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CAPACITAÇÃO DA EQUIPE DE ENFERMAGEM FUNDAMENTADA EM SUA
PRÓPRIA ÓTICA
Samuel Rodrigues de Paula
Introdução: No mundo inteiro o alcoolismo é considerado, um dos mais graves
problemas de ordem social e político.
Segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS) o Brasil ocupava o 63º lugar do uso per capitã de álcool entre os paises, um
consumo razoavelmente discreto, porém quando a OMS compara a evolução do
consumo entre as décadas de 70 e 90 em 137 paises, o Brasil apresenta um
crescimento de 74,5% no consumo de bebidas alcoólicas. No Estado de São Paulo
estudos epidemiológicos mais abrangentes de uso de álcool na população geral foram
realizados pelo Centro Brasileiro de Informação sobre Drogas Psicótropicas (CEBRID)
pesquisaram as 24 maiores cidades do estado num total de 2.411 entrevistados
estimando que 9,4% da população estavam dependentes do álcool. Os dependentes do
álcool são hospitalizados quatro vezes mais que a população em geral. O Ministério da
Saúde relata que os gastos relativos a internações ultrapassam a casa de 310 milhões
de reais.Em Campinas os dados se assemelham aos da media nacional tendo em vista
a grande demanda de atendimento na população com problemas de álcool. Neste
contexto podemos compreender a situação social do alcoolista visualizando a família,
trabalho e relação sociedade/etilista como um problema que traz constantemente
estresses que geram instabilidade financeira, emocional, redistribuição de papeis
deixados pelo doente, sentimentos de ansiedade e vergonha demonstrando assim o
etilismo como sendo um problema coletivo, portanto, o tratamento de saúde incluindo
atendimento de urgência / emergência deve considerar os familiares como indivíduos
participantes da situação de tratamento possibilitando a equipe de enfermagem agir
como facilitador na relação de cura. Outro aspecto relevante no tratamento do etilismo é
a relação do alcoolista com o trabalho quando estes os têm sendo considerado altos os
índices de absenteísmo, baixa produção e perdas econômicas uma das justificativas da
deterioração da auto-estima do paciente que constantemente se encontra em situação
de improdutividade tornando-se oneroso para a sociedade.Nesta questão a
enfermagem através da observação pode, por exemplo, identificar a improdutividade e
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agir no incentivo ao trabalho quando o paciente tem condições de assumir uma
atividade, para que este tipo de avaliação aconteça, há necessidade de capacitar a
equipe de enfermagem para diferenciar o atendimento ao estilista e seus familiares
compreendendo as vertentes sociais e patológicas que envolvem o alcoolismo. Ao se
definir capacitação torna-se explicito que capacitar torna o individuo habilitado a
desenvolver uma função com qualidade, fornece subsídios para auto-gestão do
trabalho, alem de assegurar competências teórico-praticas para o domínio do trabalho
de forma completa. Uma das ferramentas utilizadas para prover a capacitação é o
treinamento que proporciona ao individuo mudar de atitude, a pensar, criar e aprender
otimizando seu tempo, melhorando a produção e qualidade conseqüentemente
melhorando a satisfação no trabalho. Uma equipe capacitada é resolutiva, segura e
reconhecida tanto por aqueles que participam quanto pela empresa investidora no
processo, sendo capaz de promover uma assistência de qualidade ao cliente. Há uma
visão ambígua da sociedade ao estilista que ora sentem-se culpada pelos apelos
sociais da bebida nas propagandas, novelas, comemorações e, ora os acusa de falta
de caráter, pessoas más e relutantes em acomodar-se aos valores e moral norteadores
de comportamentos na sociedade gerando comportamentos coletivos de desprezo e
marginalização do doente. Existe uma necessidade da equipe de enfermagem que
atende o paciente portador desta doença crônica obter um olhar desvinculado desta
consciência coletiva, do senso comum social sobre o comportamento do estilista frente
ao uso do álcool, pois na posição de profissional habilitado para reversão e controle dos
sinais e sintomas faz-se necessário o foco cientifico que justifica os procedimentos,
orientações, enfim, pensamentos que refletem o raciocínio de saúde de maneira
completa e consciente.No contexto atual, uma vez que a constituição de um
atendimento calcado em princípios como integralidade, a equidade, a participação
social do usuário dentre outros, demanda a revisão das práticas cotidianas com ênfase
na criação de espaços de trabalho menos alienantes que valorizem a dignidade do
trabalhador e do usuário. A equipe de enfermagem pode buscar meios que facilite a sua
pratica de acordo com as necessidades da demanda de saúde deve estar apta a
absorver tais mudanças como novos modelos assistências disponíveis à enfermagem
com o objetivo promover iniciativas no âmbito comunitário, bem como na assistência
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direta tanto ao individuo quanto a família e grupos específicos da comunidade. A
própria historia do uso de álcool e outras drogas têm solicitado a existência da criação
de novos equipamentos.Devido ao grande numero de pacientes usuários de álcool fazse necessário à preparação técnica e educativa da equipe de saúde e criação de novos
serviços que venham a oferecer atendimento a saúde compatível com esta
realidade.Em específico o enfermeiro e a equipe de enfermagem devem estar aptos a
absorver tais mudanças para atender as necessidades de saúde dessa população,
promovendo uma melhoria na qualidade de assistência oferecida.Existe uma deficiência
na experiência prática da equipe de enfermagem quanto a assuntos referentes ao uso
de dependência de substâncias psicoativas bem como sobre os usuários tornando
muito limitada a intervenção efetiva deste profissional. Este é o panorama dominante
neste equipamento as inúmeras vezes em que os usuários são recebidos e tratados
neste serviço de saúde recebem um tratamento inadequado por parte dos profissionais
que lá atuam por estarem despreparados levando-se em conta o tipo de instituição em
que trabalham, um pronto socorro geral, agindo com descaso, preconceitos e crenças
referentes ao seu estado de embriaguez. Considerando a grande demanda de usuários
alcoolistas que são atendidos diariamente no pronto socorro São José fez-se
necessário saber como capacitar a equipe de enfermagem frente a esta clientela sendo
este o interesse da pesquisa. Objetivos: Geral: Compreender e Identificar as
necessidades dos profissionais de enfermagem que atuam no cuidado ao cliente
alcoolista.Específicos: identificar as deficiências teóricas e praticas da equipe de
enfermagem sobre o tratamento ao alcoolista; diferenciar as formas de cuidar do
alcoolista; verificar a consciência da equipe de trabalho. Métodos: Tipo de Pesquisa:
Trata-se de uma pesquisa exploratória, descritiva, transversal e de campo com análise
quantitativa dos dados. Local do Estudo: A pesquisa foi desenvolvida no Pronto Socorro
São José localizado na região sul da cidade de Campinas - SP, esta instituição é uma
Autarquia Púbica Municipal mantida com recursos do SUS e da Prefeitura Municipal de
Campinas e constitui-se na principal porta de entrada das urgências e emergências da
região sul atendendo a livre demanda.População e Amostra: A população foi constituída
pela totalidade dos profissionais de enfermagem dos turnos matutino, vespertino e
noturno I e II sendo um total de 60 funcionários.Critério de exclusão: férias (4), licença
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(2) não participaram (3). A amostra foi composta por 51 sujeitos que concordaram em
participar da pesquisa assinando o termo de consentimento livre e esclarecido e
responderam o questionário. Coleta de Dados: Foi realizada nos dias 07, 08, 09,10 e 12
de agosto de 2006, nos períodos matutino, vespertino e noturno através da aplicação
de um questionário estruturado com perguntas dicotômicas e questões de múltipla
escolha.Procedimentos Éticos: Aprovação do comitê de ética em pesquisa da
Universidade Paulista (UNIP) Protocolo nº 48/06 conforme resolução 196/96 do
Conselho nacional de Saúde, autorização ao Centro de Educação dos Trabalhadores
da Saúde de Campinas (CETS) oficio 31/06. Resultados: Em relação aos temas que
emergiram, nota-se que 80% escolheram ao alcoolismo o que se relaciona ao alto
índice de alcoolistas atendidos na instituição e necessidade do saber teórico e prático.
Do total de profissionais entrevistados, 20% escolheram temáticas diferentes que não
se tornaram relevantes a esta pesquisa. Conclusão: Muitos dos conceitos e atitudes
dos profissionais de enfermagem são oriundos das concepções do senso comum, visto
que os entrevistados demonstram algum conhecimento sobre a questão, mas carecem
de conhecimento cientifico.Ou seja, existe uma lacuna no que se refere ao ensino de
enfermagem sobre o alcoolismo, uso de álcool, paciente alcoolista, visto que o
conhecimento é considerado pouco cientifico, cabendo aos profissionais de
enfermagem adquirir o mesmo de modo empírico, durante a formação nos estágios
clínicos, em que se deparam com pacientes alcoolistas e tem como referência os
profissionais que já atuam.Com esta pesquisa foi possível perceber que os profissionais
de enfermagem estão preocupados com problemas relacionados ao uso de álcool
devido ao seu crescente aumento no consumo principalmente entre os jovens bem
como foi possível identificar que estes profissionais têm consideráveis contatos com
indivíduos alcoolistas e que não estão preparados para tal tarefa.Dos profissionais
entrevistados 80% declaram não ter nenhuma capacitação sobre como prestar
assistência ao alcoolista e os outros 20% demostrataram não ter o conhecimento e não
se interessarem pela temática, o que acaba por retratar o porque das reticências em se
trabalhar com pacientes alcoolista, visto que a falta de preparo torna mais difícil o
entendimento e a compreensão do comportamento do individuo alcoolista, e que este
atendimento acaba por gerar sentimentos de impotência, incapacidade de lidar com a
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situação por grande parte dos entrevistados em não acreditarem na cura efetiva a estes
pacientes.Lidar com pessoas alcoolistas exige conhecimentos que além daqueles
esperados na formação da enfermagem que sejam capazes de dar conta das
exigências próprias desta doença, ou seja, conhecer os sintomas para saber identificálos.Quando não existe tal domínio o profissional sente-se impotente para o atendimento
e isso pode ser uma das causas de discriminação e insatisfação. As profundas
mudanças pelas quais o mundo vem passando tem produzido transformações em
vários setores da vida humana e principalmente no trabalho. O novo perfil profissional
tem contemplado na apenas a capacidade intelectual destreza técnica pra realizar o
trabalho, mas tem privilegiado as qualidades pessoais do trabalhador tais como
iniciativa, liderança, resolutividade, autonomia dentre outras. Além disso, uma das
características pessoais mais enfatizadas no mundo do trabalho atualmente é que o
trabalhador tenha flexibilidade e adaptabilidade para atuar adequadamente mesmo em
situações adversas.
Neste contexto considero que esta pesquisa pode ser mais uma
peça na construção de conhecimentos específicos a equipe de enfermagem para
melhor compreender as possíveis formas do cuidar e perceber os diversos níveis de
atuação possíveis à prática de sua profissão.
Palavras-chave: capacitação; enfermagem; alcoolismo.
Mestre em Enfermagem Saúde Mental.Enfermeiro Assistencial do Hospital das Clinicas
HC (Unicamp). Campinas –SP. Professor Assistente I Universidade Paulista (UNIP)
Campinas-SP.
Samuel Rodrigues de Paula.Avenida Emilio Bosco nº 2.285 Condomínio Residencial
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