UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA IHAC-CAMPUS DE ONDINA PROGRAMA MULTIDISICPLINAR DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CULTURA E SOCIEDADE LUCAS MOREIRA SOARES DE SOUZA A EXPRESSÃO DISTÓPICA DO CINEMA DE DENYS ARCAND. SALVADOR-2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA IHAC-CAMPUS DE ONDINA PROGRAMA MULTIDISICPLINAR DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CULTURA E SOCIEDADE LUCAS MOREIRA SOARES DE SOUZA A EXPRESSÃO DISTÓPICA DO CINEMA DE DENYS ARCAND. Tese apresentada como requisito para obtenção do título de doutor no Programa de Pós-Graduação em Cultura e Sociedade, linha Cultura e Identidade – Instituto de Humanidades, Artes e Ciências (IHAC). SALVADOR-2014 Ao meu pai, João Cláudio Soares de Souza (1959-2013) (In memoriam) “Quando contemplo o futuro, tenho um pressentimento estranho.” “I only know where I come from, not where I am going.” “I never know where I am going, I am always in the dark when I shot a film.” Denys Arcand (1941-) “(...) Fique entendido que o que temos a fazer enquanto estudantes de fenomenologia é simplesmente abrir os olhos do espírito e olhar bem os fenômenos e dizer quais suas características, quer o fenômeno seja externo, quer pertença a um sonho, ou uma ideia geral e abstrata da ciência.” Charles Sanders Peirce (1839-1914) AGRADECIMENTOS À Fapesb, eu expresso meus sinceros agradecimentos pelo incentivo ao trabalho de pesquisa através da bolsa de doutorado concedida entre os anos de 2010 e 2014. A minha família, aos meus avós e aos meus pais, por terem sido testemunhas do percurso de pesquisa dor por mim trilhado. A orientadora Ana Rosa Ramos, pelas reuniões de orientações, pela disposição, pela receptividade e pelo profissionalismo. A co-orientadora Lícia Soares de Souza que, em mais uma longa jornada de pesquisa, reanimou as teorias semióticas de Charles Sanders Peirce para compor o centro do corpus metodológico. Ao professor Sérgio Cerqueda, pelo importante suporte dado durante o estágio supervisionado, onde ministrei a disciplina Estudos Canadenses e por me apresentar a coleção artigos contidos na L'Encyclopédie Canadienne. Ao cineasta quebequense Denys Arcand, pela simplicidade demonstrada na entrevista dada como cortesia. Ao professor Martin Lefebvre, pelos diálogos sobre teorias clássicas do cinema. A Fernanda Mota, pelas revisões das traduções, pelo apoio e pela inspiração surgida em nossos diálogos sobre questões que contornam o cinema e a sociedade contemporânea. Aos psicanalistas Mateus Andrade, por ter me apresentado Wilhelm Reich, e Natália Andrade, pelas incontáveis seções de aplicações do EMDR. RESUMO A tese tem como objetivo geral a investigação dos processos de ressignificação dos signos distópicos no cinema dirigido por Denys Arcand. Para traduzir a linguagem teórica a respeito desse fenômeno social e artístico em análise fílmica, selecionamos três longa metragens de ficção do diretor: O declínio do império americano (1986); As invasões bárbaras (2003); e A era da inocência (2007). As análises semióticas dos filmes sustentar-se-ão com debates acerca de temáticas típicas da pós-modernidade, já que a cultura pós-moderna, segundo Dei (2002), é o rosto desnudo, a manifestação distópica das utopias da modernidade. Para realizar tal objetivo, cada temática específica atuará como eixo integrando à discussão passagens, ações, cenas, diálogos e dramatizações das três tramas fílmicas, que correspondem ao tema abordado em cada capítulo. A inter-relação entre os filmes consiste em reuni-los e articulá-los numa discussão em torno de diferentes eixos temáticos, que representam as preocupações do diretor canadense em uma era antiutópica na qual a globalização gera um impacto sobre a construção das narrativas mais recentes de Arcand. Com o advento da globalização, questões relativas à história local do Canadá (Montréal-Québec) são aludidas sutilmente, mas ficam escamoteadas quando temas ligados aos fenômenos globais ganham maior relevo. Em torno de cada subitem derivado do eixo em questão, circularão, e numa relação de cruzamento comparativo, exemplificações retiradas de cada narrativa no intuito de colocar os filmes de Arcand em cruzamento intratextual, formando um feixe de relações intratextuais que denuncie em conjunto os aspectos distópicos da nova ordem mundial. ABSTRACT This thesis has as its main objective to scrutinize the processes of re-signification of the dystopian sign in the cinema directed by Denys Arcand. In order to translate the theoretical language regarding this social and artistic phenomenon into film analysis, five feature-films by the film director were selected: The Decline of the American Empire (1986); The Barbarian Invasions (2003); and Days of darkness (2007). The analyses of the films will be grounded on discussions about typical themes in post-modernity, given that the post-modern culture, according to Dei (2002), is the bare face, the dystopian manifestation of the modern utopia. To accomplish this objective, each specific theme to be discussed throughout this research will act as a central basis which integrates to the discussions excerpts, actions, scenes, dialogues, and dramatizations as exemplar samples of the five filmic plots, which correspond to the topic developed in each chapter. The inter-relationship among the films consists of gathering and articulating them in a discussion surrounding different main themes, which represent the concerns emphasized by the Canadian director in an anti-utopian era, in which globalization triggers an impact on the creation of Arcand’s most recent narratives. With the rise of globalization, issues related to the local history of Canada (Montréal-Québec) are slightly mentioned, but they are pilfered when themes associated with the global phenomenon are raised. Around each sub-item derived from the main subjects, there will be examples taken from each narrative comparatively related so as to place Arcand’s films next to one another, forming an array of intra-textual relations which denounces, in a range, with the support of national and foreign critique, the dystopian aspects of the new world order. SUMÁRIO INTRODUÇÃO CAPÍTULO – I 1 A DISTOPIA NO CINEMA DE DENYS ARCAND 20 1.0 O que é distopia. 20 1.1 O cinema de distopia. 33 1.2 A distopia de Denys Arcand: entre o cinema nacional e Hollywood. 45 CAPÍTULO – II A RUPTURA DAS RELAÇÕES UTÓPICAS. 80 2.0 O efeito da globalização sobre as relações utópicas. 80 2.1 Narrativas distópicas na contemporaneidade. 101 2.2 Violência e injustiça no fim da utopia. 120 CAPÍTULO – III A ALIENAÇÃO DOS SUJEITOS NA UTOPIA FRAGMENTADA. 140 3.0 O desenraizamento ideológico dos intelectuais. 140 3.1 Fuga e retorno dos ressentidos às cidades distópicas. 156 3.1.1 Nos labirintos da sociedade distópica. 158 3.1.2 Irrealidade e caos no espaço distópico. 187 3.2 Simulacros, corrupções e espetáculos. 211 3.2.1 Simulação de autor. 212 3.2.2 O choque com a realidade simulada. 218 CONCLUSÃO. 231 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS. 239