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RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS IN VITRO DE
MICRORGANISMOS CAUSADORES DE MASTITE BOVINA NA
REGIÃO DE UBERLÂNDIA- MG1
SILVIA CASSIMIRO BRASÃO1, ANDREIA ZAGO CIUFFA1, DAYANE
OLÍMPIA GOMES1, GABRIELA BIM RAMOS1, BRUNO CABRAL
PIRES1, DANILO MUNDIM SILVA1, ANNA MONTEIRO CORREIA LIMA1
1-Universidade Federal de Uberlândia (UFU)- Laboratório de Doenças
Infectocontagiosas
Faculdade
de
Medicina
Veterinária.
Email:
[email protected]
RESUMO
Objetivou-se caracterizar a população microbiana presente no leite
mastítico e perfil de resistência frente aos antimicrobianos, em
Uberlândia, MG. Concluiu-se que houve elevada resistência dos
microorganimos isolados para os antibióticos β-lactâmicos, e o agente
mais frequente foi Staphylococcus spp.
PALAVRAS-CHAVE: Resistência antimicrobiana, bovinos de leite,
mastite bovina
ANTIMICROBIAL RESISTANCE IN VITRO OF MICROORGANISMS
FROM BOVINE MASTITIS IN UBERLÂNDIA-MG
ABSTRACT
This study aimed to characterize the microbial population present in
mastitic milk and resistance profile compared to the antimicrobial, in
Uberlândia, MG. It was concluded that there was high resistance of
microorganimos isolated for β -lactam antibiotics, and the most frequent
agent was Staphylococcus spp.
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KEYWORDS: Antimicrobial resistance, dairy cattle, bovine mastitis
INTRODUÇÃO
A mastite bovina é uma doença de elevada importância, tanto
economicamente quanto para a saúde pública. Antimicrobianos
utilizados de forma errônea contribuem para o desenvolvimento de
cepas resistentes. Objetivou-se caracterizar a população microbiana
responsável por mastites clínicas e subclínicas de vacas de rebanho
leiteiro de Uberlândia- MG, e avaliar o perfil de resistência aos
antimicrobianos.
MATERIAL E MÉTODOS
Foram compilados resultados de cultura e teste de suscetibilidade
antimicrobiana (TSA) de 216 amostras de leite mastítico, no período de
outubro de 2011 a outubro de 2014. As amostras foram semeadas,
através da técnica de esgotamento, em Ágar-sangue (Difco®) e MacConkey (Difco®).Para a identificação dos gêneros, foi realizada a
coloração de gram, o teste de catalase, o kit Rugai com Lisina
(Newprov) e kit NFIII (Probac) (Oplustil, 2004).
O TSA foi realizado pelo método de difusão em disco, conforme
Bauer et al. (1966). A escolha dos fármacos e a leitura seguiram o
Manual Clinical and Laboratory Standards Institute CLSI (2013).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Das 216 amostras de leite, foram obtidos 228 isolamentos, sendo
que 148 (64,91%) apresentaram microrganismos causadores de mastite
bovina, 78 (34,21%) culturas negativas e 2 (0,88%) contaminadas
(amostras onde foram isolados mais de três microrganismos).
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Das amostras com crescimento positivo, 62,3% (142/228) dos
isolados apresentaram-se como agente causador da mastite bacteriana.
91,5% (130/142) destas bactérias eram Gram positivas, e destas 43,6 %
(96/220) eram Staphylococcus spp., 15% (33/220) Streptococus spp. e
0,45% ( 1/220) Bacillus spp.. Em relação aos patógenos Gram
negativos, foram encontrados 5,5% (12/220) dos isolados, nas seguintes
proporções: Escherichia coli 1,4 % (3/220), Cocobacilos Gram negativo
0,9% (2/220), Enterobacter spp. 0,9% (2/220), Providencia spp. 0,9%
(2/220), Burkholderia cepacia 0,5 % (1/220), Klebsiella spp 0,5% (1/220)
e Stenotrophomons maltophilia 0,5% (1/220). A Tabela 1 apresenta
frequências de agentes bacterianos identificados nesta pesquisa em 216
amostras.
Tabela 1 – Distribuição das frequências de bactérias identificadas em
216 amostras de leite de vacas com mastite na região de Uberlândia
MG, no período de 2011 a 2014.
MICRORGANISMOS ISOLADOS
Bactérias Gram positivas
Staphylococcus spp
Streptococcus spp
Bacillus Bacillus spp
Bactérias Gram negativas
Escherichia coli
Cocobacilos Gram negativo
Enterobacter spp
Providencia
Burkholderia cepacia
Klebsiella spp
Stenotrophomons maltophilia
Não houve crescimento microbiano
TOTAL
¹ Frequência absoluta ; ² Frequência relativa
FA¹
FR²
96
33
1
43,6
15
0,45
3
2
2
2
1
1
1
78
220
1,4
0,9
0,9
0,9
0,5
0,5
0,5
35,5
100
Segundo Santos & Fonseca (2007), a maior frequência de mastite
em animais de produção é de microrganismos contagiosos, como
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Staphylococcus
spp., Streptococcus
spp.
e Corynebacterium
spp.,
dados compatíveis aos encontrados neste estudo.
Os perfis de resistência nos testes de TSA foram: para
Staphylococcus spp., 60,7% Ampicilina, 55,2% Penicilina e 44,6%
Oxacilina, e para Streptococcus spp., 62,5% (13,75/22) Oxacilina, 53,1%
(11,7/22) Tetraciclina e 46,8% (10,3/22) Enrofloxacina . Os fármacos
citados pertencem ao grupo de antibióticos β-lactâmicos e, de acordo
Barkema et al. (2006), estes são capazes de aumentar a virulência de
cepas bacterianas resistentes e potencializar o risco de transmissão a
humanos.
Os microrganismos Gram negativos desta pesquisa apresentaram
perfis diversificados de resistência , no entanto,
ao agrupá-los,
observou-se que 66,7% e 58,3% corresponderam aos perfis da
Cefalotina e Ampicilina, respectivamente. Segundo Nam et al.( 2009) ,
Enterobacteriaceae são produtoras de β-lactamase, fator que justifica
sua resistência a tal classe antimicrobiana.
Como no país não existe controle de vendas e o uso de
antimicrobianos veterinários é indiscriminado, supõe-se que isso possa
contribuir
para
a
escolha
inadequada
da
droga,
sua
via
de
administração, dosagem e duração do tratamento, levando, assim, à
resistência dos fármacos (Silva et al. 2012).
CONCLUSÕES
O agente infeccioso encontrado com maior frequência, tanto nos
casos de mastite clínica quanto subclínica nos rebanhos leiteiros da
região do município de Uberlândia, foi Staphylococcus spp., e todos os
micororganismos isolados apresentaram padrão de resistência elevado
aos β lactâmicos, o que indica a necessidade de intensificação dos
procedimentos de boas práticas de higiene, neste local.
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Além disso, destaca-se a importância do TSA ser realizado com
mais regularidade , pois, através do perfil regional, torna-se possível
uma escolha mais fundamentada do antibiótico, reduzindo o insucesso
terapêutico e, consequentemente, a resistência antimicrobiana.
REFERÊNCIAS
Barkema H.W., Schukken Y.H. & Zadoks R.N. The role of cow,
pathogen, and treatment regimen in the therapeutic success of bovine
Staphylococcus aureus mastitis. Journal of Dairy Science,n.89,p.18771895, 2006.
Bauer A.W., Kirby W.M.M., Sherris J.C. & Turck M. Antibiotic
susceptibility testing by a standardized single disk method. American
Journal of Clinical Pathology,n.45,p.493-496,1966.
CLSI.Performance standards for antimicrobial disk and dilution
susceptibility tests for bacteria isolated from animals; approved standard.
4th ed. CLSI Document M31-A3. Clinical and Laboratory Standards
Institute, Wayne, PA. p.17, 2013.
Nam H.M., Lim S.K., Kang H.M. et al.Prevalence and antimicrobial
susceptibility of gram-negative bacteria isolated from bovine mastitis
between 2003 and 2008 in Korea. Journal of Dairy Science,n.92,
p.2020-2026,2009.
Oplustil C. P. Procedimentos básicos em microbiologia clínica. 2ª
ed. São Paulo: Sarvier, p.340, 2004.
Santos M.V. & Fonseca L.F.L. Estratégias para controle de mastite e
melhoria da qualidade do leite. Manole, São Paulo. 32, 2007.
Silva E.R., Pereira A.M.G., Moraes W.S., et al. Perfil de sensibilidade
antimicrobiana in vitro de Staphylococcus aureus isolado de mastite
subclínica bovina. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal.
n.13,p.701-711, 2012.
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resistência aos antimicrobianos in vitro de microrganismos