UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DO MAR
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS MARINHAS TROPICAIS
MARCEL PHILIPPE GERARD MONTE GRADVOHL
AVALIAÇÃO TÉCNICO-FINANCEIRA DE UM CULTIVO DA OSTRADO-MANGUE, Crassostrea brasiliana (LAMARCK, 1818), NA
COMUNIDADE DE GRACIOSA, MUNICÍPIO DE TAPEROÁ, BAHIA
FORTALEZA
2014
MARCEL PHILIPPE GERARD MONTE GRADVOHL
AVALIAÇÃO TÉCNICO-FINANCEIRA DE UM CULTIVO DA OSTRA-DOMANGUE, Crassostrea brasiliana (LAMARCK, 1818), NA COMUNIDADE DE
GRACIOSA, MUNICÍPIO DE TAPEROÁ, BAHIA
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciências Marinhas Tropicais do
Instituto de Ciências do Mar da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial à
obtenção do título de Mestrado em Ciências
Marinhas Tropicais. Área de concentração:
Utilização e Manejo de Ecossistemas
Marinhos e Estuarinos.
Orientador: Prof. Dr. Antônio Adauto Fonteles
Filho
FORTALEZA
2014
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação
Universidade Federal do Ceará
Biblioteca Rui Simões de Menezes
G763a
Gradvohl, Marcel Philippe Gerard Monte.
Avaliação técnico-financeira de um cultivo da ostra-do-mangue Crassostrea brasiliana
(LAMARCK, 1818) na comunidade de Graciosa, município de Taperoá, Bahia / Marcel
Philippe Gerard Monte Gradvohl. – 2014.
71 f.: il. color., enc. ; 30 cm.
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Ceará, Instituto de Ciências do
Mar, Programa de Pós-Graduação em Ciências Marinhas Tropicais, Fortaleza, 2014.
Área de Concentração: Utilização e Manejo de Ecossistemas Marinhos e Estuarinos.
Orientação: Profº. Drº. Antônio Adauto Fonteles Filho.
1. Ostreicultura – Bahia. 2. Criação de ostra - Viabilidade econômica. I. Título.
CDD 639.41
MARCEL PHILIPPE GERARD MONTE GRADVOHL
AVALIAÇÃO TÉCNICO-FINANCEIRA DE UM CULTIVO DA OSTRA-DOMANGUE, Crassostrea brasiliana (LAMARCK, 1818), NA COMUNIDADE DE
GRACIOSA, MUNICÍPIO DE TAPEROÁ, BAHIA
Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Ciências Marinhas Tropicais do
Instituto de Ciências do Mar da Universidade
Federal do Ceará, como requisito parcial à
obtenção do título de Mestrado em Ciências
Marinhas Tropicais. Área de concentração:
Utilização e Manejo de Ecossistemas
Marinhos e Estuarinos.
Aprovada em: 10 / 06 / 2014.
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Antônio Adauto Fonteles Filho (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Prof. Dr. Carlos Tassito Corrêa Ivo
Universidade Federal do Ceará (UFC)
Profª. PhD. Helena Matthews Cascon
Universidade Federal do Ceará (UFC)
AGRADECIMENTO
A estimada irmã Regina Gradvohl de Macedo que me acolheu carinhosamente em seu
lar, durante todo o período do estudo, e de forma incondicional, dando-me todas as condições
materiais e emocionais, que se transformaram em incentivo, esperança e confiança, para que
eu pudesse realizar esse sonho acadêmico do mestrado.
Ao meu orientador, estimado prof. Dr. Antônio Adauto Fonteles Filho, pelas preciosas
contribuições técnico-científicas prestadas durante o desenvolvimento desta pesquisa.
Ao coordenador da pós-graduação do LABOMAR, prof. Dr. Rodrigo Maggioni, pela
análise de identificação taxonômica da espécie de ostra pesquisada, de fundamental
importância ao meu trabalho.
Ao Sr. Valmir Reais Batista, da Associação dos Maricultores e Pescadores de Taperoá
(BA), pelas informações técnicas e contábeis concedidas sobre o cultivo de ostras em
Graciosa (BA), imprescindíveis à realização deste trabalho.
A amiga Nadsa Maria, diretora da biblioteca da UFC – LABOMAR, pelas
contribuições prestadas sobre a formatação da minha dissertação.
A estimada sobrinha Rachel, pela simpática companhia e por todas as caronas cedidas
nos meus deslocamentos entre a residência e o Labomar.
A estimada irmã Lígia Maria, pelo incentivo aos meus estudos, carinho e apoio
logístico prestado na cidade de Salvador-Bahia.
Ao sobrinho David, que mesmo distante, prestou-me muitas informações, sobre a área
financeira, necessárias e inerentes aos meus estudos.
Ao então presidente da Colônia de Pesca Z-53, Sr. Joaci Ribeiro Aleluia (BERÉ), pelo
interesse e apoio político manifestado para que este estudo fosse realizado.
Aos professores e colegas estudantes da Pós-Graduação em Ciências Marinhas
Tropicais da UFC- LABOMAR, pelas reflexões, críticas e sugestões recebidas durante o
tempo de convívio acadêmico.
Aos professores doutores Carlos Tassito e Helena Matthews por participarem da banca
examinadora e prestarem contribuições relevantes à dissertação.
“Só existe uma única coisa mais importante do que
realizar todos os nossos sonhos, é nunca deixar de
sonhar”
Tiago Pessoa.
RESUMO
A ostreicultura destaca-se como uma atividade de grande interesse socioeconômico para a
subregião Baixo Sul da Bahia por este apresentar relevantes condições naturais e geográficas
para instalação de empreendimentos dessa natureza. Esta pesquisa tem por objetivo analisar
técnico-financeiramente o cultivo da ostra Crassostrea brasiliana (Lamarck, 1818) na
comunidade de Graciosa, Taperoá, Bahia e criar controles financeiros para gestão eficiente de
arranjo produtivo familiar como esse. Justifica-se pelo fato de que são incipientes e escassas
as informações econômico-financeiras que propiciem o correto desenvolvimento de atividades
dessa natureza. A metodologia empregada neste estudo valeu-se de uma pesquisa exploratória
descritiva, tendo uma análise técnica de abordagem quali-quantitativa baseadas em visitas
técnicas semanais in loco, e na aplicação de um questionário semiestruturado, realizado entre
os meses de janeiro e dezembro de 2013, por meio de entrevistas com as lideranças do cultivo
de ostras. O sistema de produção adotado é o flutuante, através do uso de espinhel e lanternas,
com emprego de baixa tecnologia, sendo as sementes das ostras coletadas no próprio local do
cultivo, com tamanho de 2 ± 0,5 cm. O cultivo, nas condições atuais estudadas, não
demonstra viabilidade econômica, devido aos insatisfatórios índices financeiros calculados.
Apresenta baixa lucratividade e rentabilidade, respectivamente de 6,93% e 3,17%, com o
preço de venda das ostras por R$ 193,85/milheiro. O lucro só acontece quando são
comprometidos 92,55% das ostras comercializadas. Os meses do ano de 2013 que
apresentaram maiores faturamentos foram janeiro, novembro e dezembro, observando-se
queda no comércio de ostras nos meses de maiores precipitações pluviométricas na subregião
estudada. A viabilidade financeira poderá ocorrer quando o preço de venda praticado alcançar
R$ 250,00/milheiro e o retorno do investimento total se der em 6,1 anos.
Palavras-chave: Espinhel. Lanterna. Ostreicultura. Viabilidade economica.
TECHNICAL AND FINANCIAL EVALUATION OF A CULTURE OF THE
MANGROVE OYSTER, Crassostrea brasiliana (LAMARCK, 1818), IN THE
COMMUNITY OF GRACIOSA, TAPEROÁ COUNTY, BAHIA STATE
ABSTRACT
The oyster stands out as an aquatic resource of great economic and social interest for the
Southern Bahia subregion because of its present relevant natural and geographical conditions
for establishment of enterprises of this nature. This research work aims to analyze the
technical and financial aspects of cultivating the mangrove oyster, Crassostrea brasiliana
(Lamarck, 1818), in the community of Graciosa, Taperoá, Bahia State, and to create financial
controls for fully efficient management of household productive enterprises. This is justified
by the fact that they are incipient and scarce economic and financial information that provide
the correct development of such activities. The methodology used in this study drew on a
descriptive exploratory study with a technical analysis of qualitative and quantitative
approach, based on weekly visits in situ techniques, application of a semi-structured
questionnaires carried out from January to December, 2013, through interviews with leaders
of the oyster farming system. The production system adopted is floating through the use of
long-line and lanterns, employing low-tech and seed oysters are collected at the site of
cultivation itself, with an average size of 2 ± 0.5 cm. The cultivation under the current
conditions shows no economic viability as highlighted by the poor estimated financial indices.
It has low profitability and profitability, respectively 6.93% and 3.17 %, with the selling price
of oysters at R$ 193.85 per thousand. The profit only happens when at least 92.55 % of
oysters are marketed. The months of the year 2013 which had higher billings were January,
November and December, with a fall in trade of oysters in the months of greater rainfall in the
studied subregion being noticed. Financial viability will be seen when the selling price should
reach R$ 250,00 per thousand and total investment return goes up on 6.1 years.
Keywords: Long-line. Lantern. Ostreiculture. Economic viability.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.
Produção mundial da aquicultura e pesca.....................................................
Figura 2.
Preparo artesanal do catado de ostra sem padrão das boas praticas de
13
beneficiamento..............................................................................................
18
Figura 3.
Vista parcial do manguezal próximo a área do cultivo.................................
19
Figura 4.
a) Amostras de ostra para identificação taxonômica; b) Recipientes
plásticos cap.250 ml para embalagens da ostra............................................
20
Figura 5.
Localização do cultivo da ostra no rio da Graciosa, Taperoá (BA)..............
28
Figura 6.
Reunião com liderança da Colônia Z-53; b) Sede da entidade em Taperoá
(BA)................................................................................................................ 29
Figura 7.
a) Ostra aberta apresentando padrão comercial; b) Tamanhos e formas
diferentes.......................................................................................................
Figura 8.
32
a) Seleção de sementes sobre a balsa; b) Tamanhos varias dos de sementes 32
para início de engorda....................................................................................
Figura 9.
Aglomeração de ostras no pilar da ponte do rio da Graciosa (BA)...............
33
Figura 10.
Fases de crescimento da ostra (Crassostrea brasiliana) durante cultivo.............
33
Figura 11.
Vista parcial do sistema flutuante no rio da Graciosa (BA)..........................
34
Figura 12.
Tipos de “pratos” utilizados na confecção das lanternas..............................
34
Figura 13.
Lanterna usada para engorda, com ostras prontas para comércio...............
35
Figura 14.
Balsa de apoio ao cultivo com área de 24 m 2................................................
36
Figura 15.
Vista parcial do espinhel instalado a montante da balsa...............................
36
Figura 16.
Poitas de concreto utilizadas na ancoragem da balsa e espinhel...................
37
Figura 17.
Sementes de ostra (Crassostrea brasiliana) com tamanhos entre 0,5 e 3 cm 38
Figura 18.
Lanternas suspensas ao ar livre para limpeza...............................................
39
Figura 19.
Limpeza de ostras juvenis com uso de faca..................................................
39
Figura 20.
Lanterna coberta pelo fouling.......................................................................
40
Figura 21.
Diagrama de comercialização da ostra oriunda da Graciosa........................
42
Figura 22.
a) Sacos de fibra plástica acondicionado com ostras destinadas ao
comércio; b) Desembarque de ostras embaladas para venda no
atacado...........................................................................................................
Figura 23.
43
a) Restaurante flutuante, com tanque-rede acoplado lateralmente para
acondicionamento de peixes e ostras; b) Ostras gratinadas.........................
43
Figura 24.
Ostra pronta para consumo; b) Estrutura de venda dos ambulantes no
ambiente de praia..........................................................................................
Figura 25.
44
a) Ostras oriundas do extrativismo pesqueiro; b) Catado recém-preparado
pronto congelamento e/ou venda..................................................................
44
Figura 26.
Quantidade em dúzias de ostra vendida no ano de 2013..............................
45
Figura 27.
Distribuição mensal da pluviosidade no município de Taperoá, Bahia em
Figura 27.
2013..............................................................................................................
46
Ponto de equilíbrio do empreendimento......................................................
54
LISTA DE TABELAS
Tabela 1.
Capacidade de produção do empreendimento............................................... 41
Tabela 2.
Custo de construção da balsa........................................................................
47
Tabela 3.
Custo de construção do espinhel...................................................................
48
Tabela 4.
Custo das poitas de atracação da balsa e espinhel......................................... 48
Tabela 5.
Custo da canoa em madeira........................................................................... 49
Tabela 6.
Custo das lanternas........................................................................................ 49
Tabela 7.
Custos fixos, variável e total do empreendimento em 2013.........................
50
Tabela 8.
Custo de manutenção com o cultivo.............................................................
51
Tabela 9.
Quantidades e valores da ostra comercializada em Graciosa, Taperoá
(BA) em 2013...............................................................................................
52
Tabela 10.
Índices de desempenho financeiro do cultivo em 2013...............................
53
Tabela 11.
Projeção dos resultados financeiros ajustados para o período 2014 – 2023.
55
Tabela 12.
Projeção dos resultados financeiros com o preço da ostra a
R$250,00/milheiro........................................................................................
55
Tabela 13. Principais características dos ambientes interno e externo do cultivo..........
56
SUMÁRIO
1.
INTRODUÇÃO....................................................................................................
13
2.
OBJETIVOS.........................................................................................................
16
3.
REFERENCIAL TEÓRICO...............................................................................
17
3.1
Caracterização ambiental do Baixo Sul Baiano................................................
17
3.2
A espécie cultivada................................................................................................ 20
3.3
Sistema da produção............................................................................................
21
3.4
Gestão administrativo-financeira de pequenos negócios..................................
24
4.
MATERIAIS E MÉTODOS................................................................................
27
5.
CARACTERIZAÇÃO TÉCNICA DO CULTIVO DE OSTRAS………….
30
5.1
Infraestrutura destinada ao cultivo....................................................................
33
5.2
Coleta de sementes................................................................................................ 37
5.3
Manejo das ostras cultivadas............................................................................... 38
5.4
Estimativa da capacidade de produção..............................................................
40
5.5
Cadeia de comercialização da ostra cultivada...................................................
41
6.
RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................... 44
6.1
Investimento do cultivo........................................................................................
46
6.2
Estrutura de custo................................................................................................
49
6.3
Receita anual.........................................................................................................
50
6.4
Custo de produção e preço de venda..................................................................
51
6.5
Projeção do novo cenário financeiro................................................................... 56
7
CONCONSIDERAÇÕES GERAIS...................................................................
8
RECOMENDAÇÕES........................................................................................... 59
REFERÊNCIAS...................................................................................................
58
61
APÊNDICE A - MODELO DE ENTREVISTA APLICADO AO
PRORIETARIO DO CULTIVO......................................................................... 65
APÊNCIDE B – FORMULARIOS DE CONTROLES FINANCEIROS.......
69
13
1 INTRODUÇÃO
A sobrexploração dos recursos marinhos em muitas regiões do planeta, em
consequência do excesso de esforço de pesca sobre os estoques, tem levado a uma diminuição
progressiva no volume do pescado capturado por meios artesanais e afetado de maneira
significativa as comunidades litorâneas, historicamente vinculadas a essa atividade de
subsistência (FAO, 2006). As modificações que ocorrem no setor pesqueiro e no meio
ambiente concorrem para o agravamento da depleção dos ecossistemas e das comunidades
pesqueiras, o que tem levado à migração profissional para outros empregos e ocupações fora
do universo da pesca. Nesse contexto, o cultivo de organismos em águas continentais,
estuarinas e marinhas é uma atividade do ramo da agropecuária considerada como uma das
alternativas para o encaminhamento das soluções para o setor pesqueiro, representando
significativo valor socioeconômico para as comunidades litorâneas e ribeirinhas. A mudança
da atitude extrativista tradicional para a de “cultivo em fazendas”, especialmente marinhas e
estuarinas, vem proporcionando renda adicional pela geração de emprego, além da fixação
das populações tradicionais em suas áreas de origem.
De forma inversa às taxas de produção de pescado artesanal ou industrial, a
aquicultura, alavancada por modernas tecnologias e incentivada pelo aumento da demanda,
vem a cada ano ampliando sua área de exploração. Desse modo, pode-se inferir que o
crescimento da produção e o comércio da proteína de origem do pescado para consumo
humano nos anos vindouros, deverá continuar a contar com uma maior contribuição do setor
aquícola quando comparado com o da pesca (Figura 1).
Figura 1. Produção mundial da aquicultura e pesca no período 1950 - 2010.
Ano
Fonte: FAO (2012), adaptada pelo autor.
14
A ostreicultura constitui um ramo da aquicultura que vem se destacando como um
negócio atraente para o desenvolvimento socioambiental das comunidades de pescadores
artesanais na região do Baixo Sul baiano, pelo fato de procurar apoiar-se em critérios de
avaliação da qualidade da água, identificação do perfil socioeconômico dos produtores da
região, sensibilização e mobilização das comunidades produtivas, seleção das famílias e
transferência de tecnologia. Essa atividade também gera oportunidades de negócio para outras
associações de produtores e de serviços e pequenas e médias empresas, contribuindo para a
geração de empregos diretos e indiretos nas áreas de transportes, gastronomia, turismo e
insumos. Acrescenta-se a esses fatores citados, a integração da comunidade com o meio
ambiente, redução do uso da pesca extrativista e aumento da preocupação em preservar o
meio ambiente por parte dos pescadores e marisqueiras, configurando-se como um importante
instrumento de desenvolvimento sustentável ao conciliar as atividades da pesca com a
utilização da mão-de-obra familiar disponível para o processo produtivo (RODRIGUES,
2005).
Segundo IBAMA (2007), a produção baiana de moluscos oriunda do extrativismo
é de 352 t/ano, tendo as ostras uma participação de 30 t. Considerando que uma ostra adulta
tem comprimento e peso médios de 8 cm e 60 g, são necessários 16,7 indivíduos ou 1,4 Dz
para se obter 1 kg de ostras, o que implica em se produzir no Estado da Bahia uma quantidade
desse molusco equivalente a 41,7 mil dúzias num período anual.
O desenvolvimento da forte cultura na Bahia em consumir filé de ostra, na forma
de caldo e/ou moqueca, torna o produto mais caro, exigindo um desgaste físico maior dos
extrativistas submetidos às condições insalubres, por ocasião dos esforços realizados durante
o processo de captura nos manguezais. Considerando-se a ocorrência de um maior retorno
financeiro mostra que a ostreicultura no estado da Bahia, em especial na região do Baixo Sul
baiano, necessita de mais investimentos no fomento à produção e ao consumo desse produto
oriundo de cultivo, sendo isto possível, através da instalação de micro e pequenas empresas
que se interessem em atuar nesse setor produtivo.
Segundo FRANCO (1991 apud MALUCHE, 2000), as empresas de pequeno porte
têm evoluído bastante em nível socioeconômico, pois geram maior número de empregos
diretos e um grande número de empregos indiretos por comprarem seus insumos no mercado
nacional. Além disso, ao se obter maior produtividade do capital, propiciam a geração de
poupança, e representam segurança à comunidade ao oferecer emprego e reduzir certas
disparidades econômicas, pois geralmente produzem menos impactos negativos ao meio
ambiente, reduzem o fluxo migratório e, são principalmente gerenciadas em âmbito nacional.
15
Essas empresas apresentam como pontos fracos os baixos salários pagos a seus empregados e
os altos juros pagos pelo capital de giro necessário ao seu desenvolvimento, sendo seu
ambiente externo marcado por grandes mudanças sociais, econômicas e tecnológicas que as
forçam a interagir com esse meio externo com o fim de buscar soluções e alternativas para
seus problemas. Portanto, a sustentabilidade socioeconômica de todo e qualquer negócio
requer práticas e controles específicos de gestão, principalmente os financeiros e
administrativos, sem se deixar de se dar atenção aos aspectos mercadológicos do negócio,
principalmente os de natureza artesanal, familiar e de pequeno porte.
Na prática da gestão da pequena empresa e/ou pequenas unidades familiares, como é o
caso do cultivo estudado em Graciosa (BA), o controle acontece informalmente e, ao longo do
processo de crescimento, seus proprietários planejam, organizam e controlam as ações
administrativas de forma bastante rudimentar, No entanto, uma eventual intensificação das
atividades passa a exigir a adoção de novas e eficientes formas de controle, com a
interveniência de um administrador financeiro, que é o responsável pelo delineamento das
metas de planejamento e projeções a serem alcançadas, bem como a identificação das
deficiências que a empresa venha a apresentar. Em função disso, admite-se que a existência
de controles administrativos financeiros contribui para a qualidade e sucesso da gestão, como
também ajuda a detectar quando a empresa está com problemas, como fim de buscar soluções
necessárias para a sua futura consolidação.
Este trabalho de pesquisa traduz uma iniciativa científica cuja importância é ressaltada
pelo fato de que são incipientes e escassas as informações técnicas que criem uma
convergência de dados sobre a ostreicultura, nas condições socioambientais do município de
Taperoá, povoado de Graciosa. A sub-região do Baixo Sul baiano apresenta relevantes
condições naturais e alternativas geográficas viáveis para instalação de projetos dessa
natureza, acrescido da facilidade para captura de sementes e manuseio, caracterizando-se
como uma alternativa para a geração de emprego e renda para os pescadores artesanais e
marisqueiras.
Dada à necessidade da implementação de ações voltadas para dinamizar e aperfeiçoar
a produção de moluscos em bases econômicas sustentáveis, este trabalho de pesquisa torna-se
uma contribuição relevante à análise técnico-financeira da produção da ostra Crassostrea
brasiliana, considerando-se a realidade da maricultura familiar e ambiental na comunidade de
Graciosa, município de Taperoá (BA).
16
2 OBJETIVOS
2.1 Geral
Realizar a análise técnico-financeira do cultivo da ostra (Crassostrea brasiliana), na
comunidade de Graciosa, município de Taperoá (BA) e criar controles financeiros para plena
gestão eficiente do empreendimento.
2.2 Específicos

Caracterizar tecnicamente o sistema familiar de produção comercial adotado na
comunidade de Graciosa (BA);

Identificar e quantificar os principais insumos e de mão-de-obra necessária à produção
das ostras cultivadas;

Identificar os custos de investimento e de produção empregado no cultivo;

Estimar o custo unitário de produção e o preço de venda das ostras comercializadas
pelo empreendimento;

Analisar a viabilidade financeira do negócio com base nas estimativas dos índices de
desempenho: lucratividade; rentabilidade; retorno do prazo de investimento e o ponto
de equilíbrio.
17
3 REFERENCIAL TEÓRICO
A pesquisa bibliográfica tem por finalidade disponibilizar informações que permitam o
desenvolvimento e o entendimento do trabalho cientifico. Neste caso, como se trata de uma
avaliação econômico-financeira de um cultivo de ostras no Baixo Sul baiano, são
apresentadas as características do meio ambiente onde o cultivo está inserido, ressaltando os
recursos pesqueiros explorados (mariscos), o clima, a vegetação e seus principais recursos
hídricos, além de uma descrição sobre a espécie cultivada, finalizando com os principais
conceitos inerentes à gestão administrativo-financeira de um negócio e o modelo de avaliação
econômica empregado neste trabalho.
3.1 Caracterização ambiental da região baixo sul baiano
A subregião do Baixo Sul baiano é cortada pelas vias de acesso BR 101 e BA 001, no
sentido Norte-Sul e pelas BA 650 e BA 542, no sentido leste-oeste, distanciado de Salvador
aproximadamente 100 km. Possui área de 6.451 km², correspondendo a 1,14% do total da área
do estado e é considerada uma das regiões de maior diversidade ambiental e paisagística do
país (IBAM, 2010). Engloba onze municípios dos quais sete são litorâneos: Cairú, Taperoá,
Camamu, Igrapiúna, Ituberá, Nilo Peçanha e Valença, componentes da conhecida Costa do
Dendê (FISCHER et al., 2007). Localiza-se na área compreendida entre as coordenadas
geográficas 13°12’S - 14°13’S - 38°30’W - 39°30’W, estendendo-se na direção norte-sul da
divisa do município de Valença até a foz do rio Piracanga, e limita-se a leste, com o oceano
Atlântico e a oeste com os municípios litorâneos acima citados (SEPLANTEC, 1996).
As características físico-ambientais incluem rios, baias, ilhas, cachoeiras, manguezais
e um vasto litoral com 266 km de extensão que ainda tem muito a ser explorado de forma
ecológica e economicamente sustentada, mesmo com as atividades aquícolas implantadas pela
Bahia Pesca. A subregião é privilegiada com uma cobertura de 120.000 ha de manguezais que
permitem uma diversificada atividade da pesca e da aquicultura, motivando assim, o
desenvolvimento de outras ações, desde o fortalecimento do associativismo pesqueiro até a
sua reconhecida caracterização como construtora naval de barcos de pesca e de turismo
(IBAM, 2010).
A pesca artesanal é considerada uma das principais atividades econômicas das
comunidades litorâneas, nas quais a mariscagem, ou captura manual de algumas espécies de
crustáceos e moluscos, exercida em sua maioria pelas mulheres é praticada em períodos de
18
baixamar, na zona de manguezal, possuindo elevada importância social dado o significativo
contingente humano que dela depende, Fadigas; Garcia; Hernandéz (2008 apud SANTOS,
2013). Dentre os moluscos capturados destacam-se as lambretas (Lucina pectinata) que são
comercializadas in natura; os sururus (Mytella charruana) e as ostras vendidas na forma de
“catado”, quando são “desconchadas”, escaldada e congelada em porções que pesam
aproximadamente 1 kg (Figura 2). Dentre os crustáceos, destacam-se os siris (Callinectes
spp.), caranguejos uçá (Ucides cordatus) e aratu (Goniopsis cruentata), comercializados in
natura e/ou beneficiados também na forma de “catado”. O extrativismo da ostra-do-mangue,
praticado principalmente por mulheres, não é necessariamente realizado de forma a preservar
o manguezal, podendo provocar a escassez desse organismo em seus bancos naturais
(SANTOS, 2013).
Figura 2. Preparo artesanal do “catado” de ostra sem padrão das boas praticas de beneficiamento.
Fonte: Elaborada pelo autor.
A subregião pertence ao domínio da Mata Atlântica, com diversas formações florestais
fisionômicas distintas, podendo-se citar as florestas ombrófilas, restingas e os manguezais
(Figura 3), com características de intenso desmatamento ocorrido no seu território,
relacionado à pressão antrópica pelo uso da terra, exploração da madeira, extrativismo e a
crise da cacauicultura, que se constitui a lavoura de maior importância econômica (INGÁ,
2010). O clima é tropical úmido, com elevadas temperaturas (21° - 25°C), e precipitações,
influenciadas pela proximidade do mar, com regime pluviométrico regular de chuvas
abundantes distribuídas durante o ano, com médias anuais superiores a 1.750 mm. Por se
tratar de uma área com grande influência da zona litorânea, a umidade relativa média varia na
19
faixa de 80 - 90% e a velocidade média dos ventos, entre 1,29 m/s e 2,9 m/s. (SEPLANTEC,
1996).
Figura 3. Vista parcial do manguezal próximo a área do cultivo
Fonte: Elaborada pelo autor.
Quanto a recursos hídricos, recebe a influência de onze bacias hidrográficas, dentre as
quais se destacam as dos rios Jiquiriçá e Una, situadas no município de Valença, das Almas,
no município de Nilo Peçanha e Serinhaém, no município de Ituberá (SEPLANTEC, 1996).
Os principais centros urbanos dessa subregião foram formados nas proximidades destes
cursos d’água que além de apresentarem condições de navegabilidade consideradas como
satisfatórias, congregam as principais culturas agrícolas ao longo de suas margens (IBAM,
2010).
Como medidas para proteção ambiental desse ecossistema foram criadas varias APAs
(Áreas de Preservação Ambiental), dentre as quais podem ser citadas: APA de Pancada
Grande, criada através do Decreto Municipal n° 1494de 13/05/93, com 50 ha; APA de
Guaibim, Decreto Estadual n° 1164 de 11/05/92, com 50 ha; APA de Pratigi, Decreto
Estadual n° 7.272 de 02/04/98 com 32.000 ha; e APA de Tinharé/Boipeba, Decreto Estadual
n°1.240 de 05/06/92 com 43.300 ha (IBAM, 2010).
Fazendo parte do Baixo Sul baiano identifica-se o município de Taperoá, com área
territorial de 409 km2, 15 km de litoral e uma população estimada em 2010 de 18.748
habitantes (IBGE, 2010). Dentre as comunidades conhecidas desse município: Itiúba,
Lamego, Jacaré, Jordão, Graciosa e Areinha, destaca-se o povoado da Graciosa, com
características ambientais semelhantes as que foram descritas, cortada pelo rio com o mesmo
nome, distando da cidade de Taperoá 6 km rumo sul e, no sentido norte, a 12 km da cidade de
20
Valença (SEPLANTEC, 1996). Situado 300 m a montante da ponte do rio da Graciosa, está
implantado o empreendimento de criação de ostras objeto deste estudo.
3.2 A espécie cultivada
A ostra é um organismo aquático marinho que pertence ao filo Mollusca, classe
Bivalvia e família Ostreidae, englobando várias espécies dentre as quais se destaca a ostra-domangue como a mais frequente na costa brasileira (SILVA; BOEHS, 2007). Este é um nome
popular dado a duas espécies nativas do gênero Crassostrea que ocorrem nas regiões
estuarinas do Brasil: Crassostrea mangle (Guilding, 1828) e Crassostrea brasiliana (Lamark,
1819), segundo MONTANHINI-NETO (2011). A C. mangle é uma espécie hermafrodita
protândrica, cujos órgãos sexuais masculinos são os primeiros a atingirem a maturidade e
tornarem-se ativos (SIQUEIRA, 2008)
Com o fim de se identificar a espécie nativa que está sendo cultivada na comunidade
de Graciosa, em 10 de dezembro de 2013 foram encaminhadas duas amostras desses
organismos ao Laboratório de Biologia Molecular, unidade do Centro de Diagnóstico de
Enfermidades de Organismos Marinhos - CEDECAM, do Instituto de Ciências do Mar LABOMAR, para
identificação taxonômica, através da
técnica
PCR-Reação
de
Polimerização em Cadeia. Cada amostra era constituída de 10 exemplares adultos medindo
em média 8 cm de comprimento, sendo a primeira proveniente das lanternas propriamente
ditas e a segunda, oriunda de pedras próxima ao fundo, no âmbito da área do cultivo. As
ostras foram acondicionadas em frascos plásticos e preservadas em álcool absoluto 99,5% PA
(Figura 4 a/b).
Figura 4. a) Amostras de ostras para identificação taxonômica; b) Recipientes plásticos capacidades 250 ml para
embalagem da ostra.
a
b
Fonte: Elaborada pelo autor.
De acordo com o laudo do exame realizado e divulgado em 15 de abril de 2014, a
espécie foi identificada como Crassostrea brasiliana (Lamarck, 1818), o que confirma a sua
21
ocorrência no baixo Sul baiano, município de Taperoá, rio da Graciosa. Segundo AMARAL
(2010), esta espécie tem ocorrência na costa do Brasil, sem localização específica e os
síntipos estão depositados no Musée National D’Historie Naturelle de Paris. Segundo
AMARAL (2010), a espécie de ostra Crassostrea brasiliana ocorre do Maranhão até Santa
Catarina, reconhecida como uma espécie endêmica do litoral brasileiro. Este molusco possui
como habitat natural as águas costeiras rasas com media e baixa salinidades das zonas entre
marés nos estuários, sendo encontrada presa nas raízes aéreas das árvores-de-mangue,
Rhizophora mangle (SANTOS, 2013). Quanto aos aspectos morfológicos, trata-se de um
animal de corpo mole que possui concha com duas valvas de formas irregulares, ásperas,
duras e unidas por um ligamento córneo em uma das extremidades e comprimento máximo
em torno de 100 mm (MONTAHINI-NETO, 2011) e a alimentação é baseada na ingestão de
fitoplâncton, podendo formar agregados submersos com modo de vida bentônico.
Uma característica fisiológica desse molusco é possuir uma grande superfície
branquial que permanece constantemente úmida, possibilitando que o mesmo resista por
alguns dias fora do seu ambiente natural. Através das brânquias a ostra pode filtrar
aproximadamente até 50 litros de água por hora, acumulando em sua massa visceral resíduos
abióticos e agentes bióticos que estejam presentes no meio aquático onde vivem. Devido a
essas características pode bioacumular elevado número de patógenos indesejáveis ao ser
humano, como as bactérias dos gêneros Salmonella e Shigella, e concentrar contaminantes
químicos como metais pesados e até elementos radioativos, motivo por que é considerada
importante bioindicador de poluição do meio aquático (LIANG et al, 2004 apud SANTOS,
2013).
3.3 Sistema de produção
A partir da década de 2000, a aquicultura apresentou crescimento superior a qualquer
outro sistema de produção animal, o que pode ser em parte explicado pelo colapso dos
estoques pesqueiros em todo o mundo (PEREIRA et al, 2007). Dado a sua importância
socioambiental e como alternativa ao extrativismo de espécies ameaçadas de extinção, a
aquicultura foi considerada, na década de 1990, como a "revolução azul" da produção
mundial de alimentos. Entretanto, como qualquer prática de produção agropecuária essa
atividade gera impactos ao meio ambiente e, dessa forma, é fundamental que as relações
existentes entre aquicultura e o ambiente possam ser mantidas com base no desenvolvimento
local sustentável.
22
A criação de moluscos bivalves no Brasil é representada principalmente pelo cultivo
das ostras Crassostrea gigas, C. brasiliana e do mexilhão Perna perna. As ostras se destacam
devido à alta fecundidade, rápido crescimento e rentabilidade comercial, sendo as de maior
interesse econômico as pertencentes ao gênero Crassostrea, em função do valor alimentício
da carne e do uso da concha como matéria prima na fabricação de diversos produtos, DORE
(1991 apud AZEVEDO, 2011). Além disso, é considerado um organismo de alto valor
nutritivo devido ao teor de alguns minerais (fósforo, cálcio, ferro e iodo), de glicogênio,
vitaminas (A, B1, B2, C e D) e de proteínas presentes em sua carne (CHRISTO, 2006;
WAKAMATSU, 1973).
A primeira citação sobre a importância da ostreicultura no Brasil foi feita em 1934, em
uma publicação denominada “O Futuro Industrial da Ostreicultura no País”, apresentada no
Primeiro Congresso Nacional de Pesca, organizado pelo Ministério da Agricultura – Divisão
de Caça e Pesca (BRITO, 2008). Em Cananéia, Wakamatsu (1973) publicou o artigo “A ostra
de Cananéia e seu Cultivo”, considerado o passo inicial para o cultivo da ostra nativa
Crassostrea brasiliana, participante de um grupo taxonômico que vem sendo estudado por
vários autores desde a primeira metade do século XX. A Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado de São Paulo avaliou o potencial da ostreicultura em Cananéia (SP)
nos anos 1930-1940 e, posteriormente, WAKAMATSU (1973) estabeleceu os fundamentos
básicos, práticos e teóricos para a ostreicultura na Baía de Todos os Santos (BA), Cananéia
(SP) e Paranaguá (PR), respectivamente.
Segundo SIQUEIRA, 2008 nas décadas de 70-80 foram iniciadas pesquisas
direcionadas ao desenvolvimento da ostreicultura nos estados do Ceará, Paraná, Pernambuco,
Bahia, São Paulo e Santa Catarina com a espécie Crassostrea mangle, cujo cultivo teve início
com sementes obtidas do meio natural. Esta iniciativa teve prosseguimento na década nos
anos1980-1990 no Rio de Janeiro e em Santa Catarina, com estudos visando à introdução da
ostra japonesa, Crassostrea gigas (Thumberg, 1975) através do Projeto Cabo Frio. No início
da década 1980, o primeiro e grande projeto de cultivo de ostras em nível industrial foi
implantado em Cananéia com a ostra exótica Crassostrea gigas (BRITO, 2008), enquanto.
Poli et al (1988 apud BRITO, 2008) estudou a viabilidade do cultivo da ostra nativa
Crassostrea mangle no litoral de Santa Catarina, porém fatores como crescimento lento, baixa
sobrevivência
larval
e
ausência
de
tecnologia
de
produção
inviabilizaram
seu
desenvolvimento em bases comerciais. Em 2004, a produção brasileira de ostra foi de 2.682 t,
correspondendo a 1% da produção aquícola nacional e, desde então, seu cultivo vem
demonstrando um crescimento acentuado, pois nesse mesmo ano verificou-se um incremento
23
de 22,1% em relação a 2003 (OSTRENSKY; BORGHETTI; SOTO, 2008). Em Sergipe, o
primeiro projeto de cultivo de ostra foi desenvolvido em 1997, em Ponta dos Mangues,
município de Pacatuba, que tem a ostreicultura como uma alternativa econômica para a
população local (SIQUEIRA, 2008). Em 1999 a região se tornou uma das maiores produtoras
de sementes de ostras nativas por meio da coleta em ambiente natural. Nas últimas décadas os
estudos sobre a biologia e a ecologia das ostras têm se intensificado com o objetivo de
desenvolver técnicas de cultivo adequadas a cada região Nascimento et al. (1982 apud
AZEVEDO, 2011).
Apesar do desenvolvimento da ostreicultura na região Sul do país, principalmente em
Santa Catarina, que produz em laboratório sementes da ostra Crassostrea gigas, que é uma
ostra de ambiente marinho, a principal forma de exploração dos moluscos bivalves no Brasil
ainda é através do extrativismo, o que contribui para a redução do estoque da espécie no
litoral e o comprometimento do ecossistema (BRITO, 2008).
Segundo Poli (2004 apud LENZ, 2008) as primeiras experiências com o cultivo da
ostra nativa C. mangle no Brasil foram realizadas no Estado da Bahia, no Canal de Itaparica Jiribatuba, em 1972. A partir dos trabalhos realizados por Wakamatsu (1973), o cultivo da
ostra C. brasiliana se desenvolveu atingindo níveis comerciais, justificando a criação da
Cooperativa de Produtores de Ostras de Cananéia (COOPEROSTRA), no estado de São Paulo
(LENZ, 2008), um projeto selecionado como uma das 27 melhores experiências do mundo no
combate à pobreza através do uso da biodiversidade e foi apresentado durante a Cúpula
Mundial para o Desenvolvimento Sustentável, em Johannesburgo, agosto/setembro de 2002.
Atualmente a fazenda marinha Atlântico Sul, criada em 1999, fruto da fusão de três
micro empresas, localizada no Ribeirão da Ilha, em Florianópolis – SC, é a maior empresa do
ramo no pais, com uma produção mensal de 13 milhões de dúzias de ostras (CARVALHOFILHO, 2006). Na grande região de Florianópolis, a safra de 2006/2007 foi de 1.857.530 Dz,
correspondendo a 95,67% da produção total do estado, envolvendo 538 produtores e 1.600
empregos diretos, gerando uma movimentação financeira de R$ 20 milhões (RODRIGUES;
FRASSON; KROTH, 2007).
Na Bahia, os cultivos de ostras foram implantados através da Bahia Pesca e o Projeto
MARSOL - Maricultura Familiar Solidária, da Universidade Federal da Bahia, tendo como
principal motivação a complementação na renda familiar. Abrange as regiões do Baixo Sul
Baiano e Baía de Todos os Santos, agregando 12 comunidades, distribuídas em sete
municípios: Taperoá, Cairú, Vera Cruz, Camamu, Maraú e Cachoeira. O cultivo de ostras
vem despertando o interesse de pescadores artesanais, que veem na atividade uma alternativa
24
de subsistência e renda, como também das autoridades locais, que buscam o desenvolvimento
socioeconômico. No entanto, a falta de informações sobre potencialidade das áreas de cultivo,
comportamento reprodutivo, recrutamento e técnicas de engorda pode levar muitas vezes à
inviabilidade da ostreicultura (LENZ, 2008).
No Brasil, as populações primitivas ao longo da costa foram grandes apreciadoras de
moluscos marinhos e sempre fizeram de ostras como fonte de alimentação, o que se comprova
pelos sambaquis que se localizam em diversas regiões do litoral (ALVES, 2004). Esta
atividade é a que mais se aproxima de um modelo de aquicultura ecológica sustentável. No
Nordeste do Brasil o potencial para criação de ostras é elevado, mas existem poucas fazendas
instaladas e a maior parte da produção é oriunda do extrativismo (PEREIRA et al, 2007).
Apesar de se observar tradição de consumo de caldo de ostras e da ostra fresca in natura na
concha em restaurantes e bares do litoral, não existe uma quantificação desses elementos da
cadeia produtiva. De modo geral o cultivo de ostras é realizado em todas as regiões do Brasil,
sendo que no Norte e Nordeste acontece de forma artesanal ou experimental e, de forma
industrial, apenas nas regiões Sudeste e Sul.
3.4 Gestão administrativo-financeira de pequenos negócios
Uma empresa exerce atividades econômicas profissionais com fins lucrativos, por
meio da articulação dos fatores produtivos básicos para a circulação de bens ou serviços
(SEBRAE, 2009). O mundo contemporâneo passa por uma fase de mudanças extremamente
rápidas que impactam fortemente o posicionamento estratégico dos empreendimentos em seu
contexto de atuação. A gestão empresarial está impreterivelmente direcionada ao consistente
gerenciamento dos riscos e oportunidades, avaliando corretamente os efeitos da capacitação
estratégica empresarial, num mercado cada vez mais competitivo (MALUCHE, 2000).
A correta administração exige do empresário um planejamento prévio que responda
algumas questões básicas, como: Qual a missão da empresa? Qual o seu público-alvo? Quanto
se deve investir na empresa? Como divulgar seus produtos e serviços? Qual o tempo de
retorno do investimento realizado? Quais serão os custos fixos e variáveis da empresa? Qual
será o meu lucro baseado nas expectativas de vendas? RODRIGUES (2005) cita que, de
acordo com os estudos do SEBRAE, 62% das empresas fecham suas portas antes de
completar o terceiro ano de vida e uma das causas principais desse processo de desativação é
a falta de planejamento.
25
O planejamento deve ser encarado como uma importante ferramenta relacionada com
a preparação, organização e estruturação de um determinado projeto, e que expõe o interesse
em prever e organizar ações e processos que vão acontecer no futuro, aumentando a sua
racionalidade e eficácia (MALUCHE, 2000). Qualquer atividade que manipule valores,
independente do seu tamanho e abrangência, está sujeita aos controles básicos da gestão
administrativo-financeira, tais como contas a pagar e a receber (fluxo de caixa); custos fixos e
variáveis, receita, lucro, gastos com manutenção, depreciação dos equipamentos e
investimentos, envolvendo todas as entradas e saídas monetárias da empresa (SANVICENTE,
1997).
Holanda (1987, apud RODRIGUES, 2005) considera como custo qualquer valor
empenhado para produzir ou adquirir um determinado bem, sendo classificado como fixos e
variáveis. O custo fixo se refere às despesas que não são afetadas pelo volume total da
produção ou pelas vendas da empresa, enquanto o custo variável é diretamente influenciado
pelas matérias-primas utilizadas na produção, beneficiamento e/ou venda (SOUZA-FILHO,
2003). Em todo caso, é a natureza das atividades e processos produtivos que determinará se
um custo é fixo ou variável na empresa (OLIVEIRA-FILHO; SILVA, 2000). Dentre outros
controles, destaca-se a receita ou o valor total obtido com a venda dos produtos da empresa
num certo período de tempo, e o lucro, que é o saldo positivo da operação da receita total
menos o custo total (RODRIGUES, 2005).
Segundo Ballou (1993, apud RODRIGUES, 2005), existem dois tipos de mercados
distintos que adquirem os produtos da empresa: o primeiro, composto pelos usuários finais,
que irão consumir o produto para atender suas necessidades ou até mesmo para criar novos
produtos, e o segundo por aqueles que não consomem o produto, mas o disponibilizam para
revenda, chamados de intermediários. Os consumidores finais se caracterizam por adquirir
pequenas quantidades e são bastante numerosos, comprando com maior frequência, enquanto
os intermediários formam um contingente numericamente menor, mas que adquirem os
produtos em maior quantidade.
As micro e pequenas empresas possuem papel de destaque no mercado consumidor e
consequentemente no desenvolvimento econômico e social do país, contribuindo para a
geração do emprego e renda, e melhoria da qualidade de vida da população (TEIXEIRA et al,
2011). Segundo dados do Anuário do Trabalho na Micro e Pequena Empresa (2008), sua
participação correspondeu a 98% no universo dos estabelecimentos formais brasileiros, e
foram responsáveis por 43% dos postos de trabalhos formais urbanos criados no país no
período de 2002 a 2006 (SEBRAE, 2009). Segundo SANTOS (2013), a atividade de criação
26
de ostras instalada no Baixo Sul baiano contribui para estimular o empreendedorismo junto à
população extrativista que sobrevive da pesca de mariscos na comunidade de Graciosa (BA),
ressaltando a figura do empreendedor que, na definição de FILION (1999), é aquele que
apresenta determinadas habilidades e competência para criar, abrir e gerir um negócio,
obtendo resultados positivos.
O Ministério do Trabalho, através da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais),
apresenta o critério “número de empregados” para classificar o porte das empresas:
microempresa, de 1 a 19; pequena empresa, de 20 a 100; média empresa, de 101 a 500; e
grande empresa, acima de 501 funcionários. Para fins comerciais, a Secretaria da Receita
Federal define as empresas de acordo com a Lei 9841 de 05/10/99, do SIMPLES,
caracterizando como micro empresa aquela que faturar anualmente até R$ 240.000,00
(MALUCHE, 2000).
A importância de se exercer os controles de custos e investimentos de um negócio é
inegável, mas sua administração eficiente não se limita apenas ao cumprimento de tarefas
relacionadas com esses aspectos, de modo que se faz necessário escolher um método de
avaliação do seu desempenho econômico, que deve ser encarado como um guia adaptável à
situação de cada projeto individualmente (BLACHE, 2012).
O intuito de um negócio comercial é obter uma rentabilidade satisfatória para o capital
investido, de modo que a estimativa dos índices de desempenho financeiro de qualquer
atividade econômica ganha relevância por proporcionar ao investidor uma redução na
incerteza quanto à sua atratividade (SOUZA- FILHO, 2003).
A gestão empresarial está atrelada a um modelo consistente gerenciamento dos riscos
e oportunidades, num mercado cada vez mais competitivo (MALUCHE, 2000), o qual deve
ser encarado adaptado à situação de cada projeto individualmente. No entanto, uma critica que
tem sido feita aos modelos econômicos de avaliação desses projetos é que eles simulam uma
situação ideal, com produção máxima e venda de todo o estoque produzido (BLACHER,
2012).
Muitos são os trabalhos científicos sobre a biologia das espécies de ostras nativas e
suas tecnologias de produção controlada, mas existe uma carência de informações com base
em estudos de viabilidade econômica de fazendas de cultivo no Brasil, principalmente quando
sua produção é de pequena escala. Nesse sentido, um estudo realizado sobre a produção de
sementes diploides da ostra Crassostrea gigas, em Santa Catarina, mostra que, um laboratório
com capacidade de produção até 50 milhões de sementes deve fixar o preço do milheiro em
R$ 17,00, valor que se reduz para R$ 10,80 quando esta capacidade aumentar para 100
27
milhões de sementes (BLACHER, 2012). O Departamento de Aquicultura da Universidade
Federal de Santa Catarina iniciou o cultivo de ostras em 1983, com o projeto “Viabilidade
econômica do cultivo de ostras consorciado com o de camarões”, apoiado financeiramente
pelo Banco do Brasil S/A, em 1985-1988 (FERREIRA; OLIVEIRA-NETO, 2006). A
EPAGRI-SC avaliou em 2005 os indicadores técnicos e econômicos em três fazendas de
cultivo de ostras durante duas safras consecutivas, concluído que a atividade é considerada
economicamente viável, com retorno do capital investido em 2,6 anos, e que por ser este
inferior a 5 anos, é considerado excelente para projetos de agronegócio (RODRIGUES;
FRASSON; KROTH, 2007). SOUZA-FILHO (2003) desenvolveu estudo sobre a viabilidade
econômica do cultivo de ostras em fazenda com 2 ha, em Santa Catarina e concluiu que a
atividade é de baixo investimento tecnológico, mas apresenta satisfatória rentabilidade
financeira.
Na Bahia, apesar de sua grande extensão costeira, a produção de moluscos cultivados
ainda é inexpressiva, mas a ostreicultura é considerada uma atividade atraente pelos seguintes
motivos: tem fácil execução, apresenta-se como oportunidade de negócios para associações,
comunidades e empresas e contribui para a geração de empregos diretos e indiretos nas áreas
de transportes, gastronomia, turismo e insumos, promovendo a integração da comunidade
com o meio ambiente (SERAFIM-JUNIOR, 2012).
4 MATERIAIS E MÉTOSOS
O projeto de ostreicultura no rio da Graciosa se localiza 1,3 km distante de sua foz, na
comunidade pesqueira da Graciosa, município de Taperoá (BA). Este povoado faz parte da
subregião do Baixo Sul baiano (Figura 5), que compreende onze municípios, sendo sete
litorâneos entre Valença e Camamu e apresenta como coordenadas geográficas 13º28’46’’S e
39º05’34’’W (SERAFIM-JUNIOR, 2012).
28
Figura 5. Localização do cultivo de ostras no rio da Graciosa.
Fonte: FISCHER (2007), com adaptação do autor através do Google Maps. (Acessado em10 jul. 2013).
A elaboração do presente trabalho valeu-se de uma pesquisa exploratória descritiva
tendo uma análise técnica de abordagem quali-quantitativa do cultivo da ostra Crassostrea
brasiliana, que se constitui num arranjo produtivo familiar comercial, informal, executado
com a força do trabalho do seu proprietário e de um auxiliar, em que as ostras são vendidas in
natura pelo próprio proprietário, na forma de atacado ou varejo.
Os instrumentos utilizados para o desenvolvimento deste estudo constaram da
pesquisa bibliográfica especifica ao tema, das observações in loco durante as visitas técnicas,
entrevistas e da aplicação de um questionário semiestruturado mostrado no APÊNDICE A.
Para fins de organização, o trabalho ocorreu em duas etapas: (1) na primeira, compreendida
de janeiro a dezembro de 2013, realizaram-se as coletas sistemáticas de dados, através do uso
de formulário especifico do controle financeiro; o levantamento dos dados técnicos
considerou que não havia registros de produção e/ou vendas até o ano de 2012; o cultivo já se
encontrava em plena atividade desde o ano de 2004; o processo produtivo é continuo e que se
podem observar, em qualquer tempo, todas as fases conhecidas como berçário, intermediaria e
da engorda, as quais constituem o ciclo completo do cultivo da ostra; (2) na segunda, entre os
meses de janeiro e maio de 2014, foram sistematizados os dados técnicos obtidos para
projeção dos índices de viabilidade financeira do negócio e da caracterização técnica do
cultivo estudado.
Na etapa inicial da coleta de dados, em janeiro de 2013, foram realizadas duas
reuniões na Colônia de Pesca Z-53 em Taperoá: a primeira teve como pauta a apresentação do
projeto de pesquisa, com o fim de se mostrar o interesse e a importância deste estudo para
aquela região geográfica do Baixo Sul baiano; no segundo encontro, ocorreu uma interação
para familiarização e ajuste metodológico sobre o conteúdo do instrumento utilizado no
decorrer da pesquisa (Figura 6. a/b).
29
Figura 6. a) Reunião com o presidente da Colônia Z-53 b) Sede da entidade em Taperoá (BA).
a
b
Fonte: Sra. Jaciara Souza de Oliveira.
As principais atividades técnico-administrativas decorrentes do funcionamento desse
empreendimento foram acompanhadas semanalmente, geralmente as sextas-feiras, incluindose desde a descrição do pacote tecnológico de produção até as vendas efetuadas, de acordo
com as estimativas de extração e períodos de comercialização das ostras produzidas,
respeitando-se a cultura local em relação ao modus de colheita e praça de comercialização.
A avaliação financeira foi desenvolvida com base em ADIZES (1990); MALUCHE
(2000); PEREIRA (1995); ROSA (2007); SÁ (2008); SANTOS (2001); SEBRAE (2005);
SEBRAE (2010); SILVA (2002); SOUZA-FILHO (2003) e VERGARA (2005). Através dos
dados do investimento, da produção, dos custos operacionais e da receita anual foram
projetados os índices de desempenho financeiro do cultivo, assim descritos: ponto de
equilíbrio, lucratividade, rentabilidade e prazo de retorno do investimento.
O ponto de equilíbrio (PE) é considerado um indicador de segurança do negócio e foi
calculado pela fórmula nº 1 abaixo:
onde: PE = Ponto de equilíbrio; CF= Custo fixo; RT = Receita total e CV = Custo variável.
A lucratividade (L) é considerada um indicador de eficiência operacional e foi
calculada pela fórmula n° 2 seguinte:
onde, LL = Lucro líquido e RT = Receita total.
30
A rentabilidade (R) é um indicador de atratividade do negócio e foi calculada pela
fórmula n° 3 a seguir:
onde, R = rentabilidade; LL = Lucro líquido e IT = Investimento total
O prazo de retorno do investimento (PRI) é um indicador de atratividade do negócio e
foi calculado pela fórmula n° 4 abaixo:
PRI
=
onde, PRI = Prazo de retorno do investimento; IT = Investimento total e LL = Lucro líquido.
Para o cálculo do custo de produção do milheiro da ostra utilizou-se a formula nº 5
abaixo:
onde, CP = custo de produção; P = pró-labore; M = mensalidade da Associação de
Pescadores; Qp = quantidades de ostras produzidas.
O preço de venda da ostra foi calculado aplicando-se a formula n° 6 a seguir:
onde, PV = preço de venda; RT = receita total; Qv = quantidade vendida.
A interpretação das informações do questionário aplicado com o líder do cultivo serviu
para auxiliar na caracterização técnica, assim como, na descrição do ambiente interno e
externo do empreendimento estudado, possibilitando que este trabalho gerasse recomendações
técnicas com o fim de tornar mais eficiente a gestão administrativo-financeira e
consequentemente alavancar o empreendimento. Para isso, utilizou-se o modelo da matriz
S.W.O.T (Strengths, Weaknesses, Opportunities and Threats) baseado em
SILVA et al
(2011) e traduzida como F.O.F.A (Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças).
5 CARACTERIZAÇÃO TÉCNICA DO CULTIVO DE OSTRAS
A caracterização do cultivo identifica todo o pacote tecnológico da produção da ostra
na subregião do Baixo Sul baiano, abordando o dimensionamento da infraestrutura destinada
31
à produção propriamente dita, o método de obtenção e manejo das sementes, as fases do
cultivo, a capacidade de produção atual do projeto e a descrição da cadeia de comercialização.
O cultivo comercial na comunidade de Graciosa, atualmente com 12 anos de
existência, experimentou avanços tecnológicos, principalmente devido à intervenção da
empresa estatal Bahia Pesca S/A, responsável pelo fomento e dinamização da pesca e da
aquicultura nesse estado. Somado a isso, instituições de ensino e pesquisa tais como a
Universidade Federal do Recôncavo Baiano – UFRB; o Instituto Federal de Ciências e
Tecnologia da Bahia – IFBA e a Universidade Federal da Bahia - UFBA, têm prestado
contribuições aos trabalhos de pesquisa nas áreas de tecnologia do pescado, avaliação
socioeconômica, e caracterização dos ambientes úmidos costeiros apropriados para o
desenvolvimento da aquicultura marinha e estuarina. Estas ações fazem parte de um programa
de desenvolvimento da pesca e da aquicultura, com o objetivo de fomentar e diversificar a
produção familiar de alimentos ecologicamente sustentada e a exploração comercial de
moluscos, com a consequente geração de emprego e renda nas comunidades ativas litorâneas
do estado da Bahia.
A malacocultura surgiu em todo país como uma alternativa de renda, além de
contribuir para a fixação das populações nativas litorâneas em seus ambientes tradicionais, ao
mesmo tempo em que se reduz a pressão sobre a pesca artesanal, fazendo com que os
pescadores e marisqueiras cumpram de forma mais efetiva o período do defeso de algumas
espécies ameaçadas de sobrexploração (SOUZA-FILHO, 2003). Em particular, a tecnologia
adotada pelos ostreicultores na região de estudo é de fácil execução, pois exige baixo
investimento tecnológico, assim como ocorre com os demais modelos de produção e engorda
de moluscos praticados no litoral brasileiro. A atividade apresenta-se como uma boa
perspectiva social e econômica para as comunidades pesqueiras que sobrevivem do comércio
da ostra (Figura 7 a/b) comum naquela região litorânea do baixo Sul baiano.
32
Figura 7. a) Ostra aberta apresentando padrão comercial; b) Ostras do cultivo com tamanhos e formas diferentes.
a
b
Fonte: Elaborada pelo autor.
.
Por se tratar de um projeto inferior a dois hectares de área explorada, as suas licenças
ambientais prévias de instalação e de operação não ocasionam ônus financeiro para os
maricultores locais.
Segundo os ostreicultores do rio da Graciosa, a maior incidência de desova da
Crassostrea brasilina, no Baixo Sul Baiano, se verifica nos meses de setembro e outubro, e
nos meses de fevereiro e março do ano seguinte se procede à captura e seleção das “sementes”
com 2,0 ± 0,5 cm, para início do cultivo (Figura 8 a/b).
Figura 8 a) Seleção de sementes sobre a balsa; b) Sementes com tamanhos variados para início da engorda.
a
b
Fonte: Elaborada pelo autor.
No rio da Graciosa observa-se elevado potencial reprodutivo da Crassostrea
brasiliana, facilitando a captura de sementes nos substratos submersos temporariamente na
água (Figura 9).
33
Figura 9. Aglomeração de ostras no pilar da ponte do rio da Graciosa.
Fonte: Elaborada pelo autor.
5.1 Infraestruturas destinadas ao cultivo
Os ostreicultores adotam o sistema de produção tecnicamente conhecido como
“flutuante”, constituído de três fases: (a) berçário; (b) intermediária ou de crescimento; (c) de
engorda propriamente dita (Figura 10) e atualmente uma das mais conhecidas e utilizadas ao
longo de todo o litoral brasileiro (Figura 11).
Figura 10. Fases de crescimento da ostra (Crassostrea brasiliana) durante o cultivo.
Fonte: Elaborada pelo autor.
Para fixação e flutuação das lanternas é utilizado o “espinhel”, que se constitui de um
cabo de nylon com diâmetro de 16 mm e comprimento útil de 100 m, acoplado às poitas
34
construídas em concreto e fixadas nas extremidades e laterais para a sua ancoragem. Um
conjunto de “boias” ou “bombonas” com capacidade de 50 L o mantém suspenso na
superfície da água, sendo que em cada boia são fixadas duas lanternas.
Figura 11. Vista parcial do sistema flutuante instalado no rio da Graciosa.
Fonte: Elaborada pelo autor.
A lanterna é uma estrutura acoplada ao espinhel, confeccionada com tela nylon
multifilamento, com 8 mm entre nós, protegendo a fileira de bandejas ou pratos em número de
6 por lanterna, constituem 5 espaços, onde são colocadas as ostras para crescimento e/ou
engorda. Na confecção dessas lanternas são utilizados 2 tipos de pratos ou bandejas, com 40
cm de diâmetro, sendo o prato com borda lateral utilizado para acondicionamento das
“sementes” de ostra na fase inicial de berçário; e o prato sem borda,
utilizado para
acondicionamento das “ostras juvenis” durante as fases intermediária (crescimento) e final
(engorda) Figura 12.
Figura 12. Tipos de pratos utilizados na confecção de lanternas.
Fonte: Elaborada pelo autor.
35
A distância entre as lanternas é de 1 m e as “bandejas” ou “pratos” são povoados com
ostras de forma que umas não fiquem sobre as outras. Inicialmente, na fase berçário, essas
bandejas recebem 300 unidades de ostra, denominadas “sementes” com diâmetro variando na
faixa de 1,0 – 2,5 cm, perfazendo um total de 1.500 unidades de ostra por lanterna. As
bandejas das lanternas utilizadas nas fases “intermediárias” são povoadas com 120 unidades
com tamanho de 3,0 - 4,0 cm, perfazendo um total de 600 ostras por lanterna. Finalmente, as
bandejas das lanternas utilizadas na fase de engorda são povoadas com 60 unidades de ostra
com tamanho médio de comercialização, a partir de 6 cm, perfazendo um total de 300
unidades por lanterna. O período da criação naquela região é de 12 a 15 meses, desde a fase
berçário até o final da engorda, tempo em que essas ostras apresentam um comprimento de
7,0 ± 2,0 cm e já estando apropriadas para comercialização (Figura 13).
Figura 13. Lanterna usada para engorda, com ostras prontas para comércio.
Fonte: Elaborada pelo autor.
A parte da estrutura destinada ao cultivo foi inicialmente instalada no mês de outubro
de 2004, pela empresa Bahia Pesca S/A, vinculada a Secretaria da Agricultura, àquela época
ao custo total de R$ 16.000,00. Atualmente, essa infraestrutura é constituída de 1 balsa, 2
espinhéis e 340 lanternas. A balsa flutuante é formada por uma plataforma em madeira,
medindo 24 m2 com dimensões de 4 x 6 m (Figura 14). O piso é constituído de tábuas de
madeira rustica de 30 x 400 cm, possuindo um conjunto de 22 bombonas com capacidade de
200 L cada, para flutuação da mesma. Fixadas ao seu lastro, existem ainda nas laterais direita
36
e esquerda, duas poitas de concreto armado, pesando 400 kg cada para ancoragem. A
cobertura da balsa é construída com 25 telhas de fibra de vidro.
Figura 14. Balsa de apoio ao cultivo com área construída de 24 m2.
Fonte: Elaborada pelo autor.
No sentido longitudinal e na extremidade anterior dessa balsa são acoplados 2
espinheis de 100 m de extensão cada, acoplado com 85 bombonas e em cada bombona são
amarradas 2 lanternas (Figura 15).
Figura 15. Vista parcial do espinhel instalado a montante da balsa.
Fonte: Elaborada pelo autor.
Em cada espinhel são amarradas 7 poitas de concreto armado, sendo: 1 pesando 1.250
kg; 4 de 150 kg cada e 2 pesando 400 kg cada, somando um subtotal de 14 poitas nos dois
espinhéis; outras 2 poitas pesando 1.250 são amarradas no extremo posterior da balsa,
totalizando 16 poitas, as quais têm a função de contrabalançar as trações causadas pelas
variações das marés e pelas correntezas do rio da Graciosa, principalmente ocasionadas pelas
fortes chuvas verificadas naquela região. (Figura 16).
37
Figura 16. Poitas de concreto utilizadas na ancoragem da balsa e do espinhel.
Fonte: Elaborada pelo autor.
5.2 Coleta das sementes
Existem vários tipos de coletores constituídos de forma e materiais diferentes para
captura de sementes de ostras-do-mangue no meio ambiente. Na comunidade de Vaza-Barris,
no estado de Sergipe, foram utilizados coletores de material PVC e garrafa PET (SIQUEIRA,
2008), considerados de importância ecológica por permitir sua reciclagem e a retirada do
meio ambiente.
Em Graciosa, atualmente, não se utilizam coletores convencionais de captura de
sementes para inicio da engorda das ostras cultivadas. Conforme informação do líder do
empreendimento e das observações in loco, estas sementes são extraídas no ambiente do
próprio local do cultivo, de forma manual, com auxílio de uma faca inox, por ocasião da
limpeza das bombonas, das estruturas da balsa, das que se fixam nos pilares da ponte sobre o
rio da Graciosa e/ou em sua maioria, das próprias lanternas, durante o manuseio das ostras em
suas diversas fases de crescimento. Essa prática tem a vantagem de se obter uma semente de
maior tamanho, o que faz diminuir o período de crescimento durante o cultivo (Figura 17).
38
Figura 17. Sementes da ostra (Crassostrea brasiliana) variando de 0,5 a 3 cm de tamanho.
Fonte: Elaborada pelo autor.
Segundo MONTANINHI-NETO (2011), na natureza a duração do período larval da
ostra é determinada pela temperatura da água e disponibilidade de alimento, sendo que a
salinidade e turbidez podem inibir seu crescimento, provocar a mortalidade dessas larvas e
interferir na dispersão das mesmas no ambiente. (GUIMARÃES; GOMES; PEIXOTO;
OLIVEIRA, 2008) citam que o cultivo de C. mangle deve ser realizado em estuários com
variação de salinidade entre 15 e 25 UPS, objetivando maximizar a sobrevivência, por ser esta
a faixa de salinidade de conforto para essa espécie. Na região do estudo significativa
quantidade dessas sementes se perderia, em razão da ação de predadores tais como algumas
espécies siris Callineces spp. e/ou pássaros. Entretanto, com a ação do cultivo no local, as
perdas ou mortalidades dessas sementes em grande escala são evitadas.
5.3 Manejo das ostras cultivadas
O manejo e limpeza das ostras e lanternas respectivamente se dão a cada período de
60 - 90 dias. As ostras que se encontram no interior dos pratos são contadas e limpas, com o
uso de uma faca de tamanho grande, para a retirada de sementes, cracas e/ou de outros
incrustantes que fazem parte do fouling e, em seguida, são selecionadas por tamanho (Figura
18). As lanternas vazias são suspensas nos esteios de madeira superiores da balsa de suporte
durante três dias para secagem e posterior limpeza com escova de nylon (Figura 19).
39
Figura 18. Limpeza das ostras juvenis com uso de faca.
Fonte: Elaborada pelo autor.
Figura 19. Lanternas suspensas secando ao ar livre para posterior limpeza
Fonte: Elaborada pelo autor.
As sementes obtidas com tamanho de (2,0 ± 0,5 cm) são estocadas numa taxa de
lotação correspondente a 1.500 unidades por lanterna previamente limpas e preparadas, o que
caracteriza o inicio de uma nova fase berçário. As demais ostras, a depender do tamanho são
acondicionadas em outras lanternas que irão fazer parte das fases intermediária ou de engorda.
A limpeza da lanterna serve para facilitar a circulação de água no seu interior, melhorando a
alimentação das ostras e aumentando sua sobrevivência, além de possibilitar a recontagem e
eliminação dos indivíduos mortos. A limpeza das ostras ajuda eliminar pragas, deixando-as
livres para o pleno crescimento (Figura 20).
40
Figura 20. Lanterna totalmente coberta pelo fouling.
Fonte: Elaborada pelo autor.
5.4 Estimativa da capacidade de produção
A estrutura de crescimento e engorda das ostras é constituída por 340 lanternas e,
desse total, 90 (26,47%) são destinadas à fase de berçário; 190 (55,88%) à fase intermediária
e 60 (17,64%) destinadas à fase final de engorda, considerando-se ainda uma sobrevivência
média de 85% na fase berçário, e de 90% nas fases intermediária e de engorda
respectivamente. Nas fases de berçário, intermediária e engorda cada lanterna é povoada com
125, 50 e 25 dúzias respectivamente.
Considerando-se o número total de lanternas em cada fase, a de berçário é iniciada
com 11.250 Dz e finaliza com 9.562 Dz considerando-se nesta fase uma sobrevivência de
85%; a fase intermediária é iniciada com 9.500 Dz e finaliza com 8.550 Dz, considerando-se
uma sobrevivência de 90%. Do subtotal de 8.550 Dz sobreviventes desta fase intermediária,
1.500 Dz continuam em crescimento na fase de engorda, restando 7.050 Dz de ostras, para
atender aos pedidos de compras no atacado. A fase final de engorda é iniciada com 1.500 Dz e
finaliza-se com 1.350 Dz, considerando-se nesta fase uma sobrevivência de 90%.
A capacidade de produção da infraestrutura estudada totaliza 8.400 dúzias por ciclo de
12 - 15 meses de cultivo, correspondendo a 7.050 dúzias de ostras com tamanho médio de 5,0
- 6,0 cm, e 1.350 dúzias com tamanho grande, igual ou acima de 8,0 cm (Tabela 1).
41
Tabela 1. Capacidade de produção do empreendimento.
Número de
lanternas por
fase
Lotação
inicial p/
lanterna
(Dz)
Subtotal por
fase
(Dz)
Sobrevivência
estimada (%)
Subtotal
(Dz)
Capacidade de
produção por
fase (Dz)
Berçário (B)
90
125
11.250
85
9.562
-
Intermediária (I)
190
50
9.500
90
Engorda (E)
60
25
1.500
90
1.350
1.350
-
-
-
-
8.400
Fase do cultivo
Total (I +B)
8.550
(-1.500)
7.050
Fonte: Elaborada pelo autor.
5.5 Cadeia de comercialização da ostra cultivada
Após o término da fase de engorda e atendendo as expectativas de extração e
demanda dos clientes, uma vez por semana, geralmente às sextas-feiras, as ostras são
despescadas das lanternas e comercializadas na ponte do rio da Graciosa, a preços de
R$2,00/Dz as de tamanho médio de 5,0 cm e ao preço de R$ 6,00/Dz as de tamanho
grande, igual os acima de 8,0 cm.
O mercado na região do estudo se apresenta com diversos mecanismos de
distribuição e venda ao consumidor (Figura 21), representados pelos consumidores locais e
de intermediários de outras regiões, principalmente a de Salvador, devido à localização
geográfica estratégica do povoado de Graciosa, proporcionando a existência de uma
demanda constante.
42
Figura 21. Diagrama de comercialização da ostra cultivada oriunda da comunidade de Graciosa, Taperoá (BA).
Produtor
Consumidor 1
2
1
Intermediário
1
1
1
Restaurantes
Intermediário
2
1
2
Consumidor 2
1
- Venda atacado.
2
- Venda varejo.
3
- Venda consignação.
2
Quiosque
de praia
1
3
Ambulantes
de praia
2
Consumidor 3
Fonte: Elaborada pelo autor.
Consideram-se como consumidor-1 os clientes que compram no varejo, diretamente
do produtor; o intermediário-1 é o responsável pelo transporte em grandes quantidades
dessas ostras à cidade de Salvador e o intermediário-2 é quem revende as ostras, no
atacado, aos estabelecimentos comerciais de bares, quiosques de praia e ambulantes da
praia. Por sua vez, os restaurantes em Salvador revendem essas ostras aos seus clientes,
classificados como consumidor-2. Na sequência, o quiosque de praia revende as ostras, no
varejo, ao consumidor-2, considerado seu cliente direto, e também, revende no atacado aos
ambulantes da praia que, por sua vez, as revendem no varejo aos frequentadores da praia e
aos turistas da orla marítima, representados no diagrama acima pelo consumidor-3. Além
disso, desempenha também papel importante na divulgação e no fomento ao consumo
dessas ostras cultivadas a Colônia de Pesca Z-53, localizada no município de Taperoá
(BA). Na venda de quantidades acima de 50 Dz por cliente, as ostras são acondicionadas
em sacos de fibra plástica (Figuras 22. a/b) tendo como principal destino a cidade de
Salvador, que dista a 110 km da comunidade de Graciosa, via Rodovia BA- 001.
43
Figuras 22. a) Sacos de fibra plástica acondicionados com ostras destinadas ao comercio; b) Desembarque de
ostras embaladas para venda no atacado.
a
b
Fonte: Elaboradas pelo autor.
Quando comercializadas em quantidades inferiores a 10 Dz, as ostras são
acondicionadas em sacos plásticos de supermercado. Por sua vez, em Salvador, os
intermediários as revendem aos restaurantes, quiosques de praia e aos ambulantes, ao preço de
R$4,00/Dz, as de tamanho médio de 5,0 cm, e a R$10,00/Dz as de tamanho grande, acima de
8,0 cm. Atualmente, funciona um restaurante flutuante no município de Cairú (BA),
localizado perto do povoado de Itaipu que, nos finais de semanas e feriados, compra uma
média de 60 Dz de ostras de tamanho grande e as revendem aos turistas que frequentam a ilha
de Tinharé quando os mesmos estão se deslocando para as praias de Boipeba e Moreré, ao
preço de R$ 15,00/Dz “in natura” e a R$25,00/Dz na forma “gratinada” (Figura 23. a/b).
Figura 23. a) Restaurante flutuante com tanque-rede acoplado lateralmente para acondicionamento de peixes e
ostras; b) Ostra gratinada.
a
b
Fonte: Elaboradas pelo autor.
Os restaurantes e quiosques de praia em Salvador anunciam em seus cardápios a venda
da dúzia de ostras variando entre R$18,00 e R$22,00/Dz, na forma “in natura”, limpas,
44
escovadas e abertas prontas para o consumo, enquanto os ambulantes das praias geralmente as
vendem ao preço de R$1,00 a unidade (Figura 24. a/b).
Figura 24. a) Ostras prontas para o consumo; b) Estrutura de venda de ostras dos ambulantes nos ambientes de
praia.
a
b
Fonte: Elaboradas pelo autor.
As ostras do cultivo são comercializadas frescas, permanecendo vivas e sem nenhuma
forma de beneficiamento até o terceiro dia após a sua despesca. Portanto, dificilmente as
mesmas são encontradas à venda “in natura” em peixarias e demais estabelecimentos
comerciais de distribuição, exceto, quando procedentes do extrativismo pesqueiro, na forma
escaldadas e congeladas, ofertadas na forma “desconchadas”, conhecida como “catado de
ostra” (Figura 25 a/b).
Figura 25. a) Ostras oriundas do extrativismo pesqueiro b) Catado recém-preparado pronto congelamento e/ou
venda.
a
b
Fonte: Elaboradas pelo autor.
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O total de ostras vendidas no ano de 2013 foi de 7.393 Dz, sendo que desse conjunto,
603 Dz foram consideradas de tamanho grande, igual ou maior que 8,0 cm de comprimento
45
total e 6.790 Dz de tamanho médio, com comprimento em torno de 5,0 cm. As menores
vendas foram registradas nos meses de maio, junho e julho, que corresponderam
respectivamente a 4,38%, 3,88 % e 4,38% do total de ostras comercializadas, enquanto as
maiores vendas ocorreram nos meses de janeiro, novembro e dezembro, correspondentes a
10,96%, 11,99% e 12,44% do universo já mencionado (Figura 26).
Figura 26. Quantidade em dúzias das ostras vendidas no ano de 2013.
Fonte: Elaborada pelo autor. (MED = tamanho médio; GRA = tamanho grande).
Analisando-se os dados de pluviosidade no município de Taperoá (BA) em 2013
(Figura 27), observa-se que os períodos mais chuvosos corresponderam aos meses de maio,
junho, julho, agosto e novembro, coincidindo com os meses de menores vendas (maio, junho
e julho) com exceção de novembro e, consequentemente, menores receitas obtidas pela
ostreicultura na comunidade de Graciosa. Este fato pode resultar da influência direta da
ocorrência de chuvas sobre a redução da atividade turística, particularmente nas praias do
Baixo Sul baiano onde há maior consumo de ostras. Todavia, a pluviosidade registrada no
mês de novembro, apesar de elevada, aparentemente não afetou as vendas nesse período
porque se concentrou em sua ultima semana.
46
Figura 27. Distribuição mensal da pluviosidade no município de Taberoá (BA) em 2013.
Fonte: CEPLAC Taperoá (BA) 2014, adaptado pelo autor.
6.1 Investimento do cultivo
Investimento físico é definido como o conjunto de gastos com aquisição de máquinas,
instalações, obras civis, veículos, mobiliário e equipamentos de informática, considerado o
“ativo imobilizado” na linguagem contábil (SANTOS, 2001), mas ao contrário das matériasprimas, não é consumido no processo operacional produtivo. Já o investimento financeiro é
aquele destinado à formação de capital de giro para operacionalização do negócio até se obter
a primeira receita. Esses dois tipos somados constituem o investimento total do
empreendimento, neste estudo considerado como a soma dos custos da balsa de suporte,
espinhel, das poitas, canoa e lanternas, que constituem a infraestrutura durável utilizada na
produção de ostras, uma vez que nesse período não houve aporte de investimento financeiro
no empreendimento.
As tabelas 2, 3, 4, 5 e 6 mostram que o valor atualizado dos gastos com o investimento
total no período do estudo foi de R$ 37.669,08, cuja maior parte se realizou no mês zero,
sendo os demais fluxos de entrada e saída de recursos financeiros controlados ao longo do
horizonte do planejamento.
47
Tabela 2. Custo de construção da balsa.
Nº de
Ordem
Discriminação do material
Unidade Quantidade
Valor (R$)
Unitário
1
Telha de fibra de vidro (160 x 50) cm
um
25
2
Barrote madeira Massaranduba (15 x 6 x 600) cm
um
14
137,21 1.920,94
3
Peça madeira Massaranduba (20 x 7 x 600) cm
um
6
182,83 1.096,98
4
Tábua de madeira comum (30 x 2,5 x 300) cm
Um
30
49,00 1.470,00
5
Bombona plástica cap. 200 l
Uma
22
120,00 2.640,00
folha
1
1.200,00 1.200,00
tubo
1
12,00
12,00
2
26,00
Total
650,00
6
Lona de pneu para amarrar bombona 2m
7
Silicone 280g
8
Prego galvanizado 3 x 9
kg
2
16,99
33,98
9
Prego vulcanizado 3 x 6
kg
1,5
16,99
25,48
10
Parafuso ferro 3/8’ galvanizado comprimento 3m
vareta
5
23,00
115,00
11
Parafuso ferro ¼ polegada galvanizado comp. 1,5m
vareta
2
16,00
32,00
12
Porca Inox 3/8 polegada
um
100
0,50
50,00
13
Porca Inox ¼ polegada
um
100
0,30
30,00
14
Arruela Inox 3/8polegada
um
100
2,10
210,00
15
Arruela Inox lanterenira1/4 polegada
um
100
0,15
15,00
Total 9.501,38
Fonte: Preços obtidos na praça comercial de Valença (BA).
48
Tabela 3.
Nº de
Ordem
Custo de construção do espinhel.
Discriminação do material
Unidade Quantidade
Valor (R$)
Unitário
Total
1
Corda 16,0 mm Poliéster torcida branca Itacorda
Kg
49,0
16,50
808,50
2
Corda 10,0 mm Poliéster branca torcida Grilon 3/8
Kg
12,0
22,10
265,20
3
Corda 3,5 mm Poliéster branca Grilon 9/64
Kg
1,0
31,60
31,60
4
Corda 2,0 mm Poliéster branca Grilon 3/32
Kg
1,0
42,90
42,90
5
Fio Lagosta médio Itacorda
Kg
4,5
9,90
44,50
6
Bombona cap. 50 l
Uma
170
25,00 4.250,00
Total 5.442,70
Fonte: Preço obtido na praça comercial de Valença (BA).
Tabela 4. Custos das poitas de atracação
Nº de
Ordem
da balsa e espinheis.
Discriminação do material
Unidade
Quantidade
Valor (R$)
Unitário
Total
1
Poita de concreto 150 kg
uma
08
35,00
280,00
2
Poita de concreto 400 kg
uma
04
90,00
360,00
3
Poita de concreto 1.250 kg
uma
04
275,00
1.100,00
Total
1.740,00
Fonte: Associação dos pescadores e maricultores de Taperoá (BA).
49
Tabela 5. Custo da canoa em madeira.
Nº de
Discriminação do material
Ordem
1
Unidade Quantidade
Canoa com remo em madeira 5m comprimento
uma
01
Valor (R$)
Unitário
Total
2.200,00 2.200,00
Total 2.200,00
Fonte: Associação dos pescadores e maricultores de Taperoá (BA).
Tabela 6. Custo das lanternas.
Nº de
Ordem
Discriminação do material Unidade Quantidade
Valor (R$)
Unitário
Total
1
Lanterna berçário
uma
90
79,00
7.110,00
2
Lanterna intermediaria
uma
190
46,70
8.873,00
3
Lanterna engorda
uma
60
46,70
2.802,00
Total 18.785,00
Fonte: Engepesca LTDA.
50
6.2 Estrutura de custos
A Tabela 7 apresenta os custos fixo, variável e total do cultivo estudado. O custo total
verificado foi de R$16.004,87 sendo que R$14.839,37 e R$1.165,50 corresponderam ao custo
fixo e ao custo variável, respectivamente. Não foram computados nessa tabela 7 os custos
com os impostos que incidem sobre o produto e/ou seguros dos equipamentos por se tratar de
um arranjo produtivo familiar, não formal, de modo a se efetuar uma análise bastante fiel à
realidade econômico social desse projeto de cultivo. Os maiores gastos com o custo fixo
foram atribuídos à depreciação e ao pró-labore, que corresponderam respectivamente a 50,7%
e a 40,4% do total do custo fixo anual. Entretanto, esse custo fixo, correspondeu a 92,71% do
custo total do empreendimento no ano de 2013.
O custo variável foi bem inferior ao custo fixo, apresentando um valor de R$1.165,50
e correspondeu apenas a 7,3% do custo total do empreendimento, para cuja formação o item
mais contribuiu foi o gasto com aquisição das sementes de ostra (Tabela 7).
Tabela 7. Custo fixo, variável e total do empreendimento em 2013.
Custos fixos (A)
Nº de
Valor
Discriminação
Ordem
Anual (R$)
1
Depreciação do material (0,2 x 37.669,08)
7.533,82
2
Manutenção da infraestrutura
1.125,55
3
Pró-labore
6.000,00
4
Mensalidade associação maricultores de Taperoá
Subtotal (A)
180,00
14.839.37
Custos variáveis (B)
1
Semente de ostra (135 milheiros * R$8,04)
2
Saco plástico 35 x 50 cm (2 kg * R$6,50)
13,00
3
Faca tipo cutelo inox 6 polegadas (2 unid. * R$9,80)
19,60
4
Escova plástica nylon (4 unid. * R$ 2,10)
5
Bota borracha branca (R$ 22,90/ par)
22,90
6
Vassoura piaçava (4 unid. * R$ 4,20)
16,80
Fonte: Elaborada pelo autor.
1.084,80
8,40
Subtotal (B)
1.165,50
Custo total (A + B)
16.004,87
51
O custo com a manutenção da infraestrutura do cultivo, que corresponde a parte dos
custos fixos do empreendimento em 2013, está detalhado na Tabela 8, com as maiores
quantias sendo atribuídas à substituição de bombonas do espinhel e da balsa, correspondendo
a R$ 585,00 e equivalente a 52% do total desse custo com a manutenção.
Tabela 8. Custo de manutenção no ano de 2013.
Nº DE
VALOR
DISCRIMINAÇÃO
ORDEM
ANUAL (R$)
1
Reposição de 09 bombonas cap. 50 L
225,00
2
Reposição de 03 bombonas cap. 200 L
360,00
3
Reposição de 06 lanternas
280,20
4
Tábua madeira comum (30 x 2,5 x 300 cm) 04 unid.
196,00
5
Nylon seda multifilamento (210 x 18) carretel
11,20
6
Prego galvanizado (3 x 6) 0,6 kg
10,12
7
Corda 3,5 mm Poliéster branca Grilon (9/64) 0,41kg
12,95
8
Corda 2,0 mm Poliéster branca Grilon (3/32) 0,7kg
30,03
TOTAL
1.125,50
Fonte: Fonte: fornecido pelo maricultor.
6.3 Receita anual
Define-se como receita total todo o ingresso de recursos financeiros provenientes das
vendas dos produtos do cultivo, que assumiu o valor de R$ 17.198,00 em 2013, sendo R$
3.618,00 e R$ 13.580,00 referentes às vendas de ostras grandes (603 Dz) e médias (6.790 Dz),
respectivamente (Tabela 9). Os meses de janeiro, novembro e dezembro foram os mais
significativos na arrecadação financeira, apresentando valores de R$ 1.900,00, R$ 2.042,00 e
R$ 1.980,00, respectivamente.
52
Tabela 9. Quantidades e valores das ostras comercializadas em Graciosa, Taperoá (BA) em 2013.
Mês Tipo
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
Valor (R$)
Vanda
(Dz) Unitário Subtotal
M
740
2,00
1.480,00
G
70
6,00
420,00
M
630
2,00
1.260,00
G
55
6,0
330,00
M
550
2,0
1.100,00
G
60
6,0
360,00
M
520
2,0
1.040,00
G
48
6,0
288,00
M
315
2,0
630,00
G
22
6,0
132,00
M
J
255
2,0
510,00
G
27
6,0
162,00
M
295
2,0
590,00
G
29
6,0
174,00
M
595
2,0
1.190,00
G
65
6,0
390,00
M
690
2,0
1.380,00
G
85
6,0
510,00
M
480
2,0
960,00
G
45
6,0
270,00
M
820
2,0
1640,00
G
67
6,0
402,00
M
900
2,0
1800,00
G
30
6,0
180,00
Total
Total
Mensal
1.900,00
1.590,00
1.460,00
1.328,00
762,00
672,00
764,00
1.580,00
1.890,00
1.230,00
2.042,00
1.980,00
17.198,00
Fonte: Associação dos pescadores e maricultores de Taperoá-Ba; (M = médio; G = grande).
6.4 Custo de produção e preço de venda
O custo de produção do milheiro de ostras (fórmula n° 5) obtido por divisão, do custo
total (R$ 16.004,87), subtraído dos valores somados do pró-labore e da mensalidade da
53
Associação dos Pescadores (R$ 6.180,00), pela produção total de 100.800 unidades foi de R$
97,47.
O preço de venda da ostra (formula n° 6) foi determinado dividindo-se a receita total
do empreendimento de R$ 17.198,00, pela quantidade vendida de 88.716 unidades, sendo o
resultado encontrado de R$ 193,85/milheiro.
Para a análise de viabilidade financeira do empreendimento, baseada nos custos e
receitas controlados em 2013, foram projetados os indicadores de desempenho financeiro:
Ponto de equilíbrio (Fórmula n° 1); Lucratividade (Fórmula 2); Rentabilidade (Fórmula n° 3)
e o Prazo de retorno do investimento (Fórmula 4) conhecido como Pay Back. Para o inicio do
cultivo em 2013, o empreendimento utilizou 135 mil sementes, obtidas a um custo total de
R$1.084,80 que resultou em 88,71 milheiros de ostras comercializados, equivalentes a 7.393
dúzias, gerando uma receita de R$17.198,00.
Analisando-se a Tabela 10, a lucratividade e a rentabilidade calculadas foram
respectivamente de 6,93% e 3,17% a.a. Além disso, em 2013 houve uma retirada de R$
6.000,00 de pró-labore e ainda foi possível gerar um saldo de R$ 1.193,13 que, entre outras
opções de aplicação, poderá ser direcionado para o investimento em lanternas com o fim de
aumentar no futuro a produção e consequentemente as vendas pelo empreendimento.
Tabela 10. Índices de desempenho financeiro do cultivo em 2013.
Variáveis
Preço de venda (R$)
Resultado
193,85
Venda (milheiro)
88,71
Receita total (R$)
17.198,00
Custo total (R$)
16.004,87
Lucro (R$)
1.193,13
Lucratividade (%)
6,93
Rentabilidade (%)
3,17
Ponto de equilíbrio (%)
92,55
Prazo de retorno do capital (ano)
31,57
Fonte: Elaborada pelo autor.
Observa-se que, naquelas condições financeiras, a lucratividade e a rentabilidade
foram ainda positivas, embora bem abaixo dos 20% dos índices normalmente esperados para
projetos agropecuários. O ponto de equilíbrio (PE) calculado no ano de 2013 foi de 92,55%,
54
significando que o negócio terá resultado positivo quando a venda for superior a 82,10
milheiros de ostras e a uma receita de R$ 15.915,08, ainda insuficiente para arcar com o total
do custo anual do empreendimento no valor de R$ 16.004,87 (Figura 28).
Figura 28. Ponto de equilíbrio do empreendimento.
RS
82,1
Fonte: Elaborado pelo autor.
Os resultados projetados para 10 anos subsequentes, tomando-se como base a taxa de
5,91% referente à poupança acumulada no ano de 2013 (Tabela 11), geram um saldo total de
R$ 15.659,90. Este mesmo valor também não é capaz de compensar o investimento inicial de
R$ 37.669,08 do empreendimento e, com o prazo do retorno (PRI) estimado em 31,57 anos,
pode-se afirmar que seria necessário um período demasiadamente longo para que fosse
totalmente
recuperado.
Diante deste cenário financeiro, fica evidente que esse
empreendimento estudado não é viável do ponto de vista econômico por apresentar taxas de
rendimento e lucratividade inferiores a 20%, e não conseguir pagar o investimento do negócio
antes de 10 anos, considerado um prazo máximo aplicado à aquisição de financiamentos
agropecuários.
55
Tabela 11. Projeção dos resultados operacionais financeiros ajustados pela inflação acumulada (5,91%) em 2013, no período 2013 - 2022.
Anos
Resultado
2013
2014
2015
2016
2017
2018
2019
2020
2021
2022
Preço venda milheiro (R$)
193,85
205,31
217,44
230,29
243,90
258,32
273,58
289,75
306,88
325,01
Venda (milheiro)
88,716
88,718
88,718
88,718
88,718
88,718
88,718
88,718
88,718
88,718
Receita total (R$)
17.198,00
18.214,39
19.290,86
20.430,94
21.638,41
22.917,24
24.271,65
25.706,11
27.225,34
28.834,36
Custo total (R$)
16.004,87
16.950,76
17.952,55
19.013,54
20.137,24
21.327,35
22.587,80
23.922,74
25.336,57
26.833,97
Resultado (R$)
1.193,13
1.263,63
1.338,31
1.417,40
1.501,17
1.589,89
1.683,85
1.783,37
1.888,76
2.000,39
Fonte: Elaborada pelo autor.
Total do resultado acumulado 2013 - 2022: R$15.659,90
56
Para que esse projeto de cultivo de ostras se torne economicamente sustentável, devese procurar agregar valor ao produto comercializado, de modo a se obter um aumento do
preço de venda; eliminar elos de intermediação buscando novos clientes ou venda direta aos
estabelecimentos de alto consumo desse produto e/ou procurar baixar os custos fixos.
6.5 Projeção do novo cenário financeiro
A Tabela 9 mostra que os preços de venda praticados são de R$2,00/Dz e R$6,00/Dz,
respectivamente para as ostras com tamanhos de 5 cm e 8 cm. Na cidade de Salvador, o
intermediário atualmente revende a ostra de 5 cm a R$4,00/Dz. Portanto, com a aplicação de
estratégias de marketing e agregação de valor do produto, pode-se aventar a hipótese de se
atingir ao preço de venda de R$ 3,00/Dz equivalente a R$250,00/milheiro no mercado de
Graciosa e, com isso, muda-se o cenário financeiro do empreendimento. Mesmo que sejam
consideradas as quantidades anteriormente comercializadas de 7.393 Dz, a nova receita
projetada e o lucro dela obtido passam a ser de R$ 22.179,00 e R$ 6.174,13 respectivamente,
e o ponto de equilíbrio se reduz para 70,61%, comprometendo dessa forma 62,64 milheiros do
total comercializado, valores a partir dos quais o negócio passa a gerar lucro. A lucratividade
e a rentabilidade passam a ser respectivamente de 27,83% e 16,39% e o prazo de retorno do
investimento diminui para 6,10 anos, possibilitando a recuperação do capital investido em 6
anos e 1 mês, tornando o cultivo de ostra economicamente viável (Tabela 12).
Tabela 12. Projeção dos resultados financeiros com o preço de venda a R$250,00/milheiro.
Variáveis
2013
Projeção
Preço de venda (R$/milheiro)
193,85
250,00
Venda (unidade)
88.716
88.716
Receita total (R$)
17.198,00
22.179,00
Custo total (R$)
16.004,87
16.004,87
1.193,13
6.174,13
Lucratividade (%)
6,93
27,83
Rentabilidade (%)
3,17
16,39
Ponto de equilíbrio (%)
92,55
70,61
Prazo de retorno do capital (ano)
31,57
6,10
Saldo (R$)
Fonte: Elaborada pelo autor.
57
Segundo GOMES (2005), uma empresa possui dois ambientes: um interno e o outro
externo. O ambiente interno é formado pelos proprietários, dirigentes, funcionários e toda a
infraestrutura destinada ao processo de obtenção dos produtos e serviços, e pode traduzir as
forças e fraquezas do negócio. O ambiente externo é formado por concorrentes,
consumidores, fatores políticos, econômicos, sociais, culturais, legais e tecnológicos, e
expõem as ameaças e oportunidades a que a empresa está submetida. Para se criar estratégias
de marketing que visem a alavancar o sucesso de qualquer empreendimento, deve-se
inicialmente conhecer o modus operandi da atividade produtiva e analisar os ambientes
interno e externo que afetam os resultados do negócio.
Analisando-se os ambientes interno e externo deste empreendimento, ressaltam-se
destaques para os aspectos positivos: no ambiente interno (espirito de conservação ambiental),
pois a ostreicultura é considerada uma atividade aquícola que mais se aproxima do modelo de
desenvolvimento sustentável, e no ambiente externo (valorização do produto pela população
local), o que garante mercado para o comércio de ostra na região estudada (Tabela 13)
Tabela 13. Fatores positivos e negativos do cultivo de ostra em Graciosa, Taperoá (BA).
Fatores Internos
P
O
S
I
T
I
V
O
Forças
 União dos trabalhadores
Fraquezas
 Desorganização administrativa
 Conhecimento empírico sobre a
 Baixo nível de escolaridade
 Falta de investimento no negocio
atividade
 Espirito de conservação ambiental
 Localização do cultivo próximo aos
 Não conhecer o mercado de ostras no
estado
N
E
G
A
T
I
V
O
centros consumidores
Fatores Externos
P
O
S
I
T
I
V
O
Oportunidades
 Assistência técnica gratuita;
Ameaças
 Poluição por efluentes domésticos
 Valorização do produto pela
 Eventuais furtos
população local
 Proximidade do cultivo ao grande
centro de Salvador
 Satisfatório meio de transporte
público local
Fonte: Elaborada pelo autor.
 Ingresso de novos ostreicultores na região
 Falta de infraestrutura local de apoio a
comercialização de pescado
N
E
G
A
T
I
V
O
58
Embora todos os aspectos negativos citados tenham sido considerados preocupantes,
destacam-se: (1) no ambiente interno, a desorganização administrativa, pois se não contornada
não haverá crescimento econômico-financeiro do cultivo estudado e (2) no ambiente externo a
poluição causada por efluentes domésticos, pois comprometerá o meio aquático do cultivo, e a
falta de infraestrutura de apoio ao comércio de pescado, cuja ausência favorece a ação de
intermediários na cadeia de comercialização promovendo assim aumentos no preço do
produto ao consumidor final e diminuição dos lucros por parte dos produtores locais que se
dedicam ao cultivo de ostra.
7. CONSIDEAÇÕES GERAIS
O projeto de ostreicultura, objeto desse estudo, caracteriza-se como flutuante através do
uso de espinhel e lanternas, com emprego de baixa tecnologia, sendo as sementes coletadas no
próprio local do cultivo, com tamanho médio de 2 ± 0,5 cm.
A cadeia de comercialização apresenta dois mecanismos de distribuição e venda,
constituído pelo consumidor que se utiliza diretamente das ostras para consumo, e do
intermediário que compra no atacado e as revendem para restaurantes, quiosques de praia e
ambulantes; este último às revende aos consumidores e turistas nas praias da cidade de
Salvador (BA).
A receita anual com a venda das ostras foi de R$ 17.198,00, sendo os meses de novembro,
dezembro e janeiro os que apresentaram maior faturamento, coincidindo com o período de
maior intensidade turística nas praias da região do Baixo Sul e na cidade de Salvador.
As menores vendas de ostras, registradas nos meses de maio, junho e julho, coincidiram
com os períodos de maior intensidade pluviométrica, com exceção do mês de novembro, pelo
fato da alta pluviosidade (332,6 mm) ter-se concentrado em sua última semana.
Houve falhas na subcadeia de comercialização de ostras, que podem ter resultado da falta
de infraestrutura local de apoio ao comércio de pescado, desconhecimento do mercado pelos
empreendedores e necessidade de agregação de valor ao produto.
O valor total do investimento, o custo de produção do milheiro de ostras e seu preço de
venda foram, respectivamente, R$ 37.669,08, R$ 97,47 e R$ 193,85.
Os índices de desempenho financeiro calculados em 2013 foram: lucratividade 6,93%;
rentabilidade 3,17%; prazo de retorno do investimento 31,57 anos, e ponto de equilíbrio
92,55%, obtendo-se lucro a acima da venda de 82,1 milheiros ou 6.842 Dz de ostras.
59
Projetando-se um aumento no preço de venda a ser praticado no mercado para R$
250,00/milheiro, os índices de desempenho financeiro passam a ser: 27,83% de lucratividade;
16,39% de rentabilidade; 6,1 anos como prazo de retorno do investimento; e ponto de
equilíbrio de 70,61%, tornando o cultivo mais atrativo e economicamente mais satisfatório.
O cultivo, nas atuais condições não demonstra viabilidade econômica devido aos
insatisfatórios índices financeiros representados por baixa lucratividade e rentabilidade, e um
elevado período do retorno do capital investido, quando comparado com as expectativas
requeridas para projetos dessa natureza.
8 RECOMENDAÇÕES
O processo de administração púbica do estado da Bahia, marcado por um processo
histórico no qual as forças dominantes fundamentaram as suas riquezas na posse e
concentração de terras, deve procurar mecanismos gerenciais que possibilitem modificar as
condições atuais de vida da classe de trabalhadores da pesca (pescadores e marisqueiras).
Desse modo, a aquicultura familiar surge como alternativa viável e promissora, sobretudo
para as comunidades pesqueiras tradicionais do litoral baiano que sofrem com os efeitos da
estrutura fundiária fomentada pelo turismo desordenado e concentrador de renda.
A ostreicultura surgiu na Bahia como fruto dos resultados de políticas públicas
associadas ao fomento da aquicultura, com objetivos de criar alternativa econômica para
produção de pescado, gerar emprego e renda, promover o ingresso econômico às
comunidades pesqueiras e fixar as populações tradicionais em seus locais de origem. Como
consequência, reduz o extrativismo litorâneo, possibilita a diminuição da pressão sobre os
estoques pesqueiros e permite o aproveitamento de espécies nativas nos cultivos, o que não é
diferente na região estudada do Baixo Sul baiano.
O cultivo de ostras, apesar de estar sendo realizado há mais de 10 anos nesta região,
ainda carece da existência de informações técnicas geradas a partir de um programa de
pesquisa consistente, de modo a atingir o mesmo sucesso obtido com a ostra japonesa,
Crassostrea gigas, em Santa Catarina. Assim, torna-se evidente que a adoção de técnicas de
criação e engorda das ostras é tão importante quanto o controle financeiro, no processo de
gestão eficiente dos recursos disponíveis para esse tipo de empreendimento.
A partir das projeções realizadas, pode-se perceber que o desenvolvimento de
estratégias de marketing e agregação de valor à ostra comercializada no mercado da Graciosa,
60
enseja o estabelecimento de um preço igual ou superior a R$ 3,00/Dz equivalente a R$
250,00/ milheiro, o que tornaria o cultivo economicamente viável. Isto possibilitaria que o
dinheiro empregado no investimento da infraestrutura de produção, geralmente aplicado a
fundos perdidos e oriundos das políticas públicas estaduais e/ou federais, fosse utilizado em
novos projetos iguais a esse, possibilitando a expansão da aquicultura na costa da Bahia e
promovendo assim o desenvolvimento socioambiental das comunidades pesqueiras litorâneas.
O estudo também aponta que o cultivo em Graciosa carece de eficientes controles de
gestão financeiro-operacional que possibilitem a boa administração de seu negócio. Para que
se possa realizar o efetivo controle esperado, respeitando-se as características atuais e o
modus operandi do cultivo analisado, sugere-se a aplicação de adequados formulários de
controle, conforme apresentação no APÊNDICE - B deste trabalho.
Percebe-se na comunidade de Graciosa a facilidade de seus membros incorporarem
novas recomendações técnicas, acompanhadas da compreensão e das práticas de ações que
promovem a sustentabilidade ambiental. Em virtude disso, espera-se que o referido cultivo
tenha desenvolvimento e continuidade, dados os investimentos já realizados ao longo de mais
de 10 anos, os objetivos citados e já alcançados.
Nota-se que a maioria dos projetos originários da politica pública igual à que gerou
esse projeto de cultivo se preocupa com as tecnologias de engorda, mas ignora a necessidade
do conhecimento das técnicas de comercialização e de análise da viabilidade econômica do
empreendimento. Portanto, para que se possa realizar o controle efetivo dos custos do cultivo
estudado em Graciosa, com aquelas características e considerando o modus operandi do
negócio, sugere-se a continuidade de atividades de pesquisa que contemplem o Estudo de
Mercado da ostra no estado da Bahia, com a criação de modelos de avaliação econômica que
sejam adequados à realidade operacional desses empreendimentos.
61
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64
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de idioma de São Paulo. VIII Simpósio de excelência em gestão e tecnologia. Disponível
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Brasil. 2007. Caxambu - MG. Anais...Boehs Sociedade de Ecologia do Brasil. Disponível
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TEIXEIRA, R.M.; DULCCI, N.P.G.; SARRASSINI, N. S.; MUNHÊ, V. P. C.; DULCCI.
L.Z. Empreendedorismo jovem e a influência da família: a história de vida de uma
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WAKAMATSU, T. A ostra de Cananéia e seu cultivo. São Paulo, Superintendência do
Desenvolvimento do Litoral Paulista/Instituto Oceanográfico, 141 p., 1973.
65
APÊNDICE - A
MODELO DE ENTREVISTA
Questionário n° 1 – Aplicado ao proprietário do cultivo de ostras
1. Dados pessoais do entrevistado
Nome: .............................................................................. Idade: .......anos. Sexo:.......................
Estado civil:........................ Dependentes:
Analfabeto (
completo
Sim
Não. Quantos?....... Grau de escolaridade:
) 1º grau incompleto ( ) 1º grau completo ( ) 2º grau incompleto ( ) 2º grau
superior
Endereço residencial:............................................................................
.......................................................................................................................................................
.. Profissão:................................ Principal atividade econômica: ( ) pesca ( ) aquicultura
mariscagem
(
) outra. Especificar:..................................... Pertence alguma entidade civil
organizada: ( ) sim ( ) não. Nominar:.....................................................................................
Possui registro de pescador profissional no MPA: ( ) sim ( ) não. Participou de algum curso
ou treinamento técnico: (
Entidade
) sim (
) não. Ano:.......... Especificar:.....................................
realizadora:.........................................................................................................
Estado:..............................
2 Dados do cultivo
2.1 Localização
Estado da federação:........................ Município:.......................Comunidade:..............................
Vias de acesso:.................................. Condição de trafego: ( ) boa ( ) regular ( ) ruim.
Distância das sedes dos municípios de Salvador (BA):.........km. Taperoá (BA)........km.
Valença (BA)........ km. Rio em que o empreendimento está implantado.....................................
2.2 Técnicos gerais
Atividade
técnica
explorada:
(
)
comercial
(
)
subsistência
(
)
Outra.
Especificar:............................................................ Início da exploração (ano): ..........................
Sistema de produção adotado na exploração: ( ) flutuante do tipo balsa ( ) flutuante do tipo
espinhel ou long-line ( ) suspenso fixo do tipo varal ( ) suspenso fixo do tipo mesa. Mãode-obra disponível para o desenvolvimento da atividade explorada: ( ) familiar (
contratada. Se contratada: ( ) fixa ( ) empreitada ( ) ou diária.
Valor em Reais da mão-de-obra paga:.........................................................................................
)
66
Fases
do
cultivo:
(
)
berçário
(
)
intermediária
(
)
engorda
(
)
outra.
Especificar:................................................................................................................................
Existem no mercado regional materiais para confecção e manutenção de lanternas, balsa e/ou
espinhel usados na infraestrutura do cultivo: ( ) Sim ( ) Não ( ) Em parte.
2.3 Infraestrutura para operação do cultivo
Principais
características
da
infraestrutura
de
produção
da
ostra:
............................................................................................................................................. Balsa
(área construída e materiais de construção):...................................................................
.......................................................................................................................................................
Espinhel - quantidade, materiais e comprimento (m):..................................................................
Poita - tamanho, forma e peso (kg):..............................................................................................
Boia ou bombona - tipo de material e volume (L):.......................................................................
Lanterna berçário - tipo de “prato” e comprimento de malha (cm):......................
.......................................................................................................................................................
Lanterna intermediaria - tipo de “prato” e comprimento de malha (cm):...................
......................................................................................................................................................
Lanterna de engorda - tipo de “prato” e comprimento de malha (cm):...................
.......................................................................................................................................................
Possui barco de apoio ao cultivo: ( ) Sim ( ) Não. Especificar:...............................................
2.4 Manejo
Local de trabalho: ( ) balsa ( ) praia ( ) canoa ( ) outro. Especificar:...............................
Atividades operacionais desenvolvidas e frequências:................................................................
Número de pessoas que atuam no cultivo:.............................. Forma de obtenção de sementes
para o cultivo:...............................................................................................................................
Se a captura de sementes é feita no meio ambiente, como isso é realizado:
......................................................................................................................................................
Frequência de captura de sementes: (
Frequência
da
limpeza,
contagem
) diária ( ) semanal ( ) mensal.
e
transferência
de
ostras
entre
fases
de
cultivo:..........................................................................................................................................
Procedimento de limpeza, manutenção e troca de lanternas.........................................................
Procedimento de limpeza e manutenção da balsa:........................................................................
67
Procedimento de limpeza e manutenção do espinhel:..................................................................
Executa medidas preventivas de proteção da infraestrutura do cultivo por ocasião de
enchentes local: ( ) sim ( ) não. Quais:........................................................................
2.5 Produção
Sabe informar a espécie de ostra cultivada:..................................................................................
Adquire
sementes
de
algum
fornecedor:
Sim
Não.
Nominar:.............................................................................................................................. Qual
o tamanho médio das sementes selecionadas para início de cultivo:.......... cm. Numero de
lanterna destinada às fases: berçário:............. Intermediaria:.......... Engorda:............ Taxa de
lotação inicial das ostras por fase nas lanternas: Berçário:.............. Intermediária:..........
Engorda:............ Taxa percentual de mortalidade média esperada das ostras ao final da fase:
berçário:............. intermediária:..........
respectivamente
por
fase
e
engorda:........ Produção estimada de ostras (dúzias)
por
lanterna:
berçário:.............intermediária:..........
engorda:............ Tempo médio de cultivo:........meses. Capacidade de produção da
infraestrutura do cultivo:.............. dúzias por ano.
2.6 Comercialização
Frequência da despesca para comercio:
anual
mensal
quem vende:..................................... Forma: (
) atacado (
...........................................................................
Padrão
da
semanal
diária. Para
) varejo. Local de venda:
ostra
comercializada:
tamanho................ cm. Preço/dúzia R$.................. Quantidades médias vendidas por mês
........ Dz. Faz algum tipo de seleção das ostras vendidas:.................. Possui forma de controle
de venda:........................................................................................................................
Tipo de venda: ( ) a vista ( ) a prazo. Forma de pagamento: ( ) Dinheiro ( ) Cheque
Complementa a demanda de vendas com ostras oriundas do extrativismo: ( ) Sim
(
) Não. As ostras comercializadas sofrem algum tipo de beneficiamento: (
sempre (
) Nem
) Não ( ) Sim. Especificar:......................................................................................
Quem determina o preço de comercialização na região do cultivo: ( ) produtor ( )
atravessador (
) mercado local
( ) outros mercados. Quais são os períodos do ano de
maiores vendas:..................................................... menores vendas:.......................................
68
3 Atividade de extensão
Recebe assistência técnica: (
) sim ( ) não. Entidade de assistência técnica e/ou fomento:
Publica ( ) Privada ( ) ONG Nominar:........................................................................
Se receber assistência técnica está satisfeito com o serviço prestado: ( ) Sim ( ) Não
( ) Em parte. Especificar: ..........................................................................................................
4 Ambientais
Considera a área do cultivo apropriado para ostreicultura: sim
( ) não ( ) em parte ( )
Comentar:............ Distância aproximada para a costa:.......... km. Considera o local do cultivo
protegido contra enchentes e corredeiras: ( ) sim ( ) Não. Realiza analises físico-químicas
da água: ( ) Sim ( ) Não. Quais são as profundidades do rio da Graciosa no ponto da balsa:
mínima........ m. Máxima:.....m. Acha importante preservar o meio ambiente: (
) Sim (
)
Não. Adota alguma medida de proteção do meio ambiente na região do cultivo: ( ) Sim ( )
Não. Qual:.......................................................................................................................
Acha que o local do cultivo sofre influencia de poluição: ( ) Sim ( ) Não. Qual:
Orgânica (
) Química ( ) Domestica ( ) Industrial. O local do cultivo sofreu enchente: ( )
Sim ( ) Não. Com que frequência: ( ) Eventual
( ) Anual ( ) Semestral.
O empreendimento possui licenciamento ambiental: ( ) Sim ( ) Não. Gratuito ( ) pago ( )
5. Opinião do líder sobre o empreendimento
Quais as principais vantagens da criação de ostras na região do rio da Graciosa?
Internas ao cultivo: 1) ............................................... 2) ...................................................... 3)
............................................................ e 4)...................................................................................
Externas ao cultivo: 1) ............................................... 2) ...................................................... 3)
............................................................ e 4)...................................................................................
Quais os principais dificuldades relacionadas com o cultivo?
Internas ao cultivo: 1) ............................................... 2) ...................................................... 3)
............................................................ e 4)...................................................................................
Externas ao cultivo: 1) ............................................... 2) ...................................................... 3)
............................................................ e 4)....................................................................................
Perspectiva para o futuro da atividade: (
) Paralisar (
) Manter como está (
) Crescer o
cultivo. Sabe informar se serão implantados novos empreendimentos de cultivos de ostra
nesta região: (
) não ( ) sim. Quando:.....................................................................................
69
APÊNDICE – B
Formulários de Controles Financeiros
1. Movimentação de caixa
FLUXO DE CAIXA
MOD. 01
Saldo anterior: R$ ______________
Doc.
Valor (R$)
Nº
Histórico
Entrada
Saída
Saldo
Saldo atual
Fonte: MALUCHE (2000), com adaptação do autor.
2. Controle de manutenção
CONTROLE DE MANUTENÇÃO
Nª de
Ordem
Discriminação do Serviço
Responsável
técnico
MOD. 02
Data
Inicio
Custo
Término
(R$)
Total
Fonte: MALUCHE (2000), com adaptação do autor.
3. Contas a pagar
CONTROLE DE CONTAS A PAGAR
Doc.
N°
MOD. 03
Material /
Fornecedor
Serviço
Valor
Emissão
Vencimento
Total
Fonte: MALUCHE (2000), com adaptação do autor.
(R$)
70
4. Controle de venda a prazo
CONTROLE DE VENDA A PRZO
Doc
. Nº
Cliente
Quant.
Preço
(dúzia)
(R$)
Entrega
MOD. 04
Recebimento
Subtotal
Total
Fonte: MALUCHE (2000), com adaptação do autor.
5. Cadastro de cliente
CADSTRO DE CLIENTES
MOD. 05
Pessoa física V Pessoa jurídica
Razão social
Endereço
Telefone
E-mail
Data do aniversário
Produto desejado
Fonte: MALUCHE (2000), com adaptação do autor.
6. Cadastro de fornecedores
CADASTRO DE FORNECEDOR
Pessoa física
V
Pessoa jurídica
MOD. 06
Ramo do negócio:______________________
Razão social
CGC / CPF
Inscrição estadual
Endereço
Telefone
E-mail
Data do aniversário
Fonte: MALUCHE (2000), com adaptação do autor.
71
7. Quantidades comercializadas mês.
CONTROLE MENSAL DE VENDA DE OSTRA
M ê s:
Dia
Venda
Quantidade.
(dúzia)
Unitário
MOD. 07
Valor (R$)
Subtotal/
Categoria
M
G
M
G
M
G
M
G
M
G
M
G
M
G
M
G
M
G
M
G
M
G
M
G
Total
Fonte: Elaborado pelo autor.
Subtotal
Dia
72
8. Quantidades comercializadas ano.
CONTROLE ANUAL DE VENDA DE OSTRA
MOD. 08
A n o:
Valor (R$)
Quantidade
Mês Venda
Sub
Total
(dúzia)
Unitário
total
Mensal
Jan
Fev
Mar
Abr
Mai
Jun
Jul
Ago
Set
Out
Nov
Dez
M
G
M
G
M
G
M
G
M
G
M
G
M
G
M
G
M
G
M
G
M
G
M
G
Total
Fonte: Elaborado pelo autor.
73
Download

AVALIAÇÃO TÉCNICO-FINANCEIRA DE UM CULTIVO DA OSTRA