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6. 17:41 - Medidas para evitar bolha de crédito são corretas, diz
Chaia/Insper
26/11/2009 Broadcast -- Online Insper
São Paulo, 25 - A adoção de medidas preventivas pelo governo para evitar o surgimento de bolhas de crédito, como as
regras de provisionamento dinâmico, são extremamente úteis e corretas, avaliou o professor de derivativos e riscos do
Insper - Instituto de Ensino e Pesquisa, Alexandre Chaia. O diretor de Política Econômica do Banco Central, Mário
Mesquita, destacou ontem em discurso no quinto Seminário Anbima de Mercado de Capitais que já surgiram em outros
países ações que visam evitar ciclos exagerados de alta e de baixa de concessão de financiamentos.
No pronunciamento feito ontem, no qual ressaltou que falava em caráter pessoal, Mário Mesquita disse que as normas de
provisionamento dinâmico já são um caso bem sucedido na Espanha. Baseado em modelos estatísticos que mostram o
histórico de concessão de empréstimos por instituições financeiras, o banco central daquele país adotou em 2000 regras
que elevam o requerimento de capitais junto as instituições financeiras nos ciclos de alta de liberação de financiamentos.
Na edição de julho de 2009 de uma publicação do Banco Mundial, o diretor do departamento de estabilidade financeira
do Banco de Espanha, Jesús Saurina, detalhou essa provisão. "Durante períodos de expansão, nos quais perdas e
provisões específicas em empréstimos individuais são subavaliados, uma provisão estatística é realizada sobre os
lucros, constituindo um fundo para ser usado quando provisões específicas crescem acima da média de risco latente",
afirmou Saurina no texto. Segundo ele, tais provisões atingiram a média de 10% da receita operacional líquida dos
bancos locais, o que inicialmente não recebeu o apoio dos dirigentes de tais instituições.
O professor Alexandre Chaia também destacou como positivo outro mecanismo para moderar o ciclo de crédito
destacado por Mário Mesquita no evento da Anbima. O diretor do BC referiu-se à sugestão de criação de uma espécie
de "regra de Taylor" para requerimentos de capital de instituições financeiras. Segundo o dirigente do Banco Central, tal
mecanismo atuaria como um tipo de "estabilizador endógeno", que aumentaria ou baixaria a requisição de recursos
quando o crédito total do sistema fica acima ou abaixo do seu padrão histórico. "Esta norma pode ajudar na formulação
da política monetária pelo BC, pois auxiliaria a economia a registrar uma expansão mais harmoniosa em relação ao seu
potencial", destacou o acadêmico.
A regra de Taylor determina quanto deve subir a taxa de juros básica administrada pelo Banco Central de acordo com o
desempenho de algumas variáveis, entre elas o juro real corrente, a meta de inflação buscada pelo BC, o nível de
crescimento da economia e o PIB potencial. Segundo Chaia, pode ser adicionado a esse mecanismo uma equação
simples com alguns indicadores, como o volume de concessão de crédito na economia. Há uma correlação entre avanço
da liberação de financiamentos e incremento do nível de atividade. No caso do Brasil, um aumento de R$ 10 bilhões na
liberação de empréstimos no País em 2010, de R$ 1,25 trilhão para R$ 1,26 trilhão, poderia elevar o PIB de 5,5% para
6% no próximo ano, estima o economista-chefe da LCA Consultores, Braulio Borges.
Chaia, contudo, não é favorável que o Banco Central passe a supervisionar os fundos de investimentos, o que foi
defendido por Mário Mesquita. O dirigente do BC teme que, caso grandes fundos vinculados a bancos apresentem
problemas, tal fato poderia afetar de forma grave a credibilidade daquelas instituições financeiras. Foi isso o que ocorreu
com o Bear Stearns, que foi dizimado em 2008, pouco menos de um ano depois da quebra de dois de seus hedge funds,
compostos por títulos de baixa qualidade de crédito, como hipotecas subprime.
A falência de um banco grande pode causar risco sistêmico e levar ao colapso, mesmo que parcial, do sistema de
crédito nacional. E sem o fluxo normal de financiamentos a economia fica estagnada e entra em recessão, como ocorreu
no Brasil entre o último trimestre de 2008 e os primeiros três meses deste ano.
"A supervisão dos fundos de investimento já é feita pela Comissão de Valores Mobiliários. Talvez o Banco Central
poderia supervisionar hedge funds e produtos, como recebíveis securitizados e negociados em fundos de varejo, para
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avaliar se apresentam níveis inadequados de risco", comenta Chaia. "O Banco Central já é responsável por muitas
funções, como a formulação da política monetária e cambial, além da fiscalização de bancos. A alta concentração de
tarefas pode trazer ineficiências operacionais", defende o professor.
Mesquita apontou em seu discurso que os fundos de investimento no Brasil têm um patrimônio de R$ 1,12 trilhão, o que
representa 38,4% do PIB, e tem ampla disseminação pela sociedade. Um dos temas mais avaliados atualmente entre
economistas internacionais é a tentativa de autoridades de medir os efeitos da variação dos ativos financeiros sobre o
nível de atividade, assunto debatido em maio passado no 11º Seminário Anual de Metas para a Inflação, realizado no Rio
de Janeiro. Os cidadãos, em geral, avaliam que investimentos financeiros são riqueza esperada, e em função disso
tendem a maximizar os ciclos de alta e baixa de consumo de mercadorias de acordo com o desempenho de suas
aplicações. Nesta perspectiva, tais ativos podem tem um peso relevante na formação dos preços de mercadorias, o que
interfere na evolução da inflação e, em consequência, na gestão da política monetária. (Ricardo Leopoldo)
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