P U B L I C AÇ ÃO M E N S A L DA AU T O R I DA D E N AC I O N A L D E P R O T E CÇ ÃO C I V I L / N .º 5 0 / M A I O 2 0 1 2 / I S S N 1 6 4 6 – 9 5 4 2
Incêndios Florestais
“Não nos podemos
resignar a esta situação”
Entrevista a Vítor Vaz Pinto,
Comandante Operacional Nacional
50
Maio de 2012
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Este Boletim é redigido ao abrigo do Acordo
Ortográfico da Língua Portuguesa.
Foto: António Gamito
EDITORIAL
Mais perto de todos.
Com o presente número completam-se 50 edições do PROCIV, boletim informativo da ANPC publicado pela primeira vez em abril de 2008.
Ao longo destes quatro anos, a evolução gráfica e editorial acompanhou as
necessidades e expectativas não só dos leitores ligados às atividades de proteção e socorro mas também, graças aos contributos das novas tecnologias
e redes sociais, de um público muito mais vasto que o público original, desta forma contribuindo para cumprir aquele que era e continua a ser o mote
principal, enunciado no primeiro editorial: “Mais perto de todos”.
A par de outras iniciativas editoriais, como a coleção de Cadernos Técnicos, o PROCIV tem correspondido aos objetivos iniciais de valorização e
divulgação das matérias e atividades no âmbito da proteção civil, constituindo hoje uma referência entre as publicações relacionadas com os riscos
coletivos.
Nesta edição damos voz ao Comandante Operacional Nacional, Vítor Vaz
Pinto. Após um início de ano em que se registaram inúmeras ocorrências
de incêndios florestais, sobretudo no centro e norte do país, associadas
a condições meteorológicas atípicas que fizeram do inverno climatológico
de 2011/201 2 o mais seco desde que existem registos (1931), importa clarificar algumas das medidas preconizadas na Diretiva Operacional Nacional
n.º 2 que institui um Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF).
O combate a este flagelo, nos últimos anos, tem dado ainda mais consistência à nossa convicção de que grande parte do sucesso do trabalho reside
na eficácia da primeira intervenção. Melhorámos bastante neste domínio,
fruto de uma maior e melhor vigilância e fiscalização, da introdução no
Dispositivo de equipas especializadas em combate indireto e de uma abordagem assente no conceito de comando único. Não nos podemos esquecer,
todavia, que grande parte dos incêndios florestais tem origem em atos negligentes, pelo que serão sempre insuficientes os esforços e a dedicação dos
milhares de Bombeiros, Sapadores, Militares e demais agentes de proteção
civil se não houver uma mudança de comportamento por parte das populações.
> grande parte do
sucesso alcançado nos
últimos anos reside na
eficácia da primeira
intervenção <
Arnaldo Cruz
Presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil
Projecto co-financiado por:
PU BLICAÇÃO M ENSA L
Edição e propriedade – Autoridade Nacional de Protecção Civil Diretor – Arnaldo Cruz
Redação e paginação – Núcleo de Sensibilização, Comunicação e Protocolo da ANPC
Fotos: Arquivo da Autoridade Nacional de Protecção Civil, exceto quando assinalado
Impressão – Textype Tiragem – 2000 exemplares ISSN – 1646– 9542
Os artigos assinados traduzem a opinião dos seus autores. Os artigos publicados poderão ser transcritos com identificação da fonte.
Autoridade Nacional de Protecção Civil Pessoa Coletiva nº 600 082 490 Av. do Forte em Carnaxide / 2794–112 Carnaxide
Telefone: 214 247 100 Fax: 214 247 180 [email protected] www.prociv.pt
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PROCIV
Número 50, maio de 2012
BREVES
Algarve: novo exercício de proteção civil permitiu
testar resposta operacional
Plano Operacional da Serra da Estrela permitiu
socorro eficaz em quase 300 ocorrências
Decorreu no passado dia 18 de abril, um exercício que teve
por finalidade testar o Plano Especial de Emergência para
o Risco Sísmico e de Tsunamis do Algarve (PEERST-Alg) e,
simultaneamente, o Plano Prévio de Intervenção (PPI) da
Linha Ferroviária do Algarve. Coordenado pelo Comando
Distrital de Operações de Socorro de Faro da ANPC, este
exercício, sem a mobilização de meios reais, foi planeado
e conduzido em modo de posto de comando, tendo sido traçado um cenário fictício em que terá ocorrido um evento
sísmico com epicentro 228,6 km a oeste-noroeste de Faro,
com a duração de 50 segundos, a que se seguiu um tsunami. Na sequência desta ocorrência, verificaram-se danos
significativos no parque habitacional e também em pontes,
viadutos, vias ferroviárias e rodoviárias, bem como incêndios e outros incidentes diversos responsáveis por elevado
número de vítimas, avultados prejuízos materiais e danos
ambientais. Em resposta a este cenário, foram acionados
diversos meios disponíveis no distrito.
Foi desativado, no passado dia 16 de abril,
o Dispositivo Conjunto de
Protecção e Socorro da Estrela, em vigor desde dezembro. Este dispositivo,
que funcionou ao abrigo
do Plano Operacional da
Serra da Estrela (PONSE)
respondeu com eficácia
a quase três centenas de
ocorrências, tais como
acidentes rodoviários, evacuações, desabamentos, desempanagens, buscas de pessoas desaparecidas, entre outras.
Contribuiram para este sucesso os Corpos de Bombeiros
da Covilhã, Loriga, Seia, São Romão, Manteigas, Gouveia,
a Força Especial de Bombeiros da ANPC, o Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS/GNR) e outras forças e
meios, qualificados para a execução das missões de proteção e socorro.
O PONSE abrange uma vasta área do Maciço Central da
Serra da Estrela, envolvendo os distritos da Guarda e de
Castelo Branco, que abrange zonas dos municípios da Covilhã, Manteigas, Seia e Gouveia, situados a uma altitude
superior a 1400 metros, com exceção da área urbana das
Penhas da Saúde.
Com este plano de operações, ativado anualmente de dezembro a abril, a ANPC pretende definir mecanismos de
resposta no âmbito da proteção e socorro que permitam
fazer face a eventuais situações de perigo, num período em
que a Serra é destino de milhares de visitantes que para ali
se deslocam para a prática de montanhismo, passeios pedestres ou outras atividades relacionadas com a neve.
Pese embora esta desativação, mantem-se na região uma
força mínima do GIPS e da FEB.
ANPC promove formação sobre segurança contra
incêndio em edifícios
Decorreu nos dias 16 e 17 de abril, na sede da ANPC, em
Carnaxide, uma ação de formação sobre controlo de fumos
em edificações, no âmbito da segurança contra incêndios
em edifícios, destinada a elementos da ANPC, das câmaras
municipais de Lisboa e do Porto e dos Serviços Regionais
de Protecção Civil. Coorganizada pela ANPC e pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), a ação teve uma
forte componente prática, tendo sido realizados ensaios de
controlo de fumos no Loures Shopping.
Peregrinação a Fátima mobiliza forte dispositivo de
proteção e socorro
O Comando Distrital de Operações de Socorro de Santarém ativará, nos próximos dias 1 2 e 13 de maio, em Fátima,
um plano de operações de proteção e socorro que visa fazer
face a possíveis situações de risco decorrentes da deslocação e concentração de peregrinos no Santuário. O dispositivo a ser montado contará com o envolvimento dos diversos
agentes de proteção civil, entre os quais Corpos de Bombeiros do distrito, GNR, INEM, e ainda com a Força Especial de
Bombeiros, Cruz Vermelha Portuguesa, Corpo Nacional de
Escutas, Agrupamento de Centros de Saúde – Médio Tejo I,
e Associação de Servitas Nossa Senhora de Fátima. Apoiará
a operação o Serviço Municipal de Proteção Civil de Ourém.
Para sustentar a instalação de um Posto de Comando Operacional Conjunto será empenhado o Centro Tático de
Comando (CETAC) assim como operacionais do Comando
Nacional e Distrital, que serão apoiados por técnicos da
unidade de recursos tecnológicos da ANPC.
O Diretor Nacional de Proteção Civil de Timor, Domingos
Pinto, visitará este Posto de Comando.
ANPC monitoriza evolução da situação
político-militar na Guiné-Bissau
No quadro das suas novas atribuições no domínio do Planeamento Civil de Emergência, a ANPC encontra-se a acompanhar a evolução político-militar na Guiné-Bissau, onde
residem várias centenas de cidadãos portugueses.
Em caso de necessidade, e por decisão do Primeiro-Ministro, é ativado um "Plano de Regresso", que visa prestar
apoio nos procedimentos de repatriamento e inserção na
sociedade, de forma rápida, segura e organizada e com o
mínimo de perturbação para a vida nacional, dos cidadãos
nacionais e de outros países amigos a residirem naquele
país africano. Com a publicação do DL 73/201 2, de 26 de
março, e a absorção das atribuições anteriormente cometidas ao Conselho Nacional de Planeamento Civil de Emergência, tal missão passou a ser coordenada pela ANPC.
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PROCIV
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TEMA
>ENTREVISTA
Vítor Vaz Pinto
Comandante Operacional Nacional
Os meios humanos e materiais que constituem o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais para este
ano foram apresentados no passado dia 12 de março, na ANPC, pelo Comandante Operacional Nacional, Vítor Vaz
Pinto. A estratégia é idêntica à do ano passado: aposta no ataque inicial, cobertura nacional de meios humanos
e materiais e colocação de meios interdistritais para reforço operacional.
Foi apresentado há alguns dias o
Dispositivo Especial de Combate a
Incêndios Florestais (DECIF) para
2012. Em que medida é que a Diretiva Operacional Nacional n.º 2 é
determinante para a gestão do socorro durante o período mais vulnerável face ao perigo de incêndio
florestal que se aproxima?
Esta Diretiva Operacional Nacional
é um dos documentos estratégicos
que materializam o Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro
(SIOPS), instituindo um dispositivo
especial de reforço às forças de empenhamento permanente. Garante, ao
longo de todo o ano, a resposta operacional articulada de forças de proteção
e socorro em conformidade com os
graus de gravidade e probabilidade de
incêndio florestal e é um instrumento
de planeamento, organização, coordenação e comando operacional, que em
cada momento garante a arquitetura da estrutura de direção, comando
e controlo, regulando a coordenação
institucional entre os agentes que
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concorrem para a defesa da floresta
contra incêndios. O documento serve
ainda de base à elaboração dos Planos
de Operações no âmbito distrital e de
referência a todas as diretivas, planos
ou ordens de operações dos agentes
e entidades integrantes do DECIF.
Qual o valor estimado este ano para
garantir o DECIF?
No âmbito do 3.º pilar da Defesa da
Floresta Contra Incêndios, a ANPC
prevê gastar no presente ano, em custos diretos, mais de 70 milhões de
euros, cerca de 45 milhões no dispositivo aéreo e mais de 25,2 milhões no
dispositivo terrestre, afeto aos Corpos
de Bombeiros (CB).
Considera dispor dos meios e recursos necessários para gerir as operações de combate, durante o período
crítico de incêndios florestais deste
ano?
Hoje a ANPC conta com 51 elementos
de comando na sua estrutura operacional própria, que materializam as
competências legalmente atribuídas
no âmbito do SIOPS, designadamente
a atuação de todas as forças no mesmo
plano operacional sob um comando
único. Neste âmbito e até ao próximo mês de maio estão em curso um
conjunto de ações de formação e treino operacional que visam atualizar
e aperfeiçoar tecnicamente os operacionais integrantes do DECIF, em especial os elementos de comando e chefias dos Corpos de Bombeiros, como
primeiros responsáveis pelo comando
das operações de socorro e desempenho das diversas funções na gestão
das ocorrências. O investimento realizado nos últimos anos em recursos
tecnológicos para apoio à decisão operacional e sustentação das operações
são complementos importantes e facilitadores que, aliados à experiência
adquirida, potenciam a tomada de decisões devidamente fundamentadas.
Na semana passada foi publicada uma
Norma Operacional Permanente sobre o Sistema de Gestão de Operações
(SGO), que se constitui como uma im-
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PROCIV
Número 50, maio de 2012
TEMA
portante ferramenta de trabalho no
âmbito do comando e controlo e que
vem facilitar a operacionalização dos
preceitos legais previstos no SIOPS,
numa perspetiva transversal a todo
o território continental.
Os meios aéreos têm-se revelado
eficazes no combate aos incêndios
florestais? Quais os fatores que determinam esse sucesso?
Os meios aéreos são um complemento
importante no conceito de operação
adotado em 2006, especialmente no
que respeita ao ataque inicial no período diurno, nomeadamente face aos
tempos conseguidos na chegada da
primeira equipa organizada ao local
da ocorrência. Os helicópteros de ataque inicial transportam uma equipa
ou brigada helitransportada do Grupo
de Intervenção de Proteção e Socorro
da GNR ou da Força Especial de Bombeiros da ANPC. No ano passado atingiram uma média de chegada ao teatro
de operações de 8 minutos, com uma
taxa de sucesso de 93%. Destaco ainda
as vantagens da intervenção das aeronaves dedicadas ao ataque ampliado,
cuja interação com as forças terrestres em grande parte das situações
são determinantes para o domínio
dos incêndios florestais que atingem
proporções significativas. Resumindo, importa salientar que por si só os
meios aéreos não extinguem os incêndios, sendo necessária uma ação conjugada com os meios terrestres.
Dispõe dos meios necessários e suficientes para enfrentar o cenário
que este ano se prevê?
Entendo que estamos perante o dispositivo possível neste momento, e considerando o histórico e lições aprendidas, nomeadamente no que respeita
ao número de ocorrências e sua distribuição espacial e temporal, associada
a condições meteorológicas sem grande variabilidade ou episódios extremos, considero que este dispositivo,
se adequa ao expetável aumento de
atividade operacional propício para
esta altura do ano, ainda que, possam
ser implementadas outras medidas
excecionais
No limite, e no eventual esgotamento da capacidade em meios aéreos, que medidas adicionais estão
previstas?
Em situações excecionais, uma das
medidas previstas será a possibilidade de ativação dos mecanismos
disponíveis através dos acordos bilaterais existentes com outros países,
ou no âmbito do Mecanismo Europeu
de Proteção Civil, numa lógica de extensão do princípio da subsidiariedade entre os Estados. Esta medida
enquadra-se na garantia de uma interligação com as outras organizações de
proteção civil dos países com os quais
Portugal possui acordos de cooperação bilateral, especialmente com a Direcção-Geral de Proteção Civil e Emergências de Espanha, considerando os
acordos transfronteiriços, mas também com outros países como França,
Marrocos ou Rússia, para os quais podem ser canalizados pedidos de apoio.
É igualmente garantida a interligação,
através do contacto permanente e da
realização de briefings semanais, com
o Centro de Informação e Vigilância
da União Europeia, que promove a
troca permanente de informações,
nomeadamente sobre o ponto de situação operacional em cada país que
integra este Mecanismo, as previsões
meteorológicas e a disponibilidade de
meios aéreos para projeção externa.
O Comando Nacional de Operações
de Socorro acompanha em permanência o evoluir da situação de
emergência referente aos incêndios
florestais. Como se processa esse
acompanhamento?
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PROCIV
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TEMA
Este acompanhamento é diário e permanente, feito através da monitorização da situação nacional através da
ligação aos Comandos Distritais de
Operações de Socorro que em cada
distrito monitorizam a situação no
seu âmbito territorial. Qualquer ocorrência que abranja um conjunto de
critérios pré-definidos e que revelem
a necessidade de reforço de meios
é imediatamente reportada ao escalão superior. Para esta tarefa contribui de forma decisiva a realização de
briefings técnico-operacionais diários
quer no Comando Nacional quer nos
Comandos Distritais da ANPC nos
quais participam elementos da estrutura operacional e de outras unidades orgânicas da ANPC, um conjunto
de elementos técnicos e oficiais de
ligação das entidades integrantes do
©
Ana Livramento
DECIF.
Na sequência destes briefings
são tomadas as medidas operacionais
de antecipação decorrentes da análise
da situação.
Nos primeiros meses do ano vivemos um período anormalmente
quente e seco para esta época do
ano, o qual foi assinalado por um
elevado número de incêndios florestais. Porventura, pode considerar-se o prenúncio de um Verão
«sem mãos a medir» para os agentes de proteção civil?
Em rigor não podemos tirar semelhante conclusão. De facto os primeiros meses de 2012 foram secos, criando condições favoráveis à ignição
e propagação dos incêndios florestais.
Todavia, e considerando a elevada variabilidade climática que temos vindo a assistir nos últimos anos, nada
nos permite antever um verão com
elevadas temperaturas, sendo certo,
porém, que a ocorrência de incêndios florestais depende, na sua quase
totalidade, da ausência de cultura de
prevenção por parte dos cidadãos, e na
adoção de comportamentos de risco,
que importa combater.
Todos os anos eclodem numerosos
incêndios que acabam por ter graves consequências sobre as populações e os seus haveres, além de criarem graves prejuízos ambientais
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e terem um forte impacto na despesa pública. O que está mal? Porventura há forma de inverter este «estado de coisas» ou teremos de viver
resignados à situação?
Penso que não nos poderemos resignar a esta inevitabilidade. Sendo
certo que Portugal se situa na bacia
mediterrânica, onde o fogo faz parte
© R. Santos
do ecossistema, é fundamental
apostarmos em ações de prevenção.
Que ações são essas?
Por exemplo através de ações de sensibilização contínuas e ajustadas
a diversos públicos, do rigoroso cumprimento da legislação em vigor e do
apoio às populações na gestão dos espaços rurais considerando soluções
adequadas para a manutenção dos
baixos níveis de perigosidade.
As queimas e queimadas são apontadas como a principal causa do
elevado número e dimensão dos
incêndios florestais. Como se pode
evitar estas causas que, em muitos
casos, estão associadas a práticas
ancestrais enraizadas na população rural?
Considerando a realidade atual do
mundo rural, em Portugal talvez
a forma mais inteligente de as evitar
seja criar mecanismos adequados que
possibilitem regular estas práticas
através do estabelecimento de regras
claras de execução e de acompanhamento por via da introdução conjugada de várias práticas de redução da
carga combustível, quer seja por via
da própria ação da pastorícia ou da
utilização de fogo controlado.
“cabe a cada cidadão,
a missão de sensibilizar
o próximo, quando
em presença de um
comportamento negligente
passível de originar um
incêndio florestal”
Uma das ideias que se vem arreigando nalguns setores é de que os custos do combate aos incêndios florestais são desproporcionalmente
elevados face ao valor económico
subjacente que se visa proteger.
É efetivamente assim?
O desejável seria que os custos associados ao combate aos incêndios
florestais fossem diminutos pois tal
significaria que as medidas no âmbito
da prevenção seriam completamente
eficazes. No entanto, e considerando
o elevado número de ignições que se
continuam a registar anualmente,
torna-se necessário assegurar a existência de um dispositivo que assegure
uma resposta pronta e adequada a esta
realidade e que garanta permanentemente a segurança de pessoas, a salvaguarda do património e do ambiente,
para além da manutenção dos valores
de área ardida abaixo das metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios.
No período crítico do combate aos
incêndios florestais, a comunicação social, em especial as estações
televisivas, dedicam vasto tempo
de antena à cobertura noticiosa das
operações de socorro. Considera
que essa densidade informativa
pode ser prejudicial ou útil à evolução da campanha de combate aos
incêndios?
É natural que assim aconteça, na medida em que os incêndios florestais,
pelas suas consequências, são uma
problemática que preocupa todos os
cidadãos. Todavia, uma cobertura
excessivamente exploratória da imagem dos incêndios florestais, sem dar
destaque aos esforços levados a cabo
para a sua extinção, pode contribuir
em algumas situações para alarmar
as populações, quando o que seria
desejável é que estas pudessem, através da comunicação social, ficar mais
sensíveis à necessidade de adoção das
medidas preventivas de forma a evitar
os incêndios.
O combate aos incêndios florestais
é uma missão complexa, dado o
número de atores que envolve e as
diferentes responsabilidades que
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T E MTAE M A
decorrem das suas atribuições próprias. É fácil promover a articulação para fins operacionais de todos
os intervenientes?
Os elementos especializados dos organismos que de uma maneira direta ou indireta, a nível local, distrital
ou nacional, possam contribuir com
o seu conhecimento científico e técnico, são fundamentais para facilitar
a tomada de decisão. Dou o exemplo
da meteorologia: os conhecimentos
e os produtos meteorológicos colocados à disposição são fundamentais
para traçar cenários e estabelecer medidas operacionais de antecipação.
Por outro lado, os conhecimentos da
floresta portuguesa, do comportamento das principais espécies florestais perante o fogo, o nível de infraestruturação do território, e outros,
representam uma mais-valia para
uma intervenção operacional adequada.
© Paulo Santos
Que pode o cidadão comum fazer
para cumprir com a sua quotaparte de dever no que respeita aos
incêndios florestais?
O cidadão é, simultaneamente, des-
tinatário e veículo das mensagens de
sensibilização, no âmbito da defesa da
floresta contra incêndios. As florestas
portuguesas constituem um património vivo, essencial ao desenvolvimento sustentável do nosso país, pelo que,
todas as ações que originem incêndios, como as queimas, queimadas,
os piqueniques em locais proibidos
ou não devidamente preparados para
o efeito e outros, devem ser amplamente divulgadas por todos, cabendo
também a cada um de nós a responsabilidade de sensibilização do próximo,
quando em presença de uma qualquer
ação, negligente ou intencional, passível de originar um incêndio florestal.
Perece existir uma certa confusão
na interpretação dos Alertas e Avisos difundidos à população. Quais
são as diferenças entre uns e outros?
O estado de alerta especial é dirigido
exclusivamente às organizações integrantes do SIOPS e visa intensificar as
ações preparatórias para as tarefas de
supressão ou minoração das ocorrências, colocando meios humanos e materiais de prevenção, em relação ao pe-
ríodo de tempo e à área geográfica em
que se preveja especial incidência de
condições de risco. Pretende-se com
a determinação de cada um dos quatro
níveis de alerta (azul, amarelo, laranja
e vermelho) reforçar aqueles meios
necessários para as missões a cumprir
e a adoção de esquemas preparatórios
para a intervenção ou atuação iminente. A ativação do estado de alerta
especial resulta sempre de uma análise de risco balanceada com a disponibilidade das forças de resposta,
pelo que a sua determinação tem que
resultar no incremento da disponibilidade de meios e recursos por parte das organizações que concorrem
para resposta. Por sua vez os avisos
são dirigidos aos cidadãos, para que
estes adotem as medidas de prevenção e autoproteção adequadas face
a determinado risco.
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AGE N DA
4 e 5 de m aio, Avei ro
I CONGRESSO PORTUGUÊS SOBRE O
LUTO
Organizado pela Sociedade Portuguesa
de Estudo e Intervenção do Luto (SPEIL),
em colaboração com a Universidade de
Aveiro, o Observatório do Luto em Portugal
e o Espaço do Luto. Entre outros temas,
será abordado o “Luto dos cuidadores/
interventores”, designadamente os agentes
de proteção civil. Mais informações em
http://congresso.speil.pt
.................................
7 e 8 de m aio, Lisboa
SEGURANÇA NAS ESCOLAS: CURSO DE
FORMAÇÃO PARA PROFESSORES
Organizado pelo Departamento de
Protecção Civil da Câmara Municipal de
Lisboa , esta ação é dirigida a educadores,
professores e auxiliares de ação educativa
das diversas escolas da cidade de Lisboa.
Informações adicionais poderão ser obtidas
junto do Departamento de Protecção
Civil / Divisão de Prevenção.
.................................
10 a 21 de m aio, Sabuga l
AÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO PARA OS
INCÊNDIOS FLORESTAIS
Coordenadas pelo Serviço Municipal de
Proteção Civil do Município do Sabugal,
em conjunto com os corpos de bombeiros
voluntários do Sabugal e Soito, e com
a colaboração do SEPNA/GNR. Mais
informações em www.cm-sabugal.pt
............................
15 a 17 de m aio, Lisboa
IV ENCONTRO NACIONAL DE RISCOS,
SEGURANÇA E FIABILIDADE
Organizado pela Secção Portuguesa da
Associação Europeia de Segurança e
Fiabilidade (ESRA), o evento, que se realiza
no Centro de Congressos do Instituto
Superior Técnico, abordará tópicos
relacionados com a segurança, fiabilidade
e risco, organizados em sessões técnicas
como: riscos públicos, segurança nos
transportes, segurança ocupacional,
fiabilidade e manutenção e riscos naturais.
Mais informações em www.ist.utl.pt
.................................
17 e 18 de m aio, Castelo Branco
III ENCONTRO SOBRE SISTEMAS DE
INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA
O encontro tem como objetivo divulgar
a aplicação das tecnologias SIG nas áreas
do Ambiente, da Floresta, da Agricultura,
da Proteção Civil e do Ordenamento do
Território. Os temas abordados incluem
Sistemas de Informação Geográfica
(Ambiente, Floresta, Agricultura, Proteção
Civil e Ordenamento do Território),
Deteção Remota, Cadastro, Sistemas de
Posicionamento Global e Infraestruturas
Espaciais de Dados.Inscrições em
www.ipcb.pt
.................................
25 a 29 de m aio, Oei ras
SEMANA DA PROTEÇÃO CIVIL
O programa deste evento inclui um "dia
aberto" em todas as freguesias do concelho,
assegurado pelos corpos de bombeiros,
exposições estáticas, encontro de forças de
segurança e agentes de proteção civil (dia
25), simulacro de incêndio (dia 28) e desfile
de meios (dia 29).
Informações em www.cm-oeiras.pt
.................................
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