VIII ENCONTRO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA ECOLÓGICA 5 a 7 de agosto de 2009 Cuiabá - Mato Grosso - Brasil DIAGNÓSTICO AMBIENTAL COMO SUBSÍDIO PARA O ORDENAMENTO TERRITORIAL E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA ECORREGIÃO AQUÁTICA XINGU-TAPAJÓS Silvia Machado de Castro (CENTRO DE TECNOLOGIA MINERAL) - [email protected] Bacharel em Geografia pelo Instituto de Geociências da UFRJ Ricardo Sierpe Vida Silva (CENTRO DE TECNOLOGIA MINERAL) - [email protected] Bacharel e Professor em Geografia pelo Inst. de Geociências da UFRJ, com Lato Sensus em Gestão Territorial VIII Encontro da Sociedade Brasileiro de Economia Ecológica – ECOECO Aplicando a Economia Ecológica para o Desenvolvimento Sustentável Cuiabá, Mato Grosso - 5, 6 e 7 de Agosto de 2009 DIAGNÓSTICO AMBIENTAL COMO SUBSÍDIO PARA O ORDENAMENTO TERRITORIAL E O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DA ECORREGIÃO AQUÁTICA XINGU-TAPAJÓS D – POLÍTICAS PÚBLICAS E INSTRUMENTOS DE GESTÃO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Este trabalho é baseado no projeto Delineamento da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós desenvolvido pelo Centro de Tecnologia Mineral (CETEM) para o CT-Hidro/MCT/CNPq. Esta ecorregião aquática, que inclui as bacias de drenagem do alto a médio Tapajós e Xingu, localizase integralmente na Amazônia Legal. Por sua impressionante biodiversidade, foi uma das primeiras ecorregiões selecionadas para reunião de dados geohidrológicos, geográficos e biológicos em Sistema de Informações Geográficas (SIG), que servirão como instrumento de apoio aos processos de planejamento e ordenamento territorial. Diagnosticar é investigar e reunir informações sobre um determinado objeto de interesse, logo um diagnóstico criterioso sobre o cenário socioeconômico e ambiental da ecorregião se faz necessário. O território é um espaço onde se gera trabalho, onde se produz energia e informação, onde se revela relações marcadas pelo poder. Fazer o diagnóstico de um recorte geográfico, portanto, é conhecer suas configurações físicas e sociais. Desta forma, todo processo de gestão territorial, buscando conciliar o desenvolvimento econômico com o ambiental, envolve planejamento do uso e da gestão dos recursos naturais. As informações reunidas no SIG do projeto AquaRios e o conhecimento produzido a partir delas deverão permitir a formulação de políticas de planejamento integrado voltadas para o desenvolvimento sustentável da ecorregião aquática Xingu-Tapajós e, em conectividade com políticas, planos e programas governamentais tais como a Agenda 21 e o Zoneamento EcológicoEconômico, especialmente dos estados do Pará e Mato Grosso, contribuir para um melhor uso dos recursos naturais e um ordenamento territorial para o desenvolvimento sustentável regional. PALAVRAS-CHAVE: Meio Ambiente; Ordenamento Territorial; Desenvolvimento Sustentável; Amazônia. ABSTRACT ENVIRONMENTAL DIAGNOSIS AS ALLOWANCE FOR THE TERRITORIAL ARRANGEMENT AND THE SUSTAINABLE DEVELOPMENT OF XINGU-TAPAJOS AQUACTIC ECOREGION G – PUBLIC POLITICS AND INSTRUMENTS OF MANAGEMENT FOR SUSTAINABLE DEVELOPMENT This work is based on the project called “Xingu-Tapajós Aquatic Ecoregion Outlining” developed by the Mineral Technology Center (CETEM) for the CT-Hidro/MCT/CNPq. This aquatic ecoregion includes the high and medium catchments of Xingu and Tapajós rivers, whole located in Legal Amazon. Because this impressing biodiversity it was an ecoregion selected to assemble geohydrological, geographical and biological information on a Geographic Information System (GIS), which will be sustenance instruments for the planning and arrangement processes of physical and social space. To diagnose is to investigate and to assemble information about a determined object of interest, at once a discerning diagnosis about environmental, social and economic scenery of this ecoregion is very necessary. In this territory are created many works and information; where relationships marked by the power are revealed. To make diagnosis of a geographical cutting, however, need to join physical and social configurations, because all actions of territorial management require economic and environmental development involved with plans which do a good application and administration of natural resources. This information assembled on the GIS of the AquaRios project and the knowledge produced from those information should permit to formulate politics of integrated planning back to sustainable development of the Xingu-Tapajós aquatic ecoregion and, connecting to politics, plans and governmental programs as the 21 Agenda and the Economic and Ecological Zoning (ZEE), specially from the states of Pará and Mato Grosso, they must contribute to a better application of natural resources and to a territorial arrangement for the regional sustainable development. KEY-WORDS: Environmental; Territorial Arrangement; Sustainable Development; Amazonia. 2 1- Introdução Para se realizar um diagnóstico ambiental e sugerir proposta de ordenamento e gestão de um dado território, deve-se considerar o conteúdo do espaço, ou seja, os objetos distribuídos ou organizados sobre a superfície terrestre (SANTOS, 2002). Ao se falar de ordenamento territorial, não se pode deixar de abordar a reflexão que alguns autores fazem do conceito de território. Para RAFFESTIN (1993, p. 144) todo território é um espaço onde são gerados trabalhos, energia, informação e onde se revelam relações de poder. Em síntese, todo espaço definido e delimitado por e a partir de relações de poder, onde se estabelecem conflitos pelas diferenças culturais, gerando violência e dominação, é um território (SOUZA, 2001, p. 11). O Brasil, com um território de 8.547.403 km2, é um país de grande diversidade e, por sua heterogeneidade regional e cultural, requer, para uma ordenação territorial socialmente justa, avaliar a organização de cada espaço com visão e escala diferentes. Por exemplo, os Zoneamentos Ecológico-Econômicos (ZEEs) nas escalas de 1:250.000 e maiores, são indicativos de gestão e ordenamento territorial estadual ou regional, servindo para definição dos percentuais para fins de recomposição ou aumento de reserva legal (PR/Decreto no. 4.297, 2002). As ecorregiões, como unidades geográficas, não refletem, no entanto, qualquer tipo de característica ecológica ou divisão política das áreas. Na verdade, ecorregiões são delimitadas por similaridades de fauna e flora e suas fronteiras procuram refletir a distribuição real das comunidades no espaço geográfico (OLSON et al., 2001 apud LOYOLA & LEWINSOHN, s/data). Atualmente, elas têm sido utilizadas na identificação e delineamento de áreas prioritárias em projetos de conservação dos recursos naturais. A Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós, que ocupa uma área de 980.457,81 km2, composta por cento e onze municípios distribuídos por quatro estados da Amazônia Legal: Pará, Mato Grosso, Rondônia e Amazonas, o ordenamento territorial, em projetos de ZEEs, foi elaborado com “o objetivo de organizar o território como expressão espacial das políticas econômicas, social, cultural e ecológica, sendo ele mesmo um instrumento para racionalizar a ocupação e redirecionar as atividades, servindo de subsídio às estratégias e ações de planos regionais em busca do desenvolvimento sustentável (BECKER & EGLER, 1996, p. 148)”. Nessa região de grande biodiversidade, o projeto Delineamento da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós (CTHidro/MCT/CNPq, 2005), realizou, entre os meses de Setembro e Outubro de 2008, a Expedição AquaRios, em que participaram vinte e dois pesquisadores e três técnicos de várias instituições científicas parceiras, atravessando os estados do Pará e do Mato Grosso, conforme representado no Mapa # 1. Os pesquisadores coletaram, identificaram e agruparam componentes bióticos (peixe, insetos aquáticos e moluscos) e abióticos (água, solo e sedimentos). Uma equipe sediada no CETEM reuniu dados sócio-econômicos, que auxiliarão na delimitação de sub-sistemas ou sub-unidades ambientais, cujos componentes, convergentes em semelhança, poderão apoiar o “zoneamento” de seus territórios considerando os problemas geoambientais existentes, seus riscos e, também, ações para a proteção ambiental. Qualquer ação no sentido de realizar a gestão ambiental deve ser subsidiada por políticas públicas, que têm o papel de fortalecer e integrar os procedimentos e metodologias de 3 funcionamento das proposições. No que diz respeito ao zoneamento ambiental, deve-se considerar a aplicação de outras variáveis físicas, tais como geologia, pedologia, vegetação, clima, uso e ocupação do solo, que devem ser conhecidas e disponibilizadas em sistemas georreferenciados, a fim de possibilitar a avaliação e análise do meio ambiente, garantindo um prognóstico mais seguro da paisagem que as gerações futuras encontrarão. Os dados georreferenciados disponibilizados no SIG do projeto AquaRios, certamente serão mais uma base de informações primárias da ecorregião aquática Xingu-Tapajós, assegurando novos conhecimentos para o ordenamento territorial ou o Zoneamento Ecológico-Econômico dos estados ali presentes. Quadro # 1 – Trajeto da Expedição AquaRios 4 A degradação do meio ambiente tem colocado em evidência o conceito de desenvolvimento sustentável em todas as temáticas, o qual, em síntese, refere-se ao uso dos recursos naturais pela atual geração com a preocupação de preservá-los para as gerações futuras. No entanto, como avaliar o grau de sustentabilidade do desenvolvimento econômico, sem que se conheça, para que seja mensurado, o atual estado dos ecossistemas? Se a base do desenvolvimento humano é ecológica, deve-se procurar calcular qual a capacidade de uma determinada área geográfica, para definir como uma população deverá ocupá-la, de forma a impactar o menos possível o meio ambiente ao mesmo tempo em que proporcione ao sistema econômico que lhes garanta energia, alimento, desenvolvimento e demais valores sócio-cultuais. 2- Metodologia Antes de explicar como os resultados do projeto Delineamento da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós poderem contribuir para um melhor planejamento do uso e ocupação do solo daquela região, necessária uma revisão do papel das políticas públicas e de toda sociedade, na discussão do conceito de desenvolvimento sustentável, especificamente para os problemas brasileiros. 2.1 O que diz a Agenda 21 brasileira sobre a Gestão dos Recursos Naturais? De acordo com a Agenda 21 brasileira: “A gestão integrada dos recursos naturais consiste no estabelecimento de um conjunto de ações de natureza administrativa, em um determinado espaço ou unidade de planejamento, que considere as inter-relações entre os recursos naturais e as atividades socioeconômicas. Gestão é, em outras palavras, o modus operandi cuja premissa básica é manter os recursos naturais disponíveis para o desenvolvimento, hoje, amanhã e sempre (p. 32-33).” Com a finalidade de desenvolver os trabalhos propostos, cinco estratégias foram fixadas. A primeira estratégia estabelece que o uso e ocupação do solo devam ocorrer através de métodos e técnicas de planejamento ambiental, incluindo as diversas formas de “zoneamento” (grifo nosso), a articulação e o gerenciamento de unidades especiais para a preservação e conservação da biodiversidade e dos recursos naturais, tais como: corredores ecológicos, unidades de conservação, ecossistemas terrestres, costeiros e marinhos, além das bacias hidrográficas. Como destaque, apresenta-se a proposta de ação no sentido de elaborar zoneamentos ambientais, que sejam instrumentos técnicos e políticos para o planejamento do desenvolvimento sustentável nas regiões de especial interesse ambiental para o Brasil e, nelas, se insere a ecorregião Xingu e Tapajós, berço de tradições culturais, de espécies da fauna e da flora ainda a serem descobertas. Agenda 21 brasileira destaca a necessidade de conscientização de toda população no sentido de preservar e conservar os biomas, promovendo a capacitação das pessoas, a atualização dos instrumentos de gestão vigentes, incentivando organismos setoriais, estaduais e locais e apoiando a pesquisa científica e tecnológica. Em outras palavras, levando toda sociedade a 5 compreender as inter-relações dos processos históricos, econômicos, políticos e culturais e os caminhos que o desenvolvimento sustentável deve percorrer, incorporando ciência e tecnologia ao saber ecológico e antropológico, para uma progressiva e interdependente aplicação desses conhecimentos. 2.2 O Zoneamento Ecológico-Econômico como instrumento técnico e político para a ordenação territorial e o desenvolvimento sustentável regional. O Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE), de acordo com a Política Nacional do Meio Ambiente, é um dos mais importantes instrumentos de gestão ambiental do governo brasileiro voltado para o planejamento do desenvolvimento territorial em bases sustentáveis. De fato, a sustentabilidade é a premissa básica para identificar potencialidades e limitações ecológicas, econômicas e sociais, de forma que esse pressuposto serve para todas as etapas do zoneamento. O conceito de desenvolvimento sustentável está inserido no de ZEE, pois os recursos naturais de um território devem ser assegurados para o usufruto da presente e das futuras gerações nos mesmos níveis de quantidade e qualidade (PIRES in MMA, 2006). Os princípios, critérios e metodologia do ZEE estão estabelecidos no Decreto No. 4.297, de 10 de Julho de 2002, que deixa claro que todas as informações geradas em todas as escalas, sobre um determinado território, seja ele estadual ou federal, deverão ser incorporados e apresentados por meio do Sistema de Informações Geográficas (SIG), sendo essa base de dados compartilhada entre os diversos órgãos da administração pública, com o compromisso de envio periódico dos resultados e produtos gerados à Comissão Coordenadora do ZEE (Cap. II). Necessário destacar que o ZEE tem como meta dividir um território em zonas, de acordo com as necessidades de proteção, conservação e recuperação dos recursos naturais e do desenvolvimento sustentável (Art. 12), sendo que a definição de cada zona deverá obedecer, ao menos, à realização de um diagnóstico dos recursos naturais, da sócio-economia e do marco jurídico-institucional; das informações armazenadas no SIG; dos cenários tendenciais e alternativos; e de diretrizes gerais e específicas descritas no art. 14 do mesmo documento. Vale salientar, também, que já existem o ZEE da BR-163, o ZSEE do Mato Grosso e está sendo elaborado o ZEE do Pará. Os documentos estão disponíveis em um banco da dados nas páginas das duas unidades da federação na Internet. 2.3 – Metodologia aplicada ao projeto AquaRios, que é a base referencial deste trabalho, com vistas a corroborar a importância do diagnóstico ambiental para o ordenamento territorial: O projeto Delineamento da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós foi desenvolvido em quatro etapas ou objetivos específicos, sendo eles: I - Estabelecer a formação de um banco de dados com informações secundárias produzidas e disponibilizadas por instituições oficiais, relacionadas ao meio físico, biótico e abiótico, da ecorregião Xingu-Tapajós, incluindo a geologia, solos, geomorfologia, vegetação, 6 hidrologia, qualidade de águas fluviais e clima, bem como a biogeografia de organismos aquáticos, em especial peixes, moluscos e insetos. A realização desta primeira etapa exigiu um trabalho de pesquisa nas bases de dados de instituições de pesquisa científica parceiras como o Ministério do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e da Amazônia Legal (MMA), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, o Centro de Excelência em Engenharia de Transportes – CENTRAN e o Serviço Geológico do Brasil – CPRM. Para a construção do SIG, o projeto adquiriu o software ArcView 9.2 da ESRI através do qual se realizou a homogeneização dos arquivos digitais secundários configurados em formatos e escalas variados, gerados em diferentes softwares de geoprocessamento, adaptando-os para a escala de 1:250.000 e revisando os metadados, que são informações que resumem, enriquecem ou complementam os objetos ou dados referenciados; II – Elaborar estudos para fornecer informações primárias sobre a biogeografia de organismos aquáticos, moluscos e insetos da ecorregião, em áreas carentes de informação e identificadas através da realização do primeiro objetivo. Para tanto, foram organizadas duas expedições sendo, a primeira, em Novembro de 2007, com o propósito exploratório, para identificar as possíveis locações em que se poderia realizar coleta de amostras; o segundo trabalho de campo, batizado de Expedição AquaRios, tinha como propósito atender à proposição deste segundo objetivo, que era a coleta de amostras de ictiofauna (peixes), malacofauna (moluscos) e entonofauna (insetos aquáticos), além de material abiótico como água, solo e sedimento, para análise em laboratório com o objetivo de identificar possíveis elementos químicos, como mercúrio (Hg), já que a região é conhecida pela presença de ouro e, no caso dos abióticos, para identificação/taxonomia de novas e conhecidas espécies, gerando dados primários para alimentar o banco de dados; III – Elaborar o delineamento de subunidades na ecorregião Xingu-Tapajós, em sistemas ecológicos aquáticos, na escala 1:250.000. O delineamento de subunidades ou sub-ecorregiões foi realizado a partir dos dados georreferenciados ou pontos coletados dos meios biótico (peixe, molusco e insetos) e abiótico (água, solo e sedimento), registrados em planilhas Excel pelos respectivos grupos de trabalho. O registro das coordenadas de um determinado lugar é fundamental para a representação cartográfica dos pontos de coleta das amostras, possibilitando tomar decisões para o gerenciamento das atividades antrópicas que afetam a paisagem local. A paisagem, numa conceituação minimalista, é mais do que o conjunto de elementos que a compõem; ela deve ser vista não apenas como um objeto de estudo, refletido e interpretado intelectualmente, mas como uma forma de vivência na sua plena positividade, ou seja, inserindo o homem e toda atividade social no contexto mundial; ela é uma porção do espaço caracterizada por combinações dinâmicas de elementos geográficos diferenciados (físicos, biológicos e antropogênicos), interagindo dialeticamente. De fato, a paisagem é um elemento fundamental para tomadas de decisão quanto ao planejamento e manejo do meio ambiente. O delineamento de sub-ecorregiões representadas por sub-bacias ou subunidades, que abrangem todos os organismos que funcionam em conjunto numa data área, interagindo com o ambiente físico de tal forma que um fluxo de energia produza estruturas bióticas claramente definidas e uma ciclagem de materiais entre as partes vivas e não vivas, auxiliará na previsão de riscos ambientais como erosão de encostas, extinção de espécies, vulnerabilidade de sub-ecossistema às atividades antrópicas. Quaisquer novas avaliações devem incrementar o banco de dados do projeto, subsidiando o planejamento urbano que os quatro 7 estados estejam realizando ou realizarão, resultando num bom zoneamento (sócio, agroecológico ou ecológico-econômico) de seu território. IV – Elaborar o diagnóstico ambiental para cada sistema ecológico aquático, na escala de 1:250.000 da ecorregião Xingu-Tapajós, com base nos resultados obtidos das análises das amostras coletadas, possibilitará construir um cenário das condições ambientais atuais da ecorregião, com a convergência de temáticas de base sócio-cultural, econômica, física ou biológica, que serão como alertas para ações governamentais que impeçam ou reduzam ameaças ou riscos ecológicos, ao contrário, potencializando estratégias voltadas para a gestão ambiental e, no caso do projeto AquaRios, dos recursos hídricos. 3- Resultados Alguns resultados do projeto Delineamento da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós serão explicados e representados cartograficamente, justificando como um território tão extenso, que abrange as bacias de dois importantes afluentes da margem oriental do rio Amazonas, necessita da produção de conhecimento científico, tão enfatizado na Agenda 21 brasileira e, com esse conhecimento, capacitar a população local para lidar com o meio ambiente, auxiliando as entidades públicas e a legislação na preservação e conservação dos recursos regionais. Se há realmente uma pretensão de que o zoneamento seja uma etapa eficiente do ordenamento territorial, ele deverá ser capaz de intervir positivamente nos cenários urbanos como um instrumento político-jurídico e não uma mera ferramenta técnica de utilização da administração pública seja ela federal, estadual ou municipal. Portanto, não importa se o território é fruto de uma divisão política, se possui limites comunitários ou se contém um ecossistema. “O ZEE deve servir para aumentar a eficácia das decisões políticas e da intervenção pública na gestão do território, bem como criar canais de negociação entre as várias esferas de governo e a sociedade civil (BECKER & EGLER, 1996, p. 149)”. 3.1 Municípios da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós. O Quadro # 1 destaca dados sócio-econômicos de treze municípios dentro da ecorregião, todos nos estados do Pará e Mato Grosso. São poucas as cidades fundadas há mais de um século. Porto de Moz (PA) e Santarém (PA) foram cidades fundadas igualmente no ano de 1758; no estado matogrossense, a mais antiga cidade é Vera, fundada em 1746. Foram fundadas, no século XIX, as cidades de Diamantino (MT) em 1818, Prainha (PA) em 1880, Juruti (PA) em 1883 e Gurupá (PA) em 1885. Com mais de cem anos de fundação, Itaituba (PA) foi fundada em 1990. A maioria dos municípios matogrossenses é bastante jovem como, por exemplo, Cotriguaçu, fundado em 1999. Sessenta e cinco municípios foram criados a partir da década de 1970. Aripuanã, fundada em 1943, Nortelândia em 1953 e Porto dos Gaúchos e Nobres, ambas fundadas em 1963, são cidades pioneiras do Mato Grosso dos séculos XVIII e XIX. Em extensão, o município de Altamira (PA) é o maior do estado e do país, com 159.696,94 km2, que corresponde a 13,43% da área total dos municípios na ecorregião, seguido de São Félix do Xingu, também no Pará, com 84.212,43 km2, ou seja, 7,08% da área total. Numa análise sócioeconômica dos cento e onze municípios que participam da Ecorregião Xingu-Tapajós, pode-se tecer as seguintes considerações: Santarém (PA) é o município com a maior população: são 262.672 habitantes, número que corresponde a 10,30% do total geral, seguido de Marabá (PA), 8 com 167.873, correspondendo a 6,58% do total e Sinop (MT) com 74.761, que equivalem a 2,93% da população total dos municípios da ecorregião. Os três municípios com a menor população encontram-se no Mato Grosso: Nova Marilândia com 2.354 habitantes, ou seja, 0,09% do total, Planalto da Serra com 2.889 e Campos de Júlio com 2.906, que correspondem, cada um, a cerca de 0,11% do total geral de habitantes da ecorregião. O município paraense com a menor população é Bannach, onde o censo de 2000 registrou 3.776 habitantes, correspondentes a 0,15% do total. Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento - PNUD (2000), o IDH dos Estados do Pará e Mato Grosso são, respectivamente, 0.723 e 0.773. Os três municípios da Ecorregião Xingu-Tapajós com maiores IDH estão no Mato Grosso: Sorriso (MT) com 0.824, Lucas do Rio Verde (MT) com 0.818, Campos de Júlio (MT) com 0.810. Nesse estado são, ao todo, oito municípios com IDH acima de 0.801. No estado matogrossense, colonizado há menos de quatro décadas, a média da área territorial dos municípios na ecorregião é de 4.454,85 Km2, fator que, conjugado com outras condições, permite uma melhor administração. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – (IBGE, 2005), indicam que os três estados com maior Produto Interno Bruto – PIB estão no Pará: Parauapebas R$ 2.667.460,06, Marabá R$ 2.079.838,24 e Santarém R$ 1.266.535,10. O primeiro desses municípios tem sua receita em 2005, concentrada no segundo (R$ 1.879.077,05) e no terceiro setores (R$ 585.993,59). Marabá é forte na indústria e serviços, com uma receita em 2005 de R$ 711.181,60 e R$ 1.041.288,52, respectivamente. No mesmo ano, Santarém produziu R$ 858.026,64 no terceiro setor. No Mato Grosso, quanto ao PIB, destacam-se os municípios de Primavera do Leste, R$ 1.303.334,74, Sorriso, R$ 1.253.356,87 e, Sinop, R$ 1.128.523,13. Em 2005, no primeiro município, as maiores receitas se concentram na agropecuária e serviços, gerando, respectivamente, R$ 466.430,43 e R$ 580.760,97, tanto em Sorriso quanto em Sinop, R$ 592.706,06 e R$ 611.400,04 foram a receita mais forte arrecadada do setor de serviços. Os maiores PIB per capita foram no Mato Grosso: Campos de Júlio R$ 92.946,30, Sapezal R$ 85.659,83 e Campo Novo do Parecis R$ 43.956,51. No caso do primeiro município, onde o IDH é de 0.810, a distribuição de renda se explica pela população, que, em 2000, era de apenas 2.906 habitantes. No Pará, Parauapebas e Marabá registram os maiores PIB per capita de 2005: respectivamente R$ 29.114,07 e R$ 10.621,88. Os menores índices concentram-se nos municípios paraenses de Jacareacanga (R$ 1.324,01), Melgaço (R$ 1.493,23) e Aveiro (R$ 1.679,31). Quadro # 1 – Treze municípios destacados na ecorregião X/T. NOME DO MUNICÍPIO UF FUNDAÇÃO / INSTALAÇÃO PIB (2005) PIB per capita (2005) IDH (PNUD 2000) POPULAÇÃO (2000) ÁREA OFICIAL Altamira PA 1917 368.242,56 4.363,17 0.737 77.355 159.695,94 Itaituba PA 1900 390.028,43 4.052,41 0.704 94.717 62.040,95 Marabá PA 1913 2.079.838,24 10.621,88 0.714 167.873 15.092,27 Santarém PA 1758 1.266.535,10 4.622,19 0.746 262.672 22.887,08 São Félix do Xingu PA 1961 251.669,21 6.180,94 0.709 34.516 84.212,43 Lucas do Rio Verde MT 1988 886.846,83 32.575,92 0.818 19.322 151,41 Campo Novo do Parecis MT 1988 1.107.791,84 43.956,51 0.809 17.529 2.205,02 Campos de Júlio MT 1994 376.896,16 92.946,30 0,810 2.906 3.659,86 Nova Mutum MT 1988 760.290,30 41.480,18 0,801 14.817 7.011,55 Primavera do Leste MT 1986 1.303.334,74 22.872,74 0.805 39.807 12.260,08 9 Sapezal MT 1994 1.021.579,08 85.659,83 0.803 7.889 146,46 Sinop MT 1979 1.128.523,13 11.343,08 0.807 74.761 1.044,16 Sorriso MT 1986 1.253.356,87 25.935,46 0.824 35.397 1.565,99 3.2 Zoneamento Ecológico-Econômico – Uso do solo, coberturas vegetais e aptidão agrícola da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós: O uso do solo na Ecorregião Xingu-Tapajós, que é identificado no Quadro # 2, é dividido em quatro classes: extrativismo vegetal, mineração, pecuária e uso agrícola. Sobre a vegetação, destacam-se no Quadro # 3, as fitofisionomias floresta tropical, floresta equatorial e cerrado (ou savana brasileira). Quadro # 2 – Uso do Solo e área ocupada por classe ITEM USO DO SOLO Área (Km2) 1 2 3 4 Extrativismo Vegetal Mineração Pecuária Uso Agrícola Área total 64,42 0,63 7,15 9,17 81,37 % em relação à área total 79,17 0,77 8,79 11,27 100 Quadro # 3 – Fitofisionomias e área de cobertura Itens 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Cobertura Vegetal Fitofisionomia Floresta Tropical Floresta Tropical subcaducifólia Floresta Tropical subcaducifólia e subperenifólia Floresta Tropical subperenifólia e campo cerrado Floresta Tropical higráfila de várzea Total Floresta Tropical Floresta Equatorial Floresta Equatorial Perenifólia e subperenifólia Floresta Equatorial Subperenifólia e subcaducifólia Floresta Equatorial subcaducifólia Floresta Equatorial Perumida/campinarana Floresta Equatorial higráfila de várzea Floresta Equatorial subperenifólia Total Floresta Equatorial 10 Área (Km2) % em relação à área total 8,89 10,92 36,30 44,62 4,97 1,91 52,07 6,11 2,35 64,00 0,29 0,35 7,51 0,06 0,02 0,33 0,14 8,35 9,23 0,07 0,02 0,41 0,17 10,25 Cerrado Cerrado subcaducifólio 9,79 12,03 Cerrado subperenifólio e subcaducifólio 11,16 13,72 Total Cerrado 20,95 25,75 Total Geral 81,37 100,00 O Mapa # 2 ao lado representa a divisão municipal dos estados que compõem a Ecorregião Xingu-Tapajós, com suas estradas e rodovias e a localização de áreas que estão legalizadas para a atividade de mineração (Direitos Minerários); no mesmo mapa, está representa a temática do macro-ZEE da mesma unidade geográfica, com suas sub-categorias de uso e cobertura do solo, a maioria de usos especial, controlada ou consolidada, por serem áreas criadas e protegidas porque ocupadas por etnias indígenas, áreas militares ou unidades de conservação de categorias diversas, de acordo com o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), pela riqueza de sua biodiversidade. 11 12 Mapa # 2 – Macro-ZEE, Cidades, Rodovias e Minas na Ecorregiáo Xingu-Tapajós A utilização sustentada das terras requer o conhecimen to de suas característic as intrínsecas e extrínsecas, que permitam avaliar cientificame nte, sua real capacidade de suporte bem como a vulnerabilid ade e manejo adequado, com vistas a prolongar ou mesmo aumentar o potencial produtivo dos recursos naturais e, ao mesmo tempo, preservá-los e conservando-os para futuras gerações. Através da análise combinada de variáveis como relevo, drenagem, vegetação e temperatura, por exemplo, pode-se realizar o zoneamento agroecológico (Quadro # 4), identificando as aptidões agrícolas de uma determinada área ou região, que no presente caso, é o interflúvio dos rios Xingu e Tapajós, que atravessam, principalmente, os estados do Pará e do Mato Grosso, estados inseridos na Amazônia Legal. O SIG, atualmente, é uma ferramenta fundamental para análise do solo, sua fertilidade, capacidade de produção e/ou ocupação urbana. 11 Preservação (lavoura e pecuária) Preservação (pecuária) Cerrado subperenifólioe subcaducifólio Floresta equatorial higráfila de várzea Floresta tropical subperenifólia e campo cerrado Floresta equatorial subperenifólia e subcaducifólia 19 20 Plano a suave ondulado Preservação Floresta equatorial perumida/campinarana 25 Ondulado a forte ondulado Preservação (lavoura e pecuária) Floresta equatorial subcaducifólia 24 Ondulado a forte ondulado Ondulado a forte ondulado Preservação Plano Plano a suave ondulado Arenosa Média a argilosa Média Média Média a argilosa Indiscriminada Arenosa Média a argilosa Plano Plano a suave ondulado Média Média a argilosa Plano a suave ondulado Arenosa Média a argilosa Média a argilosa Argilosa Média a argilosa Média a argilosa Arenosa a argilosa Média a argilosa Argilosa a muito argilosa Média a muito argilosa Argilosa a muito argilosa Argilosa Média a argilosa Média a argilosa Média a muito argilosa TEXTURA Ondulado a forte ondulado Plano a suave ondulado Plano a ondulado Ondulado a forte ondulado Suave ondulado a ondulado Plano a suave ondulado Suave ondulado a ondulado Plano a ondulado Plano a suave ondulado Plano a suave ondulado Plano a suave ondulado Suave ondulado a ondulado Plano a ondulado Suave ondulado a ondulado Suave ondulado a ondulado Plano a ondulado Preservação Floresta equatorial perenifólia e subperenifólia 23 22 21 Preservação (pecuária) Floresta tropical higráfila de várzea 18 Preservação (pecuária) Preservação (lavoura e pecuária) Preservação (lavoura e pecuária) Cerrado subcaducifólio Preservação (pecuária) 17 Cerrado subcaducifólio 14 Preservação (pecuária) Preservação (lavoura e pecuária) 16 Floresta tropical subcaducifólia 13 Lavoura e pecuária Cerrado subcaducifólio Floresta equatorial subcaducifólia e subperenifólia 12 Cerrado subperenifólio e subcaducifólio Floresta tropical subcaducifólia e subperenifólia 11 Lavoura e pecuária Lavoura (pecuária) Lavoura (pecuária) Lavoura e extrativismo (pecuária) 15 Floresta tropical subcaducifólia Cerrado subcaducifólio Cerrado subcaducifólio 8 9 10 Extrativismo (lavoura) Extrativismo (lavoura e pecuária) Extrativismo (lavoura e pecuária) Floresta tropical subperenifólia e campo cerrado Floresta equatorial subperenifólia e subcaducifólia Floresta equatorial subperenifólia e subcaducifólia Floresta equatorial subperenifólia Extrativismo (lavoura) Extrativismo (lavoura) Floresta tropical subcaducifólia e subperenifólia Floresta equatorial perenifólia e subperenifólia Extrativismo (lavoura) Extrativismo (lavoura e pecuária) RELEVO Baixa Bem drenado Mal drenado Bem drenado Moderado a bem drenado Bem drenado Muito baixa Média Baixa Baixa Baixa a alta Muito baixa a baixa Moderado a mal drenado Muito baixa Baixa Muito baixa Muito baixa Moderado a mal drenado Bem drenado Moderadamente drenado Imperfeito a mal drenado Muito baixa Muito baixa Moderado a bem drenado Bem drenado Baixa Média a alta Baixa Média a alta Muito baixa Muito baixa Baixa Baixa Baixa Baixa Bem drenado Bem drenado Bem drenado Bem drenado Bem drenado Bem drenado Bem drenado Bem drenado Bem drenado Bem drenado Bem drenado Baixa Baixa a média Moderado a bem drenado FERTILIDADE Bem drenado DRENAGEM 0,02 31,35 0,06 0,29 4,72 0,01 0,33 Preservação Preservação Preservação Preservação Preservação Preservação 4,35 1,91 Preservação Preservação 1,00 6,81 2,62 0,50 8,73 Preservação Preservação Preservação Preservação 31,88 0,77 25,44 T o t a l P r e s e r v a ç ã o (38,53%) No nordeste do Mato Grosso e sudoeste do Tocantins Nas cabeceiras do rio Negro, noroeste do Amazonas Divisa norte do Estado do Amazonas Divisa norte do Estado de Roraima Nos Estados de Mato Grosso, Goiás e Tocantins, na bacia do rio Araguaia Esparsa no norte do Mato Grosso, sudeste do Amazonas e sudoeste do Pará Ao longo da calha do rio Amazonas e seus principais afluentes Na região litorânea do Estado de São Paulo até o litoral de Santa Catarina No sul do Pará, no norte do Mato Grosso e de Minas Gerais, leste de Rondônia e sudoeste da Bahia Na divisa noroeste do Estado do Amazonas No sul de Mato Grosso e no leste do Mato Grosso do Sul No nordeste do Estado de Roraima Preservação T o t a l L a v o u r a (39,18%) Lavoura Lavoura 0,00 0,07 5,60 18,14 Lavoura Lavoura Lavoura 0,14 1,31 0,71 4,96 0,00 10,86 0,16 ÁREA (KM2) Extrativismo Extrativismo Extrativismo Extrativismo Extrativismo Extrativismo Extrativismo CLASSES T o t a l E x t r a t i v i s m o (22,29%) OCORRÊNCIA No centro do Estado de Rondônia Quadro # 4 – Aptidão Agroecológica da Ecorregião Xingu—Tapajós APTIDÃO AGROECOLÓGICA Floresta tropical subcaducifólia 7 6 5 4 3 2 1 VEGETAÇÃO 4. Conclusão A Ecorregião Xingu-Tapajós é uma área do território nacional privilegiada, mas também bastante problemática. Ela é cortada horizontalmente pelo Arco do Desflorestamento, área de alerta máximo para a criação de unidades de conservação de proteção integral e de uso sustentável; habitat natural de inúmeras espécies da fauna e da flora, onde estão presentes diversas etnias indígenas; área de conflito pela posse da terra e de avanço da agricultura de grãos e da pecuária extensiva; área de valiosos recursos naturais. Enfim, este recorte geográfico tem sofrido grandes alterações na paisagem e, nesse contexto, o homem é seu principal agente. A contribuição que o projeto Delineamento da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós poderá fornecer aos planos de ordenamento territorial dos estados e municípios presentes nessa unidade geográfica, diz respeito à base de dados ou informações georreferenciadas contidas no Sistema de Informações Geográficas construído como um dos objetivos do projeto, o qual deverá ser disponibilizado a todos, permitindo gerar novos dados e sobreposições de tópicos para uma análise mais acurada das sub-unidades ou sub-ecorregiões, que o projeto delineou, a partir dos dados secundários e dos produzidos pelas equipes de pesquisadores que analisaram as amostras coletadas durante a Expedição AquaRios. Hoje, grandes centros urbanos como Santarém e Marabá no Pará, juntos somam 17% da população do estado. Em Mato Grosso, o crescimento vertiginoso iniciou-se na década de 1970 e, desde então, foram surgindo novos municípios impulsionados pela exploração do ouro, pelo extrativismo vegetal e pela agropecuária. A região deve continuar crescendo e, para tanto, urge um planejamento para suportar as necessidades energéticas, indispensáveis para o avanço tecnológico e o desenvolvimento regional. A principal matriz energética brasileira é hidroelétrica e, na ecorregião, o rio Xingu tem sido considerado para a instalação de um complexo de barragens, para abastecimento da Hidrelétrica de Belo Monte. A questão não é evitar o crescimento, mas crescer com sustentabilidade. A Amazônia sustentável, ou a utilização sustentável de seus recursos, é um dos maiores desafios do povo brasileiro. Compreender o desenvolvimento sustentável combinado com o crescimento econômico, a ordenação territorial com eqüidade social, deverá requer o esforço de toda sociedade e, principalmente dos governantes, que representam os cidadãos nas decisões fundamentais que conduzem a nação em direção a um futuro sustentável ou a um futuro incerto para as próximas gerações. O progresso tecnológico, que exige cada vez mais energia e recursos minerais para atender a demanda das novas exigências capitalistas, pode dilatar o horizonte, mas não poderá eliminar os limites, que são o esgotamento dos recursos naturais. Este é um problema de todos nós, com o qual precisaremos aprender, para evitar a extinção da fauna e da flora e o esgotamento dos recursos naturais, especialmente da água, bem insubstituível para a sobrevivência humana. 13 5- Referências Bibliográficas BECKER, B. K.; EGLER, C. A. G. Detalhamento da metodologia para execução do ZEE pelos Estados da Amazônia Legal. Rio de Janeiro: LAGET/UFRJ/SAEPR, 1996, p. 148-149. CT-Hidro/MCT/CNPq – Edital nº 37/2005, processo CNPq 55.7321/2005-0. Projeto Delineamento da Ecorregião Aquática Xingu-Tapajós. CETEM, 2005-2009. Disponível em: www.cetem.gov.br/aquarios. MMA – Ministério do Meio Ambiente. Agenda 21 brasileira. Disponível em: www.mma.gov.br. Acessado em 18.05.09. ORSON, D. M. et al.; Kassem. 2001. 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