UNIVERSIDADE DO EXTREMO SUL CATARINENSE - UNESC CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM EDUCAÇÃO MATEMÁTICA ELISA DAMINELLI O ENSINO DE GEOMETRIA NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL CRICIÚMA, OUTUBRO DE 2005 ELISA DAMINELLI O ENSINO DE GEOMETRIA NAS SÉRIES FINAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Monografia apresentada à Diretoria de Pósgraduação da Universidade do Extremo Sul Catarinense- UNESC, para a obtenção do título de especialista em Educação Matemática. Orientador: Prof.(Dr). Marilaine Fraga Sant’Ana CRICIÚMA, OUTUBRO DE 2005 2 Para Rossano: “Quantas e quantas vezes você estimulou meus sonhos...Quantas vezes eu estava prestes a desistir e você aparecia me dizendo que valia a pena seguir em frente... Você será para sempre especial.” 3 AGRADECIMENTO “ Não há tempo que volte...Apenas as lembranças daqueles que nos ajudaram a viver tudo o que hoje, conseguimos conquistar. Agradeço a todos que me ajudaram nesta conquista. 4 “As abelhas, em virtude de uma certa intuição geométrica, sabem que o hexágono é maior que o quadrado e o triângulo, e conterá mais mel com o mesmo gasto de material.” (Papus de Alexandria) 5 RESUMO Esta pesquisa visa conhecer como está a situação atual do ensino de Geometria nas séries finais do ensino fundamental na rede pública de ensino de alguns municípios do Litoral Norte do estado do Rio grande do Sul. Pretende-se identificar os tópicos de Geometria que vêm sendo trabalhados e os recursos e metodologias que os professores utilizam em sala de aula. O estudo realizou-se através da pesquisa bibliográfica e da exploração de dados coletados por meio de questionários respondidos pelos professores de matemática. Os dados foram analisados quantitativa e qualitativamente com base no referencial teórico proposto e em dados de outras pesquisas sobre o mesmo tema. Constatou-se que existe uma preocupação por parte dos professores em trabalhar com área e perímetro das figuras planas, mas por outro lado alguns conteúdos não são abordados. Percebeuse claramente que existe uma divisão dos conteúdos trabalhados em cada série, porém existem variações de acordo com cada escola e cada professor, não existe um consenso quanto aos conteúdos de geometria que devem ser trabalhados em cada série. . Palavras-chave: Ensino; Geometria; professor; metodologia. . 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .........................................................................................................7 2 REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................9 2.1 Aspectos Históricos ...............................................................................................9 2.2 Algumas Considerações Sobre O Ensino De Geometria ....................................12 3 OBJETIVOS E METODOLOGIA ............................................................................22 3.1 Objetivo geral ......................................................................................................22 3.2 Objetivos específicos ...........................................................................................22 3.3 Metodologia .........................................................................................................22 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS ........................................................25 4.1 Espaço amostral .................................................................................................25 4.2 Caracterização da amostra .................................................................................25 4.3 Os conteúdos abordados ....................................................................................26 4.4 Os livros didáticos utilizados ...............................................................................27 4.5 Análise dos livros didáticos mais utilizados pelos professores ...........................27 4.6 A metodologia e os recursos utilizados ...............................................................30 4.7 Período dedicado ao ensino de Geometria e a relação com outros conteúdos...30 4.8 Os aspectos positivos da aprendizagem de Geometria ......................................31 4.9 As dificuldades apresentadas pelos alunos segundo os professores .................32 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................34 REFERÊNCIAS..........................................................................................................38 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ..........................................................................39 APÊNDICE A – Questionário aplicado com os professores ......................................41 7 1 INTRODUÇÃO A geometria , assim como a matemática é uma produção humana que surgiu da necessidade de se resolver problemas práticos como por exemplo a medição de terras no vale do rio Nilo, no Egito. Ela está presente desde de tempos remotos na civilização, as pirâmides, por exemplo, são construções de cerca de 3000 a.C. Mesmo na atualidade ela tem presença marcante na engenharia, na arquitetura, nos desiners de móveis e utensílios do nosso dia a dia. Por volta de 300 a.C., os conhecimentos de geometria foram apresentados pela primeira vez de forma estruturada nos livros “Elementos” de Euclides. Durante séculos se ensinou Geometria na escola, ela formava a base da Ciências Exatas, da Engenharia, da Arquitetura e do desenvolvimento tecnológico. A partir da metade do século passado o ensino de Geometria foi praticamente abolido das escolas ou em alguns casos reduzido a aplicações da Teoria dos Conjuntos e da Álgebra com o movimento da Matemática Moderna que dava ênfase às estruturas algébricas e ao uso da linguagem simbólica. O ensino de Geometria é um tema muito discutido atualmente e defendese a importância de sua abordagem na escola. No entanto, parece ainda não existir um consenso quanto ao que se deve ensinar. Em muitas escolas isto faz com que a Geometria continue excluída do currículo. Muitas pesquisas têm sido realizadas nos últimos anos acerca do ensino de Geometria, existe uma preocupação por parte dos educadores em resgatar o ensino dessa ciência e já se obteve algum progresso nesse sentido. Porém a situação ainda é precária nas escolas, principalmente na rede públicas, visto que 8 muitas vezes os professores não têm acesso às informações e às metodologias desenvolvidas por inúmeros projetos e propostas pedagógicas diferentes. Existem muitos estudos na região que abordam as dificuldades encontradas pelos professores para definir os conteúdos de Geometria a serem ensinados e também para escolher metodologias e técnicas adequadas para essa tarefa. [...] a Escola nº2 não apresenta conteúdos de geometria nas 5ª, 6ª e 7ª séries e na 8ª série o conteúdo que inicia o estudo de geometria é o Teorema de Tales. [...] O mesmo ocorre com as escolas de nº5 e nº11 onde o caso é mais grave, pois o estudo da geometria inicia na 7ª série com a Trigonometria do Triângulo Retângulo. [...] Observamos em nossa pesquisa que as escolas não selecionam, igualmente, a metodologia e os conteúdos a serem desenvolvidos.” ( LOBO, 2004 , p.128). Este estudo procura conhecer a situação atual do ensino de geometria nas escolas da região do litoral norte do Rio Grande do Sul, que tópicos de Geometria têm sido trabalhados, que metodologias são utilizadas e as propostas que trazem os PCNs e os livros didáticos sobre o assunto. A pesquisa será realizada em alguns municípios do Litoral Norte do Rio grande do Sul, compreendendo escolas da rede pública municipal e estadual. Os dados serão coletados a partir de entrevistas realizadas com os professores de matemática. O instrumento utilizado para a coleta de dados será o questionário. As questões serão formuladas a partir dos objetivos desta pesquisa e com base nos dados de outras pesquisas realizadas no estado do Rio Grande do Sul que abordam o mesmo tema. O presente trabalho pretende coletar e analisar os dados na região, e também confrontar com dados de outras regiões do estado para comparar a situação do ensino. Assim, o estudo fornecerá dados para estudos posteriores que possam auxiliar na melhoria da qualidade da educação. 9 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Aspectos Históricos As primeiras noções de Geometria são muito antigas. O homem primitivo já fazia observações da natureza reconhecendo formas e tamanhos e procurava fazer representações de suas idéias através de desenhos. Segundo Eves (1992, p.2), “essa Geometria deveria, por falta de melhor denominação ser chamada “geometria subconsciente”. que era empregada pelo homem para fazer ornamentos decorativos e desenhos”. Essa geometria era puramente empírica, não havia uma formalização dos conceitos nem demonstrações. Foi da necessidade do homem em compreender e descrever o seu meio ambiente que as imagens, representadas através de desenhos, foram sendo conceituadas até adquirirem um significado matemático, a Geometria. A Geometria auxiliou as civilizações que habitavam as margens dos grandes rios Nilo e Eufrates, servindo para a demarcação da terra para o cultivo após as cheias dos rios. Muitas noções geométricas utilizadas hoje, como as idéias de quadrado, triângulo, área e perímetro provêm desta época. Essa idéias primitivas foram a base para o desenvolvimento da geometria como ciência. Vários povos na Antigüidade conheciam propriedades geométricas e também construíam suas próprias regras para resolver problemas práticos do dia a dia, essas regras eram formuladas através de inúmeras tentativas e depois funcionavam como receitas na resolução de problemas análogos, como o cálculo de áreas e volumes. 10 Os babilônios e os assírios, por exemplo, conseguiram reunir muitos conhecimentos de astronomia, mediante cálculos que realizavam sobre observações sistemáticas, pois conheciam regras gerais para calcular áreas de triângulos e quadriláteros, volumes de primas e de pirâmides. Eles também possuíam noções a respeito da semelhança de triângulos e do Teorema de Pitágoras. Os egípcios, por sua vez, calculavam áreas e volumes de diversas figuras, inclusive referente aos corpos redondos. Também conheciam propriedades sobre ângulos, utilizando-se do triângulo retângulo para construção de ângulos retos. As pirâmides do Egito foram construídas por volta de 3000 a.C., com o auxílio da geometria. A grande pirâmide de Gizé foi construída por volta de 2600a.C. A estrutura contém mais de 2000 000 de blocos de pedras com, em média, 2,5 toneladas cada um, ajustados entre si muito cuidadosamente [...] Esses dados pressupõem uma perícia profunda na área da engenharia [...] tal tarefa foi realizada por um exército de 100 000 trabalhadores num período de trinta anos[...] A grande pirâmide tornou-se conhecida como uma de Sete Maravilhas do Mundo Antigo. (EVES, 2004, p.67-68) O período de 3000 a 525 a. C foi marcado pelo surgimento de inúmeras civilizações, pois com o desenvolvimento da agricultura o homem deixa de ser nômade, é neste período que a ciência começa a ser desenvolvida. Esses povos criaram escritas; trabalharam metais; construíram cidades; desenvolveram empiricamente a matemática básica da agrimensura, da engenharia e do comércio; e geraram classes superiores que tinham tempo bastante de lazer para se deter e considerar os mistérios da natureza. Depois de milhões de anos, afinal a humanidade tomava a trilha das realizações científicas. ( EVES, 2004, p.56) Apesar de muitas civilizações terem diversos conhecimentos acerca das propriedades geométricas, foi somente na Grécia que a Geometria começou a ser considerada uma ciência. “ Sem dúvida nenhuma, os maiores cientistas do mundo antigo viveram na pequena Grécia [...]” ( EVES, 2004, p.90). Os filósofos gregos 11 tiveram um papel importantíssimo no desenvolvimento desta ciência. Foram eles que levaram à Grécia os conhecimentos das outras civilizações, podemos destacar entre muitos Sócrates, Platão, Aristóteles, Tales, Pitágoras etc. Mas sem dúvida Euclides foi o que mais contribuiu para a evolução da Geometria como ciência. Por volta de 300 a.C., Euclides escreveu o livro “Elementos”, obra que reúne quase todo o conhecimento matemático daquele tempo, principalmente da Matemática grega que se desenvolveu desde de seu início com Tales, no século VI a.C., até o tempo de Euclides. Em Elementos, a Matemática aparece pela primeira vez de forma estruturada e organizada logicamente. Esta é uma das mais importantes obras desse período. Nenhum trabalho, exceto a Bíblia, foi tão largamente usado ou estudado e, provavelmente, nenhum exerceu influência maior no pensamento científico. Mais de mil edições impressas do Elementos já apareceram desde a primeira delas em 1482; por mais de dois milênios esse trabalho dominou o ensino de Geometria. ( EVES, 2004, p.167) A matemática grega nesta época era voltada principalmente para a Geometria, praticamente todas as demonstrações matemáticas eram feitas com base na Geometria, motivo pelo qual, grande parte da obra de Euclides demonstra axiomas e postulados geométricos. Mas por outro lado também existe na obra de Euclides muito de Aritmética e Álgebra. A geometria passa a ser conhecida, então, como Geometria Euclidiana. Contrariamente à impressão muito difundida, os Elementos de Euclides não tratam apenas de Geometria – contêm também bastante teoria dos números e álgebra elementar ( geométrica). O livro se compõe de 465 proposições distribuídas em treze livros [...] os textos de Geometria plana e espacial encontram-se nos Livros I, III, IV, VI, XI e XII dos Elementos. ( EVES, 2004, p.169) Séculos mais tarde surgem, baseadas na geometria euclidiana, a geometria analítica com Renè Descartes (1637) e a geometria projetiva com Jean 12 Victor Poncelet (1822). Em 1826, o russo Nicolai Ivanovich Lobachevsky cria a Geometria não euclidiana, na qual o espaço não é um plano. Apesar da criação da nova geometria, existem poucas publicações a respeito do assunto e ela não é abordada nos programas escolares, nem mesmo no ensino superior, no que diz respeito aos cursos de formação de professores. 2.2 Algumas considerações sobre o ensino de Geometria O ensino da Geometria Euclidiana foi considerado como base para as Ciências Exatas durante muito tempo. A compreensão das propriedades geométricas e de suas demonstrações era algo relevante no ensino de matemática. Durante séculos o ensino de Geometria manteve-se numa abordagem estática ( por influência da obra de Euclides). Nos anos de 1960, todavia, começou a sofrer mudanças significativas, a partir do movimento da Matemática Moderna. Segundo Nasser e Tinoco (2001), esse movimento impôs à matemática um caráter puramente estruturalista, não condizente com a realidade do saber escolar. ( ANDRADE e NACARATO, 2004, P.65). A partir da metade do século passado o chamado movimento da “Matemática Moderna” levou os matemáticos a desprezarem a abrangência conceitual e filosófica da Geometria Euclidiana, e ela foi praticamente excluída dos programas escolares. A matemática Moderna nasceu como um movimento educacional inscrito numa política de modernização econômica e foi posta na linha de frente do ensino por se considerar que, juntamente com a área de Ciências, ela constituía uma via de acesso privilegiada para o pensamento científico e tecnológico. Para tanto procurou-se aproximar a Matemática desenvolvida na escola da Matemática como é vista pelos estudiosos e pesquisadores. ( PCNs, 1998, p.19) Na década de 80, surgiram novas idéias para o ensino de matemática com ênfase na resolução de problemas, mas a influência da teoria dos conjuntos e do seu simbolismo ainda predominava no currículo escolar, e a Geometria quando 13 aparecia era deixada para o final do ano letivo, e muitas vezes acabava não sendo ensinada. Em algumas escolas o ensino de Geometria era confundido com o de desenho geométrico, sendo suas aulas ministradas separadamente das aulas de matemática e muitas vezes por outros profissionais, que não tinham formação matemática, e cuja formação poderia não ser adequada para a tarefa em questão. Esses fatos contribuíram para agravar as dificuldades em resgatar o ensino de Geometria, visto que muitos professores cuja formação provém deste período acabaram tendo pouco conhecimento acerca desse conteúdo, o que ocasionou um ensino de matemática com uma grande defasagem na área da Geometria. Essa circunstância deu origem a que os futuros professores chegassem aos centros de formação com um conhecimento quase nulo da Geometria e quase sem referências sobre o seu ensino aprendizagem. Além disso, nesses centros, a formação que receberam estava mais relacionada com outros temas, como o de número, do que com a Geometria e seu ensino aprendizagem. ( BARRANTES e BLANCO, 2004, P.37). A partir dos anos 90, a Geometria começa a ganhar destaque nas discussões internacionais sobre o ensino de matemática. Pesquisadores e educadores de todo o mundo apontam a importância e a utilidade da geometria, e ela volta a fazer parte do currículo escolar. Esse movimento conseguiu alguns progressos no ensino de geometria, como a introdução de programas curriculares que davam mais peso para o assunto. Porem não há qualquer tipo de consenso quanto aos conteúdos de geometria que se deve incluir nos currículos, a sua organização e a forma de os levar a prática. [...] apesar dos esforços dos investigadores para apresentar novos métodos, recursos ou materiais sobre o ensino da Geometria, muitos estudantes continuam a chegar às Universidades com as mesmas experiências, falta de conhecimentos e com concepções sobre a Geometria e o seu ensino de anos atrás, o que indica que se continua a ensinar da mesma maneira de antes de tais reformas. ( BARRANTES e BLANCO, 2004, P.37). 14 Em algumas escolas, a falta de conhecimento acerca do conteúdo por parte dos professores faz com que o ensino de geometria se reduza a aprendizagem de nomes de figuras, elementos das figuras, teoremas e notações. Trata-se de um saber cultural , ou seja, algo que os matemáticos escreveram e que devemos aprender. Dessa forma o ensino torna-se distante do aluno e ineficaz, muitas vezes não ocorre a aprendizagem. Os alunos não conseguem compreender os conceitos porque esses lhes são apresentados de forma muito abstrata. Guy Brousseau observou que os alunos, mesmo depois de terem estudado durante muito tempo as figuras geométricas, seus nomes e elementos, não são capazes de utilizar este conhecimento para descrever uma figura para que outro grupo possa reproduzi-la. Percebe-se que os alunos não utilizam nem a terminologia, o vocabulário, nem as propriedades geométricas que estudaram. ( SAIZ,1993, p.84 ) Para que os alunos sejam capazes de descrever uma figura e suas características é necessário que se ensine um saber funcional, que refere-se a utilização do conhecimento adquirido para resolver determinadas situações. O ensino de geometria deve ser espontâneo, desenvolvendo-se em contato com o espaço, para que a aprendizagem tenha sentido para o aluno. Diante desta situação caótica do ensino de geometria alguns educadores de todo o mundo tem voltado mais atenção ao tema buscando resgatar e melhorar a qualidade do ensino dessa ciência visando ampliar sua participação na formação integral do educando. Constata-se ser significativo o número de trabalhos que vêm discutindo o papel das provas e argumentações no ensino da Geometria, além de uma preocupação mais recente, com discussões de aspectos epistemológicos do pensamento geométrico, como a visualização e representação. ( ANDRADE e NACARATO, 2004, p.61). 15 Nos últimos tempos a Geometria está adquirindo mais importância diante dos conteúdos matemáticos ensinados na escola. Em vários países, pedagogos, psicólogos e professores de Matemática vem se esforçando para que a Matemática tenha significado para o aluno, contribua para seu desenvolvimento cognitivo e seja também útil para a vida na sociedade atual. Estudos realizados em diversos países têm apontado novas tendências pedagógicas para o ensino de Geometria, segundo Andrade e Nacarato (2004, p.61) “constatou-se que o ensino de Geometria vem se pautando em abordagens mais exploratórias, em que os aspectos experimental e teórico do pensamento geométrico são considerados.” Muitas propostas têm sido apresentadas nos encontros de Educação em palestras, minicursos, oficinas entre outros. Segundo a análise de Andrade a Nacarato (2004) foram identificadas sete categorias diferentes para o Ensino de Geometria. Entre elas esses autores destacaram a Geometria Experimental e a Geometria em Ambientes Computacionais como sendo tendências didáticopedagógicas emergentes. Entende-se por Geometria Experimental: [...] atividades de experimentações por meio de manipulações de objetos concretos; representações através de desenhos e construções de modelos; resolução de problemas; construção de conceitos pelo aluno, através da produção e negociação de significados ou por meio de atividades diretivas; contextos de provas e argumentações, além de trabalhos que visam a discutir o pensamento geométrico num enfoque teórico e/ou epistemológico. [...] todas as produções geométricas resultantes da experiência e da ação humanas [...] construções geométricas e formas de representação do mundo mediadas pela experimentação. ( ANDRADE e NACARATO, 2004, P.62) A Geometria Experimental teve influência na pedagogia ativa proposta pelo Movimento da Escola Nova, onde o aluno era o centro do processo ensino aprendizagem. Maria Montessori foi uma grande colaboradora da pedagogia 16 escolanovista, para ela a criança é educadora de sua personalidade. O educador deve propor meios para promover a auto- educação da criança. Segundo Maria Montessori, cada criança, no respectivo grau de seu desenvolvimento, experimenta certas necessidades interiores que a impulsionam, em circunstâncias externas favoráveis, a uma atividade livre concentrada. Por isso, a primeira condição para a aplicação do método Montessori está na formação de um ambiente apropriado, em que a criança possa movimentar-se livremente e encontrar os brinquedos e materiais didáticos adaptados à sua inata necessidade de atuar e se exercitar. ( PILETTI, 2003, p.109). No que se refere a segunda tendência, a Geometria em Ambientes Computacionais aborda o uso da informática em sala de aula e a exploração de softwares matemáticos como o Cabri Gèométre , Geometricks, Geometer’s Sketchpad, Tabulae, Mangaba, a Geometria no ambiente LOGO e outros. Constatou-se uma preocupação em subsidiar o uso dessa tecnologia com suportes teóricos sobre o desenvolvimento do pensamento. Nos encontros posteriores, já se constata a existência de pesquisas realizadas com esses ambientes, bem como a existência de suportes teórico- epistemológicos. No caso da linguagem LOGO, ela sempre se pautou em aportes cognitivistas. Os ambientes de Geometria Dinâmica nos VI e VII ENEMs vêm sendo subsidiados por aportes da Didática da Matemática Francesa ou pelo modelo Van Hiele. (ANDRADE e NACARATO, 2004, P.63). O Modelo de desenvolvimento do pensamento geométrico Van Hiele foi desenvolvido por Dina Van Hiele Geldof e seu marido Pierre Marie Van Hiele como trabalho para seu doutoramento na Universidade de Utrecht, na Holanda. O trabalho desenvolvido pelos Van Hiele analisa o nível de maturidade geométrica de cada indivíduo através de comportamentos pré determinados para cada nível. 17 A teoria propõe cinco níveis, onde cada indivíduo progride seqüencialmente. O nível zero ou nível básico consiste na observação visual e reconhecimento das figuras geométricas. [...] os alunos percebem o espaço apenas como algo que existe em torno deles. Os conceitos de geometria são vistos como entidades totais, e não como entidades que tem componentes ou atributos. [...] Alguém neste consegue aprender um vocabulário geométrico, identificar formas específicas e, dada uma figura consegue reproduzi-la. (CROWLEY , 1996, p.2). Segundo os Van Hiele (1957 apud CROWLEY, 1996) o nível um consiste na análise dos conceitos geométricos, das propriedades e características de cada figura. O aluno é capaz de reconhecer uma figura e descrever suas propriedades. O nível dois parte da dedução informal, é a capacidade de trabalhar com hipóteses, classificar as figuras segundo as propriedades que apresentam. O nível três compreende a dedução de teoremas, postulados e demonstrações. O último nível é o rigor, onde a geometria é uma abstração e pode-se trabalhar inclusive com geometrias não euclidianas. A maior parte das escolas trabalha com os três primeiros níveis, por esse motivo, os Van Hiele dedicaram-se mais a esta parte da pesquisa e obtiveram algumas contribuições para a educação como a descrição de algumas fases do aprendizado que poderiam auxiliar e orientar o ensino de geometria. Os Van Hiele afirmam que o progresso ao longo dos níveis depende mais da instrução recebida do que da idade ou da maturidade. Portanto o método e a organização do curso, assim como o conteúdo e o material usados, são importantes áreas de preocupação pedagógica. Para tratar essa questões, os Van Hiele propuseram cinco fases seqüenciais de aprendizado: interrogação, orientação dirigida, explicação, orientação livre e integração. Afirmam que a instrução desenvolvida de acordo com essa seqüência promove a aquisição de cada um dos níveis. (CROWLEY, 1996, p.6). 18 O modelo Van Hiele demorou a receber atenção dos educadores , um dos motivos foi o fato de que na época em que foi formulado ocorria o Movimento da Matemática Moderna, e por isso não se discutia o ensino de Geometria. Somente na década de 80, o trabalho começou a receber prestígio internacional, principalmente através das traduções para inglês. Nas últimas décadas com a crescente preocupação por parte dos educadores em resgatar o ensino de Geometria, o modelo vêm sendo utilizado na formulação de novas metodologias, como é o caso dos trabalhos desenvolvidos com a geometria dinâmica. Diversas pesquisas na área da psicologia colaboraram para a compreensão do desenvolvimento do pensamento, e consequentemente contribuíram para a elaboração de inúmeras teorias de aprendizagem que visam a melhoria da qualidade do ensino. O ensino de Geometria vem sendo valorizado porque colabora com o desenvolvimento cognitivo das crianças. Há indícios de que as crianças que trabalham com formas geométricas, tornam-se mais organizadas, desenvolvem coordenação motora e visual, melhoram a leitura, compreendem mais rapidamente gráficos, mapas e outras informações visuais. O ensino deve ser planejado levando-se em conta o que se sabe sobre o desenvolvimento intelectual do aluno, o que leva o professor a escolher metodologias e técnicas apropriadas para ensinar em cada idade. Ensinar significa provocar desequilíbrio na mente da criança para que ela, procurando o reequilibro, se reestruture cognitivamente e aprenda. O mecanismo de aprender da criança é sua capacidade de reestruturar-se mentalmente. ( PIAGET apud MOREIRA, 1999, p.103 ) 19 Segundo Piaget (1972 apud MOREIRA, 1999), o desenvolvimento da inteligência passa por quatro períodos distintos: o sensório motor, de 0 a 2 anos, período de atividade corporal, pré-operacional, de 2 a 7 anos, nesta fase desenvolve a linguagem, símbolos e imagens mentais, operacional concreto, de 7 a 12 anos, desenvolve a lógica e realiza operações simples com auxílio do concreto e do visual, operacional formal, acima de 12 anos, consegue fazer generalizações e raciocinar através de hipóteses. É importante ressaltar, que estes estágios de desenvolvimento não são iguais para todos. Para Vigotsky (1984 apud MOREIRA, 1999), o desenvolvimento de uma criança difere de outra embora possam haver semelhanças, portanto devemos entender que nem todas as crianças de mesma idade têm maturidade para realizar certas abstrações. Muitos alunos do ensino fundamental encontram-se no período de desenvolvimento da inteligência descrito por Piaget como operacional concreto, nesta fase o pensamento é mais organizado, possui lógica, mas se limita ao concreto. A criança ainda não é capaz de raciocinar através de hipóteses e abstrações. Pode-se destacar aí a importância da geometria, ela proporciona a exploração visual e concreta de objetos, bem como pode auxiliar em outras áreas do conhecimento, como a álgebra, por exemplo, onde muitos conceitos e propriedades podem ser trabalhadas de maneira concreta, tornando a aprendizagem mais eficaz. A interação com o meio é muito importante para aprendizagem. O desenvolvimento cognitivo não ocorre independente do contexto social, histórico e cultural. A interação entre o sujeito e o meio em que ele vive é fundamental para o desenvolvimento cognitivo e lingüístico de qualquer indivíduo.(VYGOTSKY apud MOREIRA, 1999, p.109) 20 O ensino deve ser acompanhado de ações e demonstrações e sempre que possível deve dar aos alunos a oportunidade de agir. As crianças só entenderão completamente os conceitos geométricos ensinados se puderem percebê-los por si mesma, se puderem participar de atividades variadas em que se usam as figuras geométricas, proporcionando o conhecimento através da experiência. O aluno pode brincar, manipular, desenhar, pintar e falar sobre as formas geométricas e, assim, adquirir conhecimento sobre elas. O professor deve atuar como mediador na construção do conhecimento, interagindo, trocando informações e experiências e criando situações para que ocorra a aprendizagem. Conforme Freire ( 2003, p.22) “ ensinar não é transmitir conhecimentos, mas criar as possibilidades para a sua construção ou a sua produção”. A rapidez dos acontecimentos e da evolução tecnológica também influencia, e muito, a educação. É preciso ensinar a pensar e a buscar o conhecimento novo. Ao ser produzido, o conhecimento novo supera outro que antes foi novo e se fez velho e se “dispõe” a ser ultrapassado por outro amanhã. É tão fundamental conhecer o conhecimento já existente quanto produzir o conhecimento ainda não existente. (FREIRE, 2003, p.28) Neste contexto, é necessário que o professor esteja sempre inovando e buscando metodologias e técnicas que criem situações que possibilitem o aprendizado de maneira que ele tenha significado e seja de alguma forma útil para o aluno. Surge a necessidade de ensinar o aluno a construir o conhecimento, a pesquisar, a buscar as informações de que necessita. Ensinar o aluno a pensar, essa é a necessidade da educação atual. Para a convivência no mundo de hoje são necessários cada vez mais conhecimentos. 21 Vivemos numa sociedade em que o nível de estudo determina os papéis que cada um irá ocupar nas classes sociais. Os alunos das escolas públicas são os que possuem menores níveis de ensino, o que contribui para a desigualdade social. De acordo com os PCNs (1998), a matemática tem um papel decisivo na exclusão social, visto que geralmente ela contribui na seleção dos alunos que irão concluir ou não um nível de ensino. A educação deve ter como princípio básico a formação de cidadãos críticos capazes de tomar decisões e resolver problemas. A matemática pode contribuir muito para que a educação cumpra o seu papel de melhorar a qualidade de vida das pessoas, mas para isto é preciso uma reflexão sobre os diversos aspectos que envolvem o ensino da matemática atualmente., a começar pelo que se ensina de matemática. Os conteúdos de matemática ensinados devem ter por objetivo entre outras coisas proporcionar ao aluno um desenvolvimento do raciocínio lógico, dando-lhe condições de criar, analisar , justificar e resolver várias situações do cotidiano. A Geometria contribui para o desenvolvimento de capacidades cognitivas fundamentais. Os conceitos geométricos constituem parte importante do currículo de Matemática no ensino fundamental, porque, por meio deles, o aluno desenvolve um tipo especial de pensamento que lhe permite compreender, descrever e representar, de forma organizada o mundo em que vive. (PCNs, 1998, p.51) A rapidez dos meios de comunicações torna o acesso ao conhecimento fácil, porém é preciso saber buscá-lo e selecionar aquilo que é mais adequado para determinada situação. Não basta apenas encontrar soluções é preciso que elas sejam criativas e eficazes. O ensino de matemática deve proporcionar ao aluno a capacidade de criar inúmeras soluções para um mesmo problema, utilizando-se dos mais variados meios para este fim, como lógico, verbal, visual entre outros. 22 3 OBJETIVOS E METODOLOGIA 3.1 Objetivo geral - Identificar e relatar a situação atual do ensino de geometria nas séries finais do ensino fundamental nas escolas de alguns municípios do litoral norte do Rio Grande do Sul. 3.2 Objetivos específicos - Verificar a abordagem dos PCNs e dos livros didáticos sobre o ensino de geometria; - Investigar os conceitos geométricos que os professores têm trabalhado em sala de aula; - Conhecer as dificuldades e os aspectos positivos da aprendizagem da Geometria apontados pelos professores; - Identificar os livros didáticos mais utilizados pelos professores para trabalhar geometria; 3.3 Metodologia A pesquisa realizou-se em sete municípios da região do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, compreendendo os estabelecimentos de ensino da rede pública 23 municipal e estadual, com professores de matemática que atuam na 5ª, 6ª, 7ª e 8ª séries do ensino fundamental. A coleta de dados foi feita por meio de questionários específicos para os professores e pela coleta de materiais referentes a organização dos conteúdos e dos planos de estudos da Secretaria de Educação de cada município e da 11ª Coordenadoria Regional de Educação do estado do Rio Grande do Sul. O questionário foi formulado com base em estudos de outras pesquisas em diferentes regiões e que abordaram o mesmo tema, e também nos objetivos propostos para a pesquisa. O questionário continha 17 questões, sendo treze de múltipla escolha e quatro questões abertas. As sete primeiras questões tinham por objetivo conhecer a clientela abordada, questionando a formação docente, a carga horária semanal, a experiência em sala de aula e as séries em que o professor trabalha. Nas seis questões seguintes foi feita uma abordagem a respeito dos conteúdos trabalhados, da utilização de livros didáticos, da metodologia e dos recursos utilizados. As últimas três questões eram abertas e referiam-se as concepções que os professores possuem acerca do ensino-aprendizagem de geometria, os aspectos positivos que essa aprendizagem proporciona ao aluno e as dificuldades encontradas. Por último foi colocado um espaço para justificativas e comentários. Durante a pesquisa foi visitada a biblioteca da Faculdade de Ciências e Letras de Osório para a busca de dados bibliográficos que complementassem o estudo. O estudo levantou dados referentes aos conteúdos de geometria que estão sendo abordados em sala de aula na região. Os dados foram analisados com 24 base no referencial proposto e comparados com pesquisas recentes realizadas em outras regiões do estado do Rio Grande do Sul. Também foram analisados os livros didáticos mais utilizados pelos professores ,segundo as respostas obtidas nos questionários, com o propósito de relacionar os conteúdos trabalhados com a abordagem dos livros. A apresentação dos dados foi feita através de tabelas com os resultados das respostas obtidas no questionário. A identificação dos professores que responderam ao questionário da pesquisa, nas tabelas, foi feita pela letras maiúsculas do alfabeto. Os dados obtidos durante a pesquisa foram analisados quantitativa e qualitativamente. 25 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 4.1 Espaço amostral Foram entrevistados 12 professores de matemática, da rede pública municipal e estadual, dos municípios de Cidreira, Maquiné, Osório, Pinhal, Terra de Areia, Tramandaí e Três Forquilhas. 4.2 Caracterização da amostra Através dos questionários foi possível verificar que a maioria dos professores entrevistados, aproximadamente 90%, já concluiu a graduação em Matemática Licenciatura Plena, 25% já concluíram a especialização e outros 40% estão cursando especialização na área de matemática. Apenas um dos professores entrevistados não possui graduação em Matemática. Quanto a jornada de trabalho mais de 40% dos professores trabalha entre 30 e 40h semanais e outros 40% trabalham mais de 40h por semana. Entre estes 80% também se encontram os que trabalham em maior número de escolas e municípios. No que se refere a experiência na área de educação encontramos muitos professores jovens, metade dos professores entrevistados tem entre 2 e 5 anos de atividade em sala de aula. Em torno de 25% dos professores tem entre 5 e 10 anos. Apenas 16,6% dos entrevistados tem mais de 10 anos de trabalho em sala de aula e, aproximadamente, 8% tem menos do que dois anos de experiência. 26 Em torno de 33% dos professores pesquisados trabalham com todas as quatro séries finais do ensino fundamental, 5ª, 6ª, 7ª e 8ª série. Aproximadamente 58,3% trabalham com duas ou três séries diferentes e apenas 8,3% trabalham com uma única série. 4.3 Os conteúdos abordados Pode-se observar que todos os professores entrevistados trabalham com área e perímetro de figuras planas, o que mostra a importância dada a esse assunto. Percebe-se uma concepção por parte dos professores de que o ensino de Geometria deve pautar-se primeiramente nas figuras planas e nos cálculos de área e perímetro. Muitos também trabalham com a definição das figuras e suas propriedades. Em torno de 90% dos professores trabalham com ângulos, e um grande percentual, em torno de 67%, trabalha com as definições primitivas da Geometria Euclidiana como ponto, reta e plano. Outro conteúdo também muito citado é a semelhança de figuras, principalmente a semelhança de triângulos. Apenas 25% dos professores entrevistados trabalha com a decomposição de figuras e poucos professores citaram outros conteúdos como simetria , volume e planificação dos sólidos, ampliação e redução de figuras. Pode-se constatar também que metade dos professores trabalham com quase todos os conteúdos citados no questionário utilizado na entrevista. Comparando os dados coletados no que diz respeito as séries em que atua com os dados sobre os conteúdos trabalhados, observou-se que os professores que 27 assinalaram quase todas as opções de conteúdos citados no questionário são aqueles que trabalham com todas as quatro séries finais do ensino fundamental. Da mesma forma observou-se que os professores que escolheram apenas algumas opções de conteúdos são os que trabalham com um ou duas séries específicas. Percebe-se claramente que há uma distribuição dos conteúdos de Geometria por série, ou seja, os professores não citaram os conteúdos porque estes não são trabalhados nas séries em que atua. 4.4 Os livros didáticos utilizados Através dos dados coletados observou-se que todos os professores utilizam no mínimo quatro livros diferentes no planejamento de suas aulas. Isto mostra que existe uma preocupação por parte dos professores em buscar novas fontes de pesquisa e diversificar a abordagem dos conteúdos. Nos deteremos aos mais citados na pesquisa para realizar uma rápida análise dos conteúdos de geometria que são abordados nos livros didáticos, a forma como são apresentados e a organização dos conteúdos em cada série. 4.5 Análise dos livros didáticos mais utilizados pelos professores Selecionamos entre os mais citados dois livros para fazer uma breve análise dos conteúdos de Geometria que eles abordam. Cada um dos livros foi analisado em cada uma das quatro séries finais do ensino fundamental. O livro mais citado pelos professores foi Praticando Matemática de Álvaro Andrini. O livro é dividido em quatro volumes cada um destinado para uma série, 28 desde 5ª até a 8ª série. No livro direcionado para a 5ª série são apresentados, em relação a Geometria o conceito de ângulos e uso do transferidor, definição de polígonos e suas nomenclaturas e da circunferência. No livro utilizado na 6ª série aparece a observação e manipulação de sólidos geométricos como prismas, pirâmides, cilindro, cone e esfera. Introduz-se o cálculo de áreas e volumes através do uso de quadriculados e de cubinhos. Também aborda as unidades de medida usadas para comprimento, área e volume. No volume apresentado para a 7ª série aparece novamente o conceito de ângulos, porém com uma abordagem mais aprofundada, trabalha com as propriedades: ângulos suplementares, complementares, opostos pelo vértice e bissetriz de um ângulo. Também retorna aos polígonos apresentando suas propriedades: diagonais, ângulos internos e área de qualquer figura. Aborda a circunferência, o valor de π , corda, diâmetro, raio, área do círculo. Apresenta a definição de retas, paralelas, perpendiculares e concorrentes. No livro destinado para a 8ª série é abordado a congruência e semelhança de figuras, dando ênfase na semelhança de triângulos e no Teorema de Tales. Aborda o Teorema de Pitágoras, as relações métricas e a trigonometria no triângulo retângulo. Outro livro que também foi muito citado pelos professores é matemática para todos de Imenes e Lellis. Como proposta para trabalhar Geometria na 5ª série o livro sugere diversas atividades de observação, construção e manipulação de formas tridimensionais como prismas, pirâmides, cilindro, cone e esfera. No que se refere as formas planas apresenta atividades com ângulos e giros, idéias de perpendicular e paralelo, conceito de polígonos e construção de mosaicos. Aborda áreas e perímetros das figuras planas e a construções geométricas com uso de régua, 29 esquadro, compasso, papel quadriculado entre outros. O livro também apresenta um capítulo sobre simetria. Na 6ª série o livro aborda unidades de medida de área, volume, ângulos, etc. Trabalha com a decomposição de figuras através da utilização do Tangram, construção de poliedros e classificação das formas geométricas. Também retoma muito dos conteúdos abordados no livro de 5ª série, visto que este também pode ser utilizado por escolas que trabalham com ciclos e que a 5ª e a 6ª série compreendem o terceiro ciclo. Na 7ª série propõe a construção e planificação de formas tridimensionais, desenhos de figuras espaciais. Cálculo de áreas e volumes utilizando geometria experimental. Ângulos e suas propriedades, retas paralelas e perpendiculares, classificação dos polígonos e tipos de simetria. Também apresenta segmentos proporcionais e figuras semelhantes. Para a 8ª série retorna o trabalho com figuras semelhantes com ênfase na semelhança de triângulos. Como já foi dito o livro pode ser adotado por escolas de ciclos, e 7ª e 8ª séries compreendem o quarto ciclo. O livro também aborda área e perímetro da circunferência, o valor de π e volume do cilindro. Observando estes dois livros podemos perceber que no que se refere a distribuição dos conteúdos por série existem algumas diferenças de acordo com cada autor, por exemplo, enquanto o conceito de ângulos é abordado nas três primeiras séries na obra de Álvaro Andrini, no livro de Imenes e Lellis aparece na 6ª e na 7ª série e com abordagens diferentes. Área e volume aparecem nos livros de 5ª e 6ª série de Imenes, enquanto no livro de Andrini são abordados apenas na 6ª série. As relações métricas no triângulo retângulo são abordadas na 8ª série no livro de Andrini, na obra de Imenes não é abordado este conteúdo. 30 4.6 A metodologia e os recursos utilizados Quanto a metodologia e os recursos utilizados para o ensino de Geometria todos os professores afirmaram a utilização de materiais concretos como caixas, cubos, prismas. também é muito comum a utilização de papel quadriculado com malhas variadas e a construção de desenhos, recorte e colagem. A construção de figuras com o auxilio do Tangram também é uma prática muito conhecida dos professores da região. Segundo a maioria dos professores entrevistados a manipulação de materiais concretos estimula a curiosidade do aluno e facilita a aprendizagem. Para o professor A “ é importante trabalhar de forma concreta para que o aluno construa os conceitos.” O uso do geoplano, de mosaicos e dobraduras são os recursos menos utilizados pelos professores. 4.7 Período dedicado ao ensino de Geometria e a relação com outros conteúdos Em relação ao período do ano letivo reservado ao ensino de Geometria 33,4% escolhem um bimestre ou trimestre do ano e 25% reservam o último bimestre ou trimestre do ano para a Geometria. O restante dos professores se divide em dois grupos, o primeiro grupo reserva uma ou duas aulas por semana para o assunto, e o segundo grupo determina outro período durante o ano letivo. Alguns determinam o período de acordo com as exigências da escola, segundo o professor B “obedeço o plano de estudo da escola. Prefiro e procuro, 31 porém, incluir a geometria nos demais conteúdos.” Ou de acordo com os conteúdos trabalhados, segundo a professora A “trabalho a geometria sempre que possível, de preferência relacionada a outros conteúdos.” Esta situação mostra a realidade que foi colocada na abordagem teórica, onde afirmou-se que existem muitas pesquisas voltadas para o ensino de Geometria destacando a sua importância no currículo, porém a Geometria continua sendo trabalhada em um único período do ano letivo e muitas vezes é o último conteúdo a ser visto. Ao questionar a existência de uma relação entre a Geometria e outros conteúdos trabalhados em Matemática apenas um professor respondeu que não relaciona a Geometria a nenhum outro conteúdo, mas não justificou sua resposta. Os outros professores afirmaram que sempre que possível relacionam a Geometria com outros conteúdos. 4.8 Os aspectos positivos da aprendizagem de Geometria Entre os aspectos positivos citados pelos professores para a aprendizagem de geometria o mais comum foi o desenvolvimento do raciocínio lógico, da percepção visual, a criatividade e a capacidade de compreender e construir conceitos. Segundo os professores, o ensino de Geometria estimula a curiosidade e motiva os alunos para a descoberta e a construção do conhecimento matemático. Outro aspecto importante colocado pelos professores é que a Geometria possibilita a visualização e manipulação de objetos concretos o que facilita a 32 aprendizagem. Assim, a Geometria pode servir como recurso para o ensino de outros conteúdos mais abstratos, como a álgebra, e facilitar a sua aprendizagem. Outra colocação é a facilidade em relacionar a Geometria com situações do cotidiano do aluno. Isto possibilita trabalhar com situações reais em que o aluno precise utilizar-se dos conhecimentos geométricos que aprendeu para resolver determinadas situações propostas em sala de aula, mas que têm relação com o seu meio ambiente. 4.9 As dificuldades apresentadas pelos alunos segundo os professores Em relação as dificuldades apresentadas pelos alunos podemos dividir os professores em dois grupos distintos. Um grupo apontou dificuldades em determinados conteúdos e outro grupo abordou dificuldades mais amplas em relação a aprendizagem da Geometria como um todo. No primeiro grupo as principais dificuldades apontadas pelos professores foram em relação a identificação, compreensão e uso de fórmulas, interpretação de problemas envolvendo área e perímetro de figuras planas, aprendizagem de ângulos, identificar e diferenciar as figuras geométricas planas e manipular e utilizar materiais como régua., esquadro, transferidor e compasso. O segundo grupo colocou como as principais dificuldades a falta de conhecimento de definições básicas que serviriam como pré-requisito para outros conteúdos trabalhados, falta de percepção visual, raciocínio lógico e dificuldade em construir conceitos. Ao expor os motivos que, na visão dos professores, estimulam o surgimento das dificuldades citadas, mais da metade justifica as dificuldades 33 apresentadas pelos alunos como sendo decorrentes da falta de trabalho nas séries iniciais estimulando a percepção visual, o raciocínio lógico e a exploração do meio. Para outros as dificuldades também surgem da forma como os conteúdos são abordados, das metodologias e recursos que o professor utiliza e do próprio conhecimento que o professor tem acerca do assunto que está trabalhando. E também citam a falta de motivação dos alunos para a aprendizagem, falta de concentração, e problemas com a leitura e interpretação de questões. Apenas dois professores utilizaram o espaço destinado para justificar ou comentar alguma resposta: Para o professor C “ quando trabalhamos com o material concreto, o aluno vai muito bem, pois consegue ver, mexer... Mas quando vai para o papel, parece que não consegue trazer aquilo que viu antes.” Para o professor D “os professores de matemática têm dificuldade de trabalhar Geometria. Não dão a devida importância.” 34 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta pesquisa verificou-se os conteúdos de Geometria que têm sido trabalhados em sala de aula e a forma como são abordados pelos professores. Pode-se observar que existe uma grande variação nos conteúdos que são trabalhados em cada série o que confirma os dados de outras pesquisas e está de acordo com a situação exposta no referencial teórico que foi construído através de uma pesquisa bibliográfica sobre o assunto. Apesar de muitas pesquisas e diferentes propostas com o objetivo de incentivar e melhorar o ensino de Geometria, a realidade constatada nas escolas é bem diferente. No que se refere a formação profissional, constatou-se que a maioria dos professores em sala de aula possuem formação adequada para trabalhar com a disciplina de matemática. Um aspecto importante é a jornada de trabalho, muitos professores possuem um carga horária grande em sala de aula, e alguns trabalham em mais de um município, isso dificulta em parte a participação em cursos e seminários, e diminui o tempo para planejar e pesquisar novas metodologias que favoreçam o ensino-aprendizagem de matemática. Observou-se uma grande preocupação por parte dos professores em trabalhar com área e perímetro das figuras planas, em contrapartida outros conteúdos apontados nas propostas curriculares e nos PCNs, como unidades de medida, transformação de figuras, isometrias, homotetias, entre outros não foram citados pelo maioria dos professores. Constatou-se que existe uma preocupação por parte dos professores em buscar fontes de pesquisa diversificadas para o planejamento das aulas, visto que a 35 maioria utiliza pelo menos quatro livros didáticos diferentes. Porém ao analisar dois dos livros didáticos mais utilizados pelos professores observou-se que estes ainda não se adequaram as propostas dos PCNs, uma vez que conteúdos, como transformações geométricas (isometrias, homotetias), citados nos PCNs como importantes para o desenvolvimento de habilidades de percepção espacial não são abordados nos livros didáticos. Outro aspecto é o fato de que cada livro seleciona determinados conteúdos para cada série, principalmente quando se trata de Geometria, e que não são geralmente os mesmos apresentados em outros livros. Isto dificulta o planejamento e a seleção de conteúdos feita pelo professor, pois não existe uma linha a ser seguida na escolha dos conteúdos. Se por um lado devemos pensar num currículo de matemática que não seja necessariamente linear, abordando um tópico de cada vez exaustivamente, também não podemos pensar num currículo onde não exista um consenso quanto ao que se deve ensinar, levando-se em conta as particularidades de cada escola e a maturidade dos alunos para assimilarem determinados conceitos. É importante que exista uma base comum de conteúdos que são ensinados em cada série, inclusive de Geometria, isso garante que alunos transferidos, por exemplo, tenham garantia de que darão continuidade aos seus estudos sem serem prejudicados em algum aspecto do ensino por falta de conhecimentos prévios. Outro fator relevante é no que diz respeito ao período letivo dedicado ao ensino de Geometria e a relação da Geometria com outros conteúdos da área de matemática. A maioria dos professores estabelece um período específico do ano letivo, bimestre ou trimestre, para trabalhar com tópicos de Geometria, mas por outro 36 lado grande parte dos entrevistados afirma que estabelece relações dos conteúdos de Geometria com outros conteúdos matemáticos abordados durante o ano letivo. Esta prática mostra as concepções que os professores possuem no que se refere a abordagem de um determinado tema, para a maioria deles trabalhar um assunto é expor todos tópicos referentes a ele, e quando se relaciona um determinado conteúdo com conceitos de outro, por exemplo da Geometria, não consideram que também estão abordando Geometria. Em relação a metodologia e os recursos utilizados notou-se que grande parte dos professores procura abordar a Geometria de forma variada, mas principalmente com ênfase na manipulação de materiais concretos. Uma dificuldade neste sentido é o fato de que muitas escolas públicas não possuem materiais para trabalhar com Geometria em sala de aula, ou quando possuem não é em número suficiente para todos os alunos. E muitos alunos de escolas públicas não têm condições financeiras para adquirir os materiais como régua, compasso, esquadro, transferidor. Esse fato é comprovado através de dados de outras pesquisas realizadas na região. Em relação as dificuldades dos alunos na aprendizagem de Geometria observou-se que muitos professores alegam que a falta de conhecimentos prévios acerca do assunto torna-se um empecilho para que os alunos compreendam os conceitos geométricos, e que isto decorre das séries iniciais, onde deveria ser trabalhado mais com a manipulação de objetos e com a percepção visual de espaços e formas. Nesta situação e com base no restante da pesquisa acredita-se que é possível resolver estas dificuldades começando um trabalho no início da 5ª série do ensino fundamental com o objetivo de construir com os alunos os conhecimentos 37 prévios para o ensino de Geometria e de desenvolver a percepção visual e as noções de espaço e forma. Isso pode diminuir em grande parte algumas dificuldades dos alunos. Outra forma de contribuir para sanar estas dificuldades é propor oficinas com atividades de Geometria para os professores que trabalham com as séries iniciais do ensino fundamental. Pois como foi citado no referencial teórico, muitos professores que estão em sala de aula hoje, foram alunos de um período onde a Geometria era pouco ensinada e portanto podem ter dificuldades para trabalhar este tópico nas séries iniciais. Discutir o plano de estudos da escola com os colegas e sugerir mudanças também pode contribuir para melhorar a situação do ensino de Geometria, e consequentemente do ensino de matemática como um todo. 38 REFERÊNCIAS ANDRADE, José Antônio; NACARATO, Adair Mendes. Tendências DidáticoPedagógicas No Ensino De Geometria: um olhar sobre os trabalhos apresentados nos ENEMs. Educação Matemática em Revista. Recife, nº17, ano 11, p.61-69, dez/2004. BARRANTES, Manuel; BLANCO, Lorenzo. Estudo das recordações, expectativas e concepções dos professores em formação sobre ensino-aprendizagem da geometria. Educação Matemática em Revista. Recife, nº17, ano 11, p.29-37, dez/2004. BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais. 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IN: GROSSI, Esther Pillar (org.); BORDIN, Jussara (org.). Construtivismo Pós Piagetiano: Um novo paradigma sobre aprendizagem. 3ª ed. Petrópolis:Vozes,1993,224p. 39 BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR ALVES, Magda. Como escrever teses e monografias: Um roteiro passa a passo. 2ª ed. Rio de Janeiro: Campus, 2003, 110p. BASTOS, Rita. Geometria no currículo e pensamento matemático. Educação e Matemática. Lisboa: Escola Superior de Educação de Lisboa, n.º 52,abr.1999. CASTRO, Francisco M. de Oliveira. A matemática no Brasil.2ª ed. Campinas: Unicamp, 1999, 83p. D’AMBROSIO, Ubiratan. Educação Matemática: da Teoria à prática. 8ª ed. Campinas: Papirus,2001,120p. ______. Etnomatemática: Arte ou técnica de explicar e conhecer. 2ª ed. São Paulo: Ática,1993,88p. Educação e Matemática. Lisboa: Escola Superior de Educação de Lisboa, n.º 52, abr.1999. Educação Matemática em Revista. Rio Grande: Claudia Lisete Oliveira Groenwald, n.º 4, dez.2002. GOMES, Romeu.. A análise de dados em pesquisa qualitativa. 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São Paulo: Annableme, 2002, 211p. 41 APÊNDICE A – Questinário aplicado com os professores 42 Este instrumento de pesquisa faz parte do trabalho de conclusão do curso de pós graduação em educação matemática na Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC da acadêmica Elisa Daminelli com o objetivo de conhecer a realidade do ensino de geometria nas séries finais do ensino fundamental na região do Litoral Norte do Rio Grande do Sul. 1 - Nome completo: . 2 - Qual a sua formação profissional? . . ( ( ( ( ( ) Licenciatura e Matemática (concluído) ) Licenciatura e Matemática (em andamento ) ) Especialização (concluído ) ) Especialização (em andamento) ) Outra Licenciatura 3 - Qual a sua carga horária semanal? ( ) Até 20 h/semana ( ) De 20 a 30 h/semana ( ) De 30 a 40 h/semana ( ) Mais de 40 h/semana . 4 - Em qual (ou quais) escola (s) você trabalha? . . ( ) Apenas uma . ( ) Duas ( ) Três ( ) Mais de três 5 - Em qual (ou quais) município (s) você trabalha? .( ) Um ( ) Dois ( ) Três . ( ) Mais de três 6 - Há quanto tempo você trabalha com o ensino de matemática? ( ) Até dois anos ( ) De 2 a 5 anos ( ) De 5 a 10 anos ( ) Mais de 10 . 7 - Em quais séries do ensino fundamental você trabalha? ( ) 5ª série ( ) 6ª série ( ) 7ª série . ( ) 8ª série 8 - Você trabalha com geometria nessa(s) séries? ( ) Sim ( ) Não 9 - Que conteúdos de geometria você trabalha? ( ( ( ( ( ( ( ( ) Conceitos primitivos ( ponto, reta e plano); ) Conceito de figuras planas; ) Área e perímetro de figuras planas; ) Ângulos; ) Semelhança de figuras; ) Decomposição de figuras: ) Transformações geométricas (isometria, homotetia) ) Outros; . . . 43 10 - Você utiliza livros didáticos para trabalhar este conteúdo? Quais livros? ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ( ) Sim ( ) Não ) Praticando Matemática –Álvaro Andrini ) Matemática Hoje é Feita Assim –Antônio José Lopes Bigode ) Matemática E Vida – Bongiovanni, Vissoto, Laureano ) Matemática – Edwaldo Bianchini ) Matemática - Ênio Silveira e Cláudio Marques ) Matemática –Gelson Iezzi ) Matemática Pensar e Descobrir –Giovanni E Giovanni Jr. ) Matemática – Imenes e Lellis ) Matemáticas Idéias e Desafios –Iracema e Dulce ) Matemática na Medida Certa – Jakubo e Lellis ) Miguel Assis Name ) Matemática Uma Aventura do Pensamento –Oscar Guelli ) Matemática - Scipione Di Pierro Neto ) Outros 11 – Que metodologia você utiliza para trabalhar estes conceitos? ( ( ( ( ( ( ( ( . . . . . . ) Manipulação de materiais concretos ( caixas, cubos, prismas...); ) Papel quadriculado com malhas variadas; ) Utiliza geoplano; ) Aula expositiva (demonstrações de fórmulas, conceitos...); ) Trabalha com mosaicos e/ou fractais; ) Oficina de dobraduras com papéis variados; ) Trabalha com Tangram e construção de figuras; ) Desenho, recorte e colagem; 12 - Você determina um período específico do ano letivo para trabalhar com geometria? Qual período? ( ) Em todas as aulas; ( ) 1 ou 2 períodos por semana; ( ) Escolho um bimestre/trimestre do ano; ( ) No último bimestre/trimestre do ano; ( ) Outro; . 13 - Você relaciona geometria com outros conteúdos matemáticos trabalhados . durante o ano letivo? Quais? . ( ) Sim ( ) Não ( justifique) ( ) Álgebra ( ) Equações ( ) Potência ( ) Frações ( ) Polinômios ( ) Outros 14 – Que aspectos positivos a aprendizagem de geometria traz para os alunos? . . . . 44 15 - Quais as dificuldades mais freqüentes apresentadas pelos alunos na compreensão dos conceitos geométricos? . . . . . . . . . . . . 16 - Do que decorrem essas dificuldades? 17 - O espaço abaixo pode ser utilizado para justificar alguma resposta ou para comentar algum aspecto que você considera relevante que não foi abordado : ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ __ _____________________________________________________________ ____________________________________________________________ _____ . .