Lia Mara Wibelinger Organizadora Aline Morás Borges, Amanda Sachetti, Ana Paula Bortolon, Bárbara Kayser, Bruna Klein, Camila Tóffoli, Carlos Eduardo Fassicollo, Caroline Artusi, Carlos Rafael de Almeida, Cascieli Miotto, Dionara Hermes Wolkeis, Eliane Lúcia Colussi, Elisiane Finato, Fabiano Lopes Chiesa, Gilnei Lopes Pimentel, Gióli Deconto, Grasiela dos Santos, Jéssica Dalacort Sachett, Jéssica Xavier, Julia Andréia Kummer, Juliana Secchi Batista, Juliane Gasparin, Larissa Severo, Laura Fior, Lia Mara Wibelinger, Luiz Otávio Rosa Gama, Marcieli Ceron, Marco Antônio Bühler, Mariane Bortoli, Marlon Francys Vidmar, Naiana Muntini, Priscila Borowiski, Sara Antoniuk Presta, Sheila Gemelli de Oliveira, Suelen Roberta Klein, Suélen Tansini, Vinícius Dal Molin Autores DISFUNÇÕES MÚSCULO-ESQUELÉTICAS PREVENÇÃO E REABILITAÇÃO Passo Fundo IFIBE 2013 © 2013 Autores Edição: Editora IFIBE Capa e projeto gráfico: Diego Ecker Diagramação e normatização: Wanduir R. Sausen Impressão e Acabamento: Gráfica Berthier Editora IFIBE Rua Senador Pinheiro, 350 99070-220 – Passo Fundo – RS Fone: (54) 3045-3277 E-mail: [email protected] Site: www.ifibe.edu.br/editora Serie Fundamentos em Reabilitação, vol. 1 2013 Proibida reprodução total ou parcial nos termos da lei. Instituto Superior de Filosofia Berthier – Editora IFIBE SUMÁRIO Relação entre causa e fatores de risco em amputados transfemorais............................................................................. 9 Amanda Sachetti, Jéssica Xavier da Silva, Marlon Francys Vidmar, Suélen Tansini, Luiz Otávio Rosa Gama, Lia Mara Wibelinger Perfil das condições de saúde dos idosos com dificuldades na realização das atividades da vida diária em um município no interior do Rio Grande do Sul...................... 21 Cascieli Miotto, Laura Fior, Jéssica Dallacort Sachet, Juliane Gasparin, Sara Antoniuk Presta, Lia Mara Wibelinger Abordagem Fisioterapêutica na Artrite Hemofílica......... 33 Ana Paula Bortolon, Lia Mara Wibelinger Prevalência de dor lombar em idosos................................... 43 Suelen Roberta Klein, Elisiane Finato, Júlia Andréia Kummer, Bárbara Kayser, Lia Mara Wibelinger Exercícios de Flexibilidade na Espondilite Anquilosante.......55 Aline Morás Borges, Marlon Francys Vidmar, Jéssica Dallacort Sachet, Sheila Gemelli de Oliveira, Lia Mara Wibelinger Funcionalidade no processo de envelhecimento humano.....65 Bruna Klein, Carlos Eduardo Fassicollo, Suelen Roberta Klein, Aline Morás Borges, Eliane Lucia Colussi, Lia Mara Wibelinger Caracterização das Condições de Saúde de Idosos.......... 81 Dionara Volkweis, Lia Mara Wibelinger, Eliane Lúcia Colussi Hidrocinesioterapia na qualidade de vida de indivíduos com osteoartrite de coluna.................................................... 97 Elisiane Finato, Grasiela dos Santos, Júlia Kummer, Laura Fior, Lia Mara Wibelinger Hidroterapia e acupuntura na fibromialgia: uma revisão sistemática.......................................................... 113 Caroline Artusi, Mariane Bortoli, Marlon Francys Vidmar, Carlos Rafael de Almeida, Gilnei Lopes Pimentel Caracterização e condições de saúde de idosos institucionalizados................................................................. 131 Marco Antônio Bühler, Naiana Muntini, Lia Mara Wibelinger Laser de baixa intensidade no processo de reparação óssea......141 Camila Tóffoli, Marlon Francys Vidmar, Fabiano Lopes Chiesa Fisioterapia em Indivíduos com Lúpus Eritematoso Sistêmico................................................................................... 151 Bárbara Kayser, Grasiela Santos, Suelen Tansini, Juliana Secchi Batista, Lia Mara Wibelinger Qualidade de vida de idosas portadoras de osteoartrite de joelho pré e pós intervenção fisioterapêutica............... 163 Larissa Severo, Priscila Borowski, Lia Mara Wibelinger Risco de quedas em idosos com alterações visuais.......... 177 Cascieli Miotto, Gióli Deconto, Marcieli Ceron, Sheila Gemeli de Oliveira, Lia Mara Wibelinger Treinamento de Força Muscular em Idosos com Osteoartrite de Joelho................................................... 189 Bruna Klein, Vinícius Dal Molin, Lia Mara Wibelinger O uso da wiiterapia na reabilitação de idosos com alterações de equilíbrio................................................. 197 Vinícius Dal Molin, Juliana Secchi Batista, Lia Mara Wibelinger RELAÇÃO ENTRE CAUSA E FATORES DE RISCO EM AMPUTADOS TRANSFEMORAIS Amanda Sachetti1, Jéssica Xavier da Silva2, Marlon Francys Vidmar1, Suélen Tansini2, Luiz Otávio Rosa Gama3, Lia Mara Wibelinger4 Introdução Para Junior (2009), a amputação é a perda total ou parcial de um membro, geralmente é relacionada com mutilação, incapacidade e dependência. A amputação de membros tem uma incidência mundial de mais de 1 milhão ao ano. Este número, ao mesmo tempo em que tende a reduzir-se significativamente se realizados a prevenção e o tratamento precoce 1 2 3 4 Fisioterapeuta - UPF Acadêmica de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo. Docente da Faculdade de Educação Fisica e Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo. Docente do curso de Fisioterapia da Universidade de Passo Fundo – RS. Mestre e Doutora em Gerontologia Biomédica pela PUCRS. 9 correto, tende a aumentar devido ao crescimento da expectativa de vida (SANTOS, 2003; REGENSTEINER, 2002; AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2000). Segundo dados do CENSO (IBGE, 2000), existem 24,5 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o que representa 14,5% da população brasileira, sendo que 5,31% apresentam falta de um membro ou parte dele. Estima-se que a incidência de amputações seja de 13,9 por 100.000 habitantes/ano (SPICHLER et al., 2004). Group (2000) diz que na literatura mundial, há controvérsias quanto ao número de amputações, variando de 2,8 a 43,9 por 100.000 habitantes/ano. As amputações maiores de membros inferiores representam um grande impacto socioeconômico, pois há perda da capacidade laborativa, da socialização e, consequentemente, da qualidade de vida, ainda para Spichler (2004) constitui-se em uma das mais devastadoras complicações da doença crônica degenerativa, associada à significativa morbidade, incapacidade e mortalidade. A perda de um membro pode ocorrer devido a uma deficiência congênita, causada através de variação genética ou uma deficiência adquirida, por exemplo, em função de Diabete Mellitus, doença vascular periférica, trauma e malignidade. A insuficiência vascular periférica é responsável por 80% de todas amputações de membros inferiores em indivíduos adultos. Já os traumatismos são responsáveis por 10,6% das amputações ocorridas em membros inferiores (CARVALHO et al. 2005). Os fatores de risco, como idade avançada, tabagismo, diabetes, hipertensão, lipoproteinemia, influenciam o aparecimento de doenças vasculares (AGNE et al., 2004). Sendo assim, este estudo teve por objetivo relacionar a principal causa de amputação transfemoral com a presença ou não de fatores de risco para a mesma. 10 Metodologia O estudo é quantitativo, descritivo, e de caráter documental onde foram pesquisados os prontuários de 258 sujeitos amputados atendidos no Centro de Atendimento à Deficiência da Universidade de Passo Fundo entre 2005 e 2011. Como critérios de inclusão os pacientes deveriam ser amputados transfemorais e ter o prontuário preenchido corretamente. Dos 258 prontuários avaliados, foram selecionados 102, os quais estavam de acordo com os critérios de inclusão adotados neste estudo. Foi utilizada uma ficha para coleta dos dados desenvolvida pelos pesquisadores, na qual continham questões como gênero, idade, estado civil, fatores de risco, causa principal, nível da amputação, número total de amputações, tempo desde a última, queixa principal, realização de fisioterapia pré e pós amputação e pré e pós protetização, tempo após amputação para início dos atendimentos fisioterapêuticos, utilização e tipo de prótese, nível de escolaridade e renda familiar. Para organização dos dados foi utilizado o programa Microsoft Excel e para análise, realizada estatística descritiva dos mesmos. O projeto aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da Universidade de Passo Fundo conforme protocolo nº 319/2010. Resultados Dos 258 sujeitos, 102 são amputados transfemorais, sendo este o número total da amostra. Destes, 87 (85,30%) eram do sexo masculino e 15 (14,70%) do feminino. Quanto à faixa etária dos sujeitos, apenas 1 (0.98%) se enquadrou na faixa etária de 10-19 anos, 9 (8,82%) ficaram entre 20-29 anos, 17 (16,67%) entre 30-39 anos, 12 (11,76%) possuiam de 40-49 11 anos, 15 (14,71%) de 50-59 anos, 24 (23,53%) entre 60-69 anos sendo a faixa etária mais prevalente neste estudo, 16 (15,69%) entre 70-79 anos e 8 (7,84%) possuiam 80 anos ou mais. Quanto ao estado civil dos indivíduos, 19 (18,63%) eram solteiros, 61 (59,80%) casados, 17 (16,67%) viúvos e 5 (4,90%) divorciádos. Com relação a causa da amputação, a mais prevalente foi a vascular com 43 (42,16%) dos sujeitos estudados, em seguida foram os acidentes automobilísticos com 28 (27,45%), 13 (12,75%) acidente de trabalho, 9 (8,82%) diabete mellitus, 7 (6,86%) causa infecciosa e, menos prevalentes foram os tumores com 1 (0,98%) e anomalias congênitas 1 (0,98%). Da amostra estudada, 46 (41,44%) não apresentavam fatores de risco, 1 (0,90%) era portador de uma anomalia congênita, 21 (18,92%) apresentava hipertensão arterial sistêmica, 21 (18,92%) diabete mellitus, 21 (18,92%) eram fumantes e 1 (0,90%) etilista. Ao relacionar a causa da amputação mais prevalente, ou seja, causa vascular, com os fatores de risco, encontrou-se 18 (41,9%) com o hábito tabágico, 15 (34,9%) com Diabete Mellitus e, 13 (30,23%) de relação com Hipertensão Arterial Sistemica. Ainda, não houve relação com a presença de etilismo e, dos 43 (42,16%) amputados por causas vasculares, 23 (53,49%) não apresentaram fator de risco. Quanto à queixa principal, o edema foi relatado com mais frequência, sendo 32 (24,80%), logo atrás ficou a sensação fantasma com 30 (23,26%), seguido de dor fantasma com 26 (20,16%), dor no coto 8 (6,20%), neuroma 6 (4,65%) e deformidade no coto com 3 (2,33%). Sendo que, dos 102 indivíduos, 24 (18,60%) não apresentavam nenhuma queixa. Discussão Neste estudo, há predomínio de amputações no sexo masculino, bem como no estudo realizado por Leite (2004), com 12 pacientes amputados de membros inferiores onde 61,5% eram do sexo masculino e 38,5% do sexo feminino. Nissen (1992) e Cassefo (2003) citam o predomínio do sexo masculino em seus estudos, variando de 71% a 88%. A faixa etária mais prevalente foi dos 60-69 anos, seguido de adultos-jovens entre os 30-39 anos. Segundo Guccione (2002) os idosos, constituem a maior parcela dos indivíduos com amputação de membro inferior, e as amputações de membro inferior nesse grupo ocorrem com uma consequência da doença vascular periférica, principalmente associada a diabetes. A principal causa para amputação encontrada foi a vascular, seguido de acidentes automobilísticos, o que vem de encontro a outros autores como Ramaciotti (1995) que diz que as amputações em pacientes com obstrução arterial representam a maior porcentagem das amputações realizadas nos membros inferiores. Para Luccia (2003), a insuficiência vascular periférica é responsável por 80% de todas amputações de membros inferiores em indivíduos adultos. As taxas de mortalidade associadas às amputações de membros em pacientes “vasculares” (6% a 17%), em particular as transtibiais e transfemorais, indicam a gravidade do paciente. Diz que Guarino e colaboradores (2007), a etiologia vascular foi responsável por 62,8% das amputações; os traumas ocorreram em 28,2% dos casos; as infecções acometeram 6,4% dos pacientes e os tumores 1,3%, concordando com o presente estudo. Já, no estudo de Santos (2010) a principal causa de amputação foi a traumática, porém este fato pode ser explicado devido a região onde foi realizado. Os traumatismos, são à segunda maior causa de amputação, e são responsáveis por 10,6% das amputações ocorridas em membros inferiores (CARVALHO et al. 2005), acometendo principalmente adultos jovens, sendo indicada quando se torna impossível uma reconstrução do membro lesionado (BRITO, 2005). O estudo de Carvalho (2005) vem de encontro a este, onde os traumatismos foram a segunda causa principal de amputação, perdendo apenas para as causas vasculares. Para Agne (2004), diz que as amputações causadas por 13 traumatismos são consequência em grande parte de fraturas expostas, contaminação severa de ferida, lesões do tipo esmagamento que levam a necrose muscular progressiva e retardo no tempo de vascularização - menor que 6 horas. Os acidentes de trabalho provocam além de mortes, incapacidades permanentes e temporárias (CONCHA-BARRIENTOS, 2005). No Brasil, dos 376.240 agravos ocupacionais registrados no ano 2000, 81% resultaram em incapacidade temporária, 4% em incapacidade permanente e 1% em óbitos. Na Bahia, em 2000, analisando-se todos os benefícios concedidos por problemas de saúde pela Previdência Social, observou-se que 9,6% dos acidentes de trabalho causaram incapacidade permanente total (SANTANA, 2006). Os conceitos acima vem de encontro a este estudo, onde a terceira causa principal para amputação foram os acidentes automobilísticos. A hipertensão arterial contribui para o desenvolvimento e progressão das complicações crônicas do DM (ADA, 2000). Sua presença sem o respectivo tratamento é importante fator de risco para as amputações por DM (GAMBA, 2004), também de acordo com este estudo, onde a amputação por DM apareceu entre as principais causas. Em relação a causa infecciosa e tumoral, os demais estudos mostram concordância com este, devido a reduzida incidência. Para Carvalho (2005), as amputações infecciosas estão diretamente relacionadas a processos traumáticos e vasculares, sendo que a sua frequência vem diminuindo devido aos avanços laboratoriais (CARVALHO et al., 2005). A infecção comumente associada à gangrena é muito comum em pacientes diabéticos. A gangrena quase sempre indica a necessidade de amputação; sua extensão e a presença ou ausência de uma linha de delimitação são fatores importantes (SANTOS; NASCIMENTO, 2003). Ainda, as amputações tumorais têm diminuído consideravelmente, graças a bons resultados obtidos pelo diagnóstico precoce, a radioterapia, a quimioterapia, a utilização de endoprótese, os enxertos e algumas outras cirurgias conservadoras (CARVALHO, 2003). 14