ESTIMATIVA DA VELOCIDADE TERMINAL DE POLPAS DE MINÉRIO COM ALTO TEOR DE SÓLIDOS. Idalmo Montenegro de Oliveira1 Andréia Bicalho Henriques2 Luiz Carlos Santos Angrisano3 RESUMO: Esse trabalho traz uma análise qualitativa dos parâmetros que afetam a velocidade terminal de partículas aplicadas a polpas de minério com alto teor de sólidos, cujos valores foram obtidos através de um programa computacional desenvolvido com base no modelo de Almendra(1979). INTRODUÇÃO Diversas operações indústrias no tratamento de minério usa meio fluidos (água, fases densas) como diferenciação, objetivando a separação e concentração de diversas fase minerais presentes em misturas. O parâmetro velocidade terminal vem definir durante o trajeto das partículas imersas nestes meios, fases distintas em função da densidade e características morfológicas possibilitando a diferenciação em meio denso. A estimativa da velocidade terminal de partículas em meio denso vem sendo foco de estudos em sistema com baixa concentração volumétrica de sólidos, onde os sistemas em estudo consideravam partículas esféricas e isoladas, entretanto, a aplicação destes modelos a polpas de alta concentração não permitam estimativas confiáveis. Almendra(1979) apresentou um modelo que considera teores máximo de até 68% (volume sólido / volume de polpa). Com base em seu modelo foi desenvolvido um aplicativo tendo como dados de entrada: Tabela 1: Dados de entrada. Dados Densidade sólido 2650 kg/m3 Densidade fluido 998 kg/m3 Viscosidade dinâmica 0,001 1 Doutor em Engenharia Metalúrgica e de Minas 2 Doutor em Engenharia Metalúrgica e de Minas 3 Doutor em Engenharia Metalúrgica e de Minas N.s/(m2) do fluido Vetor campo de força 9,81 Diâmetro partícula 0,00215 m Esfericidade 1 - 0,2 - Concentração volumétrica m/s2 O aplicativo dá como resultado a velocidade terminal de polpas (cm/s) e número de Reynolds do regime de escoamento podendo identificar se o escoamento é laminar, transição ou turbulento. Tabela 2: Dados de entrada e resultados de velocidade terminal e número de Reynolds do escoamento. Dado Densidade sólido 2650 kg/m3 Densidade fluido 998 kg/m3 0,001 N.s/(m2) Vetor campo de força 9,81 m/s2 Diâmetro partícula 0,00215 m Esfericidade 1 - 0 - 0,304 m/s 30,366 cm/s Viscosidade dinâmica do fluido Concentração volumétrica Velocidade de terminal Reynolds da partícula 648,812 Transição Com a utilização do aplicativo foi possível avaliar os diversos fatores de interferem na definição da velocidade terminal das polpas utilizadas. Uma avaliação dos resultados é apresenta a seguir. Metodologia Com base no aplicativo foram obtidos diversos valores da velocidade terminal de várias polpas de minério tendo com variáveis a serem avaliadas a granulometria dos sólidos na polpa, densidade dos sólidos (diferentes minérios) e concentração volumétrica de sólidos na polpa. Granulometria dos sólidos na polpa. Com variações de diâmetro conforme características dos diversos minerais foram obtidos valores das velocidades terminais apresentados no item 3 - Resultados e discussão. Os diâmetros foram definidos em quatro níveis 10 mm - 1 mm – 100 µm e 10 µm. Diâmetros comuns a diversos processo industriais . Tabela 3: Diâmetros dos sólidos para avaliação dos efeitos na velocidade terminal. 10 1 mm 100 µm 10 µm mm jigues ciclones Mesa Centrífugas concentradoras Densidade dos sólidos (diferentes minérios). Com variações de densidade conforme características dos diversos minerais foram obtidos valores das velocidades terminais apresentadas no item 3 - Resultados e discussão. Os valores de densidades foram definidos em quatro níveis 1300 - 2650 – 4700 e 7500 kg/m3. Densidades conforme o tipo de minério. Tabela 4: Densidades dos sólidos em kg/m3 para avaliação dos efeitos na velocidade terminal. Carvão Quartzo Ilmenita Wolframita 1300 7500 2650 4700 Concentração volumétrica de sólidos na polpa. Com variações de concentração volumétrica foram obtidos valores das velocidades terminais apresentadas no item 3 - Resultados e discussão. Os valores foram definidos em quatro níveis 0 - 5 – 30 e 60 %. Tabela 5: % volumétrica dos sólidos em % kg/kg para avaliação dos efeitos na velocidade terminal. Sedimentação livre Sedimentação em Espirais Alimentação de tratamento de classificadoras Ciclones num água potável 0% 5% circuito moagem 30% 60% Resultados e discussão As faixas de valores das velocidades terminais dos vários sistemas são apresentadas abaixo. Tabela 6: Valores das velocidades terminais (cm/s) em função dos parâmetros avaliados. Minérios 5 30 60 1300 32,52 27,96 17,77 6,34 Turbulento 2650 80,72 69,87 45,45 18,92 4700 123,83 107,43 70,45 30,98 7500 166,75 144,86 95,46 43,35 % volumétrica de sólidos 0 5 30 60 1 mm 1300 5,30 4,20 2,05 0,23 Transição 2650 16,41 13,42 7,20 1,09 4700 27,22 22,52 12,57 2,22 7500 38,40 32,00 18,3 3,61 Minérios 100 µm Transição Laminar % volumétrica de sólidos 0 5 30 60 1300 0,16 0,11 0,04 0,003 2650 0,79 0,56 0,21 0,014 4700 1,64 1,17 0,44 0,031 7500 2,70 1,96 0,76 0,054 Minérios Diâmetros 0 10 mm Minérios Efeito da Densidade % volumétrica de sólidos % volumétrica de sólidos 0 5 30 60 10 µm 1300 0,0017 0,0012 0,0004 0,0000 Laminar 2650 0,01 0,006 0,002 0,0001 4700 0,021 0,014 0,005 0,0003 7500 0,04 0,03 0,01 0,0005 Efeito da Granulometria Efeito da % volumétrica de sólidos Com base nos resultados e gráficos acima foi verificado: A velocidade terminal tende a aumentar com o aumento do diâmetro e densidade dos sólidos da polpa. Minérios mais densos e grosseiros apresentam valores maiores para a velocidade terminal. Este efeito é atenuado com aumento da porcentagem de sólidos, chegando a ser anulado com porcentagem próxima dos 60% principalmente para o efeito densidade. De forma geral o aumento da % de sólidos tende a reduzir a velocidade terminal dos sólidos em polpa de minério principalmente para partículas acima de 100 µm de diâmetro. Com base nos valores de velocidade terminal de sólidos em polpa verifica-se a necessidade manter certo controle das porcentagem de sólidos durante os processos em polpas são manipulados com risco de perda da diferenciabilidade dos diversos minerais do ponto de vista de densidade e granulometria, haja vista que o aumento da % sólidos na polpa reduz consideravelmente as velocidades dos sólidos em polpa, o princípio de separação de muitas misturas minerais. CONCLUSÃO Nesse trabalho estudou-se a aplicação de um programa computacional para estudo dos efeitos como densidade, granulometria e % volumétrica de sólidos na definição das velocidades de diveros minerais. Com base nos valores de velocidade terminal de vários sistemas foi possível verificar o efeito positivo do aumento da densidade e granulometria dos sólidos em polpas minerais. Adicionalmente foi verificado o efeito negativo do aumento da % volumétrica de sólidos em polpa reduzindo em todos os níveis as velocidades terminais dos sólido em polpa reduzindo a diferenciação dos minerais em meio denso. BIBLIOGRAFIA Almendra, E.R.. Velocidade de Sedimentação de Sistemas Particulados. Dissertação de Mestrado, Program a de Engenharia Metalúrgica COPPE/UFRJ, 1979. Welty, J., Wicks, C.E. and Wilson, R.E. Fundamentals of Momentum, Heat and Mass Transfer. 5th edition. s.l. : Wiley, 2007. Massarani, G.,. Fluidodinâmica em Sistemas Particulado. s.l. : UFRJ,Rio de Janeiro, 1997. Sampaio, C.H., Tavares, L.M.M. Beneficiamento Gravimétrico.. s.l. : UFRGS,Porto Alegre, 2005.