Plantas alimentícias não convencionais ocorrentes no Vale do Taquari-RS e suas principais utilizações M. Fleck1, M.R.S.Silva 2, E. Biondo3, E.M.Kolchinski 4, V. Sant’Anna5. 1 – Área da Vida e Meio Ambiente – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Unidade de Encantado, Rua Alegrete, 821 – CEP:95960-000 – Encantado – RS – Brasil, Telefone: (55-51) 3751-3376 – e-mail: [email protected] 2 – Área da Vida e Meio Ambiente – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Unidade de Encantado, Rua Alegrete, 821 – CEP:95960-000 – Encantado – RS – Brasil, Telefone: (55-51) 3751-3376 – e-mail: [email protected] 3 – Área da Vida e Meio Ambiente – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Unidade de Encantado, Rua Alegrete, 821 – CEP:95960-000 – Encantado – RS – Brasil, Telefone: (55-51) 3751-3376 – e-mail: [email protected] 4– Área da Vida e Meio Ambiente – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Unidade de Encantado, Rua Alegrete, 821 – CEP:95960-000 – Encantado – RS – Brasil, Telefone: (55-51) 3751-3376 – e-mail: [email protected] 5 – Área da Vida e Meio Ambiente – Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, Unidade de Encantado, Rua Alegrete, 821 – CEP:95960-000 – Encantado – RS – Brasil, Telefone: (55-51) 3751-3376 – e-mail: [email protected] RESUMO – Entende-se por plantas alimentícias não convencionais (PANC’S) todas aquelas espécies consideradas invasoras, que muitas vezes ocorrem entre plantas cultivadas, e que possuem grande importância ecológica e econômica. São espécies com distribuição limitada, restrita a determinadas localidades, influenciando fortemente na cultura alimentar regional. O presente trabalho objetivou realizar levantamento das principais espécies de PANC’S ocorrentes em municípios do Vale do Taquari, através de revisão de literatura, coletas a campo, pesquisas em herbários e aplicação de entrevistas semi-estruturadas, com o intuito de obter informações sobre as plantas. Até o momento o estudo foi realizado em três municípios, tendo sido coletadas 31 espécies de PANC’S e, indicações da literatura especializada de ocorrência de 104 espécies em toda a região. As espécies são nativas e cultivadas e utilizadas na alimentação. Os resultados são preliminares e indicam a existência de alta diversidade de plantas alimentícias nãoconvencionais, sendo recursos genético potencial para a diversificação alimentar. ABSTRACT - The term unconventional food plants ( PANC 'S) all those species considered invasive , which often occur between cultivated plants , and have great ecological and economic importance . Are species with limited distribution , restricted to certain locations , strongly influencing the regional food culture . This study aimed to carry out a survey of the main species of PANC 'S occurring in cities of Taquari Valley , through literature review , sampling the field , research in herbal and application of semi -structured interviews , in order to obtain information about the plants. By the time the study was conducted in three cities and were collected 31 species of PANC 'S and literature indications specialized occurrence of 104 species throughout the region . The species are native and cultivated and used as food . The results are preliminary and indicative of high diversity of unconventional food plants , with potential genetic resources for food diversification. PALAVRAS-CHAVE: plantas alimentícias não convencionais; recurso genéticos; Vale do Taquari. KEYWORDS: Unconventional food plants; genetics research; Taquari Valey. Realização Informações http://www.ufrgs.br/sbctars-eventos/ssa5 Fone: (51) 2108-3121 Organização 1. INTRODUÇÃO A flora brasileira está entre as mais diversas, levando o Brasil ao patamar de país com maior biodiversidade, compreendendo 20% das espécies ocorrentes no mundo (SHEPHERD, 2002). A diversidade vegetal brasileira foi estimada recentemente em cerca de 31.110 espécies de angiospermas, sendo citadas para o Rio Grande do Sul 3.673 espécies, destas 177 são endêmicas (BRASIL, 2009). Toda esta biodiversidade, que é a base da produção agrícola, pecuária, florestal, e estratégica para biotecnologia, incluí uma serie de espécies alimentícias, muitas das quais não utilizadas ou pouco utilizadas (KINUPP, 2007; BRASIL, 2013). Desta diversidade, estima-se que existam cerca de 50 mil plantas alimentícias no mundo, sendo pelo menos 10 mil no Brasil, e destas cerca de 3 mil espécies de frutas alimentícias, entretanto a falta de divulgação de sua existência corresponde a uma forma de reduzir a oferta de alternativas de alimento à população, oferecendo-se apenas poucas espécies, consideradas “mais produtivas” e geralmente exóticas. Segundo dados da organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), desde 1900, 75% da diversidade genética de plantas foram perdidas porque os produtores rurais deixaram de cultivar variedades locais, preferindo as de alta produtividade, nestas incluem-se as panc’s. Estas espécies são pouco competitivas quando em ambiente com culturas agrícolas conhecidas, sendo assim seu consumo é restrito (RAPAPORT et al., 2001), em contrapartida quando comparadas as espécies tradicionais são superiores em nutrientes, fibras e vitaminas. Kinupp (2007), em estudo bromatológico realizado com 69 espécies de panc’s da região metropolitana de Porto Alegre, encontrou altos teores de proteínas, sais minerais, vitaminas, além disto, observou que as panc’s estão mais adaptadas, contribuem para a diversificação da produção, são mais resistentes a doenças e mudanças climáticas, além de atenderem uma demanda do mercado por alimentos funcionais e nutracêuticos (BRASIL, 2010). A caracterização da biodiversidade regional é fundamental para o conhecimento das espécies e formas de utilizá-la de forma racional e sustentável, bem como aprimorar estratégias para conservação destes recursos genéticos nos locais de ocorrência natural e em instituições de ensino e pesquisa. A não preocupação com a diversidade local leva a perda de ampla variabilidade genética que é importante para inclusão da espécie em programas de melhoramento genético. Segundo Lorenzi et al.(2006) existe uma grande variabilidade dentro de cada espécie e é preciso salvar a variabilidade de cada uma das espécies. Assim, o presente trabalho objetivou realizar o levantamento das panc’s ocorrentes no Vale do Taquari, bem como, pesquisar as suas principais utilizações nas comunidades. . 2. MATERIAIS E METODOS Realizou-se pesquisas em livros, artigos e trabalhos acadêmicos relacionados com o assunto, para ampliar o conhecimento sobre o tema, bem como investigar sobre a distribuição geográfica, identificação botânica e principais utilizações das plantas alimentícias não-convencionais. Ao mesmo tempo, elaborou-se entrevistas abertas e semi-estruturadas, com questões de múltipla escolha e algumas questões abertas em que o entrevistado pode discorrer sobre o tema. Na aplicação das entrevistas obteve-se o apoio das extensionistas da Emater de Colinas, Roca Sales e Encantado, e apresentou-se o projeto nos Clubes de mães dos municípios. As entrevistas foram aplicadas às mães dos clubes de mães em comunidades rurais e urbanas dos municípios citados. As questões foram direcionadas ao conhecimento de plantas alimentícias não convencionais consumidas pelos entrevistados, principais formas de consumo e de cultivo, e locais de ocorrência natural destas espécies. Foram realizadas excursões de coletas nos municípios da região, e exemplares das espécies foram identificados e inseridas no herbário UENC da Universidade Estadual do Rio Grande do Sul. Também foram realizadas visitas em algumas propriedades para conhecer as plantas, coletá-las e conhecer formas de sua utilização. Realização Informações http://www.ufrgs.br/sbctars-eventos/ssa5 Fone: (51) 2108-3121 Organização 3.RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram realizadas quatro apresentações do projeto em quatro Clubes de mães, um em Colinas, dois em Encantado e um em Roca Sales. As mães apresentaram-se receptivas ao conhecimento sobre plantas alimentícias não convencionais, e durante a realização da apresentação do projeto, comentavam sobre a utilização das plantas citadas, especialmente as que também são utilizadas como medicinais. Foram realizadas visitas em duas propriedades, até o momento, onde realizou-se coletas de material botânico. Com base em revisão de literatura especializada, coletas a campo, visitas às propriedades, e consulta ao herbário Uenc, 31 espécies de plantas alimentícias não convencionais foram identificadas, cujas partes comestíveis podem ser desde folhas, talos, caules até flores e frutos, sendo que estas são ou foram até pouco tempo, consumidas pelos entrevistados membros dos Clubes de Mães. As espécies são nativas e cultivadas, todas apresentam potencial de utilização na alimentação, tendo sido destaque em termos de utilização o mamãozinho-do-mato (Vasconcellea quercifolia A. St. Hill.) conforme Figura 1a, de cujo caule é produzido um doce; cerejeira do mato (Eugenia involcrata DC.), aroeira vermelha (Schinus terebinthifolia Raddi), língua de vaca (Rumex obtusifolius L.), tanchagem (Plantago major L. ), serralha (Sonchus oleraceus L.) conforme Figura 1b, dente de leão (Taraxacum officinale Weber), caruru (Amaranthus viridis L.), taboa (Typha angustifolia L.), cará-do-ar (Dioscorea bulbifera L.), butiá (Butia capitata (Mart.) Becc.), amora do mato (Rubus sellowii Cham. & Schldtl.),amora vermelha (Rubus rosifolius Sm.), capuchinha ( Tropaeola majus L.) e crem ( Tropaeola pentaphyllum Lam.) conforme Figura 1c. b a c Figura 1 - Apresentação do projeto de pesquisa: a) mamãozinho-do-mato; b) serralha e c) crem. ( Fonte: Autores, 2013). As espécies encontradas apresentam grande potencial alimentício destacando-se em comparação as espécies tradicionais como comprovam estudos feitos para avaliar a qualidade destas plantas. Segundo Rapaport et al. (2001) e Kinupp e Barros (2008) muitas das plantas alimentícias não convencionais apresentam quantidades de proteínas, vitaminas e diversos nutrientes em maiores quantidades do que as espécies convencionais. Em estudo comparativo entre o dente-de-leão, uma das espécies não convencionais mais citadas em termos de consumo, e a alface, Rapoport et al. (2001) citam que apresenta maiores quantidades de proteínas (27g\kg para dente de leão e 8,4g\kg para alface), maiores quantidades de cálcio (1,9g\kg no dente-de-leão e 0,4g\kg na alface), fósforo (701g\kg em dente de leão e 138g\kg em alface), além de mais vitaminas do complexo B, vitamina C e vitamina A, quando comparada ao alface. Após realização de revisão de literatura, em trabalhos básicos como os de KINUPP (2007) e de KINUPP e LORENZI (2014), constatou-se que são citadas em torno de 104 plantas alimentícias não convencionais com potencial de utilização na alimentação e que são encontradas na forma nativa ou cultivada no Vale do Taquari. Assim, é fundamental que as pesquisas continuem para que estes recursos genéticos potenciais possam ser reconhecidos e amplamente utilizados. Realização Informações http://www.ufrgs.br/sbctars-eventos/ssa5 Fone: (51) 2108-3121 Organização 4. CONCLUSÃO Com a realização deste trabalho, buscamos informações de plantas alimentícias não convencionais existentes na região, que foram deixadas de lado perdendo espaço para as plantas convencionais por serem mais fáceis de encontrar. Assim, após o levantamento constatou-se que ocorrem 31 espécies coletadas e identificadas, e pelo menos 104 espécies de plantas alimentícias não convencionais citadas em literatura as quais são recurso genético potencial para a diversificação alimentar e que necessita ser explorado na região, havendo necessidades de mais estudos. Os resultados são preliminares e indicam a existência de alta diversidade de plantas alimentícias não-convencionais. 5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Manual de Hortaliças Não-Convencionais. Brasília DF: MAPA/ACS, 2010. 92p. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Plantas do Futuro. Brasília, DF: MMA, 2013. BRASIL. Ministério do meio ambiente. Catalogo de Plantas e Fungos do Brasil. Vol.1 Forzza, R. C. et al.(orgs.), Brasília, DF: MMA,2009. 1.090p. KINUPP, Valdely F. & BARROS, I. B. I. 2007. Riqueza de Plantas Alimentícias Não-Convencionais na Região Metropolitana de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Biociências, v. 5, supl. 1, p. 63-65. KINUPP, V.F. & BARROS, I.B.I. de. Teores de proteína e minerais de espécies nativas, potenciais hortaliças e frutas. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.28, n.4, p. 846-857, 2008. KINUPP, V.F.; LORENZI, H. Plantas Alimentícias Não-Convencionais (PANC) no Brasil: guia de identificação, aspectos nutricionais e receitas ilustradas. Nova Odessa: Ed. Plantarum, 768p. 2014. LORENZI, H.; BACHER, L.; LACERDA, M.; SARTORI, S. Frutas brasileiras exóticas cultivadas(de consumo in natura). São Paulo: Instituto plantarum de estudo da flora, 2006. RAPOPORT, E. Malezas Comestibles: hay yuyos y yuyos... ciência Hoy, v. 9. N. 49, nov-dec 1998. ( http://www.cienciahoy.org.ar/hoy49/malez01.htm ) SHEPHERD,G. conhecimento de diversidade de plantas terrestres do Brasil. In: Lewinsohn,T.M. & Prado, P.I. Biodiversidade brasileira. Síntese do estado atual do conhecimento. São Paulo: Contexto, p. 155-159. 2002. 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