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PREGAÇÃO E AÇÃO A ação conforme a pregação é mais do que um legado político. É uma lição de vida. Oswaldo Martins, competente jornalista e um dos melhores amigos do saudoso Mario Covas, na apresentação do livro “Mario Covas – A Ação conforme a pregação – uma revolução ética em São Paulo”, é autor da frase que abre esta crônica. No livro, Oswaldo Martins registra que tudo aquilo que Mario Covas defendeu como parlamentar (deputado e senador), praticou como chefe de executivo (prefeito e governador), sobretudo, o amor à democracia. O país vive um momento de grave crise política, econômica, institucional e social. Discutem-­‐se alternativas para enfrentá-­‐la. Mas fica-­‐se no terreno das boas intenções; dos almoços e jantares. Faltam ações. Ou, como ensinava e agia Mario Covas, a ação conforme a pregação é mais do que um legado político. É uma lição de vida. Geraldo Alckmin, que foi colaborador dileto e direto de Mario Covas relata como aconteceu o saneamento financeiro do Estado de São Paulo e que permitiu um planejamento a longo prazo. Com planejamento, coragem e determinação, a curto prazo, evitou a falência. Foi uma ação salvadora. Covas tinha visão de futuro; antecipou-­‐se no tempo. Em São Paulo, a Lei de Responsabilidade Fiscal chegou oito anos antes; desde 1995 passou a vigorar os ditames da lei, que iniciou uma nova cultura na política, abandonando o imediatismo. O governador teve essa visão e ação de responsabilidade, de administrador público, de preparar o Estado para o futuro e de realizar. Pregação e ação. As propostas para enfrentar a grave crise brasileira estão nas manifestações de ruas, nas mídias sociais, nos artigos e crônicas dos jornais e revistas. Nas casas Legislativas (Senado, Câmara Federal, Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais); no Executivo e no Judiciário. Faltam ações concretas. Falta vontade política. Ações para reduzir efetivamente a despesa pública e aumentar a receita, sem elevar os tributos e assim contribuir para o ajuste fiscal dependem de vontade política para executá-­‐las. Algumas que tem sido sugeridas, dentre outras: a) redução de 39 para, no máximo, 15 ministérios; b) redução de estrutura dos ministérios não essenciais; c) extinguir 15% [Digite texto]
dos cargos em comissão, inclusive de autarquias; d) suspender, por pelo menos dois anos, o provimento de cargos públicos vagos ou que se vagarem; e) implementar, como propôs o competente Cid Heraclito de Queiroz, um dos autores da Lei de Responsabilidade Fiscal, o Fundo do Regime Geral da Previdência Social, previsto no artigo 250 da Constituição, na forma estabelecida pelo artigo 68 da Lei de Responsabilidade Fiscal, e com isso o déficit da Previdência. Os princípios éticos são, também, importantes para nortear as ações das pessoas em um país que se pretenda ser democrático e justo. Não se trata de uma sociedade utópica, como a desenhada por Thomas Morus, mas de práticas perceptíveis e necessárias, lamentavelmente esquecidas nos dias atuais. Um dos antídotos mais eficazes para essa ameaça letal à democracia é a educação. Tanto a que aprendemos em casa, como a transmitida na escola. As instituições de ensino precisam assumir o compromisso de educar os alunos dentro dos princípios da ética e da democracia. Boas idéias, excelentes projetos não faltam. Falta vontade política. Mario Covas, em um dos últimos atos de sua vida pública, ao inaugurar a ampliação da pista do aeroporto em Botucatu, deu mais uma lição lapidar: “Fazer obras é obrigação do governo; o essencial é hierarquizá-­‐las. E o mais importante é que o governo deve ter princípios e valores para custear sua ação: respeito ao dinheiro público, eficiência e transparência na gestão pública, democracia participativa”. De novo, pregação e ação. (Jornal Correio Braziliense, 16/09/2015.) 
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