VII–Silva Neto–Brasil-1 POROSIDADES DE TORTAS: RESULTADOS EXPERIMENTAIS VERSUS RESULTADOS ESTIMADOS PELAS CORRELAÇÕES ENCONTRADAS NA LITERATURA Olimpio Gomes da Silva Neto (1) Engenheiro Químico pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), Paraná, Brasil. Mestrado e Doutorado em Engenharia Química pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), São Paulo, Brasil. Professor da Faculdade Municipal Professor Franco Montoro (FMPFM) SP - Brasil. José Renato Coury Engenheiro de Materiais pela Universidade Federal de São Carlos, UFSCAR, Brasil. Mestrado em Engenharia Química pela Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Doutorado em Chemical Engineering pela Cambridge University, U. CAMBRIDGE, Inglaterra. Pós-Doutorado pela University of New South Wales, U.NEW SOUTH WALE, Austrália e pela University of Alberta, U.A., Canadá. Professor Titular do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) SP - Brasil. Endereço (1): Estrada Municipal Luciano Ferreira Gonçalves, 2350 - Mogi Guaçu-SP – Brasil - CEP:13843 971 - Caixa Postal: 293 - Tel.: (19) 3891 5303 - e-Mail: [email protected] RESUMO Neste trabalho, comparou-se dados experimentais de porosidade obtidos de torta de filtração em condições próximas à industrial, utilizando para isso um filtro de manga em escala piloto, com resultados estimados pelas correlações encontradas na literatura. As porosidades foram determinadas a partir da observação direta da estrutura da camada de pó depositada na superfície do meio filtrante. Cada amostra passou por um tratamento para a obtenção de imagens no Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) e depois analisadas em um programa de análise de imagens, Image Pró-Plus, o qual forneceu o valor da porosidade da torta. O equipamento em escala piloto era armado numa estrutura cilíndrica com 15,0 cm de diâmetro por 1,23 m de comprimento. Utilizaram-se filtros de feltro de poliéster como meio filtrante e como material particulado um concentrado fosfático. Foram plotados valores de porosidade, obtidos para as amostras na parte inferior do filtro (Amostra A), em função da velocidade da filtração e na parte superior do filtro (Amostra C) em função do diâmetro médio do pó. Considerou-se, também, a segregação das partículas na casa de filtros, para estimar a porosidade pelas correlações empíricas. Pôde-se observar uma grande discordância dos valores de porosidades experimentais com os estimados pelas correlações empíricas encontradas na literatura. PALAVRAS CHAVES: filtração de gases, filtros manga, porosidade de tortas, MEV, segregação de partículas. INTRODUÇÃO A porosidade de tortas de filtração é uma propriedade estrutural muito importante no projeto de Filtros de Manga, pois tanto a queda de pressão no filtro durante a operação de filtração quanto à força necessária para remover a torta de pó são dependentes desse parâmetro. Na maioria dos casos, devido à grande fragilidade da camada de pó formada é difícil determinar esta característica da torta experimentalmente, sendo então, determinada indiretamente, estimando-a a partir de correlações encontradas na literatura. Alternativamente, uma medida direta da porosidade pode ser feita através de uma imagem representativa, obtida da seção transversal da torta de filtração, utilizando uma técnica apresentada recentemente na literatura por Schmidt e Löffler (1990) e por Aguiar (1995). A técnica consiste na fixação da torta através do embebimento em resina sintética, possibilitando uma descrição quantitativa da porosidade da torta através da microscopia eletrônica de varredura (MEV), sendo chamado de método direto. O estudo teve por objetivo comparar dados experimentais de porosidade obtidos de torta de filtração em condições próximas à industrial, utilizando para isso um filtro de manga em escala piloto, com resultados estimados pelas correlações encontradas na literatura. As porosidades foram determinadas a partir da observação direta da estrutura da camada de pó depositada na superfície do meio filtrante. ESTIMATIVA DA POROSIDADE DE UMA CAMADA DE PÓ A PARTIR DE CORRELAÇÕES (MÉTODO INDIRETO) A queda de pressão num meio poroso composto de partículas de um dado diâmetro pode ser estimada através da clássica correlação de Ergun (1952), que considerou os termos viscosos e inerciais. Originalmente esta equação foi desenvolvida para leito fixo, para partículas esféricas na faixa de tamanho de 102 e 104 µm, para porosidade do leito entre 0,1 e 0,75 e para número de Reynolds da partícula maior que a unidade, dada por: ∆P 150.(1 - ε) 2 .µ.v 1,75.(1 − ε).ρ g .v = + L ε 3 .D 2p ε 3 .D p 2 Equação ( 1 ) onde ∆P é a queda de pressão na camada porosa, L é a sua espessura, ρg e µ são a densidade e a viscosidade do gás, respectivamente, v é a velocidade superficial do gás, ε é a porosidade da camada porosa e Dp é o diâmetro médio das partículas. Uma correlação bastante próxima a de Ergun (equação 1) foi proposta por Macdonald et al (1979). Os autores utilizaram uma variedade de dados da literatura, na equação de Ergun (1952), substituindo as constantes 150 e 1,75 por constantes algébricas, Y e W, com o intuito de avaliar o modelo. Eles concluíram que a dependência da porosidade na equação de Ergun não cobre uma ampla faixa de condições. Então, eles propuseram um modelo para partículas rugosas, baseado na equação de Ergun: 2 ∆P 180.(1 - ε) 2 .µ.v 4,0.(1 − ε).ρ g .v = + L ε 3 .D 2p ε 3 .D p Equação ( 2 ) Outras equações para previsão da queda de pressão também podem ser utilizadas para o cálculo da porosidade média. Estas equações levam em consideração somente o termo que representa os efeitos viscosos no escoamento de um fluido em um meio poroso. Entre elas está à correlação, derivada por Rudnick e Happel (Rudnick, 1978), que é considerada mais adequada para porosidades acima de 0,8: 8 ⎡ ⎤ ∆P 180.µ.v ⎢ 3.(1 - ε ) + 2(1 − ε) 3 ⎥ = 1 5 ⎥ L D 2p ⎢ 2 3 3 ⎣⎢ 3 − 4,5(1 − ε) + 4,5(1 − ε) − 3(1 − ε) ⎦⎥ Equação ( 3 ) A porosidade ε pode ser estimada utilizando-se qualquer umas das Equações ( 1 ), ( 2 ) ou ( 3 ) se para um dado conjunto de condições experimentais, forem medidas a queda de pressão e a espessura da torta de filtração formada como função do tempo. Aguiar (1995) utilizando dados de queda de pressão em função do tempo de filtração e aplicando as Equações (1) e (3), determinou a porosidade média em tortas de filtração. A porosidade obtida diminuiu com o aumento do diâmetro médio da partícula, para as duas equações. A porosidade média, também não variou quando foi desprezado o termo inercial da Equação (1), para uma velocidade de 7,4 cm/s. A Equação (3) apresentou o mesmo comportamento da Equação (1), com valores ligeiramente superiores. Lucas et al (2000), aplicando a Equação (1), determinaram a porosidade média em tortas de filtração. A porosidade obtida diminuiu com o aumento da velocidade de filtração. Silva et al (1999), utilizando rocha fosfática (Ds-v= 20,0 µm), estudaram a influência da velocidade de filtração na formação e remoção de tortas de filtração. Verificaram que a porosidade diminuiu (de ε = 0,36 a ε = 0,23). Notaram também um decréscimo no tamanho médio das partículas que formam a torta de filtração com o decréscimo da velocidade, devido, provavelmente, à deposição das partículas maiores ocorridas antes delas chegarem ao filtro. Silva et al (2000), estimaram a porosidade de tortas de filtração pela Equação (1) a velocidades de filtração de 7,5 a 15,5 cm/s. A altas velocidades de filtração (de 11,5 a 15,5 cm/s) a porosidade tendeu a um valor constante (aproximadamente 0,58), exceto para altas taxas de alimentação de pó (0,1482 g/s). Neste caso, a porosidade apresentou uma tendência ao crescimento, sugerindo o efeito da interação entre as variáveis velocidades de filtração e taxa de alimentação de pó. ESTIMATIVA DA POROSIDADE DE UMA CAMADA DE PÓ EXPERIMENTALMENTE (MÉTODO DIRETO) Aguiar (1995) desenvolveu uma técnica experimental que consiste na medida direta da porosidade pela imagem representativa da seção transversal da torta de filtração. Esta técnica consiste na fixação da torta, através do seu embebimento em resina sintética, possibilitando uma descrição qualitativa da porosidade da torta, através da microscopia eletrônica de varredura (MEV). Anteriormente ao embutimento da torta na resina, faz-se necessário um pré-embutimento desta, que seria a passagem do vapor de um adesivo instantâneo para uma pré-fixação, a fim de que adquira estabilidade suficiente para que não ocorra um rearranjamento das partículas durante o embebimento da resina sintética, modificando sua estrutura. Após o seu embutimento, a medida da porosidade pode ser feita através de uma imagem representativa da seção transversal da torta. As amostras esmeriladas e polidas são levadas ao microscópio eletrônico de varredura para obtenção das imagens. As imagens obtidas são então analisadas utilizando um programa de análise de imagens, que possibilita a edição de imagens e rotinas na determinação das áreas das partículas e espaços vazios (porosidade). Utilizando a técnica desenvolvida por Schmidt e Löffler (1990), Aguiar (1995) obteve dados experimentais de porosidade de torta para 4 diâmetros médios de calcário dolomítico: 2,5; 3,3; 6,9 e 10,7 µm. Notou-se que com o aumento do diâmetro a porosidade diminuiu, o que também foi observado quando a porosidade foi estimada utilizando o método indireto. Comparando-se as porosidades médias determinadas pelo método direto com as estimadas pelas correlações encontradas na literatura, os valores estimados pela Equação de Ergun, foram cerca de 10 % inferiores aos obtidos pelo método direto. Já os valores estimados pela equação de Rudnick-Happel foram aproximadamente 5,0% inferiores. A velocidade de filtração utilizada foi 7,4 cm/s. Negrini et al (1998), utilizando a mesma técnica que Aguiar (1995) para medir a porosidade, observou que as porosidades obtidas experimentalmente foram aproximadamente 10% maiores que os estimados pela Equação de Ergun. Verificou-se também a semelhança das porosidades obtidas entre diferentes pós (rocha fosfática e calcário), com densidades e distribuições granulométricas semelhantes, indicando ser a porosidade uma função apenas das propriedades físicas do pó. MATERIAIS E MÉTODOS Os experimentos foram realizados no laboratório de Controle Ambiental do Departamento de Engenharia Química na Universidade Federal de São Carlos. MATERIAIS Utilizou-se como material pulverulento para dispersão no ar o concentrado fosfático de Pato de Minas (MG), fornecido pela FOSFÉRTIL S.A. Primeiramente, os experimentos foram realizados com o concentrado tal qual recebido do fornecedor, cuja distribuição granulométrica obtida no equipamento de caracterização de partículas, Malvern MastersizerTM, forneceu um diâmetro volumétrico médio igual a 31,0 µm. Em seguida, os experimentos foram realizados com diâmetros volumétricos médios de 5,0 e 18,0 µm, obtidos pela moagem do concentrado original em moinhos de bolas. Como meio filtrante foi utilizado feltro de poliéster FAT/500R33, gramatura 500 g/m2, fornecido pela Indústria PRADA S.A.. METODOLOGIA Na Filtração: O sistema de filtração utilizado era constituído de uma casa de filtros, contendo uma unidade filtrante com uma área livre de filtração de 5820 cm2. Além da casa filtrante foram utilizados periféricos para a realização das medidas e ajustes. A umidade relativa do ar foi mantida constante (20%) utilizado o desumidificador de ar HC-300 fabricado pela Munters do Brasil. Maiores detalhes do equipamento utilizado podem ser vistos em Neto (2002). Determinação Experimental da Porosidade: As amostras eram retiradas no final do experimento em três posições: uma na parte superior do filtro (Amostra C= 90,0 cm do fundo do filtro), uma no meio (Amostra B= 60,0 cm do fundo do filtro) e outra na parte inferior (Amostra A= 30,0 cm do fundo do filtro), como mostra a Figura 1. 15,0cm Amostra 123,0cm 25,6cm C Amostra B Amostra A Molas Figura 1 – Esquema da unidade filtrante e dos pontos de coleta das amostras da torta no filtro. As amostras da torta de pó eram recobertas com uma camada extremamente fina do adesivo LOCTITE416, que era arrastado por uma corrente gasosa passando através da torta, percolando a camada de partículas. Esse procedimento conferia uma boa estabilidade estrutural à camada de pó, mas não o suficiente para o tratamento necessário para a obtenção das imagens no microscópio eletrônico de varredura (MEV). Após o pré-endurecimento da torta de pó, a amostra era colocada sobre uma espuma de poliuretano de 2,0 cm de espessura, num recipiente de Pirex, adicionando-se lentamente a resina embutidora, sendo levada à cura numa estufa a 60 0C por aproximadamente 6 dias. A resina utilizada nesta etapa foi a PMS-10, de baixa viscosidade, fornecida também pela LOCTITE do Brasil. Depois do endurecimento, a torta era cortada em pedaços de aproximadamente 1,0 cm2 de área em uma serra de fita. Os pedaços eram então embutidos, com a seção transversal faceando a superfície, em moldes cilíndricos de P.V.C., utilizando uma resina termorrígida, FIBERGLASS-10249. Esse embutimento visava proporcionar resistência mecânica à amostra, de modo a facilitar seu polimento e atenuar sua desestruturação durante esta etapa. A seguir realizava-se o esmerilamento em lixas de carbeto de silício e a seguir o polimento utilizando-se uma politriz. O microscópio eletrônico de varredura CARL-ZEISS, modelo DSM-940-A, foi utilizado para obtenção das microfotografias das amostras analisadas. Sempre que possível, para cada amostra foram obtidas microfotografias em função da distância da interface torta-tecido até a interface torta-ar, como mostra a Figura 2. As imagens obtidas pelo MEV foram analisadas em um microcomputador, através de um programa de análise de imagens Image Pró-Plus. Interface torta -ar ( t - a ) Interface torta -centro -ar ( t - c - a ) Espessurada torta TORTA Centro Interface torta -centro -tecido ( t - c - t ) MEIO FILTRANTE Interface torta -tecido ( t - t ) Figura 2 – Posição das microfotografias na torta, realizadas para determinar a porosidade. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para estimar a porosidade foram utilizadas as três correlações empíricas, como citadas anteriormente (Introdução): a clássica equação de Ergun (Equação 1), a de Macdonald (Equação 2), derivada da equação de Ergun,para partículas rugosas e a de Rudnick e Happel (Equação 3), que considerou somente o termo de efeito viscoso, desprezando o termo de efeito inercial. Os valores estimados foram comparados com os resultados experimentais. Foram plotados valores de porosidade, obtidos para as Amostras A do filtro de manga (ver Figura 1, Materiais e Métodos), em função da velocidade de filtração e para a Amostra C em função do diâmetro médio do pó, considerando os fatores como sendo fixos, isto é, diâmetros do pó alimentado. A Figura 3 mostra a porosidade em função da velocidade de filtração, para diâmetro médio do pó de 5,0 µm, para a Amostra A. A Figura 4 mostra a porosidade em função do diâmetro do pó alimentado, para a velocidade de filtração de 5,0 cm/s, para a Amostra C. Pôde-se observar que os valores estimados pelas correlações encontrados na literatura foram bastante discordantes dos resultados experimentais, acentuando-se esta diferença para as partículas de diâmetro médio maior (Figura 4). Os valores estimados pelas correlações empíricas na Figura 3, superestimam a porosidade em aproximadamente 13,5; 2,8 e 22,6% para as velocidades de filtração de 5,0; 10,0 e 15,0 cm/s, respectivamente. Também se pôde verificar que a porosidade experimental aumentou com o aumento da velocidade de filtração, enquanto que as porosidades obtidas pelas correlações empíricas diminuíram para o aumento da velocidade de 5,0 para 10,0 cm/s, depois aumentando com o aumento da velocidade de 10,0 para 15,0 cm/s. 0,8 Experimental E xperim ental Ergun (Equação 1) E rgun (E q. 2.19) Macdonald et al 2) M acdonald et (Equação al (Eq. 2.20) Rudnick-Happel (Equação 3) Rudnick-H appel (E q. 2.34) 0,7 porosidade 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 4 6 8 10 12 14 16 velocidade de filtração (cm /s) Figura 3 – Comparação entre a porosidade média estimada pelas Equações 1, 2 e 3 com as porosidades obtidas experimentalmente, Amostra A, taxa de alimentação de pó de 0,05 g/s, diâmetro médio de 5,0 µm. Numa segunda tentativa, substituiu-se o diâmetro de partícula da alimentação (variáveis fixas) pelo da torta (levou-se em consideração a segregação de partículas na casa de filtros), para estimar a porosidade pelas correlações empíricas. A Figura 5 mostra a porosidade em função da velocidade de filtração, para o diâmetro médio do pó na alimentação de 5,0 µm, para a Amostra A, e a Figura 6 mostra a porosidade em função do diâmetro do pó, para a velocidade de filtração de 5,0 cm/s, para a Amostra C. Pôde-se observar pelas Figuras 5 e 6 a discordância dos resultados experimentais com os estimados pelas correlações empíricas, mesmo substituindo o diâmetro do pó da alimentação pelos diâmetros do pó que formaram as tortas, no cálculo das porosidades estimadas pelas correlações empíricas. Silva et al (2000), observou que para a taxa de alimentação de pó de 0,1482 g/s e altas velocidades de filtração, de 11,5 e 15,5 cm/s, as porosidades obtidas através da equação de Ergun (Equação 1), aumentaram conforme o aumento da velocidade de filtração. Os autores atribuíram este fato ao efeito da interação entre as variáveis velocidades de filtração e taxa de alimentação de pó. Silva et al (1999) e Lucas et al (2000), utilizando também a equação de Ergun (Equação 1), verificaram que o aumento na velocidade de filtração diminuía a porosidade da torta. Os trabalhos citados como referências foram realizados num equipamento de filtro de tela plana. E x p erim en ta l Experimental E rg u n(Equação (E q . 2 .11) 9) Ergun M a c d o n a ld a l (E q . 2 .22)0 ) Macdonald et et al (Equação R u d n ic k -H a p p(Equação el (E q . 2 .3 Rudnick-Happel 3)4 ) 0 ,8 0 ,7 porosidade 0 ,6 0 ,5 0 ,4 0 ,3 0 ,2 5 10 15 20 25 30 35 d iâ m e tro d o p ó ( µ m ) Figura 4 – Comparação entre a porosidade média estimada pelas Equações 1, 2 e 3 com as porosidades obtidas experimentalmente, Amostra C, taxa de alimentação de pó de 0,05 g/s, velocidade de filtração de 5,0 cm/s. A discordância entre os resultados experimentais e os estimados pelas correlações empíricas deve-se provavelmente, às condições experimentais pelas quais as correlações empíricas foram deduzidas serem bastante diversas das condições experimentais utilizadas neste trabalho. As correlações empíricas foram desenvolvidas, de um modo geral para: - partículas bem próximas a esfericidade; - faixa de tamanho das partículas entre 102 < Dp < 104 µm; - leitos fixos; - porosidade do leito entre 0,1 e 0,75; - distribuição granulométrica uniforme; - assumem incompressibilidade do meio poroso; - número de Reynolds da partícula maior que a unidade. 0 ,8 0 ,7 porosidade 0 ,6 0 ,5 0 ,4 E x p erim en ta l Experimental E rg u n (E q . 2 .1 9 ) Ergun (Equação 1) M a c d o n a ld et a l (E q . 2 .2 0 ) Macdonald et al (Equação 2) R u d n ic k -H a p p el (E q . 2 .3 4 ) Rudnick-Happel (Equação 3) 0 ,3 0 ,2 4 6 8 10 12 14 16 v e lo c id a d e d e filtra ç ã o (c m /s ) Figura 5 – Comparação da porosidade média estimada pelas Equações 1, 2 e 3 com as porosidades obtidas experimentalmente, Amostra A, para uma taxa de alimentação de pó de 0,05 g/s, diâmetro médio de 5,0 µm, considerando a segregação das partículas na casa de filtros. 0 ,8 0 ,7 porosidade 0 ,6 0 ,5 E x p e r im e n ta l Experimental E r g u (Equação n ( E q . 2 .1 Ergun 1) 9 ) M a c d o n aet ldale(Equação t a l (E q . 2)2 .2 0 ) Macdonald R u d n ic k - H a p(Equação p e l (E q .3)2 .3 4 ) Rudnick-Happel 0 ,4 0 ,3 0 ,2 1 ,5 1 ,8 2 ,1 2 ,4 2 ,7 3 ,0 d iâ m e tro d o p ó ( µ m ) Figura 6 – Comparação da porosidade média estimada pelas Equações 1, 2 e 3 com as porosidades obtidas experimentalmente, Amostra C, taxa de alimentação de pó de 0,05 g/s, velocidade de filtração de 5,0 cm/s, considerando a segregação de partículas na casa de filtros. No caso deste trabalho, temos: - partículas não esféricas; - faixa de tamanho das partículas (diâmetro médio) entre 5,0 < Dp < 31,0 µm; - leito fixo, no caso a torta, formada no próprio processo de filtração; - porosidade do leito formado entre 0,4 e 0,7; - distribuição granulométrica larga, variando de amostra para amostra e, no caso do filtro de manga, de teste para teste; a torta é compressível segundo os trabalhos de Aguiar (1995), Cheng e Tsai (1998) e Silva (2000); o número de Reynolds da partícula está entre 0,005 < Re < 0,03; existe a influência da camada de fibras anteriormente presente e que faz a ancoragem da torta. CONCLUSÃO - as microfotografias obtidas das tortas de filtração de gases ao longo do filtro de manga viabilizaram o cálculo da porosidade; - pôde-se observar uma grande discordância dos valores de porosidades experimentais obtidas no filtro de manga com os estimados pelas correlações empíricas encontradas na literatura. Isto é devido às condições experimentais pelas quais as correlações empíricas foram deduzidas serem bastante diversas, mostrando a necessidade de uma correlação empírica deduzida originalmente a partir de condições experimentais reais de formação de tortas em filtro de manga; REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. AGUIAR, M. L. Filtração de gases em filtros de tecido: deposição e remoção da camada de pó formada. São Carlos, UFSCar, 1995. 123p. (Tese). 2. ERGUN, S. Fluid flow through packed columns. Chemical Engineering Progress, v. 48, n. 2, p. 89–94, feb. 1952. 3. LUCAS, R. D., COURY, J. R., AGUIAR, M. L. Influência das variáveis operacionais e do tipo de material pulverulento na remoção de tortas de filtração de gases em filtros de tecido. 130 Congresso Brasileiro de Engenharia Química (COBEQ), Águas de São Pedro – S. P., set. 2000. 4. MACDONALD, J. F., EL-SAYED, M. S., MOW, K., DULLIEN, F. A. L. Flow through porous media- the Ergun Equation revisited. 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