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Alfredo d’Escragnolle Taunay
Em 1864, o exército paraguaio invadiu a província de
Mato Grosso, iniciando uma das mais sangrentas guerras
da América do Sul, a Guerra do Paraguai. Na ocasião, o
governo imperial brasileiro enviou uma expedição de
cerca de três mil soldados, partindo do Rio de Janeiro até
o Paraguai, para expulsar o invasor. Valorosos militares
lutaram na vastidão deste território brasileiro quase
Alf re d o d ’ Escrag n olle Ta unay
A retirada da
em quadrinhos
Adaptação e ilustrações
Eduardo Vetillo
inexplorado. Centenas deles morreram vítimas de doenças
tropicais como o tifo, a cólera e o beribéri, além de sofrer
constantes ataques das tropas paraguaias, que usaram
táticas de guerrilha à moda indígena. O sofrimento e a
luta desse contingente militar ficaram conhecidos e
imortalizados na obra A retirada da Laguna.
A retirada da Laguna – em quadrinhos
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Eu me chamo Alfredo d’Escragnolle Taunay.
Cursava o segundo ano de Engenharia Militar no Rio
de Janeiro quando o Império do Brasil entrou em guerra
com a República do Paraguai. Fiz parte, como segundo-tenente, da coluna que partiu para Mato Grosso como
a vanguarda de um exército que deveria invadir o Paraguai
pelo norte e expulsar o invasor da província mato-grossense. Nossa história começou em...
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... 1o de janeiro de 1867, quando o coronel Carlos de Moraes Camisão
assumiu o comando de nossa tropa, composta de aproximadamente
três mil homens. Chegamos ao povoado de Miranda, início de nossa
jornada, e encontramos o local quase que totalmente destruído pelo
inimigo. Lá permanecemos por dez dias. Retomamos a marcha com
destino a Nioaque, próxima etapa da missão.
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Uma região muito fértil e muito bonita,
sem dúvida!
A que distância estamos
do Rio Nioaque?
Os índios chamam-na de Campo
Belo, tenente!
Chegamos à Vila de Nioaque em 24
de janeiro de 1867. Ela havia sido
abandonada pelo inimigo em agosto
de 1866...
A aproximadamente quatro léguas1.
1
No Brasil, uma légua vale aproximadamente 6.600 metros.
5
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Acampamos na margem direita
do Rio Nioaque...
O guia Lopes chegou
ao acampamento,
coronel!
É um prazer revê-lo,
Lopes! Vamos precisar
de seus serviços!
Conte comigo, coronel!
Mande-o
entrar!
Soube que sua família está
em poder do inimigo. Saiba que
nossa campanha poderá libertá-los.
Seus profundos conhecimentos da
região serão fundamentais para
nosso sucesso!
Sou um simples sertanejo,
coronel, mas farei tudo o que
estiver ao meu alcance
para ajudá-los!
6
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Juvêncio,
prepare a tropa
para partirmos
na alvorada de
amanhã!
Ordenança, peça
ao tenente-coronel
Juvêncio que se
apresente!
Nós nos pusemos em marcha na madrugada de 25 de fevereiro de 1867.
A tropa ignorava o rumo, mas já pressentia que a fronteira com o Paraguai
estava próxima. Os batedores2 tomavam a dianteira...
2
Patrulha avançada.
7
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Naquela noite, o coronel reuniu os
oficiais em sua tenda...
Ele foi para a fazenda dele
com o filho para trazer o
gado para cá.
Já estão faltando provisões. Alguma
notícia do guia
Lopes?
Três dias depois...
8
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Apenas cumpri
meu dever,
senhor!
Você fez muito
mais do que
isso, amigo!
A tropa lhe é
profundamente
agradecida, Lopes!
A partir daqui, iniciamos nosso plano de
invasão do Paraguai.
Estejam alertas!
No dia 4 de março, ocupamos a
localidade de Miranda, que, a exemplo de Nioaque, também havia
sido incendiada...
Abram picadas3
em todas as direções e guarneçam
as saídas!
3
Caminhos na mata.
9
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Apesar dos preparativos para eventuais combates, um inimigo
maior voltava a nos ameaçar: a fome...
Já estão faltando
carne e
farinha,
tenente!
Algum comunicado da comissão de víveres, em
Nioaque?
Sim. Eles não podem
mais garantir o abastecimento.
Todos aqui estão cientes
das dificuldades
que viemos encontrando: insuficiência de víveres, falta
de uma cavalaria...
Em face das condições desfavoráveis, o
coronel Camisão resolveu reunir o Conselho
de Guerra naquela noite...
10
[...]
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Alfredo d’Escragnolle Taunay
Em 1864, o exército paraguaio invadiu a província de
Mato Grosso, iniciando uma das mais sangrentas guerras
da América do Sul, a Guerra do Paraguai. Na ocasião, o
governo imperial brasileiro enviou uma expedição de
cerca de três mil soldados, partindo do Rio de Janeiro até
o Paraguai, para expulsar o invasor. Valorosos militares
lutaram na vastidão deste território brasileiro quase
Alf re d o d ’ Escrag n olle Ta unay
A retirada da
em quadrinhos
Adaptação e ilustrações
Eduardo Vetillo
inexplorado. Centenas deles morreram vítimas de doenças
tropicais como o tifo, a cólera e o beribéri, além de sofrer
constantes ataques das tropas paraguaias, que usaram
táticas de guerrilha à moda indígena. O sofrimento e a
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