CLÁUDIA RAQUEL MACHADO AUGUSTO FÁBIO DE ARAUJO BENTO JULIANA RODRIGUES PEREIRA DA COSTA MARIANA AFFONSO DA SILVA A UTILIZAÇÃO DO ADITIVO BABA DE CUPIM SINTÉTICO PARA REFORÇO DE SUBLEITOS SÃO PAULO 2015 2 CLÁUDIA RAQUEL MACHADO AUGUSTO FÁBIO DE ARAUJO BENTO JULIANA RODRIGUES PEREIRA DA COSTA MARIANA AFFONSO DA SILVA A UTILIZAÇÃO DO ADITIVO BABA DE CUPIM SINTÉTICO PARA REFORÇO DE SUBLEITOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Orientador: Prof.: Pedro Silveira Gonçalves Neto SÃO PAULO 2015 3 CLÁUDIA RAQUEL MACHADO AUGUSTO FÁBIO DE ARAUJO BENTO JULIANA RODRIGUES PEREIRA DA COSTA MARIANA AFFONSO DA SILVA A UTILIZAÇÃO DO ADITIVO BABA DE CUPIM SINTÉTICO PARA REFORÇO DE SUBLEITOS Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Trabalho____________ em: ____ de_______________de 2015. ______________________________________________ Pedro Silveira Gonçalves Neto ______________________________________________ Nome do professor da banca Comentários:_________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4 Dedicamos este trabalho a todos os professores ao longo do curso pelos ensinamentos durante esta caminhada sem medir esforços. 5 AGRADECIMENTOS Agradecemos inicialmente a todos os nossos familiares que nos deram todo suporte necessário para concluir o curso e sempre estiveram ao nosso lado para nos apoiar e incentivar nos momentos difíceis. Aos amigos e colegas de classe por compartilharem momentos de alegrias e superação no decorrer do curso. A todo o corpo docente da Universidade Anhembi Morumbi pelo enriquecimento acadêmico e pessoal, nos despertando a vontade de aprender cada vez mais. Em especial а Prof. Livia Maria Zambrozi Garcia Passari e o Prof. Orientador Pedro Silveira Gonçalves Neto que nos orientou nas horas de dificuldades e nos guiou para o caminho certo acreditando no nosso potencial. Queremos agradecer também ao engenheiro Hélio Rubens Bussamra que dedicou o seu tempo para compartilhar os seus conhecimentos no desenvolvimento do estudo de caso, disponibilizando e autorizando a divulgação de informações, a engenheira Rita Moura Fortes que sempre esteve disponível para auxiliar e fornecer materiais suficientes para dar andamento ao trabalho. Aos professores formadores da banca examinadora pela presença e pelo apoio. 6 RESUMO O presente trabalho apresenta uma tecnologia para estabilização de solos no preparo para pavimentação, ainda pouco divulgada. Trata-se do aditivo sintético DS-328, popularmente conhecido como “baba de cupim sintético”,descoberto a partir de observações à natureza, onde pesquisadores estudaram as casas de cupins e suas composições ao notarem sua grande resistência à erosão. Após doze anos de pesquisa, chegou-se ao composto orgânico sintético a base de resinas vegetais e óleos, que possui as mesmas propriedades da baba do inseto, passando a ser utilizado no Brasil desde o início da década de 1970, mostrando vantagens e benefícios tais como diminuição do impacto ambiental gerado pela exploração de caixas de empréstimo (jazidas), diminuição do custo e tempo com transporte de materiais, longa durabilidade, alto rendimento, entre outras. O estudo aqui realizado tem como foco a análise de uma proposta de pavimentação sugerida e utilizada em um trecho da rota MS-395 entre as cidades de Bataguassu e Anaurilândia no estado do Mato Grosso do Sul, através da análise do pavimento e do estabilizante, levantamento deflectométrico e outros ensaios necessários para um projeto adequado e durável com o uso da tecnologia. Palavras Chave:ESTABILIZAÇÃO, SOLOS, ADITIVO, TECNOLOGIA, CUPIM. 7 ABSTRACT This paper presents a technology for soil stabilization in preparation for paving, still little disclosed. It is the synthetic additive DS-328, popularly known as "synthetic termite’s drool", discovered from observations of nature, where researchers studied the termite homes and their compositions after noticing its high resistance to erosion. After twelve years of research, it reached to a synthetic organic compound derived from plant resins and oils, which has the same properties of the insect’s drool, being used in Brazil since the early 1970s, showing advantages and benefits such as reducing the environmental impact created by the operation of soil deposits, reduced cost and time to transport materials, long durability, high performance, among others. The study carried out here focuses on the analysis of a proposal paving suggested and used in a part of MS-395 route between Bataguassu and Anaurilândia in Mato Grosso do Sul, through the analysis of the pavement, the stabilizer, the deflections of the road, and other tests necessary for an adequate and durable design with the use of this technology. Key Worlds: STABILIZATION, SOIL, ADDITIVE, TECHNOLOGY, TERMITE. 8 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Camadas constituintes do pavimento flexível ........................................... 21 Figura 2 – Granulometria por peneiramento ............................................................. 24 Figura 3 - Posição relativa dos Limites de Atterberg ................................................. 25 Figura 4 - Diferença de dimensões dos cilindros entre CBR e Mini CBR .................. 26 Figura 5 - Classificação MCT .................................................................................... 28 Figura 6 - Classificação MCT .................................................................................... 28 Figura 7 - Cálculo do CBR de projeto através de análise estatística ......................... 30 Figura 8 - Simbologia utilizada no dimensionamento do pavimento .......................... 34 Figura 9 - Ábaco de determinação de espessuras do pavimento (Ht) ....................... 35 Figura 10- Esquema da viga Benkelman .................................................................. 40 Figura 11 - Características de um solo em função da distribuição granulométrica. .. 42 Figura 12 - Distribuidor de cimento, seguido do Pulvimixer ...................................... 43 Figura 13 - Mistura solo-cimento com o pulvimixer ................................................... 44 Figura 14 - DS-328® ................................................................................................. 45 Figura 15 - Escarificação com motoniveladora.......................................................... 50 Figura 16 - Execução de pulverização ...................................................................... 50 Figura 17 - Caminhão pipa, lançamento de estabilizante .......................................... 52 Figura 18 – Execução do rolo “pé de carneiro” ......................................................... 54 Figura 19 – Aplicação do rolo pneumático ................................................................ 54 Figura 20 - Traçado da Rota MS-395 entre Anaurilândia e Bataguassu ................... 55 Figura 21 - Início da rodovia, trecho próximo a Botaguassu. .................................... 56 Figura 22 - Seção típica ............................................................................................ 56 Figura 23 - Perfil alternativa 01 ................................................................................. 56 Figura 24 - Perfil alternativa 02 ................................................................................. 57 Figura 25 - Perfil alternativa 03 ................................................................................. 57 Figura 26 - nova proposta de pavimentação ............................................................. 60 Figura 27 - Deflexão .................................................................................................. 62 Figura 28 - Raio de Curvatura ................................................................................... 62 Figura 29 - Estimativa dos módulos resilientes através do levantamento deflectométrico. .................................................................................................. 63 Figura 30 - MS-395 de Três Lagoas à Bataguassu ................................................... 67 9 Figura 31 - Buracos na via entre Bataguassu e Brasilândia-MS ............................... 68 Figura 32 - Trecho entre Anaurilândia e Bataguassu após recapeamento ............... 69 10 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Coeficiente de equivalência estrutural...................................................... 31 Tabela 2 - Espessura mínima de revestimento asfáltico (método DNIT) .................. 33 Tabela 3 - Espessura mínima de revestimento asfáltico (método DER-SP) ............. 33 Tabela 4 - Valores Usuais de Módulo de Resiliência ou Elasticidade ....................... 38 Tabela 5 - Valores usuais de coeficiente de Poisson ................................................ 38 Tabela 6 - Estudo de Viabilidade............................................................................... 58 Tabela 7 - Ensaios .................................................................................................... 58 11 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AASHTO American Association of State Highway and Transportation Officials. ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas CBR California Bearing Ratio DER/SP Departamento de Estradas de Rodagem / São Paulo DNIT Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes IPR Instituto de Pesquisas Rodoviárias NBR Normas Brasileiras USACE United States Army Corps of Engineers 12 LISTA DE SÍMBOLOS E Módulo de elasticidade H20 Espessura do revestimento asfáltico + base h20 Hm hn Hnat Espessura da sub-base Espessura total do pavimento Espessura do reforço do subleito Umidade do solo natural Hót Ht K Umidade ótima Espessura total do pavimento Coeficiente de equivalência estrutural Coeficiente de equivalência Estrutural do reforço ou do subleito Número “N” de solicitações do tráfego ao pavimento Kref N 13 SUMÁRIO p. 1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................... 15 1.1 Objetivos............................................................................................................ 16 Objetivos Gerais ...................................................................................................... 16 Objetivo Específico ................................................................................................. 16 1.2 Justificativas ..................................................................................................... 16 1.3 Abrangência ...................................................................................................... 18 2 MÉTODO DE TRABALHO ................................................................................... 19 3 MATERIAIS E FERRAMENTAS ........................................................................... 20 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA................................................................................. 21 4.1 Dimensionamento de pavimentos ................................................................... 29 4.1.1 Métodos DNIT e DER/SP ............................................................................ 29 4.1.1.1 O Número “N” ............................................................................................. 29 4.1.1.2 Análise Estatística e definição do CBR de Projeto .................................. 30 4.1.1.3 Cálculo das espessuras das camadas do pavimento ............................. 31 4.1.2 Resiliência e verificação mecanicista ....................................................... 36 4.1.3 Levantamento deflectométrico através de Viga Benkelman .................. 39 4.1.4 Momento de transporte .............................................................................. 40 4.2 Alternativas de estabilização do solo ............................................................. 41 4.2.1 Estabilização mecânica .............................................................................. 41 4.2.2 Estabilização química ................................................................................ 42 4.3 Baba de Cupim sintético: DS-328® ................................................................. 44 4.3.1 Atuação ....................................................................................................... 47 4.3.2 Vantagens ................................................................................................... 48 4.4 Execução da estabilização de solo com a baba de cupim sintético ............ 49 4.4.1 Escarificação e pulverização do solo ....................................................... 49 4.4.2 Distribuição e homogeneização do Estabilizante de Solos, líquido ...... 51 4.4.3 Distribuição e homogeneização do Reagente Sulfato de Alumínio ....... 52 4.4.4 Conformação .............................................................................................. 52 4.4.5 Compactação .............................................................................................. 53 4.4.6 Acabamento ................................................................................................ 53 14 5 ESTUDO DE CASO: TRECHO “BATAGUASSU – ANAURILÂNDIA – MATO GROSSO DO SUL” .................................................................................................. 55 5.1 Projeto original da pavimentação .................................................................... 56 5.1.1 Alternativas de projeto ............................................................................... 56 5.2 Estudo de viabilidade ....................................................................................... 57 5.3 Ensaios com produtos estabilizantes de solo ............................................... 58 5.4 Nova proposta de pavimentação ..................................................................... 60 5.5 Levantamento deflectométrico ........................................................................ 61 5.6 Calculo de valores médios ............................................................................... 61 5.7 Histogramas de deflexão e raio de curvatura ................................................. 61 5.8 Estimativa de modulo resiliente do subleito .................................................. 63 5.9 Relação mini CBR / Módulo de resiliência para subleito............................... 64 5.10 Cálculo dos valores modulares por camada ............................................ 64 5.11 Resumo dos valores modulares adotados para a estrutura do pavimento construído ............................................................................................. 64 5.12 Analise para estimativa de valor N admissível ........................................ 64 5.12.1 Cálculo da deformação unitária do subleito ............................................ 64 5.12.2 Cálculo do valor N admissível utilizando a deformação unitária do subleito: ................................................................................................................... 65 5.13 Ensaios de laboratório ............................................................................... 65 5.13.1 Ensaios realizados com material de base coletado na pista durante o controle tecnológico em campo, antes do início da compactação: ................... 66 5.13.2 Ensaios executados com material de sub-base, coletado na pista durante o controle tecnológico de campo antes do início da compactação. .... 66 5.13.3 Ensaios executados com material de subleito coletado na pista durante o controle tecnológico de campo .......................................................................... 66 5.14 A rota MS-395 atualmente .......................................................................... 66 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................................................................ 70 7 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 72 8 RECOMENDAÇÕES ............................................................................................ 74 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 76 ANEXO A .................................................................................................................. 80 15 1 INTRODUÇÃO Com o crescimento populacional as cidades se desenvolveram em torno dos polos agrícolas e industriais, aumentando a necessidade de novas soluções de transportes. No Brasil, tendo como referência modelos norte-americanos o incentivo de investimentos na área de transportes foi para o modal terrestre, não houve incentivo aos modais hidroviários ou ferroviários. Assim para os modais terrestres, um grande desafio é a heterogeneidade e instabilidade dos solos ao longo do traçado das vias que, em suas condições in natura, apresentam grande exposição à erosão causada pelas chuvas e pelo excesso de carga dos veículos. Nas obras de estradas, a substituição do solo disponível por outro com maior capacidade de suporte é uma prática comum, porém extremamente onerosa, pois muitas vezes a localidade da obra não possui jazidas de solo aplicável. Uma das soluções de engenharia rodoviária é a estabilização química de solos que permite que a resistência do solo seja atingida por meio de aditivos estabilizantes, viabilizando financeiramente os empreendimentos de infraestrutura de estradas e reduzindo os prazos de execução. A estabilização mecânica participa de forma complementar a todas as opções de estabilização, um dos critérios para correção do solo compreende o grau de compactação dentro da umidade ótima para alcançar a densidade aparente seca necessária. Além de elevar as resistências do solo quanto ao cisalhamento, compressão, penetração e impermeabilidade de acordo com as necessidades das vias, sendo que a estabilização do solo pode ser de forma mecânica, físico-química, eletroquímica e química, a escolha da técnica a ser adotada será em função das condições de viabilidade técnica, econômica e disponibilidade. 16 A baba de cupim é uma opção química sintética desenvolvida depois de uma descoberta ocasional. A aplicação de pedaços de cupinzeiros que margeavam as estradas de terra aumentava a resistência do solo devido à baba do cupim. Um método criado na década de 1950, de forma improvisada, mostrou-se uma excelente solução para os problemas atuais de heterogeneidade e instabilidade de solos em locais onde faz-se necessária a construção de pavimentos. Essa descoberta foi estudada mais afundo, desenvolvendo uma composição sintética da baba de cupim que passou a ser testada no Brasil no início da década de 1970. Apresentando os resultados e vantagens esperados, como longa durabilidade, alto rendimento, diminuição de custo e tempo de execução, bem como do impacto ambiental causado pela exploração de jazidas, a tecnologia do novo produto sintético tem ganhado espaço entre os métodos convencionais de estabilização química de solos para base de pavimentações. 1.1 Objetivos Objetivos Gerais Divulgar a utilização de tecnologias alternativas, abrangendo um maior conhecimento da área em estudo, a fim de incentivar maior utilização da tecnologia da baba de cupim sintético na estabilização do solo de subleito para pavimentação rodoviária. Objetivo Específico Retratar a utilização da tecnologia da baba de cupim sintético em comparação com métodos tradicionalmente utilizados, apresentando ensaios realizados e normativos para o preparo do subleito para pavimentação. 1.2 Justificativas 17 Uma pavimentação é uma estrutura composta por diversas camadas sobre a terraplanagem (ANDRADE, 2010), destinadas a suportar o carregamento do tráfego imposto e distribuí-lo à camada mais importante: o subleito. Por conta disso, deve-se dar uma grande importância ao tratamento do solo que o compõe, considerando que a correta execução do subleito influenciará em custos, durabilidade e dimensionamento do pavimento a ser aplicado. Na década de 1950,o Estado de São Paulo possuía uma malha rodoviária constituída quase que unicamente por estradas de terra, mal dimensionadas e muito suscetíveis à ação da chuva, que as tornavam intransitáveis. A solução foi encontrada no uso de pedaços de casas de cupins, naturalmente estabilizadas pela baba do inseto, como reforço do solo. (Dynasolo S.A.) De acordo com Corrêa (2013), “o cupinzeiro, hidrofóbico natural, tem propriedades coesivas e resistência mecânica (...) o material pastoso utilizado que funciona como “argamassa estrutural” é constituído, basicamente, por sua saliva, resíduo vegetal e solo”. A observação desse fenômeno despertou curiosidade de observadores, que estudaram e desenvolveram um produto sintético com as mesmas composições da baba de cupim, capaz de envolver os grãos da terra e, exatamente como o produto natural, estabilizá-los. O desenvolvimento do produto final foi alcançado em 1972, pela empresa Dynasolo S.A Indústria e Comércio, após 17 anos de pesquisa, e foi patenteado sob o nome de DS-328®. O aditivo a base de óleos e resinas vegetais foi desenvolvido para estabilização de solos utilizados em diversos tipos de pavimentação, como estradas, ruas, estacionamento, pátios de industriais, aeroportos, taludes, e diversos ramos da construção civil. Segundo seu fabricante, a empresa Dynasolo S.A. Indústria e Comércio, “as camadas de solos tratados com DS-328® tornam-se estabilizadas e dotadas de capacidade de suporte adequado para resistir às cargas oriundas do 18 tráfego, permitindo utilizá-las como base, sub-base ou reforço do subleito em pavimentos em geral”. Em análise a dois locais estabilizados com esta tecnologia, a rota MS-395, entre Bataguassu e Anaurilândia, no estado do Mato Grosso do Sul, e um trecho do Aeroporto Internacional de Viracopos, localizado em Campinas-SP, comprovou-se que o aditivo baba de cupim sintético possui todas as condições para ser utilizado de forma eficaz e segura em estruturas de todos tipos de pavimentos. Após 45 meses da execução, os resultados mostravam que os locais continuavam a apresentar ótima durabilidade. (BUSSAMRA, SERAFINI, CAMARGO, UGHELLI, 2003). 1.3 Abrangência Dentre as diversas possibilidades existentes de estabilização de solo para pavimentações, o presente trabalho aborda o dimensionamento de pavimentos utilizando as normas do Departamento de Estradas e Rodagens de São Paulo (DERSP), Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e método da resiliência. É retratada a produção do estabilizante, seus componentes químicos e seu modo de preparo. Também engloba a durabilidade diante das análises dos resultados que comprovam o seu desempenho técnico e de normas oficiais, resistência de acordo com os ensaios já realizados pelas indústrias, tipos de equipamentos utilizados para a realização deste projeto e tempo de execução. São apresentadas as vantagens e desvantagens deste processo por meios de resultados de ensaios obtidos pelo trecho da rota MS-395, que interliga os trechos de Bataguassu e Anaurilândia, no Mato Grosso do Sul. Não foi abordada neste trabalho a execução de ensaios específicos em laboratórios. Contempla-se apenas resultados de ensaios já realizados para a execução de estabilização do solo na pavimentação. 19 2 MÉTODO DE TRABALHO Para a realização deste trabalho, foram realizadas pesquisas bibliográficas em sites de internet, normas técnicas e livros técnicos sobre mecânica dos solos e pavimentação rodoviária. Foi feito um estudo sobre os ensaios e metodologias de cálculo que são utilizadas em projetos de dimensionamento de pavimento no Brasil (métodos DER-SP, DNIT e resiliência), de aceitação dos órgãos competentes e de conhecimento da comunidade rodoviária. Realizou-se comparativos de ensaios de compactação Proctor (Energia Normal), California Bearing Ratio (CBR) e Expansão com o material para o subleito extraído de caixa de empréstimo (jazida) com o material extraído in loco, mas estabilizado com o aditivo químico “Baba de Cupim”. Apenas o dimensionamento do pavimento flexível foi abordado neste trabalho para estudo comparativo do uso de estabilizante químico “Baba de Cupim” em pavimentos rodoviários. 20 3 MATERIAIS E FERRAMENTAS Os seguintes itens compõem os materiais utilizados no desenvolvimento deste projeto de pesquisa metodológica: a) Resultados obtidos por meio de visita técnica a laboratórios voltados ao desenvolvimento e estudo de materiais para a estabilização química de solos, criando uma base de comparação entre o aditivo Baba de Cupim e outros disponíveis no mercado. b) Análise de rodovia onde se utilizou o material estudado para a verificação do estado de conservação, comparado a outro trecho onde se foi utilizado outro método de estabilização de solo. c) Consultas realizadas à Profª. Drª. Rita Moura Fortes e o Engº Hélio Rubens Vieira Bussamra, bem como materiais publicados por eles e outros conhecedores do assunto. 21 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Pavimento é uma estrutura constituída por diversas camadas superpostas, de materiais diferentes, construída sobre o subleito, destinada a resistir e distribuir a esse subleito, simultaneamente, esforços horizontais e verticais, bem como melhorar as condições de segurança e conforto ao usuário. O pavimento pode ser dividido em 3 tipos: flexível, semirrígido e rígido, mas será analisado apenas o dimensionamento do pavimento flexível. Pavimento flexível é constituído por revestimento asfáltico sobre camada de base granular ou sobre camada de base de solo estabilizado granulometricamente. Os esforços provenientes do tráfego são absorvidos pelas diversas camadas constituintes da estrutura do pavimento flexível. As camadas do pavimento são divididas conforme a figura a seguir: Figura 1 - Camadas constituintes do pavimento flexível Fonte: Adaptado de DNIT, 2006 De acordo com o DNIT (2006), as camadas do pavimento podem ser divididas em: Subleito - camada compreendida entre a superfície da plataforma de terraplenagem e a superfície paralela, situada no limite inferior da zona de influência das pressões aplicadas na superfície do pavimento. 22 Reforço do Subleito - Camada requerida por imposição técnico-econômica, situada imediatamente acima do subleito. É constituída basicamente por material de empréstimo ou jazida. Sub-base - Camada requerida por imposição técnico-econômica, situada entre o subleito ou reforço do subleito e a base. Pode ser constituída por materiais granulares graúdos, como pedregulhos, cascalhos, produtos de britagem que, embora selecionados, não atendam a todos os requisitos necessários à constituição de base de pavimento; solos estabilizados quimicamente, ou simplesmente por material selecionado de empréstimo ou jazida. Base - Camada situada acima da sub-base. Pode ser constituída por materiais granulares, como pedregulhos, cascalhos e produtos de britagem, estabilizados com a adição de cimento ou material asfáltico quando necessário, solos estabilizados mecanicamente mediante mistura com produtos de britagem, ou solos estabilizados quimicamente. Revestimento - Camada situada sobre a base, constituindo a superfície de rolamento para os veículos. Pode ser constituído por tratamento superficial ou concreto asfáltico (DNIT, 2006). Todo o solo a ser utilizado nas camadas inferiores de um projeto de pavimentação deve passar por uma série de ensaios de laboratório, a fim de determinar sua caracterização e viabilidade de uso. São eles: a) Granulometria O ensaio de granulometria por peneiramento e por sedimentação consiste na determinação do porcentual de peso da variação de grãos na massa total que foi realizado o ensaio, determinando a classificação e o comportamento do solo para iniciar o processo de pavimentação. Desta forma, ficam retidos os grãos no peneiramento de série normal (76; 38; 19; 9,5; 4,8; 2,4; 1,2; 0,6; 0,3; 0,15 mm) onde pedregulho possui partículas com dimensões entre 76 e 4,8mm; areia entre 4,8 e 0,05mm; e determina-se por sedimentação: silte entre 0,05 e 0,005mm; argila inferiores a 0,005mm, conforme a NBR NM 248 (ABNT, 2003). 23 Com os resultados obtidos no ensaio de granulometria traça-se a curva granulométrica em um diagrama semi-logarítmico que tem como abcissa os logaritmos das dimensões das partículas e como ordenadas as porcentagens, em peso, de material que tem dimensão média menor que a dimensão considerada (porcentagem de material que passa). Na prática, utilizam-se faixas granulométricas entre as quais deverá se situar a curva granulométrica do material a utilizar. Tem-se, assim as faixas granulométricas para materiais a serem usados como solo estabilizado ou as faixas granulométricas para materiais filtrantes dos drenos de pavimento. Quando o solo estudado não se enquadrar dentro da faixa granulométrica especificada em norma do DNIT, deve-se misturá-lo com outro solo, de maneira a obter uma mistura com granulometria dentro das especificações. Também a granulometria é necessária para verificar o enquadramento do solo, utilizado no pavimento, na classificação HRB. b) Proctor (Compactação) A utilização do ensaio de Proctor é um dos métodos mais adequados para controlar a qualidade do solo compactado. Tem-se como objetivo encontrar a densidade máxima para otimizar o desempenho estrutural e hidráulico. Com os resultados dos ensaios obtém-se a curva de variação da densidade em relação a umidade (teor de umidade x peso especifico seco) para determinada energia que foi aplicada. Em projetos de pavimentação são utilizadas as energias de compactação: Energia Normal, Energia Intermediária e Energia Modificada. Que consistem da compactação padronizada da amostra de solo dentro de um cilindro metálico, com uso de soquete padrão, conforme apresentado na tabela 1. Tabela 1 – Energias de compactação (PROCTOR) Ensaio Massa do Altura da No de soquete queda (cm) camadas No de golpes Volume do Energia (102 cilindro (10-3 KJ/m3) m 3) Normal 2,5 30,5 3 25 1,000 5,6 Intermediário 4,5 45,7 5 26 2,085 12,6 Modificado 4,5 45,7 5 55 2,085 26,6 Fonte: DNIT, 2006 24 Figura 2–Granulometria por peneiramento Fonte: LABLINE, 2008 c) Limites de Atterberg Os Limites de Atterberg, também conhecidos como limites da consistência, possuem grande importância para aplicações de mecânica dos solos. São divididos em limite de liquidez, o limite de plasticidade e limite de contração, conforme figura 6. 25 Figura 3 - Posição relativa dos Limites de Atterberg Fonte: TORRIJO, 2008 Limite de Liquidez (LL): Consiste da determinação do teor de umidade composto no solo no qual muda do estado líquido para o estado plásticos, realizado com o aparelho de Casagrande conforme norma da NBR-6459 (ABNT, 1984). Limite de Plasticidade (LP): É quando o teor de umidade fica abaixo e o solo começa a perder o ligamento e fica quebradiço, ou seja, o solo passa do estado plástico para o estado semissólido, conforme norma NBR-7180 (ABNT, 1984). Limite de Contração (LC): Neste caso o solo em estudo não consegue mais se contrair, pois já se encontra seco, os índices de vazios ficam semelhante com a amostra saturada. 26 d) CBR Com a Califórnia Bearing Ratio (CBR) obtém-se a capacidade de suporte de um solo compactado e sua expansão (E), considerado como um método empírico de ensaio. Com um corpo de prova de uma amostra de solo, é feito um ensaio de penetração em prensa automática, o resultado é obtido em porcentagem, onde 100% é a penetração de corpo de prova de brita graduada, adotado como padrão de referência, conforme ME 049 (DNER, 1994). e) Mini CBR Esse ensaio, aliado aos ensaios de expansão e contração, gera resultados que possibilitam o dimensionamento de pavimentos e a escolha de solos para reforço do subleito, sub-bases, bases e acostamentos. Tem como vantagem em relação ao CBR, um ensaio que utiliza menor quantidade de solo, pois possui dimensões menores do corpo de prova com 50mm. Já a dimensão do corpo de prova do CBR é de 1253 mm, conforme ilustração da Figura 7. Há também como diferença a finura dos grãos dos solos, utilizando grãos menores no ensaio do Mini CBR(ASSALI; FORTE; CYMROT, 2003). Figura 4 - Diferença de dimensões dos cilindros entre CBR e Mini CBR Molde CBR – diâmetro 153mm Molde mini CBR – diâmetro 50mm Fonte: ASSALI; FORTES, 2013 De acordo com as normas para projeto de pavimento, o CBR deve atingir os valores a seguir: - Para camadas de Reforço para o Subleito: CBR até 20,0% com expansão até 2,0% - Para camadas de Sub-Base: CBR de 20,0% a 40,0% com expansão até 1,0% 27 - Para camadas de Base: CBR superiores a 60,0%, podendo ser aceito 40,0% para Tráfego Muito Leve, com expansão até 0,5%(BUSSAMRA, 2003). A camada de solo a ser tratada deve ser conformada a seção transversal e longitudinal do projeto com a ajuda de serviços topográficos prestando atenção com a expansão volumétrica. f) MCT (Miniatura compactada Tropical) Para definição de um solo pelo método MCT é necessário realizar ensaios de laboratório com um pequeno tamanho de corpo de prova com 50mm de diâmetro com solos tropicais compactados. Esses ensaios são os Mini-MCV,perda de massa por imersão e classificação expedita MCT. (FORTES, 1990) Mini-MCV: Este método, Moisture Condition Value, consiste em aplicar energias crescentes e conseguir um aumento sensível de densidade para vários teores de umidade obtendo o c’ pela curva de deformabilidade que é usada na classificação geotécnica MCT. (FORTES, 1990) Ensaio de perda de massa por imersão: Ensaio que determina se o solo tropical é laterítico ou não laterítico, como também para cálculo do coeficiente e’. Para realizar este ensaio é necessário extrair o corpo de prova e deixá-lo submerso em água na posição horizontal. Recolhe-se a parte desprendida e assim calcula-se a massa seca resultando em uma porcentagem. (FORTES, 1990) Ao encontrar os valores de c’ e e’ é possível colher os valores pelo ábaco classificatório segundo a metodologia MCT, mostrado na Figura 13. 28 Figura 5 - Classificação MCT Fonte: (TECNOLOGIA, 2015) Figura 6 - Classificação MCT Fonte: (NOGAMI e VILLIBOR, 1995) 29 Expedita MCT Este método é realizado com pastilhas moldadas em anéis de inox que, ao estarem secas é possível observar a contração diametral, o aparecimento de trincas, expansão e resistência a penetração com uma agulha padrão. (FORTES, 1990) 4.1 Dimensionamento de pavimentos 4.1.1 Métodos DNIT e DER/SP O método de dimensionamento de pavimento do DNIT (antigo DNER) tem como base o trabalho “Design of Flexible Pavements Considering Mixed Loads and Traffic Volume”, de autoria de W.J. TurnBull, C.R. Foster e R.G. Ahlvin, do USACE (United States Army Corps of Engineers) e conclusões obtidas na pista experimental da AASHTO (American Association of State Highway and Transportation Officials). 4.1.1.1 O Número “N” Um dos elementos necessários para o dimensionamento do pavimento de um trecho rodoviário é o número “N”, representativo da solicitação imposta pelo tráfego ao pavimento durante o horizonte do projeto, que equivale ao número de passagens equivalentes do eixo adotado como padrão rodoviário (80kN). Dessa forma, as características do tráfego que solicitará os pavimentos projetados são de fundamental importância para o seu correto dimensionamento, uma vez que se relacionam diretamente com os esforços internos solicitantes originados na estrutura do pavimento, quando submetidos ao carregamento pela passagem de veículos comerciais. Pode-se calcular o número “N” pela equação 1. 30 m n N 365 i 1 j 1 F E p ij i i (1) Onde: Fij = fluxo médio diário do tipo de veículo i no ano j; m = número de tipos de veículo; n = número de anos de projeto; Ei = número equivalente de passagens do eixo padrão que causa o mesmo impacto sobre o pavimento do que a passagem de um veículo do tipo i (este parâmetro é conhecido como “Fator de Veículo”); pi = percentual dos veículos do tipo i que utilizam a faixa de projeto. Para um dado tipo de veículo, o fator de veículo representa a condição de carregamento vigente na média dos veículos desse tipo. Para uma rodovia com tráfego pesado, com poucos veículos vazios e muitos veículos com sobrecarga, o fator de veículo é alto. Em outras rodovias, em que haja forte presença de veículos vazios (mesmo que haja sobrecarga em outros), o fator de veículo é naturalmente menor. 4.1.1.2 Análise Estatística e definição do CBR de Projeto A capacidade de suporte do subleito é determinada através de análise estatística (distribuição “t” de Student) de amostras de solo obtidas de uma série de sondagens a trado executadas no trecho em projeto. Dessas amostras são feitos ensaios de CBR e feito o cálculo de CBR de projeto do subleito conforme a Figura 7. Figura 7 - Cálculo do CBR de projeto através de análise estatística 31 DISTRIBUIÇÃO "t" DE STUDENT n-1 t0,90 n-1 t0,90 n-1 t0,90 n-1 t0,90 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 3,08 1,89 1,64 1,53 1,48 1,44 1,42 1,40 1,38 1,37 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 1,36 1,36 1,35 1,34 1,34 1,34 1,33 1,33 1,33 1,32 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 1,32 1,32 1,32 1,32 1,32 1,32 1,31 1,31 1,31 1,31 40 60 120 1,30 1,30 1,29 1,28 n = nº de amostras ∞ Para 95% de confiança de não ocorrer valores de CBR menores que CBR p , tem-se: Fonte: DER-SP, 2006 Para atender os métodos DNIT e DER-SP de dimensionamento de pavimento, os materiais do subleito devem apresentar expansão ≤ 2% e um CBR ≥ 2%. Portanto são desconsideradas as amostras que não apresentarem essas características. 4.1.1.3 Cálculo das espessuras das camadas do pavimento Relativamente aos materiais integrantes do pavimento, são adotados coeficientes de equivalência estrutural (K) tomando por base os resultados obtidos na pista experimental da AASHTO, com modificações julgadas oportunas. Os coeficientes de equivalência estrutural (K) para os diferentes materiais constitutivos do pavimento são apresentados na Tabela 2. Tabela 2 - Coeficiente de equivalência estrutural 32 Componentes do pavimento Coeficiente (K) Base ou revestimento de concreto betuminoso 2,00 Base ou revestimento pré-misturado a quente, de graduação densa 1,70 Base ou revestimento pré-misturado a frio, de graduação densa 1,40 Base ou revestimento betuminoso por penetração 1,20 Camadas granulares 1,00 Solo cimento com resistência à compressão a 7 dias, superior a 45kg/cm 1,70 Solo cimento com resistência à compressão a 7 dias, entre 45kg/cm e 28kg/cm 1,40 Solo cimento com resistência à compressão a 7 dias, entre 28kg/cm e 21kg/cm 1,20 Fonte: DNIT, 2006 Para o reforço do subleito ou sub-base granular o coeficiente estrutural deve ser igual a 1,0 sempre que o CBR do material de uma dessas camadas for igual ou superior a três vezes ao CBR do subleito. Para relações inferiores, o coeficiente deve ser dado pela equação 2. K REF 3 CBR1 3CBR 2 (2) Onde: KREF = coeficiente estrutural do reforço ou do subleito CBR1 = CBR do reforço do subleito ou da sub-base (%) CBR2 = CBR do subleito (%) Se o CBR1 do reforço ou da sub-base for superior a 20% para efeito de cálculo da relação CBR1 / CBR2 deve ser considerado como se fosse igual a 20% A fixação da espessura mínima a adotar para os revestimentos asfálticos é um dos pontos ainda em aberto na engenharia rodoviária, para proteger as camadas de base dos esforços impostos pelo tráfego, como para evitar a ruptura do próprio revestimento por esforços repetidos de tração na flexão. As espessuras recomendadas visam 33 especialmente as bases de comportamento puramente granular e são definidas pelas observações efetuadas na Tabela 3. Tabela 3 - Espessura mínima de revestimento asfáltico (método DNIT) Número "N" Espessura Mínima de Revestimento Betuminoso N ≤ 106 Tratamentos superficiais asfálticos 106 < N ≤ 5.106 Revestimentos asfálticos com 5,0 cm de espessura 5.106 < N ≤ 107 Concreto asfáltico com 7,5 cm de espessura 107 < N ≤ 5.107 Concreto asfáltico com 10,0 cm de espessura N > 5.107 Concreto asfáltico com 12,5 cm de espessura Fonte: DNIT, 2006 O método de dimensionamento de pavimento do DER-SP é baseado no método DNIT, mas com uma diferença em relação às espessuras mínimas de revestimento asfáltico (Tabela 4). Tabela 4 - Espessura mínima de revestimento asfáltico (método DER-SP) Tipo e Espessura do Revestimento Asfáltico Número "N" Tratamentos superficiais asfálticos duplos e triplos N ≤ 1 x 106 Concreto asfáltico com 5,0 cm de espessura 1 x 106 < N ≤ 5 x 106 Concreto asfáltico com 7,5 cm de espessura 5 x 106 < N ≤ 1 x 107 Concreto asfáltico com 10,0 cm de espessura 1 x 107 < N ≤ 2,5 x 107 Concreto asfáltico com 12,5 cm de espessura 2,5 x 107 < N ≤ 5 x 107 Concreto asfáltico com 15,0 cm de espessura N > 5 x 107 Fonte: DER-SP, 2006 No caso de adoção de tratamentos superficiais, as bases granulares devem possuir alguma coesão, pelo menos aparentes, seja devido à capilaridade ou a entrosamento de partículas. 34 A Figura 4 apresenta um ábaco que mostra a espessura total do pavimento, em função do número N e do CBR. A espessura fornecida por este ábaco é em termos de material com K=1,00 (material granular) (DNIT, 2006). Considera-se que há drenagem superficial adequada e que o lençol d’água subterrâneo foi rebaixado a, pelo menos, 1,50 m em relação ao greide de regularização, com a execução de drenos longitudinais (DNIT, 2006) No caso de ocorrência de materiais de subleito com CBR inferior a 2%, é sempre preferível fazer a substituição de material por um de CBR superior a 2% e em camada de pelo menos 1m de espessura. Entretanto o uso do estabilizante químico “Baba de Cupim” será estudado nesses materiais de subleito com CBR baixo. As espessuras máxima e mínima de compactação das camadas granulares são de 20 cm e 10 cm, respectivamente. Sendo que a espessura construtiva mínima para estas camadas é de 15 cm (DNIT, 2006). Figura 8 - Simbologia utilizada no dimensionamento do pavimento Fonte: DNIT, 2006 Onde: Hm é a espessura total do pavimento necessário para proteger um subleito com CBR=m. Hn é a espessura de camada de pavimento com CBR=n. 35 Figura 9 - Ábaco de determinação de espessuras do pavimento (Ht) Fonte: DNIT, 2006 Mesmo que o CBR da sub-base seja superior a 20%, a espessura do pavimento necessária para protegê-la é determinada como se esse valor fosse 20% e, por esta razão, usam-se os símbolos, H20 e h20 que são as espessuras da camada de pavimento sobre a base e a espessura de sub-base, respectivamente. Os símbolos B e R são, respectivamente, as espessuras de base e de revestimento. Uma vez determinadas as espessuras Hm, Hn, H20, pelas duas figuras acima apresentadas, as espessuras de base (B), sub-base(h20) e reforço do subleito (hn), são obtidas pela resolução sucessiva das seguintes inequações: 36 4.1.2 Resiliência e verificação mecanicista Resiliência é a capacidade do solo de recuperar sua integridade funcional e estrutural após um momento de tensão, que no caso é provocado pela ação do tráfego sobre o pavimento. O método de dimensionamento pela Resiliência e a verificação mecanicista se tornaram instrumentos necessários a partir da década de 1970, sendo que grande parte da malha rodoviária apresentava deterioração prematura apenas com o dimensionamento baseado no CBR e em estudo de tráfego. O método de dimensionamento da Resiliência do DNIT considera o CBR do subleito e das camadas de solos e granulares, como também suas propriedades resilientes, ou seja, as deformações elásticas ou recuperáveis destes materiais sob a ação de cargas repetidas (DNIT, 2006). Quando se utiliza o método CBR de dimensionamento de pavimentos flexíveis, como o método de dimensionamento de pavimentos flexíveis do DNIT e do DER/SP, não há como considerar explicitamente a resiliência. A análise de tensões e deformações de estruturas de pavimentos como sistemas de múltiplas camadas e a aplicação da teoria da elasticidade e do método dos elementos finitos, deram ensejo à consideração racional das deformações resilientes no dimensionamento de pavimentos (DNIT, 2006). Nessa metodologia, considera-se a deflexão máxima prevista de uma estrutura proposta para uma determinada expectativa de vida de fadiga. E também, considerase o valor estrutural da camada asfáltica em função do tipo de subleito e do tráfego de projeto, considerando ainda o comportamento elástico não linear dos solos e materiais granulares da estrutura de pavimento (DNIT, 2006). É apresentada uma equação matemática que correlaciona a espessura total do pavimento em termos de material granular com coeficiente de equivalência estrutural K igual a 1,0 em função do CBR dos solos do subleito e do tráfego representado pelo número “N”. O método define a espessura mínima de revestimento asfáltico 37 necessária para a deflexão de projeto e para as constantes relacionadas às características resilientes do subleito (DNIT, 2006). Estabelece-se, ainda, uma equação de fadiga resultante de ensaios de compressão diametral de cargas repetidas sob tensão controlada que permita, para fins de projeto, relacionar a deflexão do pavimento com o número cumulativo de repetições do eixo simples padrão de rodas duplas de 80 kN (DNIT, 2006). A verificação mecanicista da estrutura de pavimento é realizada por meio da análise de deslocamentos, tensões e deformações. São considerados críticos o deslocamento vertical recuperável máximo na superfície do revestimento asfáltico, a deformação horizontal específica de tração na fibra inferior do revestimento e a deformação vertical de compressão no topo do subleito. O deslocamento vertical recuperável na superfície do revestimento e a deformação horizontal de na fibra inferior da camada de revestimento estão relacionados com a fadiga, e a deformação vertical de compressão no topo do subleito está relacionada com a deformação permanente ou plástica. Nesse trabalho, a verificação mecanicista de estruturas de pavimentos será feita através de um programa computacional, com métodos de análise de elementos finitos ou métodos das diferenças finitas, chamado ELSYM-5. As cargas a serem inseridas na análise mecanicista devem simular o eixo simples padrão de rodas duplas de 80 kN, utilizando quatro pontos de aplicação da carga de 20 kN cada e pressão de contato pneu-pavimento de 0,56 MPa (DNIT, 2006). Os parâmetros de coeficiente de Poisson e módulos resilientes dos materiais constituintes das camadas da estrutura do pavimento são os indicados nas tabelas 5 e 6. 38 Tabela 5 - Valores Usuais de Módulo de Resiliência ou Elasticidade Intervalos de Valores de Modulo de Resiliência MATERIAL Concretos Asfálticos: -Revestimento (CAP 50-70) 2000 – 5000 Revestimento (CAP30-45) 2500 – 4500 Binder (CAP 50-70) 2000 – 3000 Binder (CAP 30-45) 2500 – 4000 Materiais Granulares - brita granulada 150 – 300 - macadame hidráulico 250 – 450 Materiais estabilizados quimicamente -solo-cimento 5000 – 10000 - brita graduada tratada com cimento 7000 – 18000 -concreto compactado com rolo 7000 – 22000 Concreto de cimento Portland 30000 – 35000 Solos finos em base e sub-base 150 – 300 Solos finos em subleito e reforço do subleito Solos de comportamento laterítico LA, LA’, LG 100 – 200 Solos de comportamento não laterítico 25 – 75 Solos finos melhorados com cimento para reforço de subleito 200 – 400 Concreto de cimento Portland 28000 - 45000 Fonte: DER-SP, 2006 Tabela 6 - Valores usuais de coeficiente de Poisson Intervalo de Valores de Valor Recomendado de Coeficiente de Poisson Coeficiente de Poisson Material Concreto de cimento Portland 0,10 - 0,20 0,15 Materiais estabilizados com cimento 0,15 - 0,30 0,20 Misturas asfálticas 0,15 - 0,45 0,30 Materiais granulares 0,30 - 0,40 0,35 Solos do subleito 0,30 - 0,50 0,40 Fonte: DER-SP, 2006 39 4.1.3 Levantamento deflectométrico através de Viga Benkelman A Viga Benkelman é um equipamento que possibilita realizar medições deflectométricas de umpavimento. Idealizada pelo engenheiro A.C. Benkelman, do Bureau of Public Roads, foi utilizada pela primeira vez nas pistas experimentais do WASHO (Western Association of State Highway Officials) em 1953. A mesma é constituída de um conjunto de sustentação em que se articula uma alavanca interfixa, formando dois braços cujos comprimentos obedecem às relações de 2/1, 3/1 ou de 4/1. A extremidade do braço maior contém a ponta de prova da viga, enquanto a extremidade do braço menor aciona um extensômetro com precisão de 0,01mm. É equipada com um vibrador, que tem a função de vencer o atrito entre as peças móveis e evitar eventuais inibições do ponteiro do extensômetro. Para execução do ensaio de deflexão do pavimento é utilizado, em conjunto com a Viga Benkelman, um caminhão de carga de 8,2tf de carga no eixo traseiro, no qual deve ser eixo simples e com roda dupla. Um dos conjuntos de rodas duplas traseiras do caminhão é posicionado na estaca de ensaio, de forma que o eixo do caminhão fique perpendicular ao eixo da rodovia. A ponta de prova da Viga Benkelman deve ser posicionada entre os pneus da roda dupla e faz-se a primeira leitura (Lo) após a ligação do vibrador. Depois o caminhão deve ser deslocado lentamente, pelo menos 10 metros para a frente, e faz-se a leitura final (Lf). Com esses valores, obtém-se as deflexões D0(real) e D25 (deflexão a 25 cm do ponto de prova), com a equação 4. 𝐷 𝑜𝑢 25 (𝐿𝑜 𝐿𝑓 ) 𝑎 𝑏 (3) 40 Figura 10- Esquema da viga Benkelman Fonte: (DNER-ME 024/1994) 4.1.4 Momento de transporte A proposta de estabilizar solos quimicamente tem como objetivo solucionar a maior adversidade encontrada pelos projetistas de estradas: viabilizar a obra garantindo o menor movimento de terras possível. O custo desse processo de movimentação de terra costuma ser muito significativo em relação ao custo total da obra. Quando o transporte de solo é executado, as distâncias de transporte se alteram a cada viagem, portanto, necessita-se que seja determinada uma distância média de transporte, que deverá ser igual à distância entre os centros de gravidade dos trechos de cortes e aterros compensados (MACEDO, 2015). O custo do transporte é pago por momento de transporte, cuja unidade de medição comumente adotada é a t.km. O transporte deve ser calculado na fase de orçamento, com as distâncias médias de transporte de cada trecho, utilizando-se as composições de momentos de transporte do SICRO2 (Sistemas de Custo Rodoviário) (DNIT, 2003). 41 4.2 Alternativas de estabilização do solo A estabilização do solo consiste em torna-lo resistente aos esforços a serem recebidos e, dentre as várias técnicas existentes, as mais comuns na prática são a estabilização mecânica e a estabilização química. Para melhorar o comportamento do solo, a estabilização de forma mecânica dá-se através de métodos como compactação (rearranjo de partículas) ou correção granulométrica, sem a adição de nenhum material estranho ao solo. Esses métodos são comuns no que tange ao tratamento de solo para fins de pavimentação rodoviária. A estabilização química tende a melhorar a estrutura do solo através de alterações em suas propriedades físicas e químicas. 4.2.1 Estabilização mecânica A compactação do solo tem por objetivo diminuir o volume de vazios do solo e aumentar sua densidade através de um processo mecânico de aplicação de pressão, vibração ou impacto, diminuindo sua porosidade, permeabilidade e capacidade de deformação. Na estabilização para fins de pavimentação, o processo se dá pelo lançamento de material oriundo de jazidas ou outro local de extração sobre o solo original, e a aplicação de energia de compactação sobre o material através de equipamentos compactadores. A correção granulométrica consiste na mistura de dois ou mais solos de diferentes granulometrias (solo fino e solo grosso), a fim de obter a distribuição ideal desejada. Quando feita adequadamente, resulta em uma distribuição que tende a manter-se volumetricamente estável, apresentando ganho na resistência. Por exemplo, um solo combinado a uma grande quantidade de agregados finos, eliminará o contato entre os grãos do solo original, tornando-o praticamente impermeável.Apresenta-se como uma solução de estabilização, pois alterando esse contato grão a grão, aumenta ou diminui sua densidade e permeabilidade de acordo com a solicitação de projeto. 42 Figura 11 - Características de um solo em função da distribuição granulométrica. Fonte: Labline, 2015. 4.2.2 Estabilização química Dentre as inúmeras formas de estabilização química, pode-se encontrar desde produtos industrializados até resíduos industriais, podendo defini-los como convencionais (cimento, cal, betume e etc.) ou não convencionais (DS-328®, alcatrão, vinhoto e etc.). Uma técnica muito comum e conhecida no ramo de solos e pavimentação é a estabilização por solo-cimento. Consiste em misturar os dois materiais com água de forma homogênea, compactando e garantindo a devida cura para atingir os melhores resultados quanto à impermeabilidade, estabilidade volumétrica, durabilidade e 43 resistência à compressão. O cimento entra em uma quantidade de 5% a 10% do peso total do solo, que pode ser extraído do próprio local da obra e misturado com um pulvimixer, ou pode ser selecionado de jazidas e misturados em uma usina, embora na segunda alternativa, um dos principais benefícios dessa estabilização pode ser afetado: o custo. Figura 12 - Distribuidor de cimento, seguido do Pulvimixer Fonte: Asfalto de Qualidade – Blog sobre tecnologias, equipamentos e técnicas de Pavimentação. 1 1 Disponível em http://asfaltodequalidade.blogspot.com.br/2013/02/distribuidor-de-cal-e-cimento.html, acesso em 15 de fevereiro de 2015. 44 Figura 13 - Mistura solo-cimento com o pulvimixer Fonte: Asfalto de Qualidade – Blog sobre tecnologias, equipamentos e técnicas de Pavimentação. Apesar da boa durabilidade, facilidade de execução e baixo custo, nem sempre a técnica solo-cimento é a mais adequada, considerando que não pode ser aplicada em solos com a presença de sulfatos. De acordo com PETRUCCI (1978), um elemento de natureza expansiva pode ser formado devido à reação entre o hidróxido de cálcio e a alumina livre do cimento, e o sulfato do solo, inviabilizando seu uso como base para pavimentação. 4.3 Baba de Cupim sintética: DS-328® A baba de cupim sintético DS-328® é um sal orgânico a base de óleos vegetais como o óleo de mamona e outros, é liquido e de coloração verde totalmente solúvel em água, utilizado como aditivo para a estabilização de solos. 45 Figura 14 - DS-328® Fonte: Próprio autor, 2015. O conceito é aproveitar o solo local cuja resistência é insuficiente para a aplicação, e tratá-lo com a baba de cupim DS-328® tornando-o estabilizado e dotado de capacidade de suporte adequada para resistir às cargas do tráfego, sendo utilizado como base, sub-base ou reforço do subleito em pavimentos em geral. A estabilização química de solos por via liquida é o único procedimento de pavimentação em que sua exposição é permitida sem nenhum revestimento e por um longo período de tempo sem causar maiores danos (CORRÊA, 2010). 46 A baba de cupim DS-328® permite atingir maiores densidades de compactação e pode ser retrabalhada vária vezes se necessário, sem prejudicar as características da mistura e sem perda de material (Dynasolo S.A). Quando a baba de cupim DS-328® é misturada ao solo e aos reagentes, um composto metalo-orgânico permanente e insolúvel é formado, que contribui na coesão entre as partículas do solo (BUSSAMRA, 2003). Como as partículas da argila tem um excesso de íons em sua superfície e os grãos lamelares, ou seja, muito pequenos, acabam sendo atraídos pelos cátions da água aderindo permanentemente e formando a água absorvida, e quanto maior a camada de absorção, mais se distanciam as superfícies da partícula diminuindo a energia térmica das moléculas e a intensidade do campo elétrico. Essa composição impede que as partículas com formato lameliformes se movimentem e provoquem o desequilíbrio e expansão do solo, que resultaria na diminuição da resistência (BUSSAMRA, 2003). A estabilização do solo do subleito com a baba de cupim DS-328® ocorre por redução ou eliminação da absorção de forma estável e permanente. Por sua composição química ter um enorme potencial de troca iônica, quando se introduz pequenas quantidades do produto em água se ativam os íons H+ e OH- da água, o que provoca um intercâmbio de suas cargas elétricas com as partículas de solo, provocando na água absorvida um rompimento da ligação eletroquímica, desprendendo-as e convertendo-as em água livre, a qual drena por gravidade, evaporação e compactação (BUSSAMRA, 2003). Assim, através da troca catiônica resulta a redução da espessura da camada de água absorvida, floculação e aglutinação das partículas finas do solo e pela combinação dos dois exemplos ocorre uma redução na superfície especifica do solo consequentemente menos água poderá ser absorvida diminuindo a expansão e a contração do solo, aumentando sua impermeabilidade e resistência ao cisalhamento (BUSSAMRA, 2003). 47 Aplicados na pavimentação de estradas, ruas, pátios de estacionamento e industriais, aeroportos, taludes, lagoas, alvenarias de taipa e adobe e ainda diversos ramos da construção civil (BUSSAMRA, 2003). 4.3.1 Atuação Um material atua como estabilizante químico de um solo, modificando as suas propriedades físicas e químicas, quando, ao ser adicionado a este, reage como agente impermeabilizante, floculante e/ou agregante dos materiais presentes neste solo (LAMBE & MICHAELS, 19542, apud BUSSAMRA, 2010). Ao tratar um solo para torná-lo estável, introduz-se o aditivo escolhido, nas dosagens adequadas, com o intuito de reduzir sua plasticidade e modificá-lo granulometricamente, devido à coesão e impermeabilização do solo. Elimina-se assim suas características expansivas, controlando a ação da água sobre as camadas tratadas e alcançando resultados satisfatórios de durabilidade. Estes fenômenos ocorrem devido a troca de base, sendo que os cátions de carga mais forte, substituem os íons de carga mais fraca na superfície das partículas de argila, onde há também um agrupamento de cátions, com a consequente predominância destes. Considerando que a ligação entre duas partículas de argila depende da carga e do tamanho dos íons na interface, ocorre no caso, uma atração maior e, portanto, provocando uma floculação das partículas. (MITCHELL, DIAMOND, 1976 3, apud CORRÊA, 2013). A adsorção4da água pelo solo se dá pela forte atração entre os íons negativos presentes na superfície das partículas finas de argila, e os íons positivos da água. Essa atração faz com que as superfícies das partículas de solo se afastem, fazendo 2 LAMBE, T.W. – MICHAELS, A.S.: Altering soil properties with chemicals. Chemical and Engineering News 32 (1954) p.488-497. 3 MITCHELL, J. K. Fundamentals of soil behavior. New York: J. Wiley, 1976. 4Adsorção: Adesão de moléculas de um fluido a uma superfície sólida. 48 com que as moléculas de água se movimentem, provocando a expansão do solo e, consequentemente, diminuição de sua resistência. Portanto, para estabilizar um solo, deve-se procurar diminuir ou eliminar a adsorção. O aditivo baba de cupim, por sua composição química, é um excelente catalizador, ou seja, tem um grande potencial de troca iônica. Introduzindo o produto em água, ativam-se os íons H+ e (OH)- da água, que provoca uma troca de cargas elétricas com o solo, desprendendo a água adsorvida na superfície das partículas, tornando-as água livre, que acaba por ser drenada pela gravidade, compactação ou evaporação. Em pavimentos onde a água sobe capilarmente por tensão superficial, há uma diminuição na resistência do solo, fazendo com que o revestimento asfáltico apresente falhas provocadas por carga dos veículos. Essas falhas permitirão a penetração da água superficial no pavimento, que, junto aos materiais da sub-base, provocarão a destruição da estrutura do pavimento. 4.3.2 Vantagens A possibilidade de utilizar o solo local como camada de subleito de pavimentos é a grande vantagem da baba de cupim DS-328®, uma vez que a movimentação de materiais das jazidas significa um custo de valores importantes para a obra. A economia tem continuidade na manutenção das obras executadas com a técnica, pois apresenta baixo custo tanto para implantação quanto para conservação. Os métodos de execução solicitam equipamentos comumente disponíveis às empresas como a motoniveladora, caminhão pipa trator rural grade de discos e dispositivos de compactação e que atingem a resistência desejada com o menor número de passadas dos equipamentos compressores podendo trabalhar inclusive em épocas de chuva, além de gerar muito pouco desgaste dos equipamentos. (BUSSAMRA, 2010) Além de vantagens financeiras, a estabilização de subleitos com a baba de cupim DS328® permite que o material seja movimentado e readequado a qualquer tempo para melhor adequação da preparação do subleito sem perder suas propriedades características. E finalmente vantagens quanto ao ganho de resistência dos subleitos tratados com esse produto, pois apresentam uma proteção quanto a alguns 49 fenômenos prejudiciais como a ascensão capilar, uma redução na absorção de água e a tensão de sucção, além de aumentar o CBR e reduzir a expansão dos solos (BUSSAMRA, 2010). 4.4 Execução da estabilização de solo com a baba de cupim sintético Conforme Bussamra (2003), antes de iniciar o trabalho de campo deve-se fazer o planejamento executivo de acordo com as características do solo, dos equipamentos disponíveis do empreiteiro, dos prazos estabelecidos, da produção estimada de cada etapa construtiva, da quantidade de solo disponível em cada jazida e da metodologia do controle tecnológico a ser empregado durante a execução dos serviços, bem como a determinação da vazão dos caminhões pipas a serem empregados. Em seguida é necessário realizar ensaios em laboratórios com o solo do local ou de jazida para determinar uma excelente caracterização e viabilidade de uso. Neste caso são executados diversos ensaios para determinação das características físicas e resistência dos solos. São eles: Granulometria, Proctor, Limites de Atterberg, CBR ou Mini-CBR e MCT. 4.4.1 Escarificação e pulverização do solo Para tratar a parte superior da camada do solo local é preciso da utilização de uma motoniveladora, onde o material é escarificado com os garfos na profundidade informada pelo projeto, conforme Figura 6. Em seguida é realizada a pulverização. Quando a camada proceder de uma jazida, o material deverá ser transportado até o local sendo espalhado pela lâmina da motoniveladora e pulverizado em seguida (BUSSAMRA, 2003). 50 Figura 15 - Escarificação com motoniveladora Fonte: CATERPILLAR, 2007 A pulverização pode ser realizada com trator rural, grade de disco, enxada rotativa, pulvimixer ou estabilizadora, conforme Figura 16. Figura 16 - Execução de pulverização Fonte: PULVIMIXERS, PLANETE TP5 5 Disponível em http://www.planete-tp.com/pulvi-mixers-a305.html. Acesso em novembro de 2014. 51 Para um excelente resultado, deve-se executar sempre das bordas para o centro da pista até conseguir uma boa homogeneização. O material não deve conter grandes torrões e restos de materiais para não comprometer a regularidade granulométrica (BUSSAMRA, 2003). 4.4.2 Distribuição e homogeneização do Estabilizante de Solos, líquido É necessária a medição de umidade do solo natural(HNAT)de vários pontos da pista, normalmente medidos pelo “speedy test” que consiste em um equipamento que determina a umidade do solo pela pressão do gás resultante da ação da água contida na amostra sobre o carbureto de cálcio que se introduz no aparelho, considerando que o solo esteja entorno de 2% abaixo do valor da umidade ótima de compactação (Hót). Após colher os dados em campo o ensaio de Proctor é realizado para que se consiga determinar a quantidade total de água para atingir o valor de umidade ótima de compactação. O produto é colocado no caminhão pipa em porções, com a adição de água calculada para ser lançado ao solo, conforme Figura 8. O caminhão pipa trabalha em um processo de andar e parar com uma velocidade constante, passando no mínimo três vezes no mesmo lugar, a fim de obter uma maior distribuição uniforme (BUSSAMRA, 2003). 52 Figura 17 - Caminhão pipa, lançamento de estabilizante Fonte: Juliana Rodrigues, 2014 4.4.3 Distribuição e homogeneização do Reagente Sulfato de Alumínio Aplica-se um produto altamente concentrado com a dissolvição do reagente em água, misturando ¾ de água em um tambor aberto com a quantidade necessária do reagente Sulfato de Alumínio, até completar a diluição. Coloca-se em um caminhão pipa os 50 % de água restantes, adicionando o reagente Sulfato de Alumínio prédiluído, conforme dosagem realizada no laboratório. Com o caminhão pipa o produto é distribuído uniformemente. Após esta etapa, utiliza-se o equipamento de pulverização e mistura (trator + grade) para incorporação do reagente ao composto solo-aditivo (BUSSAMRA, 2003). 4.4.4 Conformação A camada tratada de acordo com o greide pré-estabelecido é preparada para o início da compactação. Este serviço é realizado por uma motoniveladora, prestando atenção 53 para não passar muitas vezes sobre a camada e deixa-la pré-adensada, causando danos na compactação (BUSSAMRA, 2003). 4.4.5 Compactação Para uma boa compactação é possível realizar em camadas simples ou camadas múltiplas, dependendo da espessura da camada projetada. A escolha dos equipamentos possui grande importância para uma execução satisfatória onde devemos levar em consideração os seguintes pontos: a) O tipo de solo a ser tratado b) Espessura da camada projetada ou a ser executada c) Local onde a obra será realizada O serviço de compactação deve ser iniciado pelas laterais e continuar longitudinalmente para o centro nos trechos em tangente, e nos trechos de curvas iniciar na borda interno para a externa, de forma que o compressor cubra uniformemente. (BUSSAMRA, 2003). 4.4.6 Acabamento Quando estiver marcas do rolo “pé de carneiro”, conforme Figura 9, a camada de solo é molhada levemente com o caminhão pipa e em seguida passada a motoniveladora para retirar uma espessura mínima suficiente para tirar as marcas ou pelo menos reduzi-las o mínimo possível. Para dar o acabamento final é passado o rolo pneumático, conforme Figura 10(BUSSAMRA, 2003). 54 Figura 18–Execução do rolo “pé de carneiro” Fonte: Juliana Rodrigues, 2014 Figura 19 – Aplicação do rolo pneumático Fonte: Juliana Rodrigues, 2014 55 5 ESTUDO DE CASO: TRECHO “BATAGUASSU – ANAURILÂNDIA – MATO GROSSO DO SUL” O estudo de caso refere-se ao trecho da rota MS-395 entre Bataguassu e Anaurilândia, no estado do Mato Grosso do Sul. Obra executada pela Camargo Corrêa e Comércio S.A fiscalizada e supervisionada pela CESP, Companhia Energética São Paulo, e Departamento de Estradas de Rodagem do Mato Grosso do Sul - DERSUL. Figura 20 - Traçado da Rota MS-395 entre Anaurilândia e Bataguassu Fonte: Google Maps, 2015 Esse trecho faz parte do complexo de obras da hidroelétrica do Porto Primavera do rio Paraná e tem extensão de 65km. 56 Figura 21 - Início da rodovia, trecho próximo a Botaguassu. Fonte: Google Street View, 2012. Acesso em maio de 2015. 5.1 Projeto original da pavimentação Figura 22 - Seção típica O cálculo estatístico do CBR do subleito do projeto apresentou um valor médio de 17,8%, previsto um volume de trafego de N=5,56x106 5.1.1 Alternativas de projeto Figura 23 - Perfil alternativa 01 57 Figura 24 - Perfil alternativa 02 : Figura 25 - Perfil alternativa 03 As 3 alternativas se basearam na utilização de materiais para sub-base e base provenientes de 11 locais selecionados ao longo do trecho a ser executado, dos quais, a pedreira de seixo rolado se encontrava na maior distância (DMT=129,2km). O solo mencionado, areia fina laterítica, consiste em um solo de coloração avermelhada devido a presença de ferro e alumínio na forma de óxidos e hidróxidos é um solo que está presente em clima quente na ocorrência de chuvas moderadas e intensas, possui um índice de vários muito alto, por este motivo consiste numa baixa capacidade de suporte, porém quando encontra-se compactado fica com uma capacidade de suporte elevada não ocorrendo expansão na presença de água. 5.2 Estudo de viabilidade A rápida análise das alternativas apresentadas com relação ao transporte de materiais e distancias medias de transporte (mostradas na tabela abaixo) mostra o dimensionamento da frota de veículos necessários e proporcionaram dados que permitiram avaliar a viabilidade técnica e econômica de cada uma delas, sem levar em consideração a consequência do impacto ambiental. 58 Tabela 7 - Estudo de Viabilidade Alternativa 1 2 3 5.3 Volume a ser transportado (m³) 185.196,00 199.166,00 153.188,00 DMT (km) Momento de transporte m³km/km 24,18 42,42 17,59 4.478.043,00 8.449.508,00 2.694.610,00 69.362,50 130.878,37 41.738,07 Ensaios com produtos estabilizantes de solo Foram analisados os valores da tabela anterior, e a contratante optou por estudar a possibilidade de substituir essa alternativa pela utilização da técnica de estabilização química de solos levando em conta a experiência adquirida anteriormente na execução de obras na rodovia Santos Dumont e na Anhanguera com resultados satisfatórios. Inicialmente foram realizados ensaios com 3 amostras de solos retiradas das laterais da rota em estudo e foram obtidos os seguintes resultados. Tabela 2 - Ensaios Composição granulométrica Areia Areia Argila Silte fina grossa Amostra Densidade (kg/m³) h₀ (%) CBR (Est. + AS) CBR (Est. + HC) 1 2.018,00 ̥10,8 35% 133% 10% 22% 58% 10% 2 3 2.087,00 2.093,00 9,2 9,4 110% 68% 337% 257% 15% 7% 10% 16% 68% 69% 10% 5% Est.: Estabilizante “DS-328” SA: Sulfato de Alumínio HC: Hidróxido de cálcio A partir dos resultados foram realizados ensaios com diferentes proporções do estabilizante químico DS-328® em todo o trecho do projeto, especialmente com materiais de bolsões laterais. Considerando os solos que apresentaram melhores resultados nos ensaios para sua utilização como materiais de base e sub-base, bem como área útil da camada e distância média de transporte (DMT), se chegou a um momento de transporte igual a 501.882,00 m³.km, para uma distância média de 59 2,71km e 7,773,38 m³km/km.Verifica-se uma redução significativa do custo final da obra, além de resolver os problemas de planejamento executivo já que se constatou que das 11 jazidas que haviam sido previstas em projeto como sendo de solo de areia fina laterítica,somente uma delas se enquadra dentro da classificação MCT (miniatura compactado tropical). Resultados dos ensaios com diferentes proporções do estabilizante DS-328®. LOCAL Pedreira 1 Caixa de emprestino entre as estacas 2771 e 2292 Caixa de emprestino entre as estacas 2231 e 2010 Caixa de emprestino na estaca 5051 Caixa de emprestino na estaca 5079 Caixa de emprestino na estaca 5051 Caixa de emprestino na estaca 2684 MCT CONDIÇÃO Mini-CBR(% media) LA' Solo natural 17,1 LA' "DS-328" (1:1000) 60,1 LA' "DS-328" (1:1250) 54,2 LA' "DS-328" (1:1500) 45,2 LA' "DS-328" (1:1750) 37,5 LA' "DS-328" (1:2000) 33,0 LA' "DS-328" (1:2250) 31,7 LA' "DS-328" (1:2500) 30,5 LA' Solo natural 14,2 LA' "DS-328" (1:1000) 49,2 LA' "DS-328" (1:2000) 37,8 Solo natural 23,3 "DS-328" (1:1000) 58,2 "DS-328" (1:2000) 38,2 LG' Solo natural 22,5 LG' "DS-328" (1:1000) 60,1 LG' "DS-328" (1:2000) 42,2 LG' Solo natural 25,0 LG' "DS-328" (1:1000) 60,1 LG' "DS-328" (1:2000) 39,1 LG' Solo natural 24,0 LG' "DS-328" (1:1000) 46,7 LG' "DS-328" (1:1500) 40,6 LG' "DS-328" (1:2000) 37,6 LG' Solo natural 14,0 LG' "DS-328" (1:1000) 49,7 LG' "DS-328" (1:1500) 46,7 LG' "DS-328" (1:2000) 37,6 LG' "DS-328" (1:2500) 34,5 LA'/LG' 60 5.4 Nova proposta de pavimentação A contratada apresentou para a DERSUL e para a CESP a nova proposta de pavimentação mostrando as vantagens em relação as alternativas do projeto, com o perfil da figura a seguir. Figura 26 - nova proposta de pavimentação A nova proposta considerou a metodologia de dimensionamento do projeto original, ou seja, o mesmo volume de tráfego e capacidade de transporte de subleito, preservando a estrutura do mesmo com relação a ruptura por cisalhamento. Depois da análise da proposta, verificação de resultado e visitas a obras, a DERSUL aprovou o projeto, com base nas normas de dimensionamento de pavimento do DNIT. Solicitando apenas a contratante o aumento da espessura de sub-base de 12 para 15 cm. Iniciada a execução dos primeiros trechos, a contratante realizou um seminário a fim de debater a solução adotada e propor o acompanhamento e controle tecnológico dos técnicos envolvidos na obra. Na ocasião ficou definido que a LENC - Laboratório de Engenharia e Consultoria Ltda., enviaria um profissional técnico na obra afim de avaliar o comportamento do pavimento através do levantamento deflectométrico, realizado com a viga Benkelman. 61 Durante o período de controle foram ensaiados solos de mais de 40 caixas de empréstimo ao longo da rota e todos os casos apresentaram excelentes resultados técnicos para utilização para bases e sub-bases de pavimentos uma vez que tratados com estabilizante e impermeabilizante químico DS-328®. Uma das características observadas durante os ensaios de perda por imersão (mini MCV) foi o fato de que, com os corpos de prova tratados com estabilizante DS-328® esses valores não ultrapassaram os 10% confirmando a expectativa de controle de erosão através desse processo. 5.5 Levantamento deflectométrico Nesse levantamento foram analisadas as deflexões do pavimento, através de Viga Benkelman, no perímetro externo das faixas de transito com o espaço médio de 40m entre estacas. As leituras foram efetuadas no ponto de prova (D0) e com deslocamento de 25cm do ponto de prova (D25), a fim de poder estimar o raio de curvatura de deflexão, conforme se pode observar nos dados da tabela apresentada no Anexo A. 5.6 Calculo de valores médios Do levantamento deflectométrico efetuado ao longo do trecho pavimentado foram obtidos os seguintes valores médios (formula1). D0 =16 (n = 224 medidas) → S = 6 (desvio padrão) D25 = 6 (n = 224 medidas) R = 420, sendo que R = 3.125/(D0 – D25) em metros 5.7 Histogramas de deflexão e raio de curvatura Nos gráficos seguintes foram observados os valores de deflexão obtidos com a viga Benkelman e do cálculo do raio de curvatura. (Figuras 22 e 23). Para as 224 medidas com a Viga Benkelman, o raio médio é de 420m, eliminando os 52 valores correspondentes ao raio de 780m, que estão fora do desvio padrão, se obtém valor de n=172, ao qual corresponde um raio médio de 310m, sendo admitidos 62 como representantes dos valores situados entre 300 e 400m. E nota-se que não há raios de curvatura menores que 100m, que seria o valor mínimo aceitável (DNERPRO 011/79). Figura 27 - Deflexão Figura 28 - Raio de Curvatura 63 Figura 29 - Estimativa dos módulos resilientes através do levantamento deflectométrico. Sendo que: Qr = 2.050Kgf P = 5,6Kgf/cm² DC = 0,22mm = D + S E1 é de aproximadamente 8.000 Kgf/cm² E2 é de aproximação 4.000Kgf/cm² h em cm E em Kgf/cm² R = 300 a 400m a = 10,8cm Valores obtidos pelas tabelas 4 e 5, apresentadas no capítulo 4. 5.8 Estimativa de modulo resiliente do subleito O subleito constituído de solo natural, apresenta diferenças significativas com relação a mini-CBR (Energia Normal) em função da procedência do material. Nesse estudo foi admitido mini-CBR de subleito igual a 14% valor considerado como mínimo para os materiais predominantes na região. 64 5.9 Relação mini CBR /Módulo de resiliência para subleito 0,8 Através da relação E 220.(mini CBR) , indicada no método de dimensionamento de pavimentos flexíveis do município de sp para solos de comportamento laterítico, se obtém: E SB 220.(14) 0,8 1800 kgf / cm 2 5.10 Cálculo dos valores modulares por camada Sendo ESB/ESL=400 kgf/cm² e ESL=188 kgf/cm² de acordo com o gráfico número 4 de equivalência modular do método citado acima, obtém-se: 5.11 Resumo dos valores modulares adotados para a estrutura do pavimento construído 5.12 Analise para estimativa de valor N admissível 5.12.1 Cálculo da deformação unitária do subleito Utilizando o programa Elsym-5 de análise de tensões e deformações se obtém os valores abaixo: 65 EB ESB ESL D0 R εSL 8000 4000 2000 26 385 3,5x10-4 5.12.2 Cálculo do valor N admissível utilizando a deformação unitária do subleito: Da correlação de “Lister” se obtém: Portanto, a estrutura construída admite um número N de solicitação de carga padrão =107, maior que a de projeto (NP=6*106). 5.13 Ensaios de laboratório Foram executados ensaios específicos de laboratório para classificação MCT dos solos utilizados, assim como ensaios de compactação (mini CBR, CBR), tanto com materiais das jazidas como de bolsões laterais de empréstimo dos quais foram utilizadas diferentes proporções do estabilizante de solos para efeito de comparação de resultados conforme se pode observar. 66 5.13.1 Ensaios realizados com material de base coletado na pista durante o controle tecnológico em campo, antes do início da compactação: Classificação HRB Condição CBR (% média) A-2-4 / A-2-6 "DS-328" (1:1000) 94,0 5.13.2 Ensaios executados com material de sub-base, coletado na pista durante o controle tecnológico de campo antes do início da compactação. Classificação HRB Condição CBR (% média) A-2-4 "DS-328" (1:2000) 75,3 5.13.3 Ensaios executados com material de subleito coletado na pista durante o controle tecnológico de campo Classificação HRB Condição A-2-4 / A-2-6 Solo natural "DS-328" (1:1000) "DS-328" (1:2000) "DS-328" (1:2500) CBR (% média) 33,1 72,1 57,8 51,2 5.14 A rota MS-395 atualmente Neste estudo de caso foi apresentado o trecho da rota MS-395 entre Anaurilândia e Bataguassu, cujo projeto de pavimentação apresentava a solução para o reforço da base e sub-base com o tratamento químico através da baba de cupim. Entretanto, o mesmo não ocorreu para o restante da rodovia, que se inicia em Bataguassu e segue até a cidade de Três Lagoas-MS, passando por Brasilândia-MS , apresentado na figura 30. 67 Figura 30 - MS-395 de Três Lagoas à Bataguassu Fonte: Google Maps, 2015 Conforme notícias recentes de jornais conceituados, observou-se uma grande revolta dos usuários da rota MS-395 quanto à erodibilidade e má condição da rodovia estadual nos trechos que atendem Bataguassu à Três Lagoas. Em notícia cuja manchete diz “Na MS-395, más condições na via geram transtornos a motoristas”(G1-Globo.com), afirma-se que, como o trecho faz parte da rota de caminhões transportadores de celulose para o Estado, o fluxo de veículos pesados na rodovia é intenso. A TV Morena, filiada à Rede Globo, fala em seu site sobre “a situação da rodovia MS-395, que liga Brasilândia à Bataguassu, que foi resumida por caos”. Na notícia, motoristas afirmam que os buracos tem sido o motivo de diversos acidentes graves. Nos três primeiros meses de 2015, foram registradas uma morte e 15 acidentes no trecho devido às más condições da pista. 68 Figura 31 - Buracos na via entre Bataguassu e Brasilândia-MS Foto: João Carlos Tonon São diversas as reportagens que podem ser encontradas sobre acidentes causados por buracos na pista que estouram pneus ou solicitam freadas bruscas, causando colisões. A imprensa da região tem acompanhado as reivindicações dos usuários e por diversas vezes o trecho foi recapeado, mas logo observa-se novas notícias sobre o mesmo problema. O trecho aqui estudado não aparece na mídia, exceto por um artigo publicado no jornal Diário MS, em 11 de agosto de 2014, informando o término de um trabalho de recapeamento de 66,5 quilômetros do trecho, que contemplou novo revestimento asfáltico, nova sinalização e outras intervenções com o objetivo de aumentar a segurança dos usuários. Após 45 meses de execução, o local aparenta atender as necessidades dos usuários. 69 Figura 32 - Trecho entre Anaurilândia e Bataguassu após recapeamento Foto: Rachid Waqued 70 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS A partir das análises realizadas através de curvas de deflexão, obteve-se o levantamento deflectométrico demonstrando que o subleito do pavimento no trecho onde se realizaram os ensaios apresentaram ótimas condições de suporte com modulo de resiliência de aproximadamente 2000kgf/cm², o que comprovou o bom comportamento dos materiais existentes na região e recomendou a execução do projeto através desde método construtivo. Os ensaios especiais do modulo de resiliência realizados no laboratório da Escola Politécnica na Universidade de São Paulo, confirmaram os elevados valores modulares obtidos para sub-base e base de solos estabilizados quimicamente além de corrigir a erodibilidade do material local devido ao aumento da coesão adquirida pelo mesmo. Os ensaios mostraram que era possível reavaliar as proporções do estabilizante utilizado com o material da primeira jazida para execução da base, podendo ser recomendada como primeira alternativa a proporção de 1:1500, diminuindo o consumo de produto químico utilizado. Não foi necessário alterar a proporção de um 1:2000 utilizada para construção da subbase. O material das caixas laterais de empréstimos tratados com estabilizante de solos apresentou características semelhantes às da primeira jazida, permitindo também sua utilização como material de pavimentação, utilizando a proporção de 1:1000 na base e de 1:2000 na sub-base. Como recomendação foi solicitado o monitoramento e acompanhamento do comportamento da obra através de medições utilizando a mesma metodologia adotada, afim de que estes parâmetros possam ser utilizados em outras obras que adotem o mesmo procedimento de construção. 71 Baseado nos níveis deflectométricos obtidos e em função do tráfego previsto, foi estimado um excelente comportamento e uma elevada vida útil do pavimento projetado, sendo que após 45 meses de execução do trecho o mesmo apresentou ótimos resultados, de acordo com o previsto. 72 7 CONCLUSÕES Neste trabalho foi abordada a estabilização química de subleito de pavimentos com o aditivo baba de cupim sintético DS-328®, devida heterogeneidade do solo ao longo do traçado geométrico rodoviário, onde é comum haver trechos sem capacidade de carga e que necessitam ser reforçados. A técnica que aplica a baba de cupim sintético DS-328® substitui métodos mais tradicionais como o solo cimento ou o empréstimo de solo de jazidas. Com as informações aqui apresentadas, conclui-se que a utilização da baba de cupim sintético DS-328® é pouco conhecida e pouco divulgada na área de engenharia civil, vale ressaltar que é primordial o estudo do solo antes de iniciar uma obra para obterse as características e propriedades do solo assim podendo tomar decisões de projeto e execução mais eficientes, precisas, seguras e econômicas sem correr risco no futuro. Além disso, permite a utilização do solo local e é eficiente quanto ao ganho de resistência ao cisalhamento, compressão, penetração e impermeabilidade. Essa técnica tende a ser economicamente mais vantajosa tanto para execução quanto para manutenção, pois demanda de equipamentos comuns e é de fácil transporte. Conforme notícias apresentadas anteriormente, observou-se que o trecho da rota MS395 não tratado com o aditivo químico DS-328, tem sido alvo de reclamações no que diz respeito às más condições das vias. O trecho que liga Bataguassu e Anaurilândia aparece na mídia apenas para apresentar o término de um trabalho de recapeamento realizado em 2014, que contemplou, além de um novo revestimento asfáltico, nova sinalização, com o intuito de aumentar a segurança dos usuários. O recapeamento asfáltico realizado nesse trecho pode ter sido necessário apenas devido ao desgaste natural da camada asfáltica. Nota-se que a espessura do revestimento asfáltico utilizado não atende às recomendações do DNIT e do DER, que sugere que projetos com um número N maior que 5,5x10 6 adotem um revestimento mínimo de 7,5 centímetros de concreto asfáltico.Não é conclusivo, com as 73 informações aqui apresentadas, se essa necessidade de recapeamento surgiu por reflexo de algum tipo de problema originado nas áreas do pavimento tratadas com a baba de cupim sintético. O que se pode concluir é que o trecho AnaurilândiaBataguassu, em comparação com o trecho Bataguassu-Três Lagoas, tem apresentado resultados de resistência à erodibilidade melhores, maior durabilidade e maior satisfação dos usuários. Dessa forma, o presente trabalho divulgou uma tecnologia alternativa para estabilização do solo de subleito e camadas inferiores de pavimentação rodoviária, que se apresentou como um produto eficiente e sustentável, que contribui para a diminuição do impacto ambiental gerado pela exploração de jazidas, diminuição do custo e tempo com transporte de materiais e longa durabilidade. 74 8 RECOMENDAÇÕES Diante do apresentado, recomenda-se que sejam feitos todos os ensaios geotécnicos de laboratório necessários para o projeto de dimensionamento do pavimento rodoviário, comparando os resultados das amostras de solo de subleito dosados ou não com o DS-238. É recomendado que seja averiguada a viabilidade, em termos de custo e aceitação dos órgãos reguladores da rede rodoviária, do reforço do subleito com aditivo “baba de cupim” ou outras soluções tradicionais como empréstimo de jazida e uso de solocimento ou solo brita. Após a execução da obra deve ser feito o acompanhamento da mesma através de ensaios de avaliação funcional e estrutural, FWD – Falling Weight Deflectometer e Viga Benkelman, que indicam a presença de defeitos no pavimento devido base ou sub-base mal executados ou mal dimensionados. Pode ser realizada uma comparação da tecnologia apresentada com métodos mais tradicionais, no que diz respeito às vantagens financeiras, levantando custos finais da obra de forma detalhada. Existem outros campos de aplicação do aditivo DS-328® além de construção do pavimento rodoviário, como por exemplo: usoem impermeabilização em diversas áreas da construção civil, uso em pavimentos aeroportuários e na impermeabilização de tecidos. Recomenda-se pesquisa sobre essas aplicabilidades do aditivo. A fim de atingir resultados mais conclusivos, sugere-se que seja estudado o método utilizado na construção do trecho da rota MS-395 que interliga as cidades de Bataguassu e Três Lagoas, considerando o fato de esse trecho ter sido alvo de críticas constantes quanto a questão de erodibilidade e má qualidade das pistas, ao contrário do trecho estudado, que aparenta manter-se atendendo as necessidades dos usuários. Um item importante a ser observado é se o local em questão tem recebido um fluxo de veículos adequado conforme projetado quando de sua concepção, pois o 75 fato de receber cargas maiores do que as previstas contribuem para a diminuição drástica da durabilidade de qualquer pavimento. É de suma importância que os órgãos responsáveis coletem dados de volume de tráfego em malhas rodoviárias a fim de assegurar que as vias estão sendo usadas conforme o planejado. O excesso de carga é o principal fator para a deterioração do pavimento, que muitas vezes foi projetado corretamente, mas seu uso sobrecarrega o pavimento, implicando na necessidade de repetidas manutenções que não duram e não atendem o fluxo de veículos recebido pela via. Quanto ao trabalho de recapeamento do trecho, realizado em agosto de 2014, recomenda-se investigar o motivo do recapeamento, levantando a questão de quanto o subleito estabilizado com o DS-328® contribuiu para a deterioração da camada asfáltica do pavimento, gerando a necessidade da obra. 76 REFERÊNCIAS ANDRADE, Mário Henrique Furtado de. TT 051 – Pavimentação. Universidade Federal do Paraná, Paraná, Brasil, 2010. Asfalto de qualidade. Disponível em http://asfaltodequalidade.blogspot.com.br/2013/02/distribuidor-de-cal-e-cimento.html. Acesso em 15 de janeiro de 2015. ASSALI, Mirella Pennacchi; FORTES, Rita Moura; CYMROT, Raquel. Comparação da Incerteza de Medição entre Ensaios CBR e Mini CBR. 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