PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB Cristiane Silva Rocha Damasceno Modelagem Geológica e Geomecânica 3D e Análises de Estabilidade 2D dos Taludes da Mina de Morro da Mina, Conselheiro Lafaiete, MG, Brasil DISSERTAÇÃO DE MESTRADO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil Rio de Janeiro, fevereiro de 2008 Livros Grátis http://www.livrosgratis.com.br Milhares de livros grátis para download. Cristiane Silva Rocha Damasceno Modelagem Geológica e Geomecânica 3D e Análises de Estabilidade 2D dos Taludes da Mina de Morro da Mina, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB Conselheiro Lafaiete, MG, Brasil Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Engenharia Civil da PUC-Rio. Orientador: Sérgio Augusto Barreto da Fontoura Rio de Janeiro Fevereiro de 2008 Cristiane Silva Rocha Damasceno Modelagem Geológica e Geomecânica 3D e Análises de Estabilidade 2D dos Taludes da Mina de Morro da Mina, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB Conselheiro Lafaiete, MG, Brasil Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de PósGraduação em Engenharia Civil da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada. Prof. Sérgio Augusto Barreto da Fontoura Orientador Departamento de Engenharia Civil – PUC-Rio Prof. Alberto de Sampaio Ferraz Jardim Sayão Departamento de Engenharia Civil – PUC-Rio Prof. Ana Cristina Castro Fontenla Sieira Departamento de Estruturas e Fundações – UERJ Prof. José Eugênio Leal Coordenador Setorial do Centro Técnico Científico – PUC-Rio Rio de Janeiro, 26 de fevereiro de 2008 Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução total ou parcial do trabalho sem autorização da universidade, da autora e do orientador. Cristiane Silva Rocha Damasceno PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB Graduou-se em Engenharia Civil – ênfase em Estruturas, na UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro) em 2005/1. Presta serviço voluntário de caráter filantrópico, atuando como responsável técnica pela execução de furos de sondagens, para dimensionamento de estrutura e construção de Salões do Reino das Testemunhas de Jeová. Ficha Catalográfica Damasceno, Cristiane Silva Rocha Modelagem Geológica e Geomecânica 3D e Análises de Estabilidade 2D dos Taludes da Mina de Morro da Mina, Conselheiro Lafaiete, MG, Brasil / Cristiane Silva Rocha Damasceno; orientador: Sérgio Augusto Barreto da Fontoura. – 2008. 165 f.: il.; 30 cm Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2008. Inclui bibliografia. 1. Engenharia civil – Teses. 2. Minas a céu aberto. 3. Modelagem. 4. Geoestatística. 5. Análises de estabilidade. I. Fontoura, Sérgio Augusto Barreto da. II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. III. Departamento de Engenharia Civil. IV. Título. CDD 624 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB Ao meu Soberano Altíssimo Senhor Jeová, pois “Digno és, Jeová, sim, meu Deus, de receber a glória, e a honra, e o poder, porque criaste todas as coisas e porque elas existiram e foram criadas por tua vontade” (Revelação/Apocalipse 4:11). Agradecimentos Ao meu amado Deus Jeová por ter permitido que eu chegasse até aqui em minha vida, por ter cuidado de mim, e ter me guiado por bons caminhos ao longo PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB deste curso que concluo agora, e ao longo da minha vida, pois “desde o ventre de minha mãe tens sido meu Deus” (Sal 22:10). Ainda ao meu Soberano Deus, pela ajuda recebida através dos meus queridos pais e irmãos na fé; através das inúmeras pessoas maravilhosas que conheci na Universidade da qual sou originária – UERJ, e na Universidade onde me encontro agora – PUC-Rio, sendo que nesta a lista vai desde o pessoal da “Van dos Funcionários da PUC” até o pessoal do GTEP, passando pelo pessoal e professores do Departamento de Engenharia Civil; e por meio das instituições CAPES, VALE, na pessoa de Paulo R. Franca, Schlumberger, Rocscience, e do próprio GTEP, na pessoa do meu estimado orientador Sérgio A. B. da Fontoura, que sem as quais este trabalho não poderia ter sido realizado, e principalmente, pelo privilégio de ter levado o nome Dele a pessoas que nunca ouviram falar sobre ele, pois conforme está escrito: “como ouvirão, se não houver quem pregue?” (Ro 10:14). Resumo Damasceno, Cristiane Silva Rocha; Fontoura, Sérgio Augusto Barreto da. (Orientador) Modelagem Geológica e Geomecânica 3D e Análises de Estabilidade 2D dos Taludes da Mina de Morro da Mina, Conselheiro Lafaiete, MG, Brasil. Rio de Janeiro, 2008. 165 p. Dissertação de Mestrado – Departamento de Engenharia Civil, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. O trabalho propõe uma metodologia para elaboração de modelos geológicos e geomecânicos (3D) e realização de análises de estabilidade (2D) de taludes rochosos de minas a céu aberto, com base nos dados da mina de Morro da Mina, fornecidos pela empresa VALE, a qual esta pertence. A metodologia está dividida em duas etapas: modelagem e análises de estabilidade. Para a modelagem, foi utilizado o software Petrel 2004, que oferece ferramentas geoestatísticas, possibilitando a extrapolação das informações PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB geotécnicas pontuais c’, φ’, RQD, Q e RMR, obtidas por meio de testemunhos de sondagem, para o maciço inteiro. Utilizou-se a técnica de Krigagem Ordinária. O modelo gerado representou bem a distribuição destas propriedades no espaço. Na etapa de análise de estabilidade, foram utilizadas seções resultantes da modelagem geomecânica. Dois tipos de análises foram realizados: análises cinemáticas, com utilização do software Dips, da Rocscience, e análises por equilíbrio limite dos taludes globais e das bancadas, utilizando-se o software Slide 5.0, também da Rocscience. No primeiro tipo, realizado com dois conjuntos de mapeamentos diferentes, foi constatado que as bancadas devem receber bastante atenção nesta mina, e no segundo tipo, foi verificada a segurança quanto à ruptura circular das bancadas e taludes globais, porém recentemente ocorreu uma ruptura em um dos locais analisados. Os programas RocData 4.0 e RocProp, ambos da Rocscience, foram utilizados para estimar os parâmetros de resistência de Mohr-Coulomb, e os softwares AutoCAD 2004 e Microsoft Office Excel auxiliaram na preparação dos arquivos de entrada no Petrel 2004 e no Slide 5.0. Palavras-chave Minas a Céu Aberto; Modelagem; Geoestatística; Análises de Estabilidade. Abstract Damasceno, Cristiane Silva Rocha; Fontoura, Sérgio Augusto Barreto da. (Advisor) Geological and Geomechanics Modelling 3D and Stability Analyses 2D of The Slopes of the Morro da Mina Mine, Conselheiro Lafaiete, MG, Brazil. Rio de Janeiro, 2008. 165 p. MSc. Thesis – Department of Civil Engineering, Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. This work presents a methodology to develop geological and geomechanic models (3D) and to carry out stability analyses (2D) of rock slopes of open pit mine, based on data of Morro da Mina mine, provided by the mining company VALE. The methodology is divided in two stages: modelling and stability analyses. For the modelling, the software Petrel 2004, which allows the use of geostatistical tools, was used, being possible the spatial distribution of geotechnical information, obtained from borehole cores, for the whole rock mass. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB The technique of Ordinary Kriging was used. The modeled properties were the following: c’, φ’, RQD, Q e RMR. The generated model represented well the spatial distribution of these properties. The stability analyses were carried out using 2D sections and the necessary rock mass parameters were obtained from the geomechanical model. Two types of analyses were carried out: kinematic analyses, with use of the software Dips, from Rocscience, and limit equilibrium analyses of the global slopes and the benches, where the software Slide 5.0, also from Rocscience was used. The Kinematic analyses, carried out considering two sets of joint orientations, suggested that the benches have to receive enough attention in this mine, and the limit equilibrium analyses for circular failure of the benches and global slopes indicated high factors of safety. However, before this work initiating a failure already had happened in one of the sections analyzed. The programs RocData 4.0 and RocProp, both from Rocscience, were used to estimate the Mohr-Coulomb strength parameters, and the programs AutoCAD 2004 and Microsoft Office Excel helped at the development of the input files in the Petrel 2004 and Slide 5.0. Keywords Open Pit Mines; Modelling; Geostatistics; Stability Analyses. Sumário 1 Introdução 20 1.1. Motivação 20 1.2. Objetivo 21 1.3. Escopo 22 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB 2 Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 24 2.1. Considerações sobre Minas a Céu Aberto 24 2.2. Condicionantes dos Taludes de Minas 25 2.2.1. A Geometria 25 2.2.2. A Geologia Local 27 2.2.3. A Água Subterrânea 29 2.2.4. O Estado de Tensão nos Taludes 30 2.3. Caracterização Geomecânica de Taludes Rochosos 32 2.4. Propriedades de Resistência 34 2.4.1. Resistência das Rochas Intactas 34 2.4.2. Resistência das Descontinuidades 35 2.4.3. Resistência de Maciços Rochosos 36 2.5. Sistemas de Classificação de Maciços Rochosos 42 2.6. Modelagem Geológica e Geomecânica de Maciços Rochosos 45 2.7. Estabilidade de Taludes 48 3 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina 52 3.1. Mina de Morro da Mina 52 3.2. Geologia da Área 54 3.2.1. Litotipos da Cava 58 3.2.2. Feições Estruturais 60 3.2.2.1. Bandamento Composicional S0 61 3.2.2.2. Xistosidade Sn 61 3.2.2.3. Clivagem de Crenulação Sn+1 62 3.2.2.4. Foliação Milonítica Sm em Zonas de Cisalhamento 63 3.2.2.5. Falhas/Fraturas 64 3.2.2.6. Eixos de Boudin δn 66 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB 3.2.2.7. Eixos de Dobras βn 66 3.3. Modelagem Geomecânica e Hidrogeológica da Mina 67 3.3.1. Investigações Geotécnicas da Área da Cava 67 3.3.2. Setorização Geomecânica do Maciço da Cava 70 3.3.3. Parâmetros Geomecânicos 71 3.3.3.1. Caracterização 71 3.3.3.2. Resistência 74 3.3.4. Ocorrência de Intemperismo 78 3.3.5. Investigações Hidrogeológicas da Área da Cava 79 3.3.5.1. Inventário dos Pontos D'Água 79 3.3.5.2. Análise Hidroquímica 80 3.3.5.3. Sistemas Aqüíferos 81 3.3.6. Parâmetros Hidrodinâmicos 82 3.3.7. Modelo Geomecânico Existente 84 3.3.8. Modelo Hidrogeológico Existente 84 4 Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina Utilizando o Software Petrel 2004 86 4.1. Metodologia 86 4.2. Considerações sobre o Software Petrel 86 4.3. Análise dos Dados Recebidos 88 4.4. Material Utilizado na Modelagem 88 4.5. Arquivos de Entrada 89 4.6. Modelo Geométrico 3D da Mina 90 4.7. Upscaling dos Dados 92 4.8. Modelo Geológico 3D da Mina 93 4.8.1. Análise Crítica dos Resultados 98 4.9. Análise Geoestatística e Modelagem Geomecânica 3D da Mina 99 4.9.1. Análise Estatística 99 4.9.2. Análise Estrutural 102 4.9.3. Análise Crítica dos Resultados 108 4.9.4. Krigagem e Modelo Geomecânico 3D da Mina de Morro da Mina 109 4.9.5. Análise Crítica dos Resultados 115 5 Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 117 5.1. Mecanismos Potenciais de Ruptura 117 5.1.1. Estudo das Descontinuidades Preocupantes 117 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB 5.1.2. Orientação dos Taludes em Relação às Descontinuidades 123 5.2. Análises de Estabilidade Cinemáticas 124 5.2.1. Análise Crítica dos Resultados 130 5.3. Análises de Estabilidade por Equilíbrio Limite de Seções Típicas 131 5.3.1. Análise Crítica dos Resultados 141 6 Conclusões e Sugestões 144 6.1. Conclusões 144 6.2. Sugestões 147 Referências Bibliográficas 149 Anexos 157 Lista de Figuras Figura 2.1 – Esquema de uma mina com seus elementos (Abrão & Oliveira, 2004) 26 Figura 2.2 – Parâmetros que definem a geometria de uma mina a céu aberto 26 Figura 2.3 – Superfície de ruptura complexa, governada pelas descontinuidades menores e maiores, e as pontes de rocha (Hoek et al., 2000, modificada por Zea & Celestino, 2004) 29 Figura 2.4 – Resistência à Compressão Uniaxial e Classes de Alteração (Vaz, 1996) 34 Figura 2.5 – Estimativa de GSI para maciços rochosos fraturados (Marinos et al., 2005) 39 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB Figura 2.6 – Estimativa de GSI para maciços rochosos heterogêneos (Flysch) (Marinos et al., 2005) 40 Figura 3.1 – Localização da Mina Morro da Mina e todo seu complexo (VALE, 2006) 53 Figura 3.2 – Produtos da mina (VALE, 2006). Figura a: LG13 – Minério de Manganês Carbonatado Granulado (entre 6,30mm e 75,00mm); Figura b: LF01 – Minério de Manganês Carbonatado Fino (6,30mm) 53 Figura 3.3 – Cenário deposicional originador dos corpos de manganês (Geoexplore, 2005) 55 Figura 3.4 – Contato tectônico do minério de manganês sílico-carbonatado com granitóide, envolvido por um dobramento isoclinal assimétrico, em zona de cisalhamento com biotita xisto carbonoso (Geoexplore, 2005) 57 Figura 3.5 – Diagrama estrutural de pólos de S0 dos Setores da mina (Geoexplore, 2005) 61 Figura 3.6 – Diagrama estrutural de pólos de Sn dos Setores da mina (Geoexplore, 2005) 62 Figura 3.7 – Exemplos de Clivagem de Crenulação. Figura a: clivagem de crenulação observada na zona de charneira de uma dobra maior (as dobras nos microlitons são simétricas); Figura b: clivagem de crenulação observada num flanco de uma dobra maior (as microdobras são assimétricas) 63 Figura 3.8 – Zona de Cisalhamento em biotita-feldspato-quartzo xisto, com porfiroblastos estirados e sombras de pressão em sua cauda (Geoexplore, 2005) 64 Figura 3.9 – Estilo de falhamento oblíquo em Zona de Cisalhamento, no biotita xisto grafitoso (Geoexplore, 2005) 65 Figura 3.10 – Diagramas estruturais de planos de falhas para os setores da mina (Geoexplore, 2005) 65 Figura 3.11 – Exemplo de slickenside. O bloco que assenta sobre a superfície observada deslocou-se da esquerda para a direita, relativamente ao bloco inferior. A seta indica o sentido do bloco de cima 65 Figura 3.12 – Exemplos de Boudin. À esquerda: exemplo geral de boudin. À direita: Formas de boudinage em biotita xisto grafitoso – Mina de Morro da Mina (Geoexplore, 2005) 66 Figura 3.13 – Em planta, dobramento isoclinal simétrico com eixos verticalizados PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB (Geoexplore, 2005) 67 Figura 3.14 – Posição dos 39 furos de sondagem efetivamente usados, em relação à mina 69 Figura 3.15 – Setorizações da mina: Geoexplore (2005) – Setores I, II e III; SBC (2001) – Setores SW1, SW2, NW e NE 71 Figura 3.16 – Visualização dos taludes da cava com as direções cardeais e colaterais aproximadas (Vale, 2006) 78 Figura 3.17 – Visualização dos taludes da cava com as direções colaterais aproximadas (Vale, 2006) 79 Figura 3.18 – Visualização da posição das nascentes na cava da mina 80 Figura 4.1 – Geometria da Cava da mina de Morro da Mina 90 Figura 4.2 – Visualização das posições das bocas dos furos e suas trajetórias – vista de cima da cava 91 Figura 4.3 – Visualização espacial das trajetórias dos furos de sondagens 91 Figura 4.4 – Informações ao longo dos furos de sondagens – RQD 92 Figura 4.5 – Upscaling RQD 93 Figura 4.6 – Seqüência de furos de sondagem e Well Tops 94 Figura 4.7 – Horizons intermediários – vista do Sul 97 Figura 4.8 – Horizons intermediários – vista do Nordeste 98 Figura 4.9 – Transformação 1D Trend para a variável Q, Zona 3, representando o ajuste mais difícil desta transformação – FC = 0,148759 100 Figura 4.10 – Transformação 1D Trend para a variável RQD, Zona 1, representando o melhor ajuste desta transformação – FC = 0,70704 100 Figura 4.11 – Transformação Normal Score para a variável Q, Zona 1, representando o ajuste mais difícil desta transformação – Min = -1,592, Max = 6,69, σ = 0,99986 101 Figura 4.12 – Transformação Normal Score para a variável RMR, Zona 1, representando o melhor ajuste desta transformação – Min = -3,262, Max = 3,484, σ = 0,99986 102 Figura 4.13 – Semivariograma representando um mau ajuste para a Major Direction, variável RQD, Zona 1 – Sill = 0,785 103 Figura 4.14 – Semivariograma representando um bom ajuste para a Major Direction, variável C, Zona 1 – Sill = 1 104 Figura 4.15 – Semivariograma representando um mau ajuste para a Minor Direction, variável RQD, Zona 3 – Sill = 0,724 104 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB Figura 4.16 – Semivariograma representando um bom ajuste para a Minor Direction, variável RMR, Zona 1 – Sill = 1 105 Figura 4.17 – Semivariograma representando um mau ajuste para a Vertical Direction, variável RQD, Zona 3 – Sill = 0,785 105 Figura 4.18 – Semivariograma representando um bom ajuste para a Vertical Direction, variável PHI, Zona 3 – Sill = 1 106 Figura 4.19 – Modelo Geomecânico 3D da mina de Morro da Mina – RQD – vista de cima da cava 110 Figura 4.20 – Demais vistas e cortes da mina – RQD 110 Figura 4.21 – Modelo Geomecânico 3D da mina de Morro da Mina – Q – vista de cima da cava 111 Figura 4.22 – Demais vistas e cortes da mina – Q 111 Figura 4.23 – Modelo Geomecânico 3D da mina de Morro da Mina – RMR – vista de cima da cava 112 Figura 4.24 – Demais vistas e cortes da mina – RMR 112 Figura 4.25 – Modelo Geomecânico 3D da mina de Morro da Mina – c’ (MPa) – vista de cima da cava 113 Figura 4.26 – Demais vistas e cortes da mina – c’ (MPa) 113 Figura 4.27 – Modelo Geomecânico 3D da mina de Morro da Mina – φ’ (°) – vista de cima da cava 114 Figura 4.28 – Demais vistas e cortes da mina – φ’ (°) 114 Figura 5.1 – Comparações entre os resultados dos mapeamentos de foliações da Geoexplore (2005) e SBC (2001) 118 Figura 5.2 – Comparações entre os resultados dos mapeamentos de falhas/fraturas da Geoexplore (2005) e SBC (2001) 118 Figura 5.3 – Comparação entre os estereogramas das atitudes das descontinuidades levantadas nos mapas da SBC (2001) e Geoexplore (2005) – Setor SW1 119 Figura 5.4 – Comparação entre os estereogramas das atitudes das descontinuidades levantadas nos mapas da SBC (2001) e Geoexplore (2005) – Setor SW2 120 Figura 5.5 – Comparação entre os estereogramas das atitudes das descontinuidades levantadas nos mapas da SBC (2001) e Geoexplore (2005) – Setor NW 121 Figura 5.6 – Comparação entre os estereogramas das atitudes das PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB descontinuidades levantadas nos mapas da SBC (2001) e Geoexplore (2005) – Setor NE 122 Figura 5.7 – Resultados das análises cinemáticas – Ruptura Planar 125 Figura 5.8 – Resultados das análises cinemáticas – Ruptura Planar e Cunha 126 Figura 5.9 – Resultados das análises cinemáticas – Ruptura em Cunha 127 Figura 5.10 – Resultados das análises cinemáticas – Ruptura por Tombamento – SW1, SW2 128 Figura 5.11 – Resultados das análises cinemáticas – Ruptura por Tombamento – NW, NE 129 Figura 5.12 – Setores da cava com seus respectivos tipos de ruptura possíveis de ocorrer 130 Figura 5.13 – Representação da localização das seções escolhidas para as análises de estabilidade 133 Figura 5.14 – Utilização dos parâmetros de resistência obtidos do Petrel 2004 no programa Slide 5.0 134 Figura 5.15 – Idealização das camadas de material no programa Slide 5.0, a partir dos resultados obtidos do programa Petrel 2004, para a propriedade φ’ 136 Figura 5.16 – Correlação entre os valores de φ’ (°) e γ (MN/m³) assumidos para as rochas da mina de Morro da Mina 136 Figura 5.17 – Esquema ilustrativo das etapas de definição de γ para as camadas de material no programa Slide 5.0 137 Figura 5.18 – Resultados das análises de estabilidade para a Seção SW1 138 Figura 5.19 – Resultados das análises de estabilidade para a Seção SW2 139 Figura 5.20 – Resultados das análises de estabilidade para a Seção NW 140 Figura 5.21 – Visualização dos resultados do Upscaling e da interpolação por PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB Krigagem da propriedade c’ 142 Lista de Tabelas Tabela 2.1 – Métodos de Análise de Estabilidade por Equilíbrio Limite (De Campos, 1985) 50 Tabela 3.1 – Principais elementos estruturais presentes na mina 60 Tabela 3.2 – Resumo das sondagens rotativas 69 Tabela 3.3 – Setorização adotada em 2000 pela SBC (SBC, 2001) 70 Tabela 3.4 – Correlação entre os Graus de Resistência, Consistência, e Alteração (baseado em SBC (2004)) 73 Tabela 3.5 – Parâmetros de Resistência estimados por SBC (2001) 74 Tabela 3.6 – Correlações para adoção do valor de GSI 75 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB Tabela 3.7 – Parâmetros de Resistência para as principais litologias da Mina 76 Tabela 3.8 – Coordenadas, cotas e vazões das nascentes da cava da mina 80 Tabela 3.9 – Parâmetros físico-químicos das nascentes da cava da mina 80 Tabela 3.10 – Parâmetros obtidos da interpretação do ensaio de bombeamento (T – Transmissividade, b – espessura saturada do meio, K – Condutividade Hidráulica, S – Coeficiente de Armazenamento) (MDGEO, 2001) 83 Tabela 4.1 – Tabela resumo dos ajustes dos semivariogramas para a Zona 1 106 Tabela 4.2 – Tabela resumo dos ajustes dos semivariogramas para a Zona 2 107 Tabela 4.3 – Tabela resumo dos ajustes dos semivariogramas para a Zona 3 107 Tabela 5.1 – Resultados esperados de acordo com a gênese das estruturas presentes na cava da mina de Morro da Mina 123 Tabela 5.2 – Dados para análise de estabilidade cinemática 124 Tabela 5.3 – Resumo dos resultados das análises cinemáticas 130 Tabela 5.4 – Resumo dos casos estudados 137 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB Lista de Símbolos a Constante Dependente das Características do Maciço Rochoso b Largura da Bancada c Coesão c’ Coesão Efetiva D Fator de Perturbação do Maciço Rochoso Eh Potencial de Oxirredução Em Módulo de Deformação do Maciço Rochoso FS Fator de Segurança H Altura do Talude hB Altura da Bancada hR Altura Máxima da Inter-Rampa hO Altura Máxima Global JCS Resistência à Compressão da Parede da Junta JRC Coeficiente de Rugosidade da Junta K mb MR Condutividade Hidráulica Valor Reduzido da Constante Petrográfica mi de Hoek-Brown para o Maciço Rochoso Índice de Módulo pH Potencial Hidrogeniônico r Largura da Rampa s Constante Dependente das Características do Maciço Rochoso S Coeficiente de Armazenamento T Transmissividade αB Inclinação da Face da Bancada αR Ângulo de Inter-Rampa αO Ângulo Global γ Peso Específico da Rocha do Maciço σ Desvio Padrão σc σci σ’cm Resistência à Compressão Uniaxial do Maciço Rochoso Resistência à Compressão Uniaxial (ou Simples) da Amostra de Rocha Intacta Resistência à Compressão Global do Maciço Rochoso σ’1 Tensão Principal Maior Efetiva σ’3 Tensão Principal Menor Efetiva PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB σ’3max Tensão Principal Menor Máxima Efetiva σn Tensão Normal Efetiva σt Resistência à Tração do Maciço Rochoso τ Resistência ao Cisalhamento τf Resistência ao Cisalhamento φ Ângulo de Atrito da Descontinuidade, ou da Rocha φ’ Ângulo de Atrito Efetivo φj Ângulo de Atrito da Descontinuidade φr Ângulo de atrito Residual da Descontinuidade ABGE ABMS B Associação Brasileira de Geologia de Engenharia Associação Brasileira de Mecânica dos Solos e Engenharia Geotécnica Bancada FC Fator de Correlação Geo Geoexplore Consultoria e Serviços Ltda. GSI Geological Strength Index para o Maciço Rochoso GTEP Grupo de Tecnologia em Engenharia de Petróleo ISRM International Society for Rock Mechanics KB Kelly Bushing MD Measured Depth NA Nível d’Água, ou Nascente PGTM Projeto Geotécnico de Taludes de Mineração Q Quality RDM Rio Doce Manganês RMR Rock Mass Rating RQD Rock Quality Designation SBC Sérgio Brito Consultoria Ltda. SMM Sociedade Mineira de Mineração Ltda. TG Talude Global PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CB “Sabedoria é a coisa principal. Adquire sabedoria; e com tudo o que adquirires, adquire compreensão”, “porque melhor é a sabedoria do que os corais, e mesmo todos os outros agrados não se podem igualar a ela” (Pr 4:7; 8:11). 1 Introdução A vida de uma exploração mineira é composta por um conjunto de atividades que se podem resumir em: pesquisa para localização do minério; prospecção para determinação da extensão e valor do minério localizado; estimativa dos recursos em termos de extensão e teor do depósito; planejamento, para avaliação da parte do depósito economicamente extraível; estudo de viabilidade para avaliação global do projeto e tomada de decisão entre iniciar ou abandonar a exploração do depósito; desenvolvimento de acessos ao depósito que se vai explorar; exploração, com vista à extração de minério em PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA grande escala; e recuperação da zona afetada pela exploração de forma a possibilitar o uso futuro. Nota-se que entre a pesquisa pelo minério e o início da exploração podem decorrer vários anos ou mesmo décadas, sendo os investimentos necessários nesta fase muito elevados (podendo ser da ordem das centenas de milhões de dólares) e o seu retorno não assegurado, o que ilustra bem o risco associado a esta atividade. Logo, espera-se que as atividades em uma mina se encerrem devido ao esgotamento mineral, ou ao fato da exploração ter se tornado economicamente inviável, e não devido a ocorrência de rupturas de grande porte. 1.1. Motivação Nos empreendimentos de minas a céu aberto com taludes e ângulos de inclinação elevados torna-se relevante a seguinte questão: como retirar o minério do fundo da cava, aproveitando-se efetivamente a mina, sem nenhum dos taludes de elevada altura sofrer ruptura global? Em taludes deste tipo, esta forma de ruptura deve ser evitada ou contornada, pois envolve deslocamento de elevadas quantidades de material, sendo muitas vezes desastrosas, ocasionando até mesmo a finalização precipitada das atividades de exploração naquela mina. Introdução 21 Sjöberg (1996) apresenta diversos casos de minas a céu aberto, ao redor do mundo, que tiveram suas atividades interrompidas antes do tempo previsto, devido à ocorrência deste tipo de ruptura. Incidentes desta magnitude já foram registrados no Brasil, citando-se como exemplos a Mina de Cauê, e a Mina de Águas Claras (Galbiatti, 2006; Rojas, 1995). Atualmente um dos interesses das grandes empresas é estabelecer alternativas de fluxo de trabalho para cada uma das etapas do empreendimento de minas a céu aberto, de modo a garantir a estabilidade dos taludes globais. Assim, torna-se clara a importância de se criar uma metodologia “dinâmica”, que possa ser utilizada durante toda a vida útil da mina, e que abranja a modelagem de maciços rochosos, a distribuição espacial dos parâmetros de resistência de Mohr-Coulomb, e as análises de estabilidade. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA 1.2. Objetivo Um dos elementos do projeto geotécnico de minas a céu aberto é a elaboração de um modelo geológico e geomecânico da região da cava, com a finalidade de auxiliar nas análises de estabilidade. Para isto, o maciço rochoso precisa ser muito bem estudado e compreendido, assim, os modelos criados devem representar o maciço onde a cava está inserida da forma mais fidedigna possível, entretanto, estes são gerados muitas vezes com base em decisões subjetivas da parte do geotécnico. Neste contexto, o presente trabalho propõe uma metodologia para elaboração de modelos geológicos e geomecânicos (3D) e realização de análises de estabilidade (2D) de taludes rochosos de minas a céu aberto, com base nos dados da mina de Morro da Mina, fornecidos pela empresa VALE, à qual esta pertence. Na etapa de modelagem, foi utilizado o software Petrel 2004, que oferece ferramentas geoestatísticas, possibilitando a extrapolação de informações geotécnicas pontuais, obtidas por meio de testemunhos de sondagem, para o maciço inteiro. Utilizou-se a técnica de Krigagem Ordinária. As propriedades modeladas foram as seguintes: • c’ (coesão efetiva) e φ’ (ângulo de atrito efetivo): parâmetros de resistência de Mohr-Coulomb. Introdução 22 • RQD (“Rock Quality Designation”) (Deere et al., 1967), Q (“Quality”) (Barton et al., 1974), e RMR (“Rock Mass Rating”) (Bieniawski, 1976): índices de classificação de maciços rochosos. Na etapa de análises de estabilidade, foram utilizadas seções resultantes da modelagem geomecânica. Dois tipos de análises foram realizadas: • Análises cinemáticas, que auxiliaram nas análises por equilíbrio limite e complementaram os estudos referentes à estabilidade global e local dos taludes da mina, apresentados nos relatórios geotécnicos fornecidos pela VALE. Para estas análises foi utilizado o software Dips, da Rocscience. • Análises por equilíbrio limite dos taludes globais e das bancadas, a fim de avaliar e validar os modelos gerados, e a metodologia proposta. O software Slide 5.0, da Rocscience, foi utilizado. Os programas RocData 4.0 e RocProp, ambos da Rocscience, foram PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA utilizados para estimar os parâmetros de resistência de Mohr-Coulomb, e os softwares AutoCAD 2004 e Microsoft Office Excel auxiliaram na preparação dos arquivos de entrada no Petrel 2004 e no Slide 5.0. O presente trabalho faz parte de uma linha de pesquisa que se inicia no GTEP/PUC-Rio, na área de mineração, que visa o desenvolvimento de uma alternativa de fluxo de trabalho abrangendo: modelagem geológica, geomecânica, geoestatística e análises de estabilidade de taludes rochosos, contribuindo assim para elaboração de projetos geotécnicos mais eficazes. 1.3. Escopo A presente dissertação está organizada em 6 Capítulos, resumidos a seguir. O Capítulo 1 apresenta a introdução do assunto estudado, com a motivação e o objetivo deste trabalho. No Capítulo 2 se encontra a revisão bibliográfica, onde são apresentados os principais conceitos relacionados à área da mineração abordada no presente trabalho (projeto de taludes de minas a céu aberto, mecânica das rochas, caracterizações geotécnicas, e aspectos de modelagem geomecânica), e à análise de estabilidade, e são citados os principais trabalhos e resultados nestas linhas de pesquisa. Introdução 23 O Capítulo 3 apresenta a caracterização geológico-geotécnica e hidrogeológica da mina de Morro da Mina, com as investigações geotécnicas e hidrogeológicas, os parâmetros geomecânicos e hidrodinâmicos destas investigações, e os assumidos para realização do trabalho. O Capítulo 4 trata da modelagem geológica e geomecânica 3D da mina de Morro da Mina, possuindo: a descrição da metodologia e hipóteses adotadas para elaboração destes modelos; a apresentação dos modelos geológico e geomecânico, gerados pelo software Petrel 2004; e a análise crítica dos resultados obtidos. O Capítulo 5 aborda as análises de estabilidade dos taludes da mina, possuindo: a descrição da metodologia e hipóteses adotadas para realização das análises de estabilidade cinemáticas e por equilíbrio limite (de seções típicas retiradas do modelo geomecânico apresentado no Capítulo 4); a apresentação dos resultados; e a análise crítica destes. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA O Capítulo 6 apresenta as conclusões referentes a todas as etapas da metodologia proposta, e sugestões que podem servir de base para novas pesquisas nesta linha. Os anexos estão numerados de 1 a 7, referindo-se respectivamente ao Mapa Geológico, Mapa Geológico Estrutural, Bandamento e Zonas de Cisalhamento, Foliação e Falhas, Locação dos Furos, Descrição Geotécnica do Furo 05-01, e Mapa Geomecânico da mina. 2 Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 2.1. Considerações sobre Minas a Céu Aberto Um empreendimento de mineração a céu aberto, no geral, funciona de maneira diferente da maioria das outras obras de engenharia geotécnica. Neste caso, não há inserção de um elemento permanente no maciço rochoso, como ocorre na construção de uma barragem, e sim, o desmonte contínuo do maciço. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Porém, em ambas as obras, o monitoramento do desempenho dos elementos envolvidos, através de instrumentação, é constante. O tempo de maturação é mais lento, podendo existir grande distância temporal entre a descoberta de uma área com ocorrência considerável de minério e o início das operações efetivas de lavra. Porém, depois de iniciadas as atividades, estas se desenvolvem de maneira relativamente simples, podendo levar dezenas de anos até o esgotamento “técnico” da região, pois nem sempre uma mina é desativada pelo esgotamento mineral, e sim, devido a limitações técnicas de lavra do mineral restante, tornando a exploração deste economicamente inviável. A atividade de mineração está dividida basicamente nas seguintes fases (Rojas, 1995; Abrão & Oliveira, 2004): • Exeqüibilidade: esta fase abrange os estudos preliminares sobre a geologia, o potencial mineral de uma região, e a viabilidade econômica de exploração e aproveitamento. Um extenso trabalho de campo é realizado para avaliação do corpo mineral e sua localização e extensão. • Projeto: compreende os estudos profundos para avaliação do potencial mineral e realização da análise de risco financeiro. Após, segue-se a elaboração dos projetos de engenharia civil e geotécnica dos componentes do parque mineral – instalações de apoio, beneficiamento e a mina em si. O formato básico da mina é definido, Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 25 podendo sofrer alterações ao longo da operação, à medida que as litologias vão se tornando explícitas. • Implantação: construção dos componentes da mina e dos elementos necessários à estabilidade e acessibilidade da cava (bancadas e rampas), preparando-a assim para a lavra propriamente dita. • Operação: compreende as atividades de lavra, beneficiamento e transporte do minério comerciável. • Desativação: fase de encerramento do empreendimento de mineração, e preparação da área da cava para outra finalidade, ou realização de recuperação ambiental da região. Com relação à etapa de Projeto, no trabalho de Castro (2004) é apresentado um conjunto de atividades, onde a maioria é realizada não somente nesta fase, mas durante toda a vida útil da mina, sendo constituintes do chamado PGTM – Projeto Geotécnico de Taludes de Mineração. Este autor PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA descreveu as seguintes atividades: • Levantamentos preliminares e análise de dados pré-existentes; • Mapeamento geológico-geotécnico de superfície; • Execução de sondagens geotécnicas; • Descrição geológico-geotécnica dos testemunhos de sondagem; • Realização de ensaios geotécnicos; • Determinação dos parâmetros de resistência dos materiais; • Determinação das condições hidrogeológicas locais; • Classificação geomecânica dos maciços rochosos; • Elaboração de mapas e seções representativas; • Definição dos potenciais mecanismos de ruptura dos taludes; • Análises da estabilidade dos taludes; • Definição das geometrias finais dos taludes da mina. 2.2. Condicionantes dos Taludes de Minas 2.2.1. A Geometria Em minas a céu aberto com formação de cavas (Figura 2.1), os depósitos minerais são explorados desde níveis superficiais até certa profundidade, formando taludes, conforme o minério, juntamente com o material estéril, vão Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 26 sendo extraídos. Estes taludes devem ser inclinados de alguns graus para prevenir rupturas do maciço rochoso. O ângulo formado deste modo é governado por condições geomecânicas específicas da mina e depende das seguintes limitações: • Presença das vias de transporte, ou rampas de acesso, necessárias para o transporte de material de dentro da cava; • Porte dos equipamentos de lavra; • Exploração com uso de explosivos; • Tipo de rocha do minério e de suas encaixantes; • Restrições econômicas, vinculadas à relação estéril/minério (neste caso, quanto maior a inclinação do talude, menos material estéril é gerado). DEPÓSITO DE ESTÉRIL PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA USINA DE CONCENTRAÇÃO MINA A CÉU ABERTO BARRAGEM DE REJEITO MEIA ENCOSTA CAVA ESTÉRIL MINA SUBTERRÂNEA MINÉRIO Figura 2.1 – Esquema de uma mina com seus elementos (Abrão & Oliveira, 2004). A Figura 2.2 mostra uma seção típica de um talude de mina, com os parâmetros definidores da sua geometria (Karzulovic, 2004): r αR b hB hO hR αB αR αO Figura 2.2 – Parâmetros que definem a geometria de uma mina a céu aberto. Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 27 • hB – Altura da bancada ou berma. • b – Largura da bancada. • αB – Inclinação da face da bancada. • αR – Ângulo de inter-rampa. • hR – Altura máxima da inter-rampa. • r – Largura da rampa. • hO – Altura máxima global. • αO – Ângulo global. Para o projeto de um talude de mina deve-se atentar principalmente para a geometria das bancadas de escavação e dos taludes inter-rampa. A altura e a largura das bancadas definem o ângulo de inter-rampa, e este deve ser tal que, com a exploração da mina, consiga-se manter a inclinação desejada para as faces destas. A largura da bancada deve ser ampla o suficiente para conter os PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA detritos de rupturas localizadas, garantindo assim a operação segura da mina. Os taludes de inter-rampa não somente definem a estabilidade do talude global, mas também a estabilidade das rampas. Em tempo, a perda de uma rampa devido à ruptura do talude de inter-rampa pode ter um impacto na operação da mina maior do que o da ruptura de um talude global num setor da mina sem rampas. As preocupações geométricas citadas acima estão vinculadas às características das estruturas geológicas presentes no maciço (descontinuidades e suas particularidades, tais como orientação, persistência, preenchimento etc.), e às propriedades de resistência das rochas, portanto é essencial uma boa caracterização geoestrutural do maciço, mencionada no item 2.3. 2.2.2. A Geologia Local De acordo com Abrão & Oliveira (2004): "As feições geológicas desempenham papel importante na economia e segurança dos empreendimentos mineiros, considerando-se, principalmente, o porte das obras envolvidas. Nas minas a céu aberto, ângulos de talude finais mais brandos, por condicionamentos geológicos, podem significar acréscimos de dezenas de milhões de m³ de estéril... o deslizamento de barragens de rejeitos pode causar danos ambientais e econômicos de grande vulto. Portanto, o adequado conhecimento e consideração dos fatores geológicos são imprescindíveis ao projeto, operação e desativação de empreendimentos mineiros, nas suas várias unidades". Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 28 Entende-se por fatores geológicos não somente os tipos de rochas formadoras dos maciços da mina e a configuração estrutural destes (levantamento das falhas, juntas, foliações etc.), mas também a composição mineralógica e a alteração dos materiais podem afetar fortemente as propriedades mecânicas dos maciços e a geologia estrutural. A composição mineralógica influencia no grau de faturamento do maciço rochoso e na resistência ao cisalhamento de suas descontinuidades, que depende do material que pode estar preenchendo-as, e o tipo de alteração e sua intensidade afeta as características mecânicas dos blocos entre as descontinuidades. Em maciços rochosos formados por vários tipos litológicos com diferentes resistências à alteração (heterogêneos) é comum a ocorrência de intemperismo diferenciado, gerando zonas de fraqueza, por onde as rupturas podem se iniciar. Por outro lado, se o maciço não apresenta este tipo de problema, mas é formado PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA por rochas sedimentares, ou metamórficas, há a questão da anisotropia, onde se observam direções preferenciais de menor resistência. Ambos os problemas condicionam a estabilidade dos taludes (Kanji, 2006). O grau de faturamento tem influência sobre as propriedades mecânicas, devido ao efeito escala, onde a amostra de rocha intacta, no laboratório, desenvolve um comportamento e no maciço, em campo, apresenta propriedades diferentes. Isto ocorre porque amostras de tamanho reduzido podem não ser representativas do maciço rochoso como um todo, na medida em que ensaios realizados em pequenas amostras não abrangem as principais descontinuidades presentes no maciço. Dessa forma, diversos autores têm discutido o assunto, e considera-se que existe uma significativa redução da resistência com o aumento do tamanho da amostra de rocha, uma vez que, na amostra de tamanho maior, planos de fraqueza podem estar presentes (Cunha, 1990; Hoek, 2007). A geologia estrutural define a orientação dos planos de fraqueza no maciço, auxiliando na prevenção de possíveis rupturas e no entendimento do comportamento anisotrópico da rocha quanto a sua resistência. Geralmente, as descontinuidades persistentes e com grande extensão controlam a estabilidade dos taludes, porém Hoek et al. (2000) menciona que as estruturas de menor porte podem apresentar-se de forma complexa, e que junto com as de maior porte, e as pontes de rocha, podem também condicionar a estabilidade global dos taludes (Figura 2.3). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 29 Figura 2.3 – Superfície de ruptura complexa, governada pelas descontinuidades menores e maiores, e as pontes de rocha (Hoek et al., 2000, modificada por Zea & Celestino, 2004). 2.2.3. A Água Subterrânea O conhecimento do comportamento da água subterrânea do local onde será implantado um empreendimento mineiro é fundamental, pois disto dependem vários aspectos do projeto de operação da mina, desde a análise da estabilidade dos taludes da cava até a elaboração de um projeto de rebaixamento de lençol economicamente otimizado, e implantação de sistemas de drenagem eficazes. Para obter tal conhecimento é necessário o levantamento das características hidrogeológicas da região, que são utilizadas para a elaboração do modelo hidrogeológico do maciço, sendo estas as seguintes: • Valores dos níveis d’água e sua variação ao longo do tempo (por exemplo, devido a pluviosidade acentuada), obtidos com auxílio de piezômetros; • Descrição dos aqüíferos, aqüicludes, aqüitardos e aqüífugos, com suas propriedades hidráulicas (condutividade, transmissividade e armazenamento), obtidas com auxílio de ensaios de bombeamento; • Identificação das zonas de recarga e descarga. Deve-se atentar para as áreas de descarga, pois neste local podem ocorrer consideráveis Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 30 forças de percolação “no sentido de diminuir os esforços resistentes” (Scarpelli, 1994) à ruptura do talude. Aqüífero é um corpo permeável de rocha ou solo que armazena água e permite seu deslocamento subterrâneo. Em rochas, ocorrem nos seguintes tipos: sedimentares com porosidade granular (arenitos, alguns calcários detríticos), rochas com porosidade cárstica (calcários), com porosidade devido à alteração, ou a efeitos tectônicos, e em maciços rochosos bastante fraturados (elevado número de descontinuidades). Pode ser do tipo freático, onde a posição do nível d’água recebe o nome de nível freático, ou artesiano, sendo o nível d’água neste caso chamado nível piezométrico (Azevedo & Filho, 2004). Os aqüicludes são materiais geralmente argilosos que contêm água, podendo tornar-se saturados, mas não permitindo a sua circulação. Um aqüitardo (argilas siltosas ou arenosas) também armazena água, porém permite sua circulação, de forma mais lenta do que um aqüífero (retarda o fluxo), devido PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA a sua baixa permeabilidade. Aqüífugos são materiais praticamente impermeáveis (rochas duras, cristalinas, metamórficas e vulcânicas), que não contêm nem permitem a circulação de água através deles (Azevedo & Filho, 2004). A drenagem de minas a céu aberto é necessária para permitir ou facilitar a operação de lavra, ou para estabilização dos taludes, conforme mostrou Innocentini (2003), onde realizou análises de estabilidade em taludes da Mina de Gongo Soco, chegando à conclusão de que era fundamental a implantação de um sistema de drenagem profunda para garantir a estabilidade destes. Em seguida este foi executado, e as campanhas de despressurização com utilização de drenos horizontais profundos obtiveram ”eficiência acima do previsto” no controle das pressões hidrostáticas no maciço. São citados no trabalho de Sjöberg (1996) diversos casos de aplicação de drenagens bem sucedidas, tanto para permitir/facilitar a exploração das minas, quanto para estabilização dos taludes. Além de drenos horizontais profundos, os sistemas de rebaixamento e drenagem comuns em minas a céu aberto são os poços profundos de bombeamento (verticais), as galerias, e as valetas para drenagem superficial. 2.2.4. O Estado de Tensão nos Taludes Além do conhecimento das condições geológicas e hidrológicas do maciço, precisa-se compreender o estado de tensão presente neste, pois disto também Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 31 depende o entendimento da mecânica do comportamento do talude como um todo. As tensões virgens ou naturais (presentes antes da escavação do talude) são, em quase todos os casos, de compressão, e são geralmente uma combinação de: • Tensões gravitacionais devido ao peso da rocha superposta; • Tensões tectônicas originadas de forças externas tectônicas; • Tensões residuais; • Tensões causadas por glaciações anteriores; • Tensões térmicas; • Tensões físico-químicas. Portanto, de acordo com Mioto & Coelho (2004), “o estado de tensão natural resulta de sucessivos eventos da história geológica do maciço rochoso, correspondendo ao produto de vários estados de tensão anteriores”. Em muitos casos, as tensões gravitacionais e tectônicas são as maiores PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA contribuintes para o estado de tensão natural do maciço. A tensão virgem vertical costuma ser assumida como sendo devida ao peso do maciço superposto. A tensão virgem horizontal, por outro lado, é mais difícil de quantificar devido à componente tectônica normalmente presente. Este tipo de tensão varia sensivelmente nas diferentes regiões do mundo. Em geral, tensões horizontais são mais elevadas que as verticais, em pouca profundidade. Em maiores profundidades, a tensão horizontal decai e em elevadas profundidades, estas tensões são menores do que as verticais. As tensões residuais são aquelas que permanecem atuando no maciço rochoso após o término do evento que as originaram, porém, quando não atuam mais recebem o nome de paleotensões. O estado de tensão virgem é alterado conforme o talude da mina é escavado e as tensões são redistribuídas ao redor da mina, gerando as tensões induzidas. Concentrações de tensões compressivas no pé do talude promovem rupturas nesta região. Em taludes de grande escala, o estado de tensão é complexo, com zonas de baixas e elevadas tensões. O estado de tensão nas rochas de maciços pode ser avaliado através da aplicação de métodos qualitativos e quantitativos, porém isto não é comum na área de mineração. Ademais, um maciço rochoso também é governado pela ação da água presente nos poros e descontinuidades, gerando poro-pressões e tensões efetivas. A pressão d'água é igual em todas as direções, reduzindo assim a tensão efetiva em um dado ponto no maciço, e esta redução está relacionada Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 32 com a resistência ao cisalhamento do mesmo. A resistência ao cisalhamento de uma descontinuidade é diretamente proporcional à tensão normal aplicada. Uma redução da tensão normal causa redução da resistência ao cisalhamento sobre a superfície de ruptura. Além disto, efeitos secundários da presença da água podem ocorrer, onde minerais reagem de forma desfavorável, reduzindo a resistência de materiais de preenchimento das descontinuidades formados por aqueles, e o fluxo d'água pode causar erosão, reduzindo também a resistência do maciço. 2.3. Caracterização Geomecânica de Taludes Rochosos Maciço rochoso, de acordo com Serra Jr. & Ojima (2004), é um conjunto de blocos de rocha, justapostos e articulados, formado pela matriz rochosa, ou PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA rocha intacta, constituinte dos blocos, e pelas superfícies que limitam estes, chamadas de descontinuidades. Dependendo das modificações e solicitações aplicadas sobre um maciço, este vai se comportar de maneira diferente, procurando alcançar o equilíbrio estático de seus “blocos”, pois as características da rocha e das descontinuidades, relacionadas à resistência, permeabilidade, alteração etc., diferem de local para local sobre o maciço. Assim é importante levantar e descrever estas particularidades, realizando desta forma um procedimento preliminar chamado de Caracterização Geotécnica, ou Geomecânica. Com esta caracterização, confecciona-se um quadro inicial do maciço rochoso e de seus problemas, e investigações posteriores, realizadas em laboratório, precisarão os parâmetros levantados, principalmente a resistência da rocha (Guidicini & Nieble, 1984). Estes parâmetros são apresentados em forma de classes ou graus, sendo importante a avaliação dos seguintes: Grau de Resistência, Grau de Alteração, Grau de Consistência, e Grau de Fraturamento. Geralmente são avaliados em campo, através de meios expeditos aplicados em testemunhos de sondagem, afloramentos, ou paredes de escavação. O Grau de Resistência pode ser avaliado através do Ensaio de Compressão Puntiforme (Point Load Test), ou da apreciação táctil-visual, utilizando-se geralmente amostras de mão ou de testemunhos de sondagem. O ensaio de compressão puntiforme fornece o índice de resistência à carga pontual (Is), correlacionado empiricamente à resistência a compressão uniaxial. Uma vez obtida a resistência da rocha, esta é classificada de acordo com determinadas Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 33 convenções, que dividem o campo de resistência em várias faixas, como por exemplo, a apresentada pela ISRM (1978), que divide os valores de resistência à compressão uniaxial em sete faixas, indo da mais baixa R0 (0,25 – 1 MPa) a mais elevada R6 (> 250 MPa). A apreciação táctil-visual é realizada por meio de testes com o martelo de geólogo, canivete, e unha, que avaliam a resistência ao impacto, resistência ao risco, e friabilidade da rocha. Os resultados observados (amostra lascada, riscada, ou esmigalhada) podem ser associados diretamente aos graus de resistência da tabela da ISRM (1978), classificando-se assim a rocha. O trabalho de Vaz (1996) apresenta também uma convenção, onde o autor classifica as rochas intactas em grupos, de acordo com a apreciação táctil-visual, tendo como base a tabela da ISRM (1978). O Grau de Alteração é um parâmetro de difícil definição no campo, sendo recomendado fixar um número reduzido de classes de alteração, baseado numa PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA avaliação macroscópica das características petrográficas da rocha (cor dos minerais, brilho, friabilidade etc.). Entretanto, Vaz (1996) definiu horizontes de alteração de rocha em função dos métodos de escavação e perfuração que podem ser aplicados àquele horizonte, sendo, portanto, baseado na resistência mecânica da rocha. Desta forma, criou Classes de Alteração, Grupos de Rochas, os limites de resistência das Classes e dos Grupos, e indicou as classes ou graus de alteração presentes em cada grupo (Figura 2.4). Para avaliação expedita destes Grupos de Rochas utilizou a apreciação táctil-visual, conforme mencionado anteriormente. O Grau de Consistência ou Coerência geralmente é aplicado para classificação da resistência de rochas sedimentares, onde o ensaio de compressão puntiforme não se aplicaria. É baseado na apreciação táctil-visual com uso de martelo de geólogo, canivete, e unha, elaborando-se assim uma escala de níveis variáveis de acordo com a resposta da rocha às diversas solicitações destas ferramentas. O Grau de Fraturamento, em geral, é determinado por simples contagem de fraturas ao longo de uma direção, utilizando-se normalmente o número de fraturas por metro. Em avaliação de testemunhos de sondagem, é comum a observação de apenas fraturas originais, não soldadas por material coesivo, desconsiderando-se as provocadas pelo processo de perfuração. O critério pode ser aplicado a trechos de qualquer extensão, trazendo-se os valores para o comprimento de 1m (uso de “regra de três”). Esta classificação deve ser Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 34 complementada com informações sobre as descontinuidades, mencionadas no PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA item 2.4.2. Figura 2.4 – Resistência à Compressão Uniaxial e Classes de Alteração (Vaz, 1996). Além destes parâmetros, é importante a definição da litologia, a partir de análises petrográficas, das propriedades índices, principalmente o peso específico da rocha, e a caracterização hidrogeológica, apresentada no item 2.2.3. 2.4. Propriedades de Resistência 2.4.1. Resistência das Rochas Intactas Entende-se por rocha intacta a matriz rochosa livre de descontinuidades de grande escala (visíveis a olho nu), formada por minerais agregados entre si, possuindo assim elevada coesão interna e resistência à tração, diferente dos solos. Este material tem boa capacidade de suporte de cargas até certo valor dependente do tipo da rocha e suas condições mineralógicas. A partir deste valor, a rocha não se comporta de forma satisfatória, ou seja, perde a resistência a solicitações externas, ocorrendo o seu rompimento ou colapso, e é este valor limite da resistência que geralmente é necessário obter para a elaboração de projetos de obras envolvendo este material. Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 35 A rocha pode entrar em colapso sobre efeito de esforços de flexão, cisalhamento, tração, e compressão, sendo capaz de ocorrer uma combinação de dois ou mais esforços. Isto dificulta um pouco a compreensão dos mecanismos de ruptura, e a realização dos ensaios, entretanto os seguintes ensaios de laboratório em amostras de rochas intactas podem ser feitos para avaliação de suas propriedades de resistência e deformabilidade, sendo estes os principais até então (Nunes, 2006): • Ensaio de Compressão Uniaxial com medida de deformações axiais e radiais para obtenção da Resistência à Compressão Uniaxial, Módulo de Young, e Coeficiente de Poisson; • Ensaio de Compressão Triaxial para obtenção da envoltória de resistência, ângulo de atrito, e intercepto coesivo; • Ensaio de Compressão Diametral (Ensaio Brasileiro) para determinação da resistência à tração; PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA • Ensaio de Carga Pontual (Point Load Test) para a estimativa da Resistência à Compressão Uniaxial. 2.4.2. Resistência das Descontinuidades As descontinuidades, como o próprio nome diz, são estruturas geológicas presentes em maciços rochosos que impedem a continuidade da matriz rochosa, podendo ser de origem tectônica, tais como as dobras, foliações, juntas, e falhas, presentes nas zonas de cisalhamento dúcteis e rúpteis, ou de origem atectônica, tais como as juntas de alívio. Estas estruturas, principalmente as juntas e foliações, afetam em maior ou menor escala as propriedades geotécnicas dos maciços resistência, deformabilidade e permeabilidade. Com relação à apresentação no maciço, as descontinuidades geralmente ocorrem em famílias, isto é, “em conjuntos de estruturas planares aproximadamente paralelas entre si” (Azevedo & Marques, 2002), e grupos de famílias que se interceptam são chamados de sistemas. Suas características geométricas principais, levantadas em campo, são as dez seguintes: atitude, espaçamento, persistência ou continuidade, rugosidade, resistência da parede (vinculado ao estado de alteração da superfície), abertura, preenchimento, percolação, número de famílias, e tamanho do bloco. No trabalho de Durand (1995) estas características são definidas em detalhe, e é apresentada a caracterização das descontinuidades, segundo metodologia da ISRM (1978), Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 36 presentes no talude SE-NW da Mina de Timbopeba, servindo de exemplo de aplicação prática desta metodologia. As propriedades de resistência das descontinuidades podem ser estimadas através de uma análise detalhada das características geométricas levantadas em campo, ou ser medida diretamente através de ensaios de campo e laboratório. Os ensaios de campo são do tipo Cisalhamento Direto, não sendo comum sua realização, pois os custos são elevados. Os de laboratórios são mais comuns e existem os de Compressão Triaxial e de Cisalhamento Direto. 2.4.3. Resistência de Maciços Rochosos A resistência do maciço rochoso é uma função da resistência de ambas as descontinuidades e as pontes de rocha (rocha intacta) formadas, e depende do PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA mecanismo de ruptura; este por sua vez é dependente do estado de tensão no talude e da geometria das descontinuidades. Um maciço pode estar sob efeito de esforços de tração, compressão, e cisalhamento, sendo este último o mais importante, devido à existência de diferentes tipos de ruptura por cisalhamento, onde uma considerável tensão normal atua sobre o maciço. Para uma descontinuidade completamente plana, a resistência ao cisalhamento é normalmente uma função linear da tensão normal atuando sobre a descontinuidade. Este é o princípio do Critério de Resistência ao Cisalhamento de Coulomb, que também é adotado para definição da resistência da rocha intacta. Neste caso recebe o nome de Critério de Mohr-Coulomb, pois a função linear passa a ser uma envoltória de ruptura a todos os círculos de Mohr que representam combinações críticas de tensões principais, sendo expressa da seguinte maneira: τ = c + σ n tan φ (2.1) Onde: τ = Resistência ao cisalhamento; σn = Tensão normal efetiva; c = Coesão; φ = Ângulo de atrito da descontinuidade, ou da rocha. Para materiais onde ocorre predominância de superfícies ásperas, tem-se o Critério de Resistência ao Cisalhamento de Patton, e o Critério de Barton- Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 37 Bandis (Barton & Bandis, 1990), citado em Sjöberg (1996). Estes autores desenvolveram um critério de ruptura ao cisalhamento empírico que inclui termos para rugosidades de superfícies de descontinuidades e resistência à compressão da parede da junta, tal que: JCS + φ r τ f = σ n tanJRC log10 σn (2.2) Onde: JRC = Coeficiente de Rugosidade da Junta; JCS = Resistência à Compressão da Parede da Junta; φr = Ângulo de atrito residual da descontinuidade (estimado a partir de ensaios com o martelo de Schmidt). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Com relação à avaliação do maciço rochoso como um todo, existe o Critério de Ruptura de Hoek-Brown, elaborado por Hoek & Brown (1980 a, b), sendo empírico e inicialmente criado para aplicação em projetos de escavação subterrânea. Este critério sofreu modificações, tornando possível sua aplicação em taludes rochosos, sob a condição de o maciço poder ser considerado como homogêneo e isotrópico (composto de rocha intacta ou ser intensamente fraturado), ou seja, não deve ser aplicado em análises de taludes onde a ruptura é controlada estruturalmente, como por exemplo, no caso em que o espaçamento das descontinuidades é similar ao do tamanho do próprio talude, e onde o processo de ruptura é claramente anisotrópico (Hoek & Marinos, 2007). As modificações se referem principalmente à introdução de parâmetros que relacionam o critério com observações geológicas (RMR e GSI), e à forma de obtenção do ângulo de atrito efetivo φ’ e da coesão efetiva c’, que são os parâmetros de resistência comumente usados em análises de estabilidade (Hoek, 1983, 1990, e 1994; Hoek & Brown, 1988, e 1997; Hoek et al., 2002; Marinos et al., 2005). Atualmente é conhecido como Critério de Ruptura de Hoek-Brown Generalizado, sendo expresso da seguinte forma: σ' σ'1 = σ' 3 + σ ci m b 3 + s σ ci Onde: a (2. 3) Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 38 σ'1 e σ'3 = Maior e menor tensão principal efetiva na ruptura, respectivamente; σci = Resistência à compressão uniaxial da amostra de rocha intacta; mb = Valor reduzido da constante petrográfica mi de Hoek e Brown para o maciço rochoso; s, a = Constantes que dependem das características do maciço rochoso. As propriedades da rocha intacta e do maciço rochoso relacionadas acima podem ser estimadas das seguintes formas: • Resistência à compressão uniaxial σci da amostra de rocha intacta: obtida de forma direta através de ensaios em amostras de rocha (Ensaio de Compressão Simples, ou Point Load Test), de cálculos com resultados de ensaios triaxiais (Hoek & Brown, 1988; Hoek, 2007) ou tabelas com valores estimados, encontradas na literatura geotécnica. • Constante mi de Hoek e Brown para a amostra de rocha intacta: PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA determinado através de cálculos com resultados de ensaios triaxiais em amostras de rocha (Hoek & Brown, 1988; Hoek, 2007), ou tabelas com valores estimados. Segue-se então que: m b = mi e GSI−100 28−14D (2. 4) Onde: D = Fator que depende do grau de distúrbio que o maciço rochoso sofreu com o uso de explosivos e o alívio de tensões. Varia de 0 para maciços não perturbados a 1 para maciços muito perturbados (Hoek et al., 2002). GSI = “Geological Strength Index” para o maciço rochoso. Introduzido no critério através dos trabalhos de Hoek (1994) e Hoek et al. (1995) em substituição ao índice de qualidade RMR (Bieniawski, 1989), pois este é de difícil aplicação em maciços de rochas de qualidade inferior (very poor quality), e foi notado que era necessário um sistema baseado mais fortemente em observações geológicas do que em números. Hoek (2007) recomenda que o valor de GSI deva ser estimado através da Figura 2.5 e Figura 2.6, e no trabalho de Marinos et al. (2005) são encontradas orientações para uso do GSI na prática. MUITO FRATURADA – intertrav ado, maciço parcialmente perturbado com blocos angulares com v árias f aces f ormados por quatro ou mais f amílias de descontinuidades FRATURADA/PERTURBADA/”COSTURADA” – dobrada com blocos angulares f ormados por muitas f amílias de descontinuidades interceptadas. Persistência de planos de acamamentos ou xistosidades DESINTEGRADA – pobremente intertravada, maciç o rochoso intensamente quebrado, com uma mistura de pedaços rochosos angulares e arredondados MUITO POBRE Polida, superfícies altamente intemperisadas com camadas de argila mole ou preenchimentos POBRE Polida, superfícies altamente intemperisadas com camadas compactas ou preenchimentos ou fragmentos angulares RAZOÁVEL Lisa, superfícies moderadamente intemperisadas e alteradas BOA Rugosa, levemente intemperisada, superfícies manchadas de ferro (“enferrujadas”) DECRÉSCIMO DO INTERTRAVAMENTO DE BLOCOS ROCHOSOS PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA FRATURADA – maciço rochoso bem intertrav ado não perturbado constituído por blocos cúbicos f ormados por três f amílias de descontinuidades que se interceptam 39 DECRÉSCIMO DA QUALIDADE DA SUPERFÍCIE ESTRUTURA INTACTA OU MACIÇA – rocha intacta ou maciça com poucas descontinuidades, largamente espaçadas MUITO BOA Muito rugosa, superfícies sãs não intemperisadas ÍNDICE DE RESISTÊNCIA GEOLÓGICA PARA MACIÇOS FRATURADOS ( Hoek & Marinos, 2000) A partir da litologia, estrutura e condiç ões da superfície das descontinuidades, estimase o valor médio de GSI. Não tente ser tão precis o. Citar um alcance de 33 a 37 é mais realístico do que afirmar que GSI = 35. Observe que a tabela não é aplicável a rupturas controladas estruturalmente. Onde existir planos estruturais de fraqueza com orientação desfavorável em relação à face da escavação, estes controlarão o comportamento do maciço rochoso. A resis tência ao cis alhamento de superfícies rochosas propensas a sofrer deterioração com as variações de umidade será reduzida quando existir presença de água. Quando trabalhar com rochas de categoria razoável a muito pobre, um deslocamento para a direita pode ser feito em condições de saturação. Pressão de água é avaliada através de análises de tensão efetiv a. CONDIÇÕES DA SUPERFÍCIE Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto LAMINADA/CISALHADA – ausência de blocos devido ao estreito espaçamento de xis tosidades fracas ou planos de cisalhamento Figura 2.5 – Estimativa de GSI para maciços rochosos fraturados (Marinos et al., 2005). COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA A. Acamamento espesso, arenito muito fraturado. O efeito de camadas de pelito sobre os planos de acamamento é minimizado pelo confinamento do maciço rochoso. Em túneis rasos ou taludes estes planos de acamamento podem causar instabilidade controlada estruturalmente. B. Arenito com finas camadas de siltito intercaladas C. Arenito e siltito em quantidades iguais C, D, E e G – podem ser mais ou menos dobrados do que a ilustração, mas isto não muda a resistência. Deformação tectônic a, f alhamento e perda de continuidade movem estas categorias para F e H. G. Xisto (folhelho) siltoso ou argiloso não perturbado com ou sem algumas camadas de arenitos muito finas. E. Siltito fraco ou xisto (folhelho) argiloso com camadas de arenito F. Deformado tectonicamente, intensamente dobrado/falhado, xisto (folhelho) argiloso ou siltito cisalhados, com camadas de arenitos quebradas e deformadas formando uma estrutura quase caótica. H. Xisto (folhelho) siltoso ou argiloso deformado tectonicamente, formando uma estrutura caótica com bolsas de argila. Camadas finas de arenito são transformadas em pequenos pedaços de rochas. 40 : Significa deformação devido à perturbação tectônica D. Siltito ou xisto (folhelho) siltoso com camadas de arenito MUITO POBRE – Muito lisa, superfícies polidas ou altamente intemperisadas com camadas de argila mole ou preenchimentos POBRE – Muito lisa, superfícies ocasionalmente polidas com camadas compactas ou preenchidas com fragmentos angulares RAZOÁVEL – Lisa, superfícies moderadamente intemperisadas e alteradas BOA – Rugosa, superfícies levemente intemperisadas MUITO BOA – Muito rugosa, superfícies sãs não intemperisadas Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 1 Figura 2.6 – Estimativa de GSI para maciços rochosos heterogêneos (Flysch ) (Marinos et al., 2005). 1 Seqüência rítmica de espessas camadas de arenitos e folhelhos. Os arenitos são gradacionais e erosivos na base. Sua ocorrência é comum em determinada fase marinha do desenvolvimento de um geossinclinal. O termo flysch está comumente associado à grauvacas, entretanto, deve ser levado em conta que flysch é um fácies sedimentar e grauvaca é um termo petrográfico. O depósito de flysch tem origem em leques submarinos que progridam em direção ao talude, caracterizando-se em sua porção média, por uma típica seqüência turbidítica. GSI PAR A MACIÇOS ROCHOSOS HETEROGÊNEOS TAIS COMO FLYSCH (Marinos, P. & Hoek, E., 2000) A partir de uma descrição da litologia, estrutura e condições da superfície (particularmente de planos de acamamentos), escolha uma caixa de desenho. Localize a posição na caixa que corresponde à condição das descontinuidades e estime o valor médio de GSI a partir dos contornos. Não tente ser tão preciso. Citar um alcance de 33 a 37 é mais realístico do que afirmar que GSI = 35. Observe que o Critério de Hoek-Brown não é aplicável a rupturas controladas estruturalmente. Onde descontinuidades persistentes planares fracas orientadas desfavoravelmente estão presentes, estas controlarão o comportamento do maciço rochoso. A resistência de alguns maciços rochosos é reduzida pela presença de água subterrânea, e isto pode ser levado em conta através de um leve deslocamento para a direita nas colunas para condições razoável, pobre e muito pobre. Pressão de água não muda o valor de GSI, e é avaliada através do uso de análises de tensão efetiva. CONDIÇÕES DA SUPERFÍCIE DE DESCONTINUIDADES (Predominantemente planos de acamamento) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 41 Com aplicação do valor de GSI, as constantes s e a são obtidas da seguinte forma: GSI −100 9 −3 D s = e a= (2. 5) − 20 1 1 −GSI 15 + e − e 3 2 6 (2. 6) Os parâmetros de resistência de Mohr-Coulomb são obtidos através das seguintes equações (Hoek, 2007): a −1 6am b (s + m b σ' 3n ) φ' = sin a −1 2(1 + a )(2 + a ) + 6am b (s + m b σ' 3n ) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA −1 (2. 7) σ ci [(1 + 2a )s + (1 − a )m b σ' 3n ](s + m b σ' 3n ) a −1 c' = (1 + a )(2 + a) ( 1 + 6am b (s + m b σ' 3n ) a −1 ) [(1 + a)(2 + a)] (2. 8) Onde: σ’3n = σ’3max/σci. O valor de σ’3max é obtido pela equação abaixo: σ' 3 max σ' = 0,72 cm σ' cm γH −0,91 (2.9) Onde: γ = Peso específico da rocha do maciço; σ’cm = Resistência à compressão uniaxial do maciço rochoso, sendo: σ' cm = σ ci (m b + 4s − a(mb − 8s))(m b 2(1 + a )(2 + a ) 4 + s) a −1 (2.10) Um histórico do desenvolvimento do Critério de Ruptura de Hoek-Brown Generalizado é apresentado em detalhes no trabalho de Hoek & Marinos (2007). Atualmente existem softwares baseados nos trabalhos de Hoek & Brown (1988), Hoek (1990 e 1994), e Hoek et al. (2002) que realizam os cálculos citados Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 42 anteriormente, gerando as envoltórias e os parâmetros de resistência, sendo o RocLab 1.0 e RocData 4.0, pertencentes ao pacote da Rocscience (Grupo de engenharia de rocha vinculado à Universidade de Toronto), os mais utilizados. 2.5. Sistemas de Classificação de Maciços Rochosos A reação do maciço às solicitações impostas durante a exploração de minas, ou qualquer outro empreendimento diferente, vai depender de suas características geomecânicas, tais como litologia, grau de alteração da rocha, resistência, presença e condição das descontinuidades etc., levantadas na etapa de caracterização geomecânica. Classificar um maciço é organizar estas características em grupos ou classes, de forma que se possa associar a estes grupos um padrão de comportamento, que é então esperado ser encontrado em PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA rochas ditas pertencentes àquela classe (Serra Jr. & Ojima, 2004). De acordo com Hoek (2007), sistemas de classificação têm sido desenvolvidos desde 1879, com o objetivo principal de auxílio na definição do sistema de suporte para obras subterrâneas, e em seu trabalho é apresentado um resumo dos principais, sendo estes: Terzaghi (1946), Lauffer (1958), Deere et al. (1967), Wickham et al. (1972), Bieniawski (1989), Laubscher (1977, 1990) e Barton et al. (1974). Além destes três últimos, encontram-se também descritos no trabalho de Scarpelli (1994) sistemas de classificação desenvolvidos especificadamente para avaliação da estabilidade de taludes, tais como os de Romana (1991), Robertson (1988), Klengel (1978), Sancio & Brown (1980), Kirkaldie et al. (1988), e outros. Os sistemas de Laubscher (MRMR), Romana (SMR) e Robertson são considerados extensões do sistema RMR de Bieniawski. O sistema de Deere é utilizado para avaliação quantitativa da qualidade da rocha através de testemunhos de sondagem (“Rock Quality Designation” - RQD), e juntamente com os demais citados por Hoek (2007), foi elaborado primariamente para utilização em escavações subterrâneas, entretanto, ao longo dos anos, alguns sofreram atualizações e adaptações, podendo então ser aplicados a taludes de escavações a céu aberto. Na década de 70 o sistema RQD se tornou um dos componentes dos sistemas de classificação de Bieniawski e Barton. Em minas brasileiras, os sistemas elaborados por Deere, Bieniawski e Barton são os mais utilizados. O sistema de Bieniawski, “Rock Mass Rating” (RMR), teve origem em 1973, baseado em 49 casos históricos. Em 1984, 62 Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 43 casos de minas de carvão foram incluídos nos estudos, e em 1987, 78 casos de túneis e minas foram acrescentados também. Até 1995, um total de 351 casos históricos havia sido acrescentado. Desde sua elaboração, sofreu modificações, conforme os casos eram incluídos, em relação aos valores dos pesos dos parâmetros utilizados na classificação (Bieniawski, 1973, 1974, 1976, 1979, 1989), sendo muito significativas, como mostra um exemplo de aplicação apresentado em Hoek (1994). Atualmente também é conhecido como Classificação Geomecânica de Bieniawski. Este sistema é baseado em seis parâmetros, que recebem pesos, de acordo com os seus valores: Resistência da rocha intacta, RQD, Espaçamento das descontinuidades, Condição das descontinuidades, Condições da água subterrânea, Orientação das descontinuidades. O valor de RMR é obtido pela soma dos pesos destes seis parâmetros (Bieniawski, 1989; Rawlings et al., 1995). O sistema de Barton, “Q-system”, foi desenvolvido em 1974 a partir da PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA análise de 212 casos históricos de túneis e cavernas da Escandinávia e arredores, e ao longo do tempo, passou por atualizações, alcançando mais de 1050 casos analisados, até o ano de 1995. Este sistema é baseado em uma avaliação numérica da qualidade de maciços rochosos utilizando-se os seis parâmetros seguintes: RQD, Jn (Índice de influência do número de famílias de descontinuidades), Jr (Índice de influência da rugosidade das paredes da família de descontinuidades mais desfavorável), Ja (Índice de influência da alteração das paredes da família de descontinuidades mais desfavorável), Jw (Índice de influência da água subterrânea), SRF (Índice de influência do estado de tensões no maciço) (Rawlings et al., 1995). Estes parâmetros formam a seguinte equação para cálculo do índice de qualidade Q, agrupados em três quocientes: Q= J RQD Jr × × w Jn Ja SRF (2.11) No sistema Q, a qualidade do maciço rochoso pode variar de Q = 0,001 a Q = 1000, representada em escala logarítmica, sendo dividida em 7 classes (A até G). Já no sistema de Bieniawski, o valor de RMR pode variar da faixa de < 20 (classe V - Very poor rock) até a faixa de 81-100 (classe I - Very good rock) (Rawlings et al., 1995). Durand (1995) apresenta a aplicação prática destes dois sistemas para classificação geomecânica do talude SE-NW da mina brasileira de Timbopeba, pertencente à VALE. Este autor utilizou as versões Bieniawski (1976 e 1989), e Barton et al. (1974). Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 44 Bieniawski (1976) propôs uma correlação entre os valores de Q e RMR, a partir da análise de 111 casos históricos, sendo 62 casos de Barton, da região da Escandinávia, e 49 outros casos. Os resultados foram plotados graficamente e a seguinte correlação foi obtida: RMR = 9 ln Q + 44 (2.12) Entretanto, nos trabalhos de Bieniawski (1976 e 1989) não é explicado de modo claro como foi obtida esta correlação: se nos 62 casos de Barton foi aplicado o sistema de RMR e nos 49, o Q-system, e assim retirada a correlação, ou se o gráfico que deu origem à correlação foi elaborado de modo aproximado, a partir dos valores existentes de Q e RMR, plotados de acordo com suas classes e as semelhanças entre os nomes destas. Esta correlação foi utilizada por Durand (1995) ao longo de três galerias PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA para prospecção, situadas na parte chamada talude sul do talude SE-NW da Mina de Timbopeba, para avaliação do maciço composto por quartzito. O autor aplicou os dois sistemas de classificação (Bieniawski, 1976; Barton et al., 1974) e calculou também o valor de RMR pela correlação, e ao comparar os resultados (RMR1976 x RMRcorrelação) verificou a inaplicabilidade da correlação para aquele local. De qualquer modo, a correlação foi feita com base em rochas de diversos lugares, e tipos diferentes, e o Q-system leva em conta, mesmo que de modo indireto (através do RQD), a resistência da rocha intacta, juntamente com o RMR, que considera de modo direto esta resistência, sendo isto uma característica relacionada ao litotipo. Assim, seria interessante se correlações entre os dois sistemas fossem elaboradas por litologia, pois teoricamente em qualquer parte do mundo poderiam ser aplicadas, e o valor de RMR seria calculado de modo mais preciso. De forma geral, a aplicação de sistemas de classificação é um procedimento relativamente simples, mas é necessário da parte do usuário um entendimento claro dos parâmetros envolvidos e talvez algumas informações mais detalhadas do maciço (resistência das rochas, condições do fluxo d’água subterrâneo), que inicialmente podem não estar disponíveis. Logo, a classificação do maciço não deve substituir um estudo mais elaborado do mesmo, e sim, ao longo do projeto, a classificação pode vir sofrendo atualizações, conforme novos dados geotécnicos são obtidos. Dependendo da obra a ser realizada, é interessante utilizar mais de um sistema de classificação, Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 45 pois diferentes sistemas dão diferentes ênfases aos parâmetros envolvidos (Hoek, 2007). Adaptações da versão de Bieniawski (1979) foram feitas para aplicação em minas no Brasil, incluindo uma nova classe de maciço, a Classe VI, onde esta abrange “os solos estruturados rijos e rochas extremamente alteradas brandas e moles, tipo saprolitos” (Innocentini, 2003). Esta classe foi criada para divisão dos materiais entre os que são escavados com equipamentos comuns de escavação e escarificação usados na lavra, e os que são escavados a fogo (Galbiatti, 2006). Este procedimento está de acordo com a idéia defendida por Ojima & Vaz (1982), citada em Scarpelli (1994), onde esta autora diz que aqueles “só consideram válida a utilização de classificações desenvolvidas para condição única de uma determinada obra em um meio específico, não concordando com a aplicação de classificações pré-estabelecidas, as ditas universais”. Ainda seguindo a linha de raciocínio citada anteriormente, Almeida (1994) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA apresenta em seu trabalho um sistema de classificação geomecânico desenvolvido para maciços rochosos de itabiritos, com aplicação a minerações a céu aberto situadas no Quadrilátero Ferrífero. Este sistema tem por base o de Franklin et al. (1971), e o autor apresenta de forma sistemática as etapas de elaboração do seu sistema, podendo desta forma servir de base para elaboração de outros, específicos para locais variados, possuindo estes “a capacidade de incorporar detalhes e peculiaridades não presentes em sistemas mais gerais” (Scarpelli, 1994). 2.6. Modelagem Geológica e Geomecânica de Maciços Rochosos Em geral, um modelo geomecânico é a representação gráfica de uma região onde será implantado um empreendimento, ou onde já exista um, podendo ser a reprodução de maciços de talude, de escavação subterrânea, da fundação de barragens, ou de outras obras geotécnicas, que abrange todas as informações geológicas e geotécnicas necessárias para a previsão do comportamento do maciço quando solicitado. É um modelo físico da região, e no caso de maciços rochosos deve apresentar as características globais, como as classes geomecânicas, e as particularidades relevantes que possam condicionar o seu comportamento, tais descontinuidades, seus com como o nível respectivos d’água subterrânea e as parâmetros geotécnicos. Sua Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 46 complexidade vai depender da obra e finalidade para o qual está sendo criado e do tamanho da região que será analisada. É elaborado após a caracterização e classificação do maciço, e reúne todas as feições do meio rochoso, definidas espacialmente, de interesse ao projeto em questão. É, portanto, específico para o local estudado (Serra Jr. & Ojima, 2004). Tem por base geralmente o modelo geológico do local, onde se encontram os tipos litológicos e o posicionamento das estruturas geológicas. Atualmente, o modelo geomecânico tornou-se elemento fundamental para análises de estabilidade de obras geotécnicas, porém sua elaboração ainda depende da experiência do geólogo ou engenheiro geotécnico, tornando a tarefa altamente subjetiva, na medida em que esta envolve interpretação de mapas e seções geológicas e geotécnicas, mapeamentos de descontinuidades, estudos hidrogeológicos, e visualização deste conjunto de informações no espaço. Na criação de modelos geomecânicos as seguintes questões geralmente PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA são levantadas, pois dizem respeito à subjetividade da elaboração dos mesmos: o modelo está expressando de forma exata a realidade do maciço, com relação às posições das litologias, e aos parâmetros de resistência necessários para sua análise de estabilidade? Que garantia existe de que um conjunto de parâmetros adotados para um ponto será o mesmo para outro ponto do maciço? Estas questões estão relacionadas com o efeito escala, a anisotropia, a homogeneidade, e outras propriedades importantes para a compreensão do comportamento mecânico do maciço. Para auxílio na resposta destas questões, diversas ferramentas computacionais voltadas para área de modelagem geológica e geomecânica têm sido desenvolvidas, tendo seu começo nas áreas de exploração mineral (mineração), e exploração de óleo e gás. Na área de mineração, a modelagem era voltada para a busca de corpos de minério, com utilização de grandes quantidades de dados de furos de sondagem. Já na indústria de óleo e gás, se voltava para a representação dos reservatórios de óleo e gás, baseada em informações de furos de sondagem e dados de sísmica. Porém, a implementação prática destas ferramentas na área de geotecnia dá-se de forma lenta, devido aos seguintes fatores (Hack et al., 2005): • Em estudos de problemas geotécnicos nem sempre existem dados de entrada em quantidade suficiente para que programas sofisticados e caros possam oferecer ajuda efetiva. Neste caso, deve-se ter cautela, pois a utilização de programas 3D complexos fazendo-se uso de Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 47 quantidade limitada de dados pode transformar a tarefa em subjetiva, caindo-se novamente nas questões anteriores. • Os programas em geral não executam todas as atividades necessárias em um projeto geotécnico, sendo necessário o uso de um ou mais programas, e ainda compatibilizar a saída de um com o tipo de entrada no outro, o que muitas vezes não é uma tarefa trivial. • A maioria dos programas de modelagem ainda não consegue representar de forma eficiente a geologia estrutural da região estudada, limitando-se somente à modelagem de falhas, que em geral são estruturas de grande escala, ficando as de menor escala (ex. foliações) excluídas do modelo, porém estas são de suma importância em análises de estabilidade. O trabalho de Corrêa (2001) exemplifica o problema da quantidade de dados. Trata-se da elaboração de um modelo geológico de parte do subsolo da PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA região do Méier, bairro da cidade do Rio de Janeiro, a partir de informações de furos de sondagem (ensaios SPT) introduzidas em três ferramentas computacionais diferentes: WinSurf, GoCAD, ArcView. A autora comenta que os resultados obtidos com os softwares GoCAD e ArcView foram afetados pela quantidade de furos de sondagem, considerada insuficiente, pois os programas realizam interpolações e extrapolações para criação das superfícies representativas das camadas de solo, e com poucos dados, as superfícies geradas não condisseram com a realidade. Por outro lado, existem exemplos bem sucedidos de utilização de programas para modelagem, como se observa no trabalho de Nascimento (2001). O autor utilizou o programa GoCAD para modelar um maciço rochoso situado na cidade do Rio de Janeiro, chamado de Morro Dois Irmãos, aproveitando também para representar as feições estruturais do tipo falha e o Túnel Zuzu Angel, presentes neste maciço. Neste trabalho são citados diversos programas para modelagem, porém a maioria destina-se à área de reservatórios, sendo o próprio GoCAD originado para isto. Juntamente com estas ferramentas computacionais, nos últimos anos tem se desenvolvido de forma considerável uma área da estatística que pode ser bastante útil nos estudos que envolvem a modelagem geológica e geomecânica de maciços rochosos: a Geoestatística. Esta envolve aplicação de técnicas de interpolação para estimativa de propriedades no espaço, que podem ser justamente as informações obtidas através da caracterização de maciços, ajudando também na busca de respostas às questões levantadas anteriormente. Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 48 2.7. Estabilidade de Taludes As bancadas presentes em taludes de mina são elementos que conferem certa estabilidade aos mesmos, porém minas profundas convivem com a possibilidade de desenvolvimento de instabilidade global. Esta situação não é tolerada, porém rupturas de parte das bancadas são comuns, afetando pouco o talude como um todo, mas às vezes as bancadas se apresentam estáveis e o talude global não. Os seguintes tipos de ruptura são comuns em bancadas de minas, podendo ocorrer em conjunto: • Ruptura Planar; • Ruptura Circular; • Ruptura em Cunha; • Ruptura por Tombamento; PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA • Ruptura por Flambagem. Rupturas globais são aquelas que envolvem várias bancadas, ou o talude global da mina, alcançando geralmente a profundidade máxima da cava, e dependendo da localização, pode ter conseqüências catastróficas para o empreendimento, como a paralisação total da mina. Para sua previsão, é necessária uma atenta observação dos dados de monitoramento dos deslocamentos na mina, pois este movimento em geral é progressivo, até o momento em que se dá a ruptura total. Entretanto, os mecanismos deste tipo de ruptura ainda não são bem entendidos, e Sjöberg (2000), citado em Zea & Celestino (2004), aponta para aonde as pesquisas nesta área devem seguir: 1) conhecer as condições para ocorrência de diferentes rupturas; 2) conhecer as condições para deflagração da ruptura; 3) conhecer a forma e a localização da superfície de ruptura. Um incidente deste tipo tomou forma na Mina de Águas Claras, citada por Rojas (1995), onde a instabilidade de um talude de 240 metros desenvolveu-se ao longo de um mês e apenas 15cm de movimento foram detectados antes do colapso global. A causa do escorregamento foi a ruptura a compressão do material no pé do talude, estando de acordo com o movimento descrito por Sjöberg (1996), conhecido como “Block Flow Failure”, onde sucessivas rupturas no pé do talude vão ocorrendo, com redistribuição das tensões para as áreas adjacentes, perdendo assim a base de sustentação do talude e levando a ocorrência de um dos movimentos citados acima (para bancadas) em escala global. Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 49 Galbiatti (2006) estudou um tipo de ruptura incomum, ocorrida na Mina do Cauê, chamada de Ruptura Oblíqua, onde uma massa rochosa deslizou sobre direção oblíqua a do talude, tendo sido controlada por falhas nos seus limites laterais, e um movimento de toppling veio tomando forma conforme a massa avançava para dentro da cava. O autor apresenta o histórico do movimento e do monitoramento da ruptura, e analisando-se estes dados à base das definições sobre ruptura progressiva e regressiva apresentadas por Rojas (1995), concebese a idéia de que o movimento parece ter iniciado como regressivo, e posteriormente se tornado progressivo, mas a ruptura global não foi repentina. A análise da estabilidade de taludes, mesmo com os avanços recentes alcançados nesta área de estudo, ainda apresenta algumas das dificuldades específicas descritas por De Campos (1985) e reapresentadas abaixo: • A variação espacial das propriedades do material do talude (solo ou rocha): resistência, deformabilidade, permeabilidade, índices físicos, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA mineralogia, grau de intemperismo, heterogeneidade, anisotropia intrínseca ou estrutural. • Avaliação dos mecanismos de ruptura e seus condicionantes: forma e posição da superfície de ruptura, ruptura progressiva, velocidade de deformação, trincas, fissuras, superfícies de fraqueza, condição de drenagem, desenvolvimento e variação de poro-pressões positivas ou negativas, chuvas, erosão etc. • Avaliação do estado inicial e distribuição de tensões no talude: intensidade e direção das tensões principais. • Confiabilidade do modelo teórico associado ao método de cálculo utilizado: hipóteses, problemas numéricos. • Obtenção experimental de parâmetros do material do talude representativos das condições de campo: amostragem, dimensões de amostras, técnicas de ensaio inadequadas ou não padronizadas, instrumentação deficiente, condições de drenagem etc. Porém, existem diversos métodos de análise de taludes descritos na literatura, e atualmente a maioria encontra-se disponível em softwares, podendo assim ser utilizados de maneira rápida e prática, se mostrando bastante eficientes, uma vez que se tenha trabalhado com parâmetros geotécnicos confiáveis, apesar das deficiências descritas anteriormente. Estes métodos são divididos do seguinte modo: Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 50 • Métodos Probabilísticos: Probabilidade de Ruptura; • Métodos Determinísticos: Fator de Segurança; o Equilíbrio Limite: Tabela 2.1; o Retroanálise; o Métodos Gráficos. • Análise Tensão-Deformação; • Análise Limite; • Análise Cinemática (Projeção Estereográfica) (Goodman, 1989); • Ábacos de Estabilidade. Rojas (1995) diz que a análise por tensão-deformação é indicada para taludes de grande altura em minas a céu aberto (acima dos 100 metros), devido à geração de tensões elevadas e a sua constante redistribuição ao redor da cava. Porém, os métodos baseados em Equilíbrio Limite ainda são bastante empregados, principalmente para análise de bancadas, por serem mais simples, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA eficientes, e os softwares para Análise Tensão-Deformação com possibilidade de utilização para taludes ainda são onerosos. Entretanto, Rojas (1995) defende que o ideal fosse as análises de estabilidade em taludes de grande altura serem sempre complementadas por análises numéricas. Tabela 2.1 – Métodos de Análise de Estabilidade por Equilíbrio Limite (De Campos, 1985). Tipos de Superfícies de Ruptura Tipos de Perfis Superfície Planar Superfície Circular Superfície Qualquer Homogêneos - Taylor (1948) Frohilich (1955) - Quaisquer Talude Infinito Cunhas Talude Finito (Hoek & Bray, 1981) Bishop Simplificado (1955) Spencer (1967) Fellenius (Fatias) Janbu (1973) Morgenstern-Price (1965) Sarma (1973) (Fatias) Sarma (1979) (Cunhas) As seguintes considerações são feitas para aplicação dos Métodos de Equilíbrio Limite (Massad, 2003): • O material (solo ou rocha) se comporta como rígido-plástico, isto é, rompe-se bruscamente, sem se deformar (a deformação do material não é levada em conta); • As equações de equilíbrio estático são válidas até a iminência da ruptura, quando, na realidade o processo é dinâmico; Caracterização e Modelagem de Maciços Rochosos de Minas a Céu Aberto 51 • O coeficiente de segurança (FS) é constante ao longo da linha de ruptura, isto é, ignoram-se eventuais fenômenos de ruptura progressiva. A resistência ao cisalhamento do material geralmente é descrita em termos dos parâmetros de resistência de Mohr-Coulomb (c’ e φ’), e o Fator de Segurança é dado pela razão entre a soma das forças resistentes ao deslizamento e a soma das forças causadoras do deslizamento, podendo também ser definido em termos de momentos atuantes e resistivos. Para o cálculo do Fator de Segurança em superfícies de rupturas circulares e quaisquer, geralmente o maciço é divido em fatias, pois assim é possível obter o valor da tensão cisalhante atuante ao longo da superfície de ruptura toda. Neste cálculo são levadas em conta as forças cisalhantes e normais sobre a superfície de ruptura de cada fatia, as forças cisalhantes e normais entre as fatias, o peso próprio da fatia, e as cargas externas atuantes no PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA topo de cada fatia. Algumas hipóteses são adotadas com relação a estes fatores a fim de que o problema se torne estaticamente determinado, quando resolvido através das equações de equilíbrio estático. Os métodos de análise por equilíbrio limite diferem entre si basicamente pelas hipóteses adotadas, e são divididos em: • Simples: métodos onde as forças entre as fatias não são consideradas. • Complexos: neste tipo as forças entre as fatias são consideradas nos cálculos. • Rigorosos: métodos onde todas as condições de equilíbrio estático são satisfeitas. Fellenius, Bishop Simplificado, Janbu Simplificado, Spencer, e Morgenstern-Price são os mais conhecidos e utilizados, sendo o primeiro um método do tipo simples, onde somente é avaliado o equilíbrio de momentos em relação a um ponto. O segundo pode ser considerado do tipo complexo, pois há equilíbrio de forças entre as fatias no eixo horizontal e equilíbrio de momentos. Janbu Simplificado também é do tipo complexo, ocorrendo somente o equilíbrio de forças. E os dois últimos são do tipo rigoroso, pois o equilíbrio das forças verticais e horizontais, e os momentos são satisfeitos. Em minas a céu aberto, geralmente adota-se o Fator de Segurança igual a 1,30 para consideração dos taludes como estáveis (Innocentini, 2003). 3 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina A mina de Morro da Mina pertencente à VALE encontra-se na fase de operação e serve de objeto para o presente estudo, pois suas características geométricas e geotécnicas estão presentes na cava, e a mina possui um bom acervo de dados técnicos, onde várias das atividades pertencentes ao PGTM, referenciadas no Capítulo 2, foram realizadas, atendendo assim as necessidades deste trabalho. As informações apresentadas a seguir foram obtidas através de relatórios técnicos, elaborados por empresas contratadas pela VALE para estudos PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA geotécnicos na mina, e de pesquisas bibliográficas sobre o assunto, sendo complementadas por depoimentos dos responsáveis pela mina quando da realização da visita técnica ao complexo da mina. 3.1. Mina de Morro da Mina A mina de Morro da Mina situa-se ao norte da cidade de Conselheiro Lafaiete, no estado de Minas Gerais, conforme mostra a Figura 3.1, e possui uma área de 425 hectares, com 6.500m² de área construída. É uma mina de minério de manganês, e recebeu este nome porque no local existia um monte que era conhecido assim, onde havia galerias construídas provavelmente para pesquisar a existência de ouro no local. Atualmente pertence à VALE, sob responsabilidade da empresa Rio Doce Manganês – RDM. Sua exploração tem o seguinte histórico: • 1894 – O depósito de óxido de manganês foi encontrado fora da montanha Morro da Mina. • 1902 – Primeiro embarque de minério de manganês para o mercado externo (Estados Unidos). • 1960 – A produção foi voltada para o mercado interno. • 1970 – O minério de óxido de manganês foi esgotado na mina e houve adaptações carbonatado. para exploração do minério de manganês sílico- 53 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina • 1999 – A VALE se torna a única proprietária da mina. Até então a mina pertencia a Sociedade Mineira de Mineração Ltda. – SMM. • 2004 – A mina foi incorporada à Rio Doce Manganês – RDM. Os produtos da mina de Morro da Mina estão expostos na Figura 3.2. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Comprimento: 870 m Largura: 400 m Profundidade: 130 m Altura da Bancada: 10 m Escritórios N Figura 3.1– Localização da Mina Morro da Mina e todo seu complexo (VALE, 2006). a b Figura 3.2 – Produtos da mina (VALE, 2006). Figura a: LG13 – Minério de Manganês Carbonatado Granulado (entre 6,30mm e 75,00mm); Figura b: LF01 – Minério de Manganês Carbonatado Fino (6,30mm). O minério de manganês tem diversas aplicações, e as principais são as seguintes: fabricação de aços (exerce papel de antisulfurante e possui propriedades desoxidantes); principalmente empregado para a obtenção de ferromanganês (80% de manganês); empregado na produção de siliciomanganês (liga com 60-70% de manganês e uns 15-30% de silício); usado como despolarizador em pilhas secas e empregado na obtenção de pinturas e 54 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina na descoloração de vidro (dióxido de manganês, MnO2). Além disto, o próprio ser humano precisa consumir de 1 a 5mg deste mineral por dia. 3.2. Geologia da Área Em 2004, a empresa Geoexplore Consulta e Serviços Ltda. realizou um extenso mapeamento geológico e uma análise da formação das estruturas presentes na região do complexo da mina, atualizando e aprofundando estas informações, pois em 2000 a empresa SBC também havia realizado um estudo deste tipo. Os resultados obtidos (Geoexplore, 2005) são descritos resumidamente nos parágrafos e itens seguintes. Para realização de seu trabalho, esta empresa dividiu a mina em três porções: Setor I, situado no extremo NW; Setor II, ocupando a porção central; e Setor III, no extremo sudeste PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA da mina, conforme se observa no Anexo 1. Atualmente, o minério explorado encontra-se na porção central da cava, e é descrito como uma rocha sílico-carbonatada, denominada Queluzito. Esta rocha apresenta-se compacta, com textura afanítica, tendo como minerais principais os seguintes: Rodocrosita (MnCO3), Quartzo (SiO2), Espessartita [Mn3Al2(Si3O12)], Rodonita (Mn3Si3O9), Tefroíta [Mn2(SiO4)], Sulfetos (pirrotita, pirita, calcopirita e galena). Trata-se de uma rocha originalmente sedimentar, pertencente a uma seqüência de rochas verdes (Greenstone Belt1) que sofreu metamorfismo do tipo dinâmico ou cataclástico. O cenário deposicional original é interpretado como o de uma bacia de fundo oceânico, evoluída a partir de uma margem divergente e com suposta contribuição vulcanogênica, conforme Figura 3.3. A geometria inicial dos corpos de minério foi controlada por processos sedimentares, principalmente fluxos de turbiditos2 e sedimentação química (manganês, carbonato, chert) acompanhada de concentrações orgânicas (carbono – grafita). 1 Cinturão de rochas verdes: representado por xistos máficos (ferromagnesianos) e ultramáficos, intercalados com formações ferríferas bandadas, chert e rochas vulcanoquímicas diversas, de baixo grau metamórfico, entre estruturas dômicas de granitóides TTG (throndjemito-tonalito-granodiorítico). 2 Sedimentos cujo tamanho dos fragmentos varia desde conglomerado (alguns clastos possuem vários metros de diâmetro) até as frações siltico-argilosas, com o tamanho de grão dominante sendo o de arenito médio e fino. São comuns os turbiditos formarem seqüências de deposição de sedimentos finos a médios, com estratificação rítmica e gradacional, mas um turbidito pode estar representado por apenas uma camada. 55 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Figura 3.3 – Cenário deposicional originador dos corpos de manganês (Geoexplore, 2005). O metamorfismo do tipo dinâmico ocorre ao longo de zonas de cisalhamento, com atuação predominante de esforços de deformação, devido à elevação da pressão, e de acordo com o local de ocorrência, a zona de cisalhamento recebe nome específico, e gera diversas estruturas geológicas: • Regiões superficiais (crustais), vizinhanças de falhas, com atuação de esforços somente mecânicos: Zona de Cisalhamento Rúptil. Causa o fraturamento, fragmentação, cominuição das rochas do local, gerando em estado rígido as descontinuidades físicas (juntas, falhas). • Regiões mais profundas, com atuação de temperatura e esforços de deformação: Zona de Cisalhamento Dúctil. Não causa descontinuidades físicas, e sim estruturas geradas em estado de fluxo plástico (foliações, lineações, dobras). A atuação posterior deste metamorfismo se deu em três fases, chamadas de Fases de Deformação Dn, Dn+1 e Dn+2, que deram origem ao condicionamento geométrico-estrutural atual dos corpos de minério. As duas primeiras são as responsáveis por modelar a geometria dos corpos mineralizados, e a última fase causou rompimentos e deslocamentos destes corpos. As principais feições estruturais geradas são explicadas mais adiante neste capítulo. • Fase de Deformação Dn: primeiro estágio de deformação; possibilidade de ter sido acompanhada de magmatismo ácido, com colocação de corpos de granitóides na sucessão sedimentar; gerou as seguintes estruturas: Dobramento regional Bn de eixo NW-SE subhorizontal, com Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina 56 plano-axial subvertical (a área da mina se situa no flanco inverso de uma grande dobra, com a estrutura sinformal localizada a NE, e a antiformal a SW; parece que o transporte tectônico de massa ocorreu de SW para NE); Mesodobras de menor ordem; Xistosidades Sn planoaxial das Dobras Bn, subvertical, ou com forte mergulho para SE; Lineação Mineral Ln e Lineação de Estiramento Lm, com forte caimento para SE; Boudin3 com eixo subhorizontal. • Fase de Deformação Dn+1: ocorrência de dois estágios de deformação, com ordem de atuação desconhecida; deu-se sob metamorfismo de baixo grau e superposição cinemática distinta; gerou as seguintes estruturas: Meso a Macrodobras Bn+1 com eixos subverticais, com planos-axiais de mergulhos elevados; Zonas de Cisalhamento, com direção NNW-SSE, e mergulhos subverticais; Clivagem de Crenulação Sn+1 plano-axial das Dobras Bn+1 com atitudes variáveis; Lineação PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Mineral Ln e Lineação de Estiramento Lm, oblíqua, com caimentos para NW e SE; Boudins com eixo subvertical, ou com forte caimento para NW e SE. • Fase de Deformação Dn+2: último estágio de deformação; fim das deformações de caráter rúptil, ocorridas na região em condições crustais; gerou as seguintes estruturas: falhas, marcadas por lineações de baixa temperatura (estrias e slickensides4), fraturas e juntas. Assim, atualmente o corpo de minério que está sendo lavrado foi identificado como tendo forma de uma “amêndoa” verticalizada, repartido por estruturas em forma de sigmóides, onde suas litologias têm contatos tectônicos bruscos, principalmente por falhas e zonas de cisalhamento com as rochas encaixantes (Figura 3.4). Desenvolveu-se segundo a direção preferencial N50°W, com forte caimento (80° na subvertical) para sudoeste. A espessura aparente do corpo de minério varia em torno de 100 metros. Mas ainda existem 3 Salsicha: feição ou estrutura decorrente do processo de boudinage, que consiste no processo de deformação sofrido por camadas, bandas ou lentes mais competentes e rúpteis que se fragmentam em forma de boudins (salsichas) ao serem estirados dentro de material rochoso mais dúctil e que se escoa, quando o conjunto sofre esforços compressivos ou extensionais. 4 Espelho de falha: superfície polida de rocha originada pelo atrito dos blocos de falha ao se movimentarem. Minerais ou fragmentos mais duros provocam estrias (estrias de falha) ou, se maiores, caneluras ou fault grooves (caneluras de falha) no plano de falha polido e são bons indicadores cinemáticos da direção e mergulho do rejeito de falha. O espelho formado por atrito rompe-se em ressaltos (ressaltos de falha) perpendiculares ao do deslocamento e são indicadores do sentido deste deslocamento dos blocos de cada lado da falha. Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina 57 corpos individualizados, que seguem ao longo das zonas de cisalhamento, com espessuras variadas, os quais foram rompidos pelos processos deformacionais mencionados anteriormente. Antes de o minério sílico-carbonatado ser lavrado, a mina explorava o minério de manganês oxidado, que é composto pelos seguintes minerais: Pirolusita (MnO2), Psilomelano [Ba Mn8 O16(OH)4], Criptomelana (KMn8O16), e Manganita [MnO(OH)]. Este apresenta maior concentração de manganês que o sílico-carbonatado. Segundo a Geoexplore (2005), as principais rochas encaixantes do minério são: Anfibolitos, Biotita Xistos Grafitosos, e Biotita-Feldspato-Quartzo Xistos. Subordinados, ocorrem Filitos e rochas intrusivas predominantemente ácidas. Este conjunto pertence ao Supergrupo Rio das Velhas, do Quadrilátero Ferrífero, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA e será mais bem explicado a seguir. Figura 3.4 – Contato tectônico do minério de manganês sílico-carbonatado com granitóide, envolvido por um dobramento isoclinal assimétrico, em zona de cisalhamento com biotita xisto carbonoso (Geoexplore, 2005). 58 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina 3.2.1. Litotipos da Cava As rochas de Morro da Mina pertencem a três unidades diferentes: 1) Rochas Metaplutônicas: • IAF – Anfibolito: distribui-se amplamente, principalmente na porção noroeste da cava da mina, e está representado por anfibolitos finamente laminados. Freqüentemente ocorrem ainda tipos com granulação mais grossa e menos foliada. Ocorre subordinado ao biotita-feldspato-quartzo xisto de forma lenticular ou sigmóide, encaixada entre o biotita xisto grafitoso e o granitóide foliado. • GD – Granodiorito: corresponde a uma estreita faixa de rocha localizada na porção norte da cava, que se estende longitudinalmente desde o L até NW neste maciço da mina. Apresenta-se em afloramentos muitos PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA bem preservados na superfície mediana da cava até faixas intemperisadas de cor rósea avermelhada média no topo da cava, estando em contato brusco sobre biotita-feldspato-quartzo xisto. Sua coloração é cinza claro azulado, variando a cinza mais escuro e cor bege acinzentado nas porções próximas do contato com biotitafeldspato-quartzo xisto, onde exibe uma foliação proeminente marcada pela presença de minerais máficos na sua constituição. Possui granulometria média a fina. • MGD – Metagranodiorito: unidade litológica de característica máfica a intermediária devido a seus constituintes mineralógicos. Apresenta-se de cor cinza esverdeada a marrom esverdeada, com granulação muito fina a fina, mas com porções de granulação média com tendência isotrópica, que ainda preservam alguma foliação. Sua área de ocorrência é restrita à porção noroeste da cava, em contato tectônico com biotita xisto grafitoso e biotita-feldspato-quartzo xisto. • GRF – Granitóide Foliado: rocha intrusiva, variável em granulometria e composição. Mostra-se intensamente foliada, em geral acompanhando a foliação Sn ou formando venulações discordantes e preenchendo fraturas e zonas de fraqueza da rocha a qual está associada. A cor varia de branco amarelada a muito branca e nas porções mais elevadas, próximas à superfície, apresenta-se intemperisada e caulinizada. 59 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina • G2 – Granitóide Sin-a-Tardi-Tectônico: possui textura geralmente homogênea, isotrópica, e apresenta uma foliação muito incipiente o que pode caracterizar esta rocha como sin-a-tardi-tectônica ou mesmo pós-tectônica. Sua granulometria é variável entre muito fina e muito grossa, com tendência pegmatítica. Ocorre principalmente nas zonas de falhas e fraturas do minério de manganês sílico-carbonatado. 2) Rochas Químicas Metassedimentares: • MSC – Minério de Manganês Carbonatado: composição sílicocarbonática. Possui coloração cinza amarronzada, estrutura compacta e é extremamente rígido. Apresenta-se pouco fraturado, e as freqüentes intercalações centimétricas de biotita xisto grafitoso condicionam o surgimento de descontinuidades espelhadas, normalmente subparalelas à foliação, mas também ortogonais esporádicas. Localmente são observados veios centimétricos a PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA decimétricos de rodonita e serpentina. Reage ao ataque por HCl 1:1. • MOX – Minério de Manganês Oxidado: duro, pesado, muito escuro, quase esgotado na mina, localizado na porção SE da cava em forma de finas lentes, e nas superfícies, porção NW, em contato com granitóides intemperisados e caulinizados, biotita xistos grafitosos e biotita xistos decompostos. 3) Rochas Clásticas Metassedimentares (Xistos): • XQB – Biotita-Feldspato-Quartzo Xisto: principal litologia encaixante do corpo de minério. Pode ocorrer também como faixas intercaladas com o minério. Possui coloração cinza esverdeada com variações de cinza escuro a castanho amarelado nas porções mais intemperisadas, foliação bem desenvolvida (porém normalmente selada) e granulometria muito fina a fina. Observa-se localmente a presença de cristais de granada, disseminados pela rocha ao longo dos planos de foliação. Sulfetos ocorrem também disseminados na rocha, preenchendo planos de fraturas ou como finas venulações milimétricas ao longo da foliação. Apresenta ainda anfibólio, geralmente como ripas longitudinais paralelas à foliação. Engloba tipos litológicos subordinados que variam de Clorita Xisto (CX), Quartzito Ferruginoso (QF), Chert (Chr), e Venulações Quartzo Feldspatos (QZ). • XGT – Biotita Xisto Carbonoso: genericamente, descrita como Biotita Xisto Grafitoso, é a unidade litológica que mais apresenta feições de deformação, com estruturas de dobramento, lineamento mineral, 60 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina lineação de estiramento, zonas de cisalhamento, clivagens de crenulação, falhas com estrias e slickensides, além da própria foliação milonítica expressa em todos os seus afloramentos. É representada por uma rocha de cor cinza claro a escuro, em geral parcialmente intemperisada. Esta rocha apresenta-se intercalada em todos os pacotes litológicos do depósito, com espessuras normalmente centimétricas, podendo chegar a métricas. • XGA – Biotita-Feldspato-Granada-Quartzo-Anfibólio Xisto: forma um expressivo corpo localizado à superfície inferior da cava, nas porções SE, L e NE. Apresenta-se deformado, formando lentes dobradas com flancos rompidos, que se interpõem aos fragmentos de biotitafeldspato-quartzo xisto. • FT – Filito: ocorre como uma lente de cerca de 10m de espessura no biotita-feldspato-quartzo xisto, na parte central do setor NE. Possui PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA coloração cinza esbranquiçada, apresenta-se muito alterado e a foliação fica pouco aparente devido ao grau de intemperismo. Em resumo, apresentam-se os tipos litológicos segundo a sua posição em relação às rochas do minério: • Minérios: MSC, MOX. • Rochas Encaixantes: XQB, XGT, IAF. • Rochas Intrusivas: GD, MGD, GRF, G2, XGA, FT. 3.2.2. Feições Estruturais As principais feições estruturais presentes na mina estão organizadas na Tabela 3.1: Tabela 3.1 – Principais elementos estruturais presentes na mina. Estruturas Planares Estruturas Lineares Bandamento Composicional S0 Lineação Mineral Ln Xistosidade Sn Lineação de Estiramento Lm Clivagem de Crenulação Sn+1 Foliação Milonítica Sm em Zonas de Cisalhamento Falhas/Fraturas Eixos de Boudin δn Eixos de Dobras βn Estrias Lef sobre Falhas Slickensides Lsf sobre Falhas 61 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina 3.2.2.1. Bandamento Composicional S0 Interpretado como estrutura primária de natureza sedimentar a vulcanosedimentar (acamamento S0), originada durante a deposição das rochas sílicocarbonatadas. Essa feição é definida pela alternância entre leitos decimétricos a submétricos, de composição mineral distinta, ou pela variação textural da rocha, muitas vezes ressaltando um caráter rítmico; localmente percebem-se leitos com gradação normal. Em geral as diversas camadas observadas revelam geometrias de aspecto tabular e espessuras com poucas variações ao longo do seu traçado. Porém, locais afetados por dobramento e boudin podem salientar espessamento e/ou adelgaçamento inerente ao processo deformacional, modificando as dimensões originais do pacote. Seu mapeamento em cada setor não mostrou variações significativas PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA quanto à orientação espacial. Em todos os setores, S0 mostra baixa dispersão, com tendência geral segundo NW-SE, e mergulhos subverticais a fortes para SW. A Figura 3.5 mostra os setores com os respectivos planos médios. Setor I: plano médio: 211°/85° Setor II: plano médio: 220°/83° Setor III: plano médio: 221°/83° Figura 3.5 – Diagrama estrutural de pólos de S0 dos Setores da mina (Geoexplore, 2005). 3.2.2.2. Xistosidade Sn Feição penetrativa, observada em todas as rochas mapeadas na área da mina. É bem desenvolvida nos xistos encaixantes da mineralização, onde define uma xistosidade de cristalinidade fina a média, marcada por um arranjo planar dos minerais micáceos e prismáticos. Nos corpos manganesíferos essa estrutura não é perceptível na escala de amostra de mão. É menos desenvolvida ou ausente nos granitóides félsicos. Os dados estruturais de Sn revelaram 62 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina orientações gerais semelhantes àquelas encontradas para S0, com atitudes médias de 226°/80°, 229°/85° e 211°/82°, respectiva mente para os Setores I, II e III (Figura 3.6). Os mergulhos variam de subverticais a forte para SW. Apesar disso, Sn revela uma leve variação angular maior para norte nos Setores I e II, e para oeste no Setor III, isto é, uma disposição levemente transversal ao bandamento composicional. Sobre a xistosidade Sn, verifica-se em vários afloramentos a presença de uma notável lineação mineral Ln, associada ao seu PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA desenvolvimento e marcada, sobretudo pelo alongamento de cristais de biotita. Setor I: plano médio: 226°/80° Setor II: plano médio: 229°/85° Setor III: plano médio: 211°/82° Figura 3.6 – Diagrama estrutural de pólos de Sn dos Setores da mina (Geoexplore, 2005). 3.2.2.3. Clivagem de Crenulação Sn+1 Estrutura metamórfica, planar, não penetrativa, que se desenvolve em rochas incompetentes ou pouco plásticas ao esforço de deformação, na forma de planos de descontinuidade física (físseis) e/ou de recristalização preferencial de minerais metamórficos, e que se espaçam entre si em até 2cm no máximo, paralela ou subparalelamente aos planos axiais de dobras micro a mesoscópicas de crenulação. As "fatias" de rocha entre clivagens de crenulação chamam-se microlitons. O distanciamento dos planos de clivagem a mais de 2cm leva a classificá-los de fraturas ou sistema de fraturas, e se os planos se apresentarem muito cerrados, em uma estrutura penetrativa com pouca recristalização, a clivagem de crenulação passa a ser ardosiana, e ainda, se houver intensa recristalização, passa a ser uma xistosidade (Figura 3.7). Essa feição foi observada em alguns locais da mina, normalmente no clorita xisto e no biotita xisto carbonoso. Ocorrem associadas com zonas de maiores magnitudes de deformação, porém por apresentar orientações diversas não foi possível estabelecer o seu real significado. Algumas vezes, percebe-se 63 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina apenas lineações de crenulação, sem planos associados, e algumas concentrações coincidem com os eixos de boudin e de dobramento. Figura 3.7 – Exemplos de Clivagem de Crenulação. Figura a: clivagem de crenulação observada na zona de charneira de uma dobra maior (as dobras nos microlitons são simétricas); Figura b: clivagem de crenulação observada num flanco de uma dobra maior (as microdobras são assimétricas). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA 3.2.2.4. Foliação Milonítica Sm em Zonas de Cisalhamento Estas zonas foram de extrema importância na configuração dos corpos mineralizados de manganês. Apresentam-se com portes diversificados, com espessuras variáveis de milimétricas a métricas, ou ainda visíveis somente ao microscópio. As zonas mais marcantes são aquelas que apresentam orientação levemente transversal ao trend principal, NNW-SSE, desenvolvidas principalmente no Setor II (Anexo 1). Nestas zonas, percebem-se processos de milonitização, marcada pela intensificação da xistosidade que passa para uma foliação de caráter milonítico (Sm). No interior dessas zonas sigmóides de rocha e de foliação há, além de lineação de estiramento e boudins, porfiroblastos rompidos ou estirados, simétricos, notadamente formando “sombras de pressão” em suas caudas (Figura 3.8). Os corpos mineralizados afetados pelas zonas de cisalhamento adquirem formas amendoadas ou sigmoidais, com espessamento e prolongamento em seu comprimento. Os eixos de dobras apresentam orientações subparalelas a lineação de estiramento (Lm). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina 64 Figura 3.8 – Zona de Cisalhamento em biotita-feldspato-quartzo xisto, com porfiroblastos estirados e sombras de pressão em sua cauda (Geoexplore, 2005). 3.2.2.5. Falhas/Fraturas Algumas famílias de falhas (transcorrentes) e fraturas são encontradas na cava da mina, e a família com maior densidade de falha/fratura (Setor II) apresenta o seu desenvolvimento subparalelo ao bandamento S0 e às superfícies de xistosidade Sn, entretanto alguns conjuntos transversais também estão presentes (Figura 3.9, Anexo 1 e Anexo 2). Os Setores I e II da mina apresentam maior densidade de fraturamento. No primeiro domina uma família com orientação NW e mergulho forte para NE. No Setor II domina uma família com orientação NW e mergulho forte para SW (Figura 3.10). Sobre os planos das falhas percebem-se estrias ou slickensides (Figura 3.11), indicando a direção de cisalhamento; os degraus (steps) sobre alguns planos indicam o sentido de cisalhamento. 65 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina Figura 3.9 – Estilo de falhamento oblíquo em Zona de Cisalhamento, no biotita xisto grafitoso (Geoexplore, 2005). Setor I: planos médios: 159°/80° e 79°/69° Setor II: planos médios: 231°/80° e 259°/64° Setor III: planos médios: 220°/88° e 14°/88° Figura 3.10 – Diagramas estruturais de planos de falhas para os setores da mina (Geoexplore, 2005). Figura 3.11 – Exemplo de slickenside. O bloco que assenta sobre a superfície observada deslocou-se da esquerda para a direita, relativamente ao bloco inferior. A seta indica o sentido do bloco de cima. 66 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina 3.2.2.6. Eixos de Boudin δn As estruturas do tipo boudin são bem evidentes nas rochas da cava, moldando inclusive as camadas mineralizadas em manganês. Foram constatadas duas orientações distintas de boudinage, provavelmente associadas a fases de deformações e dobramentos superpostas. A família de boudinage d1 revela lineações subhorizontais ou com baixo caimento para NW, ao passo que PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA a família d2 mostra eixos subverticais. Figura 3. 12 – Exemplos de Boudin. À esquerda: exemplo geral de boudin. À direita: Formas de boudinage em biotita xisto grafitoso – Mina de Morro da Mina (Geoexplore, 2005). 3.2.2.7. Eixos de Dobras βn As rochas da cava se caracterizam por apresentarem-se intensamente dobradas em várias escalas, mostrando diversos estilos de dobramentos. Evidências fornecidas pela relação clivagem/acamamento revelam tratar-se de dobras cerradas a isoclinais, subhorizontais e com plano-axial subvertical. Ao longo dos três setores estruturais da mina, foram verificadas dobras de menor ordem, desenvolvida sobre os estratos primários das rochas sedimentares, com baixa freqüência e dimensões variando de decímetros até alguns metros, remontando outras fases de dobramento. Essas dobras variam de abertas a fechadas e apresentam eixos subverticais ou com caimentos fortes a moderados. O Anexo 3 apresenta o mapa geológico da mina Morro da Mina, identificando os principais tipos litológicos e estruturais, e o Anexo 4 apresenta todas as estruturas presentes na mina. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina 67 Figura 3.13 – Em planta, dobramento isoclinal simétrico com eixos verticalizados (Geoexplore, 2005). 3.3. Modelagem Geomecânica e Hidrogeológica da Mina 3.3.1. Investigações Geotécnicas da Área da Cava Embora a mina esteja em operação desde o século IXX, o primeiro estudo geotécnico foi realizado em 1974, pela empresa Geotécnica Ltda. Este teve um caráter preliminar e a definição das inclinações dos taludes foi feita com base na experiência da empresa. Na época, não foram realizadas as seguintes atividades que hoje são indispensáveis para um estudo geotécnico em uma mina: estudos geológicos específicos, definição de setores na cava, realização de ensaios de laboratório, sondagens geotécnicas, e análises de estabilidade. Entre 1987 e 1993 foram realizados mais de 1.800 metros de sondagens rotativas, e em 1993 foi realizado pela própria SMM um estudo de reavaliação das reservas de minério sílico-carbonatado, baseado num mapeamento de superfície e nestes metros de sondagem. Seções geológicas foram geradas a partir destas informações, porém o mapeamento geológico até a época não possuía informações geomecânicas e as descrições dos testemunhos não seguiram uma sistemática padronizada. 68 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina Em 2000, a empresa Sérgio Brito Consultoria Ltda. foi contratada pela SMM para realização de estudo geomecânico, com realização de trabalhos de campo de mapeamento lito-estrutural e geomecânico de superfície, e análises de estabilidade. A empresa utilizou as informações coletadas em campo e as descrições das sondagens existentes para propor um modelo geomecânico em profundidade, porém para uma boa extrapolação destes dados para profundidade seriam necessárias mais sondagens rotativas, o que foi proposto na época pela empresa. Neste período, a empresa MDGEO Ltda. foi contratada para realizar um estudo hidrogeológico na mina, logo, para realização das análises de estabilidade foram elaboradas hipóteses com relação ao nível d’água nos taludes. No ano de 2002, a empresa SBC foi contratada novamente para elaboração de modelo geomecânico, e desta vez, com foco em uma possível mineração subterrânea, devido a cava estar se aprofundando e os taludes PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA opostos tenderem a se convergir no centro, não restando assim espaço para os equipamentos, portanto, antes desta situação tomar forma, elaborou-se este estudo. Novamente, mais de 1.800 metros de sondagem rotativa foram realizados (11 furos – Campanha 2002), com o objetivo principal de se aferir a continuidade do corpo de minério em profundidade, e a descrição dos mesmos foi realizada pela própria SBC. Foram levantados dos furos os seguintes dados geotécnicos: Litologia, Descontinuidade Principal, Grau de Consistência, RQD, e os Índices de Influência do Sistema de Classificação de Barton et al. (1974) (Jn, Jr, Ja, Jw, SRF). A partir destas informações, a SBC classificou os trechos dos testemunhos através deste sistema, utilizou a correlação entre o valor de Q e RMR, proposta por Bieniawski (1976), para calcular o valor de RMR e classificar com base neste sistema também, e extrapolou as classes para o maciço da cava, o que auxiliou no dimensionamento da mina subterrânea. Também foram realizados alguns ensaios de laboratório em corpos de prova de rocha intacta, obtidos de testemunhos de sondagem e/ou extraídos de blocos (minério). Estes foram submetidos a ensaios de compressão uniaxial e diametral (tração indireta). Com o primeiro tipo de ensaio foi obtida, para alguns tipos litológicos, a resistência à compressão simples (σci) e o módulo de elasticidade tangente (estático) a 40% do valor de σci. Com o segundo, obtevese a resistência à tração (σt). Algumas orientações de xistosidade em relação à carga aplicada foram ensaiadas. Porém, não foram realizados ensaios para se obter a coesão efetiva (c’) e ângulo de atrito efetivo (φ’). 69 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina Em 2003, uma nova campanha de sondagens rotativas foi executada e os testemunhos foram descritos mais uma vez pela empresa contratada em 2002 (18 furos). Esta campanha objetivou estimar as reservas de minério e o aperfeiçoamento do modelo geológico/geomecânico. Realizou-se uma nova classificação dos maciços da mina, a partir das informações obtidas dos testemunhos (mesmas da campanha de 2002), e assim atualizou-se o modelo geomecânico da mina em profundidade. Outras campanhas de sondagens foram executadas em 2004 e 2005, porém com o objetivo principal de estimar as reservas minerais, e os furos foram descritos novamente pela SBC, seguindo o padrão anterior. A Tabela 3.2 resume todas as campanhas realizadas na mina ao longo dos anos, e a Figura 3.14 mostra a posição dos 39 furos utilizados. Uma tabela com a locação destes encontra-se no Anexo 5. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Tabela 3.2 – Resumo das sondagens rotativas. 15,4 Furos Utilizados - Comprimento Utilizado (m) - 9,3 11 1.835,63 18 39,0 16 4.295,55 2.399,85 8 20,3 - - 2005 1.891,10 13 16,0 12 1.671,95 Total 11.823,22 78 100 39 7.803,13 Campanhas Comprimento (m) Furos % 1987 - 1993 1.817,01 28 2002 1.835,63 11 2003 4.616,10 2004 Figura 3.14 – Posição dos 39 furos de sondagem efetivamente usados, em relação à mina. Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina 70 Para realização do presente trabalho, obtiveram-se os dados da descrição das Campanhas de 2002, 2003, e 2005. Porém, dois furos da campanha de 2003 não foram utilizados, pois um se encontrava fora da região modelada, e a descrição do segundo não estava completa, e não foi obtida a descrição de um furo da campanha de 2005. 3.3.2. Setorização Geomecânica do Maciço da Cava No estudo realizado em 2000 pela SBC (SBC, 2001), a cava foi dividida em quatro setores (Tabela 3.3), com base na orientação dominante dos taludes, contornando a cava no sentido horário, de sudoeste para nordeste. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Tabela 3.3 – Setorização adotada em 2000 pela SBC (SBC, 2001). Setor Direção Dominante SW1 N73°W, com inclinação para nordeste SW2 N50°W, com inclinação para nordeste NW N14°E, com inclinação para sudeste NE N50°W, com inclinação para sudoeste Conforme já mencionado no item 3.2, em 2004, a empresa Geoexplore (Geoexplore, 2005) foi contratada para realizar mapeamento geológico e análise estrutural da região da cava da mina de Morro da Mina, com a finalidade de compreender os processos que deram origem à conformação atual dos corpos de minério, e às estruturas geológicas presentes. Para isto, a mina foi dividida em três setores estruturais para auxílio na visualização do comportamento da deformação ao longo do trend estrutural, no qual se encontram os corpos mineralizados. Entretanto, no presente trabalho adotou-se a setorização elaborada pela SBC (2001), pois esta foi criada para fins de estudos geotécnicos, auxiliando nas análises de estabilidade dos taludes da cava realizadas pela própria empresa, e nas elaboradas como parte deste trabalho, onde se levou em conta as informações atualizadas sobre a geologia estrutural, obtidas dos levantamentos da Geoexplore (2005). Também se pretendeu com isto comparar os resultados alcançados com os obtidos pela SBC (2001). Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina 71 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Figura 3.15 – Setorizações da mina: Geoexplore (2005) – Setores I, II e III; SBC (2001) – Setores SW1, SW2, NW e NE. 3.3.3. Parâmetros Geomecânicos 3.3.3.1. Caracterização A caracterização geomecânica do maciço rochoso deu-se através da descrição dos testemunhos de sondagem, com utilização de metodologia elaborada pela SBC (2004), onde os seguintes parâmetros foram avaliados: Grau de Resistência, Grau de Consistência ou Coerência, Grau de Alteração, Condição das Descontinuidades, e RQD, e através da aplicação dos sistemas de classificação de Barton et al. (1974) e Bieniawski (1976). Como não foram realizados ensaios de laboratório em todos os tipos rochosos da mina (somente em 3 tipos e o minério), o valor da resistência destes foi estimada seguindo o procedimento adotado pela SBC (2004) para caracterização, e os resultados existentes serviram como balizadores dos estimados. A SBC (2004) relacionou a tabela de resistência da ISRM (1978) (modificada, com as classes variando de R1 a R7, ao invés de R0 a R6) com o grau de consistência, ou coerência (baseado na tabela encontrada em Serra Jr. & Ojima (2004), porém, variando de C5 a C1). Este foi determinado por meio da apreciação táctil-visual da rocha com utilização de martelo de geólogo, canivete, e unha, para avaliação da resistência ao impacto, resistência ao risco, e Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina 72 friabilidade. Em alguns furos, a classificação foi de acordo com a nomenclatura da ISRM (1978) (R1-R7), e em outros, foi de acordo com a de grau de consistência (C5-C1), e classes intermediárias, do tipo R5/R4 ou C1/C2 foram utilizadas também. A partir da tabela da ISRM (1978) e da correlação apresentada na Tabela 3.4, foram estimados os valores da Resistência à Compressão Uniaxial σci para as rochas da mina. Porém, observou-se nas descrições a ocorrência da litologia Xisto classificada como R7, e na prática, dificilmente esta litologia alcança a resistência de mais de 200 MPa. Logo, foram criadas tabelas separadas para cada tipo rochoso, com os respectivos graus de consistência e resistência avaliados nas descrições, e os valores de resistência estimados para aquele grau (no próximo subcapítulo são apresentadas as tabelas resumo, com os valores estimados). Onde ocorreu o grau máximo (R7 ou C1), adotou-se o valor máximo comumente encontrado para aquela litologia, de acordo com os limites PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA apresentados por Vaz (1996) (Figura 2.4 – Capítulo 2), não necessariamente igual ao valor que acusa na tabela da ISRM (1978), pois cada tipo de rocha tem uma faixa de variação do valor de sua resistência. Devido à complexidade da geologia do maciço da mina, foi necessária a adoção de algumas simplificações com relação à descrição das litologias nos furos de sondagem para facilitar as etapas seguintes do presente trabalho: • Os poucos trechos onde ocorria o Quartzito foram considerados como sendo XQB, pois ocorre subordinado a este (níveis de espessura centimétrica), segundo Geoexplore (2005); • Fez-se o mesmo com os trechos de Veios de Rodonita, sendo considerados como MSC, pois este mineral é constituinte do MSC; • Os Granitos, Granitóides (G2), Granodioritos e Metagranodioritos foram englobados numa única litologia, IGT, pois são todas rochas intrusivas e pertencentes a mesma família (rochas graníticas); • Nos trechos onde a descrição apresentava duas ou mais litologias juntas (ex. XQB+IGT), foi assumida a existência de só uma delas (a primeira que aparecia na seqüência); • O Solo aterro e o Solo saprolítico foram considerados apenas Solo. O grau de alteração não foi apresentado de forma direta, por meio de uma classificação em classes de alteração baseada na avaliação macroscópica das características petrográficas da rocha dos trechos de testemunhos, e sim através de uma correlação com a resistência (Error! Reference source not found.), 73 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina explicada em detalhes no trabalho de Vaz (1996), pois na prática observa-se decréscimo da resistência com o aumento do grau de intemperismo. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Tabela 3.4 – Correlação entre os Graus de Resistência, Consistência, e Alteração (baseado em SBC (2004)). Consistência/ Coerência Classes de Resistência (ISRM, 1978) (SBC) Descrição (ISRM, 1978) R7 Extremamente Resistente > 250 R6 Muito Resistente 100 - 250 R5 Resistente 50 - 100 C2 R4 Mediamente Resistente 25 - 50 C3 R3 Branda 5 - 25 C4 R2 Muito Branda 1-5 R1 Extremamente Branda 0,25 - 1 Grupos de Rocha Intacta (Vaz, 1996) σci (Vaz, 1996 - MPa) (Rocha Intacta) Classes de Alteração que podem estar presentes (Vaz, 1996) Dura > 100 R1, R2, R3, S2 σci (ISRM, 1978 MPa) (Rocha Intacta) ABGE (SBC) C1 C5 σci (Vaz, 1996 MPa) (Limites entre as Classes de Alteração) > 30 Média 30 - 100 (R1), R2, R3, S2 Branda 10 - 30 (R2), R3, S2 10 - 30 Muito Branda 2 - 10 R3, S2 2 - 10 Solo 0,50 - 2 S2 0,50 - 2 Para avaliação das condições das descontinuidades, foram utilizados os índices de influência Jn, Jr, e Ja, do Sistema de Classificação de Barton, sendo estes relacionados à rugosidade e alteração das paredes das descontinuidades. Com estes índices e o valor de Jw, SRF e RQD, calculou-se o índice de qualidade Q do sistema de Barton et al. (1974) para os trechos de testemunhos. Geralmente, nos intervalos onde ocorreu classe de resistência ou consistência menor que R3 ou C4, o RQD não era calculado, e o valor de 10% era assumido para aquele trecho, porém houve intervalos com estas classes onde o RQD foi calculado, e outros de outras classes com RQD assumido igual a 10%. O valor do índice de qualidade RMR foi calculado por meio da correlação com o índice Q, elaborada por Bieniawski (1976) e apresentada no Capítulo 2. 74 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina O Furo 05-01 encontra-se no Anexo 6 como exemplo típico dos 39 furos utilizados no presente trabalho. 3.3.3.2. Resistência Os parâmetros de resistência c’ (coesão efetiva) e φ’ (ângulo de atrito efetivo) foram estimados a partir dos programas RocData 4.0 e RocProp, da Rocscience, com utilização do Critério de Ruptura de Hoek-Brown Generalizado (Hoek et al., 2002), pois o maciço da mina apresenta-se bastante fraturado. Os parâmetros apresentados pela empresa SBC em seu relatório (SBC, 2001), oriundos da sua experiência com maciços de características geológicogeotécnicas semelhantes, e de pesquisa bibliográfica, serviram como base para PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA avaliação dos resultados obtidos nestes programas (Tabela 3.5). Tabela 3.5 – Parâmetros de Resistência estimados por SBC (2001). Consistência C6 C5 C4 C3 C2 C1 c’ (KPa) IAF γ (KPa) 18,00 40,00 φ’ (°) 32,00 Litologia Litologia Atual Anfibolito Granito IGT 18,00 40,00 30,00 Xisto Grafitoso XGT 18,00 20,00 25,00 Filito FL 21,00 50,00 30,00 Xisto XQB 20,00 40,00 30,00 Xisto Biotítico XGA 20,00 40,00 30,00 Xisto Grafitoso XGT 19,00 40,00 28,00 Granito IGT 23,00 70,00 35,00 Xisto XQB 21,00 50,00 33,00 Anfibolito IAF 27,00 100,00 37,00 Filito FL 23,00 80,00 35,00 Granito IGT 25,00 150,00 37,00 Xisto XQB 25,00 100,00 35,00 Xisto Grafitoso XGT 23,00 100,00 35,00 Anfibolito IAF 28,00 200,00 43,00 Filito FL 26,00 200,00 43,00 Granito IGT 26,00 200,00 43,00 Xisto XQB 26,00 200,00 43,00 Xisto Biotítico XGA 26,00 200,00 43,00 Xisto Grafitoso XGT 26,00 200,00 43,00 Minério MSC 36,10 200,00 43,00 Granito IGT 26,00 200,00 43,00 75 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina Para utilização do Critério de Hoek-Brown Generalizado são necessários os seguintes dados de entrada: σci (Resistência a Compressão Uniaxial da Rocha Intacta), GSI (“Geological Strength Index”), mi (Constante do material, ou petrográfica, da rocha intacta), D (“Fator de Perturbação” do maciço), MR (Índice de Módulo), γ (Peso Específico da rocha), H (Altura do talude). A resistência à compressão σci foi estimada de acordo com o explicado no item anterior. Para adoção do valor de GSI, levou-se em conta as descrições dos furos de sondagem, fotos dos taludes da mina, e fotos dos testemunhos de sondagem, pois este índice é baseado na avaliação visual da litologia, estruturas, e condições da superfície das descontinuidades no maciço rochoso (Marinos et al., 2005), assim, elaborou-se uma correlação entre as colunas do item “Condições da Superfície”, nas tabelas de GSI utilizadas pelo programa RocData 4.0 (Figuras 2.5 e 2.6 – Capítulo 2), com os graus de consistência e Tabela 3.6 – Correlações para adoção do valor de GSI. GSI Classes de Alteração (Vaz, 1996) Estrutura: em função da Litologia e da Resistência IGT, MSC XGT, XQB, XGA, IAF, GRF FT FLYSCH/ desenho H Grupos de Rocha (Vaz, 1996) FRATURADA/ PERTURBADA/ ”COSTURADA” ABGE (SBC) MUITO FRATURADA ISRM (1978) (SBC) Condições da Superfície PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA resistência da SBC e ISRM (1978), conforme a Tabela 3.6. R7 R7/R6 C1 R6 R6/R5 C1/C2 R5 C2 R5/R4 C2/C3 R4 C3 R4/R3 C3/C4 R3 C4 R3/R2 C4/C5 R2 R2/R1 C5 Dura R1 (RS) MUITO BOA Branda R2 (RAD) BOA Muito Branda R3 (RAM) RAZOÁVEL Solo S2 (SA) POBRE Média R1 Logo, à medida que o grau de consistência ou resistência decresce, o valor de GSI, e os dados de entrada mi, MR, γ, foram considerados decrescentes também. Os valores de Peso Específico (γ) foram assumidos com auxílio do programa RocProp, que consiste em um banco de dados com informações de Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina 76 ensaios em rochas de diversas partes do mundo, e de pesquisa bibliográfica (Castro, 2005; SBC, 2001). Assumiu-se ainda o valor de D igual a 1,0, (considerando o maciço rochoso muito agredido pelo processo de escavação com explosivo), e a altura do talude de 100m (altura média). Desta forma, obtiveram-se os parâmetros de resistência apresentados na Tabela 3.7. Os seguintes dados também são estimados pelo Critério de HoekBrown Generalizado: σ'3max (Tensão Principal Menor Máxima Efetiva); σt (Resistência à Tração do Maciço Rochoso); σc (Resistência à Compressão Uniaxial do Maciço Rochoso); σ’cm (Resistência à Compressão Global do Maciço Rochoso); Em (Módulo de Deformação do Maciço Rochoso); mb (Valor reduzido da constante petrográfica mi, para o maciço rochoso); s, a (Constantes que dependem das características do maciço rochoso). Lito. Consistência/ Coerência IGT - Granitóide C1/C2 C2 C2/C3 C3 - XGT - Biotita Xisto Grafitoso (Carbonoso) C1 C1 C2 C2/C3 C3 C4/C5 FT Filito PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Tabela 3.7 – Parâmetros de Resistência para as principais litologias da Mina. - - Resistência R7 R7/R6 R6 R6/R5 R5 R5/R4 R4 R4/R3 R3 R3/R2 R2 R1 R7/R6 R6 R5 R5/R4 R4 R4/R3 R3 R2 R1 R5 R2 R1 Principais Dados de Entrada e Saída c' σci γ φ' (°) 3 (MPa) (MPa) (MN/m ) 250,00 0,026 1,74 58,10 212,50 0,026 1,59 57,14 175,00 0,026 1,44 55,96 125,00 0,026 1,22 53,82 75,00 0,026 0,97 50,35 56,25 0,025 0,84 48,59 37,50 0,025 0,71 45,62 26,25 0,024 0,46 37,70 15,00 0,023 0,36 33,73 9,00 0,022 0,20 23,82 3,00 0,020 0,12 17,60 0,63 0,019 0,04 7,89 87,50 0,026 0,82 41,40 75,00 0,026 0,75 40,29 50,00 0,026 0,60 37,32 43,75 0,025 0,55 36,62 37,50 0,023 0,49 36,09 26,25 0,022 0,28 27,34 15,00 0,021 0,21 23,79 9,00 0,020 0,10 14,65 3,00 0,019 0,06 10,11 0,63 0,019 0,02 4,15 40,00 0,026 0,06 8,42 3,00 0,021 0,01 2,86 0,63 0,019 0,01 1,58 77 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina Consistência/ Coerência C1 C2 C3 - Solo XQB - Biotita-Feldspato-Quartzo Xisto GRF Granitóide Foliado XGA - BiotitaFeldspato-GranadaQuartzo-Anfibólio Xisto PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA MSC - Minério SílicoCarbonatado Lito. IAF - Anfibolito Tabela 3.7 – Parâmetros de Resistência para as principais litologias da Mina (Continuação). Resistência Principais Dados de Entrada e Saída c' γ σci φ' (°) 3 (MPa) (MPa) (MN/m ) 100,00 0,028 1,11 50,50 75,00 0,028 0,98 48,48 37,50 0,027 0,71 43,65 26,25 0,025 0,41 34,13 15,00 0,022 0,30 30,87 9,00 0,020 0,16 21,54 1,81 0,018 0,05 10,03 187,50 0,036 2,45 56,39 175,00 0,036 2,35 55,99 125,00 0,035 1,91 54,12 75,00 0,034 1,44 50,98 37,50 0,033 1,02 46,30 3,00 0,030 0,25 22,37 10,00 0,016 0,05 35,00 6,00 0,016 0,04 33,00 3,00 0,015 0,04 32,00 0,63 0,015 0,03 30,00 155,00 0,027 1,24 45,59 130,00 0,027 1,11 44,41 102,50 0,026 0,94 43,04 75,00 0,026 0,78 40,83 56,25 0,025 0,66 39,03 37,50 0,024 0,52 36,34 26,25 0,023 0,28 26,46 C1/C2 C2 C2/C3 C3 C3/C4 R6 R5 R4/R3 R3 R3/R2 R2/R1 R7/R6 R6 R5 R4 R2 R5 R3 R2 R1 R7/R6 R6 R6/R5 R5 R5/R4 R4 R4/R3 - R3 15,00 0,021 0,20 23,26 - R3/R2 9,00 0,020 0,10 14,65 - R2 3,00 0,019 0,06 10,11 - R2/R1 1,81 0,019 0,03 6,10 - R1 R5 R4 R3 R3/R2 R2 R1 0,63 75,00 37,50 15,00 9,00 3,00 0,63 0,019 0,026 0,025 0,023 0,022 0,020 0,019 0,02 0,94 0,69 0,33 0,19 0,11 0,03 4,01 49,82 45,06 31,96 22,22 16,29 6,63 - R6/R5 87,50 0,026 0,81 40,55 - R5 75,00 0,026 0,74 39,44 - R4 37,50 0,023 0,48 35,27 - R3 15,00 0,021 0,20 23,02 - R1 0,63 0,019 0,02 3,80 C1 C1/C2 C2 C1 78 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina Comparando-se os valores dos parâmetros adotados pela SBC com os obtidos pelo critério de ruptura observou-se que os valores de φ’ estão coerentes com os que a SBC assumiu para realização de suas análises de estabilidade, porém os valores de c’ gerados foram maiores que os da SBC. Ao estimar valores para GSI percebeu-se que este índice influencia bastante nos resultados de c’ e φ’, pois participa nos cálculos de mb, s, e a, que são parâmetros do Critério de Hoek-Brown Generalizado utilizados para estimar os parâmetros de Mohr-Coulomb, logo, exigiu-se bastante cautela para adoção deste dado de entrada, e ainda assim, os valores adotados podem não ser os ideais, devido aos resultados de c’ apresentarem-se menos conservadores que os da SBC. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA 3.3.4. Ocorrência de Intemperismo Observou-se que o processo intempérico atua nas rochas da região da cava a partir da superfície do terreno para o interior do maciço, como é mais comum. A decomposição atinge maiores profundidades em direção ao sul da cava. Como resultado, o setor SW apresenta-se mais alterado que o setor NE quando em mesma cota (Figura 3.16). O mesmo acontece com o lado SE da mina em relação ao setor NW (Figura 3.17). N NW NE O E SW S SE Figura 3.16 – Visualização dos taludes da cava com as direções cardeais e colaterais aproximadas (Vale, 2006). 79 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina SE SW PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA NE Figura 3.17 – Visualização dos taludes da cava com as direções colaterais aproximadas (Vale, 2006). 3.3.5. Investigações Hidrogeológicas da Área da Cava Conforme mencionado anteriormente, no ano de 2000, a empresa MDGEO Ltda. realizou estudos para elaboração do modelo hidrogeológico físico conceitual da mina. As seguintes atividades foram executadas: compilação dos dados de geologia, levantamentos dos pontos d'água, dos dados hidroquímicos, e dos sistemas aqüíferos, e ensaio de bombeamento. Entretanto, não houve uma investigação dos níveis d’água, através de um sistema de monitoramento piezométrico. 3.3.5.1. Inventário dos Pontos D'Água Dentre os pontos inventariados, destacam-se as nascentes NA10, NA11, NA12 e NA13, que se situam na área de lavra da mina (Figura 3.18). As nascentes NA10 e NA11 relacionam-se ao fraturamento do Granodiorito (considerado encaixante pela MDGEO Ltda.), enquanto as nascentes NA12 e NA13 ao minério de manganês. Outros pontos d’água foram levantados no entorno da mina, sendo chamados de: Nascentes de depósito de tálus, de solos e manto de alteração, de pilhas de estéril e aterros, e de barragens. 80 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina Figura 3.18 – Visualização da posição das nascentes na cava da mina. A Tabela 3.8 apresenta as coordenadas destas nascentes, suas cotas, e a vazão estimada visualmente. Percebe-se o elevado gradiente hidráulico existente entre as nascentes das encaixantes com as do minério. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Tabela 3.8 – Coordenadas, cotas e vazões das nascentes da cava da mina. Coordenadas UTM (m) Nascente Encaixante Minério Cota (m) Vazão (L/s) 7.717.900 990 0,10 628.139 7.717.972 950 0,10 NA12 628.195 7.717.895 925 1,00 NA13 628.361 7.717.780 920 1,00 E-W N-S NA10 628.340 NA11 3.3.5.2. Análise Hidroquímica Durante o levantamento dos pontos d'água foram medidos os parâmetros físico-químicos de todos os pontos inventariados. A Tabela 3.9 descreve os valores medidos nas nascentes da área de lavra da Mina. Tabela 3.9 – Parâmetros físico-químicos das nascentes da cava da mina. Cond. (µS/cm) pH Eh Cota (m) NA10 149 6,59 253 990 NA11 208 7,02 204 950 NA12 485 7,23 176 925 NA13 1458 6,81 5 920 As nascentes relacionadas ao minério de manganês apresentam condutividade elétrica bem superior às nascentes das rochas encaixantes. Isto Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina 81 indica uma maior interação água/rocha do minério, que apresenta carbonatos em sua constituição. O pH (Potencial Hidrogeniônico) das nascentes da cava situase numa mesma faixa, entre 6,50 a 7,50. O Eh (Potencial de Oxirredução), entretanto, decresce para as nascentes com cotas mais baixas. Tal fato atesta para um maior isolamento das águas surgentes nas nascentes mais profundas da atmosfera, ou um maior tempo de residência dessas águas na rocha. 3.3.5.3. Sistemas Aqüíferos • Aqüíferos Fraturados: A cava da mina Morro da Mina está inserida dentro de um sistema aquífero do tipo fraturado. As descontinuidades das rochas são os principais elementos responsáveis pelas propriedades hidrodinâmicas deste aquífero. Englobam-se PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA neste sistema aqüífero, as rochas sílico-carbonáticas do minério de manganês e suas encaixantes, tais como: anfibolitos e xistos, todos fraturados. Aparentemente, o minério apresenta uma maior quantidade de fraturas abertas, o que permite a definição de uma unidade aqüífera distinta para este, que é denominada de "Unidade Aqüífera do Minério". As demais rochas são designadas como "Unidade Aqüífera das Encaixantes". Outra diferenciação dessas unidades pode ser feita pela hidroquímica. A Unidade Aqüífera do Minério permite uma boa interação água/rocha, resultando em água com alta salinidade, diferindo da Unidade Aqüífera das Encaixantes, com menor salinidade. • Coberturas As coberturas rochosas aparentemente não representam um sistema aqüífero. Estão presentes por todo o entorno da mina, sendo representadas principalmente por depósitos de tálus e pelo manto de alteração das rochas (solos). Tratam-se, em geral, de meios bastante porosos e com boa capacidade de armazenamento. Os depósitos de tálus apresentam também condutividade hidráulica elevada. Já nos solos, a presença de material argiloso, tende a diminuir sua condutividade hidráulica. Essas coberturas apresentam, no entanto, uma pequena distribuição espacial, restringindo-se às porções superficiais do terreno. Formam então, zonas aqüíferas bem superficiais, sendo, por isto, comumente referidos como Aqüíferos Rasos. Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina 82 Os Aqüíferos Rasos são responsáveis pela geração de nascentes d'água, que apresentam como característica a alta variabilidade sazonal de suas descargas. Trata-se de águas com pouco tempo de residência no solo, que representam a parcela de escoamento subsuperficial ou hipodérmico. 3.3.6. Parâmetros Hidrodinâmicos Características hidrodinâmicas do sistema aqüífero da mina foram obtidas por meio de ensaio de bombeamento realizado em um poço no interior da cava, chamado Poço 02. Realizaram-se medidas das variações dos níveis d'água em três pontos de observações, além do próprio poço. O bombeamento teve a duração de 24 horas, sendo monitorado o rebaixamento e a recuperação dos níveis d'água. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA O Poço 02 situa-se bem próximo à principal área de lavra da mina. Sua profundidade total é de 50 metros, com diâmetro final de 8’’, todo perfurado no minério. Os indicadores de nível d'água, PZ01 e PZ02, tratam-se de furos com 3’’ de diâmetro, situados respectivamente a 25,33m a SSW e 22,07m a ENE do Poço 02. O PZ01 possui 27,40 metros de profundidade todo perfurado no minério, e o PZ02 apresenta 23,40 metros de profundidade, com os primeiros metros iniciais no xisto e o restante no minério. O PZ03 é na realidade um poço existente na mina chamado de Poço 01, que funciona atualmente apenas como indicador de nível d'água. Este poço foi perfurado no minério, possuindo 55 metros de profundidade, com diâmetro de 8’’, e situa-se a 123,04m a NW do Poço 02. Os resultados obtidos das interpretações do ensaio de bombeamento são sintetizados pela Tabela 3.10. Os cálculos dos parâmetros foram feitos com os dados da fase de recuperação dos indicadores de nível d’água, pois os dados da fase de rebaixamento foram prejudicados pela grande variação da vazão de bombeamento ocorrida durante o ensaio. A tabela mostra valores que refletem o comportamento do aqüífero, pois este é do tipo fraturado, e os valores de condutividade hidráulica encontrados variam conforme a existência de fraturas abertas entre o poço bombeado e o ponto de observação. 83 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina Tabela 3.10 – Parâmetros obtidos da interpretação do ensaio de bombeamento (T – Transmissividade, b – espessura saturada do meio, K – Condutividade Hidráulica, S – Coeficiente de Armazenamento) (MDGEO, 2001). Ensaio (Fase de Recuperação) Método T (m /dia) PZ01 Theis 5,94 PZ01 Recovery T & J 8,65 PZ01 Cooper & Jacob PZ02 2 b (m) K (m/dia) S 0,283 0,0019 0,413 - 12,50 0,599 0,00112 Theis 8,89 0,513 0,00106 PZ02 Recovery T & J 12,80 0,740 - PZ02 Cooper & Jacob 12,10 0,702 0,000588 PZ03 Theis 17,90 0,339 0,000376 PZ03 Recovery T & J 40,50 0,767 - PZ03 Cooper & Jacob 35,90 0,678 0,00026 20,94 17,32 52,89 Através da análise de apenas três pontos de observação, torna-se difícil a PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA definição do vetor de condutividade hidráulica para o aqüífero em estudo, segundo a MDGEO (2001). Seria necessária a existência de um número bem maior de pontos de observação para possibilitar uma melhor interpretação dos resultados. De qualquer forma, os resultados do ensaio permitem uma estimativa dos parâmetros hidrodinâmicos do aqüífero, bem como de sua tipologia. A falta de pontos de observações nas rochas encaixantes não permite uma avaliação de suas características hidrogeológicas, e nem da conexão hidráulica com o minério. De acordo com a MDGEO (2001), os dados do PZ03 apresentaram uma melhor adequação à curva de Theis, logo, os resultados obtidos por esta interpretação são os mais representativos para a Unidade Aqüífera do Minério na direção considerada (N50°W). Os valores obtidos do PZ01 e PZ02 possivelmente apresentam a influência da Unidade Aqüífera das Encaixantes. Com relação aos níveis da água subterrânea, até o momento não existe um sistema de monitoramento piezométrico, e assim não há estudos para definição destes, o que ajudaria no entendimento pleno dos sistemas aqüíferos da mina e suas interligações, e na identificação segura das elevações da água para utilização nas análises de estabilidade. 84 Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina 3.3.7. Modelo Geomecânico Existente Segundo a empresa SBC (2004), de uma maneira geral, a rocha encaixante (estéril) de maior ocorrência é o biotita-feldspato-quartzo xisto (XQB), que determina maciços de qualidade geomecânica muito boa (Classe II), salvo nos trechos situados no horizonte mais alterado, ou seja, acima do topo rochoso são. A elevação do topo rochoso são se apresenta bastante variada, mas podese considerar sua elevação como sendo na cota 945m. Assim, os litotipos situados acima desta elevação apresentam classes de pior qualidade geomecânica. O biotita-feldspato-quartzo xisto quando alterado, geralmente apresenta as paredes das descontinuidades plano-lisas, ocasionalmente preenchidas com uma película de mica de baixa resistência ao atrito. Os anfibolitos (IAF) e os PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA biotita-feldspato-granada-quartzo-anfibólio xistos (XGA) apresentam características geotécnicas bastante semelhantes ao biotita-feldspato-quartzo xisto. Para as intrusões graníticas (IGT), ocorre uma melhora da qualidade do maciço para as profundidades inferiores a cota 945m. Portanto, as descontinuidades, menos freqüentes que nos litotipos descritos anteriormente, não apresentam preenchimento de materiais de baixa resistência, e sim levemente alteradas. Porém, o biotita xisto grafitoso, mesmo nos horizontes de alteração inferiores, onde se espera maior competência do maciço, apresenta baixa resistência e grau de fraturamento elevado. Sua ocorrência é bastante esparsa e de extensões limitadas. O minério (MSC) determina locais com classe variando entre bom a muito bom e excelente. De uma maneira geral, o maciço em minério tem resistência constante e igual a R5 (rocha resistente). No Anexo 7 encontra-se um Mapa Geomecânico superficial da mina. 3.3.8. Modelo Hidrogeológico Existente De acordo com a empresa MDGEO (2001), a mina Morro da Mina está inserida dentro de um sistema aquífero fraturado anisotrópico, onde se distinguem a priori, duas unidades aqüíferas: Unidade Aqüífera do Minério e Unidade Aqüífera das Encaixantes. Caracterização Geotécnica da Mina de Morro da Mina 85 A Unidade Aqüífera do Minério é constituída pelas rochas sílicocarbonáticas do minério de manganês. Trata-se de uma unidade aqüífera anisotrópica, com condutividade hidráulica (K) variando entre 0,30 a 0,50m/dia. O coeficiente de armazenamento (S) apresenta valores entre 10-4 e 10-3. São valores baixos que representam uma pequena capacidade de armazenamento de água e baixa condutividade hidráulica. A presença do carbonato nesta unidade aqüífera resulta em altos valores de salinidade da água. As nascentes NA12 e NA13, situadas dentro da cava da mina, representam os pontos de descarga desta unidade aqüífera. Com base nos parâmetros físico-químicos, as águas surgentes na nascente NA13 apresentam um caráter isolado da atmosfera, ou seja, águas subterrâneas com elevado tempo de residência no solo. Este caráter é menos pronunciado na nascente NA12. A Unidade Aqüífera das Encaixantes é formada por todas as demais rochas existentes na mina. As nascentes NA10 e NA11, situadas nos taludes da PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA cava, representam pontos de descarga desta unidade aqüífera. O elevado gradiente hidráulico, existente entre essas nascentes e as nascentes da unidade aqüífera do minério, indica uma baixa condutividade hidráulica desta unidade aqüífera, ou pequena conexão hidráulica entre as unidades. A salinidade das águas da Unidade Aqüífera das Encaixantes é bem inferior às do Minério. De modo geral, todo o sistema aqüífero formado por essas duas unidades é pouco expressivo, com a água acumulada nas porções mais fraturadas das rochas. Trata-se de um sistema aquífero localizado que dificilmente terá influência dos córregos e nascentes ao redor. Todas as nascentes naturais inventariadas no entorno da mina são caracterizadas, a priori, como de aqüíferos rasos. 4 Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina Utilizando o Software Petrel 2004 4.1. Metodologia Para utilização do software Petrel 2004, na modelagem da mina de Morro da Mina, seguiu-se uma metodologia de trabalho com as seguintes etapas: • Treinamento com o programa Petrel 2004; • Análise dos dados sobre a Mina de Morro da Mina, recebidos da PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA empresa VALE; • Separação do material necessário para utilização no Petrel 2004; • Elaboração dos Arquivos de Entrada; • Entrada dos arquivos no Petrel 2004 e geração do Modelo Geométrico 3D do maciço da mina; • Upscaling dos dados; • Elaboração de Well Tops e Horizons intermediários para geração do Modelo Geológico 3D do maciço da mina; • Análise Geoestatística dos dados para elaboração do Modelo Geomecânico 3D do maciço da mina. Subdividida em três etapas: Análise Estatística, Análise Estrutural, e Estimativa das variáveis estudadas em regiões não amostradas, através da técnica de interpolação conhecida por Krigagem Ordinária. 4.2. Considerações sobre o Software Petrel Este software foi criado em 1996 pela empresa Schlumberger primariamente para utilização em modelagem de reservatórios de petróleo, sendo dividido em vários módulos ou funcionalidades independentes, se tornando, por isto, um pouco complexo, pois aparentemente não existe uma ordem específica para aplicação destes módulos. Foi necessário um tempo de pelo menos um mês para conhecê-lo razoavelmente bem, e ainda assim, com o decorrer dos trabalhos, novas potencialidades foram sendo descobertas, Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina mostrando-se assim uma ferramenta poderosa. 87 Algumas adaptações, apresentadas nos itens seguintes, foram elaboradas para aplicação deste software em uma situação diferente da para qual foi criado, que no presente trabalho, é a utilização para modelagem geomecânica de uma mina a céu aberto. O Petrel 2004 aceita os seguintes tipos de dados de entrada: Linhas (2D e 3D), Pontos, 2D ou 3D Grids, Poços e seus Logs, e Arquivos de Sísmica, e estes dados possuem arquivos específicos para aceitação pelo programa. A área de trabalho é dividida em três janelas, chamadas de Display Window (onde os modelos são mostrados), First Petrel Explorer Window (onde os dados importados, e as informações dos modelos gerados são mostrados), e Second Petrel Explorer Window (onde se encontram os módulos para utilização do usuário). O programa usa um Grid 3D para criação de blocos com os quais o PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA usuário pode representar geometricamente uma realidade. Este Grid divide o espaço em células (blocos), dentro das quais o material não varia, possuindo então um único valor para as propriedades modeladas. A resolução do Grid exerce papel fundamental, pois a adoção de alta resolução (muitas células) permitirá recriar as complexidades espaciais, porém resultará em um modelo com muitas células, o que poderá não ser vantajoso, pois cada funcionalidade levará muito tempo para ser processada. Por outro lado, uma baixa resolução não levará em conta detalhes da geometria do local modelado, mas o tempo de trabalho será reduzido. A decisão dependerá do propósito do modelo, dos detalhes que devem ser levados em conta, e da quantidade de dados avaliados. O software possui uma interface visual boa, e a possibilidade de modelar qualquer parâmetro rochoso, expresso em forma de Log. Permite a inclusão da descontinuidade do tipo falha, porém esta tarefa demanda muito tempo, pois não é um processo trivial. Os dados gerados podem ser utilizados em outros programas, pois fornece vários tipos de arquivo de exportação, sendo possível a utilização destes dados em programas de análises de estabilidade, conforme mostra a metodologia proposta. No presente trabalho, preferiu-se manter os nomes originais das funções e elementos gerados no Petrel 2004. Isto facilita a utilização deste volume em trabalhos futuros, tendo em vista que o programa se apresenta completamente na língua inglesa. Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 88 4.3. Análise dos Dados Recebidos Esta etapa foi importante para o conhecimento da mina e de toda a sua complexidade geológica, tendo em vista que esta se situa numa região que sofreu intenso metamorfismo, gerando vários litotipos importantes para a estabilidade dos taludes da cava. O material recebido constou de: • Relatórios sobre: descrição dos furos de sondagens, análises de estabilidade dos taludes da mina e do depósito de estéril, e estudos geológicos e hidrogeológicos, elaborados pela SBC Ltda., MDGEO Ltda., e Geoexplore Ltda., no período de 2000 a 2005. • Mapas geológicos e geomecânicos (alguns possuindo a topografia da cava) elaborados pela SBC Ltda. • Dois conjuntos de mapeamentos da geologia estrutural realizados pelas PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA empresas SBC Ltda. e Geoexplore Ltda. • Fotos de caixas de testemunhos de sondagem e dos taludes da mina. • As descrições geotécnicas propriamente ditas dos furos de sondagem das campanhas de 2002, 2003 e 2005, elaborados pela SBC Ltda. Este material foi entregue por meio magnético e precisou ser organizado, principalmente de forma cronológica, devido à quantidade grande de informações, que embora expressas de forma truncada, apresentam o histórico dos estudos geotécnicos da mina de Morro da Mina. 4.4. Material Utilizado na Modelagem Com o entendimento das potencialidades e limitações do software e o conhecimento adquirido do material sobre a mina, separou-se o que seria necessário para a elaboração do modelo, o que constou basicamente das seguintes informações: • Topografia da cava; • A locação, trajetória, e descrição dos furos de sondagem que serão efetivamente utilizados (trinta e nove no total). A partir destas informações e das contidas nos relatórios, os parâmetros de resistência c’ (coesão efetiva) e φ’ (ângulo de atrito efetivo) foram estimados, conforme apresentado no Capítulo 3, para utilização também na modelagem. Os relatórios sobre os estudos geológicos e hidrogeológicos, com apresentação de toda a geologia estrutural da mina e seu mapeamento, assim Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 89 como os referentes às análises de estabilidade dos taludes, foram utilizados nas etapas de análises de estabilidade cinemáticas e por equilíbrio limite, apresentadas no Capítulo 5. O único relatório que não serviu de auxílio foi o relacionado aos estudos da pilha de estéril, pois não consta no escopo deste trabalho realizar estudos referentes a este assunto, e a localização do depósito de estéril não influi na estabilidade dos taludes da cava. 4.5. Arquivos de Entrada Com as informações selecionadas, foram criados os arquivos de entrada no software Petrel 2004, e tendo em vista que o programa é originalmente utilizado na área de engenharia de petróleo, receberam os seguintes nomes: • Horizons: para a formação da geometria da superfície da mina, e o PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA limite inferior do modelo. Foram criados dois, e possuem as coordenadas (x, y, z) no sistema UTM das linhas que representam as Cristas e os Pés das bancadas, que compõem os taludes da cava da mina, retiradas do mapa topográfico com auxílio do software AutoCAD 2004. Outros Horizons foram criados mais tarde, de modo diferente. • Well Heads: para locação dos furos. Um arquivo somente, que possui os nomes e as coordenadas (x, y, z) das bocas dos furos de sondagens no sistema UTM, valor de KB (Kelly Bushing – igual à zero), valor de TopD (igual à cota da boca do furo), e valor de BottomD (igual a cota final do furo). • Well Paths: para a trajetória dos furos. Trinta e nove arquivos foram criados, contendo os valores de MD (Measured Depth), inclinação (diferença entre 90° e o mergulho do furo), e azimu te dos furos. • Well Logs: para as informações ao longo dos furos (logs). Foram gerados cento e dezessete arquivos (três conjuntos de trinta e nove), pois se preferiu trabalhar com dois arquivos de modelagem independentes, um para o conjunto de informações RQD-Q-RMR e o outro para C-PHI, e em ambos utilizaram-se as informações sobre litologia (LITO). Todos estes arquivos possuem extensão .txt, e o arquivo Well Log é do tipo LAS 3.0, seguindo um padrão pré-estabelecido, da própria área de engenharia de petróleo, contendo informações de MD, locação da boca do furo, e valores de propriedades ao longo do furo. Para criação destes arquivos, o Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 90 programa Microsoft Office Excel auxiliou bastante, pois se trabalhou grande parte do tempo com planilhas contendo as informações das descrições dos furos. 4.6. Modelo Geométrico 3D da Mina Após a entrada das informações anteriores, um modelo geométrico 3D do maciço é gerado (Figura 4.1), permitindo a visualização espacial da cava, dos furos de sondagem (Figuras 4.2 e 4.3), e das informações ao longo destes (Figura 4.4), que constam de: RQD (Deere et al., 1967), Q (Barton et al., 1974), RMR (Bieniawski, 1976), c’ (C no programa – coesão efetiva), e φ’ (PHI no programa – ângulo de atrito efetivo). O Grid adotado possui dimensões de 3 x 3m, sendo a base para a formação das células nas etapas seguintes. A seta PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA verde/vermelha aponta para o Norte. Figura 4.1 – Geometria da Cava da mina de Morro da Mina. Observa-se que a geometria da cava da mina está bem representada, porém não foi possível detalhar a geologia estrutural da mina, sendo este ainda um problema comum da maioria dos softwares de modelagem geológica. O Petrel 2004 oferece a função Fault Modeling para modelagem de falhas, porém Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 91 com o conjunto de dados disponíveis se tornaria uma tarefa trabalhosa, e o interessante, no caso estudado, seria modelar principalmente os demais tipos de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA descontinuidades presentes em maciços rochosos. Figura 4.2 – Visualização das posições das bocas dos furos e suas trajetórias – vista de cima da cava. Figura 4.3 – Visualização espacial das trajetórias dos furos de sondagens. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 92 Figura 4.4 – Informações ao longo dos furos de sondagens – RQD. 4.7. Upscaling dos Dados Nesta etapa do trabalho, as informações distribuídas ao longo dos furos são incorporadas às células que cruzam as trajetórias dos furos. Estas células são criadas antes da realização do Upscaling, através da função Layering, onde a região entre dois Horizons, chamada de Zone, é dividida em várias camadas, as layers, que podem ser especificadas por quantidade ou espessura. Neste trabalho adotou-se a espessura de 5m, logo, as células do modelo possuem as seguintes dimensões: 3 x 3 x 5m, ou 45m3. Para cada um dos cinco dados estudados foi realizado o Upscaling, no qual se realizam cálculos de média com os valores das propriedades estudadas (Figura 4.5). Esta função oferece métodos para estes cálculos, tais como a “Média Aritmética”, e a “Média Harmônica”, podendo-se escolher o método e a forma como se deseja que os dados sejam tratados. Utilizou-se o método de cálculo chamado “Média Aritmética Ponderada” pelos comprimentos dos trechos dos furos, no qual os logs são tratados As lines. Este método se mostrou o mais adequado para os tipos de dados estudados. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 93 Figura 4.5 – Upscaling RQD. 4.8. Modelo Geológico 3D da Mina Esta etapa do trabalho consta de uma tentativa de reprodução da distribuição das litologias no maciço da mina, sendo isto importante para a etapa posterior das análises geoestatísticas, pois não é aconselhável um estudo geoestatístico realizado em uma região com litologias discrepantes umas das outras, como é o caso da mina em estudo, pois os resultados finais com certeza são afetados pelas diferenças de valores das propriedades geomecânicas das rochas envolvidas. Desta forma, criaram-se novos Horizons, intermediários aos dois existentes, a partir das litologias encontradas nos furos de sondagem, procurando-se limitar zonas de mesma litologia no modelo. Utilizou-se a função Well Correlation, onde, em uma janela de trabalho chamada Well Section, Well Tops nos furos de sondagens podem ser criados, sendo estes pontos-guia para a geração desses novos Horizons (Figura 4.6). O seguinte critério foi adotado para a criação dos Well Tops: • Utilização de uma seqüência de furos de sondagem percorrendo desde a extremidade do setor NW até a extremidade do setor SW1, com o Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 94 objetivo de verificar continuidade nas litologias, mantendo-se desta forma furos, de uma mesma região, próximos um do outro; • Tentativa de criação de uma zona composta pelos trechos de minério, e PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA de outras pelos outros tipos rochosos. Figura 4.6 – Seqüência de furos de sondagem e Well Tops. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina Figura 4.6 – Seqüência de furos de sondagem e Well Tops (Continuação). 95 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina Figura 4.6 – Seqüência de furos de sondagem e Well Tops (Continuação). 96 Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 97 O programa usa ferramentas de interpolação para gerar e extrapolar os Horizons para regiões sem Well Tops, seguindo as classificações de Horizons fornecidas, e adotadas pelo usuário, podendo estes ser dos seguintes tipos: • Erosional: os horizontes abaixo são truncados por este tipo, sendo geralmente superior a todos os outros; • Conformable: para horizontes que serão truncados por outros, se localizando geralmente no meio do modelo; • Discont: trunca os horizontes abaixo e acima deste tipo, se posicionando também no meio do modelo; • Base: horizontes acima são truncados por este tipo. Para o caso de modelos com vários tipos litológicos variando de posição e forma, como o caso da mina estudada, o controle deste processo é difícil e trabalhoso, pois o software é primariamente utilizado para modelos de bacias sedimentares, onde os Horizons, na maioria das vezes, se encontram paralelos PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA entre si. Desta forma, o modelo proposto foi dividido em 3 Zonas, aproximadamente de acordo com a litologia, sendo uma formada pelos trechos de minério (Zona 2), e as outras duas pelos demais tipos rochosos, com predominância do tipo XQB (Zonas 1 e 3), conforme Figura 4.7 e Figura 4.8. Zona 1 Zona 2 Zona 3 Figura 4.7 – Horizons intermediários – vista do Sul. Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 98 Zona 3 Zona 1 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Zona 2 Figura 4.8 – Horizons intermediários – vista do Nordeste. 4.8.1. Análise Crítica dos Resultados O modelo geológico 3D da mina ficou razoavelmente bom, pois os Horizons se apresentam com “pontas” mergulhando para cima ou para baixo, mostrando que houve um esforço do programa em respeitar as posições dos Well Tops, que foram criados de acordo com a litologia, fazendo até mesmo lembrar-se da complexidade do maciço rochoso estudado, onde as rochas se encontram encaixadas umas nas outras. O modelo se apresenta de forma simples, porém compreensível. Fizeramse tentativas de criar mais zonas, mas o modelo não ficou compreensível nem confiável, por conta da dificuldade de controle do processo, e da interpolação arbitrária realizada pelo programa, com os Horizons gerados assumindo posições visualmente incoerentes. Acredita-se ainda que a distribuição dos furos também possa ter influenciado na limitação da quantidade de zonas, onde se evitou a geração dos horizontes incoerentes, pois segundo as posições dos furos, os Well Tops criados se concentravam na região central do modelo, e não ao redor de todo o maciço da mina, oferecendo um grau de liberdade muito grande para o programa Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 99 extrapolar os Horizons para as regiões sem Well Tops, ocorrendo assim o aparecimento dos horizontes bastante questionáveis. 4.9. Análise Geoestatística e Modelagem Geomecânica 3D da Mina 4.9.1. Análise Estatística Para realização da análise geoestatística através do programa Petrel 2004, os dados devem possuir distribuição de freqüência Normal, e as variáveis regionalizadas precisam apresentar-se estacionárias. Desta forma, a etapa de análise estatística consistiu basicamente na aplicação de transformações nos dados com o objetivo de eliminar tendências espaciais, e trazê-los para uma distribuição Normal, sendo isto realizado na Tab Transformations, dentro da PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA função Data Analysis no Petrel 2004. Após a realização das estimativas, estas tendências são reaplicadas nas propriedades modeladas, garantindo sua preservação. Isto ocorre de forma automática, sobre o resultado da modelagem, exatamente na ordem inversa em que as transformações foram aplicadas, para preservar as tendências espaciais e a distribuição original dos dados no resultado final das propriedades. A seqüência de transformações utilizadas foi a seguinte: • Output Truncation: deve ser a primeira a ser usada. Esta transformação não permite a estimativa de valores maiores que os amostrados. • 1D Trend: através desta transformação define-se uma função tendência a partir dos dados de entrada, gerando um vetor no espaço, que é ajustado à distribuição espacial dos dados amostrados. O valor do Fator de Correlação entre o vetor e os dados deve ficar próximo de -1 ou 1. Para esta busca de tendência, no caso estudado, levou-se em conta a direção predominante do intemperismo (S e SE da cava), e geral das descontinuidades (apresentadas em detalhe adiante no Capítulo 5, mas, por hora, com mergulhos para NE, ocorrendo a busca na direção perpendicular para observar-se certa continuidade das propriedades). A Figura 4.9, e a Figura 4.10 representam o pior e o melhor ajuste alcançado na aplicação desta transformação, e os demais resultados encontram-se intermediários a estes. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 100 Figura 4.9 – Transformação 1D Trend para a variável Q, Zona 3, representando o ajuste mais difícil desta transformação – FC = 0,148759. Figura 4.10 – Transformação 1D Trend para a variável RQD, Zona 1, representando o melhor ajuste desta transformação – FC = 0,70704. Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 101 • Scale Shift: usada para mudar e escalar os dados para que a média seja igual a 0 (zero), e o desvio padrão 1 (um). Deve geralmente ser aplicada depois de qualquer transformação espacial (Cox-Box, Logarithmic ou Trend). Diferente da Normal Score, ela não troca a forma da distribuição, então, o histograma já deve ter alcançado a semelhança com uma distribuição normal antes de aplicar esta transformação. • Normal Score: força qualquer distribuição a ficar normalizada. Deve ser a última transformação a ser aplicada aos dados, ou seja, depois de truncar os dados e remover as tendências espaciais. Caso a presente etapa de aplicação de transformações, com utilização da Tab Transformations, não automaticamente a fosse realizada, transformação o Normal programa Score, na utilizaria função Petrophysical Modeling. Mais uma vez, a Figura 4.11, e a Figura 4.12 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA representam o pior e o melhor ajuste alcançado na aplicação desta transformação, e os demais resultados encontram-se intermediários a estes. Figura 4.11 – Transformação Normal Score para a variável Q, Zona 1, representando o ajuste mais difícil desta transformação – Min = -1,592, Max = 6,69, σ = 0,99986. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 102 Figura 4.12 – Transformação Normal Score para a variável RMR, Zona 1, representando o melhor ajuste desta transformação – Min = -3,262, Max = 3,484, σ = 0,99986. 4.9.2. Análise Estrutural Após as transformações nos dados, parte-se para a etapa de análise estrutural, realizada na Tab Variograms, também dentro da função Data Analysis no Petrel 2004, onde os semivariogramas são elaborados e ajustados a um dos modelos teóricos oferecidos, que no caso são o Modelo Esférico, Gaussiano, e Exponencial. Na realidade, os semivariogramas são elaborados a partir dos resíduos, que são a diferença entre o valor da propriedade em cada célula Upscaled (valor da variável regionalizada) e a tendência para este ponto. Após as interpolações, o resíduo é adicionado à tendência para surgir o modelo resultante. Para ajuste dos modelos teóricos, alguns critérios devem ser seguidos, de acordo com a orientação oferecida pelo próprio programa: • Valor do Search Radius >> valor do Range (Major, Minor, Vertical) para as três direções pesquisadas; • Valor do Sill = 1, pois se trabalha com o semivariograma normalizado, devido à transformação Normal Score. Este valor é fixo no programa, Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 103 devendo ser alcançado no ajuste, ou se encontrar dentro do limite de erro aconselhado de ± 0,30; • Valor do Nugget = 0; • Valor do Major dir = valor do Azimuth adotado na utilização da transformação 1D Trend (foi observado que isto auxilia no ajuste do modelo). Estes valores são alcançados alterando-se o formato do cone de busca, situado a esquerda dos semivariogramas, que vão sendo recalculados de acordo com a nova geometria. Três direções principais são modeladas, apresentadas nas Tabs Major Direction, Minor Direction, e Vertical Direction, sendo a anisotropia geométrica a única permitida avaliar pelo Petrel 2004 (mesmo patamar, diferentes alcances). O modelo teórico melhor ajustado foi o Exponencial. As Figuras 4.13 a 4.18 apresentam os piores e melhores ajustes obtidos para cada uma das três direções investigadas, e as Tabelas 4.1 a 4.3 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA resumem os valores de ajuste obtidos para todas as propriedades e zonas estudadas (os valores discrepantes foram postos em negrito). Figura 4.13 – Semivariograma representando um mau ajuste para a Major Direction, variável RQD, Zona 1 – Sill = 0,785. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina Figura 4.14 – Semivariograma representando um bom ajuste para a Major Direction, variável C, Zona 1 – Sill = 1. Figura 4.15 – Semivariograma representando um mau ajuste para a Minor Direction, variável RQD, Zona 3 – Sill = 0,724. 104 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 105 Figura 4.16 – Semivariograma representando um bom ajuste para a Minor Direction, variável RMR, Zona 1 – Sill = 1. Figura 4.17 – Semivariograma representando um mau ajuste para a Vertical Direction, variável RQD, Zona 3 – Sill = 0,785. 106 Figura 4.18 – Semivariograma representando um bom ajuste para a Vertical Direction, variável PHI, Zona 3 – Sill = 1. Tabela 4.1 – Tabela resumo dos ajustes dos semivariogramas para a Zona 1. Zona 1 Elementos de Ajuste Minor Direction Major Direction 1D Trend Vertical Direction PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina RQD Q RMR C PHI Média Azimuth Dip Band Width Thickness Search Radius -45 -80 80,0 10,0 220,0 -30 -80 84,9 10,0 220,0 -30 -80 85,0 10,0 240,0 -30 -80 84,0 10,0 260,2 -45 -80 79,0 10,0 320,0 -36,0 -80,0 82,6 10,0 252,0 Tolerance Angle Band Width Thickness Search Radius Tolerance Angle 60,0 30,0 10,0 100,0 59,0 50,0 10,0 163,0 60,0 59,0 52,0 10,0 156,0 65,0 60,0 40,0 10,0 128,0 59,4 44,8 10,0 140,6 65,0 59,0 52,0 10,0 156,0 65,0 60,0 63,0 Band Width 22,0 16,0 20,0 25,0 18,0 20,2 Search Radius 126,0 120,0 135,0 118,0 50,0 109,8 Tolerance Angle 46,0 58,4 65,0 60,0 60,0 57,9 42,4 18,1 32,9 19,6 74,7 40,5 37,9 42,0 52,2 40,8 32,6 47,1 41,3 46,7 43,0 31,5 43,3 Major Range Minor Range Vertical Range 20,6 Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 107 Tabela 4.2 – Tabela resumo dos ajustes dos semivariogramas para a Zona 2. Zona 2 Elementos de Ajuste Q RMR C PHI Média 0 60 24 10 100,0 10,0 200,0 20 11 100,0 10,0 202,2 19 11 100,0 10,0 201,0 17,4 20,8 104,0 10,0 240,8 Azimuth Dip Band Width Thickness Search Radius 100,0 10,0 400,0 24 12 120,0 10,0 201,0 Tolerance Angle Band Width Thickness Search Radius Tolerance Angle 72,0 60,2 10,0 149,1 49,0 75,0 65,9 10,0 150,0 49,0 73,0 71,0 10,0 150,0 50,0 72,0 65,0 10,0 150,0 50,0 72,0 63,0 10,0 150,0 50,0 72,8 65,0 10,0 149,8 49,6 Band Width 56,0 56,0 50,0 49,3 47,5 51,8 Search Radius 110,0 95,8 100,0 99,0 96,8 100,3 Tolerance Angle 70,0 70,0 70,0 70,0 70,0 70,0 82,2 17,2 42,5 26,6 82,8 53,3 37,6 93,3 33,8 29,4 41,7 37,4 35,0 40,5 49,8 29,2 72,2 Major Range Minor Range Vertical Range 102,7 Tabela 4.3 – Tabela resumo dos ajustes dos semivariogramas para a Zona 3. Zona 3 Elementos de Ajuste Minor Direction Major Direction 1D Trend Vertical Direction PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Vertical Direction Minor Direction Major Direction 1D Trend RQD RQD Q RMR C PHI Média Azimuth Dip Band Width Thickness Search Radius 26 -45 110,0 10,0 320,1 25 -55 110,0 10,0 268,0 30 -40 100,0 10,0 318,0 33 -55 115,0 10,0 288,0 20 -55 105,0 10,0 245,0 26,8 -50,0 108,0 10,0 287,8 Tolerance Angle Band Width Thickness Search Radius Tolerance Angle 71,0 65,9 10,0 100,0 70,0 76,0 10,0 130,0 60,0 70,0 68,0 10,0 110,0 63,0 61,0 78,0 10,0 126,0 70,0 68,4 71,2 10,0 119,2 64,0 70,0 68,0 10,0 130,0 64,0 Band Width 18,0 20,0 20,0 20,0 20,0 19,6 Search Radius 60,0 50,0 55,0 49,9 57,1 54,4 Tolerance Angle 40,0 50,0 38,0 40,8 52,7 44,3 28,1 9,7 43,8 24,2 46,7 54,1 20,0 51,3 37,6 26,8 46,6 50,8 24,1 53,3 42,9 21,0 Major Range Minor Range Vertical Range 42,9 64,2 48,2 Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 108 4.9.3. Análise Crítica dos Resultados De acordo com os valores de Azimuth e Dip, parece que cada zona possui uma tendência própria, verificada pela transformação 1D Trend. Porém, os 5 tipos de dados analisados (RQD, Q, RMR, c’, φ’) possuem semivariogramas com valores de ajuste semelhantes em ordem de grandeza, dentro de cada zona, conforme se verificam nas tabelas resumo. Uma explicação para isto poderia ser o fato destes mesmos 5 dados estarem relacionados entre si da seguinte maneira: • O RQD é um dos parâmetros na avaliação de Q, e é afetado pela resistência da rocha σci, que está relacionada ao seu Grau de Alteração; • Q é usado no cálculo de RMR, através da correlação de Bieniawski PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA (1976); • c’ e φ’ são estimados com utilização de σci, que está relacionado ao Grau de Alteração da rocha; • A avaliação da Alteração da rocha é utilizada no cálculo de Q; Observou-se, através dos semivariogramas, que alguns dados ainda não estavam completamente estacionários, pois seus semivariogramas apresentavam-se com os últimos pontos muito afastados do modelo teórico ajustado, como se verificam nas Figuras 4.16 e 4.18 (círculos vermelhos). Assim, talvez fosse interessante a utilização de mais transformações nos dados, na etapa de Análise Estatística. Observou-se também que em alguns semivariogramas, para uma melhor modelagem, seria necessária a utilização de outros modelos teóricos, ou até mesmo mais de um ao mesmo tempo (modelos aninhados), e a utilização de outros tipos de anisotropia, além da oferecida pelo Petrel 2004 (Geométrica). Notou-se ainda a ocorrência do “Hole Effect”, ou “Efeito de Furo”, que é representado pela periodicidade da variável regionalizada. Isto pode ser devido à influência da presença de estruturas geológicas na direção perpendicular a investigada pelo semivariograma, o que causaria a parcial não continuidade das informações, e à influência da variação dos tipos litológicos ao longo do maciço da mina, pois esta apresenta uma distribuição litológica complexa, com rochas diferentes encaixadas umas nas outras, gerando uma alternância das informações, que pode ocorrer em qualquer direção do semivariograma. Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 109 O arranjo espacial de furos, ou seja, das amostras, influi na elaboração de semivariogramas (Landim, 2003). Porém, o presente arranjo não estava de forma adequada, pois embora as bocas dos furos estejam razoavelmente espalhadas, não estão bem distribuídas, existindo “ninhos” de furos (concentração de furos de sondagens), e suas trajetórias no geral se dirigem para a mesma região, o centro da cava, concentrando as informações naquele local. Logo, tem-se uma quantidade boa de furos, mas a distância entre as informações muito variável entre os “ninhos”, e curta dentro deles, o que interferiu no cálculo dos semivariogramas, onde alcances curtos foram gerados, representando uma variação muito brusca da semivariância em relação à distância entre as amostras. Cabe lembrar que o semivariograma é a base para as estimativas dos pesos a serem associados às amostras com valores conhecidos, que serão PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA utilizados mais adiante para estimar os pontos desconhecidos, através da técnica de interpolação Krigagem, assim, o formato do semivariograma obtido na presente etapa interfere na seguinte. 4.9.4. Krigagem e Modelo Geomecânico 3D da Mina de Morro da Mina Esta etapa consiste na estimativa das variáveis estudadas (RQD, Q, RMR, c’, φ’) em regiões não amostradas, através da técnica de interpolação conhecida por Krigagem Ordinária. O Petrel 2004 oferece diversas técnicas de interpolação, que são realizadas através da função Petrophysical Modeling, onde o usuário do software pode escolher entre usar as informações processadas anteriormente no Data Analysis, ou fazer pequenos ajustes nesta função mesmo. Os resultados obtidos são apresentados nas Figuras 4.19 a 4.28. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 110 Figura 4.19 – Modelo Geomecânico 3D da mina de Morro da Mina – RQD – vista de cima da cava. Vista lateral sentido Norte Corte SW1 – Vista sentido NW Corte NW – Vista sentido NE Corte SW2 – Vista sentido NW Figura 4.20 – Demais vistas e cortes da mina – RQD. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 111 Figura 4.21 – Modelo Geomecânico 3D da mina de Morro da Mina – Q – vista de cima da cava. Vista lateral sentido Norte Corte SW1 – Vista sentido NW Corte NW – Vista sentido NE Corte SW2 – Vista sentido NW Figura 4.22 – Demais vistas e cortes da mina – Q. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 112 Figura 4.23 – Modelo Geomecânico 3D da mina de Morro da Mina – RMR – vista de cima da cava. Vista lateral sentido Norte Corte SW1 – Vista sentido NW Corte NW – Vista sentido NE Corte SW2 – Vista sentido NW Figura 4.24 – Demais vistas e cortes da mina – RMR. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 113 Figura 4.25 – Modelo Geomecânico 3D da mina de Morro da Mina – c’ (MPa) – vista de cima da cava. Vista lateral sentido Norte Corte SW1 – Vista sentido NW Corte NW – Vista sentido NE Corte SW2 – Vista sentido NW Figura 4.26 – Demais vistas e cortes da mina – c’ (MPa). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 114 Figura 4.27 – Modelo Geomecânico 3D da mina de Morro da Mina – φ’ (°) – vista de cima da cava. Vista lateral sentido Norte Corte SW1 – Vista sentido NW Corte NW – Vista sentido NE Corte SW2 – Vista sentido NW Figura 4.28 – Demais vistas e cortes da mina – φ’ (°). Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 115 4.9.5. Análise Crítica dos Resultados De modo geral, a Zona 1 ficou muito bem modelada, seguindo o padrão de ocorrência do intemperismo (de cima para baixo, em direção ao S-SE da cava), pois nesta região se encontram os trechos iniciais dos furos, que estão espalhados, mas ainda assim, não bem distribuídos, conforme já comentado. Obteve-se o esperado, que era o centro da cava apresentar valores elevados das variáveis estudadas, pois é onde se encontra a maior parte do minério, e a região SE apresentar valores baixos, pois é onde o intemperismo atua mais intensamente. As outras Zonas não apresentaram resultados “confiáveis”, a não ser no meio da cava, onde há concentração de furos, e assim, nos extremos do modelo não há informações suficientes para uma boa interpolação. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Além disto, conforme explicado antes, os dados estão relacionados, então naturalmente esperava-se que nas regiões onde Q e RMR apresentassem valores baixos, os demais também se apresentassem desta forma, e foi o que ocorreu, principalmente na Zona 1. Em alguns locais, o modelo apresenta variações bruscas das informações estimadas, sendo notadas pela presença de “pontos”, ou pequenas regiões, mergulhadas num contexto com cor (informação) diferente deles, destacadas pelos círculos pretos. Isto pode ser devido à forma do semivariograma, pois a interpolação é realizada com base neste, conforme citado no item 4.9.3. Assim, os alcances curtos obtidos na etapa anterior trazem como conseqüência o seguinte: regiões com maior densidade de amostras apresentam os valores estimados variando espacialmente de modo mais suave, pois os alcances de correlação de dois ou mais furos de sobrepõem; por outro lado, regiões com menor densidade apresentam comportamentos fortemente influenciados por furos individuais, formando “bolsões” elipsoidais (de dimensões concordantes com os valores dos alcances) em uma massa de pontos estimados com base na parte estacionária do semivariograma. Como o modelo foi divido em zonas, e cada zona é calculada separada da outra, poder-se-ia ter utilizado células de tamanho menor, mas preferiu-se deixar com o tamanho de 3 x 3 x 5m para auxiliar no tempo de cálculo do modelo, e também não foi interessante diminuir o tamanho das células porque o ideal seria que os furos estivessem bem distribuídos. Por outro lado, poderia ter-se trabalhado com a altura da célula menor, pois desta forma o Upscaling ficaria Modelagem Geológica e Geomecânica 3D da Mina 116 mais “exato”, ou seja, as médias seriam calculadas levando-se em conta trechos menores, e assim as chances de valores elevados de propriedades se envolverem com valores baixos (causando médias elevadas) seriam reduzidas. Com relação às incertezas geoestatísticas, a versão do programa Petrel utilizada (v. 2004) não fornece a Variância dos Erros de Estimativa, assim tentou-se avaliar a modelagem pela observação dos fatores que influenciam o erro de estimação, que são principalmente o número de amostras, a proximidade entre elas próprias e o ponto estimado, a configuração espacial das amostras, e PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA a natureza das informações estudadas, abordados nos parágrafos anteriores. 5 Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 5.1. Mecanismos Potenciais de Ruptura 5.1.1. Estudo das Descontinuidades Preocupantes De acordo com as descrições das feições estruturais presentes na mina, as preocupantes, ou seja, as que podem provocar rupturas nos taludes da mina, dependendo de suas atitudes, são as seguintes: PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA • Foliações: Bandamento Composicional S0, Xistosidade Sn, Foliação Milonítica Sm. • Falhas/Fraturas. Dentro do material obtido da VALE, dois relatórios continham mapeamentos de estruturas geológicas na mina, elaborados por empresas diferentes (SBC, 2001, e Geoexplore, 2005). Logo, para utilização deste conjunto de informações, adotou-se o seguinte procedimento: • 1° Comparação entre os resultados fornecidos por S BC (2001) e Geoexplore (2005): o relatório da SBC (2001) fornecia somente os valores dos planos médios dos estereogramas. Estes valores foram plotados em forma de simples projeções estereográficas, com utilização do programa Estereonet 3.03, para poderem ser confrontados com os resultados obtidos da Geoexplore (2005), apresentados no Capítulo 3. Cada empresa mapeou a mina seguindo sua própria setorização, assim, realizou-se esta comparação para verificação da equivalência entre as setorizações, como tentativa de trazer os resultados da Geoexplore (2005) para a setorização da SBC (2001), adotada no presente trabalho (Figura 5.1, Figura 5.2). Observou-se que o Setor I abrange os Setores SW2 e NW, e o Setor II os Setores SW1 e NE, o que direcionou o passo seguinte. Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 118 FOLIAÇÕES Geoexplore (Setor I) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Bandamento Xistosidade Composicional Geoexplore (Setor II) SBC (Setores SW2, NW) SW2 – Xistosidade NW – Xistosidade SBC (Setores SW1, NE) Bandamento SW1 – Xistosidade NE – Xistosidade Composicional Xistosidade Figura 5.1 – Comparações entre os resultados dos mapeamentos de foliações da Geoexplore (2005) e SBC (2001). FALHAS/FRATURAS Geoexplore (Setor I) SBC (Setores SW2, NW) Falhas/Fraturas Geoexplore (Setor II) SW2 – Juntas NW – Juntas SBC (Setores SW1, NE) SW1 – Juntas NE – Juntas Falhas/Fraturas Figura 5.2 – Comparações entre os resultados dos mapeamentos de falhas/fraturas da Geoexplore (2005) e SBC (2001). • 2° Levantamento das descontinuidades, por setor, d os Mapas de Geologia Estrutural elaborados pela SBC (2001), e Geoexplore (2005), segundo a setorização da SBC (2001), com auxílio do software AutoCAD 2004. Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 119 • 3° Elaboração de projeções estereográficas das des continuidades levantadas, e realização de análises de estabilidade cinemáticas, segundo a setorização da SBC (2001) (Figuras 5.3 a 5.6), com utilização do programa Dips, da Rocscience. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA SETOR SW1 SBC Geoexplore Figura 5.3 – Comparação entre os estereogramas das atitudes das descontinuidades levantadas nos mapas da SBC (2001) e Geoexplore (2005) – Setor SW1. Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA SETOR SW2 SBC Geoexplore Figura 5.4 – Comparação entre os estereogramas das atitudes das descontinuidades levantadas nos mapas da SBC (2001) e Geoexplore (2005) – Setor SW2. 120 Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA SETOR NW SBC Geoexplore Figura 5.5 – Comparação entre os estereogramas das atitudes das descontinuidades levantadas nos mapas da SBC (2001) e Geoexplore (2005) – Setor NW. 121 Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA SETOR NE SBC Geoexplore Figura 5.6 – Comparação entre os estereogramas das atitudes das descontinuidades levantadas nos mapas da SBC (2001) e Geoexplore (2005) – Setor NE. 122 Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 123 Todos os resultados estão coerentes com o que era esperado encontrar, de acordo com a gênese das estruturas da região apresentada no Capítulo 3, obtendo-se resumidamente o expresso na Tabela 5.1: Tabela 5.1 – Resultados esperados de acordo com a gênese das estruturas presentes na cava da mina de Morro da Mina. Direção (Strike) Mergulho (Dip) Foliações NW ou SE NE ou SW subvertical Falhas/Fraturas NW ou SE NE ou SW subvertical Falhas/Fraturas ⊥ NE ou SW NW ou SE subvertical 5.1.2. Orientação dos Taludes em Relação às Descontinuidades Com a plotagem das atitudes levantadas dos mapas fornecidos, obtiveram- PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA se resultados coerentes com as conclusões apresentadas pela SBC (2001), sendo que estas puderam ser aprofundadas, devido à presença dos dados de mapeamento da Geoexplore (2005), que possuem maior quantidade e abrangência diferente da dos pontos levantados pela primeira empresa, logo, um maior número de famílias pôde ser considerado, inclusive nos dados da própria SBC (2001). A orientação dos taludes em relação às descontinuidades é a seguinte: • Setores SW1 e NE: Para estes taludes as atitudes das estruturas geológicas variam, mergulhando ora para dentro, ora para fora do talude (SW, NE), porém sempre com ângulos de mergulhos fortes e com direção média paralela ao mesmo; ocorrem também estruturas com direções aproximadamente transversais aos taludes. • Setor SW2 e NW: Estes taludes apresentam descontinuidades com atitudes completamente variadas, apresentando-se paralelas aos taludes, com mergulhos favoráveis e desfavoráveis, e com direções transversais e oblíquas, com mergulhos para diversas direções, e todos os mergulhos fortes, até mesmo subverticais. Desta forma, conclui-se que nos taludes da mina pode ocorrer um dos três tipos de rupturas cinemáticas (Planar, Cunha, Tombamento) principalmente em nível de bancadas, pois ocorrem famílias de descontinuidades com direções paralelas, perpendiculares, e oblíquas, que podem se combinar ou atuar sozinhas sobre estas. Além disto, como o processo intempérico ocorre em direção aos taludes da região sul da cava, a partir da superfície, afetando os Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 124 setores SW1 e SW2, e existem feições estruturais com direção de mergulho desfavorável, nos taludes dos setores SW1 e SW2 podem ocorrer rupturas circulares, e não-circulares. 5.2. Análises de Estabilidade Cinemáticas No ano de 2000, a empresa SBC (2001) realizou análises de estabilidade dos taludes da mina, onde as análises cinemáticas foram voltadas para a determinação do ângulo de face mais adequado para cada setor, levando-se em conta a menor chance de ocorrer rupturas em cunha, pois em seus estudos sobre as estruturas geológicas foi concluído que este tipo de ruptura possuía maior possibilidade de suceder. Entretanto, no presente trabalho, as análises cinemáticas estão voltadas apenas para estudo da estabilidade dos taludes, com PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA observação dos outros tipos de ruptura (planar e tombamento) não analisados pela SBC (2001), e utilização de boa quantidade de descontinuidades levantadas pela empresa Geoexplore (2005). Os dados apresentados na Tabela 5.2 foram utilizados nas análises cinemáticas, através do programa Dips, da Rocscience, onde os ângulos médios dos taludes e das bancadas foram obtidos do mapa topográfico da mina com auxílio do programa AutoCAD 2004, e os parâmetros de resistência das descontinuidades foram os fornecidos pela SBC (2001), obtidos através do Critério de Resistência de Barton-Bandis (1990). Os resultados são mostrados nas Figuras 5.7 a 5.11. Tabela 5.2 – Dados para análise de estabilidade cinemática. Talude no Setor Setor α0 (Ângulo Médio Talude Global) αB (Ângulo Médio das Bancadas) Strike Dip Direction SW1 N73°W 17° 25° 44° SW2 N50°W 40° 32° 53° NW N14°E 104° 29° 58° NE N50°W 220° 30° 36° Øj (Ângulo de Atrito da Descontinuidade) (SBC, 2001) 30° 40° 30° 40° 30° 40° 30° 40° Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 125 Ruptura Planar SW1 SBC Geoexplore Bancada – Risco < 5% Sem Risco PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Ruptura Planar SW2 SBC Geoexplore Bancada – Risco < 10% Sem Risco Ruptura Planar NW SBC Geoexplore Bancada – Risco > 80% Bancada – Risco < 20% Figura 5.7 – Resultados das análises cinemáticas – Ruptura Planar. Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 126 Ruptura Planar NE SBC Geoexplore Bancada – Risco = 100% (φj = 30°) Sem Risco PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Ruptura em Cunha SW1 SBC Geoexplore Sem Risco Sem Risco Ruptura em Cunha SW2 SBC Geoexplore Sem Risco Sem Risco Figura 5.8 – Resultados das análises cinemáticas – Ruptura Planar e Cunha. Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 127 Ruptura em Cunha NW SBC Geoexplore Bancada – 1 cunha (φj = 40°) Bancada – 4 cunhas (φj = 30°) Bancada – 1 cunha (φj = 40°) PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Ruptura em Cunha NE SBC Geoexplore Bancada – 1 cunha (φj = 30°) Bancada – 1 cunha ( φj = 30°) Figura 5.9 – Resultados das análises cinemáticas – Ruptura em Cunha. Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina SBC Família B 3 B 1 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Local Ruptura por Tombamento SW1 Geoexplore φj σ% 30° 40° 30° 40° 68 95 95 95 SBC 128 Risco % 30 20 < 15 < 15 Local Família B 2 B 1 φj 30° 40° 30° 40° σ% 68 68 95 95 Risco % 65 20 < 15 < 15 Ruptura por Tombamento SW2 Geoexplore Risco Risco Local Família φj σ% % % 30° 68 70 30° 95 65 B 2 B 2 40° 95 20 40° 95 35 30° 95 < 15 30° 95 < 15 B 1 B 1 40° 95 < 15 40° 95 < 15 1 30° 68 < 15 1 30° 95 < 15 TG TG 2 30° 68 <5 2 30° 95 < 10 Figura 5.10 – Resultados das análises cinemáticas – Ruptura por Tombamento – SW1, SW2. Local Família φj σ% Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 129 Ruptura por Tombamento NW PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA SBC Local Família B 5 B 1 B 3 Geoexplore φj σ% 30° 40° 30° 40° 30° 40° 95 95 95 95 95 95 Risco % <1 <1 10 10 <1 <1 Local Família B 1 B 5 30° 95 Risco % 10 40° 95 10 30° 68 50 40° 68 50 φj σ% Ruptura por Tombamento NE SBC Geoexplore Risco % B 1 30° 68 20 B 1 30° 68 30 B 2 30° 95 20 Figura 5.11 – Resultados das análises cinemáticas – Ruptura por Tombamento – NW, NE. Local Família φj σ% Risco % Local Família φj σ% Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 130 Tabela 5.3 – Resumo dos resultados das análises cinemáticas. Tabela Resumo dos Resultados das Análises Cinemáticas Setor Local Dados Risco NW Planar Bancada SBC Elevado NE SBC Até 4 Cunhas NW Bancada Geo 1 Cunha Cunha SBC NE Bancada 1 Cunha Geo SW1 Bancada Geo Médio SBC Elevado SW2 Bancada Tombamento Geo Médio NW Bancada Geo Médio PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Ruptura Figura 5.12 – Setores da cava com seus respectivos tipos de ruptura possíveis de ocorrer. 5.2.1. Análise Crítica dos Resultados Os dois conjuntos de dados utilizados acusaram rupturas em nível de bancadas, confirmando o que era previsto pela observação das atitudes das estruturas em relação aos taludes da cava. No caso da ruptura planar, somente o conjunto de dados da SBC (2001) acusou este tipo de ruptura, pois se nota neste mapeamento uma maior quantidade de atitudes paralelas ao talude, com Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 131 mergulhos desfavoráveis, o que não acusa no levantamento da Geoexplore (2005). Por outro lado, os dados da Geoexplore (2005) foram bastante úteis, pois mostraram a possibilidade de ocorrência de rupturas não apresentadas pela SBC (2001) (tombamento no setor SW1 e NW), e confirmaram rupturas apontadas como prováveis por esta empresa. Logo, assim como é interessante utilizar-se de dois sistemas de classificação de maciços rochosos diferentes, é proveitoso trabalhar-se com dados de mapeamentos realizados por duas empresas diferentes, quando possível, pois um conjunto de informação pode dar peso aos resultados obtidos com o outro, ou podem-se perceber situações em um conjunto que talvez não sejam observadas no outro. Quedas de blocos advindos das possíveis rupturas em cunha e tombamento poderiam ter sido estudadas, como continuidade das análises cinemáticas, assim como análises de estabilidade por elementos finitos podem PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA ser realizadas, porém não constam no escopo do presente trabalho, ficando assim como sugestão para continuidade nos estudos relacionados à estabilidade dos taludes rochosos da mina de Morro da Mina. 5.3. Análises de Estabilidade por Equilíbrio Limite de Seções Típicas As análises por equilíbrio limite realizadas pela SBC (2001) foram globais, e em quatro seções geomecânicas (S77N, S80N, S83N, e S86N) divididas em seções SW e NE, de acordo com a sua setorização, totalizando 8 taludes globais para análise de ruptura circular. Como os estudos hidrogeológicos da época não estavam concluídos, a empresa adotou hipóteses em relação ao nível d’água nos taludes, considerando estes secos, e com alguns níveis d’água, dependendo da seção. Os resultados obtidos por esta empresa foram os seguintes: • Taludes secos: os resultados para todos os taludes estudados foram superiores ao valor mínimo de fator de segurança adotado para empreendimentos mineiros (1,30). Os taludes foram considerados estáveis. • Taludes com nível d’água: dependendo da seção, duas ou mais análises de estabilidade foram realizadas. As seções S77N-SW, S83NNE e S86N-SW apresentaram resultados abaixo de 1,30 quando o nível d’água foi assumido próximo da superfície, porém, concluiu-se Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 132 que provavelmente os taludes não sofrerão influência significativa do NA. Entretanto, no presente trabalho, as análises por equilíbrio limite foram voltadas para o estudo da estabilidade quanto à possibilidade de ruptura circular e não-circular dos taludes globais e das bancadas, não verificadas desta forma pela SBC (2001), e procurou-se comparar os resultados finais de ambos os trabalhos como tentativa de validar a metodologia que está sendo apresentada, onde os parâmetros de resistência adotados nas seções foram obtidos da modelagem geomecânica proposta no Capítulo 4. O programa utilizado foi o Slide 5.0, da Rocscience. Desta forma, a escolha das posições das seções para as análises foi baseada no seguinte critério: • Utilização de seções em taludes importantes para o funcionamento da mina, possuindo as rampas de acesso ao interior da cava (basicamente PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA os taludes dos setores SW1, SW2, e NW); • Escolha de seções semelhantes às do estudo da SBC (2001), para possibilidade de comparação entre os resultados (seções SW); • Escolha de locais onde seja possível, ou onde já ocorreu, ruptura circular, ou não-circular, levando-se em conta também os resultados das análises cinemáticas; • Procura de seções próximas a furos de sondagem para garantir uma certa exatidão nos valores interpolados. Logo, as seções escolhidas são as apresentadas a seguir e na Figura 5.13, onde seus nomes são os mesmos dos setores aos quais pertencem: • Seção SW1: análises somente circular, tendo em vista que este tipo de ruptura já ocorreu em nível de bancadas no talude, e que nesta parte da mina, o intemperismo atuou de forma intensa, ou seja, o material do talude apresenta-se comprometido. • Seção SW2: análise somente circular. Esta parte da mina também está comprometida pelo intemperismo. • Seção NW: análises do tipo circular e não-circular, pois pela análise cinemática, este talude possui grande chance de sofrer ruptura planar, em nível de bancada, então, existem planos que podem colaborar para uma possível ruptura não-circular. Portanto, este tipo de ruptura foi estudado na região do talude NW, onde foi mapeada uma destas descontinuidades com atitudes desfavoráveis. Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 133 • Seção NE: não foi analisada, porque não possui furos de sondagem em seu talude, logo, os dados gerados são extremamente duvidosos, e o talude está menos intemperisado que os das outras seções. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA NW SW2 SW1 Figura 5.13 – Representação da localização das seções escolhidas para as análises de estabilidade. Os valores de parâmetros de resistência utilizados foram os obtidos na etapa de modelagem geomecânica da mina. O Petrel 2004 gera arquivos de saída com extensão .txt possuindo os valores dos dados modelados e as locações 3D dos centros das células, onde estão localizados os dados. Portanto, elaborou-se uma planilha para que estas locações fossem transformadas em 2D (com utilização de Transformação Linear), para possibilitar a entrada dos parâmetros no Slide 5.0 (Figura 5.14). Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 134 SW1 Petrel 2004 - c’ e φ’ Slide 5.0 - c’ e φ’ SW2 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Petrel 2004 - c’ e φ’ Slide 5.0 - c’ e φ’ NW Petrel 2004 - c’ e φ’ Slide 5.0 - c’ e φ’ Figura 5.14 – Utilização dos parâmetros de resistência obtidos do Petrel 2004 no programa Slide 5.0. Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 135 A profundidade das seções foi até a cota 850 m, e a geometria destas foi retirada do programa AutoCAD 2004, pois os detalhes delas são perdidos na apresentação dos resultados no Petrel 2004, e o Slide 5.0 aceita a importação de arquivos de desenho com extensão .dxf, gerados pelo AutoCAD 2004. Entretanto, no Petrel 2004, as seções de informações se apresentam perpendiculares entre si, mas não totalmente perpendiculares ao local da onde se deseja obter as propriedades, pois são criadas de forma automática, de acordo com o Grid, e o programa não permite rotacioná-las posteriormente para uma posição desejada. Desta forma, para suavizar este problema, no início da modelagem geométrica, girou-se o Grid do modelo inteiro (o que é permitido) em um ângulo médio aos 3 taludes de interesse (61,5°), de forma que estas seções ficassem o mais perpendiculares possíveis a estes, mas ainda assim, a seção SW2 gerada pelo programa se apresentou bem oblíqua em relação ao talude do setor SW2. As outras seções dos outros setores estão de forma aceitável. Para PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA manter a coerência entre as informações geradas e a sua localização no talude, respeitou-se esta conformação na retirada da geometria no AutoCAD 2004. Com relação ao nível d’água, de acordo com o relatório da MDGEO (2001), a mina de Morro da Mina está inserida dentro de um sistema aqüífero fraturado anisotrópico, onde duas unidades aqüíferas foram identificadas, e 4 nascentes foram mapeadas, 2 situadas dentro da cava, e 2 situadas nos taludes. De modo geral, este sistema é pouco expressivo, se apresentando localizado, e possuindo pouca probabilidade de sofrer influência dos córregos e nascentes ao redor da região da cava. Sendo assim, estudaram-se dois tipos de caso, em relação à água: • Talude seco; • Talude com um nível d’água hipotético, onde a linha freática encontra as nascentes. Para realização das análises de estabilidade com o software Slide 5.0, foi necessária ainda a definição de camadas de materiais diferentes ao longo das seções inseridas no programa, pois o software permite que c’ e φ’ sejam assumidos pontualmente por toda uma seção, mas o peso específico da rocha (γ) não, logo, torna-se importante definir camadas de material onde cada uma possua seu próprio valor de γ. Adotou-se o seguinte procedimento para isto: Como não se extrapolou valores de γ para o modelo todo, analisou-se qual das 5 propriedades modeladas (RQD, Q, RMR, c’, φ’) teria uma melhor correlação com o γ, para definir-se as camadas de acordo com as divisões Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 136 geradas no Petrel 2004, e não de acordo com as posições de litologias representadas nos mapas geológicos elaborados pela empresa SBC Ltda., pois, para análises de estabilidade, mais importante do que a representação de litologias são os valores dos parâmetros de resistência distribuídos pontualmente, junto com a posição de estruturas geológicas que podem influenciar na estabilidade, assim, preferiu-se seguir a divisão das propriedades geradas pelo Petrel, e não a posição suposta para as litologias abaixo da superfície representadas nos mapas. Adotou-se a divisão gerada para φ’ (Figura 5.15). Verificou-se uma correlação entre os valores de γ estimados para entrada no programa RocData 4.0 e os valores de φ’ calculados por este programa, ambos apresentados no Capítulo 3. Porém, não foram levados em conta os valores para o Minério e para o Filito, pois estes são discrepantes dos das ≈ Petrel 2004 Slide 5.0 Figura 5.15 – Idealização das camadas de material no programa Slide 5.0, a partir dos resultados obtidos do programa Petrel 2004, para a propriedade φ’. y = 4988.62x - 84.27 2 R = 0.89 60.00 50.00 40.00 PHI PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA demais rochas (Figura 5.16). 30.00 20.00 10.00 0.00 0.017 0.019 0.021 0.023 0.025 0.027 0.029 Peso Específico Figura 5.16 – Correlação entre os valores de φ’ (°) e γ (MN/m³) assumidos para as rochas da mina de Morro da Mina. Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 137 A partir das divisões de φ’ geradas pelo Petrel 2004, definiram-se as camadas de material no Slide 5.0, e os valores de γ para estas camadas foram calculados com utilização da correlação anterior e dos valores médios de φ’ obtidos destas divisões no Petrel 2004, conforme mostra o esquema da Figura 5.17. y = 4988.62x - 84.27 2 R = 0.89 60.00 50.00 PHI 40.00 30.00 20.00 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA 10.00 0.00 0.017 0.019 0.021 0.023 0.025 0.027 0.029 Peso Espe cífico SW1 SW2 NW Camadas Camada 1 Camada 2 Camada 3 Camada 4 Camada 5 Camada 1 Camada 2 Camada 3 Camada 4 Camada 5 Camada 6 Camada 1 Camada 2 Camada 3 Camada 4 PHI (y) 27.50 32.50 37.50 45.00 55.00 17.50 25.00 32.50 37.50 42.50 50.00 37.50 42.50 47.50 52.50 Peso Espec (x) 22.40 23.41 24.41 25.91 27.92 20.40 21.90 23.41 24.41 25.41 26.92 24.41 25.41 26.41 27.42 Figura 5.17 – Esquema ilustrativo das etapas de definição de γ para as camadas de material no programa Slide 5.0. O programa Slide 5.0 oferece diversos métodos de cálculo para as análises de estabilidade, assim, utilizaram-se os seguintes métodos consagrados: Fellenius, Bishop Simplificado, Janbu Simplificado, Spencer, e Morgenstern-Price. A Tabela 5.4 resume os casos estudados, e nas Figuras 5.18 a 5.20 são apresentados os resultados obtidos. Tabela 5.4 – Resumo dos casos estudados. Seções SW1 SW2 NW Talude Seco Circular - Global Circular - Bancada 2 Circular - Bancada 1 Circular - Bancada 3 Circular - Global Circular - Bancada 1 Circular - Bancada 2 Circular - Global Circular - Bancada 1 Não-Circular - Global Circular - Bancada 2 Talude com Nível d’água Circular - Global Circular - Global Circular - Global Não-Circular - Global PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina Figura 5.18 – Resultados das análises de estabilidade para a Seção SW1. 138 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina Figura 5.19 – Resultados das análises de estabilidade para a Seção SW2. 139 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina Figura 5.20 – Resultados das análises de estabilidade para a Seção NW. 140 Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 141 5.3.1. Análise Crítica dos Resultados Obtiveram-se Fatores de Segurança extremamente elevados (entre 3,420 e 11,916), ou seja, de acordo com estes resultados não é esperado ocorrerem rupturas, o que não condiz com a realidade, pois na região superior da seção SW1 já ocorreu uma ruptura circular em nível de bancadas. Os resultados elevados de FS podem ser devido aos seguintes fatores, apresentados em ordem decrescente de relevância: • Os valores dos parâmetros de resistência estimados: conforme exposto no Capítulo 3, foi necessário estimar os parâmetros devido a não existência de ensaios de laboratório, porém obtiveram-se valores de c’ muito elevados, o que torna as estimativas pouco conservadoras, contribuindo fortemente para a elevação dos FS; PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA • A geometria das seções analisadas: conforme já explicado, não se trabalhou com as inclinações verdadeiras das bancadas, pois as seções não estão completamente perpendiculares aos taludes, gerando assim bancadas com inclinações mais suaves que as reais; • O resultado da Krigagem: de acordo com o mencionado anteriormente, a influência da interpolação pode ser observada na Figura 5.21, onde estão representados juntos os resultados do Upscaling e da Krigagem. Esperava-se que a camada de material fraco (cor rosa) se distribuísse na região onde os furos apresentam esta informação, mas isto não ocorreu, acreditando-se que seja devido aos valores pequenos de alcances dos semivariogramas; • A distribuição de camadas adotadas: por ser baseada nas divisões geradas pelo Petrel 2004, este motivo tem vínculo com o do resultado da Krigagem. Com relação a não perpendicularidade das seções aos taludes, este problema poderia ter sido evitado criando-se modelos separados para cada setor da mina, onde cada um teria uma definição diferente de Grid, e assim, estas seções poderiam ficar exatamente perpendiculares aos taludes da cava da mina. Porém, a análise geoestatística poderia ser afetada, pois devido à distribuição espacial dos furos de sondagem, alguns modelos possuirão mais furos que os outros, influindo no resultado final total, que poderá possuir mais regiões com informações pouco confiáveis. A utilização de modelos separados fica como Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 142 sugestão para futuras pesquisas, sendo interessante testar em uma distribuição espacial de furos mais regular que a apresentada no presente trabalho. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA SW2 SW1 NW SW2 SW1 SW2 SW1 Figura 5.21 – Visualização dos resultados do Upscaling e da interpolação por Krigagem da propriedade c’. Na etapa de definição das camadas de material, poder-se-ia ter usado os valores de σci (estimados para entrada no programa RocData 4.0) para obter uma correlação com γ, porém, depois seria necessário verificar qual das 5 propriedades modeladas pelo Petrel 2004 representaria a possível divisão de σci Análises de Estabilidade dos Taludes da Mina 143 caso tivesse sido interpolado, e ainda obter uma correlação com ele, o que em comparação com o procedimento adotado seria menos exato, por ser mais indireto. Os resultados de Fatores de Segurança da SBC (2001) possuem ordem de grandeza coerentes com o que geralmente se obtém na prática, o que não foi alcançado no presente trabalho, entretanto, não foi possível averiguar a geometria e as camadas de material adotadas na época para as análises no PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Slide 5.0, pois estas informações não se encontravam no conjunto obtido. 6 Conclusões e Sugestões 6.1. Conclusões O presente trabalho propôs uma metodologia para elaboração de modelos geológicos e geomecânicos (3D) e realização de análises de estabilidade (2D) de taludes rochosos de minas a céu aberto, utilizando-se a ferramenta computacional Petrel 2004 como auxiliador na etapa de modelagem geológica e geomecânica, e na visualização da distribuição espacial de parâmetros de PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA resistência no corpo do maciço, através das técnicas geoestatísticas, cujo potencial de uso na área de geotecnia de mineração foi evidenciado. A mina de Morro da Mina, pertencente à empresa VALE, foi utilizada neste trabalho, onde sua cava foi modelada. Seções geomecânicas foram geradas e utilizadas em análises de estabilidade global e local dos taludes da mina estudada. Do conjunto de informações que compõem a caracterização geotécnica da mina de Morro da Mina, para realização da modelagem e análises de estabilidade, foram utilizados basicamente os seguintes dados: • Mapas topográficos, com a geometria da mina; • Relatórios sobre a geologia estrutural e seu mapeamento, sendo interessante a presença de plantas com a localização de onde a estrutura foi levantada; • Relatórios sobre as análises de estabilidade realizadas nos taludes da mina; • Locação e descrição dos furos de sondagem, contendo informações sobre litologia, resistência da rocha, RQD (Deere et al., 1967), e índices de qualidade Q e RMR, dos sistemas de classificação de Barton et al. (1974) e Bieniawski (1976), respectivamente. É interessante o uso de dois sistemas de classificação, conforme é aconselhado por Hoek (2007), porém o valor do índice de qualidade RMR deveria ter sido calculado pela avaliação dos itens deste sistema, somando-se assim os pesos, e não pela correlação através de fórmulas, pois não se sabe até Conclusões e Sugestões 145 que ponto esta correlação é aplicável aos tipos rochosos presentes na mina, e até mesmo no Brasil. Com relação à subjetividade existente na metodologia apresentada, no que diz respeito à utilização do programa Petrel 2004, decisões subjetivas foram tomadas na menor quantidade possível, pois este trabalha sozinho durante a maior parte do tempo e o modo como a análise geoestatística é executada faz com que seja possível mais de uma pessoa encontrar os mesmos resultados dos semivariogramas, se o conjunto de dados de entrada for o mesmo. Entretanto, algumas informações das descrições dos furos de sondagem são baseadas em avaliações pessoais da parte do profissional encarregado desta tarefa, tais como o Grau de Alteração da rocha e os valores dos pesos dos itens dos Sistemas de Classificação Geomecânica, podendo isto influenciar na fidelidade dos resultados da modelagem. Além disto, os parâmetros de resistência c’ e φ’ tiveram de ser estimados, PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA pois ensaios de laboratório não haviam sido executados, e para isto optou-se por utilizar o Critério de Ruptura de Hoek-Brown Generalizado (Hoek et al., 2002), no programa RocData 4.0, sendo esta tarefa bastante subjetiva, o que interferiu bastante nos resultados das análises de estabilidade. No presente trabalho, o ideal seria trabalhar com resultados de ensaios de laboratório, e não valores estimados, pois desta forma o modelo gerado representaria mais fortemente a realidade do maciço da mina. O programa Petrel 2004 mostrou-se bastante útil, apresentando uma boa interface visual com usuário e auxiliando na etapa de modelagem geológica e geomecânica, possibilitando-se assim a visualização espacial do maciço onde está inserida a cava da mina, e de qual seção retirar para analisar sua estabilidade. Por outro lado, para este tipo de problema, que é a modelagem geomecânica da mina de Morro da Mina, a versão do Petrel utilizada apresentou-se um pouco limitada, principalmente na parte de análise geoestatística, não fornecendo alternativas de modelos teóricos para ajuste, o que é perfeitamente compreensível, pois o programa é originalmente criado para utilização em estudos envolvendo litologias menos complexas. Todavia, conforme mencionado antes, a parte de visualização 3D do maciço da mina é de grande auxílio, e deve ser explorada mais. A versão posterior (2007) apresenta a possibilidade de utilização do programa Isatis, da Geovariances, para análises geoestatísticas, o que é interessante, pois este programa é bastante completo, com várias ferramentas de tratamento estatístico Conclusões e Sugestões 146 e geoestatístico dos dados, que junto com a interface visual excelente do Petrel, formarão uma dupla perfeita para modelagem, até o presente momento. Na parte de análise geoestatística, pode-se dizer que quantidade de furos não significa qualidade na modelagem; junto com a quantidade tem que vir uma distribuição espacial adequada dos furos, evitando-se a formação de “ninhos” de amostras, pois a geração dos semivariogramas irá depender do número de pares de amostras, que depende da geometria do cone de busca, e esta por sua vez depende da distribuição espacial daquelas. Assim, as duas perguntas seguintes estão relacionadas com a conformação do semivariograma: quão similares são dois valores posicionados próximos entre si? (existe efeito pepita?), e quão longe dois pontos devem estar antes de não existir relação entre eles? (alcance). A distribuição espacial influi na resposta a estas perguntas, onde um arranjo inapropriado pode mascarar os valores “reais” de efeito pepita (existe uma variabilidade muito grande em PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA pequena escala ou há erro na amostragem?) e alcance para a variável regionalizada estudada. Os semivariogramas são base para a maioria dos métodos de interpolação, e desta forma, a qualidade da modelagem depende da representatividade dos semivariogramas. Percebeu-se que a geologia do local estudado também influiu na modelagem, pois a mina examinada apresenta diversos tipos litológicos encaixados uns nos outros, o que impede a continuidade espacial das informações, causando o aparecimento do “Efeito de Furo”, que de certo modo interfere nas estimativas por Krigagem, pela questão dos pesos das amostras serem obtidos dos semivariogramas. Com relação às análises de estabilidade realizadas, a preocupação deve se voltar para as bancadas dos taludes, o que foi mostrado nas análises cinemáticas, porém, tanto estas quanto as análises por equilíbrio limite acusam a não possibilidade de ruptura global dos taludes. Entretanto, recentemente ocorreu uma pequena ruptura circular envolvendo algumas bancadas no setor SW1, o que não foi constatado nestas análises, onde as possíveis causas para isto foram apresentadas na parte de análise crítica deste assunto. A utilização de resultados de análises geoestatísticas em atividades diversas, tais como a análise de estabilidade realizada no presente trabalho, torna-se um desafio, tanto na manipulação/atualização dos dados, pois o conjunto utilizado deve condizer com a aplicação que se deseja dar ao modelo, quanto na interpretação adequada dos resultados. Desta forma, estes resultados são controlados “pelo modelo teórico adotado e seus parâmetros, os quais Conclusões e Sugestões 147 podem se mostrar errados na medida em que novos dados venham a ser acrescentados” ao modelo (Landim, 2003). Por outro lado, a metodologia apresentada gera um fluxo de trabalho que pode ser aplicado na prática, entretanto, a etapa que exige maior atenção é a análise geoestatística, de acordo com o já mencionado. Mas, conforme os estudos sobre este assunto forem avançando, mais conhecimento e experiência serão obtidos, e assim a presente metodologia poderá ser aprimorada. 6.2. Sugestões Para continuação desta linha de pesquisa, é sugerida que outros maciços rochosos de minas sejam modelados, com utilização do software Petrel 2004 ou as versões posteriores, onde o maciço possua características diferentes do PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA apresentado neste trabalho, e levem-se em conta as seguintes melhorias com relação à metodologia, sendo as cinco primeiras relacionadas direto com o programa Petrel, tendo em vista o conhecimento de suas outras funcionalidades e limitações: • Entender melhor como o programa gera os Horizons a partir dos Well Tops, para possibilitar a criação de mais zonas, tornando o modelo complexo, pois neste trabalho preferiu-se manter o modelo simplificado; • Estudar a aplicação das demais transformações apresentadas na Tab Transformations, dentro da função Data Analysis, visando à eliminação total de tendências dos dados, tornando desta forma os semivariogramas completamente estacionários; • Modelar trechos da mina separados e analisar se os resultados diferem muito dos da mina completa; por outro lado, isto seria a solução para o problema das seções não serem geradas efetivamente perpendiculares aos taludes, podendo-se desta forma respeitar a geometria real das bancadas; • Verificar a possibilidade de uso da ferramenta de “Projeto de Poços” e extração de logs para avaliar o erro de estimativa, da seguinte forma: criar um modelo geomecânico sem utilização de um dos furos de sondagem; em seguida, projeta-se aquele furo não utilizado e obtêm-se as informações ao longo dele, das células por onde ele passa. Assim pode-se comparar o log verdadeiro do furo de sondagem com o log Conclusões e Sugestões 148 obtido quando se projetou este, verificando-se a coerência entre as informações (“Jack-Knifing”); • Ainda utilizando-se este software, pesquisar como inserir informações de atitudes de descontinuidades ao longo dos furos de sondagem, possibilitando assim a visualização espacial destas; • Estudar uma melhor distribuição dos furos de sondagem, e sua quantidade, para utilização nas análises geoestatísticas e modelagem geomecânica da mina de Morro da Mina, ou de outras minas a céu aberto, mantendo o enfoque geotécnico. Este tipo de trabalho consiste, na verdade, em verificar se o modelo gerado é Robusto ou não, ou seja, se aquela quantidade de furos e sua distribuição foram suficientes para gerar um modelo representativo da região estudada ou não, onde, se for Robusto, com o acréscimo de furos, o modelo sofrerá pequenas modificações, e em caso contrário, muitas modificações serão PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA observadas com o acréscimo de informações; • Verificar se a correlação proposta por Bieniawski (1976) é realmente válida para o local da mina de Morro da Mina, através da aplicação dos dois sistemas de classificação (Bieniawski, 1976; Barton et al., 1974). Caso contrário, propor uma nova correlação, aplicável para a região da mina, ou um Sistema de Classificação Geomecânico específico para este local, ou propor para outra mina; • Dar continuidade nas análises de estabilidade, acrescentando-se análises de quedas de blocos, e outros tipos, tais como análises probabilísticas e por elementos finitos. Referências Bibliográficas ABRÃO, P. C., OLIVEIRA, S. L. Mineração. In: ___ Geologia de Engenharia. 4ª Reimpressão. São Paulo: ABGE, 2004. p. 431-438. ALBUQUERQUE, R., BRITO, S., RODRIGUES, R. L., NIEBLE, C. M. Modelo Geomecânico da Mina de Ouro de Fazenda Brasileiro – CVRD. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 6°. COBRAMSEF, IX. 1990, Salvador. Anais... São Paulo: ABGE, ABMS, 1990. p. 1-10. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA ALMEIDA, R. M. R. Classificação Geomecânica de Itabiritos em Mineração a Céu Aberto – Quadrilátero Ferrífero – Minas Gerais. 1994. 110p. Dissertação de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil, PUC-Rio, Rio de Janeiro, 1994. ASSIS, A. P., ESPOSITO, T. J., ALMEIDA, M. G. G. Comparação entre Dois Métodos Probabilísticos na Análise da Estabilidade de um Talude de Mina. In: PAN-AMERICAM SYMPOSIUM ON LANDSLIDES, II. COBRAE, II. 1997, Rio de Janeiro. Anais... São Paulo: ABMS, 1997. p. 347-352. AZEVEDO, A. A., FILHO, J. L. A. Águas Subterrâneas. In: ___ Geologia de Engenharia. 4ª Reimpressão. São Paulo: ABGE, 2004. p. 111-130. AZEVEDO, I. C. D., MARQUES, E. A. G. Introdução à Mecânica das Rochas. Viçosa: Editora UFV, 2002. 361p. BARLA, G., SCAVIA, C., ANTONELLIS, M., GUARASCIO, M. Characterization of Rock Mass by Geoestatistical Analysis at the Massua Mine. In: International Congress on Rock Mechanics, 6th. 1987, Montreal. Proceedings of the 6th International Congress on Rock Mechanics. Montreal. 1987. p. 777-786. BARTON, N. Scale Effects or Sampling Bias? In: ___Scale Effects in Rock Masses. Rotterdam: Balkema. 1990. p. 31-55. BARTON, N., BANDIS, S. Review of Predictive Capabilities of JRC-JCS Model in Engineering Practice. In: International Symposium on Rock Joints. 1990, Loen. Proceedings of the International Symposium on Rock Joints. Rotterdam: Balkema. 1990. p. 603-610. BARTON, N., LIEN, R., LUNDE, J. Engineering classification of rock masses for the design of tunnel support. Rock Mechanics, 6, Nº 4. p. 189-236. 1974. BIENIAWSKI, Z. T. Engineering classification of jointed rock masses. Trans. S. Afr. Inst. Civ. Engrs. 15. p. 335-344. 1973. BIENIAWSKI, Z. T. Geomechanics classification of rock masses and its application in tunnelling. Advances in Rock Mechanics. Washington: Nat. Acad. Sci., 2 (A), p. 27-32. 1974. Referências Bibliográficas 150 BIENIAWSKI, Z. T. Rock mass classification in rock engineering. In: Exploration for Rock Engineering. 1976, Johannesburg. Proceedings of the Symposium on Exploration for Rock Engineering. Cape Town: Balkema. 1. 1976. p. 97-106. BIENIAWSKI, Z. T. The geomechanics classification in rock engineering applications. In: Congress Int. Soc. Rock Mech., Xth. 1979, Montreux. Proceedings of the Xth Congress Int. Soc. Rock Mech. 2. 1979. p. 41-48. BIENIAWSKI, Z. T. Engineering rock mass classifications: A Complete Manual for Engineers and Geologists in Mining, Civil, and Petroleum Engineering. New York: John Wiley & Sons, 1989. 251p. BITTENCOURT, J. S., MORESCHI, J. B. Recursos Minerais. In: ___ Decifrando a Terra. 2ª Reimpressão. São Paulo: Oficina de Textos, 2003. p. 445-470. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA CASTRO, W. J. Síntese de Estudos de Estabilidade de Taludes de Minas de Minério de Ferro do Quadrilátero Ferrífero - MG. 2004. 202p. Dissertação de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil da Escola de Minas, UFOP, Ouro Preto, 2004. CAVALCANTE, R. F., ASSIS, A. P. Estudo da Estabilidade de Taludes de Grande Altura em Mineração Através de Métodos Tensão-Deformação. In: PANAMERICAM SYMPOSIUM ON LANDSLIDES, II. COBRAE, II. 1997, Rio de Janeiro. Anais... São Paulo: ABMS, 1997. p. 269-276. CHIASSON, P., LAFLEUR, J., SOULIÉ, M., TIM LAW, K. Characterizing Spatial Variability of a Clay Geostatistics. Can. Geotech. J., 32, p. 1-10. 1995. CORRÊA, L. S. Avaliação de Ferramentas Computacionais para visualização do Subsolo da Região do Méier, Rio de Janeiro. 2001. 66p. Dissertação de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil, PUC-Rio, Rio de Janeiro, 2001. CUNHA, A. P. Scale Effects in Rock Mechanics. In: ___Scale Effects in Rock Masses. Rotterdam: Balkema. 1990. p. 3-27. DE CAMPOS, T. M. P. Análise de Estabilidade: Métodos, Parâmetros e Pressões Neutras. Artigo Técnico. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Engenharia Civil. Rio de Janeiro. 1985. DEERE, D. U., HENDRON, A. J., PATTON, F. D., CORDING, E. J. Design of surface and near surface construction in rock. In: Failure and breakage of rock Symposium, 8th. 1967. Proceedings of the 8th Failure and breakage of rock Symposium. New York: C. Fairhurst Ed. 1967. p. 237-302. DINIZ, R. A. V., CELESTINO, T. B., STURARO, J. R. Estudo da Classe de Maciços Rochosos em Função do Parâmetro Q de Barton por Análise Geoestatística. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 8°. 1996, Rio de Janeiro. Anais... São Paulo: ABGE, 1996. p. 755-766. DURAND, A., ASSIS, A. P. Estudo de Estabilidade de Taludes em Mineração Através de Classificação Geomecânica. In: PAN-AMERICAM SYMPOSIUM ON LANDSLIDES, II. COBRAE, II. 1997, Rio de Janeiro. Anais... São Paulo: ABMS, 1997. p. 319-328. Referências Bibliográficas 151 DURAND, A. Estudo de Estabilidade de Taludes em Mineração a Partir de Classificação Geomecânica. 1995. 192p. Dissertação de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil, Unb, Brasília, 1995. FARIAS, R. N. S., ALBUQUERQUE JR., F. S., YAMAMOTO, J. K. O Uso da Geoestatística na Caracterização do Subsolo do Município de Campos dos Goytacazes - RJ. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÃNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA GEOTÉCNICA, XIII. 2006, Curitiba. Anais... São Paulo: ABMS, 2006. FONSECA, M. A., SOBREIRA, F. G. O Escorregamento no Bairro da Piedade, Ouro Preto, Minas Gerais: Processos de Instabilidade em Antigas Áreas de Mineração. In: PAN-AMERICAM SYMPOSIUM ON LANDSLIDES, II. COBRAE, II. 1997, Rio de Janeiro. Anais... São Paulo: ABMS, 1997. p. 139-144. FRANKLIN, J., BROCH, E., WALTON, G. Logging the mechanical character of rock. Trans. Instn. Min. Metall. 81. Sect. A. p. 43. 1971. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA GALBIATTI, H. F. Ruptura Oblíqua Condicionada por Falha Transcorrente na Cava a Céu Aberto da Mina do Cauê, Itabira, MG. 2006. 99p. Dissertação de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil da Escola de Minas, UFOP, Ouro Preto, 2006. GEOEXPLORE. Mapeamento Geológico e Análise Estrutural do Morro da Mina – Conselheiro Lafaiete – MG. 2005. 66p. Relatório Interno. Rio Doce Manganês, VALE, Conselheiro Lafaiete, 2005. GONZAGA, G. G. Análise da Variabilidade Espacial de Propriedades Mecânicas de um Maciço Gnáissico através de uma Abordagem Geoestatística. 1996. 165p. Dissertação de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil, PUC-Rio, Rio de Janeiro, 1996. GOODMAN, R. E. Introduction to Rock Mechanics. 2 ed. New York: John Wiley & Sons, 1989. 562p. GUIDICINI, G., NIEBLE, C. M. Estabilidade de Taludes Naturais e de Escavação. 2 ed. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 1984. 196p. HACK, R., ORLIC, B., OZMUTLU, S., ZHU, S., RENGERS, N. Three and more dimensional modeling in geo-engineering. Bull. Eng. Geol. Env., 65. p. 143153. 2006. HOEK, E. Strength of Jointed Rock Masses, 23rd. Rankine Lecture. Géotechnique, 33, Nº 3. p. 187-223. 1983. HOEK, E. Estimating Mohr-Coulomb friction and cohesion values from the Hoek-Brown failure criterion. Intnl. J. Rock Mech. Mining Sci. & Geomechanics Abstracts, 27, Nº 3. p. 227-229. 1990. HOEK, E. Strength of Rock and Rock Masses. ISRM News Journal, 2, Nº 2. p. 4-16. 1994. HOEK, E. Practical Rock Engineering. North Vancouver. 2007. Disponível em: www.rocscience.com. Acesso em: 27 de fevereiro de 2007. Notas de Aula. Referências Bibliográficas 152 HOEK, E., BRAY, J. W. Rock Slope Engineering. 3 ed. London: Institution of Mining and Metallurgy, 1981. 358p. HOEK, E., BROWN, E. T. Underground Excavations in Rock. London: Institution of Mining and Metallurgy, 1980a. 527p. HOEK, E., BROWN, E. T. Empirical Strengh Criterion for Rock Masses. Journal of Geotech. Engng. Div. ASCE. Nº GT9. 106. p. 1013-1035. 1980b. HOEK, E., BROWN, E. T. The Hoek-Brown Failure Criterion – a 1988 Update. In: Canadian Rock Mechanics Symposium, 15th. 1988, Toronto. Proceedings of the 15th Canadian Rock Mechanics Symposium. Toronto: J. H. Curran. Ed. 1988. p. 31-38. HOEK, E., BROWN, E. T. Practical Estimates of Rock Mass Strength. Intnl. J. Rock Mech. Mining Sci. & Geomechanics Abstracts, 34, Nº 8. p. 1165-1186. 1997. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA HOEK, E., CARRANZA-TORRES, C., CORKUM, B. Hoek-Brown Failure Criterion - 2002 Edition. In: North American Rock Mechanics Symposium, 5th. 2002. Toronto. Proceedings of the 5th North American Rock Mechanics Symposium. Toronto. 1. 2002. p. 267-273. HOEK, E., KAISER, P. K., BAWDEN, W. F. Support of Underground Excavations in Hard Rock. Rotterdam: Balkema, 1995. 210p. HOEK, E., MARINOS, P. A Brief History of the Development of the HoekBrown Failure Criterion. Soils and Rocks, 30, Nº 2. p. 85-92. 2007. HOEK, E., READ, J., KARZULOVIC, A., CHEN, Z. Y. Rock Slopes in Civil and Mining Engineering. In: International Conference on Geotechnical and Geological Engineering. 2000. Melbourne. Proceedings of the International Conference on Geotechnical and Geological Engineering. Melbourne. 2000. p. 1-16. INNOCENTINI, M. D. M. Modelagem Geomecânica e Hidrogeológica e Análise de Estabilidade de Taludes da Mina de Gongo Soco – CVRD. 2003. 256p. Dissertação de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil da Escola de Minas, UFOP, Ouro Preto, 2003. INNOCENTINI, M. D. M., GOMES, R. C. Geomechanical and hydrogeological modelling of the Gongo Soco mine slopes. In: International Symposium on Landslides: Evaluation and Stabilization, IX. 2004, Rio de Janeiro. Proceedings of the IX International Symposium on Landslides: Evaluation and Stabilization. London: Balkema. 2004. p. 521-526. INNOCENTINI, M. D. M., GOMES, R. C., ALVARES, R. A. Slope stability analyses of the Gongo Soco Mine/Brazil. In: International Symposium on Landslides: Evaluation and Stabilization, IX. 2004, Rio de Janeiro. Proceedings of the IX International Symposium on Landslides: Evaluation and Stabilization. London: Balkema. 2004. p. 527-532. Referências Bibliográficas 153 INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS - INPE. Divisão de Processamento de Imagens. Geoestatística: Fundamentos e Aplicações. 1998. Cap. 5. Apostila do Curso “Geoprocessamento para Projetos Ambientais”, oferecido por CAMARGO, E. C. G. nos Congressos GIS Brasil (96,97 e 98) e Simpósio Brasileiro de Sensoriamento Remoto (96 e 98). Disponível em: http://www.dpi.inpe.br/gilberto/tutoriais/gis_ambiente/. Acesso em: 01 de março de 2007. 36p. ISAAKS, E. H., SRIVASTAVA, R. M. An Introduction to Applied Geostatistics. New York: Oxford University Press, Inc..1989. 561p. ISRM. Suggested methods for the quantitative descriptions of descontinuites in rock masses. Intnl. J. Rock Mech. Mining Sci. & Geomechanics Abstracts, 15. p. 319-388. 1978. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA JAKSA, M. B., KAGGWA, W. S., BROOKER, P. I. Geoestatistical modelling of the spatial variation of the shear strength of a stiff, overconsolidated clay. In: Conference on Probabilistic Methods in Geotechnical Engineering. 1993, Camberra. Proceedings of the Conference on Probabilistic Methods in Geotechnical Engineering. Rotterdam: Balkema. 1993. p. 185-194. KANJI, M. A. Estabilidade de Taludes Rochosos em Obras Civis. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÃNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA GEOTÉCNICA, XIII. 2006, Curitiba. Anais... São Paulo: ABMS, 2006. KARZULOVIC, A. The Importance of Rock Slope Engineering in Open Pit Mining Business Optimization. In: International Symposium on Landslides: Evaluation and Stabilization, IX. 2004, Rio de Janeiro. Proceedings of the IX International Symposium on Landslides: Evaluation and Stabilization. London: Balkema. 2004. p. 443-456. KIRKALDIE, L., WILLIAMSON, D. A., PATTERSON, P. V. Rock material field classification procedure. In: ___ Rock classifications Systems for Engineering Purposes – ASTM STP 984. Philadelphia: ASTM, 1988. p. 32-33. KLENGEL, K. J. Types of rock slopes – possibilities of classification and derivation of corrective measures. Bulletin of the International Association of Engineering Geology, 17, p. 52-55. 1978. LANA, M. S., GRIPP, M. F. A., GRIPP, A. H. Aplicação da Análise Cinemática de Blocos Rígidos para Identificação de Mecanismos de Ruptura em Taludes. In: PAN-AMERICAM SYMPOSIUM ON LANDSLIDES, II. COBRAE, II. 1997, Rio de Janeiro. Anais... São Paulo: ABMS, 1997. p. 389-396. LANDIM, P. M. B. Análise estatística de dados geológicos. São Paulo: Editora UNESP, 2003. 253p. LAPOINTE, P. R. Improved Numerical Modeling of Rock Masses Through Geoestatistical Characterization. In: U. S. Symposium on Rock Mechanics, 22nd. 1981. Proceedings of the 22nd U. S. Symposium on Rock Mechanics. 1981. p. 386-391. LAUBSCHER, D. H. Geomechanics classification of jointed rock masses – mining applications. Trans. Instn. Min. Metall. 86. p. A1-A8. 1977. Referências Bibliográficas 154 LAUBSCHER, D. H. A geomechanics classification system for the rating of rock mass in mine design. J. S. Afr. Inst. Min. Metall., 90, Nº 10. p. 257-273. 1990. LAUBSCHER, D. H., TAYLOR, H. W. The importance of geomechanics classification of jointed rock masses in mining operations. In: Exploration for Rock Engineering. 1976, Johannesburg. Proceedings of the Symposium on Exploration for Rock Engineering. Cape Town: Balkema, 1. 1976. p. 119-128. LAUFFER, H. Gebirgsklassifizierung für den Stollenbau. Geol. Bauwesen, 24, Nº 1. p. 46-51. 1958. LEINZ, V., AMARAL, S. E. Geologia Geral. 14 ed. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2001. 399p. MARINOS, V., MARINOS, P., HOEK, E. The geological strength index: applications and limitations. Bull. Eng. Geol. Env., 64. p. 55-65. 2005. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA MASSAD, F. Obras de Terra: Curso Básico de Geotecnia. São Paulo: Oficina de Textos, 2003. 170p. MDGEO. Modelo Hidrogeológico Físico da Mina Morro da Mina – Sociedade Mineira de Mineração Ltda.. 2001. 13p. Relatório Interno. Rio Doce Manganês, VALE, Conselheiro Lafaiete, 2001. MENEZES FILHO, A. P. Uma Abordagem Unificada do Efeito de Escala em Rochas pela Geometria Fractal. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 8°. 1996, Rio de Janeiro. Anais... São Paulo: ABGE, 1996. p. 777-787. MIOTO, J. A., COELHO, L. F. M. Estado de Tensão dos Maciços Rochosos. In: ___ Geologia de Engenharia. 4ª Reimpressão. São Paulo: ABGE, 2004. p. 153161. NASCIMENTO, A. C. F. Modelagem Geométrica Tridimensional de Maciços Rochosos e Feições Estruturais. 2001. 79p. Dissertação de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil, PUC-Rio, Rio de Janeiro, 2001. NUNES, A. L. L. S. Investigações de Laboratório em Rochas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÃNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA GEOTÉCNICA, XIII. 2006, Curitiba. Anais... São Paulo: ABMS, 2006. RAWLINGS, C. G., BARTON, N., SMALLWOOD, A., DAVIES, N. Rock mass characterization using the ‘Q’ and RMR systems. In: International Congress on Rock Mechanics, 8th. 1995, Tokyo. Proceedings of the 8th International Congress on Rock Mechanics. Tokyo: Balkema, 1. 1995. p. 29-31. ROBERTSON, A. M. Estimating weak rock strength. In: ___ AIME – SME Annual meeting. Phoenix, AZ, 1988. RODRIGUES, R. L., NIEBLE, C. M., ALBUQUERQUE, R., BRITO, S. Aplicação de Mecânica de Rochas a Lavra Subterrânea em Fazenda Brasileiro. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA DE ENGENHARIA, 6°. COBRAMSEF, IX. 1990, Salvador. Anais... São Paulo: ABGE, ABMS, 1990. p. 11-20. Referências Bibliográficas 155 ROJAS, V. E. M. Estabilidade de Taludes de Grande Altura em Minas a Céu Aberto. 1995. 89p. Dissertação de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil, PUC-Rio, Rio de Janeiro, 1995. ROMANA, M. SMR Classification. In: International Congress on Rock Mechanics, 7th. 1991, Aachen. Proceedings of the 7th International Congress on Rock Mechanics. Rotterdam: Balkema, 2. 1991. p. 955-968. SANCIO, R. T., BROWN, I. A classification of weathered foliated rocks for use in slope stability problems. In: Australia – New Zealand Conference on Geomechanics. 1980, Wellington. Proceedings of the Australia – New Zealand Conference on Geomechanics. Wellington: The New Zealand Institution of Engineers, 2. 1980. p. 81-86. SANDRONI, S. S., SAYÃO, A. S. F. J. Avaliação Estatística do Coeficiente de Segurança de Taludes. In: COBRAE, I. 1992. Rio de Janeiro. Anais… São Paulo: ABMS, 1992. p. 523-536. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA SBC. Estudo Geomecânico da mina de manganês de Morro da Mina. 2001. 13p. Relatório Interno. Rio Doce Manganês, VALE, Conselheiro Lafaiete, 2001. SBC. Estudo Geomecânico da mina de manganês de Morro da Mina – Parte II. 2002. 17p. Relatório Interno. Rio Doce Manganês, VALE, Conselheiro Lafaiete, 2002. SBC. Descrições Geomecânicas dos Furos da Campanha de 2003. 2004. 10p. Relatório Interno. Rio Doce Manganês, VALE, Conselheiro Lafaiete, 2004. SBC. Conjunto de Mapas e Seções Geológicas e Geomecânicas. 2005. 12 desenhos .dwg. Rio Doce Manganês, VALE, Conselheiro Lafaiete, 2005. SCARPELLI, A. G. Classificação Geomecânica Aplicada a Avaliação da Estabilidade de Taludes em Minas de Ferro do Quadrilátero Ferrífero. 1994. 187p. Dissertação de Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos, USP-São Carlos, São Carlos, 1994. SERRA JR., E., OJIMA, L. M. Caracterização e Classificação de Maciços Rochosos. In: ___ Geologia de Engenharia. 4ª Reimpressão. São Paulo: ABGE, 2004. p. 211-226. SJÖBERG, J. Large Scale Stability in Open Pit Mining – A Review. 1996. 215p. Technical Report. Division of Rock Mechanics, Luleå University of Technology, Luleå, 1996. TERZAGHI, K. Rock defects and loads on tunnel supports. In: ___ Rock tunneling withsteel supports. Youngstown, OH: Commercial Shearing and Stamping Company (R. V. Proctor and T. L. White Eds.), 1. 1946. p. 17-99. UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO”. Faculdade de Ciências Agrônomas. Geoestatística. Botucatu. 2003. Apostila sobre Geoestatística do Grupo de Estudos e Pesquisas Agrárias Georeferenciadas, elaborada pela Profa. ZIMBACK, C. R. L. Disponível em: http://www.fca.unesp.br/intranet/arquivos/Apost.%20Geoestatística.pdf. Acesso em: 01 de março de 2007. 25p. Referências Bibliográficas 156 VALE. Rio Doce Manganês – Mina de Morro da Mina. Apresentação Interna. 2006. VAZ, L. F. Classificação Genética dos Solos e dos Horizontes de Alteração de Rocha em Regiões Tropicais. Solos e Rochas, 19, Nº 2. p. 117-136. 1996. WICKHAM, G.E., TIEDEMANN, H.R., SKINNER, E.H. Support determination based on geologic predictions. In: North American rapid excav. tunneling conf.. 1972, Chicago. Proceedings of the North American rapid excav. tunneling conf.. New York: Soc. Min. Engrs, Am. Inst. Min. Metall. Petrolm Engrs. (K.S. Lane and L.A. Garfield Eds.). 1972. p. 43-64. XAVIER, S. R. Estudo Geoestatístico do Subsolo da Usina Nuclear de Angra 2, RJ. 1999. 243p. Dissertação de Mestrado. Departamento de Engenharia Civil, PUC-Rio, Rio de Janeiro, 1999. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA ZEA, R. E., CELESTINO, T. B. Algumas Considerações para o estudo de mecanismos de ruptura em taludes altos de mineração a céu aberto. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE JOVENS GEOTÉCNICOS, I. 2004, São Carlos. Anais... São Paulo: ABMS, 2004. PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Anexos PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA 1 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA 2 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA 3 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA 4 5 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA Locação dos Furos Efetivamente Usados no Trabalho Nome Comprimento UTM E (X) UTM N (Y) Cota Z Ano FDMM02-01 FDMM02-02 FDMM02-03 FDMM02-04 FDMM02-05 FDMM02-06 FDMM02-07 FDMM02-08 FDMM02-09 FDMM02-10 FDMM02-11 250,0000 195,3500 202,1000 181,0000 251,3300 131,8500 72,5000 125,3500 156,9500 96,7000 172,5000 628172,8700 628148,8600 628253,6200 628420,5200 628306,2800 628087,1200 628352,7300 628351,7400 628401,4300 628299,2900 628481,8600 7717866,3500 7718025,5600 7717890,2300 7717733,6900 7717928,1700 7718058,4600 7717888,6900 7717887,5400 7717850,9000 7717872,3000 7717711,5600 980,3300 934,0500 934,2800 966,0800 943,5900 962,2600 933,5300 933,4000 933,3700 928,6400 964,4900 2002 2002 2002 2002 2002 2002 2002 2002 2002 2002 2002 FDMM03-02 FDMM03-03 FDMM03-04 FDMM03-05 FDMM03-06 FDMM03-07 FDMM03-08 FDMM03-09 FDMM03-10 FDMM03-11 FDMM03-12 FDMM03-13 FDMM03-14 FDMM03-15 FDMM03-17 FDMM03-18 150,2000 123,6000 214,2000 290,3000 281,1500 261,1500 240,7500 278,5500 318,3000 482,6500 375,7500 132,8000 416,9500 212,0000 158,4000 358,8000 628572,9000 628524,8500 628524,8500 628437,5500 628404,8400 628348,0400 628302,5800 628226,2800 628124,7300 628124,3800 628090,8700 628010,5000 627950,0200 628117,7800 628625,9800 628007,9000 7717677,3200 7717698,1200 7717698,1200 7717673,2300 7717711,9300 7717722,5400 7717746,2600 7717734,2000 7717769,1800 7717769,1600 7717806,7400 7717789,9600 7717796,0500 7718068,2400 7717663,4900 7717787,2100 962,6300 963,4200 963,4200 990,2600 980,9800 985,5000 985,0200 1002,3100 1023,0400 1023,1600 1024,5500 1023,7000 1031,3000 961,9000 962,1300 1023,4800 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 2003 FDMM05-01 FDMM05-02 FDMM05-03 FDMM05-04 FDMM05-05 FDMM05-06 FDMM05-07 FDMM05-08 FDMM05-12 FDMM05-13 FDMM05-14 FDMM05-17 153,0500 122,8000 125,9500 51,1500 182,5500 145,3000 93,8500 221,9500 173,4000 165,5500 79,4500 156,9500 628112,7700 628584,4600 628494,8200 628191,3400 628425,2500 628412,0400 628311,8900 628299,9400 628466,2000 628465,8800 628623,2400 628165,7200 7717959,8100 7717737,7600 7717725,9100 7717910,2900 7717786,3600 7717840,5600 7717840,7900 7717897,5100 7717785,9100 7717739,3600 7717687,9000 7717927,9000 944,3800 933,2300 958,9000 935,0400 936,0200 933,5300 926,1400 918,7200 935,4300 959,0300 953,2100 934,8200 2005 2005 2005 2005 2005 2005 2005 2005 2005 2005 2005 2005 Total = 39 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA DESCRIÇÃO GEOTÉCNICA DE SONDAGEM Sérgio Brito Consultoria Ltda. Prof. (m) De Até 0,00 0,55 0,55 0,65 0,65 1,00 1,00 6,25 6,25 7,55 7,55 11,90 11,90 23,10 23,10 26,75 26,75 27,05 27,05 29,70 29,70 30,05 30,05 38,30 38,30 54,40 54,40 58,70 58,70 58,80 58,80 60,60 60,60 66,00 66,00 66,85 66,85 70,95 70,95 71,45 71,45 72,00 72,00 81,60 81,60 81,93 81,93 82,40 82,40 89,25 89,25 92,85 92,85 93,60 93,60 97,20 97,20 103,25 103,25 105,25 105,25 108,75 108,75 108,90 108,90 112,55 112,55 132,10 132,10 132,40 132,40 134,70 134,70 153,05 Espess. (m) 0,55 0,10 0,35 5,25 1,30 4,35 11,20 3,65 0,30 2,65 0,35 8,25 16,10 4,30 0,10 1,80 5,40 0,85 4,10 0,50 0,55 9,60 0,33 0,47 6,85 3,60 0,75 3,60 6,05 2,00 3,50 0,15 3,65 19,55 0,30 2,30 18,35 Litologia QB QZ SL SC SC SC SC SC VR SC VR SC SC SC VR SC SC GR SC GR SC SC QB QZ SC QB QZ QB SC SC SC VR SC SC SC QB QB Descont. Principal Resistência RQD (%) 5 72 5 72 5 72 5 72 5 72 5 95 5 87 5 95 5 95 5 95 5 95 5 95 5 98 5 88 5 88 5 88 5 89 5 89 5 89 5 89 5 89 5 95 5 95 5 95 5 95 5 94 5 94 5 94 5 88 5 88 5 88 5 88 5 88 5 97 5 73 5 73 5 98 Jn 6,0 6,0 6,0 6,0 6,0 1,0 6,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 0,5 4,0 4,0 4,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 0,5 6,0 6,0 6,0 6,0 6,0 1,0 6,0 6,0 3,0 Jr 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,0 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 FDMM05-01 Ja 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 2,0 PARÂMETROS DE COLETA Jw SRF Q Inc. Fol.(*) 1,0 1,0 9,000 1,0 1,0 9,000 1,0 1,0 9,000 1,0 1,0 9,000 1,0 1,0 9,000 1,0 1,0 71,250 1,0 1,0 10,826 1,0 1,0 23,750 1,0 1,0 23,750 1,0 1,0 23,750 1,0 1,0 15,833 1,0 1,0 23,750 1,0 1,0 147,000 1,0 1,0 16,500 1,0 1,0 16,500 1,0 1,0 16,500 1,0 1,0 22,250 1,0 1,0 22,250 1,0 1,0 22,250 1,0 1,0 22,250 1,0 1,0 22,250 1,0 1,0 142,500 1,0 1,0 142,500 1,0 1,0 142,500 1,0 1,0 142,500 1,0 1,0 141,667 1,0 1,0 141,000 1,0 1,0 141,000 1,0 1,0 11,000 1,0 1,0 11,000 1,0 1,0 11,000 1,0 1,0 11,000 1,0 1,0 11,000 1,0 1,0 73,082 1,0 1,0 9,125 1,0 1,0 9,125 1,0 1,0 24,500 <10cm 1,5 0,2 0,5 CLASSE III III III III III I II II II II II II I II II II II II II II II I I I I I I I II II II II II I III III II RMR 64 64 64 64 64 82 65 73 73 73 69 73 89 69 69 69 72 72 72 72 72 89 89 89 89 89 89 89 66 66 66 66 66 83 64 64 73 CLASSE II II II II II I II II II II II II I II II II II II II II II I I I I I I I II II II II II I II II II OBSERVAÇÕES De 89,25 a 97,20: mesmo intervalo geomecânico 6 PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA 7 Mapa Geomecânico da Mina de Morro da Mina (SBC, 2005). PUC-Rio - Certificação Digital Nº 0521504/CA “Observaste o homem que é destro na sua obra? É perante reis que ele se postará; não se postará diante de homens comuns”, pois “dá ao sábio e ele se tornará ainda mais sábio. Transmite conhecimento a alguém justo e ele aumentará em erudição” (Pr 22:29; 9:9). Livros Grátis ( http://www.livrosgratis.com.br ) Milhares de Livros para Download: Baixar livros de Administração Baixar livros de Agronomia Baixar livros de Arquitetura Baixar livros de Artes Baixar livros de Astronomia Baixar livros de Biologia Geral Baixar livros de Ciência da Computação Baixar livros de Ciência da Informação Baixar livros de Ciência Política Baixar livros de Ciências da Saúde Baixar livros de Comunicação Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE Baixar livros de Defesa civil Baixar livros de Direito Baixar livros de Direitos humanos Baixar livros de Economia Baixar livros de Economia Doméstica Baixar livros de Educação Baixar livros de Educação - Trânsito Baixar livros de Educação Física Baixar livros de Engenharia Aeroespacial Baixar livros de Farmácia Baixar livros de Filosofia Baixar livros de Física Baixar livros de Geociências Baixar livros de Geografia Baixar livros de História Baixar livros de Línguas Baixar livros de Literatura Baixar livros de Literatura de Cordel Baixar livros de Literatura Infantil Baixar livros de Matemática Baixar livros de Medicina Baixar livros de Medicina Veterinária Baixar livros de Meio Ambiente Baixar livros de Meteorologia Baixar Monografias e TCC Baixar livros Multidisciplinar Baixar livros de Música Baixar livros de Psicologia Baixar livros de Química Baixar livros de Saúde Coletiva Baixar livros de Serviço Social Baixar livros de Sociologia Baixar livros de Teologia Baixar livros de Trabalho Baixar livros de Turismo