16 • SEXTA-FEIRA, 5 DE OUTUBRO 2012 700 mil razões para agir Associações de doentes apresentam soluções para evitar problemas de acesso a medicamentos e a cuidados de Saúde Numa altura de instabilidade no setor da Saúde, representantes de mais de 20 associações de doentes em Portugal uniram-se para apresentar propostas concretas para os problemas com que se debatem hoje os mais de 700 mil doentes crónicos portugueses relativamente ao acesso à Saúde, à qualidade dos serviços prestados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS) e ao tratamento e grau de humanização dos serviços. O resultado foi a “Carta branca para as doenças crónicas”, um documento que tem por objetivo alertar para as mudanças que se estão a registar no setor da Saúde. mité Executivo composto pela Associação Nacional de Doentes com Artrite Reumatoide (ANDAR), a Associação Grupo de os últimos tempos, têm sido suApoio SOS HEPATITES, a Federação de cessivos os cortes efetuados no Doenças Raras em Portugal (FEDRA) e o setor da Saúde, com consecutivas Grupo Português de Ativistas sobre Trareduções dos orçamentos destinados aos tamentos do VIH/SIDA (GAT). cuidados e aos tratamentos disponibiliza“A conjuntura atual e aquela a que asdos pelo SNS, estando presistimos na área da Saúde vistos mais para o próximo é preocupante, sobretudo ano. Estas medidas, bem para os doentes com patolocomo o total ignorar dos regias crónicas”, afirma Paula presentantes das associaBrito e Costa, presidente da ções de doentes na definição FEDRA. Neste sentido, dede políticas que os afetam senvolve, “as associações diretamente, são motivo de decidiram, em conjunto, dispreocupação, uma vez que cutir esta situação e elaborar colocam em causa a qualia ‘Carta Branca’, que será endade dos cuidados de saúde tregue à tutela. Nós defendeprestados em Portugal e, mos um SNS que existe para particularmente, a vida dos Paula Brito e Costa pessoas que necessitem”. cerca de 700 mil portugueJá na opinião de Luís ses que sofrem de doenças crónicas. Mendão, presidente do GAT, “porque há Por este motivo, representantes de sinais graves de diminuição de acesso e mais de 20 associações reuniram-se num qualidade no SNS, nós (doentes) e as nosencontro – Fórum Saúde – para debater e sas organizações temos que apresentar publicamente propostas conser parceiros no processo de cretas para três das áreas que consideram garantir a sustentabilidade, essenciais para melhorar a qualidade dos qualidade e acesso no SNS”. cuidados de Saúde prestados. Da iniciativa E acrescenta: “Queremos ser resultou a “Carta branca para as doenças parte da solução e trabalhar crónicas”, um documento apresentado em conjunto.” publicamente na passada terça-feira, que Por seu lado, Emília Ropretende alertar a Troika, o Governo e a podrigues, presidente da SOS pulação em geral para o impacto das muHepatites, afirma: “Em temdanças que se estão a verificar no setor. po de crise, começam a exisA carta foi ratificada por 25 associatir desigualdades ao acesso ções de doentes e presidida por um Coe no tratamento dos doentes, Luís Mendão Susana Catarino Mendes N facto que não podemos pertamento médico de qualidade, mitir.” Por isso, refere, “no independentemente do local Fórum Saúde, debatemos as onde vivem, da sua condição necessidades dos doentes e social e do rendimento auferiprocurámos soluções para o do”, refere a “Carta branca”. apoio ao doente, o acesso à Para as associações de doSaúde, a qualidade dos serentes, “é vital” que o Ministéviços prestados, o acesso ao rio da Saúde as entenda como tratamento e a humanização parceiros sociais interveniendos cuidados”. tes nas diferentes áreas de Na opinião de Arsiseatuação inseridas em grupos te Saraiva, presidente da de trabalho, de acordo com o Emília Rodrigues ANDAR, “a situação é crítica tipo de patologias que repree cada vez mais gravosa”. Em sentam, para que as políticas relação à artrite reumatoide, “os doentes de saúde sejam centradas no doente. já foram e estão a ser muito penalizados O reconhecimento e atualização do cricom o problema das taxas tério de “estatuto de doença moderadoras”. Além disso, crónica” e da lista de doenças “há centros de saúde que consideradas crónicas devem não referenciam os doentes ser, na sua opinião, outras das ao reumatologista”. prioridades. A presidente da ANDAR A celeridade na implefaz ainda referência aos mentação efetiva dos centros problemas no acesso à mede referência e consequente dicação que têm ocorrido. rede de centros de compe“Embora consignada num tência (de proximidade), a despacho, algumas adminisnível nacional, por grupos de trações hospitalares contipatologias de forma a garantir nuam a entravar o acesso à Arsisete Saraiva melhor qualidade e equidade terapêutica.” Nestes casos, no tratamento é outro dos indica, “pedimos aos nossos doentes que aspetos que consideram que o Ministério façam a sua queixa no livro de reclamadeve ter em conta para garantir qualidade, ções e nos enviem a mesma”. equidade e no tratamento. “Enquanto estes centros de referência As soluções apresentadas não forem definidos, não poderão aceitar que o acesso dos doentes aos hospitais A criação de um Fundo de Comparticipaesteja desigual. Os pacientes têm direito a ção para medicamentos inovadores, a defiser tratados e de escolher onde o querem nição de Normas de Orientação terapêuticas fazer”, refere a carta. com a participação de representantes das As associações entendem, ainda, que associações de doentes e a centralização deve investir-se na criação de um sistema das compras num único insde monitorização e registo de queixas por tituto e não por hospital, são falta de acesso, equidade e tratamento três soluções concretas apredos doentes. sentadas pelas associações. Por último, defendem que o acesso dos “Sabemos que os sistemas doentes a terapêuticas inovadoras e com de saúde atuais devem ser vantagens demonstradas de eficácia e sejustos, equitativos e centrados gurança não seja limitado e garanta que no doente, segundo a lógica as prescrições médicas são cumpridas; as da racionalidade dos recurembalagens dispensadas pelas farmácias sos existentes e que hoje são hospitalares não são violadas; os tempos bastante limitados. Acreditade aprovação de medicamentos inovadomos que todos têm o direito res são cumpridos; e, finalmente, o abasà igualdade de acesso ao tratecimento total do mercado nacional. 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