P U B L I C AÇ ÃO M E N S A L DA AU T O R I DA D E N AC I O N A L D E P R O T E CÇ ÃO C I V I L / N .º 5 0 / M A I O 2 0 1 2 / I S S N 1 6 4 6 – 9 5 4 2 Incêndios Florestais “Não nos podemos resignar a esta situação” Entrevista a Vítor Vaz Pinto, Comandante Operacional Nacional 50 Maio de 2012 Distribuição gratuita Para receber o boletim P RO C I V em formato digital inscreva-se em: www.prociv.pt Este Boletim é redigido ao abrigo do Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa. Foto: António Gamito EDITORIAL Mais perto de todos. Com o presente número completam-se 50 edições do PROCIV, boletim informativo da ANPC publicado pela primeira vez em abril de 2008. Ao longo destes quatro anos, a evolução gráfica e editorial acompanhou as necessidades e expectativas não só dos leitores ligados às atividades de proteção e socorro mas também, graças aos contributos das novas tecnologias e redes sociais, de um público muito mais vasto que o público original, desta forma contribuindo para cumprir aquele que era e continua a ser o mote principal, enunciado no primeiro editorial: “Mais perto de todos”. A par de outras iniciativas editoriais, como a coleção de Cadernos Técnicos, o PROCIV tem correspondido aos objetivos iniciais de valorização e divulgação das matérias e atividades no âmbito da proteção civil, constituindo hoje uma referência entre as publicações relacionadas com os riscos coletivos. Nesta edição damos voz ao Comandante Operacional Nacional, Vítor Vaz Pinto. Após um início de ano em que se registaram inúmeras ocorrências de incêndios florestais, sobretudo no centro e norte do país, associadas a condições meteorológicas atípicas que fizeram do inverno climatológico de 2011/201 2 o mais seco desde que existem registos (1931), importa clarificar algumas das medidas preconizadas na Diretiva Operacional Nacional n.º 2 que institui um Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF). O combate a este flagelo, nos últimos anos, tem dado ainda mais consistência à nossa convicção de que grande parte do sucesso do trabalho reside na eficácia da primeira intervenção. Melhorámos bastante neste domínio, fruto de uma maior e melhor vigilância e fiscalização, da introdução no Dispositivo de equipas especializadas em combate indireto e de uma abordagem assente no conceito de comando único. Não nos podemos esquecer, todavia, que grande parte dos incêndios florestais tem origem em atos negligentes, pelo que serão sempre insuficientes os esforços e a dedicação dos milhares de Bombeiros, Sapadores, Militares e demais agentes de proteção civil se não houver uma mudança de comportamento por parte das populações. > grande parte do sucesso alcançado nos últimos anos reside na eficácia da primeira intervenção < Arnaldo Cruz Presidente da Autoridade Nacional de Protecção Civil Projecto co-financiado por: PU BLICAÇÃO M ENSA L Edição e propriedade – Autoridade Nacional de Protecção Civil Diretor – Arnaldo Cruz Redação e paginação – Núcleo de Sensibilização, Comunicação e Protocolo da ANPC Fotos: Arquivo da Autoridade Nacional de Protecção Civil, exceto quando assinalado Impressão – Textype Tiragem – 2000 exemplares ISSN – 1646– 9542 Os artigos assinados traduzem a opinião dos seus autores. Os artigos publicados poderão ser transcritos com identificação da fonte. Autoridade Nacional de Protecção Civil Pessoa Coletiva nº 600 082 490 Av. do Forte em Carnaxide / 2794–112 Carnaxide Telefone: 214 247 100 Fax: 214 247 180 [email protected] www.prociv.pt P. 2 . PROCIV Número 50, maio de 2012 BREVES Algarve: novo exercício de proteção civil permitiu testar resposta operacional Plano Operacional da Serra da Estrela permitiu socorro eficaz em quase 300 ocorrências Decorreu no passado dia 18 de abril, um exercício que teve por finalidade testar o Plano Especial de Emergência para o Risco Sísmico e de Tsunamis do Algarve (PEERST-Alg) e, simultaneamente, o Plano Prévio de Intervenção (PPI) da Linha Ferroviária do Algarve. Coordenado pelo Comando Distrital de Operações de Socorro de Faro da ANPC, este exercício, sem a mobilização de meios reais, foi planeado e conduzido em modo de posto de comando, tendo sido traçado um cenário fictício em que terá ocorrido um evento sísmico com epicentro 228,6 km a oeste-noroeste de Faro, com a duração de 50 segundos, a que se seguiu um tsunami. Na sequência desta ocorrência, verificaram-se danos significativos no parque habitacional e também em pontes, viadutos, vias ferroviárias e rodoviárias, bem como incêndios e outros incidentes diversos responsáveis por elevado número de vítimas, avultados prejuízos materiais e danos ambientais. Em resposta a este cenário, foram acionados diversos meios disponíveis no distrito. Foi desativado, no passado dia 16 de abril, o Dispositivo Conjunto de Protecção e Socorro da Estrela, em vigor desde dezembro. Este dispositivo, que funcionou ao abrigo do Plano Operacional da Serra da Estrela (PONSE) respondeu com eficácia a quase três centenas de ocorrências, tais como acidentes rodoviários, evacuações, desabamentos, desempanagens, buscas de pessoas desaparecidas, entre outras. Contribuiram para este sucesso os Corpos de Bombeiros da Covilhã, Loriga, Seia, São Romão, Manteigas, Gouveia, a Força Especial de Bombeiros da ANPC, o Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro (GIPS/GNR) e outras forças e meios, qualificados para a execução das missões de proteção e socorro. O PONSE abrange uma vasta área do Maciço Central da Serra da Estrela, envolvendo os distritos da Guarda e de Castelo Branco, que abrange zonas dos municípios da Covilhã, Manteigas, Seia e Gouveia, situados a uma altitude superior a 1400 metros, com exceção da área urbana das Penhas da Saúde. Com este plano de operações, ativado anualmente de dezembro a abril, a ANPC pretende definir mecanismos de resposta no âmbito da proteção e socorro que permitam fazer face a eventuais situações de perigo, num período em que a Serra é destino de milhares de visitantes que para ali se deslocam para a prática de montanhismo, passeios pedestres ou outras atividades relacionadas com a neve. Pese embora esta desativação, mantem-se na região uma força mínima do GIPS e da FEB. ANPC promove formação sobre segurança contra incêndio em edifícios Decorreu nos dias 16 e 17 de abril, na sede da ANPC, em Carnaxide, uma ação de formação sobre controlo de fumos em edificações, no âmbito da segurança contra incêndios em edifícios, destinada a elementos da ANPC, das câmaras municipais de Lisboa e do Porto e dos Serviços Regionais de Protecção Civil. Coorganizada pela ANPC e pelo Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC), a ação teve uma forte componente prática, tendo sido realizados ensaios de controlo de fumos no Loures Shopping. Peregrinação a Fátima mobiliza forte dispositivo de proteção e socorro O Comando Distrital de Operações de Socorro de Santarém ativará, nos próximos dias 1 2 e 13 de maio, em Fátima, um plano de operações de proteção e socorro que visa fazer face a possíveis situações de risco decorrentes da deslocação e concentração de peregrinos no Santuário. O dispositivo a ser montado contará com o envolvimento dos diversos agentes de proteção civil, entre os quais Corpos de Bombeiros do distrito, GNR, INEM, e ainda com a Força Especial de Bombeiros, Cruz Vermelha Portuguesa, Corpo Nacional de Escutas, Agrupamento de Centros de Saúde – Médio Tejo I, e Associação de Servitas Nossa Senhora de Fátima. Apoiará a operação o Serviço Municipal de Proteção Civil de Ourém. Para sustentar a instalação de um Posto de Comando Operacional Conjunto será empenhado o Centro Tático de Comando (CETAC) assim como operacionais do Comando Nacional e Distrital, que serão apoiados por técnicos da unidade de recursos tecnológicos da ANPC. O Diretor Nacional de Proteção Civil de Timor, Domingos Pinto, visitará este Posto de Comando. ANPC monitoriza evolução da situação político-militar na Guiné-Bissau No quadro das suas novas atribuições no domínio do Planeamento Civil de Emergência, a ANPC encontra-se a acompanhar a evolução político-militar na Guiné-Bissau, onde residem várias centenas de cidadãos portugueses. Em caso de necessidade, e por decisão do Primeiro-Ministro, é ativado um "Plano de Regresso", que visa prestar apoio nos procedimentos de repatriamento e inserção na sociedade, de forma rápida, segura e organizada e com o mínimo de perturbação para a vida nacional, dos cidadãos nacionais e de outros países amigos a residirem naquele país africano. Com a publicação do DL 73/201 2, de 26 de março, e a absorção das atribuições anteriormente cometidas ao Conselho Nacional de Planeamento Civil de Emergência, tal missão passou a ser coordenada pela ANPC. .......................................................................................... PROCIV . P.3 Número 50, maio de 2012 TEMA >ENTREVISTA Vítor Vaz Pinto Comandante Operacional Nacional Os meios humanos e materiais que constituem o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais para este ano foram apresentados no passado dia 12 de março, na ANPC, pelo Comandante Operacional Nacional, Vítor Vaz Pinto. A estratégia é idêntica à do ano passado: aposta no ataque inicial, cobertura nacional de meios humanos e materiais e colocação de meios interdistritais para reforço operacional. Foi apresentado há alguns dias o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Florestais (DECIF) para 2012. Em que medida é que a Diretiva Operacional Nacional n.º 2 é determinante para a gestão do socorro durante o período mais vulnerável face ao perigo de incêndio florestal que se aproxima? Esta Diretiva Operacional Nacional é um dos documentos estratégicos que materializam o Sistema Integrado de Operações de Proteção e Socorro (SIOPS), instituindo um dispositivo especial de reforço às forças de empenhamento permanente. Garante, ao longo de todo o ano, a resposta operacional articulada de forças de proteção e socorro em conformidade com os graus de gravidade e probabilidade de incêndio florestal e é um instrumento de planeamento, organização, coordenação e comando operacional, que em cada momento garante a arquitetura da estrutura de direção, comando e controlo, regulando a coordenação institucional entre os agentes que P. 4 . concorrem para a defesa da floresta contra incêndios. O documento serve ainda de base à elaboração dos Planos de Operações no âmbito distrital e de referência a todas as diretivas, planos ou ordens de operações dos agentes e entidades integrantes do DECIF. Qual o valor estimado este ano para garantir o DECIF? No âmbito do 3.º pilar da Defesa da Floresta Contra Incêndios, a ANPC prevê gastar no presente ano, em custos diretos, mais de 70 milhões de euros, cerca de 45 milhões no dispositivo aéreo e mais de 25,2 milhões no dispositivo terrestre, afeto aos Corpos de Bombeiros (CB). Considera dispor dos meios e recursos necessários para gerir as operações de combate, durante o período crítico de incêndios florestais deste ano? Hoje a ANPC conta com 51 elementos de comando na sua estrutura operacional própria, que materializam as competências legalmente atribuídas no âmbito do SIOPS, designadamente a atuação de todas as forças no mesmo plano operacional sob um comando único. Neste âmbito e até ao próximo mês de maio estão em curso um conjunto de ações de formação e treino operacional que visam atualizar e aperfeiçoar tecnicamente os operacionais integrantes do DECIF, em especial os elementos de comando e chefias dos Corpos de Bombeiros, como primeiros responsáveis pelo comando das operações de socorro e desempenho das diversas funções na gestão das ocorrências. O investimento realizado nos últimos anos em recursos tecnológicos para apoio à decisão operacional e sustentação das operações são complementos importantes e facilitadores que, aliados à experiência adquirida, potenciam a tomada de decisões devidamente fundamentadas. Na semana passada foi publicada uma Norma Operacional Permanente sobre o Sistema de Gestão de Operações (SGO), que se constitui como uma im- ......................................................................................... PROCIV Número 50, maio de 2012 TEMA portante ferramenta de trabalho no âmbito do comando e controlo e que vem facilitar a operacionalização dos preceitos legais previstos no SIOPS, numa perspetiva transversal a todo o território continental. Os meios aéreos têm-se revelado eficazes no combate aos incêndios florestais? Quais os fatores que determinam esse sucesso? Os meios aéreos são um complemento importante no conceito de operação adotado em 2006, especialmente no que respeita ao ataque inicial no período diurno, nomeadamente face aos tempos conseguidos na chegada da primeira equipa organizada ao local da ocorrência. Os helicópteros de ataque inicial transportam uma equipa ou brigada helitransportada do Grupo de Intervenção de Proteção e Socorro da GNR ou da Força Especial de Bombeiros da ANPC. No ano passado atingiram uma média de chegada ao teatro de operações de 8 minutos, com uma taxa de sucesso de 93%. Destaco ainda as vantagens da intervenção das aeronaves dedicadas ao ataque ampliado, cuja interação com as forças terrestres em grande parte das situações são determinantes para o domínio dos incêndios florestais que atingem proporções significativas. Resumindo, importa salientar que por si só os meios aéreos não extinguem os incêndios, sendo necessária uma ação conjugada com os meios terrestres. Dispõe dos meios necessários e suficientes para enfrentar o cenário que este ano se prevê? Entendo que estamos perante o dispositivo possível neste momento, e considerando o histórico e lições aprendidas, nomeadamente no que respeita ao número de ocorrências e sua distribuição espacial e temporal, associada a condições meteorológicas sem grande variabilidade ou episódios extremos, considero que este dispositivo, se adequa ao expetável aumento de atividade operacional propício para esta altura do ano, ainda que, possam ser implementadas outras medidas excecionais No limite, e no eventual esgotamento da capacidade em meios aéreos, que medidas adicionais estão previstas? Em situações excecionais, uma das medidas previstas será a possibilidade de ativação dos mecanismos disponíveis através dos acordos bilaterais existentes com outros países, ou no âmbito do Mecanismo Europeu de Proteção Civil, numa lógica de extensão do princípio da subsidiariedade entre os Estados. Esta medida enquadra-se na garantia de uma interligação com as outras organizações de proteção civil dos países com os quais Portugal possui acordos de cooperação bilateral, especialmente com a Direcção-Geral de Proteção Civil e Emergências de Espanha, considerando os acordos transfronteiriços, mas também com outros países como França, Marrocos ou Rússia, para os quais podem ser canalizados pedidos de apoio. É igualmente garantida a interligação, através do contacto permanente e da realização de briefings semanais, com o Centro de Informação e Vigilância da União Europeia, que promove a troca permanente de informações, nomeadamente sobre o ponto de situação operacional em cada país que integra este Mecanismo, as previsões meteorológicas e a disponibilidade de meios aéreos para projeção externa. O Comando Nacional de Operações de Socorro acompanha em permanência o evoluir da situação de emergência referente aos incêndios florestais. Como se processa esse acompanhamento? ........................................................................................ PROCIV . P.5 Número 50, maio de 2012 TEMA Este acompanhamento é diário e permanente, feito através da monitorização da situação nacional através da ligação aos Comandos Distritais de Operações de Socorro que em cada distrito monitorizam a situação no seu âmbito territorial. Qualquer ocorrência que abranja um conjunto de critérios pré-definidos e que revelem a necessidade de reforço de meios é imediatamente reportada ao escalão superior. Para esta tarefa contribui de forma decisiva a realização de briefings técnico-operacionais diários quer no Comando Nacional quer nos Comandos Distritais da ANPC nos quais participam elementos da estrutura operacional e de outras unidades orgânicas da ANPC, um conjunto de elementos técnicos e oficiais de ligação das entidades integrantes do © Ana Livramento DECIF. Na sequência destes briefings são tomadas as medidas operacionais de antecipação decorrentes da análise da situação. Nos primeiros meses do ano vivemos um período anormalmente quente e seco para esta época do ano, o qual foi assinalado por um elevado número de incêndios florestais. Porventura, pode considerar-se o prenúncio de um Verão «sem mãos a medir» para os agentes de proteção civil? Em rigor não podemos tirar semelhante conclusão. De facto os primeiros meses de 2012 foram secos, criando condições favoráveis à ignição e propagação dos incêndios florestais. Todavia, e considerando a elevada variabilidade climática que temos vindo a assistir nos últimos anos, nada nos permite antever um verão com elevadas temperaturas, sendo certo, porém, que a ocorrência de incêndios florestais depende, na sua quase totalidade, da ausência de cultura de prevenção por parte dos cidadãos, e na adoção de comportamentos de risco, que importa combater. Todos os anos eclodem numerosos incêndios que acabam por ter graves consequências sobre as populações e os seus haveres, além de criarem graves prejuízos ambientais P.6 . e terem um forte impacto na despesa pública. O que está mal? Porventura há forma de inverter este «estado de coisas» ou teremos de viver resignados à situação? Penso que não nos poderemos resignar a esta inevitabilidade. Sendo certo que Portugal se situa na bacia mediterrânica, onde o fogo faz parte © R. Santos do ecossistema, é fundamental apostarmos em ações de prevenção. Que ações são essas? Por exemplo através de ações de sensibilização contínuas e ajustadas a diversos públicos, do rigoroso cumprimento da legislação em vigor e do apoio às populações na gestão dos espaços rurais considerando soluções adequadas para a manutenção dos baixos níveis de perigosidade. As queimas e queimadas são apontadas como a principal causa do elevado número e dimensão dos incêndios florestais. Como se pode evitar estas causas que, em muitos casos, estão associadas a práticas ancestrais enraizadas na população rural? Considerando a realidade atual do mundo rural, em Portugal talvez a forma mais inteligente de as evitar seja criar mecanismos adequados que possibilitem regular estas práticas através do estabelecimento de regras claras de execução e de acompanhamento por via da introdução conjugada de várias práticas de redução da carga combustível, quer seja por via da própria ação da pastorícia ou da utilização de fogo controlado. “cabe a cada cidadão, a missão de sensibilizar o próximo, quando em presença de um comportamento negligente passível de originar um incêndio florestal” Uma das ideias que se vem arreigando nalguns setores é de que os custos do combate aos incêndios florestais são desproporcionalmente elevados face ao valor económico subjacente que se visa proteger. É efetivamente assim? O desejável seria que os custos associados ao combate aos incêndios florestais fossem diminutos pois tal significaria que as medidas no âmbito da prevenção seriam completamente eficazes. No entanto, e considerando o elevado número de ignições que se continuam a registar anualmente, torna-se necessário assegurar a existência de um dispositivo que assegure uma resposta pronta e adequada a esta realidade e que garanta permanentemente a segurança de pessoas, a salvaguarda do património e do ambiente, para além da manutenção dos valores de área ardida abaixo das metas estabelecidas pelo Plano Nacional de Defesa da Floresta Contra Incêndios. No período crítico do combate aos incêndios florestais, a comunicação social, em especial as estações televisivas, dedicam vasto tempo de antena à cobertura noticiosa das operações de socorro. Considera que essa densidade informativa pode ser prejudicial ou útil à evolução da campanha de combate aos incêndios? É natural que assim aconteça, na medida em que os incêndios florestais, pelas suas consequências, são uma problemática que preocupa todos os cidadãos. Todavia, uma cobertura excessivamente exploratória da imagem dos incêndios florestais, sem dar destaque aos esforços levados a cabo para a sua extinção, pode contribuir em algumas situações para alarmar as populações, quando o que seria desejável é que estas pudessem, através da comunicação social, ficar mais sensíveis à necessidade de adoção das medidas preventivas de forma a evitar os incêndios. O combate aos incêndios florestais é uma missão complexa, dado o número de atores que envolve e as diferentes responsabilidades que ........................................................................................ PROCIV Número 50, maio de 2012 T E MTAE M A decorrem das suas atribuições próprias. É fácil promover a articulação para fins operacionais de todos os intervenientes? Os elementos especializados dos organismos que de uma maneira direta ou indireta, a nível local, distrital ou nacional, possam contribuir com o seu conhecimento científico e técnico, são fundamentais para facilitar a tomada de decisão. Dou o exemplo da meteorologia: os conhecimentos e os produtos meteorológicos colocados à disposição são fundamentais para traçar cenários e estabelecer medidas operacionais de antecipação. Por outro lado, os conhecimentos da floresta portuguesa, do comportamento das principais espécies florestais perante o fogo, o nível de infraestruturação do território, e outros, representam uma mais-valia para uma intervenção operacional adequada. © Paulo Santos Que pode o cidadão comum fazer para cumprir com a sua quotaparte de dever no que respeita aos incêndios florestais? O cidadão é, simultaneamente, des- tinatário e veículo das mensagens de sensibilização, no âmbito da defesa da floresta contra incêndios. As florestas portuguesas constituem um património vivo, essencial ao desenvolvimento sustentável do nosso país, pelo que, todas as ações que originem incêndios, como as queimas, queimadas, os piqueniques em locais proibidos ou não devidamente preparados para o efeito e outros, devem ser amplamente divulgadas por todos, cabendo também a cada um de nós a responsabilidade de sensibilização do próximo, quando em presença de uma qualquer ação, negligente ou intencional, passível de originar um incêndio florestal. Perece existir uma certa confusão na interpretação dos Alertas e Avisos difundidos à população. Quais são as diferenças entre uns e outros? O estado de alerta especial é dirigido exclusivamente às organizações integrantes do SIOPS e visa intensificar as ações preparatórias para as tarefas de supressão ou minoração das ocorrências, colocando meios humanos e materiais de prevenção, em relação ao pe- ríodo de tempo e à área geográfica em que se preveja especial incidência de condições de risco. Pretende-se com a determinação de cada um dos quatro níveis de alerta (azul, amarelo, laranja e vermelho) reforçar aqueles meios necessários para as missões a cumprir e a adoção de esquemas preparatórios para a intervenção ou atuação iminente. A ativação do estado de alerta especial resulta sempre de uma análise de risco balanceada com a disponibilidade das forças de resposta, pelo que a sua determinação tem que resultar no incremento da disponibilidade de meios e recursos por parte das organizações que concorrem para resposta. Por sua vez os avisos são dirigidos aos cidadãos, para que estes adotem as medidas de prevenção e autoproteção adequadas face a determinado risco. ........................................................................................ PROCIV . P.7 Número 50, maio de 2012 AGE N DA 4 e 5 de m aio, Avei ro I CONGRESSO PORTUGUÊS SOBRE O LUTO Organizado pela Sociedade Portuguesa de Estudo e Intervenção do Luto (SPEIL), em colaboração com a Universidade de Aveiro, o Observatório do Luto em Portugal e o Espaço do Luto. Entre outros temas, será abordado o “Luto dos cuidadores/ interventores”, designadamente os agentes de proteção civil. Mais informações em http://congresso.speil.pt ................................. 7 e 8 de m aio, Lisboa SEGURANÇA NAS ESCOLAS: CURSO DE FORMAÇÃO PARA PROFESSORES Organizado pelo Departamento de Protecção Civil da Câmara Municipal de Lisboa , esta ação é dirigida a educadores, professores e auxiliares de ação educativa das diversas escolas da cidade de Lisboa. Informações adicionais poderão ser obtidas junto do Departamento de Protecção Civil / Divisão de Prevenção. ................................. 10 a 21 de m aio, Sabuga l AÇÕES DE SENSIBILIZAÇÃO PARA OS INCÊNDIOS FLORESTAIS Coordenadas pelo Serviço Municipal de Proteção Civil do Município do Sabugal, em conjunto com os corpos de bombeiros voluntários do Sabugal e Soito, e com a colaboração do SEPNA/GNR. Mais informações em www.cm-sabugal.pt ............................ 15 a 17 de m aio, Lisboa IV ENCONTRO NACIONAL DE RISCOS, SEGURANÇA E FIABILIDADE Organizado pela Secção Portuguesa da Associação Europeia de Segurança e Fiabilidade (ESRA), o evento, que se realiza no Centro de Congressos do Instituto Superior Técnico, abordará tópicos relacionados com a segurança, fiabilidade e risco, organizados em sessões técnicas como: riscos públicos, segurança nos transportes, segurança ocupacional, fiabilidade e manutenção e riscos naturais. Mais informações em www.ist.utl.pt ................................. 17 e 18 de m aio, Castelo Branco III ENCONTRO SOBRE SISTEMAS DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA O encontro tem como objetivo divulgar a aplicação das tecnologias SIG nas áreas do Ambiente, da Floresta, da Agricultura, da Proteção Civil e do Ordenamento do Território. Os temas abordados incluem Sistemas de Informação Geográfica (Ambiente, Floresta, Agricultura, Proteção Civil e Ordenamento do Território), Deteção Remota, Cadastro, Sistemas de Posicionamento Global e Infraestruturas Espaciais de Dados.Inscrições em www.ipcb.pt ................................. 25 a 29 de m aio, Oei ras SEMANA DA PROTEÇÃO CIVIL O programa deste evento inclui um "dia aberto" em todas as freguesias do concelho, assegurado pelos corpos de bombeiros, exposições estáticas, encontro de forças de segurança e agentes de proteção civil (dia 25), simulacro de incêndio (dia 28) e desfile de meios (dia 29). Informações em www.cm-oeiras.pt .................................