42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 1 RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS IN VITRO DE MICRORGANISMOS CAUSADORES DE MASTITE BOVINA NA REGIÃO DE UBERLÂNDIA- MG1 SILVIA CASSIMIRO BRASÃO1, ANDREIA ZAGO CIUFFA1, DAYANE OLÍMPIA GOMES1, GABRIELA BIM RAMOS1, BRUNO CABRAL PIRES1, DANILO MUNDIM SILVA1, ANNA MONTEIRO CORREIA LIMA1 1-Universidade Federal de Uberlândia (UFU)- Laboratório de Doenças Infectocontagiosas Faculdade de Medicina Veterinária. Email: [email protected] RESUMO Objetivou-se caracterizar a população microbiana presente no leite mastítico e perfil de resistência frente aos antimicrobianos, em Uberlândia, MG. Concluiu-se que houve elevada resistência dos microorganimos isolados para os antibióticos β-lactâmicos, e o agente mais frequente foi Staphylococcus spp. PALAVRAS-CHAVE: Resistência antimicrobiana, bovinos de leite, mastite bovina ANTIMICROBIAL RESISTANCE IN VITRO OF MICROORGANISMS FROM BOVINE MASTITIS IN UBERLÂNDIA-MG ABSTRACT This study aimed to characterize the microbial population present in mastitic milk and resistance profile compared to the antimicrobial, in Uberlândia, MG. It was concluded that there was high resistance of microorganimos isolated for β -lactam antibiotics, and the most frequent agent was Staphylococcus spp. 0698 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 2 KEYWORDS: Antimicrobial resistance, dairy cattle, bovine mastitis INTRODUÇÃO A mastite bovina é uma doença de elevada importância, tanto economicamente quanto para a saúde pública. Antimicrobianos utilizados de forma errônea contribuem para o desenvolvimento de cepas resistentes. Objetivou-se caracterizar a população microbiana responsável por mastites clínicas e subclínicas de vacas de rebanho leiteiro de Uberlândia- MG, e avaliar o perfil de resistência aos antimicrobianos. MATERIAL E MÉTODOS Foram compilados resultados de cultura e teste de suscetibilidade antimicrobiana (TSA) de 216 amostras de leite mastítico, no período de outubro de 2011 a outubro de 2014. As amostras foram semeadas, através da técnica de esgotamento, em Ágar-sangue (Difco®) e MacConkey (Difco®).Para a identificação dos gêneros, foi realizada a coloração de gram, o teste de catalase, o kit Rugai com Lisina (Newprov) e kit NFIII (Probac) (Oplustil, 2004). O TSA foi realizado pelo método de difusão em disco, conforme Bauer et al. (1966). A escolha dos fármacos e a leitura seguiram o Manual Clinical and Laboratory Standards Institute CLSI (2013). RESULTADOS E DISCUSSÃO Das 216 amostras de leite, foram obtidos 228 isolamentos, sendo que 148 (64,91%) apresentaram microrganismos causadores de mastite bovina, 78 (34,21%) culturas negativas e 2 (0,88%) contaminadas (amostras onde foram isolados mais de três microrganismos). 0699 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 3 Das amostras com crescimento positivo, 62,3% (142/228) dos isolados apresentaram-se como agente causador da mastite bacteriana. 91,5% (130/142) destas bactérias eram Gram positivas, e destas 43,6 % (96/220) eram Staphylococcus spp., 15% (33/220) Streptococus spp. e 0,45% ( 1/220) Bacillus spp.. Em relação aos patógenos Gram negativos, foram encontrados 5,5% (12/220) dos isolados, nas seguintes proporções: Escherichia coli 1,4 % (3/220), Cocobacilos Gram negativo 0,9% (2/220), Enterobacter spp. 0,9% (2/220), Providencia spp. 0,9% (2/220), Burkholderia cepacia 0,5 % (1/220), Klebsiella spp 0,5% (1/220) e Stenotrophomons maltophilia 0,5% (1/220). A Tabela 1 apresenta frequências de agentes bacterianos identificados nesta pesquisa em 216 amostras. Tabela 1 – Distribuição das frequências de bactérias identificadas em 216 amostras de leite de vacas com mastite na região de Uberlândia MG, no período de 2011 a 2014. MICRORGANISMOS ISOLADOS Bactérias Gram positivas Staphylococcus spp Streptococcus spp Bacillus Bacillus spp Bactérias Gram negativas Escherichia coli Cocobacilos Gram negativo Enterobacter spp Providencia Burkholderia cepacia Klebsiella spp Stenotrophomons maltophilia Não houve crescimento microbiano TOTAL ¹ Frequência absoluta ; ² Frequência relativa FA¹ FR² 96 33 1 43,6 15 0,45 3 2 2 2 1 1 1 78 220 1,4 0,9 0,9 0,9 0,5 0,5 0,5 35,5 100 Segundo Santos & Fonseca (2007), a maior frequência de mastite em animais de produção é de microrganismos contagiosos, como 0700 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 4 Staphylococcus spp., Streptococcus spp. e Corynebacterium spp., dados compatíveis aos encontrados neste estudo. Os perfis de resistência nos testes de TSA foram: para Staphylococcus spp., 60,7% Ampicilina, 55,2% Penicilina e 44,6% Oxacilina, e para Streptococcus spp., 62,5% (13,75/22) Oxacilina, 53,1% (11,7/22) Tetraciclina e 46,8% (10,3/22) Enrofloxacina . Os fármacos citados pertencem ao grupo de antibióticos β-lactâmicos e, de acordo Barkema et al. (2006), estes são capazes de aumentar a virulência de cepas bacterianas resistentes e potencializar o risco de transmissão a humanos. Os microrganismos Gram negativos desta pesquisa apresentaram perfis diversificados de resistência , no entanto, ao agrupá-los, observou-se que 66,7% e 58,3% corresponderam aos perfis da Cefalotina e Ampicilina, respectivamente. Segundo Nam et al.( 2009) , Enterobacteriaceae são produtoras de β-lactamase, fator que justifica sua resistência a tal classe antimicrobiana. Como no país não existe controle de vendas e o uso de antimicrobianos veterinários é indiscriminado, supõe-se que isso possa contribuir para a escolha inadequada da droga, sua via de administração, dosagem e duração do tratamento, levando, assim, à resistência dos fármacos (Silva et al. 2012). CONCLUSÕES O agente infeccioso encontrado com maior frequência, tanto nos casos de mastite clínica quanto subclínica nos rebanhos leiteiros da região do município de Uberlândia, foi Staphylococcus spp., e todos os micororganismos isolados apresentaram padrão de resistência elevado aos β lactâmicos, o que indica a necessidade de intensificação dos procedimentos de boas práticas de higiene, neste local. 0701 42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de 2015 - Curitiba - PR 5 Além disso, destaca-se a importância do TSA ser realizado com mais regularidade , pois, através do perfil regional, torna-se possível uma escolha mais fundamentada do antibiótico, reduzindo o insucesso terapêutico e, consequentemente, a resistência antimicrobiana. REFERÊNCIAS Barkema H.W., Schukken Y.H. & Zadoks R.N. The role of cow, pathogen, and treatment regimen in the therapeutic success of bovine Staphylococcus aureus mastitis. Journal of Dairy Science,n.89,p.18771895, 2006. Bauer A.W., Kirby W.M.M., Sherris J.C. & Turck M. Antibiotic susceptibility testing by a standardized single disk method. American Journal of Clinical Pathology,n.45,p.493-496,1966. CLSI.Performance standards for antimicrobial disk and dilution susceptibility tests for bacteria isolated from animals; approved standard. 4th ed. CLSI Document M31-A3. Clinical and Laboratory Standards Institute, Wayne, PA. p.17, 2013. Nam H.M., Lim S.K., Kang H.M. et al.Prevalence and antimicrobial susceptibility of gram-negative bacteria isolated from bovine mastitis between 2003 and 2008 in Korea. Journal of Dairy Science,n.92, p.2020-2026,2009. Oplustil C. P. Procedimentos básicos em microbiologia clínica. 2ª ed. São Paulo: Sarvier, p.340, 2004. Santos M.V. & Fonseca L.F.L. Estratégias para controle de mastite e melhoria da qualidade do leite. Manole, São Paulo. 32, 2007. Silva E.R., Pereira A.M.G., Moraes W.S., et al. Perfil de sensibilidade antimicrobiana in vitro de Staphylococcus aureus isolado de mastite subclínica bovina. Revista Brasileira de Saúde e Produção Animal. n.13,p.701-711, 2012. 0702