Universidade Federal do Rio de Janeiro ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DAS RAÍZES DO CAPIM VETIVER NA PERMEABILIDADE DE UM SOLO TROPICAL COMPACTADO Vivian Souza Quito 2014 ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DAS RAÍZES DO CAPIM VETIVER NA PERMEABILIDADE DE UM SOLO TROPICAL COMPACTADO Vivian Souza Quito Projeto de Graduação apresentado ao Curso de Engenharia Civil da Escola Politécnica, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Engenheira. Orientadores: Leonardo De Bona Becker Gustavo Vaz de Mello Guimarães Rio de Janeiro Março de 2014 ii ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DAS RAÍZES DO CAPIM VETIVER NA PERMEABILIDADE DE UM SOLO TROPICAL COMPACTADO Vivian Souza Quito PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE ENGENHARIA CIVIL DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRA CIVIL. Examinada por: Prof. Leonardo De Bona Becker, D.Sc. Eng. Gustavo Vaz de Mello Guimarães, M.Sc. Prof. Marcos Barreto de Mendonça, D.Sc. Prof. Manoel Isidro de Miranda Neto, M.Sc. Prof. Cláudio Fernando Mahler, D.Sc. Rio de Janeiro Março de 2014 iii Quito, Vivian Souza Estudo sobre a influência das raízes do capim vetiver na permeabilidade de um solo tropical compactado/ Vivian Souza Quito. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Escola Politécnica, 2014. xiv, 76 p.: il.; 29,7 cm. Orientadores: Leonardo De Bona Becker e Gustavo Vaz de Mello Guimarães Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de Engenharia Civil, 2014. Referências Bibliográficas: p. 60-62. 1. Permeabilidade do solo. 2. Capim Vetiver. 3. Ensaios de laboratório. I. Becker, Leonardo de Bona et al.. II. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia Civil. III. Titulo. iv DEDICATÓRIA Dedico este trabalho às mulheres da minha vida, minha avó Amelia, minha mãe Cecilia, minha irmã Valeria e minha sobrinha Larissa. v AGRADECIMENTOS A Deus, por todas as benções em minha vida, me permitindo estudar e conhecer pessoas maravilhosas durante esta trajetória. A fé me fez chegar até o final desta primeira etapa. Aos meus pais, Vainer e Cecilia, pelos sacrifícios para financiar meus estudos, pela paciência e amor. Meu diploma é para vocês e por vocês. À minha avó Amelia, minha maior companheira, por sempre se preocupar comigo e cozinhar o melhor feijão com arroz do mundo para mim. À minha irmã Valeria meu exemplo de mulher e profissional, por me mostrar que sim era possível vencer na vida. À minha afilhada e sobrinha Larissa, alegria da minha vida. Ao meu cunhado Anderson por incentivar a loucura de fazer Engenharia. Ao meu tio Valmir e sua família por terem me apoiado e torcido pela minha vitória. Tenho muito orgulho de ser sua sobrinha, pela pessoa amorosa, generosa e justa que você é. Aos meus professores e orientadores, Leonardo Becker e Gustavo Guimarães, pelos ensinamentos transmitidos em suas aulas impecáveis, pela dedicação e pela paciência. O meu projeto de graduação só acrescentou na minha formação. Obrigada pela parceria para que esta pesquisa fosse concluída. Ao professor Manoel Isidro pela grande gentileza de doar suas amostras e por toda sua atenção para tirar minhas dúvidas. Esta pesquisa só foi possível por causa de sua doação. A todos os professores da Ênfase de Geotecnia, em especial, professores Marcos Barreto e Fernando Danziger, que juntamente com meus orientadores, me incentivaram a escolher esta profissão tão bonita que é a Engenharia Geotécnica. Ao técnico do Laboratório de Geotecnia da COPPE, Edgard Luis Bispo, por toda ajuda e pelas ideias inteligentes que facilitaram a minha pesquisa. Tenho certeza que será um grande Engenheiro. vi A toda equipe da Muniz & Spada por todo aprendizado durante o período de estágio e pelo excelente ambiente de trabalho. Ao Laboratório de Hidráulica Computacional da COPPE, onde fiz minha iniciação cientifica e trabalhei com amigos muito especiais. À minha amiga Bruna Bomfim pelo companheirismo durante todo o tempo de faculdade. Aos meus calouros queridos, Bianca Bellas, Bruna Battemarco e Júlio Cezar, pela amizade e carinho. A amizade de vocês é um dos presentes que a UFRJ me deu. Aos meus amigos de turma, um grupo que se formou nas aulas de desenho e tornou os meus dias na faculdade mais leves. Meus companheiros de aulas, Adriano Armani, Daniel Oliveira, Diego Alves, Jonatas Filipe, Felipe Pimentel, Gustavo Almeida, Marina Kamino e Richardson Gomes. Meus amigos mais palhaços, Hugo Lopez e Ricardo Benzecry. Minhas amigas de estudos e trabalhos, Fernanda Gullo, Simone Zappe e Suelen Paixão. Minha amiga Priscila Monteiro pelo incentivo para conclusão do projeto de graduação. Meus irmãos de profissão, Francisco Alberto, George Teles, Mariana Miranda, Natália Rodrigues e Vanessa Coutinho. Agradeço a todos que me ajudaram nos estudos, que me incentivaram a nunca desistir de uma matéria ou de uma prova, por todas as caronas e pela companhia durante todos os períodos. Vocês fazem parte da minha história, e as histórias duram para sempre. Enfim, a todos que oraram e colaboraram para que eu concluísse a minha graduação. vii Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. ESTUDO SOBRE A INFLUÊNCIA DAS RAÍZES DO CAPIM VETIVER NA PERMEABILIDADE DE UM SOLO TROPICAL COMPACTADO Vivian Souza Quito Março/2014 Orientadores: Leonardo de Bona Becker Gustavo Vaz de Mello Guimarães Curso: Engenharia Civil Neste trabalho foram realizados ensaios de permeabilidade em amostras de solo compactado com e sem raízes do capim vetiver. Nos ensaios foram utilizados procedimentos e equipamentos adaptados. Também foram realizados ensaios para caracterização do solo. Através dos ensaios observou que os coeficientes de permeabilidade das amostras com vetiver foram cerca 12 vezes maiores que os coeficientes de permeabilidade das amostras sem o vetiver, porém não se pode afirmar com certeza que as raízes aumentam a permeabilidade do solo, pois as amostras apresentavam diferentes condições de compactação. Outro indicio que as raízes aumentam a permeabilidade do solo é que as amostras com maior concentração de raízes apresentaram maiores valores de k. Palavras-chave: Ensaios de permeabilidade, capim vetiver e ensaios de laboratório. viii Abstract of Undergraduate Project presented to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Engineer. STUDY ON THE INFLUENCE OF VETIVER GRASS ROOTS IN THE PERMEABILITY OF COMPACTED TROPICAL SOIL Vivian Souza Quito Março/2014 Advisor: Leonardo de Bona Becker Gustavo Vaz de Mello Guimarães Course: Civil Engineering This work presents permeability tests performed on compacted soil samples with and without Vetiver grass roots. Adapted procedures and equipment were used in tests. Soil characterization was also carried out. Through the tests noted that the coefficients of permeability of samples with vetiver were about 12 times larger than the coefficient of permeability of samples without vetiver, but cannot say that the roots increase soil permeability, because the samples had different compaction conditions. Another clue that the roots increase soil permeability is that the samples with higher concentration of roots showed higher values of k. Keywords: Permeability test, vetiver grass, laboratory tests. ix Sumário 1. 2. Introdução....................................................................................................... 1 1.1. Objetivo .................................................................................................. 1 1.2. Metodologia ............................................................................................ 1 1.3. Organização ............................................................................................ 2 Revisão bibliográfica...................................................................................... 3 2.1. Generalidades .......................................................................................... 3 2.2. Compactação de solos ............................................................................. 4 2.3. Fluxos nos solos ...................................................................................... 5 2.3.1. Conservação de energia .......................................................................... 5 2.3.2. Regime de Escoamento dos Solos .......................................................... 6 2.3.3. Lei de Darcy ........................................................................................... 7 2.4. Determinação da permeabilidade nos solos ............................................ 8 2.4.1. Generalidades ......................................................................................... 8 2.4.2. Ensaio de Permeabilidade com Carga Constante ................................... 9 2.4.3. Ensaio de Permeabilidade com Carga Variável ................................... 10 2.4.4. Fatores que Influenciam o Coeficiente de Permeabilidade do Solo ..... 12 2.5. Capim Vetiver ....................................................................................... 15 2.6. O Sistema Vetiver e suas aplicações ..................................................... 16 2.6.1. Generalidades ....................................................................................... 16 2.6.2. O Sistema Vetiver................................................................................. 17 2.6.3. Aplicação do Sistema Vetiver na estabilidade de taludes .................... 19 3. O SOLO E O CAPIM VETIVER DA PESQUISA ..................................... 21 3.1. Generalidades ........................................................................................ 21 3.2. Jazida de solo ........................................................................................ 21 3.3. Caracterização em laboratório na campanha Miranda Neto, 2013 ....... 24 3.4. Amostras da pesquisa ............................................................................ 25 3.4.1. Amostras de solo deformado (sem plantio de vetiver) ......................... 25 x 3.4.2. Amostras com plantio de capim vetiver ............................................... 26 4. OS ENSAIOS REALIZADOS ..................................................................... 31 4.1. Generalidades ........................................................................................ 31 4.2. Ensaios de compactação adaptados ...................................................... 31 4.3. Ensaios de permeabilidade de carga variável adaptado ........................ 35 4.3.1. Permeâmetro adaptado ......................................................................... 35 4.3.2. Amostras de solo sem vetiver ............................................................... 39 4.3.3. Amostras de solo com vetiver .............................................................. 40 4.3.4. Saturação da amostra e o ensaio de carga variável adaptado ............... 42 4.3.5. Ensaios piloto ....................................................................................... 49 5. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS ............................. 53 5.1. Compactação adaptado ......................................................................... 53 5.2. Ensaio de permeabilidade a carga variável adaptado ........................... 54 5.2.1. Ensaio em amostras sem vetiver ........................................................... 54 5.2.2. Ensaio em amostras com vetiver .......................................................... 55 5.2.1. Análise dos ensaios de permeabilidade ................................................ 57 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 58 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 60 ANEXO ................................................................................................................. 63 xi LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 –(a) Curva de compactação típica, (b) Curva de compactação de diversos solos brasileiros (SOUSA PINTO, 2006). __________________________________________________________________ 4 Figura 2.2 – Curva de compactação com e sem reuso de amostras sob o cerrado nativo 1ª, pastagem 2B e monocultivo de soja 3A (RAMOS et al., 2012). _____________________________________________ 5 Figura 2.3 – Esquema representativo do experimento de Henry Darcy (LAMBE e WHITMAN, 1969). ____ 7 Figura 2.4 – Tabela com valores típicos do coeficiente de permeabilidade. (SOUSA PINTO, 2006) ______ 8 Figura 2.5 – Esquema de permeâmetro de carga constante (SOUSA PINTO, 2006). _________________ 9 Figura 2.6 – Esquema de permeâmetro de carga variável (SOUSA PINTO, 2006). __________________ 11 Figura 2.7 – Relações entre o índice de vazios e a permeabilidade das areias (TAYLOR, 1948). _______ 13 Figura 2.8 – Relações entre a umidade de compactação, a massa específica seca e coeficiente de permeabilidade para amostras compactadas com baixa, média e alta energia de compactação (MITCHELL et al. ,1965, apud BLIGHT, 2013). _______________________________________________ 14 Figura 2.9 – Barreira de vetiver em talude (PEREIRA, 2006). ___________________________________ 15 Figura 2.10 – Raízes de vetiver (TRUONG et al., 2008). _______________________________________ 16 Figura 2.11 – Efeito do Sistema Vetiver na estabilidade do talude (MADRUGA et al., 2007). _________ 19 Figura 2.12 – Envoltórias de ruptura dos ensaios de cisalhamento direto. (BARBOSA, 2012) _________ 20 Figura 3.1 - Imagem de satélite do Google Earth da localização de coleta do solo (MIRANDA NETO, 2013). ______________________________________________________________________________ 22 Figura 3.2 - Carta geológica da região (SITE DA CPRM, 02/02/ 2014). ___________________________ 22 Figura 3.3 – Foto do local de coleta (MIRANDA NETO, 2013). __________________________________ 23 Figura 3.4 – Detalhe da voçoroca (MIRANDA NETO, 2013). ___________________________________ 23 Figura 3.5 – Curva granulométrica do solo (MIRANDA NETO, 2013). ____________________________ 24 Figura 3.6 – Fração grosseira do solo (MIRANDA NETO, 2013). ________________________________ 24 Figura 3.7 – Fração areia do solo (MIRANDA NETO, 2013). ____________________________________ 25 Figura 3.8 – Solo utilizado na pesquisa após secagem ao ar. __________________________________ 25 Figura 3.9 – Foto dos tubos de PVC com capim vetiver (MIRANDA NETO, 2013). ___________________ 27 Figura 3.10 – Foto da parte inferior do molde de PVC cortado na parte inferior (MIRANDA NETO, 2013). ___________________________________________________________________________________ 27 Figura 3.11 – Tubo de PVC com vetiver cortado. (MIRANDA NETO, 2013) ________________________ 28 Figura 3.12 – Base do molde com vetiver 6 na região do dreno de areia. _________________________ 28 Figura 3.13 – Topo do molde com vetiver. _________________________________________________ 29 Figura 3.14 – Raízes após início do processo de lavagem (MIRANDA NETO, 2013). _________________ 29 Figura 3.15 – Raízes após finalização do processo de lavagem (MIRANDA NETO, 2013). ____________ 29 Figura 4.1 – Foto do molde para o ensaio de compactação. ___________________________________ 31 Figura 4.2 – Detalhe da bancada forrada com jornal. ________________________________________ 32 Figura 4.3 – Preenchimento do molde com solo. ____________________________________________ 32 xii Figura 4.4 – Procedimentos para obtenção de amostras homogêneas. __________________________ 33 Figura 4.5 – Solo no processo de umedecimento. ____________________________________________ 33 Figura 4.6 – Compactação de uma camada de solo. _________________________________________ 33 Figura 4.7 – Etapas após a compactação da amostra. ________________________________________ 34 Figura 4.8 – Detalhe do solo mal compactado nas bordas. ____________________________________ 34 Figura 4.9 – Solo com compactação homogênea. ___________________________________________ 35 Figura 4.10 – Peças utilizadas para construção do permeâmetro. ______________________________ 36 Figura 4.11 – Permeâmetro desenvolvido para o trabalho ____________________________________ 37 Figura 4.12 – Permeâmetro desenvolvido para amostras com vetiver.___________________________ 38 Figura 4.13 – Permeâmetro preso à panela.________________________________________________ 38 Figura 4.14 – Luva com disco de aço e geotêxtil. ____________________________________________ 39 Figura 4.15 – Corpo de prova com a extremidade aberta e fechada. ____________________________ 40 Figura 4.16 – Região do dreno de areia descartada. _________________________________________ 40 Figura 4.17 – Região descartada de transição entre o capim e as raízes. _________________________ 41 Figura 4.18 – Tubo de PVC com capim vetiver. ______________________________________________ 41 Figura 4.19 – Tubo de PVC com capim vetiver. ______________________________________________ 42 Figura 4.20 – Detalhes da amostra com vetiver. ____________________________________________ 42 Figura 4.21 – Reservatório para saturação. ________________________________________________ 43 Figura 4.22 – Câmara utilizada como reservatório para saturação. _____________________________ 43 Figura 4.23 – Permeâmetro utilizado como reservatório para saturação. ________________________ 44 Figura 4.24 – Mangueiras do permeâmetro ligadas na panela coletora. _________________________ 45 Figura 4.25 – Bolha de ar aprisionada na mangueira. ________________________________________ 45 Figura 4.26 – Mangueira conectada ao registro do permeâmetro adaptado. _____________________ 46 Figura 4.27 – Bureta de leitura do ensaio de carga variável. ___________________________________ 47 Figura 4.28 –Processo para determinação da temperatura do ensaio. ___________________________ 47 Figura 4.29 – Bureta de leitura do ensaio de carga variável. ___________________________________ 48 Figura 4.30 - Equipamento para o ensaio de permeabilidade. _________________________________ 48 Figura 4.31 – Amostra 1 com ausência de vetiver. ___________________________________________ 49 Figura 4.32 – Amostra vetiver 6 rasa. _____________________________________________________ 49 Figura 4.33 – Equipamento para os testes piloto. ___________________________________________ 50 Figura 4.34 – Equipamento para os testes piloto. ___________________________________________ 50 Figura 4.35 – Ilustração do procedimento de ensaio. _________________________________________ 51 Figura 4.36 – Ilustração do procedimento de ensaio. _________________________________________ 51 Figura 4.37 – Raízes do vetiver 6. ________________________________________________________ 52 Figura 5.1 – Gráfico coeficiente de permeabilidade x volume percolado das amostras sem vetiver. ___ 54 Figura 5.2 – Gráfico coeficiente de permeabilidade x volume percolado da amostra vetiver 1. _______ 56 Figura 5.3 – Gráfico coeficiente de permeabilidade x volume percolado da amostra vetiver 6. _______ 56 xiii LISTA DE TABELAS Tabela 1- Aumento da resistência ao cisalhamento do solo devido às raízes do vetiver (HENGCHAOVANICH e NILAWEERA, 1996, apud BARBOSA, 2012). ........................................................... 20 Tabela 2- Umidade higroscópica do solo empregado na pesquisa. ........................................................... 26 Tabela 3- Índice de vazios dos solos nos moldes de PVC. (MIRANDA NETO, 2013) .................................... 27 Tabela 4- Dados do molde 1 e 6 (MIRANDA NETO, 2013). ......................................................................... 30 Tabela 5- Peças utilizadas para construção dos permeâmetros. ............................................................... 36 Tabela 6- Índice de vazios para cada ensaio. ............................................................................................. 53 Tabela 7- Dados das amostras sem vetiver. ............................................................................................... 53 Tabela 8- Dados das amostras sem vetiver. ............................................................................................... 54 Tabela 9 - Dados das amostras vetiver 1. ................................................................................................... 55 Tabela 10 - Dados das amostras vetiver 6. ................................................................................................. 55 xiv 1.Introdução A gramínea Vetiveria zizanioides, conhecida popularmente como capim vetiver, é uma planta de origem indiana utilizada em vários países para o controle de erosões, conservação de solos e água em regiões degradadas. O capim vetiver foi promovido pelo Banco Mundial na década de 1980 e atualmente seu uso é recomendado por organizações ambientalistas mundiais, como a Rede Vetiver Internacional (TNVI), por apresentar características morfológicas e ecológicas especiais. (TRUONG et al. , 2008) As técnicas de bioengenharia de solos utilizam a vegetação como ferramenta de melhoria da resistência do solo contra movimentos de massa e erosão. O capim vetiver é utilizado internacionalmente em obras para estabilizar taludes, pois colabora com a resistência do solo devido ao seu sistema radicular e tem baixo custo. Pereira (2006) apresenta os principais usos do capim vetiver e as técnicas utilizadas na estabilização de taludes, controle de erosões e áreas degradadas. Alguns trabalhos encontrados, Truong et al. (2008) e Madruga et al. (2007), sobre a aplicação do capim vetiver na estabilidade de taludes apresentam uma abordagem qualitativa. Em vista disto, estudos vêm sendo realizados com o objetivo de quantificar melhor a resistência do solo com o capim. Os estudos que analisam a capacidade de infiltração do solo com capim vetiver e suas possíveis consequências geotécnicas ainda são escassos, em razão das pesquisas geotécnicas terem o enfoque na resistência ao cisalhamento do solo com o capim vetiver. 1.1. Objetivo O presente trabalho tem o objetivo de estudar a influência das raízes do capim vetiver na permeabilidade de um solo coletado de um depósito colúvio-aluvionar localizado na Serra do Mato Grosso no município de Saquarema-RJ. 1.2. Metodologia A metodologia empregada para a produção deste trabalho foi a realização de ensaios de laboratório. Foram realizados ensaios de compactação adaptados em relação 1 ao ensaio Proctor e ensaios de permeabilidade de carga variável. Os ensaios foram realizados em amostras moldadas com e sem capim vetiver. 1.3. Organização O capítulo 2 do presente trabalho consiste em uma revisão bibliográfica incluindo generalidades, compactação dos solos, fluxo em solos, determinação da permeabilidade do solo e introdução ao capim vetiver. No capítulo 3, são descritas as características do solo e dos moldes com capim vetiver utilizados na pesquisa. No capítulo 4, são relatados todos os procedimentos de ensaios realizados no Laboratório de Mecânica dos Solos Fernando Emmanuel Barata, da Escola Politécnica da UFRJ. Também são comentadas as dificuldades encontradas para execução dos ensaios. No capitulo 5, são apresentados e analisados os resultados obtidos em cada ensaio efetuado. O capítulo 6 apresenta as considerações finais e sugestões para as futuras pesquisas. 2 2.Revisão bibliográfica 2.1. Generalidades Na engenharia geotécnica, ter o entendimento físico da presença de água no solo é de extrema importância, pois ela altera o estado de tensões efetivas de um maciço ao se mover em seu interior. Nas regiões não saturadas, mudanças dos valores de umidade do solo afetam de forma significativa os valores de resistência ao cisalhamento. Em algumas situações, o controle do movimento da água através do solo garante a proteção contra efeitos nocivos, como os deslizamentos de encostas que provocam enormes prejuízos econômicos e até perdas de vidas humanas. O solo é um material trifásico, composto basicamente de partículas sólidas, água e ar. A água livre e o ar ocupam os vazios deixados pelas partículas sólidas, podendo o ar estar em contato com a atmosfera ou se apresentar na forma oclusa (bolhas de ar envolvidas de água). A parte fluida do solo (ar e água livre) pode se apresentar em repouso ou pode-se movimentar pelos seus vazios mediante a existência de diferenças de carga hidráulica. O comportamento do solo depende também da quantidade relativa de cada uma das três fases (sólidos, água e ar). Para identificar o estado do solo, empregam-se índices físicos que correlacionam os pesos e os volumes das três fases. Somente três índices físicos são determinados em laboratório, a umidade, o peso específico dos grãos e o peso específico natural. Os demais índices resultam de definições ou deduções. Os solos tropicais são largamente encontrados no território brasileiro, devido às condições climáticas favoráveis à sua formação (clima quente com alto índice de pluviosidade). Na primeira Conferência Internacional sobre Solos Tropicais, realizada em 1985, em Brasília, foi proposto dividir os solos tropicais em dois tipos: lateríticos e saprolíticos. Os solos lateríticos encontram-se nas camadas mais superficiais, geralmente, nos horizontes pedológicos A e B. Sua fração de argila é constituída, na maioria das vezes, por óxido de ferro, alumínio hidratado e pelo mineral argilíco caulinita. Os solos saprolíticos encontram-se nas camadas mais profundas e exibem características da rocha (FONSECA, 2006). 3 2.2. Compactação de solos Na compactação dos solos, as quantidades de partículas e de água permanecem constantes, o aumento da massa aparente específica corresponde à eliminação de ar dos vazios. Para certa energia aplicada, há um teor de umidade denominado umidade ótima, que conduz a uma massa específica aparente seca máxima, ou uma densidade específica seca máxima (SOUSA PINTO, 2006). O ensaio de compactação empregado mundialmente é o ensaio Proctor, que no Brasil é padronizado pela ABNT (NBR 7182/86). Com os dados obtidos no ensaio Proctor, desenha-se a curva de compactação, que consiste na representação da densidade seca em função da umidade, conforme apresentado na figura 2.1 (a). A curva define uma densidade máxima ( ), à qual corresponde uma umidade ótima ( ). A figura 2.1 (b) mostra a grande dispersão dos resultados de diversos ensaios de compactação em solos brasileiros. (a) (b) Figura 2.1 –(a) Curva de compactação típica, (b) Curva de compactação de diversos solos brasileiros (SOUSA PINTO, 2006). Ramos et al., 2012, realizaram ensaios de compactação Proctor Normal em amostras com reúso (amostra com solo reutilizado) e sem reúso ( amostras virgens para cada ponto) de um Latossolo Vermelho-Amarelo com o objetivo de avaliar a configuração da curva de compactação para os diferentes sistemas de manejo. Verificou-se que o procedimento com reúso de amostras caracteriza curvas distintas 4 para o mesmo solo. Independentemente das camadas e dos manejos avaliados, foram observados deslocamento ascendente das curvas e aumento de densidade máxima de compactação. No entanto, por se tratar do mesmo solo praticamente não houve alteração da umidade ótima ( ) de compactação. A figura 2.2 a seguir ilustra as curvas de compactação com e sem reúso e solo para amostras nativo, pastagem e monocultivo de soja, respectivamente. Figura 2.2 – Curva de compactação com e sem reuso de amostras sob o cerrado nativo 1ª, pastagem 2B e monocultivo de soja 3A (RAMOS et al., 2012). 2.3. Fluxos nos solos Os conceitos de conservação de energia, Lei de Darcy e conservação de massa serão expostos nos itens a seguir. 2.3.1. Conservação de energia Para que haja fluxo deve existir uma diferença de carga total, nesse contexto, o principio da conservação de energia de Bernoulli é empregado. A energia total ou carga total é a soma de três parcelas: CARGA TOTAL = CARGA ALTIMETRICA+CARGA PIEZOMETRICA+CARGA CINÉTICA (1) Onde, é energia total de fluido; é a cota do ponto considerado com relação a um dado referencial padrão; 5 é o valor da poro-pressão; é a velocidade de fluxo da partícula de água; é o valor da aceleração da gravidade terrestre, geralmente admitindo como sendo igual a 10 m/s². Esta representação do teorema de Bernoulli para energia específica do fluido é em termos de cotas equivalentes, que é preferível para estudos envolvendo fluxo de água nos solos. Em quase todos os casos de fluxos em solo, a parcela da energia total da água no solo referente à energia cinética, termo (v²/2g), pode ser desprezada devido a baixa velocidade de escoamento do fluido através do solo. Portanto a equação pode ser escrita de forma mais simplificada: (2) Para que haja fluxo de água entre dois pontos no solo, é necessário que a energia total em cada ponto seja diferente. A água então fluirá sempre do ponto de maior energia para o ponto de menor energia total. A energia livre da água em um determinado ponto do solo é definida como a energia capaz de realizar trabalho, ou seja, energia capaz de realizar o fluxo de água. Considerando a condição necessária para que haja fluxo no solo, a energia livre pode ser representada pela diferença entre os valores de energia total entre dois pontos na massa de solo. 2.3.2. Regime de Escoamento dos Solos O fluxo de água pode ser dividido em duas categorias: fluxo laminar e fluxo turbulento. No regime de fluxo laminar, as partículas do fluido se movimentam em trajetórias paralelas, uma não interferindo no movimento da outra. Já no regime turbulento, as trajetórias de fluxo são irregulares, cruzando-se umas com as outras de forma aleatória. Em 1883, Osborne Reynolds, através de seu experimento para condutos fechados, determinou o limite inferior de velocidade na qual o fluxo muda as suas características de laminar para turbulento. Este limite é denominado de velocidade crítica. A categoria 6 de fluxo laminar corresponde aos fluxos com velocidades abaixo da velocidade crítica, caso contrário, são tratados como fluxo turbulento. Quando o fluxo de água no solo é laminar, a resistência ao fluxo é devida principalmente à viscosidade da água e as condições de contorno do problema possuem pouca importância. Os tamanhos de vazios geralmente encontrados nos solos quase sempre propiciam fluxos laminares através dos mesmos. Somente em solos mais grosseiros, como pedregulhos, pode ocorrer escoamento turbulento. 2.3.3. Lei de Darcy Em 1856, o engenheiro Henry Darcy realizou um experimento com o objetivo de estudar o fluxo de água através de uma camada de filtro de areia. Este experimento deu origem a uma lei que correlaciona à taxa de perda de energia da água (gradiente hidráulico) no solo com a sua velocidade de escoamento, conhecida como Lei de Darcy. A figura 2.3 ilustra o experimento desenvolvido por Darcy. Figura 2.3 – Esquema representativo do experimento de Henry Darcy (LAMBE e WHITMAN, 1969). Darcy verificou como os diversos fatores geométricos, como comprimento da amostra (L) e a diferença de carga total (∆h=h3-h4), influenciava a vazão de água e descobriu a proporcionalidade da vazão q em relação ao gradiente hidráulico i, que é expresso pelo razão ∆h/L. A seguir a equação (3), conhecida como Equação de Darcy. (3) 7 Na equação (3), k é denominado de coeficiente de permeabilidade, constante de proporcionalidade que indica a facilidade que a água tem de fluir através dos vazios do solo. Quanto mais permeável, maior será o valor de k. O coeficiente de permeabilidade também pode ser definido como a velocidade de percolação da água no solo para um gradiente hidráulico unitário. (A) corresponde à área da amostra de solo perpendicular à direção do fluxo. A Lei de Darcy só é válida para escoamentos laminares, como é considerado o escoamento da maioria dos solos. Na lei de Darcy, a velocidade considerada é chamada de velocidade de percolação que corresponde à vazão q dividida pela área transversal. A equação (4) caracteriza o valor da velocidade de fluxo da água no solo. (4) 2.4. Determinação da permeabilidade nos solos 2.4.1. Generalidades O coeficiente de permeabilidade é influenciado por diversos fatores e sua faixa de valores pode variar significativamente de acordo com estes fatores. É apresentada na figura 2.4 os valores típicos do coeficiente de permeabilidade de acordo com tipo de solo, que pode chegar a variar alguns bilhões de vezes. O coeficiente de permeabilidade é o parâmetro dos solos com a maior faixa de variação na geotecnia. Figura 2.4 – Valores típicos do coeficiente de permeabilidade. (SOUSA PINTO, 2006) A determinação do coeficiente de permeabilidade k pode ser realizada através de ensaios de laboratório, ensaios de campo ou por métodos indiretos, utilizando correlações empíricas. 8 Os ensaios de laboratórios são realizados em células chamadas de permeâmetros, no qual é inserido o corpo de prova de solo que será testado. Os permeâmetros podem ser de duas categorias, de parede flexível e de parede rígida. Em relação ao método de execução, os ensaios podem ser denominados ensaios de carga constante, ensaios de carga variável ou ensaios de vazão constante. Os ensaios “in situ” da permeabilidade envolvem grandes volumes de solo fornecendo valores médios de k que levam em consideração a anisotropia do local. Os ensaios de bombeamento, os ensaios de permeabilidade de carga variável ou constante efetuados em tubos de revestimento ou piezômetros são exemplos dos ensaios realizados em campo. 2.4.2. Ensaio de Permeabilidade com Carga Constante O ensaio de permeabilidade através do método com carga constante é restrito a solos granulares. Este método é pouco preciso para solos finos, pouco permeáveis, pois apresenta vazão muito pequena sendo necessário um intervalo de tempo maior para medição de volume, o que acarretaria a evaporação do fluido. A norma que prescreve o ensaio de carga constante é a NBR 13292/1995. Segundo a norma, a aplicação deste método é restrita a solos granulares contendo no máximo 10% em massa de material que passa na peneira de 0,075 mm (#200). O ensaio de carga constante recebe este nome, pois durante todo o ensaio o nível de água permanece constante. O permeâmetro de carga constante é uma adaptação do experimento de Darcy, como apresentado na figura 2.5. Figura 2.5 – Esquema de permeâmetro de carga constante (SOUSA PINTO, 2006). 9 Durante o ensaio, a carga h é mantida constante e durante certo tempo a água percolada é recolhida para determinação do volume. Obtendo as vazões e conhecendo as características geométricas da amostra, o coeficiente de permeabilidade é determinado através da equação (6). ⁄ ⁄ (5) ⁄ (6) Onde, V é o volume de água medido; t é o tempo de medição; ∆h é a variação de carga hidráulica; A é a área da amostra; L é o comprimento da amostra. 2.4.3. Ensaio de Permeabilidade com Carga Variável O ensaio de carga variável é empregado em solos que apresentam permeabilidade intermediarias a baixas, como solos com silte e argila. A norma que orienta este ensaio é a NBR 14545 / 2000. Segunda a norma, o método da carga variável deve ser utilizado para solos cujos coeficientes de permeabilidade sejam menores do que ( cm/s). Neste ensaio, o corpo de prova é submetido a um nível d’água variável. O esquema representativo é mostrado na figura 2.6. 10 m/s Figura 2.6 – Esquema de permeâmetro de carga variável (SOUSA PINTO, 2006). Verifica-se o tempo que a água na bureta superior leva para baixar da altura inicial hi à altura final hf. Num instante t qualquer, partir do inicio, a carga é h e o gradiente h/L. A vazão da água que passa pelo solo é igual à vazão da água que passa pela bureta, e pode ser expressa pela equação (8) a seguir : (SOUSA PINTO, 2006). ⁄ (7) ⁄ (8) Onde, a é a área da bureta; a .dh é o volume que escoou no tempo dt. O sinal negativo é devido ao fato d h diminuir com o tempo. Igualando as duas expressões de vazão, tem-se: ⁄ ⁄ ⁄ (9) ⁄ (10) Que integrada para condição inicial (h=hi e t=0) à condição final (h=hf e t=tf), conduz a: ⁄ (11) 11 A fórmula utilizada para o ensaio de carga variável é expressa pela equação (12): (12) 2.4.4. Fatores que Influenciam o Coeficiente de Permeabilidade do Solo Fatores que a influenciam são: estado do solo, grau de saturação, estrutura e anisotropia, índice de vazios, umidade de compactação etc. Em 1948, Taylor através de experimentos utilizando os conceitos da Lei de Darcy determinou a equação abaixo para o coeficiente de permeabilidade. Esta equação permite estudar a influencia de certos aspectos do solo e do líquido que passa pelo solo. (13) Onde, D é o diâmetro de uma esfera equivalente ao tamanho dos grãos do solo; é o peso específico do líquido; µ é a viscosidade do líquido; C é um coeficiente de forma. Estado do solo O índice de vazios representa o estado em que a areia se encontra, porém este dado isolado não é o bastante para determinar o seu comportamento. Quanto mais fofo o solo, maior será o seu coeficiente de permeabilidade. Através da equação (13), conhecendo o k para um determinado índice de vazios de um solo, pode-se encontrar a permeabilidade para outro. A equação (14) é indicada para areias. Para solos argilosos, a correlação adequada se obtém entre o índice de vazios e o logaritmo do coeficiente de permeabilidade. 12 (14) Os resultados de uma série de experimentos executados em uma areia típica com diferentes índices de vazios são apresentados na figura 2.7. As curvas indicam a variação da permeabilidade de acordo com índice de vazios, porém a mais indicada para solos arenosos é a correspondente a equação (14). Figura 2.7 – Relações entre o índice de vazios e a permeabilidade das areias (TAYLOR, 1948). Grau de saturação O coeficiente de permeabilidade de um solo não saturado é menor do que de um solo totalmente saturado, pois as bolhas de ar, contidas pela tensão superficial da água, constituem obstáculos ao fluxo de água. Estrutura e anisotropia A permeabilidade é dependente também da disposição relativa dos grãos. Em solos residuais, a permeabilidade é maior devido aos macroporos da estrutura. Para solos compactados, a permeabilidade é maior quando o solo é compactado no ramo seco da curva de compactação, pois a disposição das partículas (estrutura floculada) propicia maior passagem de água do que quando compactado no ramo úmido (estrutura dispersa). 13 De maneira geral, o solo não é isotrópico em relação à permeabilidade, Os solos sedimentares costumam apresentar maiores coeficientes na direção horizontal do que vertical. Isto decorre do fato de as partículas tenderem a ficar com suas maiores dimensões orientadas na direção horizontal, e, principalmente, porque diversas camadas decorrentes da sedimentação apresentam permeabilidades diferentes (SOUSA PINTO, 2006). O estudo realizado por Mitchell et al. (1965) mostra a variação da permeabilidade de duas amostras da mesma argila compactadas com diferentes energias e umidades de compactação. O coeficiente de permeabilidade pode diferir em duas ou três ordens de grandeza dependendo das condições que o solo foi compactado. A figura 2.8 apresenta a curva de compactação e a relação com a permeabilidade. Figura 2.8 – Relações entre a umidade de compactação, a massa específica seca e coeficiente de permeabilidade para amostras compactadas com baixa, média e alta energia de compactação (MITCHELL et al. ,1965, apud BLIGHT, 2013). Temperatura De acordo com a equação de Taylor, o coeficiente de permeabilidade é função do peso especifico e da viscosidade do líquido. Estas duas propriedades apresentam variações com a temperatura, sendo a viscosidade que varia mais, e seu efeito é sensível. Com objetivo de padronizar os resultados, convencionou-se adotar sempre o coeficiente para à água com a temperatura de 20º Celsius. Por isto, durante o ensaio é necessário realizar o registros da temperatura e achar o k equivalente para a temperatura de 20º Celsius. Segue a equação (15) para cálculo de equivalência. (15) 14 Onde, é a viscosidade da água na temperatura de 20 ºC; µ é a viscosidade da água na temperatura em que o ensaio foi realizado; k é o coeficiente de permeabilidade medido no ensaio. 2.5. Capim Vetiver O capim vetiver (Vetiveria zizanioides) é uma gramínea originada no sul da Índia, utilizada para diversos fins há mais de três mil anos em grande parte da Ásia. Em meados 1980, o Banco Mundial incentivou o uso da gramínea para o controle de erosões e conservação de solos. O vetiver é uma planta herbácea, ereta, desenvolvendose melhor em exposição solar. Pode alcançar alturas que variam de 1,5 a 2 m, com folhas de até 2 cm de largura na base. A terminação das folhas quase sempre é pontiaguda (PEREIRA, 2006). A figura 2.9 a seguir ilustra uma plantação de vetiver. Figura 2.9 – Barreira de vetiver em talude (PEREIRA, 2006). Diversos estudos demonstram que vetiver é uma planta com alta adaptação às diversas condições ambientais. O capim vetiver sobrevive a solos áridos ou com alta umidade, pode vegetar solos extremamente ácidos ou básicos (3,5 até 9,6), solos moderadamente salinos até os muito salinos se desenvolvem tanto em solos arenosos como argilo-arenosos, e é tolerante a metais pesados, como o cádmio, mercúrio, níquel, cobre, zinco, arsênico, cromo e selênio (PEREIRA, 2006). 15 As raízes do vetiver formam uma densa rede que, normalmente, alcançam 3 m de profundidade, e em alguns casos tem-se observado raízes de até 5 m de comprimento. (PEREIRA, 2006). A figura 2.10 a seguir ilustra o comprimento das raízes do vetiver. Figura 2.10 – Raízes de vetiver (TRUONG et al., 2008). 2.6. O Sistema Vetiver e suas aplicações 2.6.1. Generalidades A bioengenharia de solos é a integração dos conhecimentos de engenharia civil, agronômica e a biologia de modo a ser completa a ação de estabilizar as camadas superficiais dos solos sujeitas às ações erosivas das águas. Ela conjuga elementos inertes com vivos para proteger e / ou estabilizar solos superficialmente. Poder-se-ia dizer que é uma ciência multidisciplinar, pois deve considerar o meio físico (pedologia, geotecnia, hidráulica e hidrogeologia) e biótico (biologia e ecologia) (LOZANO, 2014). A erosão é um processo de remoção física do solo que se inicia pela desagregação das partículas pela ação de diversos agentes, como por exemplo, as águas da chuva. Após a remoção, estes grãos são transportados para pontos mais baixos podendo ocasionar assoreamento dos rios. A técnica de bioengenharia tem o objetivo de evitar os processos erosivos, como desagregação, transporte e assoreamento. No caso de deslizamentos de terra, as técnicas de bioengenharia funcionam como reforço do solo através das raízes das plantas. Diversos estudos apontam que as raízes de determinadas plantas podem aumentar a coesão do solo. 16 A vegetação causa efeitos benéficos no equilíbrio hídrico dos solos, intercepta a ação desagregadora da gota de água de chuva nos solos, reduz e retarda o escoamento superficial. A utilização das espécies vegetais deve ser criteriosa evitando-se espécies hostis, disseminação de pragas e efeitos nocivos à estabilidade dos solos (LOZANO, 2014). Deve-se ressaltar que a vegetação também pode causar efeitos deletérios, como: sobrecargas em taludes, efeito de vento em árvores em taludes, sombreamento e eliminação de vegetação rasteira (desnuda os solos), penetração radicular inadequada e ou aumento da infiltração nos solos, erosão pontual ao redor de caule de árvores (LOZANO, 2014). 2.6.2. O Sistema Vetiver O Sistema Vetiver, baseado na aplicação do capim vetiver, foi desenvolvido pelo Banco Mundial para a conservação do solo e da água em meados de 1980. A aplicação principal do sistema compreende a gestão de terras agrícolas, mas diversas pesquisas realizadas nos últimos anos demonstraram as características especiais do capim vetiver para ser utilizado como técnica de bioengenharia. Alguns exemplos de aplicação do sistema são estabilização de ravinas erodidas e em encostas, saneamento de águas residuais, fito-remediação de solos e águas contaminadas, e outros fins de proteção meio-ambiental (TRUONG et al., 2008). O sistema vetiver consiste em plantar o capim vetiver em fileiras simples que formarão uma cobertura (barreira) eficaz em retardar e espalhar o escoamento da água, reduzindo a erosão do solo, conservando a umidade e retendo os sedimentos (resíduos) além de produtos agrícolas químicos no local. O capim vetiver é uma planta que adequada ao sistema em barreiras devido às suas características morfológicas e fisiológicas únicas, além da sua rede de raízes profundas. A seguir as vantagens de se utilizar o vetiver: (PEREIRA, 2006) 17 • A utilização do capim vetiver é ideal no ponto de vista ecológico e ambiental, pois não é uma planta invasora, não se reproduzem por sementes, estolões ou rizomas, mas somente por mudas (MADRUGA et al., 2007). • O vetiver apresenta biotactismo positivo, ou seja, uma planta cresce e se desenvolve em direção a outra, acelerando a formação, o desenvolvimento e a densidade da barreira vegetal. • A barreira viva de vetiver é de baixo custo, de rápida e fácil implantação, de baixa manutenção e de grande eficiência. Além disso, o vetiver não é planta hospedeira de pragas e doenças. • A barreira viva de vetiver forma uma cerca viva muito densa e com grande capacidade de retenção de lamina d’água em suas folhas de até 2 m de altura. • A barreira de vetiver emite grande volume de raízes quando sua base é recoberta por sedimentos, portanto, quanto maior for a capa de sedimentos retidos, maior será a densidade de raízes, tornando o sistema mais eficiente. • As raízes da barreira de vetiver se adaptam a todos os tipos de terrenos, penetrando em coberturas rochosas e apresentando grande resistência. Podem penetrar no solo com grande profundidade, formando uma malha de solo estruturado natural com alta resistência. • As barreiras de vetiver são permeáveis, o que reduz a velocidade do escoamento, filtra e regula a passagem da água, evitando o carreamento de sedimentos. As barreiras de vetiver devem ser construídas em nível e transversalmente à declividade de taludes e encostas. A distância entre as barreiras sucessivas de vetiver depende da coesão do solo, da declividade e da segurança requerida. Em geral, as barreiras de vetiver devem ser distanciadas de 1 m de desnível. Para obter o estabelecimento imediato da barreira de vetiver, devem ser utilizados retentores de sedimentos à base de seis plantas/m linear e mudas já enraizadas em viveiros. 18 2.6.3. Aplicação do Sistema Vetiver na estabilidade de taludes A seguir serão citados trabalhos relacionados com a estabilidade de talude utilizando o sistema vetiver. Segundo Madruga et al. (2007), as barreiras formadas pelo vetiver controlam a velocidade de escoamento da água na superfície do terreno e suas raízes ajudam na estabilização do solo, prevenindo deslizamentos cujos planos de instabilidade sejam inferiores a dois metros. Madruga et al.(2007) realizou testes de resistência à tração em raízes de vetiver e em raízes de outras espécies de gramíneas, e conclui que o vetiver tem resistência de 85,1 ±31,2 MPa, maior que a das demais gramíneas testadas, comparável à resistência de alguns metais. A figura 2.11 ilustra o efeito das raízes na superfície de deslizamento de um talude. Figura 2.11 – Efeito do Sistema Vetiver na estabilidade do talude (MADRUGA et al., 2007). Em Barbosa (2012), foram avaliadas amostras indeformadas de solos de um mesmo talude sem cobertura vegetal e com cobertura vetiver na idade de sete anos com objetivo de verificar o efeito do capim na melhoria dos parâmetros de resistência ao cisalhamento do solo. Segundo Barbosa (2012), o capim vetiver melhora os parâmetros de resistência, porém a eficiência como técnica de estabilização de taludes cresce a longo prazo. Ressalta-se que o capim vetiver é um método de estabilização para superfícies de rupturas rasas. A figura 2.12 apresenta as envoltórias de ruptura dos ensaios de cisalhamento direto para as amostras testadas. 19 Figura 2.12 – Envoltórias de ruptura dos ensaios de cisalhamento direto. (BARBOSA, 2012) Hengchaovanich e Nilaweera, 1996, apud Barbosa, 2012, realizaram ensaios de cisalhamento direto em amostras de solo de um talude sem vegetação e com vetiver na idade de dois anos. Os ensaios foram realizados para as profundidades de solo de 0,25 m, 0,50 m, 0,75 m, 1,00 m, 1,25m e 1,50 m. Os resultados estão apresentados na tabela 1. Tabela 1- Aumento da resistência ao cisalhamento do solo devido às raízes do vetiver (HENGCHAOVANICH e NILAWEERA, 1996, apud BARBOSA, 2012). Verifica-se que as raízes de vetiver na profundidade de 0,25 m podem aumentar a resistência ao cisalhamento do solo em até 90%, sendo que este incremento de resistência diminui com a profundidade do solo (BARBOSA, 2012). 20 3.O SOLO E O CAPIM VETIVER DA PESQUISA 3.1. Generalidades Para a realização da presente pesquisa foram utilizados dois tipos de amostras: sem plantação e com plantação de capim vetiver. Ambas as amostras foram cedidas pelo Professor da Universidade Federal Fluminense Manoel Isidro de Miranda Neto, atualmente pesquisando o capim vetiver em sua tese de doutorado. Ressalta-se que sua tese tem como objetivo entender a contribuição do sistema radicular do capim vetiver na resistência ao cisalhamento do solo. O titulo de seu trabalho é: A relação índice de vazios crítico e tensão confinante crítica de um solo tropical grosseiro. As amostras deformadas de solo (sem plantação de capim vetiver) foram retiradas do campo armazenadas em sacos de 20 kg e entregues pelo Professor Manoel Isidro de Miranda Neto. Foi doado um saco com cerca de 15 kg de solo. As amostras contendo o capim vetiver também foram doadas pelo Professor. Neste caso as amostras foram entregues em tubos de PVC já com o capim plantado. No total foram cedidos para a presente pesquisa dois tubos de PVC. 3.2. Jazida de solo O solo utilizado na pesquisa foi retirado da localidade conhecida como Serra do Mato Grosso, às margens da rodovia RJ 106, no km 47 na altura do município de Saquarema-RJ. Segundo Miranda Neto (2013), a região apresenta a ocorrência de voçorocas que deram origem ao deposito colúvio-aluvionar. O local de coleta está próximo ao fundo do vale e da região da transição dos solos coluvionares de encosta para os solos aluvionares da baixada. 21 A figura 3.1 apresenta uma imagem de satélite da região. Figura 3.1 - Imagem de satélite do Google Earth da localização de coleta do solo (MIRANDA NETO, 2013). A geologia da região, conforme apresentada na figura 3.2, está no domínio do Complexo de Búzios (MNb) do Meso/Neoproterozóico (650 a 1600Ma) que engloba xistos, paragnaisses e anfibolitos (CPRM apud Miranda Neto, 2013). Figura 3.2 - Carta geológica da região (SITE DA CPRM, 02/02/ 2014). 22 A figura 3.3 expõe uma foto do ponto de coleta do solo, as margens da RJ 126 próximo ao do KM-47 sentido Saquarema. Figura 3.3 – Foto do local de coleta (MIRANDA NETO, 2013). Já a figura 3.4 ilustra a voçoroca maior da encosta que deu origem ao depósito onde foi coletado o solo. Figura 3.4 – Detalhe da voçoroca (MIRANDA NETO, 2013). A região de coleta do solo consistia em uma massa escorregada composta por solo residual, colúvio e partes do leque aluvionar depositado na base da voçoroca menor. Uma inspeção visual do material utilizado para análise granulométrica detectou a presença de muscovita, quartzo, uma pequena quantidade de biotita e feldspatos já caulinizados, indicando avançado grau de intemperismo químico (MIRANDA NETO, 2013). A espessura do solo, o predomínio do clima tropical, a possível presença de caulinita e o avanço intemperismo químico indicam que o solo seja um solo tropical. Pela classificação da EMBRAPA (1999) há evidências de ser um neossolo em razão de 23 a inspeção local mostrar que sua origem é proveniente dos movimentos de massa coluvionar, das enxurradas e do processo erosivo em evolução (voçorocas). A pouca presença de finos, a acidez do solo e a morfologia local sugerem intensa lixiviação (MIRANDA NETO, 2013). 3.3. Caracterização em laboratório na campanha Miranda Neto, 2013 A análise granulométrica, figura 3.5, realizada por Miranda Neto (2013) revela que o solo é composto de 10% de pedregulho, 71% de areia, 10% de silte e 9% de argila. Figura 3.5 – Curva granulométrica do solo (MIRANDA NETO, 2013). A figura 3.6 mostra a fração grosseira do solo. Figura 3.6 – Fração grosseira do solo (MIRANDA NETO, 2013). 24 A figura 3.7 apresenta a fração predominante de areia do solo. Figura 3.7 – Fração areia do solo (MIRANDA NETO, 2013). Ensaios para a determinação dos limites de Atterberg realizados em campanha por Miranda Neto (2013) concluíram que o solo é não plástico. A massa especifica real dos grãos determinada em ensaios de laboratório foi de 2,75 g/cm3. 3.4. Amostras da pesquisa 3.4.1. Amostras de solo deformado (sem plantio de vetiver) As amostras do solo da jazida foram levadas para o laboratório de mecânica dos solos da Escola Politécnica em agosto de 2012 e sua totalidade, 14 kg, foi imediatamente seca ao ar em bandejas metálicas. A amostra de solo foi transportada em um saco de 20 kg fechado, e se apresentava visivelmente úmido. Parte do material passou por uma análise tátil visual e foi realizada a determinação do teor de umidade higroscópica após a secagem ao ar. A figura 3.8 mostra parte do solo contido nas bandejas metálicas. Figura 3.8 – Solo utilizado na pesquisa após secagem ao ar. 25 A tabela 2 apresenta os resultados obtidos na determinação da umidade higroscópica contidas nas 3 bandejas metálicas. Tabela 2- Umidade higroscópica do solo empregado na pesquisa. 3.4.2. Amostras com plantio de capim vetiver Em maio de 2011 o Professor Manoel Isidro de Miranda Neto plantou vinte mudas do capim vetiver em tubos de PVC. Esse plantio, conforme dito anteriormente fez parte de sua pesquisa de doutorado. Para a presente pesquisa foram fornecidos pelo Professor dois dos vinte tubos com solo e o capim vetiver já plantado. Os tubos doados para a pesquisa foram os de número 1 e 6. Os tubos de PVC possuem cerca de 1 m de altura e diâmetro de 100 mm. O solo utilizado foi o mesmo já descrito anteriormente no trabalho. Todos os tubos tiveram suas bases fechadas com uma tampa de plástico perfurada “cap”. Na extremidade da base, logo acima do “cap”, foi instalada cerca de 5 cm de areia grossa para funcionar como dreno e cerca de 90 cm com solo umedecido compactado manualmente. A figura 3.9 mostra os tubos já com o capim vertiver com aspecto atual. 26 Figura 3.9 – Foto dos tubos de PVC com capim vetiver (MIRANDA NETO, 2013). A seguir, na tabela 3, são apresentados os índices de vazios dos solos dos vinte moldes com capim vetiver destacando os tubos utilizados nesta pesquisa. Tabela 3- Índice de vazios dos solos nos moldes de PVC. (MIRANDA NETO, 2013) A figura 3.10 mostra a parte inferior do tubo cortada do resto do tubo. Figura 3.10 – Foto da parte inferior do molde de PVC cortado na parte inferior (MIRANDA NETO, 2013). 27 A figura 3.11 mostra o solo com as raízes após abertura do tubo. A região 1 da figura corresponde a base do tubo, onde foi instalado o dreno de areia. Nesta região inferior, as raízes criam uma espécie de novelo devido ao bloqueio do crescimento causado pelo “cap”. A região 2 é a região central do tubo, caracterizada por apresentar uma concentração visivelmente menor de raízes. A região 3 é a região mais rasa do tubo. Nesta região, existe uma maior concentração de raízes e as raízes são de maior espessura. 1 2 3 Figura 3.11 – Tubo de PVC com vetiver cortado. (MIRANDA NETO, 2013) A figura 3.12 apresenta o detalhe da região inferior após abertura do tubo 6 doado para a pesquisa. Observa-se a grande quantidade de raiz e o filtro de areia grossa utilizado na moldagem das amostras. Figura 3.12 – Base do molde com vetiver 6 na região do dreno de areia. A figura 3.13 mostra o detalhe da parte superior do tubo, destacando a grande concentração de raízes de maior espessura. 28 Figura 3.13 – Topo do molde com vetiver. A figura 3.14 apresenta as raízes contidas na amostra do tubo PVC da figura 3-11 após lavagem. Figura 3.14 – Raízes após início do processo de lavagem (MIRANDA NETO, 2013). A figura 3.15 apresenta as raízes após a finalização do processo de lavagem de um dos tubos da pesquisa Miranda Neto (2013). Figura 3.15 – Raízes após finalização do processo de lavagem (MIRANDA NETO, 2013). 29 Segundo Miranda Neto (2013), o solo foi umedecido até uma umidade ótima presumível e compactado dentro do tubo de PVC com um soquete não normatizado, com cerca de 1 kg. Sem empregar energia em demasia, foram executados 10 golpes por camada, sendo que cada camada possuía cerca de 1 kg de solo. A massa de solo utilizada por tubo foi de aproximadamente 14 kg. A tabela 4 (a) e (b) apresentam os dados de umidade de compactação, assim como as massas especifica aparente seca e dos grãos, além do índice de vazios ao final da compactação dos moldes 1 e 6, respectivamente. Os valores fornecidos na tabela 3 são válidos para a amostra ao final da compactação. Com o passar do tempo e o consequente crescimento do capim vetiver e seu sistema complexo de raízes, esses parâmetros podem ter sido alterados naturalmente. Tabela 4- Dados do molde 1 e 6 (MIRANDA NETO, 2013). (a) (b) MOLDE 06 DETERMINAÇÃO DA UMIDADE CÁPSULA Nº 5 12 39 CÁPSULA + SOLO ÚMIDO 64,77 78,18 68,40 CÁPSULA + SOLO SECO 55,69 67,56 58,65 ÁGUA 9,08 10,62 9,75 WW CÁPSULA 15,06 14,20 13,76 SOLO SECO 40,63 53,36 44,89 WS W 22,35 19,90 21,72 UMIDADE (%) Média 21,3 DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA APARENTE TARA DO TUBO g 831 MASSA TOTAL ÚMIDA g 14792 MASSA DO SOLO ÚMIDO g 13961 DIÂMETRO cm 9,80 ALTURA DO TUBO cm 100,0 ALTURA DO FILTRO cm 6,0 ALTURA ÚTIL cm 94,0 VOLUME 7090,4 cm3 MASSA ESPECÍFICA APARENTE g/cm3 ÚMIDA 1,97 MASSA ESPECÍFICA APARENTE g/cm3 SECA 1,62 MASSA ESPECÍFICA DOS GRÃOS 2,75 g/cm3 DETERMINAÇÃO DO ÍNDICE DE VAZIOS ÍNDICE DE VAZIOS (e) 0,694 30 4.OS ENSAIOS REALIZADOS 4.1. Generalidades As atividades desenvolvidas envolveram testes e ensaios de laboratório com o intuito de encontrar o melhor sistema para os ensaios de permeabilidade em amostras com ou sem capim vetiver. Os procedimentos dos ensaios foram adaptados para se adequar às condições das amostras com o capim vetiver plantado, pois a presença das raízes impossibilita a realização dos ensaios da forma convencional. 4.2. Ensaios de compactação adaptados Para a moldagem das amostras de solo, foram inicialmente realizados ensaios de compactação adaptados. Os procedimentos do ensaio de compactação proctor normal não foram empregados fielmente devido às condições adversas apresentadas, como a quantidade total de solo, 14 Kg, que inviabilizaria a realização do ensaio. Além da necessidade de adaptar o ensaio as características do molde utilizado nesta pesquisa, pois o intuito era moldar o corpo de prova com uma energia de compactação conhecida para atingir os índices de vazios desejados. Os ensaios de compactação foram realizados em tubos com mesmo diâmetro utilizado para a moldagem dos corpos de prova para o ensaio de permeabilidade sem vetiver. Os moldes foram construídos com tubos de PVC de 75 mm de diâmetro e 10 cm de altura e para fechar os moldes foram utilizados caps de 75 mm de diâmetro. A figura 4.1 ilustra o molde utilizado para os ensaios de compactação. Figura 4.1 – Foto do molde para o ensaio de compactação. 31 Uma luva de PVC de 75 mm de diâmetro foi utilizada como colarinho dos tubos. A bancada era sempre forrada com jornal para evitar a perda do solo que caísse da bandeja. Outro procedimento para economizar o solo, foi a utilização de um funil para preencher o molde com o solo. A figura 4.2 a seguir mostra a bancada forrada com jornal. Figura 4.2 – Detalhe da bancada forrada com jornal. A figura 4.3 a seguir ilustra a utilização do funil para o preenchimento do molde com solo e a luva de PVC usada como colarinho. Funil Luva de PVC Figura 4.3 – Preenchimento do molde com solo. Para obter amostras homogêneas, o solo foi destorroado com a utilização de mão de gral e almofariz, e a fração mais grossa do solo foi retirada. A água utilizada no ensaio era destilada, e seu volume era medido com béquer de pequena capacidade. A figura 4.4 (a) apresenta a fração mais grossa retirada e figura 4.4 (b) mostra o solo destorroado no almofariz. 32 (a) (b) Figura 4.4 – Procedimentos para obtenção de amostras homogêneas. A figura 4.5 (a) ilustra o processo de homogeneização da umidade empregada no ensaio e figura 4.5 (b) ilustra a diferença de coloração entre o solo úmido e seco. (a) (b) Figura 4.5 – Solo no processo de umedecimento. O martelo para a compactação foi o mesmo utilizado no Proctor Normal que pesa em torno de 2,5 kg e a altura de queda empregada para todos os ensaios foi de 5,5 cm. A figura 4.6 a seguir mostra uma camada de solo sendo compactada com martelo. Figura 4.6 – Compactação de uma camada de solo. 33 A figura 4.7 mostra as etapas após a compactação da amostra. Figura 4.7 – Etapas após a compactação da amostra. Foram realizados ensaios de compactação para diferentes energias, variando o número de golpes. O primeiro ensaio realizado foi com 2 golpes por camada, num total de 5 camadas por molde. A compactação para 2 golpes foi insuficiente, pois o martelo do ensaio Proctor tinha um diâmetro menor que o diâmetro do molde (75 mm). Este ensaio foi descartado. A figura 4.8 apresenta o detalhe do solo não compactado nas bordas. Figura 4.8 – Detalhe do solo mal compactado nas bordas. O ensaio seguinte foi realizado com 4 golpes distribuídos por camada, compactando assim o solo de forma mais homogênea. 34 A figura 4.9 a seguir apresenta a amostra com a compactação homogênea. Figura 4.9 – Solo com compactação homogênea. Também foram realizados ensaios para 6 e 8 golpes. O ensaio para 6 golpes não foi considerado para moldagem das amostras sem vetiver por acreditar que a compactação também não seria homogênea. 4.3. Ensaios de permeabilidade de carga variável adaptado 4.3.1. Permeâmetro adaptado O equipamento para a realização do ensaio de permeabilidade foi desenvolvido para a realização deste trabalho, pois não era possível utilizar o permeâmetro convencional nas amostras com capim vetiver. Diversos testes foram realizados até que o sistema mais adequado para realização do experimento fosse encontrado. O permeâmetro construído utilizou peças de PVC com a finalidade de reduzir o diâmetro de saída e entrada de água para se encaixar nas mangueiras do sistema de ensaio. A redução dos diâmetros tinha também o intuito de formar uma saída cônica que facilitaria a expulsão de ar. As peças utilizadas para montagem do permeâmetro para as amostras com ausência de vetiver e do permeâmetro para as amostras com vetiver são apresentadas na tabela 5 a seguir. 35 Tabela 5- Peças utilizadas para construção dos permeâmetros. A figura 4.10 ilustra as peças listadas na tabela 5. 1 2 17 3 20 13 4 11 5 9 6 14 21 18 15 7 = 16 8 21 19 21 8 1 10 12 Figura 4.10 – Peças utilizadas para construção do permeâmetro. 36 1 Nem todas as peças de PVC foram coladas, para que fosse possível o reaproveitamento do permeâmetro para todos os ensaios. Os tubos de PVC foram fixados nas luvas por meio de anéis de vedação de borracha. As reduções excêntricas não foram coladas nas luvas, sendo a vedação feita inicialmente por vaselina e depois substituída por graxa de silicone por ser mais eficiente. Nas junções que não utilizaram cola de PVC, utilizou-se como precaução fita veda rosca. A figura 4.11 ilustra a sequência de montagem das peças para construção do permeâmetro. Tubo de 20 mm Redução de 40x20 mm Redução de 50x40mm Redução excêntrica de 75x50mm Luva de PVC de ϕ 75 mm Tubo de PVC de ϕ 75 mm e 15 cm de altura (amostra de solo). Luva de PVC de ϕ 75 mm Redução excêntrica de 75x50mm Redução de 50x40mm Redução de 40x20 mm Tubo de 20 mm Redução de 20 mm x 1/2” Nípel roscável de 1/2” Registro esfera de 1/2” 20 mm x 1/2” Nípel roscável de 1/2” Engate rápido para mangueira Figura 4.11 – Permeâmetro desenvolvido para o trabalho 37 A figura 4.12 destaca as peças diferentes do permeâmetro de maior diâmetro, usado exclusivamente nas amostras com vetiver. Redução excêntrica de Tubo de ϕ 100 mm e 15 cm de 100 x 50 mm altura (amostra) Luva de 100 Luva de 100 mm mm Figura 4.12 – Permeâmetro desenvolvido para amostras com vetiver. Para que fosse possível a realização dos ensaios, o permeâmetro adaptado foi preso a uma panela de aço que serviu tanto para sustentar o equipamento quanto para manter constante o nível de saída. A figura 4.13 mostra o permeâmetro preso à panela. Panela de aço: suporte e reservatório coletor Permeâmetro adaptado Câmara de ar de bicicleta: Prende o permeâmetro na panela Discos de aço: Elevar o nível da panela Figura 4.13 – Permeâmetro preso à panela. A base da panela foi posicionada em cima de discos de aço para que o nível da panela tivesse a cota mais adequada para realização dos ensaios, além de facilitar o 38 manuseio do equipamento. O permeâmetro foi preso à panela utilizando câmaras de ar de bicicleta, conforme figura 4.13. 4.3.2. Amostras de solo sem vetiver Como as amostras com a presença do capim vetiver foram moldadas em tubos de PVC de 100 mm, para efeito de comparação, optou-se por utilizar o mesmo material. As dimensões dos corpos de prova foram determinadas levando em consideração a escassez do solo, portanto adotaram-se tubos de PVC com 75 mm de diâmetro interno. A altura útil do corpo de prova adotada foi de 15 cm, levando em consideração o item 3.1 da norma para ensaio de permeabilidade a carga constante (NBR 13292/ 1995) que recomenda uma altura útil de 1,5 a 2 vezes o diâmetro interno do corpo de prova. Para base e topo do molde do corpo de prova, utilizaram-se luvas de PVC de 75 mm de diâmetro. Nas luvas de PVC, foram presos discos de aço perfurados com o propósito de oferecer um apoio rígido para compactação das amostras, além de sustentar o solo, impedindo a deformação do corpo de prova sem bloquear a passagem livre da água. Nas extremidades dos corpos de prova foi empregado geotêxtil para não haver perda de solo. A figura 4.14 a seguir mostra detalhes do molde construído. Figura 4.14 – Luva com disco de aço e geotêxtil. O processo de moldagem do corpo de prova foi o mesmo adotado no ensaio de compactação. As amostras foram moldadas com solo virgem e pela experiência tátil visual adquirida pressupõe-se que as amostras foram moldadas perto da umidade ótima. 39 A figura 4.15 ilustra os corpos de prova já moldados para serem ensaiados. Figura 4.15 – Corpo de prova com a extremidade aberta e fechada. Foram moldadas no total 5 amostras, todas foram moldadas com umidade próxima da ótima empregando 4 ou 8 golpes com martelo. Em razão de imprevistos nos ensaios de permeabilidade, somente 3 amostras foram aproveitadas para o trabalho. 4.3.3. Amostras de solo com vetiver As amostras com capim vetiver foram serradas com 15 cm de altura dos dois tubos (1 e 6) cedidos para realização deste trabalho. Cerca de 10 cm da parte mais inferior do tubo foram descartadas, pois além de haver um filtro de areia, nesta região cria-se um novelo da raiz que não pode continuar crescendo. E cerca de 5 cm da parte superior também foram descartadas, por ser uma região de transição entre o capim e as raízes. A figura 4.16 a seguir ilustra a parte da base descartada. Figura 4.16 – Região do dreno de areia descartada. 40 A figura 4.17 a seguir mostra parte do solo descartado da região mais rasa do tubo. Figura 4.17 – Região descartada de transição entre o capim e as raízes. A figura 4.18 apresenta o tubo com capim vetiver delimitado a caneta para retirada de uma amostra. Figura 4.18 – Tubo de PVC com capim vetiver. Para cada tubo com vetiver, foram retiradas 3 amostras , uma na parte mais próxima do nascimento do capim (Rasa), uma no meio do tubo (Média) e uma na região acima do novelo formado pelas raízes do capim (Profunda). 41 A figura 4.19 ilustra a parte inferior e superior do tubo com vetiver após retirada parte a ser descartável. Figura 4.19 – Tubo de PVC com capim vetiver. A figura 4.20 (a) ilustra o disco de plástico perfurado com geotêxtil preso na luva e figura 4.20 (b) apresenta a amostra confinada pelas luvas com os discos. (a) (b) Figura 4.20 – Detalhes da amostra com vetiver. 4.3.4. Saturação da amostra e o ensaio de carga variável adaptado O processo de saturação das amostras foi realizado utilizando o reservatório d’água com extravasor do ensaio de permeabilidade de carga constante. Quando houve a necessidade de ensaiar duas amostras ao mesmo tempo, utilizou-se o permeâmetro convencional como reservatório para saturação. 42 A figura 4.21 ilustra o reservatório d’água com extravasor utilizado para o processo de saturação. Marcação do Proteção ao meio nível de água externo Régua de nível Figura 4.21 – Reservatório para saturação. A figura 4.22 mostra a câmara utilizada como recipiente para armazenar a água para saturar a amostra. Régua de nível Saída de água Figura 4.22 – Câmara utilizada como reservatório para saturação. Para determinar o volume de água percolada pela amostra, foi preso um pedaço da régua da trena na superfície de cada reservatório. Esta medida facilitou a visualização da descida de água durante todo o processo. Para evitar a evaporação da água dos 43 reservatórios, teve-se o cuidado de manter o reservatório com extravasor fechado com um saco plástico e o permeâmetro fechado com a tampa. Segundo o item 4 da norma de ensaios de permeabilidade a carga variável, NBR 14545/2000, deve-se utilizar água de torneira previamente deaereada para a saturação e os ensaios de permeabilidade. O processo utilizado para deaeração da água de torneira foi a fervura. Uma quantidade de água era fervida todos os dias e armazenada em um recipiente fechado para a utilização no dia seguinte. Para o processo de fervura era utilizado um ebulidor. A figura 4.23 a seguir ilustra o processo de deaeração. Ebulidor Figura 4.23 – Permeâmetro utilizado como reservatório para saturação. O método de saturação consistia em estabelecer uma diferença de potencial entre os níveis de água, gerando um fluxo d’água ascendente que passava pela amostra. Os níveis de água de cada reservatório eram mantidos acima do nível de água do coletor de saída, para garantir o fluxo ascendente que é o mais eficiente para a expulsão de ar do corpo de prova. A saturação de cada amostra ocorreu durante todos os dias de ensaio por 24 horas, com exceção dos momentos que ocorriam os ensaios de permeabilidade. Quando a água percolada surgia na mangueira de saída, preenchia-se a mangueira de água e conectava a panela coletora que tinha um extravasor para evitar o transbordamento da panela. Após este procedimento, o nível de saída do sistema para o cálculo de diferença de potencial passava ser o nível da panela. A figura 4.24 ilustra as mangueiras de saída de água conectadas à panela. 44 Figura 4.24 – Mangueiras do permeâmetro ligadas na panela coletora. Quando o ar expulso da amostra ficava preso na mangueira, desconectava-se a mangueira da panela para permitir a saída do ar e logo em seguida, preenchia-se novamente a mangueira com água para conecta-la na panela. A figura 4.25 a seguir mostra o ar aprisionado dentro da mangueira com água. Figura 4.25 – Bolha de ar aprisionada na mangueira. Para identificar vazamentos nas conexões não coladas, envolvia-se o permeâmetro com papel toalha. Caso houvesse vazamento, o papel ficaria molhado e a detecção seria imediata. O processo de saturação para as amostras sem vetiver era lento, levando cerca de 7 dias para a água percolada surgir no topo do permeâmetro. Com intuito de acelerar a saturação, testou-se o uso da bomba a vácuo. A saturação com bomba a vácuo não obteve sucesso, pois as peças que não eram coladas apresentaram vazamentos. 45 Os ensaios de permeabilidade com carga varável eram realizados todos os dias, com a exceção de domingos e feriados. Mesmo durante os domingos e feriados, o processo de saturação não era interrompido. O equipamento utilizado para o ensaio de carga variável era composto de uma bureta com área de 0,47 cm² para leitura de carga (h), uma bureta para medir o nível d’água da panela, mangueira de 1/2’’, permeâmetro adaptado e a panela coletora com extravasor. A bureta para leitura de carga era conectada a parte inferior do permeâmetro através da mangueira de 1/2’’. O permeâmetro continha um registro esfera na sua parte inferior para possibilitar a troca da mangueira do saturador para mangueira da bureta. A figura 4.26 ilustra o detalhe da mangueira conectada ao registro do permeâmetro adaptado. Mangueira Figura 4.26 – Mangueira conectada ao registro do permeâmetro adaptado. Atrás da bureta também foi colocada uma régua de uma trena para facilitar as leituras de nível d’água durante o ensaio de carga variável. A figura 4.27 mostra o detalhe do enchimento da bureta com a régua de leitura atrás. 46 Figura 4.27 – Bureta de leitura do ensaio de carga variável. A preparação para o ensaio consistia em encher a bureta de leitura com água deaerada, conectar a mangueira ao registro do permeâmetro. Para iniciar o ensaio abriase o registro do permeâmetro, faziam-se as leituras de nível d’água, anotava-se o horário de cada medida e a temperatura da água. Convencionou-se em fazer as leituras de 10 em 10 minutos. Para manter a temperatura da água sempre próxima dos 20ºC, temperatura recomendada para o ensaio, o aparelho de ar condicionado era mantido ligado durante todo tempo na temperatura de 25º C. A figura 4.28 mostra o termômetro utilizado para fazer as medições de temperatura. Figura 4.28 –Processo para determinação da temperatura do ensaio. 47 A figura 4.29 exibe as buretas de leitura do ensaio de carga variável. Bureta de leitura Bureta para medição do nível da panela. Figura 4.29 – Bureta de leitura do ensaio de carga variável. A figura 4.30 a seguir ilustra a visão geral do equipamento montado. Permeâmetros Reservatório para saturação Reservatório para saturação Bureta Panela Figura 4.30 - Equipamento para o ensaio de permeabilidade. 48 Após o término de cada ensaio de permeabilidade, os corpos de prova eram abertos para retirada de amostras para determinação da umidade e da saturação final. Para cada corpo de prova, foram retiradas amostras ao longo de seu comprimento, no topo, meio e base. As tabelas com a umidade de cada corpo de prova são apresentas em anexo. A figura 4.31 ilustra uma amostra sem de vetiver após ensaio. Figura 4.31 – Amostra 1 com ausência de vetiver. A figura 4.32 ilustra uma amostra com vetiver após ensaio. Figura 4.32 – Amostra vetiver 6 rasa. 4.3.5. Ensaios piloto O presente trabalho precisou adaptar ensaios convencionais para encontrar a formar mais adequada para estudar as amostras. Para isto, foram realizados alguns testes pilotos para encontrar a melhor metodologia de ensaio. O equipamento construído para o ensaio piloto era em um recipiente de acrílico adaptado com um registro na parte inferior, uma saída superior com peças PVC, discos de aço perfurado e um pedaço de PVC para confinar a amostra e geotêxtil. 49 A figura 4.33 se seguir apresenta o recipiente de acrílico. Peças de PVC PVC Disco de aço Areia Registro Figura 4.33 – Equipamento para os testes piloto. O primeiro teste piloto consistiiu em ensaios de permeabilidade com carga constante em uma areia com fluxo ascendente. O ensaio foi realizado com água de torneira, e notou-se a grande quantidade de ar presente na água, pois eram visíveis as bolhas de ar na água do recipiente. A figura 4.34 ilustra a montagem do ensaio. Reservatório extravasor Panela extravasora Recipiente de acrílico Figura 4.34 – Equipamento para os testes piloto. O ensaio de carga constante consistia em manter o nível do reservatório num nível constante e coletar certo volume com béquer e cronometrar o tempo de coleta. A figura 4-35 ilustra o procedimento de ensaio. 50 Figura 4.35 – Ilustração do procedimento de ensaio. Após o teste com areia, realizou-se o teste utilizando o solo empregado nesta pesquisa. Também foi utilizada água da torneira. Moldou-se uma amostra compactada conforme o ensaio de compactação adaptado, dando 4 golpes por camada e com 22,6% de umidade de moldagem. A água que percola demorou 3 dias para chegar no topo do acrílico. Devido a isso, ensaio de permeabilidade escolhido para o presente trabalho foi o ensaio permeabilidade a carga variável. A figura 4.36 a seguir mostra a amostra de solo moldada no acrílico. Solo da pesquisa Figura 4.36 – Ilustração do procedimento de ensaio. Outro teste realizado foi a determinação da umidade das raízes, pois pretendia saber a influência da umidade das raízes na umidade medida do conjunto raiz mais solo. As raízes do vetiver 6 foram lavadas, secadas ao ar , colocadas em cápsulas e levadas a estufa até a constância de peso para as temperaturas de 50º C e 105º C. 51 A figura 4-37 ilustra as cápsulas com as raízes do vetiver. Figura 4.37 – Raízes do vetiver 6. O teste com a estufa a 105º C tinha o objetivo de descobrir se a raiz se transformava em cinza quando levada a estufa. Com o teste com a estufa a 105º C, constatou-se que as raízes não viram cinza nesta temperatura. A umidade encontrada para estufa a 50 º C e 105 º C foi de cerca de 5 %, porém este valor não foi considerado na determinação da umidade das amostras da pesquisa. A determinação da quantidade de raiz contida em cada amostra é muito difícil, por isso optou-se por considerar as raízes como parte integrante dos sólidos. 52 5.APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS 5.1. Compactação adaptado Nos ensaios de compactação observou-se aumento de γd com o crescimento da energia. Entretanto, não se verificou, em todos os casos, a redução de wot com aumento da energia, conforme esperado. Acredita-se que este comportamento atípico foi causado pela necessidade de reutilizar o solo que era escasso. O reuso do solo pode ocasionar quebra dos grãos, obtendo amostras diferentes da amostra virgem. A tabela 6 apresenta os índices de vazios alcançados para cada ensaio. Tabela 6- Índice de vazios para cada ensaio. Número de golpes Índice de vazios 4 6 8 0,81 0,78 0,71 Os ensaios de compactação serviram para capacitar a autora deste trabalho a moldar as amostras sem vetiver, adquirindo a experiência tátil visual para identificar se o solo está na região de umidade ótima. As informações de moldagem das amostras sem o capim vetiver são apresentadas na tabela 7. Tabela 7- Dados das amostras sem vetiver. 53 5.2. Ensaio de permeabilidade a carga variável adaptado 5.2.1. Ensaio em amostras sem vetiver Os ensaios de permeabilidade a carga variável foram realizados em 3 amostras sem vetiver. As informações de cada amostra são apresentadas na tabela 8. As tabelas com os dados de cada ensaio encontram-se em anexo. Tabela 8- Dados das amostras sem vetiver. Os resultados obtidos no ensaio de permeabilidade das 3 amostras são expostos na figura 5-1. Cada ponto representa a média dos valores obtidos em um dia de ensaio. Figura 5.1 – Gráfico coeficiente de permeabilidade x volume percolado das amostras sem vetiver. 54 5.2.2. Ensaio em amostras com vetiver Para cada tubo com vetiver, foram realizados 3 ensaios com amostras retiradas da base do tubo (profunda), do meio (média) e do topo (rasa). As informações de cada ensaio são expostas nas tabelas 9 e 10. As tabelas com os dados de cada ensaio encontram-se em anexo. Tabela 9 - Dados das amostras vetiver 1. Tabela 10 - Dados das amostras vetiver 6. Os resultados obtidos no ensaio de permeabilidade das 3 amostras do molde vetiver 1 são expostos na figura 5.2. Cada ponto representa a média dos valores obtidos em um dia de ensaio. O traçado pontilhado é uma extrapolação dos resultados caso os ensaios fossem realizados por um período maior. 55 Figura 5.2 – Gráfico coeficiente de permeabilidade x volume percolado da amostra vetiver 1. Os resultados obtidos no ensaio de permeabilidade das 3 amostras do molde vetiver 6 são expostos na figura 5.3. Cada ponto representa a média dos valores obtidos em um dia de ensaio. O traçado pontilhado é uma extrapolação dos resultados caso os ensaios fossem realizados por um período maior. Figura 5.3 – Gráfico coeficiente de permeabilidade x volume percolado da amostra vetiver 6. 56 5.2.1. Análise dos ensaios de permeabilidade Analisando a figura 5.1, o coeficiente de permeabilidade das amostras sem vetiver é dependente das propriedades físicas da amostra. Os ensaios indicaram que quanto maior o índice de vazios maior o coeficiente de permeabilidade, considerando que todas as amostras foram moldadas perto da umidade ótima, definidas por exame tátil visual. Nenhumas das amostras estavam completamente saturadas no final no ensaio, apesar de ter-se percolado volumes de água equivalentes a 5 a 10 vezes o volume de vazios. Os valores do coeficiente de permeabilidade para o solo das amostras, areia fina com presença de silte e argila, estão de acordo com os valores de literatura. Onde sem raízes apresentou valores de k variando de a cm/s. O solo com raízes apresentou valores de k variando de a cm/s. Em média, o solo com raízes apresentou permeabilidade de 12 vezes maior que o sem raízes. Entretanto, não se pode afirmar com certeza que as raízes aumentaram a permeabilidade do solo, pois não se sabe com certeza em qual ramo da curva do ensaio de compactação as amostras nas quais foi plantado o capim vetiver. Conforme o estudo de Mitchell et al. (1965), o coeficiente de permeabilidade para uma mesma amostra de argila pode diferir até três ordens de grandeza, dependendo das condições em que o solo foi compactado. Apesar de o solo desta pesquisa apresentar somente 9% de argila, acredita-se que amostras com diferentes energias e umidades de compactação poderiam apresentar diferenças consideráveis no coeficiente de permeabilidade. Além disso, segundo as figuras 5.2 e 5.3, é observado um maior coeficiente de permeabilidade para as amostras rasas e profundas. Estas regiões dos moldes apresentavam uma maior concentração de raiz, comparando com a região média do molde. Assim sendo, há um indício que a presença das raízes no solo pode aumentar a permeabilidade do solo. 57 6.CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste trabalho foram realizados ensaios de permeabilidade em amostras de solo com e sem raízes do capim vetiver, a fim de se obter os coeficientes de permeabilidade de cada amostra para estudar a influência da presença das raízes. Também foram realizados ensaios de compactação para obtenção dos índices físicos necessários para a pesquisa. No momento dos ensaios, as plantas tinham idade aproximada de três anos. Nos ensaios de permeabilidade foram obtidos coeficientes de permeabilidade de cm/s, cm/s e cm/s para as amostras sem a raízes, com índice de vazios de 0,98, 0,77 e 0,93, respectivamente. O comportamento dos coeficientes de permeabilidades obtido está de acordo com o esperado para uma areia fina com presença de silte e argila. Já nos ensaios de permeabilidade para as amostras do molde 1 com vetiver, foram o obtidos os coeficientes de permeabilidade de cm/s, cm/s e cm/s para as amostras rasa, média e profunda, respectivamente. O índice de vazios de moldagem da amostra é de 0,790. Nos ensaios de permeabilidade para as amostras do molde 6 com vetiver, foram o obtidos os coeficientes de permeabilidade de cm/s, cm/s e cm/s para as amostras rasa, média e profunda, respectivamente. O índice de vazios de moldagem da amostra é de 0,694. Os coeficientes de permeabilidade obtidos nos ensaios em amostra sem o capim vetiver foram cerca de 12 vezes menores que os ensaios em amostra com vetiver, porém não se pode afirmar com certeza que a raiz do capim vetiver aumenta a permeabilidade do solo, já que não se sabe as condições de compactação da amostra com o vetiver. Entretanto, outro indicio de que a raiz aumenta a permeabilidade é que as amostras com maior concentração de raízes apresentaram maiores valores de k. Como sugestões para futuras pesquisas que venham a aprimorar este estudo, são feitas as seguintes recomendações: Estabelecer curvas de compactação através de ensaios de compactação em moldes adaptados sem o reúso do material; 58 Moldar amostras para o plantio de vetiver com condições de compactação perfeitamente conhecidas, para que se possa determinar o efeito da estrutura do solo nas análises de permeabilidade. Realizar ensaios de permeabilidade em duas direções, para fluxos verticais e horizontais, pois o solo compactado não é isotrópico e as raízes tem crescimento preferencialmente vertical. Ensaios de permeabilidade in situ no mesmo solo com e sem vetiver, para que se possa determinar a permeabilidade do solo de acordo com raízes que crescem no campo; 59 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BARBOSA, M. C. R. Estudo da Aplicação do Vetiver na Melhoria dos Parâmetros de Resistência ao Cisalhamento de Solos em Taludes. 2012. 148 f. Tese (Doutorado) - Curso de Geotecnia, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto. FONSECA, A. P. Análise de Mecanismo de Escorregamento Associados a Voçorocamento em Cabeceira de Drenagem na Bacia do Rio Bananal (SP/RJ). 2006. 348 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro. HENGCHAOVANICH, D. & NILAWEERA, N., 1996, “An assessment of strength properties of vetiver grass roots in relation to slope stabilization”. In: THE FIRST INTERNATIONAL CONFERENCE ON VETIVER, p. 87-94, Bangkok: The Vetiver Network. LAMBE, T. W., WHITMAN, R. V., 1969, Soil Mechanics. New York, John Wiley & Sons. LOZANO, Mauro Hernandez. Bioengenharia dos Solos na Estabilização de Taludes e Erosões. Disponível em: <http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=9&Cod=510>. Acesso em: 23 fev. 2014. MACHADO, S. L.; MACHADO, M. F. C.. Mecânica dos Solos II: Conceitos introdutórios. Salvador: UFBA, 1997. MADRUGA, E. L.; SCHELE, E. L. & SALOMÃO, F. X. T. 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Vietnam: The Vetiver Network International, 2008. 61 Normas Técnicas ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 7182 [1986] – SoloEnsaio de compactação. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 14545 [2000] – SoloDeterminação do coeficiente de permeabilidade de solos argilosos a carga variável. ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 13292 [1995] – SoloDeterminação do coeficiente de permeabilidade de solos granulares a carga constante. 62 ANEXO 63 Tabela do ensaio de permeabilidade a carga variável da amostra 1, sem vetiver. 64 Tabela do ensaio de permeabilidade a carga variável da amostra 2, sem vetiver. 65 Tabela do ensaio de permeabilidade a carga variável da amostra 3, sem vetiver. 66 Tabela do ensaio de permeabilidade a carga variável da amostra vetiver 1 rasa. 67 Tabela do ensaio de permeabilidade a carga variável da amostra vetiver 1 média 68 Tabela do ensaio de permeabilidade a carga variável da amostra vetiver 1 profunda. 69 Tabela do ensaio de permeabilidade a carga variável da amostra vetiver 6 rasa. 70 Tabela do ensaio de permeabilidade a carga variável da amostra vetiver 6 média. 71 Tabela do ensaio de permeabilidade a carga variável da amostra vetiver 6 profunda. 72 Tabela de dados da amostra sem vetiver 1. Tabela de dados da amostra sem vetiver 2. 73 Tabela de dados da amostra sem vetiver 3. Tabela de dados da amostra com vetiver 1 rasa. 74 Tabela de dados da amostra com vetiver 1 média. Tabela de dados da amostra com vetiver 1 profunda. 75 Tabela de dados da amostra com vetiver 6 rasa Tabela de dados da amostra com vetiver 6 média. 76