BIOMATERIAIS DESENVOLVIMENTO E APLICAÇÕES Sônia Maria Malmonge Universidade Metodista de Piracicaba Biomateriais tem contribuído significativamente para avanços na medicina moderna procedimentos clínicos que utilizam biomateriais para restaurar ou substituir órgãos e/ou tecidos lesados Implantes temporários ou permanentes sistemas para assistência cirúrgica dispositivos para realização de exames DEFINIÇÕES EM BIOMATERIAIS Sociedade Européia de Biomateriais Conferência de Consenso, Chester, Inglaterra, março / 86 Biomaterial Um material não viável utilizado em um dispositivo médico, com intenção de interagir com sistemas biológicos. Biocompatibilidade A capacidade de um material induzir uma resposta apropriada do hospedeiro em uma aplicação específica. Órgão artificial Um dispositivo médico que substitui, em parte ou no todo, a função de um dos órgãos do corpo. Implante Um dispositivo médico feito de um ou mais biomateriais que é intencionalmente inserido dentro do corpo, seja total ou parcialmente, sepultado abaixo da superfície epitelial. Dispositivo médico Um instrumento, aparelho, implemento, máquina, dispositivo, reagente “in vitro”, ou outro artigo similar ou relacionado, incluindo qualquer componente, parte ou acessório, que é planejado para uso no diagnóstico de doença ou outras condições, ou na cura, alívio, tratamento ou prevenção de doença humana. Prótese Um dispositivo que substitui um membro, órgão ou tecido do corpo. Materiais e artigos implantáveis São os materiais e artigos de uso médico ou odontológico, destinados a serem introduzidos total ou parcialmente no organismo humano ou em orifício do corpo, ou destinados a substituir uma superfície epitelial ou superfície do olho, através de intervenção médica, permanecendo no corpo após o procedimento por longo prazo, e podendo ser removidos unicamente por intervenção cirúrgica. ANVISA port. 2043/94, 686/98 Onde são usados ? oftalmologia Ortopedia Cardiologia Odontologia Diversos Histórico Biomateriais – 1a geração Primeiros biomateriais Uso de ouro e marfim na reposição de dentes, vidro para reposição do globo ocular, aço ou madeira para confecção de próteses de membros Biomateriais - 2a geração Uso de materiais estruturais Aproveitamento de materiais avançados, desenvolvidos para outras aplicações (indústria automobilística e aeronáutica) Ex. ligas de titânio na ortopedia, lentes acrílicas, dracon para enxerto de vasos, teflon em próteses ortopédicas) Biomateriais - 3a geração Aprimoramento Desenvolvimento de materiais com características específicas de acordo com a aplicação. Ex. PEUAPM para superfícies articulares, válvulas cardíacas e marcapassos Biomateriais - 4a geração Biomimética & Engenharia de Tecido Biomimética - Busca a reprodução de formas e/ou função de tecidos biológicos Engenharia de tecido - Emprega a tecnologia de materiais para desenvolver estruturas que sejam capazes de servir como substrato para cultivo de células “in vitro” de forma a desenvolver novo tecido. DESENVOLVIMENTO EM BIOMATERIAIS Pesquisas Desenvolvimento de novos materiais e aplicação de materiais avançados em áreas biomédicas Busca por dispositivos que apresentem melhor desempenho; Busca por alternativas que levem à redução de custos com manutenção de pacientes em hospital; Desenvolvimento e marketing (pressão de mercado para novos materiais e dispositivos). Mercado Demanda Nos EUA, anualmente: Aproximadamente 900.000 trumáticos a cartilagem de danos Cerca de 800.000 pacientes são hospitalizados com fraturas ósseas que requerem intervenções cirúrgicas empregando dispositivos de osteossíntese Cerca de 2,6 milhões de pacientes são acometidos de lesões da pele de difícil cicatrização www.fibrogen.com Biomateriais: mercado crescente Enxertos ósseos $ 87.8 M (1997) $ 212 M (2002) Tendões e ligamentos $ 5 M (1997) $ 37.1 M (2002) Dispositivos cardiovasculares $ 1.7 B (1995) $ 4.3 B (2002) fonte: MD&DI, nov/98 Planejamento do desenvolvimento Conhecer as relações entre estrutura - função do tecido/órgão em questão; Conhecer as condições fisiológicas relacionadas a função do tecido/órgão em questão; Definir as propriedades alvo para o material/dispositivo em desenvolvimento; Planejar os ensaios de caracterização para avaliação da biocompatibilidade do material/dispositivo em desenvolvimento; Caracterização / avaliação de Biomateriais Importância da reprodução das condições de solicitação in vivo fluidos : plasma sanguíneo, fluido sinovial, saliva solicitações : tração, compressão, flexão, desgaste (estática ou dinâmica, ordem de grandeza e frequência) Caracterização / avaliação de Biomateriais Propriedades físico químicas Ensaios in vitro - cultura de células Ensaios in vivo - animais Testes clínicos - pacientes Propriedades físico químicas estrutura química morfologia (porosidade, formato, arranjo estrutural) características superficiais determinam interação com tecidos vizinhos propriedades mecânicas determinam o desempenho da função do tecido e/o órgão Processamento processo de confecção : controlar parâmetros determinantes das propriedades, custo esterilização : podem alterar estrutura química Avaliação do desempenho biológico Testes in vitro constituem a primeira etapa na seleção de materiais Hemocompatibilidade (ASTM F756) Citotoxicidade (ASTM F813, F895) Citotoxicidade Material ou extrato + células avaliação do crescimento celular e viabilidade celular Avaliação do desempenho biológico e funcional Testes in vivo Permitem avaliar a resposta do tecido hospedeiro ao implante do material e o desempenho funcional do implante ao longo do tempo Testes in vivo Implantes subcutâneo - ASTM F-1408 Implante intramuscular - ASTM F-763 Implante de longa duração (músculo ou osso) ASTM F-891 Desempenho biológico - planejado de acordo com aplicação Testes in vivo Testes imunológicos - ASTM F-710, F-720, F-749, F-750 Mutagenicidade - ASTM E-1262, E-1280 Pirogenicidade - USP Rabbit Test, USP bacterial endotoxin test Carcinogenicidade - ASTM F-1439 Processo inflamatório (agudo / crônico) Desempenho funcional Testes a serem realizados em um desenvolvimento ? Testes que estabeleçam um nível razoável de confiança quanto à resposta biológica do tecido hospedeiro ao material/dispositivo em questão ASTM F-748 - seleção de testes biológicos para materiais e dispositivos Normas internacionais ASTM - American Standard Test Materials Medical devices - volume 13.01 ISO — International Standards Organization ISO/TR 10993 - Biological evaluation of medical devices ISO/TR 7405 - Biological evaluation of dental materials ANSI — American National Standards Institute AAMI — Association for Advancement of Medical Instrumentation Classes de materiais Metais Metais Vantagens dos metais como biomateriais Apresentam elevado valores mecânica (capacidade para de resistência sustentação de cargas) Permitem a confecção de peças em diferentes formatos Desvantagens dos metais como biomateriais Os valores de E são muito superiores aos do osso, não permitindo as vezes que o osso fixado receba estímulo mecânico Sofrem corrosão Cerâmicas Cerâmicas Tipos de biocerâmicas Bioinertes Material que permanece no organismo sem induzir resposta tecidual significativa Bioativas Material que induz cresicmento tecidual (osteoindução / osteocondução) Reabsorvível Material que biodegrada no organismo, sendo que os produtos da degradação são metabolizados sem causar efeitos nocivos Polímeros Vantagens do uso de biomateriais poliméricos Baixa densidade; Facilidade de fabricação em diversos formatos, permitindo bom acabamento; Elevada eficiência dos processos de fabricação, permite elevada produtividade; Diversidade de propriedades; Baixo consumo energético p/ processamento; Comportamento elastomérico; Possibilidade de polimerização “in situ”; Resistência a corrosão DESAFIOS Ortopedia – juntas artificiais PEUAPM em superfícies articulares aumentar resistência ao desgaste Cimento ortopédico diminuir liberação de calor durante a cura Osteossíntese - dispositivos reabsorvíveis propriedades mecânicas; controle da taxa de reabsorção Osteossíntese – cola biológica Ligamento artificial Biomaterial similar ao ligamento natural; Inserção ligamento - osso cartilagem articular Cartilagem artificial capacidade amortecimento; lubrificação; resistência ao desgaste; fixação aos tecidos vizinhos Oftalmologia Lente intraocular mínima intervenção; reduzir opacificação Enxerto de vasos elasticidade não trombogênico adesão (cola ) Catéteres e outros dispositivos Reduzir infecção devido à entrada de microorganismos ENGENHARIA DE TECIDOS Engenharia de tecidos Àrea emergente considerada futuro da medicina Refere-se ao uso dos princípios e métodos da engenharia e ciências da vida para entender os fundamentos das relações estrutura-função de tecidos normais e patológicos e assim fundamentar o desenvolvimento de substitutos biológicos para restaurar, manter ou melhorar funções de diferentes tecidos ou órgãos. National Science Foundation Workshop, 1988 Representa o “casamento” entre a biologia celular e a engenharia de materiais que visa manipular e reconstituir tecidos ou órgãos lesados. Pele artificial Engenharia de tecidos - perspectivas Biomateriais onde obter informações SLABO Sociedade Latino Americana de Biomateriais e Órgãos Artificiais www.slabo.org.br BIOMAT NET www.biomat.net TISSUE ENGINEERING SOCIETY www.teinternational.org TISSUE ENGINEERING www.tissue_engineering.net Obrigado ! Dúvidas ? Maiores informações [email protected]