A COOPERAÇÃO NA EAD: ANÁLISE DO EQUILÍBRIO DAS TROCAS
NO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO EM AMBIENTE VIRTUAL DE
APRENDIZAGEM
SCHMITT, Giovana Ersching – Católicas SC
[email protected]
PETRIS, Juliana Patrícia – Católicas SC
[email protected]
Eixo Temático: Comunicação e Tecnologia
Agência Financiadora: não contou com financiamento
Resumo
O presente artigo apresenta uma análise de como a cooperação pode se fazer presente a partir
do equilíbrio das trocas no processo de comunicação em um ambiente virtual de
aprendizagem. Como objeto de análise tomou-se a comunicação escrita entre acadêmicos e
professora estabelecida no ambiente virtual da disciplina de Metodologia Científica, ocorrida
no curso de Moda do Centro Universitário – Católica de Santa Catarina no primeiro semestre
de 2011. A análise feita considerou os estudos teóricos de Jean Piaget, que permitiram
identificar como elementos característicos da ação cooperativa a correspondência, a simetria e
a complementaridade. Estes elementos caracterizam a existência de trocas equilibradas,
processo fundamental à cooperação, sendo encontrados em diferentes intensidades e
momentos da comunicação estabelecida entre acadêmicos e professora e entre os próprios
acadêmicos envolvidos com esta disciplina. Os fragmentos analisados neste artigo constituem
uma demonstração de toda a comunicação estabelecida pelo grupo ao longo do semestre no
ambiente virtual, evidenciando que a cooperação é uma habilidade que pode ser desenvolvida
ao longo de um processo de formação, desde que a proposta metodológica oportunize
momentos de interação entre o grupo. Paralelamente a isso, a inexistência de hierarquias entre
os acadêmicos que constituem o grupo, o fato de estarem situados e se perceberem em
condições de igualdade, a proposição de ações que permitiram o reconhecimento de cada um
em sua singularidade, possibilitaram que o grupo, no decorrer do semestre, mesmo sem
intenção, desenvolvesse uma postura comunicativa diferenciada a partir da apropriação destes
elementos em suas contribuições, fazendo com que a cooperação não fosse apenas uma forma
de aprender com o outro, mas de aprender junto dele.
Palavras-chave: Cooperação. Comunicação. Ambiente virtual de aprendizagem. EaD.
Introdução
14037
A expansão crescente da Educação a Distância (EaD) tem demonstrado a existência de
inúmeras e diferenciadas concepções metodológicas para atuação nesta modalidade. No
Centro Universitário – Católica de Santa Catarina, o trabalho com a EaD ampara-se na
Portaria Ministerial n. 4059, de 10 de dezembro de 2004, segundo a qual até 20% da carga
horária total de um curso presencial já reconhecido pode ser desenvolvida em EaD.
Explorando as possibilidades decorrentes desta portaria, a disciplina de Metodologia
Científica, que é comum às matrizes curriculares de diferentes cursos da instituição, é
desenvolvida de forma híbrida, com 50% de sua carga horária em EaD e 50% presencial em
diferentes cursos. A proposta metodológica das atividades desenvolvidas nesta disciplina está
fundamentada em processos que oportunizam a interação entre os sujeitos que aprendem e
ensinam de forma cooperativa, sendo as tecnologias usadas como recursos para que essa ação
se efetive. Este fato torna a ação cooperativa um dos elementos centrais das ações
desenvolvidas na disciplina.
Na tentativa de ampliar a compreensão sobre esta ação e buscando verificar como ela
se efetiva na comunicação estabelecida durante a disciplina de Metodologia Científica,
realizamos a análise apresentada neste artigo a partir da interação ocorrida entre acadêmicos e
professora durante o primeiro semestre de 2011 no curso de Moda. A compreensão do que
seja cooperar foi fundamental para que fosse possível perceber a presença deste elemento no
processo comunicativo estabelecido.
Afinal, o que é cooperar?
É fato que o desenvolvimento intelectual pressupõe maturação orgânica específica,
todavia, é por meio de processos de interação que ele se efetiva. Sendo a interação concebida
como um processo em que condutas se modificam umas às outras, ocorrendo tanto entre
sujeito e objetos quanto entre o sujeito e outros sujeitos, ela é elemento base para que a
cooperação possa existir.
Compreendendo a cooperação como um processo de “[...] operações efetuadas em
comum ou em correspondência recíproca” (PIAGET, 1973, p. 22), cabe ressaltar que a
existência destas operações não ocorre “naturalmente”, mas resulta de um processo de “[...]
discussão travada objetivamente (donde essa discussão interiorizada que é a deliberação ou
reflexão), a colaboração no trabalho, a troca de idéias, o controle mútuo [...]” (PIAGET, 1983,
p.163). Nesta perspectiva, ela se constitui como um ato construído na reciprocidade entre os
14038
indivíduos, sendo possível pela descentração intelectual, decorrente, portanto, de ações de
natureza lógica e social, que resulta na superação da perspectiva egocêntrica do indivíduo.
Piaget (1973, p. 105) descreve a passagem ao ato de cooperar da seguinte forma:
O indivíduo começa por ações irreversíveis, não compostas logicamente entre elas, e
egocêntricas, isto é, centradas sobre elas mesmas e sobre seu resultado. A passagem
da ação à operação supõe, pois, no indivíduo, uma descentração fundamental,
condição do agrupamento operatório, e que consiste em ajustar as ações umas às
outras, até poder compô-las em sistemas gerais aplicáveis a todas as transformações:
ora, são precisamente estes sistemas que permitem unir operações de um indivíduo
às dos outros.
A cooperação, desta forma, se diferencia da ajuda. Valentini e Fagundes (2005)
enfatizam esta distinção afirmando que enquanto no ato de ajudar há predomínio do fazer pelo
outro, na cooperação o que prevalece é o enfrentamento solidário dos problemas por meio da
troca, da busca de soluções e da construção de novos saberes junto com os outros. Cabe
também ressaltar que cooperar não é o mesmo que colaborar. De acordo com Scherer (2005,
p.94), esta distinção parte do princípio de que “[...] colaborar é operar isoladamente sobre um
objeto em estudo, sem criar com o outro, sem buscar um entendimento comum.”, enquanto
que a cooperação é concebida como uma operação comum, a qual torna possível, segundo
Piaget (1973, p.105), “[...] ajustar por meio de novas operações (qualitativa ou métricas) de
correspondência, reciprocidade ou complementaridade, as operações executadas por cada um
dos parceiros.”
O estabelecimento de um processo cooperativo, desta forma, só é possível quando
existir aquilo que Piaget denominou de equilíbrio de troca, compreendendo-o como “[...] as
características do estado no qual os interlocutores se encontrarão de acordo ou
intelectualmente satisfeitos” (PIAGET, 1973, p.108). É no equilíbrio das trocas que os
agrupamentos são constituídos, resultando não mais em conceitos isolados, mas em um
sistema de conceitos decorrentes da coordenação dos pontos de vista e de posições comuns do
pensamento dos sujeitos envolvidos.
Ao cooperar e buscar a coordenação de ações em um grupo o sujeito mostra-se aberto
para o outro, reconhecendo-o em suas singularidades e tomando estas como possibilidades de
emancipação e não de submissão ao grupo. Todavia, segundo Scherer (2005, p.91), ela “[...]
deixa de acontecer se faltar reciprocidade entre os envolvidos, respeito mútuo, ou quando um
14039
dos envolvidos partir da idéia de que o seu ponto de vista é o único possível”. É na aceitação
mútua que cada um incorpora o outro como parte sua sem negar a si mesmo, não sendo
possível uma relação cooperativa se nas trocas estabelecidas os sujeitos não aceitarem a si
mesmos e ao outro.
As possibilidades oferecidas pelos ambientes virtuais de aprendizagem para processos
em EaD, ao questionarem os modos de interação tradicionais, nos remetem a uma nova
relação do sujeito consigo mesmo e com o outro. Franciosi, Medeiros e Colla (2003, p.135),
ao escreverem sobre Caos, criatividade e ambientes de aprendizagem, discutem a questão da
cooperação no contexto dos ambientes virtuais de aprendizagem. As autoras afirmam que:
[...] processos baseados na cooperação se caracterizam por objetivos comuns, ações
compartilhadas, benefícios para todos, e pressupõem contato, respeito mútuo,
confiança, liberdade, recreação, diálogo, paciência, entusiasmo e continuidade,
afetos que se tocam e se trocam.
As características apresentadas pelas autoras acima citadas demonstram que a
cooperação é possível em qualquer ambiente, uma vez que não está relacionada à infraestrutura ou a algum recurso material, mas sim a postura dos envolvidos. Assim, é preciso que
as ações propostas para o ambiente virtual não reproduzam o ensino tradicional, mas levem os
sujeitos a uma atitude crítica e reflexiva frente ao conhecimento que, neste espaço, também se
constrói na relação com o outro.
A presença da cooperação por meio do equilíbrio das trocas na disciplina de
Metodologia Científica
As ações propostas pela disciplina objeto de análise deste artigo partiram de uma
metodologia que possibilitasse o desenvolvimento de ações pelos acadêmicos e o seu
acompanhamento pela professora de maneira próxima, por meio de dispositivos que
desencadeassem processos de comunicação e interação livres, não hierarquizados. Esse
movimento foi fundamental, uma vez que a comunicação estabelecida durante a disciplina se
constituiu o objeto da análise realizada, estando nesta a possibilidade do encontro de alguns
elementos necessários à existência da cooperação. Dentre alguns destes elementos, a análise
feita, neste momento, restringiu-se àquele que Piaget considera fundamental para o
estabelecimento de um processo cooperativo: o equilíbrio das trocas.
14040
Ao ser definido pelas “[...] características do estado no qual os interlocutores se
encontrarão de acordo ou intelectualmente satisfeitos.” (PIAGET, 1973, p.108), o equilíbrio
das trocas torna possível a coordenação de pontos de vista e a chegada a um consenso não
coagido. Para tal, a existência de uma escala comum de valores possui significativa
importância, haja vista que é a partir dela que os sujeitos da ação comunicativa podem
compreender sobre o sentido das palavras que empregam e sobre a definição das noções que
constituem estas significações.
Partindo da premissa de que se não há um acordo o equilíbrio não é possível, além dos
valores envolvidos se encontrarem em uma escala comum, faz-se necessário que estes estejam
em condições de igualdade. São estas condições que garantem a conservação de proposições
já reconhecidas e o estabelecimento de acordos sobre os valores reais em discussão,
permitindo o retorno às validades reconhecidas anteriormente.
O equilíbrio das trocas diferencia-se de uma simples troca espontânea pelo fato de que
a liberdade presente nas relações estabelecidas não se caracteriza como um laissez-faire, mas
sim como um processo regido por normas coletivamente construídas e que orientam um
grupo. Desta forma, ele se caracteriza pela superação da idéia de um sistema constituído por
simples regulações e passa a comportar essencialmente um sistema de normas.
Ao considerar que as produções resultantes das trocas são reguladas pelos princípios
de reversibilidade e conservação, a existência do equilíbrio nestas, conforme Piaget (1973,
p.112), se caracteriza necessariamente pela presença de uma das três normas abaixo
apresentadas:
a) as proposições de um podem corresponder simplesmente às de outro, de onde um
agrupamento apresentando a forma de uma correspondência termo a termo entre
duas séries isomorfas de proposições; b) as de um dos parceiros podem constituir o
simétrico das proposições do outro, o que supõe seu acordo sobre uma verdade
comum (do tipo a) justificando a diferença de seus pontos de vista (...); c) as
proposições de um dos parceiros podem completar simplesmente as do outro, por
adição entre conjuntos complementares.
Compreendendo as proposições como atos comunicativos que constituem em seu
conteúdo a comunicação de uma ação realizada pelo sujeito que comunica (PIAGET, 1973),
ao analisar estas em diferentes momentos da disciplina objeto de análise desta pesquisa,
observamos que o equilíbrio das trocas esteve presente praticamente em todo o processo.
14041
Inicialmente, a presença destas normas pouco pode ser observada na comunicação
estabelecida pelo grupo de acadêmicos. As proposições manifestadas pelo grupo não
consideravam as contribuições dos demais colegas, resultando em manifestações
desarticuladas e que sinalizavam idéias isoladas, não demonstrando a busca de um consenso.
A seqüência de contribuições1 abaixo, retirada diretamente do ambiente virtual da disciplina,
evidencia a ausência desta articulação entre os participantes quando discutem o processo de
elaboração de um memorial descritivo acadêmico.
Re: Estudos sobre Memorial Descritivo Acadêmico – Grupo 02
por J. P. - terça, 20 maio 2011, 14:32
Pela minha leitura do texto conclui que o memorial descritivo é um arquivo onde se registra as experiências
vividas do nosso passado, assim, usando as informações para o presente e, também, o futuro. Podemos escrever
um memorial de várias coisas, como, profissional, pessoal e acadêmico. O memorial descritivo acadêmico é um
registro de experiências vividas na graduação. É um registro de trabalho, pesquisa, criações, projetos bem
detalhado contendo passo a passo do trabalho. Pode ter imagens, fotos, etc. Como se trata de um memorial
acadêmico, deve conter, capa e folha de rosto, sumário, resumo, introdução, corpo do memorial, conclusão,
referencias e anexo (se tiver).
Re: Estudos sobre Memorial Descritivo Acadêmico – Grupo 02
por J. R. M. - terça, 20 maio 2011, 16:49
A partir das minhas leituras nos textos sobre Memorial Descritivo Acadêmico, entendi que um Memorial se
refere a uma pesquisa de acontecimentos vividos no passado com direito a relatos e fotos de tudo que já ocorreu.
Em um memorial acadêmico, devemos descrever tudo desde o 1ºsemestre ao último, incluindo as coleções
desenvolvidas até lá.
Re: Estudos sobre Memorial Descritivo Acadêmico – Grupo 02
por T. P. L. - terça, 20 maio 2011, 19:12
Lendo o texto entendi que, memorial descritivo é você descrever um acontecimento que você vivenciou no seu
passado, registrando momentos importantes de sua vida, como por exemplo, contar ou descrever um passeio
legal, falar de coisas que interessavam você no seu passado...
Em breve postarei outro comentário sobre o texto.
Esta postura inicialmente apresentada pelos acadêmicos demonstra um comportamento
predominantemente individualista, não havendo uma efetiva preocupação em como o grupo
poderia, coletivamente, chegar a novos conceitos, mas em como cada um faria isso.
Por concordar com a idéia de Becker (2001) de que o ato pedagógico assume
significado na medida em que as relações do processo de ensino e aprendizagem são
ampliadas, buscou-se investir nestas. Neste sentido, as intervenções realizadas pela
professora, buscaram retomar elementos presentes nas proposições já manifestadas por alguns
1
Todas as contribuições que serão apresentadas e analisadas neste trabalho foram retiradas dos diferentes
aplicativos existentes no ambiente virtual da disciplina de Metodologia Científica no curso de Moda do primeiro
semestre de 2011. Nos fragmentos apresentados neste artigo foram expressas apenas as iniciais de seus autores,
procedimento este que teve como objetivo preservar a identidade dos acadêmicos matriculados na disciplina.
14042
participantes, objetivando desencadear no grupo a percepção da importância das contribuições
existentes para o processo de aprendizagem coletivo. Isso pode ser observado na contribuição
abaixo, onde a professora intervém, comentando não apenas as proposições dos acadêmicos
anteriormente apresentadas, mas todas aquelas até então manifestadas.
Re: Estudos sobre Memorial Descritivo Acadêmico – Grupo 02
por G. E. S. - quarta, 23 maio 2011, 20:41
Olá pessoal!
As discussões estão “rendendo” por aqui…no entanto, antes de seguirmos, sinalizo a importância de lermos as
contribuições já deixadas pelos colegas para que possamos aprofundá-las. É esse o movimento que caracteriza
um fórum: a possibilidade de troca com o outro para que possamos ampliar o nosso olhar sobre uma determinada
questão.
Muitos de vocês trazem, neste espaço, a comparação do Memorial com um diário. Essa pode ser uma
comparação que nos permite a reflexão inicial sobre o que seja o memorial, mas não podemos ficar restritos a
ela. Tanto que J. P., em sua primeira contribuição, enfatiza a existência dos três tipos de memorial: profissional,
pessoal e acadêmico. O profissional segue a dimensão do currículo, como a K. sinaliza; o pessoal resgata a
caracterização do diário, mas o acadêmico, que é o nosso foco, deve apresentar características que sejam próprias
da academia, da universidade. E quais são essas características? Temos de tê-las claras para que possamos
compreender, então, o que torna um memorial descritivo “acadêmico”.
Pensando nessas características, será que o que J. F. exemplifica como sendo um memorial descritivo acadêmico
realmente é um? O que vocês acham? Ou ele está mais para a dimensão da pesquisa abordada por S.? Temos de
cuidar para não reduzir nossa percepção a uma idéia utilitária: por que seria o memorial descritivo acadêmico
apenas uma fonte de pesquisa futura? O que ele nos possibilita no seu próprio processo de elaboração? Vamos
conversar um pouquinho sobre isso? Fica o convite!
Abraços e até mais!
G.
Além de articular as contribuições deixadas pelos participantes na tentativa de
provocá-los para um agir comunicativo, a intervenção da professora evidencia a importância
do papel do professor em processos na modalidade de EaD. Nesta intervenção temos clara a
preocupação da professora em desafiar o grupo para a construção de novas aprendizagens a
partir dos saberes já construídos, utilizando-se da pergunta para provocar a reconstrução
destes e a criação coletiva de novos conhecimentos.
Ao perceber a articulação realizada pela professora em sua intervenção, alguns
acadêmicos passaram também a estar mais atentos às contribuições de outros colegas. Com
este movimento, se deu início à presença da cooperação na comunicação estabelecida entre o
grupo, uma vez que as normas necessárias à existência do equilíbrio das trocas começaram a
existir. Cabe ressaltar que estas, em nenhum momento, foram impostas, mas constituídas a
partir da necessidade do próprio grupo.
Apesar de inicialmente as contribuições dos acadêmicos pouco considerarem as
intervenções dos demais colegas do grupo, na medida em que as aulas avançaram e o uso do
ambiente virtual se intensificou, a comunicação entre o grupo teve suas características
14043
egocêntricas superadas por uma postura de troca, efetiva discussão, aprendizagem. O início
deste processo pode ser observado nas contribuições de L.P., K.S e K.P.. abaixo apresentadas:
Re: Estudos sobre Memorial Descritivo Acadêmico – Grupo 02
por L. P. - sexta, 27 maio 2011, 00:24
Oi pessoal! Tudo bom?
Venho aqui fazer a minha primeira contribuição no tópico.
O memorial descritivo acadêmico é um registro descritivo e reflexivo de alguma experiência vivenciada
durante o curso na Universidade. Essa experiência pode ser o desenvolvimento de um produto ou coleção, uma
pesquisa realizada, algo que foi criado ou até mesmo um projeto integrador, como a nossa turma está fazendo.
No memorial, será descrito minuciosamente como esse conhecimento foi atingido.
Para elaborar um memorial é necessária muita organização. Isso porque ele possui etapas específicas e, por ser
acadêmico, necessita de um embasamento teórico: referências de livros, outros autores, artigos, etc. A criação de
um memorial envolve o passado, pois é uma narrativa sobre algo que já ocorreu (uma vivência); e também o
presente, pois analisa a construção e consolidação do conhecimento (transformando-se assim em experiência).
E é isso aí por enquanto Vamos aguardar mais respostas para discutirmos mais sobre o memorial!
Um abraço,
L.P.
Re: Estudos sobre Memorial Descritivo Acadêmico – Grupo 02
por K. S. - sábado, 28 maio 2011, 14:22
Olá! Concordo com as contribuições trazidas pela L. e pela D.
O memorial Descritivo me lembrou no primeiro momento muito parecido com um diário que vamos escrevendo
os acontecimentos mais importantes que obtivemos no dia-a-dia. Onde o memorial é uma narrativa das nossas
experiências vividas onde relatamos os fatos mais importantes nele, escrevemos nossa própria história, acho
interessante pois quando escrevemos algo e quando vamos ler novamente após um tempo, parece que voltamos
ao momento em que tudo aconteceu e algo mais fácil de ser relembrado.Onde estaremos descrevendo nossa
própria vida e as escolhas que fizemos.
Att. K.
Re: Estudos sobre Memorial Descritivo Acadêmico – Grupo 02
por K. P. - segunda, 30 maio 2011, 22:14
Boa noite meninas!
Bem, estava lendo as contribuições de vocês acima e achei muito interessante o que a K. usou de exemplo
para um memorial descritivo como um diário, como Torizani colocou “[...] uma narrativa detalhada de
uma experiência vivenciada, a qual é retomada a partir dos eventos significativos que nos vêm à
lembrança”, como diz o nome é um texto feito de memórias explicando um projeto, exercício que talvez
não somente nos possibilitam relembrar de experiências vivenciadas, mais também de guardar um grande
volume de informações, que são facilmente observáveis e retornar o passado e dar um sentido ao nosso
presente, observar, recordar e refletir um memorial registrado faz ter mais uma visão ampliada sobre
nossas experiências de vida, faz analisar nosso autoconhecimento crucial sobre o caminho que estamos
percorrendo.
Abraços,
K.P.
Uma mudança aparentemente insignificante, mas que pode trazer diferenciais ao grupo
e presente ainda nas contribuições acima, encontra-se no simples ato de “cumprimentar” e
“despedir-se” dos colegas no momento em que uma contribuição é deixada, o que antes não
ocorria. A presença desse tipo de atitude pode ser compreendida como a demonstração da
14044
preocupação com e do reconhecimento do outro neste processo, evidenciando o início do
estabelecimento de possíveis vínculos no grupo. Neste sentido, concordamos com Valentini e
Fagundes (2005, p.40) ao afirmarem que “O estabelecimento de vínculos por meio da
atividade comunicativa é um dos aspectos do processo de aprendizagem, favorecendo a
constituição dos grupos de interação e a construção do conhecimento”.
É esta compreensão que também revela, de alguma forma, o sentimento de pertença de
um sujeito a um grupo, demonstrando indícios da possível formação de uma comunidade.
Algumas tentativas, neste sentido, foram percebidas em diferentes momentos, tendo como
elemento comum a pergunta – seja como forma de retomar ou continuar a discussão, seja
como autoquestionamento ou ainda por meio de simples convites. Este movimento pode ser
observado nas contribuições apresentadas na sequência:
Re: Estudos sobre Memorial Descritivo Acadêmico – Grupo 01
por A. B. - domingo, 29 maio 2011, 22:46
Olá,
O Diário, que com certeza já fez parte ou ainda faz da vida de muitas garotas, pode sim em minha opinião ser um
exemplo clássico de memorial descritivo. Mas então, um memorial descritivo poderia ser também, por exemplo,
uma biografia? Memorial descritivo acadêmico é uma forma de registrar experiências durante uma graduação.
Então para escrever um memorial descritivo acadêmico precisamos possuir experiências e também realizar
pesquisas, e que assim, possa servir como um conhecimento, e mais adiante, como base de novas pesquisas,
certo?
Até,
A. B.
Re: Estudos sobre Memorial Descritivo Acadêmico – Grupo 02
por S. T. S. - segunda, 30 maio 2011, 19:22
Olá pessoal
Concordo com todas as observações de vocês.
Como disse a professora G. ao comentar o ditado popular: “Quem vive do passado é museu”, pois é, ninguém
tem um presente sem ter um passado, porém, baseado no passado, podemos rever nossas experiências e não
cometemos, por exemplo, os mesmos erros. O memorial descritivo acadêmico é toda a experiência que vamos
viver durante a graduação. Então, como esse pode se tornar o registro do processo de avaliação do
conhecimento? Acho que podíamos seguir a conversa falando sobre isso... o que acham?
Até mais,
S.
É importante salientar que a possibilidade de coordenar pontos de vista diferentes em
uma nova realidade é outro elemento a ser considerado. A existência da confrontação e a
busca pela coordenação das diferenças se fizeram presentes em diferentes momentos do
semestre, todavia numa intensidade menor que as outras normas. Puderam ser percebidas nas
discussões que implicavam um posicionamento mais pessoal dos acadêmicos, como no caso
da contribuição de K.P. onde apresenta sua compreensão acerca da análise da participação de
outra colega numa perspectiva diferenciada daquela apresentada pela colega P.F.
14045
Re: Estudos sobre Memorial Descritivo Acadêmico – Grupo 02
por P. F. - segunda, 30 maio 2011, 22:31
Olá meninas!
Analisei o comentário de K., como foco na seguinte comparação: “o memorial descritivo parecido com
diário”, completando seu comentário, também tenho como comparação o diário, só que com um pouco
mais de aprofundamento tem como relato o seguinte: o Memorial Descritivo é como um diário que temos
que viver perante ele, com suas informações descritas e relacionar ao presente para que possa criar um
futuro.
Re: Estudos sobre Memorial Descritivo Acadêmico – Grupo 02
por K. P. - terça, 31 maio 2011, 12:57
Oi P! Li sua contribuição e tenho que dizer que discordo dela. Acho que não precisamos viver "perante" ao
memorial descritivo para poder criar um futuro, usamos ele para relembrar ações que fizemos e refletir
mais pelo que estamos fazendo no presente.
Não seria isso que você quis dizer?
Abraços,
K.P.
PS*:só não me entenda mal, estou apenas expressando minha opinião. ;)
As proposições dos participantes durante o curso demonstram, como podemos
observar, que o equilíbrio nas trocas foi um elemento que não iniciou o processo com o grupo,
mas foi constituído na medida que as discussões foram estabelecidas pelos participantes.
Considerando as normas apresentadas por Piaget como necessárias à sua existência e
compreendendo-as como necessárias à existência da cooperação, encontramos na sua
presença no grupo uma primeira possibilidade da existência de um processo cooperativo de
aprendizagem.
Considerações Finais
A categoria utilizada no processo de análise da comunicação estabelecida durante o
semestre, na disciplina de Metodologia Científica, caracteriza alguns movimentos necessários
à existência de um processo cooperativo. Além disso, indica o início de possibilidades de
significados serem atribuídos aos movimentos oportunizados neste território simbólico,
permitindo que ele pudesse vir a se constituir em uma comunidade virtual de aprendizagem.
Ao estabelecer um processo comunicativo situado num contexto compartilhado por
todos, os acadêmicos e a professora evidenciaram a existência de uma escala comum de
valores em diferentes momentos da comunicação existente. Mesmo nos momentos em que
ela não pode ser observada explicitamente, as condições de igualdade entre o grupo,
favorecida pela maneira em que as diferentes contribuições eram articuladas pela professora,
permitiram que estes iniciassem a construção de algumas normas necessárias às trocas
equilibradas. Sendo ora correspondentes, ora acordadas a partir de diferentes proposições
iniciais de pensamento ou ainda complementares, por reforçarem elementos de contribuições
14046
já existentes, a presença destas normas, apesar de não ter sido construída intencionalmente
pelo grupo, foi sendo evidenciada na medida em que o semestre avançou.
É certo que os fragmentos aqui apresentados e analisados constituem-se apenas um
pequeno recorte de toda comunicação estabelecida e não caracterizam o envolvimento de
todos os acadêmicos da disciplina. Da mesma forma, poderíamos também ter outros
elementos, outras categorias, como características necessárias à existência da cooperação.
Todavia, tomando como referencial o conceito de cooperação apresentado neste artigo, temos
nesta disciplina, um processo que indica algumas evidências de cooperação em um ambiente
virtual, em uma disciplina desenvolvida parcialmente na modalidade de EaD.
Considerando os elementos que permearam as relações estabelecidas pelos
acadêmicos durante a disciplina, acreditamos que o estabelecimento de um processo de
aprendizagem cooperativa em aulas na modalidade de EaD possa ser favorecido pela
proposição de ações que permitam o reconhecimento de cada um dos participantes em sua
singularidade, respeitando diferenças e percebendo nestas possibilidades de aprender com o
outro. É esta postura que permitirá que a ação dos sujeitos envolvidos neste processo possa
evidenciar não apenas a presença de trocas equilibradas e recíprocas, mas de outras
características que venham, inclusive, contribuir de maneira mais efetiva no processo de
constituição de comunidades virtuais de aprendizagem.
REFERÊNCIAS
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2001.
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Portaria Ministerial n. 4059, de 10 de
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FRANCIOSI, Beatriz Regina Tavares; MEDEIROS, Marilú Fontoura de; COLLA, Anamaria
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FARIA, Elaine Turk (orgs.). Educação a Distância – Cartografias Pulsantes em Movimento.
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PIAGET, Jean. Estudos sociológicos. Tradução por Reginaldo Di Piero. Rio de Janeiro:
Forense, 1973.
____________. Psicologia e Epistemologia – Por uma teoria do conhecimento. Tradução por
Agnes Cretella. Rio de Janeiro: Forense, 1973.
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____________. Psicologia da inteligência. 2 ed. Tradução por Nathanael C. Caixeiro. Rio de
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SCHERER, Suely. Uma estética possível para a educação bimodal: aprendizagem e
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Educação. São Paulo, 2005. 240 p. Tese de doutorado em Educação – Programa de PósGraduação em Educação e Currículo, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
(PUCSP).
VALENTINI, Carla Beatris; FAGUNDES, Léa da Cruz. Comunidade de Aprendizagem: a
constituição de redes sociocognitivas e autopoiéticas em ambiente virtual. In: VALENTINI,
Carla Beatris; SOARES, Eliane Maria do Sacramento (orgs.). Aprendizagem em ambientes
virtuais: compartilhando idéias e construindo cenários. Caxias do Sul, RS: Educs, 2005. p.35
– 42.
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