Nakamura2, Raimundo da Silva Barreto2 1 2 Núcleo do Sistemas Embarcados– Fundação Paulo Feitoza (FPF Tech) Manaus - Brasil Instituto de Computação – Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Manaus - Brasil {thales.souza,rcaetano}@fpf.br, {fabiola, rbarreto}@icomp.ufam.edu.br Abstract. Industrial Wireless Sensor Networks (IWSN) is an emerging class of WSN that faces specific constraints linked to the particularities of the industrial production. In these terms IWSN solutions should be versatile, simple to use and install, long lifetime and low-cost devices. This work proposes and evaluates a routing protocol that addresses not only the localization of sensor node but also the monitored variables to form the clusters and select the cluster head. Results show that the proposed scheme has performance 50% higher than the state-of-art clustering algorithms regarding residual energy and network lifetime. Resumo. As Redes de Sensores Sem Fio Industriais (RSSFI) é uma classe emergente de RSSF que enfrentam restrições específicas ligadas a particularidades da produção industrial. Nesses termos, RSSFI devem ser versáteis, simples de usar e instalar, possuir máximo tempo de vida possível e ser compostas por dispositivos de baixo custo. Neste trabalho propomos e avaliamos um protocolo de roteamento que leva em consideração as variáveis monitoradas na formação dos grupos de nós sensores, com o objetivo de maximizar o tempo de vida da rede. Os resultados mostram que em comparação com outros algoritmos da literatura, o esquema proposto apresenta desempenho 50% superior em relação à energia residual e tempo de vida da rede. 1. Introdução Os recentes avanços tecnológicos em redes de sensores sem fio (RSSF) encorajaram ainda mais a otimização e melhoria nos processos de desenvolvimento de produtos e prestação de serviços. Redes de Sensores Sem Fio Industriais (RSSFI) é uma classe emergente de RSSF que possuem restrições específicas ligadas às particularidades da produção industrial. A implantação e configuração de RSSFI são tarefas extremamente desafiadoras, onde tanto o ambiente a serem monitorados quanto os processos são bastante dinâmicos e dependem do ciclo de vida dos produtos e dos serviços prestados. Com relação ao tempo de vida da RSSF, o gerenciamento do consumo de energia é uma das questões chaves em todas as suas aplicações de RSSF, incluindo RSSFI. Várias aplicações de RSSFI, especialmente no campo do monitoramento, requerem autonomia no que diz respeito à fonte de energia. Existem diversas formas de fazê-lo, tanto em software quanto em hardware (escolhendo-se componentes de baixo consumo). Em software, a energia deve ser preservada controlando-se a quantidade e a distância na qual as mensagens devem ser enviadas, pois o envio e recepção de mensagens são as atividades que mais consomem energia em RSSF comparado ao processamento e sensoriamento. RSSF densas requerem o uso de algoritmos de roteamento específicos principalmente devido a problemas relacionados com ruído e colisão de pacotes, que podem levar a perdas significantes tanto em quantidade quanto em qualidade dos dados. Deste modo roteamento torna-se uma tarefa crítica. Existem vários protocolos de roteamento que utilizam a estrutura de cluster, que alocam os recursos de forma eficiente e maximiza o tempo de vida da rede. Geralmente, cada cluster inclui um líder chamado de cluster head (CH) e os nós sensores membros (MNs). Os CHs processam e transmitem os dados para a estação base (BS), enquanto os MNs coletam os dados e comunicam-se apenas com seu respectivo CH. Entre os algoritmos mais utilizados está o LEACH. Nele os CHs são selecionados por rotação de modo que a energia consumida na comunicação com a BS é espalhada para toda a rede. A operação do LEACH ocorre em várias rodadas onde cada rodada é separada em duas fases, fase de construção e fase estacionária. Na fase de construção os grupos são organizados, enquanto na fase estacionária os dados são entregues à BS. A fase de construção pode ser dividida em três etapas, anúncio, formação dos grupos, e criação do cronograma. Nesse trabalho pretende-se estender o tempo de vida da rede para evitar manutenção constante que pode inclusive exceder o custo do próprio sistema em um período curto de tempo. O consumo de energia foi minimizado reduzindo-se a distância entre os MNs e seus respectivos CHs, e reduzindo-se a quantidade de transmissões dentro de cada grupo (intra grupo) por meio do algoritmo k-means. 2. Trabalhos Relacionados Sistemas industriais enfrentam o problema de amortização dos equipamentos que introduz custos de manutenção. Além disso, há a necessidade de técnicas de monitoramento dos equipamentos que possam prover um quadro global das condições e prever as falhas de funcionamento e, portanto melhorar a confiabilidade e o desempenho dos componentes e equipamentos. Dessa forma, sistemas de monitoramento estrutural detectam danos nos sistemas antes de possíveis falhas e minimiza o tempo gasto na parada da linha de produção, aumentando o lucro da empresa. Sem sistemas de monitoramento automatizados, é necessário um sistema periódico de verificação e manutenção preventiva nos equipamentos de produção, o que também pode incluir o risco de enviar trabalhadores da área de manutenção para ambientes perigosos. Em [Murphy, 2007], foi desenvolvido um sistema de RSSF de agentes autônomos colaborativos subaquáticos que são capazes de localizar e reparar tanques e tubulações em ambientes inacessíveis. Foi descrito tanto o hardware da rede usado na solução que compreende sensores de pH, proximidade, pressão e atuador para reparar o dano, quanto o protocolo de comunicação e o algoritmo de realimentação implementado nos nós sensores. Em [Tiwari 2004], foi desenvolvida uma RSSF para manutenção baseada na condição do maquinário onde são apresentados os requisitos de projeto, limitações e diretrizes para esse tipo de aplicação de RSSF. Além disso, foi implementado um sistema de monitoramento de condições em um HVAC (Heating, Ventilation and Air Conditioning) em um laboratório de robótica. Em [Wright 2008] foi proposto o uso de acelerômetros baseados no monitoramento de vibrações de máquinas para enfrentar o problema da manutenção preditiva e de monitoramento baseado em condições de maquinário de fábricas em geral. Em [Krishnamurthy 2005], os autores focam na manutenção preventiva de equipamentos onde assinaturas de vibrações são coletadas para prever a falha de equipamentos. Os autores implantaram uma RSSF em um tanque de óleo para monitorar o maquinário e analisar as diretrizes de projeto tanto para uma plataforma ideal quanto para aplicações industriais. 3. Método Proposto Geralmente um protocolo de roteamento em RSSF é composto pela fase de construção e fase estacionária. Na fase de construção há a troca de mensagens de controle para seleção dos CHs, o anúncio dos CHs para a rede e a entrada de cada nó sensor em um grupo. Por outro lado, na fase estacionária cada nó sensor coleta informação para o líder do grupo, que por sua vez, transmite a informação para a BS. A principal novidade do protocolo de roteamento proposto neste trabalho esta na fase de construção. Nessa etapa ocorre o agrupamento do algoritmo k-means com as seguintes entradas: localização de cada nó sensor, temperatura e umidade relativa. Com isso, a seleção do CH de cada grupo ocorre por meio da distância mínima em relação à localização, a temperatura e a umidade. Dessa forma, na fase estacionária não há comunicação de cada nó sensor com seu CH, economizando a energia consumida na comunicação intragrupo. O líder informa os outros nós sensores sobre as mudanças de CH. Para cada rodada o esquema proposto adota protocolo de roteamento single hop, tanto na comunicação intragrupo quanto na comunicação intergrupo. A disposição e os dados coletados pelos nós sensores adotada neste trabalho, foi a do experimento realizado em [Intel Berkeley 2004], o qual é uma aplicação indoor com modelo de propagação multipercurso, pois em ambientes fechados há muita degradação do sinal transmitido devido aos obstáculos e o ruído do meio. 4. Resultados O tempo de vida da rede é definido como o número de rodadas em que a energia de todos os nós sensores acaba. Como pode ser observado na Figura 2, o protocolo de roteamento prospoto é sempre melhor que o LEACH e [Park 2013] em relação a energia residual restante na rede. Além disso, pode-se observar que após a rodada 1323, não existem mais nós vivos nos outros protocolos enquanto que no protocolo proposto mesmo após a rodada 2000 ainda existem nós sensores vivos. Figura 2 Energia restante (esquerda) e Número de nós vivos (direita) 5. Conclusão As soluções comerciais para o monitoramento de estruturas e equipamentos incluem uma solução completa de sistema sem fio, compreendendo aquisição de dados sem fio, sensores de vibração, condicionamento de sinais para sensores de vibração e processamento de sinal para predição e diagnóstico de falha de equipamentos. Porém um dos principais desafios encontrados no uso de RSSF é o tempo de vida útil dos nós sensores, pois o custo de manutenção pode superar rapidamente o custo de implantação do próprio sistema de sensoriamento. Para resolver esse problema, protocolos de roteamento têm sido propostos. Atualmente, em sua maioria, os protocolos propostos buscam reduzir a distância dos nós sensores para seus respectivos CHs como o proposto em [Park 2013]. Dessa forma o consumo de energia no envio e recepção de informação de cada nó sensor para o CH diminui. O protocolo de roteamento proposto neste trabalho busca, não somente reduzir a distância da comunicação intragrupo, mas também eleger o nó sensor que melhor represente cada grupo como CH. Há, portanto, redução da comunicação intragrupo e, consequentemente, redução do consumo de energia. Resultados de simulações com dados reais mostram que o protocolo proposto reduz em até 50% o consumo de energia da rede quando comparado a outros protocolos de roteamento da literatura, como o LEACH. References Heinzelman, W. B., Chandrakasan, A. P. and Balakrishan, H. (2000) “Energy efficient communication protocol for wireless microsensor networks,” In Proceedings of the 33rd Annual Hawaii International Conference on System Sciences, Maui, HI, USA, 4–7 January 2000; pp. 10–19. Park, G., Kim, H., Jeong, H. W. and Youn, H. L. (2013) “A novel cluster head selection method based on k-means algorithm for energy efficient wireless sensor network,” 27 th International Conference on Advanced Information Networking and Applications Workshops. Murphy, F., Laffey, D., O’Flynn, B., Buckley, J., and Barton ,J. (2007). Development of a wireless sensor network for collaborative agents to treat scale formation in oil pipes. In EWSN, pages 179–194. Tiwari, A., Lewis, F.L. and Ge, S.S. (2004). Wireless sensor network for machine condition based maintenance. In Control, Automation, Robotics and Vision Conference, 2004. ICARCV 2004 8th, volume 1, pages 461 – 467 Vol. 1, dec. 2004. Wright, P., Dornfeld, D., and Ota, N. (2008). Condition monitoring in end-milling using wireless sensor networks. Transactions of NAMRI/SME, 36. Krishnamurthy, L., Adler, R., Buonadonna, P., Chhabra, J., Flanigan, M., Kushalnagar, N., Nachman, L. and Yarvis, M (November 2005). Design and deployment of industrial sensor networks: Experiences from a semiconductor plant and the north sea. In SenSys ’05: 3rd International Conference on Embedded Networked Sensor Systems, pages 64–75. ACM. Intel Berkeley Research Lab (2004), http://db.lcs.mit.edu/labdata/.