RESUMO
EXPANDIDO
XVIII Simpósio
de Mirmecologia
049 433
A
QUEM SÃO AS CYPHOMYRMEX MAYR? (MYMICINAE: ATTINI)
Who are Cyphomyrmex mayr? (Mymicinae: Attini)
C.E.D. Sanhudo, A.J. Mayhé-Nunes & C.R.F. Brandão
Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, CPEN, CP 678, CEP 69011-970, Manaus, AM, Brasil. E-mail:
[email protected]
1
O gênero Cyphomyrmex foi proposto por MAYR, em
meados do século 19, quando descreveu C. rimousus
minutus, que foi posteriormente elevada à espécie.
Após uma longa história taxonômica, com a descrição de vários táxons e revisões, atualmente reúne 37
espécies divididas em dois grupos: rimosus e strigatus
(KEMPF, 1964; 1965; 1972, SMITH, 1979; BRANDÃO, 1991;
SNELLING & LONGINO, 1992, MACKAY & BAENA, 1993;
SCHULTZ et al., 2002). A definição do gênero é difícil,
pois os grupos apresentam diferenças morfológicas
notáveis, com poucas espécies de ambos compartilhando algumas características.
O grupo rimosus tem 23 espécies: C. bicarinatus, C.
bicornis, C. castagnei, C. cornutus,C. costatus, C. dixus, C.
flavidus, C. foxi, C. hamulatus, C. kirbyi, C. laevigatus, C.
longiscapus, C. major, C. minutus, C. muelleri, C. nesiotus,
C. peltatus, C. podargus, C. rimosus, C. salvini, C.
transversus, C. vorticis e C. wheeleri. Suas fêmeas (operárias e gines) apresentam lobos frontais bem expandidos lateralmente; carenas pré-oculares curvadas
medianamente acima dos olhos, que não se juntam
com as carenas frontais na região postero-lateral da
cabeça, mas estas podem ou não formar projeções
auriculiformes; mandíbulas com cinco dentes e; um
par de projeções pronotais medianas, ausentes em
algumas espécies. Estas espécies ocorrem entre o
norte da América do Sul e América Central, com os
seguintes representantes na região Neártica: C .
flavidus, C. minutus, C. rimosus, C. wheeleri.
As 14 espécies do grupo strigatus são: C. auritus,
C. biggibosus, C. bruchi, C. daguerrei, C. faunulus, C.
lectus, C. lilloanus, C. nemei, C. ocultus, C. olitor, C.
paniscus, C. plaumanni, C. strigatus e C. vallensis. As
fêmeas deste grupo têm lobos frontais mais aproximados; carenas pré-oculares retas, que alcançam à região postero-lateral da cabeça e se juntam com as
carenas frontais, geralmente formando projeções
auriculiformes na região postero-lateral da cabeça, às
vezes muito proeminentes; mandíbulas com sete ou
mais dentes e; uma única projeção pronotal mediana
sempre presente. A maior parte está concentrada no
sul da América do Sul, entre as latitudes 20° e 30° S,
mas C. biggibosus eC. faunulus ocorrem em localidades
mais ao norte da América do Sul. Apesar da notável
expansão lateral dos lobos frontais de rimosus em C.
longiscapus e C. muelleri, eles são tão aproximados
quanto nas espécies do grupo strigatus. Por outro
lado, duas espécies de strigatus, C. bruchi e C. lectus,
têm lobos mais expandidos que outros componentes
do grupo. Em strigatus, todas as espécies têm arestas
pré-oculares retas, mas estas arestas também são retas
em C. longiscapus e C. muelleri, porém elas se tornam
pouco evidentes acima dos olhos e, mesmo não se
juntando com as arestas frontais, quase alcançam a
base das projeções auriculiformes que são muito semelhantes às de strigatus.
Tais projeções em rimosus são mais raras, mas
quando conspicuamente presentes, como em C. bicornis
e C. laevigatus, são formadas pelas arestas frontais que
se curvam na região postero-lateral da cabeça, em
direção às órbitas posteriores dos olhos. O que parece
constante nos dois grupos são os números de dentes
mandibulares e os tipos de projeções pronotais medianas. Entretanto, estes caracteres sozinhos não servem para definir Cyphomyrmex porque são compartilhados com outros gêneros de Attini. As relações
filogenéticas internas de Attini não estão bem
estabelecidas devido à ausência de resolução
taxonômica de alguns grupos de espécies e falta de
definição dos limites genéricos desses grupos (MAYHÉ NUNES & MENEGUETE, 2000).
O conhecimento histórico evolutivo das espécies pode ser evidenciado através da filogenia uma
vez que, grupos monofiléticos refletem a relação
natural entre as entidades biológicas (AMORIM ,
2002). Desta forma, a análise de grupos não
monofiléticos resultam em conclusões incorretas
sobre a hierarquia histórica entre as áreas e, conseqüentemente, na delimitação incorreta da distribuição das espécies. Não é possível saber se um
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Departamento de Biologia Animal, Instituto de Biologia, Seropédica,
RJ, Brasil.
3
Universidade de São Paulo, Museu de Zoologia, São Paulo, SP, Brasil.
2
Biológico, São Paulo, v.69, suplemento 2, p.433-434, 2007
434
XVIII Simpósio de Mirmecologia
grupo é uma entidade histórica sem perspectiva
filogenética. Nosso objetivo, portanto, é fazer a revisão taxonômica do gênero, descrevendo eventuais táxons novos e complementando as descrições
das espécies nominais a fim de uniformizá-las para,
posteriormente, fazer uma análise cladística que
nos permita responder a questão: afinal, quem são
as Cyphomyrmex?
Fig. 1 - Padrão geral de distribuição de Cyphomyrmex grupo strigatus (²%) e rimosus (¡%) utilizando a localidade-tipo
de cada espécie. Grupo rimosus com ampla distribuição na região Neotropical e com alguns representantes na região
Neártica. Grupo strigatus com maior representatividade de espécies na região sul da América do sul.
REFERÊNCIAS
AMORIM, D.S. Básicos de Elementos Sistemática Filogenética.
2ed. Ribeirão Preto: Holos Editora, 1997. 276p
BRANDÃO, C.R.F. Adendos ao catálogo abreviado das formigas da região neotropical (Hymenoptera:
Formicidae). Revista Brasileira de Entomologia, v.35,
p.319-412, 1991.
KEMPF, W.W. A revision of the Neotropical fungus-growing
ants of the genus Cyphomyrmex MAYR. Part I: Group of
strigatus Mayr. Studia Entomologica, v.7, p.1– 44, 1964.
KEMPF, W.W. A revision of the Neotropical fungus-growing
ants of the genus Cyphomyrmex MAYR. Part II: Group
of rimosus Mayr. Studia Entomologica, v. 8, p.161-200,
1965.
KEMPF, W. W. Catálogo abreviado das formigas da região
Neotropical, Studia Entomologica, Petrópolis, v.15, p.3344, 1972.
MAC KAY, W.P. & BAENA, M.L. A new “horned” fungus
growing ant, Cyphomyrmex castagnei, from Colombia.
Sociobiology, v.23, p.31-37, 1993.
MAYHÉ-NUNES, A.J. & MENEGUETE , P.S. Definição de termos para
as projeções mesossomais das operárias de Mycocepurus
Forel, 1893 (Hymenoptera, Formicidae). Contribuições
Avulsas sobre a História Natural Brasileira. Seropédica. Rio
de Janeiro. v.27, p.1-7, 2000. (Series de Zoologia).
SCHULTZ, T.R.; SOLOMON , S.A.; MUELLER, U.G.; BOOMSMA, J.J.;
ADAMS, R.M.M.; NORDEN, B. Cryptic speciation in the
fungus-growing ants Chyphomyrmex muelleri Schultz
and Solomon, new species (Formicidae, Attini).
Insectes Sociaux, v.49, p.331-343, 2002.
SMITH, D.R. Superfamily Formicoidea. Family Formicidae.
In: KROMBEIN, K.V.; HURD, P.D.; SMITH, D.R.; BURK , B.D.
Catalog of Hymenoptera in America North of Mexico.
Apocrita (Aculeata). Washington, Smithsonian
Institute Press, 1979. p.132-1467.
SNELLING, R.R. & LONGINO, J.T. Revisionary notes on the
Fungus-growing ants of the genus Cyphomyrmex,
rimosus group (Hymenoptera: Formicidae: Attini).
In: QUINTERO, D. & AIELLO, A. Insects of Parama and
Mesoamerica: selected studies . Oxford, Oxford
University Press, 1992. p.479-494.
Biológico, São Paulo, v.69, suplemento 2, p.433-434, 2007
Download

resumo expandido quem são as cyphomyrmex