IMPACTOS AMBIENTAIS NA EXTRAÇÃO DE ARGILA NO MUNICÍPIO DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE / RN 1 Mauro Froes Meyer - Professor do IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte) e-mail: [email protected] e [email protected] e [email protected] 2 Julio César de Pontes - Professor do IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte) 3 João Batista Monteiro de Souza - Professor do IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte) 4 Marcondes Mendes de Souza - Professor do IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte) 5 Ana Paula de Araújo Ferreira – Aluna do Curso de Mineração do IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte). 6 Lorena Luzia Alexandre Silva – Aluna do Curso de Mineração do IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte). 7 Maysa Laís da Cunha Silva – Aluna do Curso de Mineração do IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte). 8 Nayra Maria Gomes Magno Pinto - Aluna do Curso de Mineração do IFRN (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte). TEMA: Meio Ambiente – SESSÃO TÉCNICA: Meio Ambiente, Saúde e Segurança RESUMO O presente trabalho tem como objetivo, demonstrar as formas de exploração da argila no Estado do Rio Grande do Norte – sobre este, inferimos no trabalho inferimos no trabalho sua caracterização, com dados sobre relevo, hidrografia, clima, vegetação, tipos de solo – no município de São Gonçalo do Amarante – apresentamos também suas características gerais para fim artesanal. Apresentamos também os mais variados tipos de argila, dando ênfase no tratamento do referido minério da cerâmica Santa Marta. Abordamos também os impactos ambientais gerados na região pela atividade extrativa e quais métodos podem ser usados para minimizar tais impactos. Palavras-chave: argila, São Gonçalo do Amarante, impactos ambientais. ABSTRACT This paper aims to demonstrate ways of holding the clay in the state of Rio Grande do Norte - on this, we infer at work at work infer its characteristics, with data on topography, hydrography, climate, vegetation, soil types - in São Gonçalo do Amarante - also present their general characteristics to end craftsmanship. We also present the various types of clay, emphasizing the treatment of ore above the ceramic Santa Marta. We also study the environmental impacts generated by extractive activities in the region and what methods can be used to minimize such impacts. Key words: clay; Sao Goncalo do Amarante; environmental impacts. INTRODUÇÃO O seguinte trabalho foi realizado com base na extração de argila no município de São Gonçalo do Amarante, localizado na grande Natal/RN. O objetivo desta pesquisa foi descobrir os impactos ambientais causados a partir dos métodos de extração da argila, e possíveis métodos de restauração para esse meio que foi danificado. A extração apesar de gerar desenvolvimento social e econômico atinge diretamente o meio ambiente gerando impactos ambientais. Por isso se faz necessário o monitoramento desta atividade extrativa para que não haja impactos ambientais irreversíveis. Primeiramente apresentamos uma definição para o termo argila, ou seja, material natural, proveniente da decomposição, durante milhões de anos, das rochas feldspáticas, muito abundantes na crosta terrestre. Possuem textura terrosa ou argilácea, de granulação fina, com partículas de forma lamelar ou fibrosa, constituída essencialmente de argilo-minerais podendo conter outros minerais que não são argilo-minerais (quartzo, mica, pirita, hematita, etc.), matéria orgânica e outras impurezas de partículas com tamanho inferior a 2µm (micrômetro). CARACTERIZAÇÃO REGIONAL E LOCAL DE SÃO GONÇALO DO AMARANTE Caracterização do território: O Rio Grande do Norte está localizado na região Nordeste do Brasil. Sua extensão territorial é de 52.796,791 quilômetros quadrados, divididos em 167 municípios, correspondendo a 0,62% do território nacional. De acordo com a pesquisa populacional realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2009, o Rio Grande do Norte totaliza 3.137.541 habitantes. A densidade demográfica é de aproximadamente 59,5 habitantes por km², e o crescimento demográfico é de 1,8% ao ano. Caracterização do município de São Gonçalo do Amarante - RN: O município de São Gonçalo do Amarante está localizado no Estado do Rio Grande do Norte, possui uma área territorial de 251,31 km², o equivalente a 0,49% da superfície estadual. São Gonçalo integra a Grande natal, fazendo limites ao norte com os municípios de Ceará-Mirim e Extremoz, ao sul com Macaíba, a leste com Natal e a oeste com Ielmo Marinho. Figura 1 – Mapa de localização do município de São Gonçalo do Amarante. A densidade demográfica é de 266,55 hab/km². A rede de saúde dispõe de 01 Hospital com 50 leitos e 17 Unidades Ambulatoriais. Na área educacional, o município possui 75 estabelecimentos de ensino, sendo 49 de ensino médio da Administração Municipal, 10 da Administração Estadual e 16 Particulares. No ranking de desenvolvimento, São Gonçalo do Amarante está em 18º lugar no estado (18/167 municípios) e em 3.083º lugar no Brasil (3.083/5.561 municípios). O IDH-M=0,694. A esperança de vida ao nascer é de 69,105 anos. Geologia Regional e Local: O Estado do Rio Grande do Norte localiza-se geotectonicamente na Província Borborema, Subprovíncia Setentrional. Seu substrato é constituído por rochas precambrianas que ocupam cerca de 65% de sua área territorial e por rochas sedimentares mesocenozóicas que recobrem a porção restante. O município está inserido geologicamente na Província Borborema; constituído pelos litotipos do Complexo Presidente Juscelino, da Formação Seridó, da Suíte Natal, pelos depósitos Colúvio-eluviais, de Pântanos e Aluvionares.Principais áreas de abrangência dos sedimentos do Grupo Barreiras, com idade do Terciário Superior onde predominam argilas, arenitos conglomeráticos, siltitos, arenitos cauliníticos, inconsolidados e mal formados. Clima: O Clima do município de São Gonçalo do Amarante é predominantemente tropical chuvoso com temperaturas: máxima de 32ºC, média de 27ºC e mínima de 21ºC e precipitações pluviométricas anuais de aproximadamente 1.177,4mm. Vegetação: A vegetação caracterizada por áreas de manguezais ou matas de várzeas que margeiam o estuário do rio Potengi desde o distrito de Santo Antônio do Potengi até as proximidades do bairro Igapó como mostra a figura 2 abaixo. Figura 2 – Vegetação típica do município. Relevo: A área do município está localizada em sedimentos costeiros, na várzea do rio Potengi e nos terraços de tabuleiros do grupo barreiras. Os terrenos são formados basicamente por argilas, normalmente de cor amarela e vermelha, localizadas próximo ao litoral. Hidrografia: A hidrografia do Rio grande do Norte é caracterizada por seu rios que secam em um período do ano devido ao desprovimento de chuvas e localização de aproximadamente 82,65% do seu território na Bacia Hidrográfica do rio Potengi. A hidrogeologia de São Gonçalo do Amarante é formada pelo Aqüífero Barreiras. Características da Argila do Município de São Gonçalo do Amarante: Textura: terrosa; Granulação: fina; Forma das partículas: lamelar; Constituição essencial: argilo - minerais; Composição química: 2SiO, Al2O, 2H2O, silicato aluminoso hidratado. Figura 3 – Aspecto da argila do município de São Gonçalo do Amarante. MÉTODO DE LAVRA: O método de lavra da argila em grande parte se trata do desmonte da jazida com pá carregadeira e retro escavadeira, o que provoca grande devastação e o transporte da argila é feito por caminhões ate a usina de beneficiamento. Figura 4 – Pá Carregadeira utilizada na extração da argila. BENEFICIAMENTO DE MINÉRIO Na etapa do beneficiamento os principais problemas ambientais estão ligados à quantidade de resíduos gerados e a poluição do ar. Os resíduos gerados nessa etapa são muitas vezes descartados em terrenos das empresas de beneficiamento, ocupando assim um grande volume. Como a disposição dos resíduos não é feita de forma correta, é possível observar que eles depois de secos se transformam em pó devido a ação do vento e se espalham poluindo o ar e a vegetação no entorno. Outro grande problema na área de beneficiamento é o consumo de água que é muito alto. E com relação ao ambiente de trabalho, toda atividade de beneficiamento possui vários riscos ambientais como os ruídos, calor, poeira de sílica e vibração, que são bastante prejudiciais à saúde, contudo ainda existem os riscos ergonômicos e acidentes. Fluxograma do Processo O material oriundo da frente de lavra, localizada num local próximo à cerâmica Santa Marta, é trazido por um caminhão carregador e lançado no caixão alimentador. Esse material é levado por uma correia transportadora a um moinho onde o material é degradado em partículas de menor granulometria. Vejamos a seguir um fluxograma representativo da cerâmica Santa Marta. Figura 5 – Fluxograma do processo da Cerâmica Santa Marta. MEIO AMBIENTE: Este tipo de lavra gera grandes impactos ao meio ambiente, representados por alterações profundas da topografia, instabilização de taludes, assoreamento de cursos d’água, erosão, desmatamentos, geração de pilhas de material estéril agressivo ao meio ambiente, alteração do pH das águas, contaminação do lençol freático por resíduos provenientes dos processos de lavra e beneficiamento do minério. Medidas Mitigadoras: A atividade de extração mineral é geradora de benefícios econômicos e sociais, porém ao se tratar de uma atividade que agride diretamente o meio ambiente se faz necessário serem tomadas algumas medidas antes, durante e depois da realização da extração mineral. A valorização do rejeito oriundo do beneficiamento é uma boa proposta para evitar que estes resíduos sejam descartados em meio ao ar livre poluindo o ar e os solos ao redor. Outra grande proposta de recuperação ambiental dos mineradores são construir tanques de pisciculturas e plantar árvores em 20% das áreas de exploração de argila, transformando-as em reserva legal. Os planos de recuperação ambiental vão amenizar o impacto causado no meio ambiente da região. Impactos ambientais gerados pela Cerâmica Santa Marta, em São Gonçalo do Amarante: A extração de argila da cerâmica não causa tantos impactos ambientais, pois as cavas oriundas da extração são utilizadas, na época do inverno, como bebedouros para a criação de gado, e em períodos secos a área é recoberta por uma vegetação rasteira utilizada como alimento para os animais. Figura 6- Recuperação ambiental dos locais de extração de argila Figura 7 - Cavas feitas pela extração de Argila utilizadas como bebedouros para a criação de gado CONCLUSÕES: A intenção deste trabalho foi de demonstrar a aplicabilidade dos conhecimentos adquiridos ao longo do curso, tratando do tema exploração de argila. Pesquisando sobre a recuperação ambiental da área de extração de outras empresas, percebemos que nem todas dispõem de tanta facilidade para recuperar a área degradada. Algumas utilizam como alternativa de recuperação o uso das cavas para criadouros de viveiros de camarão. Para observarmos na pratica tais conhecimentos adquiridos, visitamos uma empresa ceramista, chamada Cerâmica Santa Marta, cujo proprietário nos forneceu uma pequena entrevista sobre como se dá a extração e aplicabilidade da argila em sua empresa, que é a fabricação de tijolos destinados à construção civil. É importante lembrar que a argila tem outras aplicações, como a produção de telhas, atividade verificada em outra empresa da mesma região. Pesquisando sobre a recuperação ambiental da área de extração de outras empresas, percebemos que nem todas dispõem de tanta facilidade para recuperar a área degradada. De início parece uma boa idéia, mas logo percebemos que não é uma atividade correta, pois a criação de camarão causa a contaminação do solo, devido ao alimento que é dado a estes, alem de agressões que o próprio camarão causa ao solo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. ALEXANDRE, D. Normas ambientais ISO 14000 - Como podem influenciar sua empresa. Rio de Janeiro: CNI / DAMPI, 1995. 65p. 2. BICCA, I. da S. Estudo de viabilidade de utilização do rejeito cerâmico como agregado graúdo na produção de concreto com características estruturais.. Defesa de Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil). - Escola de Engenharia, Universidade do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2000. 3. FERRÃO, P. C. Introdução à gestão ambiental: a avaliação do ciclo de vida dos produtos. Lisboa: IST Press, 1998. 4. GREGOLLETI, G. Caracterização dos impactos ambientais de indústrias de cerâmica vermelha no estado do Rio Grande do Sul. Escola de engenharia programa de pósgraduação em engenharia civil. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, 2001 5. MOTTA, José Francisco Marciano. Panorama das Matérias-Primas Utilizadas na Indústria de Revestimentos Cerâmicos: Desafios ao Setor Produtivo. 1ª Divisão de Geologia do Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo. São Paulo, 1998 6. NASCIMENTO, Waldécio Sávio dos Anjos. Avaliação dos impactos ambientais gerados por uma indústria cerâmica típica da região do Seridó/RN. Natal, 2007.