Deposição Electroquímica Francisco Paula DEPOSIÇÃO ELECTROQUÍMICA Francisco Paula URFIC-Indústria de Ferragens, S.A. Rua Eduardo António Coimbra, 319, 3460-591 TONDELA [email protected] ABSTRACT: We describe the overall process of electrochemical deposition (ECD), introducing the relevant physical and chemical phenomena and their fundamental models that enable us to relate quantitatively the main variables, making a synthesis that will serve as a starting point for future developments and enable from a practical point of view, a more effective control of this important industrial process. Keywords: Physical Chemistry, Electrochemistry, Surface Treatment, Plating, Corrosion Protection, Coatings. RESUMO: Descrevemos globalmente o processo da deposição electroquímica (ECD), apresentando os fenómenos químicos e físicos relevantes e os seus modelos explicativos fundamentais que permitem relacionar quantitativamente as principais variaveis, fazendo uma síntese que sirva de ponto de partida a futuros desenvolvimentos e possibilite do ponto de vista prático um mais eficaz controle deste importante processo industrial. Palavras Chave: Química Física, Electroquímica, Tratamento de superfície, Electrodeposição, Protecção anticorrosiva, Revestimentos. 1. INTRODUÇÃO A deposição electroquímica é um processo químico heterogéneo controlado que deposita substâncias numa superfície, revestindo-a. É um fenómeno associado à separação de cargas eléctricas em soluções de electrólitos, logo é um fenómeno electroquímico. Estes processos são extensivamente utilizados no revestimento de produtos metálicos fabricados em Portugal, não existindo contudo escrito em Português uma sintese das ferramentas básicas teóricas que suportam esta tecnologia. Este texto é um primeiro passo nesse sentido. O procedimento electroquímico de produzir revestimentos a partir dum electrólito aquoso é realizado em numerosos casos à temperatura ambiente e à pressão atmosférica o que o torna particularmente atractivo para aplicações industriais, nas quais tem uma larga gama de utilizações: na protecção anticorrosiva; na decoração, no aumento da resistência mecânica e no aumento da resistência à abrasão de diversos materiais, sendo empregue na industria automovel, aeroespacial, militar, electrónica, ferragens, etc. Os depósitos mais frequentes são: metais puros, ligas metálicas, óxidos e polímeros. 2. DEPOSIÇÃO DE METAIS PUROS E LIGAS METÁLICAS A principal reacção da deposição electroquímica de metais M e ligas metálicas sobre um substracto, o eléctrodo, envolve a Ciência & Tecnologia dos Materiais, Vol. 22, n.º 3/4, 2010 redução dos iões do metal Mn+ presentes em solução, o electrólito, que se representa pela seguinte reacção parcial: Mn+(aq) + ne- ↔ M(s) ocorrendo na superfície catalítica do eléctrodo, sendo uma reacção de troca de particulas nesse interface de contacto entre o eléctrodo e o electrólito. Este processo pode ser realizado de duas maneiras distintas: 1.o ELECTRODEPOSIÇÃO Onde os n electrões (e-) são fornecidos ao eléctrodo, por uma fonte de energia eléctrica externa que lhes aplica uma sobretensão h. 2.o ELECTROLESS Não há fornecimento exterior de energia eléctrica, a fonte de electrões é um agente redutor presente na superfície catalítica do eléctrodo. 2.1. Processo da Deposição O processo total de deposição envolve uma multiplicidade de fenómenos físicos e químicos que o tornam complexo mas que podemos agrupar em quatro tipos fundamentais: 1.o TRANSFERÊNCIA DE CARGA Transferência dos portadores de carga: electões, iões ou moléculas pelo interface entre o eléctrodo e o electrólito. 2.o TRANSPORTE DE MASSA Transporte das espécies químicas intervenientes, do interior da solução, para a superfície do eléctrodo. 87 Francisco Paula Deposição Electroquímica 3.o REACÇÕES QUÍMICAS Diversas homogéneas na solução do electrólito e heterogéneas à superfície do eléctrodo. 4.o CRISTALIZAÇÃO Processos metal, ião metálico, incorporação ou remoção de átomos metálicos no reticulo cristalino à superfície do eléctrodo. O fenómeno mais lento determina a velocidade global do processo. 3. TRANSFERÊNCIA DE CARGA É a reacção de oxidação-redução onde ocorre a reacção principal, a semi-reacção de redução do ião metálico a metal sólido. Mn+(aq) + ne- ↔ M(s) RED ↔ ne- + OXn+ redução oxidação Mn+(aq) + RED ↔ M(s) + OXn+ Esta reacção ocorre, no interface entre o eléctrodo e o eletrólito, entre o eléctrodo e um ião ou molécula, as variaveis envolvidas no estudo deste sistema são: a diferença de potencial e, entre os polos dos eléctrodos da célula electrolítica, a intensidade de corrente I que circula entre os polos dos eléctrodos e o intervalo de tempo ∆ t em que decorre a reacção. Quando experimentalmente se monta o sistema, se colocam eléctrodos e reagentes em contacto e se permite a transferência de carga, fechando o circuito entre os eléctrodos por exemplo, o sistema desloca-se naturalmente no sentido de se estabelecer o equilíbrio químico. O potencial de eléctrodo padrão Eº relaciona-se com a variação de energia livre de Gibbs padrão ∆Gº, da seguinte forma: ∆Gº = -nFeº Em condições padrão todas as espécies estão a 25ºC, os gases à pressão de 1 bar e os iões com actividade 1 M, nestas condições se o sistema tiver dois eléctrodos metálicos a d.d.p. eº, entre eles é dada por: eº=Eº(Mn+, M) – Eº(OXn+, RED) Em condições não padrão a d.d.p. e da célula pode ser calculada pela equação de Nernst: = ° M ox RT In nF M RED n+ n+ sendo α a actividade de cada espécie reaccional. O estudo da termodinâmica de equilibrio deste sistema fornece um critério para a sua ocorrência espontanea que é: o potencial de eléctrodo da redução ser superior ao da oxidação: E(Mn+,M) > E(OXn+, RED) de modo que o agente redutor funcione como um dador de electrões e o ião metálico como um aceitador de electrões, nas condições padrão: Eº(Mn+,M) > Eº(OXn+, RED) 3.1. Tempo de Reacção Quando se monta este sistema electroquímico, depois de coNestas condições a velocidade v de cada semi-reacção é: locados os reagentes e eléctrodos em contacto a reacção elec1 a 2 2 1 2 E a E troquímica ocorre até alcançar o equilibrio químico, podendo 2 2 2 2n e �n kT RT RT C=d=2n e �n j j contudo ser parada, retirando o eléctrodo ou interrompendo = e v = k[OXn+] = k[RED],k =kkT C e 4 KT d h h 4 KT caso exista circuito externo de corrente, desta forma podemos Ea a j j sendo: Ea a energia de activação,o k a KTEconstante de Boltzman, KT F Econtrolar o grau de avanço da reacção e a quantidade de deD =o D j e e J M J=Mj D= zDcj z j c F j jD DR = h a constante de Planck, a constante dos gases perfeitos e T E pósito a formar: j j j j j j RT RT a temperatura absoluta. 1.oInterrompendo a circulação de electrões, interrompendo o =F=Fzj czjjucj j u j circuito exterior de corrente. A constante de velocidade k não mede a velocidade de transj ferência do electrão já que esse processo adiabático segue o 2.oInterrompendo a circulação de iões, retirando se houver a princípio de Franck-Condon ocorrendo aproximadamente em ponte salina. 10-16s, o que ela efectivamente mede é o tempo necessário 3.oInterrompendo o contacto entre reagentes e ou catalizadopara que as espécies, tendo alcançado a região interfacial se res, retirando os eléctrodos. rearrangem e ás suas atmosferas iónicas numa posição que permita a ocorrência da tranferência do electrão. 3.2. Interface Eléctrodo-Electrólito A velocidade da semi-reacção relaciona-se com a densidade É no interface entre o eléctrodo e o electrólito que se dá a de corrente i, da seguinte forma: reacção de transferência de carga. i = nFv O interface é a região próxima de contacto das duas fases Sendo F a constante de Faraday, se A for a área activa do entre o elétrodo (sólido) e o electrólito (líquido), cuja compoeléctrodo, a intensidade de corrente I = iA logo: sição é diferente da composição no interior de cada uma das fases isoladamente. I = nFvA 88 Ciência & Tecnologia dos Materiais, Vol. 22, n.º 3/4, 2010 Deposição Electroquímica Francisco Paula Fig. 1. Esquema da região interface de contacto entre o eléctrodo e o electrólito. A maneira como as diversas espécies químicas se orientam e posicionam e movimentam na região do interface entre o eléctrodo e o electrólito constitui a sua estrutura. O processo de deposição ocorre nesta região muito fina onde existe um campo eléctrico local muito forte quando aplicado por uma fonte de energia exterior, mais fraco quando resulta da separação local de cargas. O valor do potencial electrostático w é diferente do do interior da solução. A velocidade do processo de deposição depende da estrutura do interface eléctrodo-electrólito mais precisamente da estrutura da região da camada electrolítica já que a função do eléctrodo é apenas fornecer ou retirar electrões da região de interface. Quando o eléctrodo adquire excesso de electrões fica com carga negativa quando perde muitos electrões fica com carga positiva, em função disto as espécies moveis na região da camada electrolítica rearranjam-se de modo a manter a neutralidade do sistema: qeléctrodo=-qsolução A maneira como estas cargas se distribuem na região da camada electrolítica é explicada por vários modelos de distribuição de carga predominantemente de origem electrostática. E a kT RT e k= h 3.2.1. Modelo da Região da camada Electrolítica O modelo mais simples é equiparar a distribuição de cargas o enum D j de =D na região da camada electrolítica à distribuição cargas j condensador de pratos paralelos. = F z j c j u j Ea j KT j Fig. 2. Distribuição de cargas num condensador de pratos paralelos. E 2 kT e de proporcionalidade k =constante A entre o potencial aplicado h RT e a carga devida à distribuição de carga é a capacidade C da dupla camada. RT In M ox AnF capacidade condensador de pratos paralelos por unidade M do RED de área é dada por: � C= 4 d n+ n+ onde e�é a constante dieléctrica do material entre os pratos e C= d é a 4distância entre eles. É neste caso independente da d.d.p. d1 aplicada aos pratos do condensador. � C= 4 d 2 Ciência & Tecnologia dos Materiais, Vol. 22, n.º 3/4, 2010 = e ( cd ) d É possível medir a capacidade experimentalmente Ce da dupla camada electrolítica que varia com a d.d.p. ∆w entre a solução e o eléctrodo e desta forma comparar as capacidades calculadas pelos diversos modelos com os valores experi E 2 mentais.kT e k= h RT Um modelo mais sofisticado, com melhor correspondência experimental, baseia-se na definição de três camadas sendo ox2 cadaRT uma equivalente a um condensador plano: IndelasM E kT e M RED knF = h RT d1 entre a superfície do eléctrodo e o plano 1.a de espessura 2 E kT� de Helmholtz interior (IHP) que é o plano que passa pelo e k == C Miões oxadsorvidos centro parcial ou completamente deRT 4hdos RT Ind sidratados Mlogo dRED1 é o seu raio iónico. nF 2 kT RT � E k = C = eIn M ox �d RT RED h= 4 1 M CnF 4 d a 2. �� ox d2 entre a superfície do eléctrodo e o (OHP), RT de espessura = �Mexterior oCIn plano de Helmholtz que passa pelo centro dos 2 RED nF CkT = 4eMd2E k =iões completamente hidratados logo d2 é o ráio dos iões h 4 d1 RT hidratados � ( cd ) ~3-4 Å. � = e C = C = 4 �d RTC4 =d M1 ox In4 d 22 2�n 1 2 2n e RED nF �= �M j cosh ne C d a C =espessura C 3. = de d é a camada de difusão de Gouy-Chapman cd ( ) 4 KT 2KT d 4�d=41ed 2 dada por: C= 14 d 1( cd2 ) 2�n 1 1 1 �=e2n +e j +2 ne C =C C4dT=d� C1 C 2 Ccosh d 2 4 KT a d.d.p. 1 ∆w entre o2KT C = com varia eléctrodo e a solução, é uma 2�n 2 2 D M C 4 d 2n e 1 J j =cdJ jcaracteristica + J jj + J j da solução, ne n é o número de iões j no constante (= ) C cosh j =1de 14 KT1 2KTda camada de difusão C é: + +e a1 capacidade interior d �=da solução C1 C C Cd C =JCDT = D 1 21 2j 2j 2 j4 d2 2�n 1 2n 2e1 �n 1 C 1 ne C d =Jj ==J Dj j++JjMj +cosh +Jcosh CT 44(cdKT CKT C jC 2KT )1 2E a d j D= e= D o e C j Dj M KT J = J + J + J 1 j CT da região da camada electrolítica A1M capacidade C j 1 Fjteórica J DjjD1=zD j 1j E 2�n + equivalente 2 j 2 j + jc éJCj a ==capacidade resultante da associação de três C2n e RT C C dcosh ne j T =a 1 2 C d ED condensadores correspondentes respectivamente ás três caa KT J j=4D C E 2KT madas: J j =DJj jDj =+ D J Mjoj j +e JCj j j KT x=0 1 c j1 ~1 Cj E 1Caj j o = + + D Daj xC =D e C JC x=0j C d j T= j1C j 2 KT ED j n+ n+ n+ n+ n+ n+ n+ n+ d n+ n+ d d d d J j = J Dj nFD + J Mj j C + jJa Cj x=0 iELaj=coj E D j = D j e ~ C jj C j x x=0 KT J Dj =MD j C jC C x=0 j j J j c=j u j c j ~ C E aj x nFD j j iL = x=0 E a M o M j : uj j e= v j / Ex=0 D jv=j D c j nFD C jj C CKT j j iJLM==~u c x j x=0 j Fj E aj u j D j z j RT M M vJnFD =j cv Mj /E jj :=uu jC iL = j j c j C j CFjx=0 vJ MjM:=u~ D zvj cM j/ E j M uxj Dx=0zj =j F RT E j j j J j = u j c jRT CzFc u nFD uj Distribuição D z jMj j de cargas iM jF Fig. 3. L = = v j : JuMj == vDj RT / E F na região da camada electrolítica pelo modelo da tripla j camada. jzjc j RT E C C = vFj cj cjj F J Mj J=Mj u Jj zj j = D c ujD jz z j c uj RT RT E Kc = F 89 v jM: uj =j = v Mj /j E 1+Kc z c u j J CjD==j zFvj cCj cj j F J Mj = F RT j j j j j j j j j j j j Francisco Paula Deposição Electroquímica 4. TRANSPORTE DE MASSA É o transporte dos reagentes e produtos formados durante a reacção do eléctrodo entre o interface dupla camada e a restante solução. Quando este processo é o mais lento, ele é o determinante da velocidade do processo geral de deposição que se diz, limitado pelo transporte para o eléctrodo. Neste caso interessa-nos o transporte de particulas carregadas iões por entre sistemas de outras particulas, do electrólito, na direcção perpendicular a superfícies equipotenciais, até encontrarem o eléctrodo. Este transporte tem lugar por difusão, por migração e por convecção e corresponde ao transporte da espécie activa da solução para o eléctrodo através da camada hidrodinâmica de espessura δ. Os iões solvatados movem-se com diferentes velocidades de acordo com o seu tamanho e carga e mesmo aumentando a sobretensão h que é a d.d.p. aplicada aos eléctrodos, chega um ponto em que essa velocidade deixa de aumentar, a densidade de corrente mantem-se constante, é a chamada densidade de corrente limitante iL. zido termodinamicamente irreversivel, para um estado de equilibrio de máxima entropia do sistema, por eliminação do gradiente de concentração, ele é descrito pela primeira Lei de Fick: J Dj = D j c j J Mj = u j c j Sendo cj a concentração das especies j em difusão, o seu gradiente actua como uma força condutora dessas particulas, ele refere-se à sua variação da concentração como função da disD v Cj dev Ddifusão, v Mj tância. Dj é o coeficiente de difusão e J j é o fluxo j ou seja a quantidade de espécie j difundida queC passa na uniJ Dj = D j j dade de tempo numa unidade de área. M J = u c j j j 1 Ea 2 1 2 2 E a 2n 2 2 e 2�n M kTkT RT RT j Experimentalmente verifica-se que o coeficiente de difusão e �n 2n e e C dC= = k =k = j u j = v j / E d da4temperatura KT depende de acordo com: da hespécie j, D D j hJ 4 KT M F j J = D z c E Ea j j j Jj Dj j E aj RT KT F o M M KT D oC e z j czj c FEE D jD= D C C j v e v j J j Jv=Mjj D = jD j j RT j j = Dj j J j C = v j c jD RT vj vj v Mj a Sendo =F zDj zcoj joucmáximo coeficiente de difusão a temperatura inj uE j =F j j j j j D oj e E aj a energia de finita que é uma constante típica do sistema activação do processo de difusão da espécie j. 4.1.1. Modelo da Camada de Difusão de Nernst Este modelo assume que a concentração cj da espécie activa j varia linearmente até uma distância δ da superfície do eléctrodo. À distância x=0, junto ao eléctrodo despreza o efeito da região da camada electrólitica. Fig. 4. Relação entre a densidade de corrente i e a sobretensão h. O transporte da espécie j de concentração cj é quantificado pelo fuxo de massa Jj = cjvj, a sua velocidade total absoluta vj resulta J Dj de difusão v Cj v Dj , velocidade v Mj do efeito combinado da: velocidade D C D M D C D M Jj v jde migração vj v j e velocidade de J j Jconvecção vj v j e logo v j o fluxo D j = D j C j D D de massa: J j = D jE C J j J=MD j C j = j j = u j c j D M C M M J j = u j cJjj=J j + J j + J j J j u= =uv Mj c/j E j j u j = v Mj / E u j = v Mj / E F M J = D z c j j j j 4.1. Difusão F F RT E M J Mj = D j z j c j J = D z c E E j j j j RT das espécies num gradiente RT Movimento graJ Cj = v Cj de c j concentração, C C causado pela reacção de eléctrodo. J Cj = v Cj cdiente J = v c j j j j A difusão é devida a um gradiente de concentração, uma alteração local da concentração, é um processo auto condu- 90 Fig. 5. Ilustração do modelo da camada de difusão δ de Nernst. Assume também que a camada líquida de espessura δ é perfeitamente estacionária e que a distâncias superiores a δ, a concentração da espécie j é igual à concentração no interior da solução, cj. A distâncias x>δ se introduzirmos agitação no electrólito, ele torna-se mais fiel ao modelo de Nernst, à distância δ as especies reagentes difundem-se até alcançarem a superfície do eléctrodo. Ciência & Tecnologia dos Materiais, Vol. 22, n.º 3/4, 2010 h RT J Dj = D j C j E aj o D = D e j j a RT Deposição E Electroquímica KT In M ox D j = D oj e j RED nF M KT a De E j acordo com este modelo o gradiente da concentração à superfície do eléctrodo é: C = � E aj 4 d c j C j C jx=0 ~ x=0 cxj x=0 C j C j � C= ~ x x=0 4 d1 e a densidade nFD j C j de corrente limitante, iL: iL = nFD jC j � iL = C= 4 d 2 J Mj = u j c j Aqui difusão refere-se ao movimento de iões e/ou especies J Mj = u j c j = e ( cd )resultante do movimento M M neutras, pelo banho de deposição, vj : uj = v j / E molecular mais uniforM Maleatório (Browniano) que distribui 1 vmemente j : uj = vj /E 2 2n 2 e 2�n as várias espécies componentes do banho em situ ne j F Cd = cosh ação de diferenças de concentração locais. Por isso o desaujDjz j 4 KT 2KT RT F de iões que se depositam parecimento no eléctrodo resulta ujDjz j RT destas espécies do interior do banho para a em movimento 1 1 1 1 eléctrodo. F superfície A região junto+ao eléctrodo onde a = + J Mj = D j z j cdo j C C C C T 1 2 d é referida como RT concentração da difere da solução F espécie E J Mj = D j z j c j δ neste modelo camada de difusão, de Nernst. RT E J j = J Dj + J Mj + J Cj z c u É esperado = F z c u que a agitação baixe δ enquanto a velocidade de difusão δ varia de espécie para espécie. = F aumenta, claro que J Dj = D j C j C C J j camada = v j c j de difusão não se forma imediatamente ligada a A C J = v Cj c leva a corrente algum tempo da ordem deE alguns j j segundos, dej o Kc j D = D e consequência pendendo da agitação, a formar-se. da técj j Uma j = KTéevitar a formação 1+Kc Kcj j nica de deposição por impulsos eléctricos = daj camada 1+ Kc jde difusão. E aj Francisco Paula n+ n+ d j j j j j j j j 4.2. Migração Ea RT 2n 2 e 2 �n j kT Cd = e k= 4.2.1hCondutividade e Mobilidade 4 KT 1 2 E a л da solução do electrólito é o resultado do A condutividade j KT F z e concentração c o movimento de as j e todas J Mj espécies = D j z j cjj de carga Dj = Dj E j RT eléctrico E: na solução sob a influência dum campo = F z j c j u j j 4.3. CONVECÇÃO Movimento de espécies devido a forças mecânicas i.e. escoaJ Dj v Cj . v Dj v Mj mento que lhes imprimem a velocidade J Dj = D j C É o transporte dos reagentes juntamente com oj fluxo do liquiM do em movimento. J j = u j c j u j =surge v Mj / Ecomo resultado do Nas condições naturais a convecção gradiente de densidade da solução que é consequência das F J Mj = superficial, Djzjc j E se deve ou variações de concentração na camada RT ao aquecimento do espaço próximo ao eléctrodo durante a C C passagem da corrente eléctrica. J j = v j c j J Djconvecção v Cj v Dj v Mj surgir tambem como resultado do A natural pode desprendimento J Dj = D j C j de produtos gasosos durante as reacções de eléctrodo. J Mj = u j c j A u j convecção = v Mj / E artificial cria-se agitando o electrólito ou aquecendo-o. F J Mjfluxo = D jda z j cespécie E j O RT j, devido à convecção é dado por: J Cj = v Cj c j c j C j C jx=0 carregadas ~ j devido a um gradienÉ o movimento de espécies x x=0 J Dj do = D te potencial eléctrico f: j c j J Mj = u j c j nFD j C j iL = Sendo uvj Cj a mobilidade J Dj v Dj v Mjda espécie carregada j, no electrólito onde é aplicado um campoJ eléctrico (igual em todos M = u j c juniforme J D = D C j osj pontosj do espaço) E quej as acelera até uma velocidade de D M C J = vu c j vDj J migração v Mj : M j j j j constante v j : u j = v Mj / E v Mj j C /E j J Dju j==D F J Mj M= u j c j F J j =relação D j z j c j de Einstein: ujDjz j E pela RT u j = v Mj / E RT J Cj = v Cj c j F M A migração do campo criado pela Feléctrico Jj = D j z j c j é devida E ao efeito M RT das cargas Jentre j = D jc j deslocalização osj zeléctrodos. RT E J Cj = v Cj c j Enquanto a difusão ocorre para todas as espécies em solução, z c u a migração afecta só espécies carregadas (efectivamente de=F vido à existência de dipolos ou dipolos induzidos em espécies neutras observa-se um pequeno efeito do campo eléctrico). J Cj = v Cj c j Este movimento de iõesMque origna transporte de massa requer J Dj v Cj v Dj vj Kc j a presença de altas densidades (~104 A/cm2). j = de corrente D J j = D j C j 1+ Kc j O Mfluxo de carga resultante da migração da espécie carregada = u j c j eléctrico uniforme e também constante (indej,J jnum campo j j j j pendente u j = v Mj / Edo tempo) E = é dado por: D M C F Jj = Jj + Jj + Jj M J j = Djzjc j E RT 4.4. Barreiras ao Transporte de Massa Existem factores retardantes que se opõem à difusão e à migração: 1.o Força de fricção, depende do tamanho do ião solvatado. 2.o Efeito assimétrico devido ao movimento de iões a atmosfera iónica fica distorcida de modo que é comprimida em frente ao ião na direção do seu movimento e estendida atrás dela. 3.o Efeito electroforético no qual o movimento dos iões causa deslocamento das moléculas no solvente associadas aos iões de carga oposta. O resultado é um fluxo líquido de moléculas de solvente na direcção contrária à do ião considerado. A combinação de todos estes efeitos conduz a uma velocidade máxima de transporte para cada espécie em determinada solução. As medidas dessas velocidades dão informação sobre a estrutura da solução. As diferentes velocidades dos catiões e dos aniões originam uma d.d.p. que é o potencial da junção liquida. 5. REACÇÕES QUÍMICAS Várias reacções químicas podem estar envolvidas no processo global do eléctrodo, podendo ser homogéneas na solução e J Cj = v Cj c j Ciência & Tecnologia dos Materiais, Vol. 22, n.º 3/4, 2010 91 Francisco Paula Deposição Electroquímica heterogéneas à superfície do eléctrodo, originando mecanismos complexos. Um exemplo é quando os iões do metal a depositar são complexados em solução com um ligante L, neste caso o mecanismo do processo catódico envolve antes da transferência de carga uma reacção de formação da especie Mn+ por dissociação do respectivo complexo metálico: [MLx] (aq) ↔ M (aq) + xL (aq) n+xp n+ p Onde p é o número de oxidação do ligante L. Outro exemplo é a evolução catódica do hidrogénio em meio ácido que acompanha a electrodeposição de alguns metais como Ni e Cr, no cátodo: 2H (aq) + 2e → H2(g) + - 6. CRISTALIZAÇÃO É o processo de cristalização da substância M, que na forma ionizada em solução, o electrólito, se pretende depositar sobre a superfície do eléctrodo. A espécie a depositar em solução aquosa encontra-se hidratada sendo, no processo de cristalização, transferida da solução para uma posição preferêncial do reticulo cristalino à superfície do eléctrodo. Este processo pode ser representado por: [M(H2O)x]n+(aq) ↔ Mn+(preferêncial) Esta reacção é acompanhada pela reacção de transferência de electrões. As espécies mantêm-se ligadas à superfície do eléctrodo de forma mais estavel uma vez que a sua energia livre de ligação aumenta. O crescimento espontaneo dos agregados é devido a flutuações energéticas que permitem valores de energia livre locais acima do seu valor máximo. 2.o NUCLEAÇÃO Ocupação de toda a superfície do eléctrodo com agregados clustersM estaveis que constituem nucleos superficiais. uj = vj /E Para uma probabilidade uniforme com o tempo t o número de E = clusters sobre o eléctrodo N é dado por: agregados N = N o (1 e At ) Sendo No o número de agregados por unidade de superfície que podem ser formados sobre o eléctrodo e a constante de velocidade de nucleação. 3.o CRESCIMENTO DOS NÚCLEOS SUPERFICIAIS A velocidade de crescimento dos nucleos superficiais é determinada por dois passos: 1.oIncorporação no reticulo cristalino da especie do núcleo superficial a depositar. 2.o Difusão das espécies do electrólito para núcleos superfíciais. Inicialmente os nucleos são independentes uns dos outros mas depois o seu crescimento é condicionado pelo do vizinho no ponto de contacto entre os dois resultando numa limitação do tamanho do seu crescimento. 6.1. Adsorção Baseando-nos na energia de adsorção, ou seja a energia da interacção adsorbato-superfície, classificamos os fenómenos de adsorção em dois tipos básicos: Fig. 6. Ilustração do mecanismo de transporte do ião, por difusão para a superfície do eléctrodo e incorporação no sítio preferencial. Este processo ocorre em três passos gerais: 1.o FORMAÇÃO E CRESCIMENTO DE AGREGADOS (CLUSTERS) 1.oAdsorção química onde as forças de atracção químicas actuam entre superfície e adsorbato (usualmente ligações covalentes), logo há uma combinação química entre a superfície e o adsorbato onde os electrões são partilhados ou transferidos. Novas configurações electrónicas são formadas pela partilha dos electrões. 2.oAdsorção física onde as forças de adsorção físicas, Van Der Waals, ou forças electrostáticas puras, operam entre a superfície e o adsorbato, não há nem transferência nem partilha de electrões. Dois processos são determinantes: A aproximação da partícula ao eléctrodo é inicialmente, em que está mais afastada, por adsorção física, mas à medida que se aproxima do eléctrodo muda para adsorção química. 1.oAdsorção da espécie à superfície do eléctrodo. 2.o Movimento das especies adsorvidas sobre a superfície do eléctrodo no sentido de se agruparem em agregados (clusters). As moléculas adsorvidas são continuamente desadsorvidas a uma velocidade igual à velocidade com que moléculas disolvidas da solução ficam adsorvidas. Existe um equilíbrio dinâmico de adsorção. 92 Ciência & Tecnologia dos Materiais, Vol. 22, n.º 3/4, 2010 RT F Deposição J Mj = D j z j c j Electroquímica RT E 6.1.1. Isotérmicas de Adsorção de Langmuir z c u = F Descrevem a relação entre o preenchimento da superfície pelo adsorbato θj de concentração cj na solução a dada temJ Cj = v Cj c j peratura: j j j j j = Kc j 1+ Kc j Onde K é a constante de equilibrio de adsorção. São baseadas num modelo que envolve as seguintes suposições: 1.oA energia de adsorção de todos os sitios é a mesma e não é afectada pela adsorção dos sitios vizinhos. 2.oA adsorção é movel 3.oCada sitio acomoda uma única particula 4.o Especies adsorvidas não interactuam umas com as outras. Ciência & Tecnologia dos Materiais, Vol. 22, n.º 3/4, 2010 Francisco Paula Certas moléculas são adsorvidas de forma orientada produzindo uma camada adsorvida de moléculas com uma orientação preferencial. BIBLIOGRAFIA Fundamentals of Electrochemical Deposition, M. Paunovic and M. Schlesinger, Wiley, New York, 1998. Electroquímica, Princípios, Métodos e Aplicações, A. Brett e C. Brett, Almedina, Coimbra, 1996. Manual de Química Física, G. Wedler, Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 2001. 93