III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG Campus Bambuí III Jornada Científica 19 a 23 de Outubro de 2010 Determinação dos teores de sólidos solúveis totais com refratômetro portátil após aplicação de diferentes defensivos. Josimar Rodrigues OLIVEIRA¹; 4eimar de Freitas DUARTE²; Francisco Vagner Pereira de SOUZA³; Urbano Teixeira Guimarães e SILVA³; Luciano Donizete GO4ÇALVES². ¹Graduando em Agronomia e bolsista do CNPq do Instituto Federal Minas Gerais (IFMG) – Campus Bambuí; ²Professor Dr. Orientador; ³Graduando em Agronomia e bolsista do PIBIC/IFMG– Campus Bambuí. RESUMO O presente trabalho teve como objetivo padronizar uma metodologia alternativa de análise de resíduos de diferentes defensivos na cultura do tomate. Foram analisados os teores de sólidos solúveis totais (TSST) em ºBrix, com a utilização de refratômetro manual QUIMIS, a fim de observar se existia alguma relação entre as doses de defensivos aplicados e o TSST. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, em arranjo fatorial (3x2) +1, sendo três classes de defensivos (inseticida, fungicida e herbicida), duas doses (dose recomendada e dobro da dose recomendada) e uma testemunha (sem aplicação). Os tratamentos foram: testemunha (sem aplicação), carbaril (108 e 216 g.ha-1 de i.a/100 l de água), tiofanato-metílico (49 e 98 g.ha-1 de i.a/100 l de água) e fluazifop-P-butirico (187,5 e 375 g.ha-1 de i.a), utilizando-se quatro repetições. Os frutos para análise foram coletados aos 2, 4, 6 e 10 dias após a aplicação (DAA). Cada parcela experimental foi constituída por 20 plantas, no espaçamento de 0,6 m x 0,9 m, constituindo o tamanho da parcela experimental de 10,8 m². As plantas foram conduzidas com uma haste e tutoradas com estacas de bambu, fixadas com fitilhos de plástico. Não houve diferenças estatísticas entre os tratamentos. Os níveis de sólidos solúveis totais (TSST) se mostraram variáveis em alguns intervalos após a aplicação dos produtos, porém não seguiram um padrão que pudesse gerar alguma correlação. Palavras-chave: TSST, fungicida, herbicida, inseticida, Brix. I4TRODUÇÃO A extensiva utilização de pesticidas representa um grave problema de saúde pública nos países em desenvolvimento, especialmente aqueles com economias baseadas no agronegócio, caso do Brasil. O papel dos pesticidas na preservação dos alimentos é determinada não somente pela sua eficiência em prevenir ou destruir pragas, mas também pelo potencial de contaminação para a saúde humana (STEVENS, 1977). Se usados de acordo com as recomendações técnicas, os problemas potenciais decorrentes dos resíduos de pesticidas nos alimentos são inesperados ou minimizados. III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG Campus Bambuí III Jornada Científica 19 a 23 de Outubro de 2010 Apesar dos efeitos adversos à saúde do trabalhador rural e ao meio ambiente, estes decorrem, na maioria das vezes, devido à desinformação e descuido no seu uso (PLIMMER, 1982). Eles podem permanecer nos alimentos por via direta, como resultados da aplicação numa das fases de sua produção, armazenamento ou transporte, ou indireta, como no caso dos animais tratados com ração composta de vegetais contaminados, na rotação de culturas, em águas contaminadas, etc. A legislação sobre resíduos de pesticidas no Brasil, é de responsabilidade e competência do Ministério da Saúde, através da ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária, sendo o controle oficial desses resíduos (ou limites máximos de resíduos - LMRs) e períodos de carência (intervalos de segurança), estabelecidos caso a caso (TREVISAN, 1998). Seus resíduos podem estar presentes nos alimentos e meio ambiente, causando problemas de saúde pública, além de dificultar produtos de exportação, que podem ser devolvidos caso os níveis estejam acima de limites internacionalmente aceitos, constituindo-se eles, portanto, importante barreira não tarifária no comércio externo mundial (GALLO et al., 2002). Por definição, resíduo é a substância ou mistura de substâncias remanescente ou existente nos alimentos ou meio ambiente, decorrente do uso ou da presença de agrotóxicos e afins, inclusive quaisquer derivados específicos, tais como produtos de conversão e de degradação, metabólitos, produtos de reação e impurezas, consideradas tóxicas e ambientalmente importantes. Tolerância ou limite máximo de resíduo (LMR), é a quantidade máxima de resíduos de pesticida tolerada no alimento como decorrência de sua aplicação adequada, numa fase específica desde sua produção até o consumo, expressa em partes (em peso) do agrotóxico ou seus derivados por um milhão de partes do alimento (ppm ou mg.kg-1). Intervalo de segurança ou período de carência é o intervalo de tempo entre a última aplicação e a colheita ou comercialização; para os casos de tratamento de pós-colheita, será o intervalo de tempo entre a última aplicação e a comercialização; para as pastagens será o intervalo de tempo entre a última aplicação e a reentrada dos animais no pasto (BRASIL, 2002). Um dos grandes problemas é que muitas das vezes o intervalo de segurança e os LMR’s não são respeitados pelos produtores de tomate. Devido a isso, o presente trabalho teve como objetivo padronizar uma metodologia alternativa de análise de resíduos de diferentes defensivos na cultura do tomate. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido sob cultivo protegido em campo (plasticultura) para análise de frutos de tomate na unidade educativa de produção Agricultura I, no setor de Olericultura, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Minas Gerais – Campus Bambuí. O delineamento experimental utilizado foi em blocos casualizados, em arranjo fatorial (3x2) +1, sendo 3 defensivos diferentes e com duas diferentes doses (a dose recomendada e o dobro da dose recomendada), sendo comparadas com a testemunha, com quatro repetições. Os tratamentos utilizados e suas respectivas doses foram: testemunha (sem aplicação); carbaril (108 e 216 g.ha-1 de i.a/100 l de água), tiofanato-metílico (49 e 98 g.ha-1 de i.a/100 l de água) e fluazifop-P-butyl (187,5 e 375 g.ha-1 de i.a). Cada parcela experimental foi constituída por 20 plantas, no espaçamento de 0,6 m x 0,9 m, sendo o tamanho da parcela experimental 10,8 m². As parcelas em campo foram mantidas sempre limpas através de capina manual até o início dos tratamentos, não foram realizadas aplicações de outros defensivos recomendados para esta cultura a partir da fase de florada para evitar possíveis influências nas análises. III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG Campus Bambuí III Jornada Científica 19 a 23 de Outubro de 2010 As mudas foram formadas em bandeja de poliestireno expandido e posteriormente transplantadas. As plantas foram conduzidas em estufa com duas astes e tutoradas com estacas de bambu, fixadas com fitilhos de plástico. Para aplicação dos defensivos utilizou-se um pulverizador costal, munido de bico tipo leque com vazão de 0,8 L.min-¹ e calibrado para o consumo de calda de 200 L.ha-¹. As aplicações foram realizadas em pós-emergência, já com frutificação próxima da colheita. Observou-se o ponto ideal de colheita visualmente conforme indicações de Silva (1999). Realizouse a coleta de três frutos de tomate em cada parcela aos 2, 4, 6 e 10 dias após a aplicação (DAA) dos defensivos para análise com Refratômetro Manual QUIMIS, com graduação de 1 a 32 ºBrix a 20ºC. Este equipamento consegue medir o índice de refração de uma substância, como o fruto é constituído por uma mistura de vários compostos em solução, um raio de luz sofre o fenômeno da refração, que está relacionado com o teor de sólidos solúveis totais da amostra. As amostras recém colhidas foram maceradas e homogeneizadas para obtenção da polpa. Com o auxílio de uma pequena colher de alumínio inoxidável, foram depositadas parte da amostra no prisma do refratômetro, sendo o prisma superior abaixado para tampar a amostra. Após este procedimento, realizou-se o ajuste da ocular para obtenção de nitidez na visibilidade da escala, buscando a luz natural do ambiente. Para obtenção dos dados foi observada uma linha horizontal divisória entre o campo sombreado de coloração azul escuro e outro mais claro de coloração branqueada, cruzando a escala fixa, pois este ponto indica os teores de sólidos solúveis totais (TSST) em ºBrix. As leituras foram realizadas em triplicata para cada parcela experimental, extraindo-se a média. Os dados obtidos foram submetidos a Analise de Variância (Teste F) ao nível de 5% de probabilidade, com o auxílio do programa estatístico SISVAR 5.0 (FERREIRA, 2007). RESULTADOS E DISCUSSÕES No quadro 1 são apresentados os dados referentes à análise da variância e teste F para as análises realizadas aos 2, 4, 6 e 10 dias após a aplicação dos defensivos, pode ser observado que em nenhum dos intervalos houve diferenças significativas quanto aos teores de sólidos solúveis totais das amostras. Quadro 1 – Resumo do quadro da A4AVA dos tratamentos para as diferentes épocas de análises. III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG Campus Bambuí III Jornada Científica 19 a 23 de Outubro de 2010 O teor de sólidos solúveis totais (TSST), determinado em ºBrix, é o principal componente responsável pelo sabor do fruto e, além disso, pode indicar a influência de alguns fatores na produção do alimento. Segundo Seabra Júnior et al. (2003), o TSST é uma característica organoléptica, que representa uma medida da concentração de açúcares e outros sólidos diluídos na polpa ou no suco dos frutos, sendo um parâmetro fundamental para a avaliação e a qualidade dos frutos ou alimentos. O teor de sólidos solúveis no fruto além de ser uma característica genética é influenciado pela adubação, temperatura e irrigação (SEABRA JUNIOR et al., 2003; MOREIRA et al 2000). Portanto, uma hipótese levantada neste experimento seria de que os defensivos poderiam influenciar também nos níveis de sólidos solúveis, podendo causar uma diminuição da concentração de açúcar no fruto, o que consequentemente traria sabor menos adocicado, ocasionando perda de qualidade em função da presença desse resíduo. Raupp et al. (2009), destacam que fatias frescas de tomate apresentando um maior teor de sólidos solúveis são, em geral, mais adocicadas, no entanto, quanto mais ácidas forem, menos perceptível será seu gosto adocicado. Neste contexto, Monteiro et al. (2008) complementam afirmando que quanto maior o TSST (ºBrix) maior será o rendimento a nível industrial. CO4CLUSÃO Não houve diferenças estatísticas entre os tratamentos. Os níveis de sólidos solúveis totais (TSST) se mostraram variáveis em alguns intervalos após a aplicação dos produtos, porém não seguiram um padrão que pudesse gerar alguma correlação com os possíveis resíduos de defensivos. AGRADECIME4TOS Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão da bolsa para realização do experimento e aos funcionários da UEP da Agricultura I (olericultura) do IFMG – Campus Bambuí pelo apoio técnico-operacional. REFERÊ4CIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Departamento de Defesa e Inspeção Vegetal. Legislação federal de agrotóxicos e afins. Disponível em: <http://www.anvisa.gov.br>. Acesso em: 10 jun. 2002. FERREIRA, D.F. SISVAR Versão 5.0. Departamento de Ciências Exatas. UFLA, Lavras, MG, 2007. GALLO, D.; NAKANO, O.; NETO, S. S.; CARVALHO, R. P. L.; FRANCO, A. A. Dissipação do inseticida metamidofós em plantas de alface (Lactuca sativa L.). Minas Gerais, 2000. 45 p. Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Lavras. III Semana de Ciência e Tecnologia IFMG Campus Bambuí III Jornada Científica 19 a 23 de Outubro de 2010 MONTEIRO, C.S.; BALBI, M.E.; MIGUEL, O.G.; PENTEADO, P.T.P.S.; HARACEMIV, S.M.C. Qualidade nutricional e antioxidante do tomate “tipo italiano”. Alim. 4utr., Araraquara, v.19, n.1, p. 25-31, jan./mar. 2008 MOREIRA, J.A.A.; COSTA, L.L.; OLIVEIRA, C.L. CARDOSO, A.F.; FERNANDES, F.H.; RODRIGUES, M.S.; PEIXOTO, N. Manejo da irrigação para o tomateiro no sistema plantio direto: sólidos solúveis e acidez em frutos. Embrapa Arroz e Feijão, Santo Antônio de Goiás, GO, 2000. PLIMMER, J. R. Trends in chemical residues including reentry considerations. Washington: American Chemical Society, 1982. 213 p. (ACS Symposium Series, 182). RAUPP, D.S.; GARDINGO, J.R.; SCHEBESKI, L.S.; AMADEU, C.A.; BORSATO, A.V. Processamento de tomate seco de diferentes cultivares. Acta Amazônica, vol. 39, p. 415 – 422. 2009. SEABRA JUNIOR, S., PANTANO, S.C.; HIDALGO, A. F. RANGEL, M.; CARDOSO, A. L. L. 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