11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas AVALIAÇÃO DO EFEITO DE DIFERENTES TAXAS DE LOTAÇÃO INSTANTÂNEA NO COMPORTAMENTO DE PASTEJO DE VACAS LEITEIRAS Marcos Antônio SANTANA JUNIOR1; Marcela Cristina Agustini Carneiro da SILVEIRA2. 1 Aluno do Curso de Agronomia; Campus de Gurupi-TO; e-mail: [email protected] “PIVIC/UFT” 2 Orientadora do Curso de Agronomia; Campus de Gurupi-TO; e-mail: [email protected]. RESUMO: A produção animal com o uso do pastejo rotativo é uma forma de otimização das pastagens e possibilidade de aumento da rentabilidade por área, mas a intensificação deve ser estudada quanto aos efeitos no comportamento de pastejo. O objetivo deste trabalho foi avaliar o tempo gasto pelos animais nas atividades de pastejo sob duas taxas de lotação. O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, em arranjo fatorial 2x4 com três repetições. Os tratamentos consistiram em duas taxas de lotação instantânea: baixa (2,4 UA/144m2/dia-1), alta (4,8 UA/144m2/dia-1) e em quatro doses de nitrogênio (0, 30, 60 e 90 kg/ha). Os animais que estavam na alta taxa de lotação caminharam mais, ficaram menos tempo em ócio deitada e tiveram mais interações agonísticas que o tratamento baixa taxa de lotação. O uso de alta taxa de lotação no piquete interfere de forma negativa no comportamento de pastejo predispondo a mais interações agonísticas, ao maior tempo de caminhada após o consumo da parte mais tenra da pastagem e menor tempo de ócio deitada. Palavras–chave: interações agonísticas, ócio, competição, pastagem INTRODUÇÃO Vários fatores interferem no comportamento de pastejo dos animais. A decisão do que o bovino vai pastejar sofre influência de fatores como a heterogeneidade da pastagem (GONÇALVES, et al. 2009), estrutura das plantas, disponibilidade de forragem (PALHANO, 2004), composição nutricional (GONÇALVES et al, 2009) e sistema de produção (FRASER; BROOM, 2001). O manejo intensivo pode alterar esse comportamento. Em lotação rotacionada os animais tendem a pastar mais rápido tanto pela competição por forragem, quanto pelo conhecimento de que serão removidos diariamente para novos piquetes. (FRASER; BROOM, 2001). Nos piquetes, os bovinos distribuem o pastejo em função dos focos de água e sombra, respeitando sua hierarquia de necessidades, mas a onda de desfolhamento ocorre mais uniforme por toda a área (COSTA; CROMBERG 1999). O menor espaço nos piquetes não aumenta o número de interações agonísticas, desde que a disponibilidade de forragem seja alta e o espaço mínimo de 40m2 por animal seja mantido (HURNIK et al. 1995). Apesar dos trabalhos indicarem que o aumento da pressão de pastejo pode contribuir para o melhor aproveitamento da pastagem, a intensificação precisa ser estudada para não interferir negativamente no comportamento dos animais e na manutenção da pastagem. O objetivo deste 11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas trabalho foi Avaliar o tempo gasto pelos animais nas atividades de pastejo, ruminação, caminhadas e em ócio sob duas taxas de lotação. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em pastagem de uma fazenda comercial de 0,1 hectare de Panicum maximum cv. Mombaça, divididos em seis piquetes de 144 m², com latitude 11º45’11”S e longitude 49º01’58”, no município de Gurupi-TO. O solo da pastagem foi classificado como latossolo vermelho eutrófico, e na camada de 0 - 0,10 m apresentou a seguinte composição química: pH (CaCl2) -4,32; CTC – 7,9 cmolc/dm3; MO – 8,52 g/dm³; Ca – 1,7; Mg – 0,6 e Al –0,09 cmolc/dm³; P (Mehlich - 1) – 3,2 e K – 17,13 mg/dm³ e V – 29,9%. A adubação de cobertura básica utilizada foi de 45kg de K2O e 40kg de P2O5 por hectare, via cloreto de potássio e superfosfato simples, respectivamente. O delineamento experimental foi em blocos casualizados, em arranjo fatorial 2x4, sendo duas taxas de lotação instantânea: baixa (2,4 UA/144m2/dia-1), alta (4,8 UA/144m2/dia-1) e quatro doses de nitrogênio (0, 30, 60 e 90 kg/ha de nitrogênio), com três repetições. O nitrogênio foi aplicado na forma de ureia (45% de N) a lanço três dias após a saída dos animais. O experimento foi iniciado em novembro de 2011 e após o pastejo, a pastagem era monitorada até ter entre 3,5 e 4 folhas novas por perfilho, quando então era feito novo pastejo. Os ciclos de pastejo ocorreram em novembro/11, dezembro/11, janeiro/12 e fevereiro/12. Nestes meses o período de descanso entre cada ocupação dos piquetes variou de 21, 26, 19 e 24 dias. Os animais utilizados para pastejo foram novilhas leiteiras da raça girolando pareadas para peso e que não estavam em lactação. A carga animal no tratamento lotação baixa foi de média de 1065 kg/pv, enquanto na lotação alta foi de 2154 kg/pv o que correspondeu a 2,4UA e 4,8 UA respectivamente. Os animais tiveram acesso à água, sal mineral e área de escape para pastejo suplementar durante o período experimental. O período de pastejo foi de um dia por piquete. As variáveis analisadas foram o número de horas de pastejo, ruminação e ócio, observados das 7 às 9 horas e das 17 às 19 horas. Foi feita avaliação visual por dois observadores com 10 minutos de observação e intervalo de observações de 10 minutos. As características comportamentais foram avaliadas em delineamento em blocos inteiramente casualizados com seis repetições (vacas) no tratamento alta carga e três no tratamento baixa carga. A avaliação do comportamento será feita com recursos PROC GLM do SAS (1999). 11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas RESULTADOS E DISCUSSÃO As observações de comportamento de pastejo foram feitas em dezembro/11, fevereiro/12 e março/12. Observou-se que as novilhas que ficaram no tratamento alta carga caminharam mais que no tratamento baixa carga e ficaram menos tempo em ócio deitada (Tabela 1). Tabela 1 Tempo gasto nas atividades relacionadas ao pastejo nos tratamentos alta carga e baixa carga. ALTA CARGA BAIXA CARGA Pastando 37,37a 41,33 a Ruminando 5,77 a 5,18 a a Caminhando 2,88 0,59 b Tomando água 1,62 a 0,59 a a Ócio em pé 11,66 9,77 a Ócio deitada 0,62 a 2,51 b a Interações agonísticas 15,96 4,70 b Letras diferentes na linha demonstram diferença significativa (p<0,001) A área disponível para cada novilha no tratamento alta carga era de 24m2 , menor do que sugerido por Hurnik (1995) para não ter interações agonísticas entre os animais, o que pode ter influenciado no maior tempo gasto em caminhadas e menor tempo gasto em ócio deitado nesse tratamento. Observou-se que houve diferença significativa no tempo gasto pastando entre os tratamentos alta e baixa carga animal somente no período da tarde, em que o tratamento baixa carga passou mais tempo pastando, enquanto o tratamento alta carga passou mais tempo caminhando e em ócio em pé. Tabela 2 Tempo utilizado pastando, comendo ração, ruminando, caminhando, tomando água, em ócio em pé e em ócio deitado em diferentes horários, nos dois tratamentos PASTANDO RUMINANDO CAMINHANDO TOMANDO ÁGUA ÓCIO EM PÉ ÓCIO DEITADA 07:00-8:00 AC BC 54,07 a 56,66 a 0,74 a 0a a 0,74 0,37 a a 0,74 0a 3,70 a 2,96 a a 0 0a 08:00-09:00 AC BC 38,33 a 33,70 a 6,11 a 7,03 a a 2,77 1,11 a a 2,77 1,11 b 9,62 a 15,18 b 0,37 a 1,85 a 09:00-10:00 AC BC 27,22 a 21,48 a 12,03 a 15,18 a 2,03 a 0,74 a a 2,03 0b 15,00 a 13,70 a 1,48 a 8,88 b 17:00-18:00 AC BC 37,40a 50,74 b 5,55 a 0,74 a a 4,81 0,74 b a 1,29 1,11 a 10,55 a 5,92 a 0,37 a 0,74 a 18:00-19:00 AC BC 29,81 a 44,07 b 4,44 a 2,96 a a 4,07 0b a 1,29 0,74 a 19,44 a 11,11 b 0,92 a 1,11 a Letras diferentes na linha demonstram diferença significativa entre os tratamentos alta e baixa carga (p<0,005) 11 a 14 de dezembro de 2012 – Campus de Palmas Houve diferença significativa (p<0,05) entre o número de interações agonísticas nas duas lotações, sendo 4,66 e 16,20 para baixa e alta lotação, respectivamente. CONCLUSÃO Em pastejo rotacionado o número de animais em cada piquete deve ser controlado para que sejam evitadas superlotações e, consequentemente, interações agonísticas. Portanto, para conseguir um bom manejo é necessário oferecer espaço adequado para os animais. LITERATURA CITADA COSTA, M. J. R. P.; CROMBERG, V. U. Alguns aspectos a serem considerados para melhorar o bem-estar de animais em sistemas de pastoreio rotacionado. In: PEIXOTO, A. M.; MOURA, J. C.; FARIA, V. P. (Ed.). Fundamentos do pastoreio rotacionado. Piracicaba: FEALQ, 1999. p. 85-138. FRASER, A. F.; BROOM, D. M. Farm animal behaviour and welfare. 3. ed. London: Baillière Tindall, 2001. 437 p. GONÇALVES, E. N.; et al. Relações planta-animal em ambiente pastoril heterogêneo: processo de ingestão de forragem. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 38, n. 4, p. 611-617, 2009. HURNIK, J. F. et al. Farm animal behaviour. Guelph: University of Guelph, 1995. 145 p. PALHANO, A. L. S. et al. Estratégias de pastejo de novilhas holandesas em pastagem de capim Mombaça. Tuiuti: Ciência e Cultura, Curitiba, n. 31, p. 21-31, jun. 2002. SAS. SAS User’s Guide: statistics. SAS Institute, Cary: NC, 1999. AGRADECIMENTOS "O presente trabalho foi realizado com o apoio da UFT , de alunos do curso de Agronomia, dos professores Dr. Tarcisio Castro Alves de Barros Leal, Dr. Antônio José Peron, Dr. Emerson Alexandrino e do produtor Eng. Agrônomo José Luiz Andrade.”