Exemplos sobre Variação de Funções Exemplo 1. Suponhamos que a concentração c(t) (em mg/100 ml) de um certo metabólito em um meio líquido de cultura seja expressa pela equação, c(t ) = (t − 2 ) − 2(t − 2 ) + 2, 4 2 onde t é o tempo transcorrido em horas (vamos supor que 0 ≤ t ≤ 4 para a duração total do experimento). O gráfico de c(t) é dado abaixo. 12 10 c 8 6 4 2 0 0 1 2 t 3 4 Podemos observar pelo gráfico que a função é estritamente decrescente nos intervalos [0, 1) e (2, 3), e estritamente crescente nos intervalos (1, 2) e (3, 4). Os pontos t = 1 e t = 3 são pontos de mínimo e o ponto t = 2 é um ponto de máximo. Isso pode ser determinado também pela análise das derivadas primeira e segunda da função. A derivada primeira da função c(t) é, c ' (t ) = 4(t − 2 ) − 4(t − 2 ). 3 Igualando essa função a zero e achando suas raízes; [ ] 4(t − 2 ) − 4(t − 2 ) = 0 ⇒ 4(t − 2 )(t − 2 ) − 1 = 0 ⇒ 3 [ 2 ] ⇒ 4(t − 2 ) t 2 − 4t + 3 = 0 ⇒ ⇒ x1 = 1, x2 = 2 e x3 = 3. Estes são os pontos críticos da função. Vamos calcular a derivada segunda de c(t) nesses pontos. A derivada segunda da função c(t) é, c ' ' (t ) = 12(t − 2 ) − 4. 2 Os seus valores nos três pontos críticos são: c(1) = 8 > 0 ⇒ ponto de mínimo; c(2) = -4 < 0 ⇒ ponto de máximo; c(3) = 8 > 0 ⇒ ponto de mínimo. A figura abaixo mostra, em gráficos superpostos, as funções c(t), c’(t) e c’’(t). 50 40 30 20 c c(t) c'(t) 10 c''(t) 0 0 1 2 3 4 -10 -20 -30 t Note que nos intervalos [0, 1) e (2, 3) c’(t) é negativa, indicando que c(t) é decrescente, e que nos intervalos (1, 2) e (3, 4) c’(t) é positiva, indicando que c(t) é crescente. Exemplo 2. Uma possível função para modelar a reação do organismo a uma droga é a seguinte, ⎛C D⎞ R ( D ) = D 2 ⎜ − ⎟, ⎝2 3⎠ onde D é a dose da droga administrada, C é a quantidade máxima que pode ser administrada e R é uma medida da intensidade da reação do organismo à droga (por exemplo, temperatura do corpo ou pressão sangüínea). Como C é a quantidade máxima da droga, deve-se manter o valor de D entre 0 e C. O gráfico de R(D) está dado abaixo (com C = 2). Curva de resposta x dose 1,2 1 0,8 R 0,6 0,4 0,2 0 -0,2 0 0,5 1 1,5 2 D 2,5 3 3,5 Este gráfico foi normalizado, isto é, dividiu-se o valor de R(D) pelo valor máximo que ele pode atingir, R(2), para que a resposta máxima seja igual a 1. A derivada primeira da função R(D) é, 2 2D D ⎞ ⎛C D⎞ D ⎛ = D⎜ C − − ⎟ = D(C − D ). R ' ( D ) = 2 D⎜ − ⎟ − 3 3⎠ ⎝2 3⎠ 3 ⎝ Igualando essa derivada a zero para achar os pontos críticos, temos que os dois pontos críticos são: D1 = 0 e D2 = C. Os pontos críticos da função de resposta versus dose estão justamente nos extremos de validade da função (D = 0 é o menor valor possível da dose D e D = C é o maior valor permitido para D). Para determinar quais desses são pontos de máximo ou de mínimo, devemos tomar a derivada segunda de R(D), R´´(D) = C − 2 D. Os valores de R´´(D) em D = 0 e D = C são: R´´(0) = C > 0 ⇒ ponto de mínimo; R´´(C) = −C < 0 ⇒ ponto de máximo. O gráfico abaixo mostra a função R(D) e suas derivadas primeira e segunda, para o intervalo de validade da função, 0 ≤ D ≤ C. Curva de resposta x dose e suas derivadas primeira e segunda R 2 1 R R´ 0 0 0,5 1 1,5 2 R´´ D -1 -2 Note que o ponto D = C/2 = 1 é um ponto em que a concavidade da função muda (de côncava para baixo para côncava para cima). Portanto, o ponto D = C/2 é um ponto de inflexão da função. Porém, a derivada primeira da função não se anula nesse ponto. Esse é um resultado novo: Pode haver pontos de inflexão de uma função que não sejam pontos críticos, ou seja, pontos onde a concavidade da função muda sem que a sua derivada primeira se anule. Os pontos de inflexão em que a derivada primeira se anula são ditos pontos de inflexão de primeira espécie (eles são também pontos críticos, pois f ´(x) = 0) e os pontos de inflexão em que a derivada primeira é diferente de zero são ditos pontos de inflexão de segunda espécie. A definição mais geral de ponto de inflexão é a seguinte: Dada uma função f(x) com derivadas primeira e segunda contínuas no seu domínio. Suponhamos que exista um ponto a tal que a derivada segunda de f(x) se anule neste ponto, f ’’(a) = 0. Então, o ponto a será um ponto de inflexão se f ’’(x) trocar de sinal ao passar por x = a. Define-se a sensibilidade do organismo à droga como a derivada da sua resposta em relação à dose da droga, S= dR . dD Portanto, a sensibilidade do organismo à droga cresce até D = C/2 = 1, passando a decrescer daí até D = C.