Problemas e Soluções para o Setor Petróleo no Brasil 1. Carater da Petrobras 2. Parque para construção de plataformas; 3. Deficiência de derivados (GLP e Diesel); 4. Perda de faturamento na venda final (Participação da BR no mercado); 5. Altos gastos com frete; 6. Segurança operacional das Unidades (de produção, transporte e refino); 7. Segurança nas informações ( Sap); 8. Qualidade dos combustíveis vendidos nos postos; 9. Participação na cadeia petro(e gás)química; 10. Política de pessoal 11. Fortalecer o domínio tecnológico da Petrobras 12. As Questões de Organização 1- Carater da Perobras A Petrobras no governo FHC, principalmente a partir da regulamentação da quebra do monopólio, e de forma mais acentuada depois da reestruturação comandada por Reichstul, passou a ser administrada como empresa privada, voltada para o lucro. É preciso que o Governo Lula devolva à Petrobras o caracter de empresa estatal, que cumpra o papel de abastecer de combustível o Brasil. Mas ela precisa também retomar seu papel de empresa indutora do desenvolvimento econômico e social do País . A Petrobrás possui um enorme papel social no Brasil. É a maior arrecadadoras de impostos e taxas diversas. Além disso, é uma grande compradora no mercado nacional e uma grande patrocinadora de programas ambientais, de esporte e lazer, etc. Mas ultimamente, na política de compra pelo menor preço, muitas vezes tem priorizado aquisições no exterior. É preciso rever esses parâmetros. Obviamente que sem desconsiderar o fator preço, deve ter uma política de compras que priorize o fortalecimento da indústria nacional. Em uma empresa que contribui com sua capacidade tecnológica e infraestrutura na resolução de outros problemas industriais do país, como seria um eventual programa de produção e utilização o biodisel. Ou ajudar na solução de alguns problemas sociais como seria o caso de associarse a ANA e disponibilizar a sua estrutura de perfuração de poços e conhecimento geofísico a disposição do país para localizar água e perfurar poços visando ao combate à seca no Nordeste. 2- Parque para construção de plataformas; Na construção de uma plataforma outros fatores além de preço são determinantes para se decidir onde encomendar. Dentre esses outros fatores, o principal é o tempo de entrega da encomenda. Atrasos significam deixar de produzir, e portanto, continuar importando petróleo, com custos para a sociedade como um todo. No caso das plataformas já em processo de contratação no exterior, ter-se-á que reavaliar a possibilidade jurídica de rescindir os contratos já efetuados e a viabilidade técnica-econômica de construí-las aqui. Da mesma forma, é preciso um estudo do parque de construção naval brasileiro para se verificar que deficiências devam ser superadas a fim de torna-lo capaz de fornecer os equipamentos que a Petrobrás (e eventualmente outras empresas) precisarão no curto prazo para dar conta do aumento de produção nacional de petróleo. 3- Deficiência de derivados (GLP e Diesel) Hoje o Brasil importa esses dois derivados. Há dois caminhos para superar o problema: 1- adaptação do parque de refino nacional a fim de otimizar a produção destes dois derivados; 2- substituí-los por outras fontes A primeira hipótese depende de uma avaliação técnico-econômica que o próprio corpo técnico da Petrobrás , através de seu Centro de Pesquisas e do Serviço de Engenharia poderão fazer. Este caminho poderá se constituir em uma prioridade na eventual construção de novas unidades de refino no País. A segunda hipótese depende mais de decisão política de governo. O óleo diesel pode ser substituído por biodisel. Vários países europeus estão com programas avançados de produção de biodísel para mistura ao diesel do petróleo e/ou para uso puro. O Brasil possui enorme potencial agrícola de produção de oleoginosas que poderão ser utilizadas na produção de biodísel.(mamona, soja, coco de dendê, etc.). Seu cultivo para este fim teria grande impacto na geração de empregos agrícolas, em agroindústrias e na valorização de um produto que hoje é exportado ”ïn natura”. Um programa de produção de biodísel- a exemplo do que foi o proálcool – poderia a curto prazo ajudar a resolver a dependência do Brasil de importação de diesel. Tal programa deveria envolver uma ação coordenada entre Universidades (tecnologia industrial), a Embrapa (tecnologia agrícola), a Petrobrás ( tecnologia de combustíveis, tecnologia industrial, recursos e infraestrutura) e a indústria (fabricantes de equipamentos). Outra alternativa tanto para substituição do uso de diesel como de GLP é a ampliação do uso de Gás Natural. É bem verdade que o GN já vem substituindo gás de rua em grandes cidades. Mas é necessário ampliar as redes de distribuição a fim de ampliar a substituição do GLP. Por outro lado o uso GNV está se ampliando principalmente em substituição a gasolina. É necessário que o governo intervenha no sentido de viabilizar seu uso em substituição ao diesel. Isto traria enorme ganhos ambientais nos grandes centros bem com econômicos na medida em que pode reduzir a importação deste derivado. 4- Perda de faturamento na venda final (Participação da BR no mercado) Esta é a velha questão de como desprivatizar o Estado Brasileiro. Grande parte dos produtos obtidos pela Petrobrás em suas refinarias é repassada para empresas distribuidoras – as maiores delas multinacionais – que revendem esses produtos aos consumidores finais, com grande margem de lucro e sem risco! Para diminuir esse benefício da estatal para com as empresas privadas há uma solução. Desenvolver uma política agressiva de disputa de mercado por parte da BR distribuidoras. Isto pode ser feito, por exemplo, com uma política de preços. Que a BR reduza suas margens beneficiando o consumidor final. E através de uma política mais agressiva de ampliação de sua rede de postos. Outra questão a se discutir sobre o papel da BR é sua eventual entrada na comercialização de GLP. Hoje a população paga pelo GLP quase três vezes o preço que a Petrobras vende para as distribuidoras. Ou seja, elas ficam com uma grande margem de lucro. Porque não seengtrar nesse mercado,contribuindo pra a redução de preços finais e aumentando a lucratividade da Petrobras? 5 -Altos gastos com frete A interrupção por alguns anos dos investimentos da Fronape na modernização/ampliação de sua frota petroleiros levou o país a um grande déficit de embarcações. Isto implica em um grande gasto anual de divisas com afretamento de embarcações. O Brasil possui tecnologia, matéria prima e parque industrial para construção dessas embarcações. E é um setor altamente indutor de empregos. É necessário, portanto, uma decisão política de repor a capacidade de transporte que o país precisa e orientar os agentes financiadores públicos ( BNDS e outros) a negociar prazos e taxas de juros que e viabilizem a ampliação dos investimentos no setor. Ou seja, é necessário que o país invista neste reais setor a fim de economizar divisas! E, sem dúvida nenhuma, a Petrobrás é a grande indutora destes negócios e pode, ela própria, adiantar recursos para 6- Segurança operacional das Unidades (de produção, transporte e refino) É preciso que a nova direção da Petrobrás tome medidas imediatas para acabar com os acidentes graves que têm vitimado inúmeros trabalhadores e causado enormes impactos ambientais. A solução deste grave problema passa por medidas imediatas, de baixos custos, a medidas de médio prazo que exigem altos investimentos. Dentre as de curto prazo devemos destacar: 1-Valorizar as cipas: - garantir a suas constituição em todas as unidades de terra e de mar como prevê a legislação; -e tomar medidas imediatas para sanar os riscos alertados pelos trabalhadores; 2-Reciclar todos os trabalhadores efetivos no que tange às questões de segurança nas unidades em que atuam; 3- Estabelecer patamares mínimos de horas de treinamento para trabalhadores terceirizados, antes de iniciarem qualquer atividade em qualquer unidade; 4- Garantir a efetiva participação dos representantes sindicais em comissões de apuração de acidentes e o mais amplo debate sobre os respectivos relatórios ; E dentre as medidas de médio prazos, devemos destacar: - fortalecimento dos setores de inspeção de equipamentos para atuarem em todas as unidades operacionais; - estabelecimento de uma política agressiva de substituição de peças e/ou componentes e/ou equipamentos cuja vida útil esteja expirando de acordo com as previsões dos fabricantes ou dos órgãos de inspeção de equipamento da própria empresa. 7 -Segurança nas informações ( Sap) Sabemos que o SAP foi caro e que tem uma grande capacidade. Só não sabemos quais as garantias de inviolabilidade das informações guardadas e/ou que transitarem por ele. Como é um sistema que ainda está em implantação, merece uma verdadeira auditoria por parte de técnicos de absoluta confiança da nova direção da Petrobrás. O resultado desta auditoria será o ponto de partida para se reavaliar se cabe manter este sistema.... 8 - Qualidade dos combustíveis vendidos nos postos Este é um papel da ANP. Sabemos claramente que qualidade está associada a preços. E está amplamente divulgado que existem verdadeira quadrilhas especializadas em fraudar combustíveis no Brasil Então é preciso uma ação combinada entre a PF- reprimindo o comércio de produtos adulterados - e da ANP, implementando uma fiscalização efetiva. Para isto será também necessário desenvolver e popularizar métodos de análises rápidos, cujos aparelhos necessários fiquem disponível para os interessados nos próprios postos de serviços. 9-Participação da Petrobras na cadeia Petro (e gás)química Para as empresas do setor petróleo a participação em indústrias que utilizam derivados como matéria prima é uma forma de agregar valor a seus produtos, aumentando, portanto, sua rentabilidade. A Petrobrás, no entanto, a partir do gov. Collor, foi praticamente afastada do setor petroquímico. Voltou, no entanto, a ser chamada a participar com capital e tecnologia, para viabilizar o pólo Gás-químico de Duque de Caxias. E hoje a participação da Petrobrás neste setor da cadeia produtiva se dá por dois caminhos. Por um lado ainda existe a Petroquisa cuidando da participação da Petrobrás em várias empresas do setor petroquímico brasileiro. Por outro lado, existe outra estrutura, funcionado como área de negócios da Petrobrás, que estuda e opina sobre a participação em empreendimentos como o pólo Gás Químico de Caxias. A futura direção da Petrobrás precisa, portanto: - unificar essas duas estruturas numa só; - estudar formas de aumentar a participação da Petrobras neste setor produtivo como forma de valorizar seus próprios produtos 10-Política de pessoal A Petrobrás hoje vem mantendo seus principais quadros na empresa através de uma política de remuneração variável. Com esta política premia alguns trabalhadores ( em geral os quadros gerenciais e alguns técnicos) com bônus e gratificações extras, enquanto mantém o quadro geral de pessoal bastante arrochado. Esta política é desagregadora de equipes. É preciso rever o plano de cargos e salários da empresa e incrementar uma política de pessoal que considere o nível de especialização necessário em qualquer função na indústria do petróleo por ser um setor que utiliza equipamentos de altas tecnologias. A recuperação do poder aquisitivo dos salários e o fim das discriminações dos novos empregados são questões urgentes para serem resolvidas. E por fim, é preciso estabelecer um cronograma de realização de concurso visando a reposição de efetivos e a substituição por trabalhadores efetivos de todas as funções de atividades permanentes hoje desempenhadas por trabalhadores terceirizados.. Nestes concursos, deverá ser pontuado o fator experiência, visando a aumentar a possibilidade de efetivação dos trabalhadores contratados que já tenham experiência nas suas respectivas funções. 10 - Fortalecer o domínio tecnológico da Petrobrás Significa fortalecer o seu Centro de Pesquisas, sobretudo seu serviços de Engenharia Básica e a atividade Engenharia - ( ex- Segen) ( hoje bastante esvaziados) 12-As Questões de Organização É claro que a reestruturação da Petrobras implementada no governo FHC visava a preparação da empresa para a privatização. A grande autonomia das UNs visava a este objetivo. Da ;autonomia das Uns a sua transformação em empresa independente e posteriormente a venda de parte ou todo dela seria uma questão de tempo. Essa lógica deve ser refeita. Mas qual a organização ideal? Subsidiárias é sempre ruim, ou em alguns casos cabe? As atuais subsidiárias ( como Transpetro, BR, Petroquisa, e outras) devem continuar como tal , ou devem ser incorporadas? Esta é uma discussão que merece ser realizada com cautela, após o aprofundamento dos estudos de prós e contras cada uma das hipóteses. Uma nova reestruturação da Petrobras, para que ela melhor desempenhe o papel de implementadora do desenvolvimento industrial no país no Governo Lula deve ser realizada. Mas esta é uma tarefa para ser executada à luz de profundos estudos.. Contribuição de Mozart para discussão no Rio de Janeiro Rio, 26/11/02