Carta Aberta Exmo. Sr. Presidente do Instituto Superior Técnico Professor Arlindo Manuel Limede de Oliveira Como forma de assinalar a Semana Europeia da Mobilidade, O Núcleo de Estudos dos alunos de Território (NET) – integrado no conjunto de associações estudantis do Instituto Superior Técnico – vem apelar para uma especial sensibilidade nos domínios da Mobilidade e Qualidade do Ambiente Urbano do Campus da Alameda, à semelhança aliás, do que já tem sido feito em anteriores oportunidades. Num espirito construtivo e colaborativo consideramos importante ver tratadas questões como a excessiva presença de estacionamento automóvel dentro dos algo limitados espaços, que o Campus da Alameda encerra. Aproveitando a oportunidade, apelamos portanto aos vossos bons ofícios no sentido de vermos discutida esta problemática, ambicionando a possibilidade de conquistarmos uma mobilidade mais sustentável, um espaço físico mais agradável aos alunos, docentes, bolseiros, funcionários e a todos os outros visitantes. Achamos portanto que com esta discussão evoluímos na técnica, desafiamos paradigmas e incutimos um espirito inovador aos milhares de utentes que usufruem dos espaços abertos do Campus. Existindo vários contributos sobre a matéria (http://estacionamentoist.blogspot.pt), juntamos igualmente uma pequena reflexão do Professor João Barreto, a quem agradecemos, desde logo, a disponibilidade em participar nesta iniciativa. Ana Teresa Prudêncio: (Direção do NET) Tiago Galvão Martins: (Direção do NET) [email protected] http://estacionamentoist.blogspot.pt http://www.territorio.pt Contributo do Professor João Pedro Barreto (Departamento de Eng.ª Informática) “A meu ver, o principal problema de mobilidade do campus da Alameda é o estacionamento exagerado que é permitido dentro do campus, assim como a permissão de circulação automóvel dentro de grande parte do mesmo, degrada consideravelmente a qualidade de usufruto do campus por parte de toda a população do campus. É claro para todos que uma grande parte dos espaços públicos do campus não são usados (nem são adequados) para a função mais óbvia e crucial que deveria ter o espaço público do campus: encontro de pessoas e troca de ideias. Pelo contrário, o facto da circulação automóvel ser permitida dentro de grande parte do campus (que é asfaltado) e o facto do estacionamento ser permitido em vários lugares que deveriam ser sagrados como reservados às pessoas do IST (passeios, fachadas de edifícios, espaços que poderiam ser ajardinados) tornam o campus pouco agradável e remetem as pessoas para dentro dos edifícios, tornando desconfortável o estar e o andar nos espaços abertos do campus. Mais: oferecer estacionamento gratuito a parte da população do campus, sem nenhum critério que tenha em conta a real necessidade do recurso ao automóvel, significa subsidiar o uso do automóvel privado a uma parte substancial da população do campus. Tal é de discutível legitimidade, não só por questões de sustentabilidade (a cidade tem demasiados automóveis em circulação), como por questões de equidade (a minoria que tem direito ao parque de estacionamento prejudica a totalidade da população). Este princípio perverso parece ainda mais errado porque não parece fundamentado: tanto quanto sei, não há nenhum argumento devidamente suportado por factos estudados que explique porque é que, num dos locais mais bem servidos por transportes públicos da cidade, há cerca de mil pessoas que têm razões suficientemente fortes para trazerem o carro e o estacionarem gratuitamente. Claramente, é urgente repensar se há razões de ordem superior que justifiquem o espaço público do campus ser gasto da forma menos produtiva para a faculdade: para estacionar automóveis particulares. A resposta parece clara: a não ser em casos excepcionais, não há razão para o campus degradas o seu espaço público e encorajar gratuitamente a deslocação de parte da população do campus em automóvel privado; logo o estacionamento a céu dentro do campus deve ser eliminado gradualmente (mas rapidamente), os passeios e fachadas devolvidas às pessoas, e o asfalto ser gradualmente convertido em espaços mais confortáveis. Finalmente, a faculdade pouco tem feito a nível de encorajamento da população do campus para se deslocar de modos mais sustentáveis. Ideias originais precisam ser discutidas, desde dias sem carros, inclusão do passe de transportes nas regalias dadas a estudantes e funcionários, melhores condições para ciclistas, entre outras. Infelizmente, nos últimos anos os esforços da faculdade nessa direcção têm sido practicamente nulos. É urgente mudar também nesse aspecto.”