O problema das drogas na sociedade em que vivemos
O PROBLEMA DAS DROGAS NA SOCIEDADE EM QUE
VIVEMOS
O século XX viveu em guerra. Todas os habitantes da Terra sejam da Europa, da Ásia, das
Américas, da pobre África sofreram demais até os anos 70; foram muitos anos de dor, de
miséria e de privações. Duas guerras mundiais, a Coréia, o Vietnam, as guerras de libertação
dos países latino-americanos, dos países africanos. O nazismo, o fascismo, o comunismo, o
capitalismo selvagem. Foi muito sofrimento para todos, e, ao que tudo indica, já há algum
tempo, resolveu-se decretar o fim do sofrimento para todos.
Para cada dor descobriu-se um novo medicamento que a aplaca, que a reduz quase a zero; o
bebê faz uma caretinha de dor de barriga e lá vai a mãe buscar-lhe um remedinho para que
não sofra mais. O irmãozinho está com 37ºC e a mamãe vai lhe dar um antibiótico, aquele
mesmo que a amiga deu a seu filhinho e o mesmo sarou.
Sofrer é coisa de nossos antepassados, hoje todos aprendemos que sofrer é um pecado
capital. Então se sofrer é pecado, como vamos lidar com a dor das perdas que sofremos a
cada dia? Como vamos lidar com nossos fracassos na escola, no emprego, com a família
desestruturada?
Para cada fracasso há uma solução muito fácil à disposição de todos: as drogas. Não é
verdade que elas vieram a fazer parte de nosso dia-a-dia há pouco tempo, ao contrário, elas
existem desde que o mundo é mundo. No Egito Antigo, em Roma, na Grécia, nas civilizações
asiáticas, sempre existiram o álcool, as poções mágicas, o ópio, a cannabis. Nas Américas
pré-colombianas, seus habitantes já se valiam do tabaco, de mascar folhas de coca, de usar o
extrato do cacto peyote, da mescalina e de outras plantas alucinógenas, todos muito utilizados
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em rituais religiosos ou de iniciação dos novos bravos guerreiros.
As drogas são antigas, mas seu uso massivo é muito recente. A grande explosão de seu
consumo data do início da matança do Vietnam, quando os jovens começaram a dizer não às
guerras e os combatentes americanos se drogavam para poderem ganhar coragem e lutar nas
selvas úmidas daquele lugar distante. Ao contrário de seus pais que lutaram na Europa contra
as forças do mal de Hitler e de Mussolini, de cara limpa, pois acreditavam que seus esforços e
mesmo a morte serviriam para manter a American Way of Life, e tudo o mais que sempre
cultivaram. O festival de Woodstock foi o detonador do sexo livre e do uso da maconha. A
pílula anticoncepcional garantia o sexo livre, as drogas não precisavam de freio; acreditava-se
que se poderia parar com o uso, tão logo quando se quisesse. Desconhecia-se a dependência
química, fato até hoje ainda pouco reconhecido pelos usuários e dependentes químicos, que
acreditam poder parar de usar drogas quando bem entenderem.
Mas se as drogas estão aí à disposição de todos, então porque elas trazem tanto medo a
quase todos nós? O principal problema é que se confunde uso de drogas com dependência;
esta é a grande incógnita da equação do uso. Será que todos que usam drogas vão chegar à
dependência? É lógico que não, pois todos aqueles que bebem uma cerveja não vão ficar
alcoolista para o resto de suas vidas, mas o que há de verdade é que não se sabe quem será o
alcoolista de amanhã, quem será o premiado.
A mesma coisa pode-se falar daqueles que usam maconha, cocaína e outras drogas. A
maconha parece criar dependência química em 10% e a cocaína de 30 a 40% de seus
usuários abusivos. Em números globais, segundo Kaplan, 37% da população norte-americana
declarou haver usado uma droga ilícita, pelo menos uma vez em suas vidas, 13% havia usado
substâncias ilícitas no ano anterior, e 6% havia usado no mês anterior ao levantamento. Do
mesmo modo, 51% da população haviam usado álcool no mês anterior à pesquisa, 27% havia
usado tabaco no mês anterior, e, finalmente, 5% eram usuários de maconha, 1,6% de
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psicofármacos e 0,9% de cocaína e menos de 1% era usuário de outras substâncias ilícitas
como alucinógenos, inalantes e heroína.
Quanto ao álcool, 3 a 5% das mulheres e 10% dos homens americanos já reuniram critérios
para o diagnóstico de dependência de álcool, pelo menos uma vez em suas vidas. Para
completar o quadro, estima-se em 22% o número de americanos, tanto homens como
mulheres, que fumam.
Em publicação “O Estado de São Paulo”, no Caderno Drogas de 27/06/06, segundo dados da
Organização Mundial de Saúde, (através da UNIDCP- United Nations International Drug
Control Programme), a população mundial que consume drogas, teria a seguinte distribuição,
conforme a tabela 1.1 abaixo ilustra:
Tabela 1.1
Total estimado em milhões de pessoas usuárias, 1999
Idem em 2006
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Heroína
9,2
11,3
Ópio
13,5
15,9
Cocaína
13,3
13,4
Maconha
141,2
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162,4
Ecstasy
4,5
9,3
Anfetaminas
24,2
25
Ainda segundo o mesmo organismo internacional, o negócio total das drogas ilícitas no mundo
equivale a mais de 1 trilhão de dólares/ano, aproximadamente o dobro do PIB brasileiro, que
em 1998 foi de 0.638 trilhões de dólares.
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Estima-se que 500 milhões de pessoas no mundo, hoje vivas, morrerão de problemas
causados pelo fumo, isto nos próximos vinte anos. No Brasil, país carente de estatísticas,
levantou-se que em São Paulo, 11,6% dos paulistas já experimentaram drogas ilícitas pelo
menos uma vez em suas vidas, principalmente maconha, com 6,6%, solventes com 2,7% e
cocaína, 2,1%, números menores que aqueles levantados nos Estados Unidos, Grã-Bretanha e
de alguns países da Europa Ocidental.
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