Primeira Igreja Batista do Rio de Janeiro
Estudo 4 - Cartas às Igrejas – II
Apocalipse 3
Elaborado por Gerson Berzins
([email protected])
No estudo do livro do Apocalipse que
estamos desenvolvendo nesta série,
chegamos ao texto do capítulo três, que
nos apresenta as ultimas cartas
endereçadas a Igrejas da Ásia Menor.
Do muito que podemos aprender dessa
seção do livro, vamos destacar algumas
observações relevantes:
Comecemos em atentar para o padrão
que as cartas seguem. Não é estranho
ao espírito do livro que conseguimos
identificar sete partes nas cartas, ainda
que para certas igrejas todas as sete não
foram utilizadas. As partes são:
1. Identificação do destinatário
2. Apresentação do remetente. Jesus
Cristo se identifica de modo
diferenciado a cada igreja, que
destaca uma ou mais de suas
características proféticas.
3. Reconhecimento dos méritos da
igreja. Uma das igrejas não recebe
nenhum reconhecimento
4. Indicação das falhas e erros. Duas
das igrejas não as têm.
5. Imperativo para a correção dos erros
6. Apelo à atenção: “Aquele que tem
ouvidos ouça o que o espírito diz às
Igrejas”.
7. Desafio à persistência na fé,
apresentando a cada igreja a
recompensa reservada aos que
vencerem. Notemos que são sempre
recompensas de cunho espiritual.
A segunda observação diz respeito à
interação entre a igreja e a cidade onde
ela se localiza. O conhecimento das
características das cidades mencionadas
nos ajuda a compreender o que o texto
da carta diz. Assim, quando na carta à
Pérgamo, Jesus diz saber que eles
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viviam onde estava o trono de Satanás,
com certeza se referia ao fato que essa
cidade era um dos ou o mais importante
centro de culto ao imperador romano.
O que deve ser destacado é que cada
igreja reflete as características da
sociedade onde está inserida. As
condições
sociais,
econômicas
e
culturais prevalecentes na cidade estão
presentes na igreja. Como organização
humana a igreja está sujeita a essa
influência. A igreja tem a missão divina
de influir, de ser sal e luz no mundo, mas
não deixa de também ser influenciada.
Quando características ruins e valores
inapropriados da sociedade passam a
ser encontrados na igreja, é hora de
ouvir a advertência. Se as imoralidades
sexuais de onde Satanás habitava se
faziam presentes na igreja era preciso
que Pérgamo, fosse chamada ao
“arrependa-se!”.
A terceira observação deve atentar para
o caráter de Igreja local. A eclesiologia,
isto é a doutrina da igreja, em Apocalipse
é bem desenvolvida e refinada. Quanto
mais atentamos ao que aqui se fala
sobre a função, as características e a
finalidade da igreja, mais aprendemos.
As
igrejas
do
Apocalipse
são
comunidades locais, cada qual com seu
jeito, suas idiossincrasias e sua marca
própria. São tais igrejas que recebem
palavras específicas de Cristo; não há
uma advertência geral endereçada a
uma Igreja Universal presidida pelo
apóstolo João. Como já realçado, todas
essas sete igrejas estavam sob a
influência de João. Com certeza, o
apóstolo as visitava e as conhecia bem.
Enquanto o Espírito ditava as cartas e ia
mencionando os específicos de cada
uma,
poderíamos
ouvir
João
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sussurrando: ‘isso é verdade; de fato
eles são assim’. É o pastor cuidadoso e
carinhoso que conhecia o seu rebanho e
podia endossar cada avaliação. Nos
empolgamos com a igreja institucional;
nos orgulhamos da organização grande;
nos maravilhamos com o poder de
mobilização. Tal não é a Igreja apresentada aqui. A igreja do Apocalipse é um
pequeno punhado de cristãos tentando,
em comunhão, viver a fé em um mundo
hostil, em meio a uma sociedade que os
marginaliza e os persegue. É desse tipo
de igreja que devemos participar.
A última das observações é extraída da
recomendação final das cartas. Ela é um
apelo com promessa. O apelo é pela
persistência; é para não desistir e insistir
na luta até se tornar vencedor.
Ao longo do Apocalipse vemos uma
grande batalha se desenrolando. Essa
guerra é um dos assuntos destacados do
livro, e teólogos a denominam de guerra
messiânica. Retornaremos a esse tema
no desenvolvimento do estudo, para
explorá-lo mais. Por hora, percebemos
que esta vitória a ser perseguida tem a
ver com fidelidade a Jesus Cristo. Lemos
as
cartas,
e
vemos
que
os
reconhecimentos e as reprimendas que
as igrejas recebem são sempre em
função da sua fidelidade à fé que
abraçaram. O vencedor a que as cartas
se referem é, portanto, aquele que
permanecer fiel até o fim. E daí decorre
uma pergunta de relevância: Essas
igrejas do Apocalipse foram vencedoras?
A admoestação insistente e repetida do
Espirito surtiu resultado?
No processo de preparo destes estudos,
tive a oportunidade de visitar as ruínas
de cinco das sete cidades que sediavam
as Igrejas do Apocalipse. As cidades
antigas não mais existem; novas
aglomerações surgiram sobre as ruínas
ou nas proximidades. Temos apenas
uma ideia do que aquelas cidades eram,
mas elas não permaneceram. Como as
cidades, as igrejas também desapareceram, sem deixar qualquer vestígio ou
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rastro. No quesito tempo, no teste da
permanência elas não foram vencedoras.
Mas,
podemos
tentar
avaliar
diferentemente e pensar no legado que
essas igrejas teriam deixado; de como
elas influíram no seu mundo de um modo
permanente.
Infelizmente,
esse
raciocínio também nos leva a concluir
que elas não foram vencedoras: na
região onde elas se situavam, os cristãos
hoje totalizam muito menos que 1% da
população, e cristão aí entendido no seu
conceito mais abrangente possível.
Andando por lá perguntei onde se
acharia uma igreja cristã, e obtive
apenas uma resposta, não muito segura:
‘lá no centro da cidade há um lugar onde
os estrangeiros se reúnem, acho que é
disso que você está falando’. Somos
então forçados a concluir que nenhuma
dessas sete igrejas foram vencedoras?
Creio que o entendimento correto da
eclesiologia do livro nos ajuda a
responder a questão. As cartas foram
dirigidas a pessoas específicas, que
viviam em um lugar definido, em certa
época. São tais pessoas que pela sua
fidelidade a Jesus se tornariam
vencedoras. Ao ler a história do
cristianismo devemos tender a concluir
que venceram. Alguns desses cristãos
venceram sendo fiéis até uma morte
horrível. Outros venceram firmes ao
longo de vidas extensas, como João.
Essas igrejas também venceram porque
nos legaram o exemplo de igrejas
humanas que se esforçavam e falhavam,
mas que mantinham a atenção centrada
no Seu Senhor, e com Jesus
prosseguiam
para
se
tornarem
vencedoras. É só isso que ao final
importa.
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