XVIII Congresso Brasileiro de Automática / 12 a 16 Setembro 2010, Bonito-MS. CONVERSOR TRIFÁSICO CA-CC MULTIPULSOS DE 6 KVA COM ESTÁGIO ELEVADOR DE TENSÃO E CONTROLE POR HISTERESE CONSTANTE RODOLFO C. FERNANDES, FALCONDES J. M. DE SEIXAS, PRISCILA S. OLIVEIRA UNESP – Univ. Estadual Paulista, Laboratório de Eletrônica de Potência, Depto. de Engenharia Elétrica Avenida José Carlos Rossi, 1370, CEP 15385-000, Ilha Solteira - SP [email protected] Abstract This work proposes a three-phase 18-pulse AC-DC converter with high power factor based on Delta-differential autotransformer, which is an non-isolated topology but has the advantage to result in reduced weight and volume when compared to conventional isolated shifting transformers. The designed autotransformer provides three three-phase voltage systems properly shifted by 20o to be connected to the diode rectifier bridges. These bridges are connected to boost DC-DC stages (250 V to 400 V) with switching imposed by the hysteresis control technique. Using a constant voltage as reference for the control, the input current of the boost stages are also constant, despite of the high-frequency oscillations around 80 kHz. The three DC-DC stages are paralleled without the need of sincronism between them. With the operation of the AC-DC converter, the current drained from the mais presents harmonic distortions lower than 8%. Keywords AC-DC converter, 18-pulse, boost converter, constant hysteresis control, on-board applications. Resumo Este trabalho propõe um conversor trifásico CA-CC de 18 pulsos e elevado fator de potência baseado em autotransformador Delta-diferencial, uma conexão não-isolada, mas que resulta em pesos e volumes reduzidos em comparação aos transformadores defasadores convencionais isolados. O autotransformador projetado fornece três sistemas de tensão trifásicos apropriadamente defasados de 20º para a alimentação de pontes retificadoras a diodo. Estas pontes são conectadas a estágios CC-CC elevadores de tensão (250 V para 400 V) com chaveamento imposto pela técnica de controle por histerese. Usando uma tensão constante como referência para o controle, faz-se com que a corrente de entrada de cada conversor elevador seja também constante, apresentando apenas ondulações de alta freqüência, em tono de 80 kHz. Os três estágios CC-CC são colocados em paralelo para alimentação da carga em corrente contínua, sem a necessidade de sincronismo. Com a operação do conversor CA-CC a corrente drenada da rede elétrica apresenta distorções harmônicas inferiores a 8%. Palavras-chave Conversor CA-CC, 18 pulsos, conversor elevador de tensão, controle por histerese constante, aplicações embarcadas. 1 interesse em soluções leves e pouco volumosas. Neste sentido, as conexões baseadas em autotransformadores, que não provêem isolamento galvânico, vêm ganhando espaço, sobretudo em aplicações embarcadas. Nestes casos, o isolamento pode ser desnecessário devido à forma de operação da rede embarcada, sem conexão com outras redes elétricas. Além disso, como apenas uma fração da potência da carga é processada no núcleo magnético, este pode ser otimizado e ter seu peso reduzido em mais de 50%. Algumas possibilidades de aplicação de estágios retificadores multipulsos não isolados são: • Geradores de Ímã Permanente – estes geradores, encontrados em embarcações, operam com tensões e freqüências variáveis de acordo com a carga elétrica conectada, de maneira que é preciso primeiramente condicionar a energia elétrica gerada para que depois esta possa alimentar cargas convencionais. Isto pode ser feito conectando o barramento CC gerado pelo retificador de múltiplos pulsos a um estágio inversor, o qual proverá tensão e freqüência fixas; • Aeronaves – há um grande número de pesquisas recentes relacionadas a aplicações do tipo MEA (More Electric Aircraft), ou seja, aeronaves que tem seus atuadores hidráulicos substituídos por atuadores elétricos, Gong (2004) e Rosero (2007). Está é a tendência nas aeronaves modernas. Nestes Introdução Há várias aplicações para estágios retificadores, sejam estes controlados ou não. A obtenção de um barramento CC onde a tensão retificada apresente baixa oscilação é um desafio muitas vezes resolvido pela associação de pontes retificadoras trifásicas em série ou paralelo, criando retificadores multipulsos. Entre estes, os mais usuais são os de 12, 18 e 24 pulsos. A forma de conexão das pontes semicondutoras pode levar a outros desafios, como a necessidade de transformadores de interfase e bloqueadores de seqüência zero quando são conectadas em paralelo, Paice (1988). De qualquer maneira, é preciso que haja um transformador para adaptar a tensão do aproveitamento elétrico local às especificações do retificador. Além disso, é necessário que tal transformador forneça o correto defasamento entre tensões em seus secundários, para que, efetivamente, se possam obter retificadores de múltiplos pulsos. Por exemplo, para retificadores de 12 pulsos, é preciso que o transformador gere dois sistemas trifásicos defasados entre si de 15º, Kamath, (2001). Para retificadores de 18 pulsos este defasamento deve ser de 20º entre os três sistemas trifásicos requeridos, Seixas, (2005). Embora algumas conexões de transformadores isolados possam ser aplicadas, geralmente há grande 3099 XVIII Congresso Brasileiro de Automática / 12 a 16 Setembro 2010, Bonito-MS. casos, as tensões contínuas usuais são 270 V ou 360 V. A partir deste barramento CC, inversores são empregados para que se consiga 115 V (eficazes) à freqüência de 400 Hz, para alimentação geral da aeronave. Paralelamente, conversores CC-CC são usados para abaixar a tensão de tal barramento a níveis padronizados, como 28 V para as cargas eletrônicas embarcadas, Cheng (1998); • Acionamento de Máquinas Elétricas – o barramento CC confiável pode ser usado para alimentar um estágio inversor qualquer para controle de velocidade de motores de indução, por exemplo, Singh, (2006). É imprescindível que nestas aplicações sejam usados conversores de elevado fator de potência, ou seja, que drenem correntes com baixo conteúdo harmônico. Mais além, em todas estas aplicações há interesse em regular a tensão média do barramento CC, de forma que esta possa ser mantida constante tanto em condições de plena carga quanto com cargas leves. Isto significa utilizar conversores CCCC com adequada técnica de controle, preferencialmente com característica de fonte de tensão na saída. Nas próximas seções, é apresentada uma proposta de conversor CA-CC composta de um autotransformador Delta-diferencial, retificadores passivos e um estágio CC-CC elevador de tensão com controle por histerese constante. A figura 1 mostra o esquema geral da solução proposta. (2009). As tensões Va, Vb e Vc correspondem às tensões de fase da rede elétrica que alimenta o transformador. As tensões VR1, VT1 e VS1 formam o sistema trifásico adiantado de +20º em relação à rede. De forma semelhante, VRn, VTn e VSn compõem o sistema trifásico em fase com a rede e o sistema VR2, VT2 e VS2 está atrasado de 20º. A escolha da conexão Delta-diferencial generalizada de deva ao fato de que com ela pode-se obter qualquer tensão de saída, simplesmente pelo ajuste das relações de espiras. Figura 2. Conexão Delta de autotransformador, com θ = 20º. 2.1 Especificações de Projeto A tabela 1 reúne todos os dados de interesse para o projeto do autotransformador. Por se tratar de um autotransformador trifásico, o núcleo magnético é constituído de lâminas do tipo “E-I” de três colunas com larguras idênticas. Pela figura 2 nota-se que cada uma destas colunas terá sete enrolamentos. Por exemplo, Nab, Nab1, Nab2, Nab3, Nab4, Nabn e Nabn1 estão acoplados juntos em uma mesma coluna do núcleo magnético. Ao final, portanto, existirão 21 enrolamentos a serem conectados. Figura 1. Conversor CA-CC proposto. 2 Tabela 1. Especificações do Autotransformador e Pontes Retif. Tensão Eficaz de Fase Entrada (Va) Tensão Eficaz de Fase Saída (VR1) Tensão Média Retificada (Vi) Potência Nominal da Carga Potência do Autotransformador Taxa kVA (kVA/kW) Freqüência de Operação Estágio Retificador e Transformador DeltaDiferencial 18 Pulsos O estágio CA-CC é formado por um transformador defasador e três pontes retificadoras não-controladas. O transformador defasador tem por objetivo fornecer três sistemas trifásicos a partir da rede elétrica também trifásica que o alimenta. Um dos sistemas trifásicos está em fase com a rede, outro tem cada uma de suas fases defasadas de +20º contados a partir da rede elétrica e o terceiro sistema trifásico está defasado -20º desta mesma referência. A figura 2 mostra o diagrama fasorial que descreve a conexão Delta-diferencial generalizada, Oliveira, Núcleo Magnético Elevação de Temperatura Admissível Tensão de Pico nas Pontes Retif. Corrente Média 127 V 107 V 250 V 6 kW 1,7 kVA 28% 60 Hz E-I, 6HS-400, Aço Silício Grãos Orientados M125-27, 0,27 mm 25 ºC 260 V 8A Os enrolamentos primários Nab, Nbc e Nca estarão submetidos à tensão de linha da rede. A tensão de fase do secundário (por exemplo, VR1), pode ser escolhida levando em consideração a tensão que se 3100 XVIII Congresso Brasileiro de Automática / 12 a 16 Setembro 2010, Bonito-MS. deseja na saída das pontes retificadoras trifásicas. Isto porque, como se sabe, a tensão média retificada de seis pulsos corresponde a um ganho estático de 2,34 vezes a tensão de fase do sistema trifásico que alimenta a ponte. Para este projeto, é desejável que a tensão média em cada ponte seja de 250 V. Assim, VR1 deve ser de 107 V eficazes. Sendo assim, a tensão eficaz sobre os enrolamentos pode ser calculada como se segue, Gonçalves (2006): Vab = Vbc = Vca = 220V esforços para refrigeração necessários. Conversores embarcados não devem gerar grande quantidade de calor, pois assim seria necessário aumentar a ventilação forçada dos mesmos, bem como melhorar a dissipação térmica dos componentes eletrônicos próximos ao transformador. (1) sin (30 ) sin (α ) ⋅ = 30,7V sin (150o − α ) sin (30o ) (2) sin (30o ) sin (α − θ ) ⋅ = −21,2V o sin (150 − α ) sin (90o + θ ) (3) (VR1 − Va ) = −11,5V 2 ⋅ cos 30o (4) o Vab1 = Vab2 = Va ⋅ Vab3 = Vab4 = Va ⋅ Vabn = Vabn1 = ( ) Figura 3. Autotransformador implementado. Onde, 1 VR1 ⋅ cos(θ ) − Va ⋅ 3 = 8,7 º ( V ( θ ) ) 3 ⋅ cos R1 α = −tan −1 ⋅ Tabela 2. Enrolamentos. (5) Enrolamento Nab Nab1 = Nab2 Nab3 = Nab4 Nabn = Nabn1 O resultado de (2) é válido para Vbc1, Vbc2, Vca1 e Vca2. O resultado de (3) vale para Vbc3, Vbc4, Vca3 e Vca4. Da mesma maneira, o resultado de (4) pode ser aplicado a Vbcn, Vbcn1, Vcan e Vcan1. Com base nestes valores calculados, as relações de tensão e número de espiras, são dadas a seguir. (6) Nab1 Vab1 = = 0,1395 N ab Vab (7) N ab 3 Vab3 = = −0,0963 N ab Vab (8) Kc = Característica 358 esp., 20 AWG 48 esp., 15 AWG 36 esp., 15 AWG 18 esp., 15 AWG 2.2 Ensaios com Autotransformador N V K a = abn = abn = −0,0523 N ab Vab Kb = Corrente Eficaz (A) 1,34 6,50 6,50 6,50 Com estas relações é possível calcular o número de espiras de cada enrolamento. Cabe ressaltar que o sinal negativo (-) que aparece nas relações Ka e Kc indica que a polaridade dos enrolamentos Nabn e Nab3 é oposta àquela apresentada na figura 2. A figura 3 mostra o autotransformador montado e testado para este trabalho. É sabido que, para autotransformadores, apenas parte da potência requerida pela carga é processada pelo núcleo magnético, resultando em baixa taxa kVA. Desta maneira, a conexão Delta-diferencial projetada processa apenas 28% dos 6 kW da carga nominal. Isto significa que o núcleo magnético pode ser calculado para aproximadamente 1,7 kVA apenas, resultando assim em menos volume e peso do que quando comparado a um transformador convencional. A tabela 2 mostra os valores de corrente eficaz em cada enrolamento. Estes dados permitem a determinação da seção dos condutores, escolhida uma densidade de corrente adequada à aplicação que se pretende ao projeto. Menor a densidade de corrente, menor elevação de temperatura dos enrolamentos, menores serão os Para a realização dos ensaios, as pontes retificadoras foram colocadas em operação independente, ou seja, cada uma das três pontes foi conectada a uma carga RL (R=30 Ω a 400 Ω e L=500mH). A figura 4 amostra o ensaio realizado, com as pontes a diodo, dissipadores, banco resistivo e indutores. Figura 4. Montagem para ensaio do autotransformador. Com a corrente de carga praticamente constante, tem-se boa definição dos degraus que compõem a forma de onda das correntes de entrada do autotransformador. As correntes da figura 5(a), obtidas para a situação de potência nominal, mostram-se bem equilibradas, com defasamento entre si de 120º. O valor eficaz por fase é de 16 A (figuras com medidas na escala 10 mV/A). Uma tensão de fase também é mostrada, para que se tenha referência. A figura 5(b) mostra o detalhe de uma 3101 XVIII Congresso Brasileiro de Automática / 12 a 16 Setembro 2010, Bonito-MS. das correntes com a respectiva tensão de fase, mostrando que o fator de deslocamento é elevado, 0,998. A distorção harmônica total destas correntes é de 7,8%. Fator de deslocamento próximo da unidade e baixa distorção harmônica significam fator de potência praticamente unitário. Na figura 5(c) tem-se o espectro harmônico de uma das correntes de entrada do autotransformador. Destacam-se os harmônicos de 17ª, 19ª, 35ª e 37ª ordens, como esperado para retificadores de 18 pulsos. Na figura 6 são apresentados exemplos das tensões de linha de saída correspondentes em cada sistema trifásico. O defasamento de +20º e -20º em relação à rede elétrica são verificados, bem como a igualdade de amplitudes entre estas formas de onda. Estes resultados são válidos para as outras fases.Como há defasamento de 20º entre cada sistema trifásico gerado, as tensões retificadas também são defasadas de 20º, embora tenham o mesmo valor médio. A regulação de tensão, relação entre tensão nos secundários a vazio e à potência nominal, é de apenas 3,8%. O rendimento do autotransformador é de 93% à potência nominal e, como esperado, a temperatura máxima atingida pelo núcleo magnético foi de 50 ºC (elevação de 25 ºC). Figura 6. Defasamento entre tensões de linha dos diferentes sistemas trifásicos gerados. 3 Estágio Elevador de Tensão com Controle por Histerese Constante A escolha do conversor elevador de tensão clássico (boost) se deve ao fato de que este possui característica de entrada como fonte de corrente. Desta maneira, aplicando a correta técnica de controle na chave semicondutora ativa desta topologia, obtêm-se correntes com baixa ondulação nas pontes retificadoras e, conseqüentemente, nos enrolamentos do autotransformador. Assim, através de um circuito de potência operando em alta freqüência, emula-se o volumoso banco indutivo mostrado anteriormente. Cada uma das pontes retificadoras está conectada a um estágio CC-CC elevador de tensão, cujas saídas são conectadas em paralelo para alimentar a carga. A maneira correta de se associar boosts em paralelo requer um diodo adicional e a divisão do indutor principal em dois indutores equivalentes, Spiazzi, (1997). A função deste estágio é de elevar a tensão do barramento CC de 250 V até o valor desejado. Para aplicações em aeronáutica, como discutido, as tensões médias usuais são de 270 V ou 360 V. Podese facilmente, com a mudança de alguns poucos parâmetros, adequar esta tensão de saída ao valor de interesse. No caso atual, o conversor foi projetado para tensão média na carga igual a 400 V, que é um nível de tensão adequado para aplicações em acionamentos elétricos, quando associado a um estágio inversor. A figura 7 mostra um dos três estágios boost empregados. O controle por histerese constante é também mostrado. Esta forma de controle procura (a) Correntes na entrada do autotransformador. (b) Detalhe de corrente e tensão. (c) Espectro harmônico de corrente. Figura 5. Resultados experimentais. 3102 XVIII Congresso Brasileiro de Automática / 12 a 16 Setembro 2010, Bonito-MS. fazer com que a corrente que flui através do indutor boost (indutores Lb1 e Lb2) siga uma referência imposta. O circuito comparador, que deve ter baixo tempo de resposta (tresp) e pode ser implementado com circuitos integrados como TL714 (tresp = 6 ns) ou mesmo o LM339 (tresp = 300 ns), compara um sinal de tensão proveniente do sensor de corrente que monitora o indutor boost com uma tensão constante de referência. VO = 2,7mH (10) f max ⋅ ∆I i O capacitor de saída, em paralelo com a carga, pode ser calculado como em (11), onde a freqüência da oscilação da tensão é de três vezes a freqüência da tensão retificada e a variação máxima de amplitude é de ±1%. 3 ⋅ PO C= = 450µF (11) f oscilação ⋅ (VO2max − VO2min ) Li = Dmax ⋅ (1 − Dmax ) ⋅ O tipo de chave a ser empregado na etapa de implementação destes conversores CC-CC ainda será apropriadamente escolhido. A referência do circuito comparador deve ser uma tensão contínua de 8 V, para que a corrente de entrada dos conversores elevadores sejam de 8 A. O ganho do comparador é dado por (12), onde Vcc é a tensão de alimentação do comparador, 15 V e RP vale 1 kΩ, resultando em RF igual a 29 kΩ. RP ∆Vh = ⋅ VCC (12) RP + RF Figura 7. Estágio elevador de tensão com controle por histerese. O ganho do comparador define a largura da banda de histerese, ou seja, a faixa de corrente admissível no indutor boost. Quanto mais estreita esta largura, mais a corrente na entrada do conversor elevador de tensão será livre de oscilações de baixa freqüência. Se a imagem da corrente no indutor (sinal de tensão proveniente do sensor de corrente) for ligeiramente menor que a referência de tensão (Vref) a chave ativa S é fechada e a corrente no indutor cresce linearmente. Quando esta corrente atinge o valor máximo, definido pela largura de histerese, a chave S é aberta e a corrente decresce. 3.1 Especificações para Controle por Histerese 4 Embora o autotransformador e as pontes retificadoras já tenham sido testadas, o conversor CC-CC ainda não foi implementado. São apresentadas a seguir, resultados de simulações da operação conjunta de todos os estágios. As simulações foram feitas para carga nominal, 6 kW. A figura 8(a) mostra a corrente na entrada dos estágios boost, onde se nota apenas oscilações de alta freqüência. É importante citar que as três correntes são bem equilibradas, de forma que a potência processada em cada estágio boost é de um terço da potência total, ou seja, 2 kW. Um detalhe destas correntes é mostrado na figura 8(b). Percebese a linearidade do crescimento e decrescimento da corrente através do indutor. A freqüência desta corrente é de aproximadamente 75 kHz, abaixo, portanto, da freqüência máxima definida de 80 kHz. A oscilação da corrente de entrada é de 500 mA, e pode ser melhorado para atende os parâmetros da tabela 3. O tempo de resposta do comparador de histerese também é fator determinante nestes resultados e para a montagem prática serão usados circuitos integrados de alta qualidade. As correntes drenadas da rede elétrica são apresentadas na figura 8(c) e condizem com os resultados experimentais apresentados na figura 5(a). Pelas simulações o fator de potência seria praticamente unitário. O espectro harmônico é mostrado na figura 8(d). A tensão de saída é mostrada na figura 8(e) e está próxima de 400 V, com baixa ondulação. Estágio Elevador e A tabela 3 traz as especificações necessárias para a simulação de cada conversor CC-CC, que opera no modo de condução contínua. A razão cíclica varia de acordo com a tensão de seis pulsos (Vi(ωt)) que alimenta o estágio boost segundo (9). Tabela 3. Parâmetros do estágio CC-CC Potência de Saída Tensão Média de Saída (Vo) Tensão Média de Entrada (Vi) Corrente Média de Entrada (Ii) Largura da banda de histerese (∆Ii) Freqüência Máxima de Chaveamento ∆Vh Simulação Conjunta do Transformador, Retificador e Conversor CC-CC 2 kW 400 V 250 V 8A 5%, 400 mA 80 kHz 0,5 V Há, portanto, um valor máximo de razão cíclica (Dmax) para a operação do semicondutor ativo em cada um dos três estágios CC-CC. V (ωt ) D(ωt ) = 1 − i (9) VO Com este valor máximo, que pode ser encontrado também por simulação, determina-se a indutância necessária para o conversor. Esta indutância mínima (Li) é calculada através de (10), com Dmax igual a 0,316. 3103 XVIII Congresso Brasileiro de Automática / 12 a 16 Setembro 2010, Bonito-MS. validam a técnica de controle e o princípio de operação descrito anteriormente. (a) Corrente de entrada nos conversores boost. Figura 10. Estágio elevador de tensão implementado. Na figura 11(a), tem-se a forma de onda da corrente de entrada deste estágio elevador de tensão. Neste caso, a largura da banda de histerese foi ajustada em 800 mA. Estes resultados são válidos para situação de meia carga. Um detalhe é mostrado na figura 11(b). (b) Detalhe da corrente no indutor boost. (c) Correntes na entrada do autotransformador. (a) (d) Espectro harmônico de corrente. (b) (e) Tensão de saída. Figura 9 – Resultados de simulação. 5 Resultados Experimentais Um módulo elevador de tensão, com sensor de corrente, ponte retificadora, indutor acoplado e filtro capacitivo de saída é mostrado na figura 10. Embora apenas um destes módulos tenha sido implementado, não tendo sido realizado o paralelismo entre módulos, os primeiros resultados experimentais (c) Figura 11. Corrente no indutor (a), detalhe (b) e corrente em uma fase da ponte retif. do lado CA (c). 3104 XVIII Congresso Brasileiro de Automática / 12 a 16 Setembro 2010, Bonito-MS. Na figura 11(c) tem-se a corrente na entrada da ponte retificadora do estágio elevador de tensão. Com a associação de estágios em paralelo, a corrente drenada da rede elétrica deve assumir a forma de onda característica de 18 pulsos. Quanto ao circuito de controle, bastante simples e com número muito pequeno de componentes, foi implementado com o comparador LM6171. O circuito de ataque é baseado no opto-isolador HCPL3180. 6 AC-DC Converter Concepts for Application in Future More Electric Aircraft. APEC’04 Applied Power Electronics Conference and Exposition, pp. 1152-1159. Kamath, G. R., Runyan, B. and Wood, R (2001). A Compact Autotransformer Based 12-Pulse Rectifier Circuit. IECON’01 – Annual Conference of the IEEE Industrial Electronics Society, pp. 1344- 1349. Oliveira, P. S., de Seixas, F. J. M. and Fernandes, R. C (2009). Optimization of Multipulse Converters with Delta and Y-Differential Connections. COBEP’09 – Brazilian Power Electronics Conference, Proceedings, pp. 901907. Paice, D. A., 1996. Power Electronic Converter Harmonic Multipulse Methods for Clean Power. IEEE Press, New York. Rosero, J. A., Ortega, J. A., Aldabas, E. and Romeral, L (2007). Moving Towards a More Electric Aircraft. IEEE Aerospace and Electronic Systems Magazine, Vol. 22, No. 3, pp. 3-9. Seixas, F. J. M. and Gonçalves, V. A (2005). Generalization of the Delta-Differential Autotransformer for 12 and 18-Pulse Converters. PESC’05 - IEEE Power Electronics Specialists Conference, Proceedings, pp. 460466. Singh, B., Bhuvaneswari, G. and Garg, V (2006). Power-Quality Improvements in Vector Controlled Induction Motor Drive Employing Pulse Multiplication in AC-DC Converters. IEEE Transactions on Power Delivery, Vol. 21, No. 3, pp. 1578- 1586. Spiazzi, G. and Lee, F. C (1997). Implementation of Single-Phase Boost Power-Factor-Correction Circuits in Three-Phase Applications. IEEE Transactions on Industrial Electronics, Vol. 44, pp. 365-370. Conclusão Este trabalho apresenta uma proposta para conversor retificador trifásico com elevado fator de potência para aplicações que requeiram um barramento CC robusto, baixa oscilação da tensão média na carga e reduzida distorção harmônica nas correntes drenadas da rede elétrica local. O autotransformador projetado permite correção ativa do fator de potência quando aliado ao estágio CC-CC com controle por histerese, de maneira simples e eficiente. Ao mesmo tempo, a potência processada no núcleo magnético do autotransformador corresponde a apenas 28% da potência requerida pela carga, de forma que as dimensões do mesmo, bem como o peso total, são reduzidas em relação aos transformadores isolados. O conversor CC-CC elevador de tensão favorece a aplicação desta técnica de controle e ainda facilita o paralelismo sem a necessidade de circuitos adicionais para sincronia entre eles. A regulação da tensão de saída pode ser feita pelo ajuste instantâneo e simultâneo das tensões de referência dos circuitos de controle, modificando assim, a corrente através dos indutores dos conversores boost de forma a elevar ou reduzir a tensão média sobre a carga. Agradecimentos Os autores agradecem às agências CAPES e FAPESP pelo apoio financeiro concedido. Referências Bibliográficas Cheng, K. W. E (1998). Comparative Study of AC/DC Converters for More Electric Aircrafts. IEE Power Elecronics and Variable Speed Drives, Conference Publication No. 456, pp. 299- 304. Gonçalves, V. A., 2006, Reduction of Harmonic Currents in Multipulse Rectifiers – Generalization of Differential Connections, MSc.,Ilha Solteira, UNESP - Sao Paulo State University. Gong, G., Heldwein, M. L., Drofenik, U., Mino, K. and Kolar, J. W (2004). Comparative Evaluation of Three-Phase High-Power Factor 3105