VALE
Teleconferência e webcast
16 de novembro de 2015 – 14h00 (horário do Rio de janeiro)
Operadora: Boa tarde senhoras e senhores, sejam bem vindos à teleconferência da Vale.
No momento todos os participantes estão conectados apenas como ouvintes, mas tarde
será aberta a sessão de perguntas e respostas, quando então serão dadas as instruções
para participarem dessa sessão. Caso seja necessária a ajuda de um operador durante a
teleconferência, basta teclar *0, cabe lembrar que essa teleconferência está sendo gravada
e a gravação estará disponível no website da empresa, no endereço vale.com sessão de
investidores. O playback do áudio dessa teleconferência estará disponível até 22 de
novembro de 2015 por meio do telefone: 55 11 3193-1012 ou 2820-4012, código de
acesso 1235767#, esta teleconferência está sendo transmitida simultaneamente pela
internet, também com acesso pelo site da empresa.
Conosco, hoje, estão:

Sr. Murilo Ferreira – Diretor Presidente;

Sr. Luciano Siani Pires – Diretor Executivo de Finanças e Relações com
Investidores; e

Sr. Clóvis Torres – Consultor Geral.
O Sr. Murilo Ferreira fará os comentários e logo após estará disponível para responder as
questões que eventualmente sejam formuladas. Agora, gostaria de passar a palavra ao Sr.
Murilo Ferreira. Por favor, pode prosseguir Sr. Murilo.
Luciano Siani: Boa tarde, quem fala é Luciano Siani. Dr. Murilo está aqui conosco,
prestando apoio a essa conferência. Nós já tivemos aí entrevista com ele e com Andrew
Mackenzie, na semana passada, em uma quarta-feira, portanto, eu vou conduzir a
conferência e em outras ocasiões, também conjuntamente com Sr. Andrew, vocês poderão
ver manifestações posteriores aí do Sr. Murilo.
Eu queria dizer para vocês que, em nome da Vale, que é um momento de profunda tristeza
para todos nós, por conta desse trágico incidente, ocorrido há pouco mais de uma semana.
Impactou profundamente a todos os colaboradores da Samarco, da Vale. Graves
consequências, inúmeras perdas de vidas humanas, efeito sobre meio ambiente,
patrimônio das pessoas, desabastecimento da água, tudo isso é nossa prioridade
emergencial, mitigar esses graves efeitos. Nós estamos muito comprometidos em ajudar.
O foco do trabalho conjunto hoje está em várias frentes, como, por exemplo, a
reacomodação das populações atingidas, transferindo as pessoas de hotéis para
residências alugadas. Assegurar a estabilidade da barragem do Germano, temos aí os
maiores especialistas do mundo, examinando e já propondo soluções. Tornar a água do
Rio Doce tratável novamente, estamos auxiliando nas especificações de floculantes,
reagentes, para reduzir a turbidez da água. Assegurar o abastecimento de água para as
populações afetadas. Nós já provemos vagões tanques com água, água potável para as
populações e, como anunciamos na sexta-feira, inclusive, estamos transportando
diretamente água mineral. Compramos aí milhões de litros de água mineral para as
cidades afetadas. Ontem mesmo, cerca de 500 mil litros foram entregues em Governador
Valadares e as quantidades estão aumentando à medida que a gente resolve os
problemas iniciais com as transportadoras, os fornecedores. A gente espera que esses
transtornos sejam superados e poder garantir abundância de suprimentos aí para as
populações.
Queria esclarecer adicionalmente que, apesar de não haver uma conclusão sobre as
causas do incidente ocorrido na Samarco, e possivelmente ainda serão muitos meses até
que tenhamos um diagnóstico, a Vale realizou uma vistoria adicional em todas as suas
barragens de rejeito e todas elas se encontram em boas condições operacionais. As
práticas adotadas pela Vale na sua gestão de barragens são as mais modernas, como
também eram as da Samarco, que contava inclusive com um board externo formado pelos
mais renomados especialistas no assunto, inclusive estrangeiros, que periodicamente
reviam as suas barragens.
E, no entanto, nós não vamos nos furtar em adotar medidas de segurança adicionais, que
nós entendemos necessárias após identificação das causas do acidente ocorrido na
Samarco. Embora as questões financeiras não sejam prioridade nesse momento, nós
decidimos, em respeito aos investidores, acionistas e por conta do nosso dever fiduciário,
realizar essa conferência para buscar esclarecer e nivelar as informações sobre os
impactos e implicações do acidente. Vamos buscar responder suas perguntas da forma
mais franca, clara e direta possível, e eu já adianto aqui que para vários assuntos nós não
temos ainda todas as respostas e nós não vamos enveredar pelo campo das
especulações. E antes de abrir, a concorrência, a conferência para perguntas e respostas
eu queria novamente reforçar em que, como já foi dito na entrevista pelo presidente da
Samarco e pelos presidentes, o diretor presidente Murilo Ferreira e o Andrew Mackenzie
da BHP, que havendo apoio da sociedade e das autoridades, a Vale apoiará a Samarco
para que ela se reerga e possa satisfazer os seus compromissos de recuperação
socioambiental e tudo aquilo que for necessário. Então, temos aqui, caso a sociedade
assim deseje, esse compromisso da nossa Empresa.
Murilo: Esse é um ponto muito importante que eu queria destacar na fala do Luciano, que
nós temos essa, precisamos ter essa convicção da sociedade brasileira e expressa através
dos governos Estaduais, Municipais e mesmo Federal, para que as coisas sejam bem
definidas em relação ao futuro da Samarco, não é Luciano?
Luciano Siani: Sim, Murilo e, portanto, queremos expressar nosso extremo e profundo
pesar, dizer que nosso pensamento, nossa preocupação e nossas orações estão com
todos aqueles afetados pelo acidente. Então, vamos abrir agora para as perguntas e
respostas.
Operadora: Senhoras e senhores, iniciaremos agora a sessão de perguntas e respostas.
Para fazer uma pergunta por favor digite *1, para retirar a sua pergunta da lista digite *2, as
perguntas serão limitadas em duas por vez. A primeira pergunta vem de Rodolfo Angele JP Morgan.
Rodolfo Angele: Boa tarde e obrigado vocês por terem se disponibilizado a fazer essa
conferência, dentro desse momento que deve estar sendo muito difícil para vocês. E como
eu acho que aconteceu há pouco tempo também, em vez de tentar descobrir mais detalhes
do que aconteceu, minha pergunta é, que é algo que alguns investidores têm perguntado
para a gente, seria sobre como que é a governança na Samarco? Como que é o dia a dia,
qual que é a influência direta que a Vale tem, como é que é a relação com o acionista?
Obrigado.
Luciano Siani: Rodolfo, além de serem acionistas a Vale e a BHP são concorrentes da
Samarco, são concorrentes entre si, lembrando que a Vale detém aproximadamente 40%
do mercado de pelotas e a Samarco outros 25%. Então, para começar, existem legislações
concorrenciais aplicáveis, inclusive brasileira, que proíbe uma interferência direta na
gestão. Nós temos aí, inclusive, na comunidade Europeia, leis muito forte nesse sentido.
Além disso, nosso acordo de acionistas também é bem claro quanto a independência da
gestão da Samarco, não existe qualquer compartilhamento, por exemplo, de sistema de
informação. Não existe compartilhamento de atividades entre equipes, às vezes é comum
entre uma holding e uma afiliada, compartilhamento de algumas funções de suporte, isso
não acontece com a Samarco. Nem mesmo na região de Mariana onde a Vale e a
Samarco são vizinhas, existe qualquer compartilhamento de equipes. Então, de fato é uma
independência completa e a influência da Vale e da BHP se dá através do Conselho de
Administração, estabelecendo diretrizes, para que a empresa deve seguir, e temos aí
comitês de assessoramento, comitês consultivos, através dos quais por exemplo nós
acompanhávamos aí o report sobre a situação das barragens dentro da Samarco.
Portanto, essa é a situação. É claro que daqui para a frente, tendo em vista que o impacto
do acidente se localizou muito no entorno das comunidades diretamente associadas à
Vale, é natural que a Vale tenha um envolvimento mais intenso daqui para a frente. Nós
queremos preservar o bem-estar de todas as comunidades nas quais atuamos, mas no
passado realmente, a relação da Vale com a Samarco é essa que eu descrevi.
Murilo: Próxima.
Operadora: A próxima pergunta vem de Leonardo Shinohara, HSBC.
Leonardo Shinohara: É, sim, boa tarde a todos, eu queria expressar também aqui meus
sentimentos aí em relação à Empresa, sei que é muito difícil, tendo trabalhado também na
indústria aí. Eu queria, assim, acho que é um pouco cedo obviamente para vocês falarem,
mas as perguntas vêm, de como a Vale fora nesse aspecto de ajuda, como poderia ajudar
aí a Samarco a reerguer, não sei, de repente a planta deles. Ou fornecer, pellet feed, eu
não sei, existe algum plano daqui a diante em algum cenário ou por enquanto, eu acho que
o foco ainda é na questão ambiental e humana. Obrigado.
Luciano Siani Pires: Leonardo, obrigado pela sua pergunta. Eu queria abrir dizendo o
seguinte, que do ponto de vista das atividades da Samarco, até que ela eventualmente
recupere aí, com o apoio da sociedade a sua licença de operação, a Samarco tem
condições de gerar um caixa através da venda de alguns serviços e da venda de energia,
por exemplo, que seria aproximadamente equivalente aos seus custos fixos minimizados,
operando de uma forma otimizada. Ou seja, portanto, nós temos também uma situação de
que o serviço da dívida da Samarco, ele não é expressivo em termos de amortização de
principal até o ano de 2018, então 2016 e 2017 é um serviço menor, o que significa que a
grande incógnita pra o futuro da empresa e para sua posição financeira tem a ver de fato
com as indenizações e multas as quais ela venha a ser submetida. Portanto, dentro disso
que o Murilo comentou, havendo um entendimento mais amplo, no momento certo, de que
a empresa pode voltar a operar com segurança, sendo esse o desejo da comunidade, a
companhia teria condições de num prazo razoável de tempo de se manter até lá, como eu
falei, excetuando aí a questão que nós não temos ainda uma clareza das eventuais
indenizações. Nesse sentido, o compromisso da Vale e da BHP são, e aqui falo em nome
da Vale, mas o Andrew Mackenzie afirmou o mesmo numa entrevista mais cedo hoje na
Austrália, o compromisso da Vale é prover os meios e todo o apoio para que a Samarco
possa se restabelecer como uma entidade operacional novamente, se assim a sociedade
entender que deve ser. Do ponto de vista técnico, existem meios para que a Samarco
volte a produzir, existem alternativas seguras para deposição de rejeitos que não envolvem
barragens, alternativas até de prazo curto, e a empresa do ponto de vista operacional, com
exceção de um local para disposição de rejeito e com exceção da captação de água, ela
está intacta. Então as suas pelotizadoras, o porto, as atividades operacionais, a mina.
Murilo Ferreira: O mineroduto.
Luciano Siani Pires: O mineroduto. Então, o obstáculo para que a Samarco volte a operar
é mais ligado, então, portanto, a sua, as discussões com a sociedade do que a meios, a
meios técnicos. Quanto ao suprimento de, eventualmente de pellet feed para as
pelotizadoras, novamente, todas essas opções estão sendo avaliadas, como forma de ter
uma geração mínima de receita que possa fazer frente aos custos fixos nessa situação.
Mas não há nada conclusivo nesse aspecto especifico de compra de pellet feed ainda.
Operadora: A próxima pergunta vem de Leonardo Corrêa, BTG Pactual.
Leonardo Correa: Boa tarde a todos, obrigado pela oportunidade, enfim, obrigado pelo
call em um momento tão difícil. A primeira pergunta, mais ainda Luciano, nas alternativas,
quer dizer no plano B né, a gente tem uma situação como você até mencionou, quer dizer,
boa parte da operação ainda intacta. Enfim, um grande gargalo nas operações de mina,
enfim, acho que o grande problema hoje é conseguir pellet feed na magnitude necessária
para continuar rodando as operações, então, enfim, só pra ter de vocês um pouco do plano
B das alternativas num cenário onde basicamente o plano de mina da Samarco vai ter que
ser revisto, enfim, um novo projeto sendo construído e isso pode eventualmente demorar
vários meses. Então só ter de vocês um pouco de sensibilidade, enfim, quais são os
próximos passos, o quê que dá para fazer nesse meio tempo até vocês conseguirem
como, enfim, você até bem disse, até a sociedade aprovar, vocês conseguirem retomar aí
as atividades de mina da Samarco. Essa é a minha primeira pergunta. Outros dois pontos
bem rápidos e pontuais só com relação a passivos, quer dizer isso tem sido um assunto
abordado por muitos e até talvez uma confusão de alguns no mercado, os potencial
spillover de passivos, se é que existe algum potencial. Eu queria que, por favor, vocês
esclarecessem isso. E como que fica a questão de seguros e cobertura. Se vocês já têm
visibilidade desses dois itens. E, por último, só a questão das plantas de pelotização que
vocês, anteriormente já desativaram, enfim, só, dado essa grande, enfim, ruptura no
mercado de pelota, se vocês estariam contemplando voltar com alguma capacidade de
que vocês anteriormente desligaram, por conta, enfim, eram plantas mais velhas, menos
econômicas, então, se vocês estão considerando voltar com essa capacidade também. É
isso, obrigado.
Luciano Siani Pires: Leonardo, nosso foco no curto prazo tá inteiramente na questão
humanitária e social, vou te dar um exemplo, nós disponibilizamos aí um conjunto muito
grande de máquinas para fazer a limpeza aí do distrito de Bento Rodrigues. A Samarco já
está escolhendo quais são as máquinas adequadas para prosseguirmos com essa
limpeza. A defesa civil aos poucos vem liberando os locais para que nós façamos a
limpeza, os acessos já tão numa condição um pouco melhor. Nós estamos nesse momento
preocupadíssimos com as condições do rio, avaliando todas as alternativas para mitigar os
impactos sobre o rio. A Samarco já contratou os maiores especialistas do mundo na parte
de biologia, de recuperação ambiental, inclusive, uma empresa belga já foi contratada e vai
fazer um estudo aprofundado de todas as medidas de mitigação. Então as coisas têm uma
sequência, uma ordem de prioridade. Se nós não conseguirmos provar que somos
capazes, se nós não conseguirmos reerguer as comunidades, dar a elas as condições
adequadas de vida, se nós não formos capazes de mostrar que existe um futuro para o Rio
Doce, que há um plano possível de recuperação, nós não seremos capazes de obter junto
à sociedade a licença para voltar a operar a Samarco. Então, esse, não só pelo aspecto,
porque é o certo a fazer, né, o aspecto humanitário, social e ambiental, mas mesmo no
interesse de um dia vir a retomar as operações na Samarco, é o único caminho possível.
Com relação à cobertura de seguros, nós não vamos dar o disclosure aqui dos valores
envolvidos, mas uma coisa eu posso dizer, a apólice de seguro, ela contempla um valor
expressivo no que diz respeito ao seguro de risco operacional, ou seja, a recomposição
dos danos materiais e a interrupção de negócios. Mas no que diz respeito à
responsabilidade civil, o seguro da Samarco ele é bem inferior já aos primeiros valores que
estão se discutindo aí de indenizações. Ele, por exemplo, é inferior a própria multa que o
Ibama já aplicou à companhia. Então deve-se pensar no seguro como mais uma cobertura
para interrupção de negócio do que como uma cobertura para responsabilidade civil. Com
relação aos spillover de responsabilidades o nosso entendimento é que não há
responsabilidade solidária por parte da Vale. No entanto, como já mencionei, a Vale vai
buscar apoiar a Samarco e as comunidades de forma pró ativa e humana, nós só
estaremos satisfeitos quando houver a recomposição plena do status anterior ao acidente.
Do ponto de vista técnico, existem três esferas possíveis de responsabilização da Vale, a
esfera administrativa, por exemplo, a multa do Ibama, já há o entendimento dos tribunais
superiores no sentido de que não há repasse de responsabilidade da sociedade para o
acionista. Na esfera criminal, de acordo com a lei de crimes ambientais, as pessoas
jurídicas, só serão responsabilizadas penalmente nos casos em que a infração seja
cometida por decisão do representante legal ou contratual, no interesse ou benefício da
entidade, ou seja, da empresa. Então, precisa ver a caracterização da conduta
inadequada. Agora na esfera civil e ambiental a Samarco, novamente, é uma empresa
independente, com patrimônio próprio de modo a responder por eventuais condenações
definitivas à reparação de danos ambientais e civis. Então, esse é o nosso entendimento
formal, agora repito que estamos comprometidos em fazer, em prestar o apoio para que a
Samarco consiga satisfazer a todas as suas responsabilidades.
No que diz respeito às plantas de pelotização, não há uma previsão de reativação ainda
das usinas de tubarão por conta desse aperto no mercado de pelotas né, nós vamos estar
avaliando e monitorando as condições de mercado, a gente pode antecipar talvez que
esse aperto, ele é mais agudo no mercado de pelotas de redução direta no qual a Samarco
era ainda mais importante do que quando você olha a participação da Samarco no
mercado global de pelotas. E essa pelota de redução direta, também não é uma pelota que
possa ser produzida em qualquer circunstância, mas não temos planos de reativar as
pelotizadoras por enquanto. Obrigado.
Operadora: A próxima pergunta vem do Thiago Lofiego, Merrill Lynch.
Karel Luketic: Boa tarde a todos, na verdade aqui quem fala é o Karel. Primeiramente a
gente gostaria de deixar o nosso sentimento profundo em relação ao acontecido. E a
gente, se nos permitirem, temos dois follow ups. Primeiro, vocês mencionaram que
eventualmente a reativação da operação poderia ser rápida, obviamente considerando o
eventual apoio da sociedade, existe uma estimativa de quão rápido, ou quanto tempo
demoraria para fazer a limpeza e os ajustes operacionais necessários para permitir esse
eventual restart da operação como um todo? Essa seria a primeira. E a segunda pergunta
é em relação também, um follow up em relação a pergunta do Rodolfo, pensando mais no
lado financeiro, eventualmente, que a Vale e BHP possam dar de apoio para a Samarco,
além do custo fixo que pode ser coberto pela geração de caixa e energias, serviços, a Vale
BHP estão considerando algum apoio de curto prazo financeiro para ajudar na
reconstrução da região ou acham que pode ser necessário com o processo, etc, pensando
no próximo ano? Essas são as minhas perguntas, obrigado.
Luciano: Karel, com relação à reativação da operação, eu não queria dar mais detalhes,
eu acho que novamente, esse não deve ser o foco agora nesse momento, mas acho que a
indicação é que, não será o caminho crítico. Ou seja, acreditamos que a ampla discussão
aí com todos os envolvidos é que vai ser o determinante do retorno às operações. E no
que diz respeito ao apoio financeiro, eu quero reforçar aqui, a filosofia de que a Vale e BHP
irão prestar o apoio necessário para que a Samarco se reerga e possa satisfazer a todas
as suas obrigações. Dentro dessa filosofia geral, as decisões específicas serão tomadas
quando e se as circunstâncias se apresentarem. Obrigado
Operdora: A próxima pergunta vem de Ivano Westin, Credit Suisse.
Ivano: Boa tarde a todos, obrigado pela oportunidade da pergunta. Eu gostaria como todos
aqui, registrar como você fez, Luciano, vou registrar meu pesar e solidariedade a todas as
famílias e a população impactada a Samarco, a BHP e a própria Vale. Tentando entender
um pouco, está claro que vocês estão limitados no que vocês podem falar sobre a volta às
operações da Samarco e que o foco agora é um foco muito mais humanitário que faz todo
sentido, mas olhando a operação específica da Vale, no release do dia 9 de novembro,
vocês falaram que vocês fornecem run of mine de Fazendão pra Samarco e que isso já foi
paralisado, o que está claro. Vocês têm um impacto de 3 Mt, um impacto possível de 3
milhões de toneladas em fábrica Nove e 9 Mt em Timbopeba. Eu queria que vocês só
comentassem um pouquinho como que funciona essa parte operacional, porque que é
esse o volume exatamente impactado, eu entendo também que é uma correia
transportadora em fábrica nova que praticamente foi danificada, se vocês podem comentar
qual que é a alternativa eventual para fazer um catch up dessa operação da Vale, já
excluindo somente o que vai para Samarco. E o segundo ponto, só voltando no ponto que
você comentou, Luciano. Você falou que na parte de seguros, na parte de montante, você
não ia comentar, mas que o seguro, a apólice ela cobre um montante abaixo daquele valor
que foi a multa da Samarco, do Ibama que foi de R$ 250 milhões. Só que eu estou aqui
olhando o último release da Samarco, na última nota explicativa, está descrito a cobertura
do seguro para risco operacional é de uma indenização máxima é de 1,17 bilhões, então
eu só queria que você conciliasse essas duas informações por favor, é porque
aparentemente há uma discrepância entre esses montantes. Muito Obrigado.
Luciano Siani Pires: Ivano, eu vou começar pela segunda, né, as apólices de risco
operacional, isso em qualquer empresa, na Vale também é assim, elas citam o valor
agregado, para a total das coberturas somadas. Mas existem limites para cada cobertura
específica, o que eu me referi é que a cobertura de responsabilidade civil ela tem um cap
que é bastante inferior aí a esse número que você mencionou né.
Murilo: Mas as outras coberturas, né?
Luciano: Exatamente, as demais coberturas, elas são muito maiores, e o valor que você
mencionou, que não corresponde exatamente, ao que está na apólice, esse valor que está
na nota explicativa da Samarco ele se refere ao que seria o valor equivalente para um ano
de interrupção de negócio, esse valor expressivo eles são mais aplicáveis, como eu falei, a
questão de recomposição dos danos materiais, dos ativos da companhia e a interrupção
de negócios. Com relação a Vale, o catch up, né, nós tivemos aí basicamente três
impactos, como você mencionou. O primeiro é a interrupção do fornecimento do ROM de
Fazendão, pra Fazendão, então nós temos aí aproximadamente 9 milhões de toneladas,
esse número não se confunde com os 9 milhões que nós mencionamos no release e em
adição, lembrando apenas que o ROM é uma operação que tem uma margem muito menor
no caso da Vale né, então vocês não devem, quando vocês fizerem os ajustes aí nas suas
projeções, considerar que sobre esse volume nós temos aí a nossa margem full de minério
de ferro, né. Vocês podem ter como referência os próprios releases onde nós
individualizamos qual é a rentabilidade dessa linha de negócios que é muito inferior ao do
restante da companhia. No que diz respeito à Mariana em si, a destruição da correia ela
nos leva a estimar, uma perda em princípio de produção do concentrado mais rico de
cerca, líquida de cerca de 9 milhões de toneladas, e isso aí leva em conta o tempo que nós
estimamos para reparar a correia e leva em conta também algumas compensações que
nós pretendemos fazer com material processado à seco. Por isso é que nós fizemos
questão de ressaltar que existem algumas incertezas, esse material processado à seco ele
pode vir a ser mais ou a menos, compensar mais ou menos do que esse valor que foi
indicado e de qualquer forma lembrando que nós temos oportunidade, ainda que o material
processado à seco não seja da mesma qualidade dos finos produzidos até o acidente em
Mariana, nós temos oportunidade também de fazer blendagem no centro de distribuição da
Malásia, como vocês já sabem, com o nosso material do norte. Então nós demos uma
indicação preliminar, o impacto poderá ser um pouco menor que o indicado 9 Mt ou poderá
vir aí eventualmente a ser um pouco maior porque temos que lidar com esses dois
aspectos, a produção de finos em Mariana e o material que nós vamos produzir pra
compensar parte desses efeitos, né. Obrigado.
Operadora: A próxima pergunta vem de Alan Glezer, Bradesco BBI
Alan Glezer: Boa tarde a todos, obrigado pela disponibilidade de vocês nesse momento
tão delicado. Eu gostaria de prestar também os nossos profundos sentimentos para com
todos os envolvidos nesse desastre. Eu tenho duas perguntas, a primeira é em relação às
barragens, a gente sabe que a barragem Germano não foi afetada, eu queria saber qual
tem sido o esforço para da Vale para verificar o possível risco que existe nessa barragem e
se é possível indicar alguma iniciativa para prevenir qualquer tipo de desastre que poderia
acontecer em decorrência desse desastre inicial que a gente observou na barragem no
Fundão. Uma outra pergunta seria em relação ao potencial custo de reconstrução da
barragem, se existe algum tipo de estimativa no momento. E minha outra pergunta seria
em relação aos bonds que a gente tem na Samarco. Eu queria saber se já existe algum
tipo de negociação, se vocês estão falando com os bondholders existe algum tipo de
negociação para postergar algum tipo de pagamento de cupom e se isso está sendo
negociado internamente, seriam essas as perguntas. Obrigado pela oportunidade
Luciano: Com relação à barragem de Germano, né, a Samarco mobilizou os especialistas
para fazerem as avaliações e o Conselho já aprovou algumas medidas para remediar e
para reforçar do ponto de vista técnico dar segurança adicional à barragem. Não há
nenhuma estimativa para custo de reconstrução, não necessariamente a retomada
eventual das operações quando em si houver o apoio da sociedade vai ensejar a
reconstrução da barragem. E, finalmente, com relação aos bonds nós vamos fazer o
primeiro call com os bondholders pra esclarecer essa situação com eles ainda essa
semana.
Operadora: Com licença, não havendo mais perguntas eu gostaria de passar a palavra ao
senhor Murilo Ferreira para as considerações finais.
Murilo Ferreira: Bem, nós, a nossa palavra é de lamento por esse trágico acidente
ocorrido há mais de uma semana na barragem de rejeitos da Samarco em Mariana que
impactou diversas vidas. E nós lamentamos profundamente a perda dessas vidas
humanas, dos efeitos sobre o meio ambiente, e tudo mais que decorre disso, inclusive o
patrimônio de pessoas, o desabastecimento de água. E estamos focados em que as coisas
retomem dentro dessas possibilidades a uma situação de relativa normalidade. E dizer aos
nossos investidores, nossos acionistas que nós estamos trabalhando forte, como sempre,
para superar todas essas dificuldades. Cabe-me agradecer o esforço enorme que está
sendo feito pela Samarco para que ela possa dar as respostas necessárias à sociedade e
a cooperação que eu tenho recebido e a forma de trabalho do Andrew Mackenzie da BHP
desde o primeiro momento. Por diversas vezes nós conversamos, trocamos e-mails e tudo
mais e ele com uma preocupação muito grande que as coisas possam ser amenizadas.
Então, cabe-me agradecer imensamente a Samarco o esforço que ela está fazendo para
privilegiar o aspecto humanitário e o apoio que nós temos tido do nosso sócio BHP em
relação ao futuro da empresa. E repito, é uma coisa que será decidida basicamente pela
sociedade brasileira. Muito obrigado a todos e obrigado ao Luciano pelo detalhamento do
posicionamento nosso, da Vale, junto a vocês hoje. Obrigado.
Operadora: A teleconferência da Vale está encerrada, agradecemos a participação de
todos e tenham uma boa tarde. Obrigada.
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Conference Call – Samarco