CRÍTICAS palestras científicas FERREIRA DE MIRA (Edições «Seara Nova». Lisboa. 1940) F e r r e i r a de Mira é e n t r e n ó s u m dos h o m e n s q u e m e l h o r s a b e fazer d i v u l g a ç ã o científica. S e m r o u b a r aos t e m a s que t r a t a o $ e u c a r á c t e r científico p a r a os transform a r em m e r o s d e v a n e i o s , F e r r e i r a do Mira s a b e dar-lhes c o l o r i d o , fazendo r e a l ç a r o q u e neles h á de mais pitoresco e mais susc e p t í v e l de p r e n d e r a a t e n ç ã o do leigo. N e s t e l i v r o , o A . a b o r d a 33 t e m a s científicos, u s a n d o d u m a l i n g u a g e m b a s t a n t e c l a r a , a c e s s í v e l , a q u e n ã o falta o a t r a c t i v o d u m a b o a forma e u m certo s a b o r l i t e r á r i o . A v a r i e d a d e dos t e m a s o o i n t e r e s s e q u e t o d o s eles d e s p e r t a m , fazem d e s t e livro u m a o b r a q u e h o n r a o s e u a u t o r e os s e u s e d i t o r e s . (11.) d o i s v i v o s e um m o r t o Não o compreendem e inclusivamente a e s p o s a lhe fez s e n t i r a s u a falta de corag e m . D a í em d i a n t e a sua v i d a p a s s a - s e sob a n e c e s s i d a d e a b s o l u t a de d e m o n s t r a r que qualquer homem posto em circuntâncias i d ê n t i c a s às s u a s procederia da m e s m a m a n e i r a . E c o n s e g u e o m a i s t a r d e coloc a n d o em s i t u a ç ã o s e m e l h a n t e o herói consagrado, que pela sua resistência o havia g a l g a d o em t o d o s os c o n c u r s o s . C o m o se v ê , u m a a n e d o t a simples m a s e n r i q u e c i d a com u m a o b s e r v a ç ã o b a s t a n t e p r o f u n d a d a s realidades. Apesar-das suas qualidades não podem o s p o r é m c o n s i d e r a r Dois vivos e um morto c o m o u m a o b r a p r i m a da l i t e r a t u r a c o n t e m p o r â n e a , e a s u a t r a d u ç ã o n ã o devia a n t e p o r - s e à de J o h n dos P a s s o s , de I l u x l e y , de M a u n , e de t a n t o s o u t r o s e s c r i t o r e s do primeiro plano. (J. N A M O R A D O ) . a a personalidade e obra de d a r w i n ALBERTO CANDEIAS SIGRUD CRISTIANSEN (Guimarães & C. , editores. Lisboa, 1940) ^Edições «Seara Nova». Lisboa. E s t e p r i m e i r o p r é m i o de l i t e r a t u r a escandinava é um romance incontestavelmente bem feito ; q u e r e dizer o a u t o r , c o n s e g u i u realizar a sua obra de modo que a tese defendida, as p o s s i b i l i d a d e s d o t e m a , s ã o c o m p l e t a m e n t e e s g o t a d a s . A c o n d u ç ã o da a c ç ã o ó feita com u m a técnica s e g u r a , cons e g u i n d o m a n t e r o i n t e r e s s e da p r i m e i r a à última página. O p r o b l e m a c e n t r a l do r o m a n c e é o deb a t e e n t r e o dever ser, c o m o u m p r e c o n c e i t o a r r e i g a d o o i m p õ e , e o s e n t i d o do v a l o r útil d a s a t i t u d e s . E o c a s o de ser a e s t a ção t e l ó g r a f o - p o s t a l d u m a p e q u e n a c i d a d e a s s a l t a d a n o m o m e n t o em q u e os e m p r e g a d o s faziam a caixa do d i a . U m dos empregados resiste e ó m o r t o , outro resiste e ó ferido, o p e r s o n a g e m c e n t r a l do l i v r o , Berger, perante a ameaça dum revólver entrega a sua caixa. A n t e a censura m u d a ou m a n i f e s t a d a de t o d a a g e n t e B e r g e r p e n s a a p e n a s q u e «a v i d a é só u m a » e q u e vale b e m m a i s do q u e as 7.CKX) coroas da caixa. E s t e folheto «não c o n s t i t u o u m a b i o grafia r e s u m i d a d e D a r w i n , n e m u m a e x p o sição c o n d e n s a d a da t e o r i a da Selecção N a t u r a l , q u e êle formolou», d i z o A l o g o de início. C o n t u d o , faz de facto u m a biografia crítica b a s t a n t e c u r i o s a e c h e i a de verdade, e expõe, numa rápida linha geral, o n ú c l e o da d o u t r i n a . Mas o q u e h á d e m a i s curioso n e s t e l i v r i n h o é a a t i t u d e filosófica do a u t o r p e r a n t e as a t i t u d e s d o s outros : ó uma atitude simultaneamente firme e h e s i t a n t e , s i m u l t a n e a m e n t e p r e c i s a e i m p r e c i s a , q u e n ã o s a b e m o s explicar. (R ) a i n i c i a ç ã 1940) o cadernos de informação culiural AGOSTINHO DA SILVA (Edições do autor. Lisboa. 1940) 2 . ' série, n. 0> 1 a 3 A i n i c i a t i v a do a u t o r e e d i t o r d e s t e s c a d e r n o s ó b e m d i g n a de l o u v o r , t a n t o