PROJETO EDUCATIVO I – O CONTEXTO Gondomar é um concelho urbano do distrito do Porto e da Área Metropolitana do Porto, desenvolvendo-se numa área constituída pelas zonas periféricas da cidade do Porto, com maiores densidades populacionais, com as freguesias mais urbanas e os melhores solos agrícolas e noutra área, mais interior ao concelho, mais acidentada e com menor concentração populacional. A realidade socioeconómica, no concelho, tem uma dimensão tradicional, com peso considerável, nas áreas da filigrana e da marcenaria. Mas desenvolve-se também pela metalurgia ligeira, têxteis, construção civil, contraplacados e eletrodomésticos. Com o crescimento dos setores secundário e terciário, tem vindo a decrescer o peso do setor primário, embora se registe ainda uma produtividade significativa, em resultado da exploração da terra como dupla atividade. Sendo raras as unidades industriais de média e grande dimensão; proliferam, no entanto, as pequenas unidades industriais, com frequência familiares, sobretudo na indústria da ourivesaria. Em conclusão, poderá dizer-se que Gondomar tem uma forte tradição nas artes do ouro, da prata e da madeira. Destas, a arte de trabalhar a talha e a madeira tem subsistido apenas por devoção dos “poetas da madeira”. Impõe-se, por isso, a necessidade de tornar estas atividades competitivas, habilitar as novas gerações com meios de luta contra o desemprego e com ocupações rentáveis e preservar os valores culturais e tradicionais. É neste contexto que, por imperativos vários, se desenha a necessidade de uma Escola Profissional para o concelho de Gondomar. São imperativos, primeiro, de ordem sistémica, em ordem a completar o quadro de serviços educativos concelhio; são, depois, os imperativos dos direitos dos cidadãos, sejam os jovens em idade escolar e as suas famílias, sejam os agentes económicos e demais forças vivas do município; e são, ainda, os imperativos de uma sociedade em mudança, posta perante os desafios da modernização e da competitividade, mas também necessitada de se refundar nos valores da solidariedade, da democracia, da tolerância e da autonomia. 1 II – OS PRESSUPOSTOS A Escola nortear-se-á por alguns princípios que serão, simultaneamente, a sua justificação e os referenciais da sua ação: - a ação educativa deve estar orientada para a aquisição de conhecimentos, de capacidades e de valores, - a Escola formará os alunos para um mundo em acelerada transformação; - o processo de ensino-aprendizagem será orientado no sentido de valorizar a diversidade de capacidades e de aptidões, - a aprendizagem será centrada no “aprender fazendo”, na interdisciplinaridade e na investigação teórica; - a formação doseará o trabalho individual com o trabalho coletivo, a investigação teórica e a pesquisa intelectual com a experimentação e o trabalho prático; - a ação educativa assentará nos quatro grandes pilares propostos pelo Relatório J. Delors (1996): aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver em comum e aprender a ser. III – AS FINALIDADES Em termos gerais, a Escola propõe-se intervir em três grandes dimensões: - contribuir para o desenvolvimento social, económico e cultural da comunidade, analisando necessidades de formação locais para proporcionar as respostas formativas adequadas e formando profissionais qualificados e quadros médios; - completar a oferta educativa do concelho e satisfazer as expectativas de formação profissional dos jovens e das suas famílias; - constituir-se como interlocutor e parceiro na construção empenhada de uma sociedade melhor, mormente ao nível local. IV – OS OBJETIVOS Na sua ação educativa e formativa, a Escola cumprirá os seguintes objetivos: 2 - Educar para os valores, designadamente: a liberdade, a autonomia, a solidariedade, a democracia, a tolerância, o desenvolvimento - Proporcionar uma formação integral e integrada dos jovens, dotando-os de qualificação para a vida a ativa, para o exercício profissional e para o prosseguimento de estudos; - Formar técnicos com elevada qualificação profissional; - Garantir um ensino com elevada qualificação académica e estimulador do prosseguimento de estudos aos alunos que concluam este nível de ensino; - Responder à procura social de mão de obra com qualificação média. IV - ORIENTAÇÃO ESTRATÉGICA A Escola Profissional de Gondomar privilegiará as seguintes linhas estratégicas: - gestão: assumirá uma liderança forte, privilegiando a atuação democrática e a participação nas decisões; - ação educativa: a Escola será um espaço aberto de formação e educação global, constituindo-se como autêntica “cidade educativa” (Saenz, 1993), porque, se todos serão aprendentes, reconhecer-se-á que todos terão algo a ensinar; - formação de professores e formadores: tendo, embora, que recorrer a professores e formadores “feitos”, a Escola, reconhecendo a especificidade do ensino profissional e a necessidade de se dotar de professores e formadores competentes e identificados com o seu projeto educativo, privilegiará a formação dos seus próprios professores e formadores, quer proporcionando formação inicial, quer garantindo formação contínua, quer facultando formação em serviço, isto é, fazendo acompanhamento orientado do exercício educativo. CONCLUSÃO A Escola estará de frente para as expectativas – legítimas ou de direito, interessadas ou naturais, expectantes ou curiosas – da comunidade, do meio e de todos os interessados. Serão elas a sua referência, por um lado, e a sua consciência vigilante, por outro. 3 A clarificação destas expectativas conduzi-la-á, juntamente com os seus parceiros, à formulação objetiva e determinada das intenções agregadoras duma comunidade educativa polarizada na Escola. A sua ação traduzirá uma vontade clara e esclarecida, uma vontade construída, uma vontade coletiva. Propõe-se ser uma Escola estável e sempre nova: construindo-se na inovação e na mudança, renovando-se na sua identidade, afirmando-se no Ser e no Querer. 4