C ÉLIA R EGINA S IMONETT ARBALHO CÉLIA REGINA SIMONET TII B BARBALHO S ob o lhar d ou suário: Sob oo olhar do usuário: Um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas TTese ese aapresentada presentada àà BBanca anca EExaminadora xaminadora dda a PPontifícia ontifícia UUniversidade niversidade CCatólica atólica dde e SSão ão PPaulo, aulo, ccomo omo eexigência xigência pparcial arcial ppara ar a oobtenção btenção ddo o ttítulo ítulo dde e DDOUTORA OUTORA eem m CComunicação omunicação ee SSemiótica, emiótica, ssob ob oorientação rientação dda a PProfessora rofessora DDoutora outora AAna na CClaudia laudia M lves dde eO liveira. Meeii AAlves Oliveira. PPUC/São UC/São PPaulo aulo 22000 000 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas B182s BARBALHO, Célia Regina Simonetti. Sob o olhar do usuário: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas. São Paulo, 2000. Tese (Doutorado em Comunicação e Semiótica), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2000. 234p. ilustrada 1. Semiótica discursiva 2. Bibliotecas 3. Visibilidade das bibliotecas CDD: 302.202.748.113 CDU: 81’22:027.022 (811.3A/Z) 2 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 3 “ver, torna visível, é uma forma de apropriação. O que o olhar abarca é o que se torna ao alcance da mão. O visível (o descoberto) é o preâmbulo do legível: conhecido, relatado, codificado”. Orlandi, 1990 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Tese defendida em 04 de dezembro de 2000. Banca Examinadora _______________________________________ Profª Drª Ana Cláudia Mei Alves de Oliveira PRESIDENTE _______________________________________ Profª Drª Vera Sílvia Marão Beraquet MEMBRO _______________________________________ Profª Drª Amélia Silveira MEMBRO _______________________________________ Profª Drª Ana Maria Marques Cintra MEMBRO _______________________________________ Profª Drª Aidar MEMBRO 4 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 5 BARBALHO, Célia Regina Simonetti. Sob o olhar do usuário: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas. São Paulo, 2000. 234 p. Tese (Doutorado em Comunicação e Semiótica), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2000. RRESUMO ESUMO Este estudo visa descrever, com base nos conceitos da semiótica discursiva, a visibilidade que as bibliotecas assumem diante das comunidades às quais servem. Elenca, a partir do olhar do usuário, as características referentes às suas arquiteturas especialmente quanto às divisões interna e externa, fachada, sinalização e localização e destaca os efeitos de sentido que esses textos provocam no público. Resgata a trajetória histórica da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas – BPEAM e, especificamente, sua visibilidade desde sua criação, em 1870, como Sala de Leitura até os dias atuais, examinando não só as suas características, mas também as de seus freqüentadores, através dos trajetos que eles estabelecem para utilizá-la. Apresenta, ainda, sugestões para que a Biblioteca Pública do Estado do Amazonas melhor se coloque sob o olhar da comunidade manauense, criando, assim, uma atmosfera de fácil utilização, a partir da concepção de um serviço de informação voltado verdadeiramente para seu público. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 6 BARBALHO, Célia Regina Simonetti. Sob o olhar do usuário: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas. São Paulo, 2000. 234 p. Tese (Doutorado em Comunicação e Semiótica), Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2000. AABSTRACT BSTRACT This study aims at describing the visibility assumed by libraries, grounded on concepts drawn from discursive semiotics, before the community they serve, by listing the characteristics relative to their internal and external divisions, architecture, facade, signaling and location, from the viewpoint of the user, thus highlighting, the meaning effects these libraries cause in their public, later recovering the historical path of the State of Amazonas Public Library – BPEAM, and, specifically, its visibility starting from its creation, in 1870, as Reading Room up to today, examining not only its characteristics, but also its users, through the pathways they adopt in using it, as well as presents suggestions so that the State of Amazonas Public Library be better placed under the perspective of the Manaus community, creating thus a user-friendly atmosphere from the standpoint of an information public service truly geared towards its public. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas A M a r c e l o S a n to s B a r b a l ho pelo vazio das ausências ocorridas durante o desenvolvimento deste trabalho e A P a u l o C a b r a l B a r b o sa cujos valores de vida me ensinou através de nossa convivência, Dedico 7 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 8 Ao nível superior e a todas as forças imateriais que nos apóiam e amparam em todos os momentos de nossa vida, A Ana Claudia Mei Alves de Oliveira, que acreditou ser possível me conduzir carinhosamente para atingir meu objetivo, À Família Simonetti Barbosa, pela força, compreensão e amparo em todas as horas, Á Família Barbalho, companheira e generosa em todos os momentos da caminhada, Aos amigos que, sem nomeá-los para não correr o risco de esquecer de algum, fortaleceram e embalaram meus sonhos, Aos colegas do Departamento de Biblioteconomia da Universidade do Amazonas e, em especial, ao amigo Raimundo Martins de Lima por suas incansáveis discussões na “hora da carona”, na indicação de textos e leituras que tanto fortaleceram e influenciaram esse trabalho, Agradeço SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 9 S UMÁRIO SUMÁRIO EEPÍGRAFE PÍGRAFE FFOLHA OLHA DDE E AAPROVAÇÃO PROVAÇÃO RRESUMO ESUMO AABSTRACT BSTRACT DDEDICATÓRIA EDICATÓRIA AAGRADECIMENTOS GRADECIMENTOS iii iv v vi vii viii OO CCAMINHO AMINHO DDOS OS OOLHARES LHARES 10 UUM M OOLHAR LHAR SSEMIOTIZADOR EMIOTIZADOR 13 30 17 39 As máscaras da informação pública A vazante da leitura pública no Amazonas Tempestades de sentido UUM M OOLHAR LHAR PPANORÂMICO ANORÂMICO Espaço demarcado Ritos ambientais Valorizando o uso Valorizando a solução inteligente Valorizando o vigor existencial Valorizando a diversidade Nomeando os destinos UUM M OOLHAR LHAR DDIRECIONADO IRECIONADO A distribuição espacial do conjunto arquitetônico O interior do conjunto arquitetônico Os quatro tipos de usuários do conjunto arquitetônico Usuário transcritor: um olhar míope Usuário dissimulador: um olhar superficial Usuário incidental: um olhar atento Usuário pesquisador: um olhar perspicaz UUM M OOLHAR LHAR SSUGESTIVO UGESTIVO Por um dabacuri na Biblioteca pública Serviços local Serviço extencionista Metamorfoses do encantamento Nas asas da borboleta 44 47 83 84 87 91 95 99 111 126 131 143 150 153 155 157 164 166 169 175 182 202 UUM M NNOVO OVO OOLHAR LHAR 212 ÍÍNDICE NDICE EE RREFERÊNCIAS EFERÊNCIAS DDAS AS IILUSTRAÇÕES LUSTRAÇÕES 216 RREFERÊNCI EFERÊNCIA S BBIBLIOGRÁFICAS IBLIOGRÁFICAS IA AS 224 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 10 O AMINHO D OS O LHARES OC CAMINHO DOS OLHARES O interesse pelo estudo da visibilidade da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas – BPEAM é decorrente de reflexões sobre o modo como esse pólo cultural de pesquisa e leitura está colocado na comunidade manauense para o exercício de sua primeira vocação: a de estimular o desenvolvimento do amazonense. Oriunda do discurso de uma criança de doze anos que, em entrevista a um jornal local, definiu a BPEAM como um lugar para ler, escrever, entender e imaginar, tais reflexões se tornaram inquietações a partir da releitura da modernidade das cinco leis de Ranganathan3 propostas por Nice Figueiredo4 em um artigo publicado em 1987. Para o teórico indiano, a biblioteca é um organismo vivo que se integra à comunidade a partir do atendimento das demandas particularizadas de seus usuários que deverão ser atendidas à medida de suas expectativas. Contudo uma questão se coloca como norteadora de tais inquietações e reflexões: como o usuário de uma biblioteca pública a percebe a ponto de dirigir-se a ela para solucionar seu problema informacional no atual estágio da sociedade da informação? Deparamos-nos então com uma questão pouco vista, se não desprezada mesmo, pela Biblioteconomia, mas que se mostrou basilar para o entendimento do uso ou não uso da biblioteca pública pela comunidade onde está inserida. O modo como o usuário vê a instituição, entende-a como um organismo capaz de fornecer a informação que ele deseja e busca, não se assemelhava com um estudo comum na área até porque busca entendê-la a partir do olhar do usuário e não das expectativas do profissional que atua no órgão. 3 Shiyali Ramamritam Ranganathan, matemático, professor e, posteriormente, bibliotecário da Universidade de Madras na Índia. Entre 1924-25 cursou a Escola de Biblioteconomia na College University, em Londres, quando visitou mais de 120 bibliotecas inglesas em estágios diferenciados de desenvolvimento e criou as cinco leis basilares para a prática bibliotecária que são: os livros são para uso; a cada leitor seu livro; a cada livro seu leitor; economize o tempo do leitor; uma biblioteca é um organismo em crescimento, publicadas na clássica obra The five laws of library science, de 1967. 4 FIGUEIREDO, Nice. A modernidade das cinco leis de Ranganathan. p. 186-191. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 11 Com esse posicionamento em mente, elegemos os pressupostos teóricos da semiótica discursiva para nos amparar nessa pesquisa, pois esses nos permitem de um lado definir os dispositivos que organizam as relações de visibilidade da BPEAM e nossas proposições para ela a partir desses, de outro permite entender como os percursos e os seus elementos constituintes estruturam as situações de comunicação de um “saber” e de um “fazer” entre os sujeitos (dimensão cognitiva e dimensão pragmática). A princípio, detivemos-nos a examinar o conteúdo histórico do surgimento da leitura pública no Estado do Amazonas a partir da criação de uma sala de leitura que, posteriormente, viria a transforma-se na Biblioteca Pública – nosso objeto de estudo, na expectativa de perceber os reais valores que permearam o nascimento da instituição. Caracterizamos genericamente tais órgãos a partir da vasta literatura nacional sobre o tema e delineamos o perfil, missão, função e objetivos da biblioteca pública no cenário contemporâneo, de modo a perceber qual deve ser, atualmente, seu papel social nas comunidades onde está inserida. Nessa perspectiva, delineamos os elementos que, a nosso ver, influenciam o olhar físico do usuário, bem como analisamos o modo como ele expressa seu olhar. Entendemos que o motivo que o leva a entrar na biblioteca é expresso pelo trajeto que ele faz até encontrar a solução de seu problema informacional e que o mesmo é influenciado pela disposição espacial interna e externa. Dessa forma, detivemos-nos, no segundo capítulo, a entender como as fachadas, o ambiente e a sinalização estão colocados nas mais diversas bibliotecas do mundo visando a constituir elementos para o estudo do nosso objeto, fruto da análise realizada no terceiro capítulo – Um olhar direcionado. Uma vez identificados e analisados os elementos que a BPEAM utiliza para se mostrar para seu usuário, passamos a tecer um quadro sugestivo para, do nosso ponto de vista, qualificar esse se fazer ver e resignificar a instituição para o público ao qual se destina. Esta pesquisa não tem a pretensão de esgotar o assunto, senão introduzi-lo no universo da semiótica discursiva, sob cujas bases acreditamos estarem os elementos possíveis de análise da relação SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 12 de visibilidade das bibliotecas, relação essa que necessita ser mais bem explorada e conhecida pelo profissional que atua nessas agências de informação. Toda a pesquisa nos revelou muitas surpresas, quer pelas dificuldades e relutâncias do despojamento dos princípios que já havíamos construído em quinze anos de formação profissional, quer pelo descobrimento da fantástica forma com que a semiótica discursiva nos coloca diante dos objetos que serão analisados. Nesta pesquisa, isso representou setenta horas de observação in loco dos trajetos no interior da BPEAM, onze visitas em bibliotecas no Brasil e dez no exterior além do estudo de trinta e oito projetos arquitetônicos selecionados na literatura nacional e internacional. Esse foi o desafio a que nos submetemos e que resultou nessa tese de doutoramento, início para outras pesquisas que essa nos indica percursos. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 13 U MO LHAR S EMI OTIZADOR MIIOTIZADOR UM OLHAR SEM R eunir, organizar, preservar e disponibilizar informações5 é a função de instituições culturais denominadas de bibliotecas6, cuja missão é promover, mais amplamente possível, o acesso ao saber registrado nos mais variados suportes de modo a contribuir, pela pluralidade de atividades que oferece à geração de conhecimento nos mais diversos segmentos de público da comunidade a qual se destina. Para cumprir o papel que lhe foi milenarmente destinado, o de intermediadora entre as demandas comunitárias e os recursos informacionais existentes, a rigor, é necessário: a) delinear seus objetivos, suas políticas e atividades de modo a tornar-se um organismo partícipe da vida social; b) possuir um acervo que responda às mais variadas demandas informacionais, bem como meios para mantê-lo atualizado; c) estabelecer os mecanismos para sua organização e sistematização de forma a ser um sistema articulado da representação do saber; d) conhecer e caracterizar sua comunidade de usuários, reais ou potenciais, de modo a contemplar suas diferentes necessidades; e Neste estudo, o termo informação está sendo utilizado conforme definição da Federação Internacional de Documentação (FID), ou seja: “todo conhecimento de natureza técnica, econômica, mercadológica, gerencial, social, etc. que, por sua aplicação, favoreça o progresso na forma de aperfeiçoamento e inovação” (Aguiar, 1991, p. 8). A mesma acepção é também utilizada por Cardoso (1989), que define informação como conhecimento sobre alguém ou algo que é retirado da natureza, da cultura ou da sociedade e que só adquire sentido se relacionado ao processo de comunicação (interação entre sujeitos sociais para compartilhamento de informações). É ainda utilizada por Chiavenato (1993) que, em alusão à Teoria da Informação, elaborada por Shannon em 1975, a postula como conhecimento que permite orientar a ação ou reduzir a margem de incertezas que cerca as decisões cotidianas. 6 Outros organismos culturais trabalham no sentido de reunir, tratar, preservar e disseminar a informação registrada, como os museus e arquivos, entretanto, estes tratam da organização e preservação de documentos históricos, administrativos e culturais de uma empresa (pessoa jurídica) ou de um indivíduo (pessoa física), enquanto que aqueles exibem todo tipo de objeto que apresente interesse histórico, técnico, científico ou artístico, de modo a conservar e preservar coleções/acervos, permitindo o contato com peças únicas que são, na maioria das vezes, bi ou tridimensionais. 5 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 14 e) ter um espaço, físico ou virtual, para expor seu acervo, atender a seus usuários e desenvolver suas atividades. Logo, para ser vista como um organismo ativo e partícipe da vida social, a biblioteca deve buscar, através da memória coletiva por ela reunida, equacionar as necessidades de informação da comunidade, mapeando suas demandas informacionais de modo a oferecer ao usuário um encontro com a cultura e com o saber. De fato, a biblioteca não deve ser simplesmente uma coleção organizada de livros que os disponibiliza quando solicitados, mas sim um espaço de convívio e de socialização dinâmico. Para promover mais adequadamente o saber de acordo com a heterogeneidade do público, ela, grosso modo, está subdividida em área específica do conhecimento que servem a usuários especializados (bibliotecas especializadas) ou acervos especiais, como os em braile (bibliotecas especiais); coleções que buscam favorecer o desenvolvimento das atividades de ensino, pesquisa e extensão de funcionários, discentes e docentes de instituições de ensino superior (bibliotecas universitárias); acervos gerais que estão postos para suprir a necessidade de informação de toda a comunidade (bibliotecas públicas) e acervos que agrupam obras que dão suporte às atividades educacionais dos escolares do ensino médio e fundamental (bibliotecas escolares). A esta tipologia devem ser incluídas as bibliotecas nacionais. A função dessas é reunir, conservar e difundir a memória do país, utilizando-se de dispositivos legislativos que possibilitem a formação do patrimônio informacional nacional como o Depósito Legal7. Tais modelos, caracterizados pela coleção e pelos usuários, também se diferenciam pelos serviços que oferecem e que deverão estar em conformidade com o nível e a diversidade de seu público. Dentre os serviços oferecidos atualmente pelas bibliotecas e sem a pretensão de ser uma listagem exaustiva, os relacionados a seguir são aplicáveis a ambientes públicos, escolares, universitários e especializados de acordo com suas particularidades: O Depósito Legal, instituído inicialmente na França, determina o envio à Biblioteca Nacional dos exemplares de obras impressas ou publicadas em qualquer lugar de um país, seja qual for a sua natureza e seu sistema de reprodução. 7 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 15 a) orientação dos usuários quanto ao uso da biblioteca e seus serviços, incluindo visitas orientadas e cursos que servem para instruir no manejo e na prática da pesquisa bibliográfica8; b) consulta local às obras disponíveis; c) empréstimo domiciliar; d) empréstimo entre bibliotecas; e) acesso à base de dados da biblioteca; f) acesso à base de dados externas seja em rede, on line, em CD-ROM, of line ou em material impresso; g) levantamento bibliográfico; h) assistência às necessidades informacionais com resposta questões simples e especificas; i) indicação de outros serviços de informação; j) fornecimento de cópias, inclusive de material existente em outras bibliotecas, como o COMUT no Brasil, por exemplo; k) sumários correntes, boletins de alerta ou outros serviços que sintetizam novas aquisições para os usuários, antecipando-se à sua busca; l) divulgação e facilitação do uso da biblioteca através de impressos, de um ágil sistema de comunicação visual, entre outros, com o objetivo de familiarizar o usuário com o ambiente e facilitar o seu acesso; m) tratamento da informação; n) reserva de obras; o) encontro com autores; p) promoção de eventos culturais como exposições e concursos, por exemplo; q) divulgação de obras literárias através de eventos como a hora do conto, da poesia, da crônica; r) normalização bibliográfica; s) livraria; t) cafeteria, lanchonete, etc. A constituição de uma biblioteca, sua missão, objetivos, função, papel, tipologia e serviços acima elencados visam, sobretudo, a operar transformações nos estados de saber do usuário, elevando seus 8 Um exemplo desse serviço é o Ateliers d’intiation à la recherche documentaire, desenvolvido pelo setor pedagógico da Biblioteca Nacional da França cujo objetivo é permitir o conhecimento dos mecanismos de busca da informação através dos meios eletrônicos, inclusive a Internet. (Retirado do site http://www.bnf.fr/web-bnf/pedagos/rechdoc.htm, em 05/03/1999). SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 16 níveis de modo a se colocar no papel de solucionadora dos problemas culturais, informacionais, educacionais e de lazer da comunidade. Mas, como a biblioteca, mais especificamente a biblioteca pública, se coloca para ser vista por seu público? Como o público a vê? Quais as estratégias que ela se utiliza para se pôr sob o olhar de seu público de modo a fazer com que ele queira ser um usuário real? É justamente para tratar dos regimes de visibilidade da biblioteca pública, mas pormenorizadamente da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas – BPEAM, cujo surgimento examinaremos a seguir, que nos lançamos nesta pesquisa amparada pelos referenciais da semiótica discursiva9 cuja perspectiva de apreensão da realidade significante engloba texto10 e contexto que, indissociavelmente articulados entre si, são capazes de mostrar o que o texto diz e como faz para dizer o que diz, com vista à construção do todo de sentido. 9 Há, pelo menos, três grandes teorias semióticas atualmente. Uma elaborada a partir dos estudos do norte-americano Charles Sanders Peirce; outra que reúne os estudos do russo Iuri Lotman e da Escola de Tartu e a última que se construiu na França a partir da obra do pesquisador lituano-francês Algirdas Julien Greimas. Para este estudo, a linha adotada é a da escola francesa. 10 Neste estudo, o entendimento de texto está estreitamente ligado à concepção semiótica que o vê como uma malha entrelaçada de relações que dá sentido e que possibilita uma comunicação, uma interação entre o que é expresso, a forma como é expressado e o conteúdo do que é expresso. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 17 A vazante11 da leitura pública no Amazonas12 A Sala de Leitura que serviu de núcleo para o posterior surgimento da Bibliotheca Pública Provincial do Amazonas foi criada pela Lei nº. 205 de 17 de maio de 1870, com a missão de “auxiliar na alfabetização e na educação da classe estudantil e culta da cidade de Manaós” como destacou o senhor Clementino José Pereira Guimarães em seu discurso de inauguração, nove meses após a promulgação da lei. Instalada no sobrado alugado, onde funcionava o Lyceu e a Diretoria de Instrução Pública, a Sala de Leitura foi fruto das reivindicações da elite intelectual manauense que, formada na Europa, ressentia-se da ausência de um espaço destinado à leitura pública o que, segundo Mitsy Westphal Taylor13, também ocorreu no Brasil colonial do final do século XVIII quando “magistrados, professores e administradores brasileiros formados em Coimbra e estabelecidos posteriormente no Brasil, dão início à formação das sociedades literárias, acadêmicas, gabinetes de leitura e liceus. As bibliotecas retratam a formação humanística de seus idealizadores. Predominavam textos em francês nas áreas de direito, literatura, filosofia, política e legislação além de textos em química, física, mineralogia, botânica e medicina, em inglês e latim.” A Sala de Leitura da Província do Amazonas resultou do empenho pessoal do senhor Gustavo Ramos Ferreira, intelectual que exerceu o cargo de Presidente da Província, Deputado, Presidente da Assembléia Legislativa Provincial e Diretor de Instrução Pública quando a inaugurou, com 1.200 obras importadas, sendo parte doadas pela comunidade e as demais compradas no livreiro B. L. Guarnier na Corte, e, concebida a partir do modelo europeu que se caracterizava por dispor de um pequeno espaço em uma sala ou um corredor para abrigar estantes, mesas de leitura, decorada com uma mobília confortável e O termo vazante está sendo empregado, nesse momento, no sentido utilizado pela vida que transcorre no interior da Amazônia quando do período em que o nível das águas do rio baixa, após a enchente. Esse período é marcado, na realidade local, pela alegria do verão, pela fartura e a abundância do plantio e da colheita em um solo fortificado pela enchente que depositou os nutrientes e pela época das grandes pescarias nos rios com níveis de água baixos. 12 O resgate histórico apresentado nesse item baseia-se nas obras de Genesino Braga, Nascença e vivência da Biblioteca do Amazonas, de Ednea Mascarenhas Dias, A ilusão do fausto e de Otoni Moreira Mesquita, Manaus: história e arquitetura, utilizadas como fontes secundárias e em documentos primários existentes no acervo da BPEAM, todos relacionados na bibliografia. 13 TAYLOR, Mitsy Westphal. Bibliotecas públicas e sociedades periféricas. p. 17. 11 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 18 um ambiente agradável, muito comum nas livrarias francesas e portuguesas do final do século passado. Tal influência, como nos relata Genesino Braga, era de se esperar já que “nos grande centros europeus, faziam moda, nessa época os “Gabinetes de Leitura” ou “Salas de Leitura”. O figurino europeu não poderia deixar de exercer sua influência, como tantas outras iniciativas contemporâneas, na composição da nova biblioteca. Vinham de lá os livros, na sua grande maioria; vinha o modelo de organização, vinha a cultura. A formação intelectual de nossas elites bebia no manancial dos grandes centros de irradiação cultural que eram Londres, Berlim, Paris, Roma e Viena, passando por Lisboa. Alguns de nossos intelectuais funcionários do Governo, homens de negócios, contavam estágio de freqüência em universidades estrangeiras, ou viagens demoradas pelas capitais do Velho Mundo, de modo que, por seus estudos, ou em resultado de observações durante as estadas nos grandes meios, conheciam algo do que se processava na organização das biblioteca”.14 Com efeito, a implantação do modelo europeu efetivou-se em uma cidade que possuía três bairros e comércio com cinqüenta e sete lojas que comercializavam, além de alimentos, perfumes, tranças crespas, botinas, paletós, chapéus, linhos e veludos procedentes da França, de Londres, de Roma, enfim das principais capitais européias, recebia as novidades através das freqüentes chegadas de barcos a vapor que provinham à cidade, inclusive, dos jornais de Paris. Ao ser alocada no Lyceu, a Sala de Leitura assume sua função educacional, uma das quatro funções da biblioteca pública que serão abordadas posteriormente, procurando despertar, nos leitores manauenses, especialmente nos alunos da escola ou em qualquer outra pessoa que desejasse freqüentála, o hábito e o gosto pela boa leitura, intenção essa retratada no discurso do senhor Wilkens de Matos, quando da abertura dos trabalhos legislativo da Província em 1870, conforme afirma Genesino Braga. Ora, naquela época, a cidade de Manaus possuía 27.610 habitantes15, 680 alunos freqüentando as dez escolas existentes na Província, o que representava 3% da população, um índice de analfabetismo superior a 79% e um Regimento Interno, publicado no jornal de maior circulação na cidade, o Amazonas de 25/03/1871, que determinava seu funcionamento no horário de 9:00 às 15:00 horas, além de se responsabilizar pelo fornecimento de papel, tinta e pena aos leitores que desejassem tomar algum apontamento e de franquear o acesso gratuito a todos que se enquadrassem nas seguintes condições: 14 15 BRAGA, Genesino. Op. Cit. p. 43. Idem. p. 28 e 29. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 19 “apresentar-se decentemente vestido; não fumar, não conversar e nem perturbar por forma alguma o silêncio e a tranqüilidade na sala”16. Para quem então, de fato, a Sala de Leitura se enunciava? De quem ela buscava captar o olhar e a freqüência? Chartier e Hébrard, ao analisarem os discursos sobre a leitura no período de 1880 a 1980 na Europa, esclarecem que: “quaisquer que sejam as intenções que presidam ao seu nascimento, a biblioteca é um dispositivo evidente de controle das leituras populares; controle conservador, reformista ou revolucionário, conforme o caso, mas sempre um controle privado ou público, conforme o Estado esteja ou não presente, mas sempre um controle daqueles que ainda não sabem ler bem, ou escolher seus livros; daqueles que não se deveria deixar a sós para enfrentar os perigos de certas leituras no universo cada vez mais amplo do texto escrito.” 17 Cotejando a fala dos autores acima com o cenário da Manaus que fez surgir a Sala de Leitura, pode-se afirmar que ela foi criada mais para transformar o já leitor em leitor acompanhado, ampliando a oferta de obras disponíveis na cidade instalada no meio da selva, do que propriamente para criar novos leitores e promover amplamente a instrução e a leitura públicas uma vez que somente 21% da população da cidade do final do século XIX era possuidora do saber-ler e esse número se torna mais reduzido ainda quando destacada a origem das obras, quase sempre em outro idioma. Com efeito, tal argumento é reforçado pela tese de Ednea Mascarenhas Dias para quem o projeto traçado pela municipalidade, que inclui a Sala de Leitura, não contemplou a totalidade da população, privando, grande parte dela, de água potável, rede de esgoto, higiene, educação e saúde. Desta forma, o espaço aberto para leitura pública se mostra e para um coletivo que, em número reduzido, é alfabetizado, que sabe ler em outro idioma e que possui o comportamento exigido pelo Regimento Interno. Embora ela tenha surgido com a missão de ser um meio capaz de auxiliar na educação, ela trata desiguais como iguais e torna-se visível somente a uma minoria da população, a quem verdadeiramente se destina, por possuir competências para utilizá-la. 16 17 BRAGA, Genesino. Nascença e vivência da biblioteca no Amazonas, p. 39. CHARTIER, Anne-Marie, HÉBRARD, Jean. Os discursos dos bibliotecários. Em: Discursos sobre a leitura. p. 119. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 20 O poder-fazer da comunidade da época, não só impulsionou a criação, mas também estabeleceu a qualidade deste processo, o que estava em conjunção com os anseios de crescimento da cidade e com o nível de cultura almejado por uma sociedade que educava seus filhos em países europeus. Os moldes do exterior influenciaram também os anseios dos dirigentes locais, impulsionados pela intelectualidade da Província. De fato, a criação da Sala de Leitura se enquadrava no novo projeto de cidade traçado pela municipalidade que buscava transformar Manaus em um lugar moderno, agradável e que para tal fez deslanchar uma ampla reforma em todos os setores. “O modelo de inspiração foi a Europa, especificamente Paris, como os boulevards, pontes de ferro, mercados, calçamentos, os grandes magazines”, os quais serviram de exemplo para criar uma nova cidade a partir de outra que universalmente era aclamada como um verdadeiro modelo de civilização da época, como esclarece Ednea Mascarenhas Dias18. Tudo foi concebido de modo a introduzir a modernidade na cidade que se autodenominou de Paris dos Trópicos e que substituiu a madeira pelo ferro, o barro pela alvenaria, a palha pela telha, o igarapé pela avenida, a carroça pelos bondes elétricos, a iluminação a gás pela luz elétrica, fazendo chegar ao porto de lenha o progresso com sua visão transformadora, como ainda expõe a autora, mostrando ser possuidora do saber-poder-fazer sua trajetória que faria ser vista como uma metrópole moderna instalada no seio da Amazônia. É claro que o projeto da nova cidade não se limitou à transformação urbana. Ele requeria também mudanças nos comportamentos e costumes da população, inserindo, desta forma, a Sala de Leitura, o teatro, as pontes de ferro, a pavimentação das ruas, entre tantas outras, já que Manaus precisava deixar de ser um lugar dedicado ao comércio, onde a maior parte dos moradores jamais havia aberto um livro e desconhecia todo e qualquer tipo de ocupação intelectual e possuía hábitos não desejáveis, relata Ednea citando Alfred Russel Wallace em sua obra Viagens pelos rios Amazonas e Negro19. O autor comenta 18 19 DIAS, Ednea Mascarenhas. A ilusão do fausto. p. 46. Idem, p. 66. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 21 “como era de se esperar nessas circunstâncias, a moda é de suas maiores preocupações [da população]. Aos domingos, na missa, trajam-se todos em grande estilo (…) Depois da missa, é hora de visitas de cerimônia, quando todo mundo vai à casa de todo mundo, e lá ficam comentando os escândalos que se acumulam durante a semana. A comunidade civilizada tem os costumes mais decadentes possíveis”. Nota-se, pelo que o autor o qual Ednea Mascarenhas deixa falar, que se pretendia, de fato, era introduzir uma mudança comportamental nos hábitos da população de uma cidade cujos governantes sonhavam em transformá-la em uma grande urbe. Para tal, conceber uma Sala de Leitura significava associar à imagem desejada de cidade, um símbolo de cultura que, em vista da sua pouca utilização desapareceu onze anos mais tarde, junto com o sonho da municipalidade de atender a uma grande demanda educacional da população, sem, contudo, analisar a diversidade da comunidade de modo a contribuir para a superação de suas deficiências culturais. Contudo, antes da Sala de Leitura encerrar suas atividades, Domingos Monteiro Peixoto, presidente provincial anunciou, segundo Otoni Mesquita, em março de 1874, o final das obras do Palacete Provincial (Figura 01), ficando nele instalados o Lyceu, a Biblioteca Pública, a Assembléia Provincial, a Repartição de Obras Públicas e o Tesouro Provincial. Assim, instalada, a biblioteca mostra-se como um órgão de relevada importância para a cidade uma vez que se aloja junto a instituições que representam o poder financeiro, legislativo e executivo da municipalidade. Figura 1 - Prédio do Palácio Provincial, hoje Quartel da Polícia Militar Em 1882, assume o governo da Província o Dr. José Paranaguá, que entrou para história do estado pelas grandes, importantes e imponentes obras de sua administração. Coube a ele o lançamento da pedra fundamental do Teatro Amazonas, a fundação do Museu Botânico Amazonense, o restabelecimento do Instituto de Educandos Artífices, entre outras obras. O ponto que as une e que merece destaque é a preocupação com o incentivo à cultura e às artes. Não poderia, então, ficar fora do projeto SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 22 cultural desse governante a Bibliotheca Pública Provincial, criada por ele em 03 de março de 1883, em substituição a já extinta Sala de Leitura, e incorporando, dessa, o acervo. Sob orientação de Paranaguá, vieram, diretamente da Europa, obras de editores parisienses e foi autorizada a organização de uma seção para obras amazônicas. Assim, reinaugurada em 1883, a Bibliotheca Pública Provincial foi alojada no consistório, ao lado oriental da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, a catedral de Manaus. O local não pode ser desconsiderado. A instalação de uma biblioteca na catedral, instalar uma biblioteca, não deixa de colocar no mesmo nível dois templos sagrados já que para a igreja convergem os passeios dos citadinos dessa época que, no sacro horário de domingo ao entardecer, comparecem ao ato social da santa missa, conforme já relatado por Alfred Russel. A igreja se estabelece como lugar de adoração a Deus e ponto de encontro da comunidade; a biblioteca, que se coloca no segundo piso do templo, conduz o leitor pela escada especialmente construída para dar acesso a ela e o eleva à cultura, à erudição. A inauguração foi acontecimento marcante na cidade. À noite, comemorou-se no Teatro Beneficente que, posteriormente, quando de sua construção definitiva, foi denominado de Teatro Amazonas, a grande ocasião com a presença do primeiro bibliotecário, o abolicionista Lourenço Pessoa, conforme relata Genesino Braga. Também para assinalar a modernidade do ato, houve a entrega de cartas de alforrias na solenidade. Não se pode deixar de lembrar que a Província do Amazonas foi a segunda no país a libertar seus escravos e que tal fato está retratado, hoje, em uma gigantesca tela colocada no átrio superior da BPEAM. Assim, a entrega de cartas de alforrias na inauguração da biblioteca constrói um enunciado qualificador de Manaus que, à imagem intelectualizada da sociedade, associa a sua conduta de avanço nas idéias sociais e de igualdade. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 23 Uma vista da cidade desse final do século XIX permite, não só ver a localização privilegiada da biblioteca, mas também faz notar a localidade iluminada e com os trilhos do transporte público e, apesar da alta temperatura local, a figura masculina porta terno e chapéu. Figura 2- Imagem do lado oriental da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, onde se localizava a sala destinada à Biblioteca Pública Provincial Quanto à importância do patrimônio arquitetônico que representa a Igreja da Matriz, Otoni Moreira Mesquita20, em sua obra Manaus: história e arquitetura, destaca: “A Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição foi a primeira grande obra arquitetônica construída em Manaus e a mais importante do período provincial. Apesar do crescimento da cidade nas últimas décadas, o edifício conseguiu manter uma posição de destaque na visualidade da paisagem. A igreja está localizada sobre uma pequena elevação em frente ao porto da cidade. A sua aparência é bastante simples, com predomínio de linhas retas, sendo quase destituída de elementos ornamentais. Sua estrutura construtiva é baseada no tradicional caixote greco-romano e o traçado de sua fachada segue as linhas do estilo neoclássico”. Por sua vez, a biblioteca, com essa localização espacial junto ao templo, passa a desfrutar da imagem sacra, do culto ao santuário que, associativamente, incorpora e assume a metáfora de templo do saber. Com efeito, Genesino Braga aponta que, em agosto de 1883, ela fora freqüentada por 244 pessoas no horário estabelecido pelo novo regimento, de 18:00 às 21:00 horas; e, em 1887, para ter sua coleção divulgada, conhecida e vista pela coletividade é publicado o Catálogo da Bibliotheca Pública do Amazonas (Figura 3), com 226 páginas e organizado pelo sistema do francês Jacques-Charles Brunet. Com isso, a biblioteca mostra sua competência para elaborar, com base em um método científico, seu catálogo e de se ofertar ao usuário tornando-se vista através da adoção de mecanismos que disseminam o seu acervo. Figura 3 - Folha de rosto do Catálogo da Bibliotheca Pública do Amazonas, impresso em 1887 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 24 Em 1888, a Biblioteca Pública foi transferida para o prédio definitivo e recém-inaugurado do Liceu Provincial, onde passaria a ocupar uma das salas do pavimento superior, por ordem do cônego Raimundo Amâncio de Miranda, 3º Vice-Presidente da Província, confirmando, pela localização, sua função educacional, muito discutida pela literatura biblioteconômica da época segundo a revisão apresentada por Susana Mueller21. Para a autora, nesse período, a biblioteca pública teve por meta educar as classes baixas e promover a instrução pública. O antigo Liceu Provincial (Figura 04), posteriormente Gymnasio Amazonense Pedro II e atualmente Colégio Estadual do Amazonas, é um dos raros exemplares típicos da arquitetura neoclássica em Manaus, que se destaca na paisagem da cidade por apresentar-se como uma grande obra que, à vista das edificações existentes na época, compunha o cenário de uma cidade disposta a enfrentar os desafios educacionais postos à capital que, escondida na floresta, mantinha-se no sério propósito de se expandir e tornar-se uma metrópole. Ao ser alocada nesse espaço, a biblioteca não só mostrou-se capaz de contribuir para a formação do manauense, mas também deixou-se ver como um indispensável aparato para a instrução pública, alojada de modo a colocar-se em um prédio bastante visível na teia urbana da cidade do final do século XIX. Figura 4 - Liceu Provincial Otoni Mesquita22, ao falar do prédio do Liceu, afirma que: “A planta baixa do prédio e sua fachada são simétricas, gerando um equilíbrio visualmente previsível e, também, por compromisso com o estilo, são raros os elementos ornamentais em sua fachada, produzindo um aspecto um tanto austero. O edifício tem dois andares sobre um alto porão e segue a estrutura da antiga "caixa" greco-romana, também muito utilizada durante o Renascimento”. MESQUITA, O . M. Manaus: história e arquitetura. p. 70. MULLER, Suzana. Bibliotecas e sociedade. p. 7-12. 22 Op. cit. p. 94. 20 21 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 25 O estilo caixa citado pelo autor, muito comum na arquitetura dos palácios citadinos e públicos da Inglaterra, representa o paladianismo surgido no renascimento tardio (1550 a 1600) e no barroco italiano (1590 a 1750). Inspirado na Antigüidade romana, reduz a decoração das fachadas e procura proporções nítidas e rigorosas. Entre suas características principais, encontra-se a ordem colossal (pilares que ocupam dois ou mais andares) e a serliana (abertura na parede formada por um arco sobre colunas ou pilares ladeados por duas aberturas retangulares cuja arquitrave é da mesma altura da imposta do arco), conforme explica Wilfried Koch23, na obra Dicionário dos Estilos Arquitetônicos. Apresenta nítida semelhança com a descrição da primeira geração de edifícios de bibliotecas, a ser abordado posteriormente, e influenciou o projeto do prédio que, mais tarde, seria construído para instalar a BPEAM onde ela se encontra até os dias atuais. Novamente a Biblioteca Pública é instalada junto a uma instituição de ensino o que a qualifica como cumpridora de sua função educacional, motivo para o qual foi criada. Tal como está disposta, ela passa a atuar mais próximo ao seu destinador inicialmente estabelecido, disseminando o saber registrado e cumprindo o contrato inicialmente estabelecido para os órgãos de sua natureza e papel, daquela época, tornando-se vista, principalmente pela parcela da coletividade que freqüenta o Liceu. Em período posterior, ao retratar sua preocupação com as constantes mudanças da biblioteca, que não possuía espaço próprio, o historiador Bento Terreiro Aranha24, citado por Genesino Braga, desabafa: “com a ascensão do regime republicano, essa instituição [a biblioteca], que tanto se já recomendava às intelectualidades no nosso seleto e crescente meio social, foi pouco a pouco se extinguindo, devido às mudanças de uma para outras casas e aos enormes desvios de livros de suas estantes, por incúria, desleixo e desídia dos seus diretores (…). A Bibliotheca do Amazonas, se tivesse sido dirigida com educação e zelo, probidade e patriotismo, seria hoje senão a primeira das existentes no Brasil …” 23 24 KOCH, Wilfried. Dicionário dos estilos arquitetônicos. p. 188 Apud BRAGA, Genesino. Nascença e vivência da biblioteca no Amazonas, p. 78. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 26 Nota-se, pela crítica de Terreiro Aranha, que a situação em que se encontrava a Biblioteca Pública incomodava a comunidade a qual ansiava por cobrar por um destino mais digno para a instituição. Isso nos mostra, de certo modo, que ela já possuía um certo grau de visibilidade na comunidade levando o governador Eduardo Ribeiro, na mensagem de 1º de março de 1896, a nomear um novo diretor e transferila para uma casa alugada na Praça da Constituição, sendo dois anos mais tarde novamente transferida para o prédio da recém-criada Repartição de Estatística, Arquivo Público e Biblioteca, na rua do Progresso. Tais transferências chamam-nos a atenção por dois fatores. O primeiro é que ela passa a ocupar um prédio em via pública movimentada que a aproxima da comunidade em geral e a torna mais visível pela facilidade de acesso. O segundo é quanto a sua ligação com a Estatística e o Arquivo Público, associandoa a instituições cujo caráter não é mais o educacional, mas o de fornecedoras de informações histórica, científica, artística, entre outras. O fato é que tal associação a integra em outra função das bibliotecas públicas que é a informacional, o que só seria recomendado para tais instituições a partir de meados do século XX. Contudo, no relato das atividades executadas em 1898, do responsável pela Secretaria de Estado onde se encontrava agregada a Repartição de Estatística, Sr. Pedro Freire, encaminha mensagem ao governador destacando que: “… é tempo de pensar seriamente na necessidade de dotar-se esta capital com uma Bibliotheca bem organizada (…) consignando na lei orçamentaria verba suficiente para acquisição de um prédio apropriado (…). O prédio em que ela tenha que ser installada demanda de construcção adequada aos seus fins, com acomodações regulares para salas de estudo”25. No discurso da administração governamental, vê-se expressa a preocupação com a biblioteca uma vez que, próxima de entrar no século XX, a capital do Amazonas estava praticamente transformada, com aparência de uma cidade mais européia, resultado do projeto anteriormente traçado, servida por alguns dos melhoramentos e serviços típicos (iluminação a gás, sistema de saneamento efetuado pela engenharia inglesa, sistema de transportes através de bondes, etc.) das modernas sociedades em prosperidade. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 27 Experimentavam-se as “delícias do consumo” num delírio característico da belle-époque e ostentava-se uma situação de riqueza e progresso ao almejar um estágio mais elevado de desenvolvimento e civilização, que retrataria a inserção na modernidade. A época, denominada como o período áureo da borracha, é assim chamada em função do ciclo econômico que causou grandes transformações na região devido à exploração e comercialização da goma elástica produzida pelo látex extraído da seringueira, que introduziu a prosperidade na sociedade amazonense a partir da última década do século XIX. Outros fatores, no entanto, contribuíram para criar na cidade o espírito próprio da belle-époque como a proclamação da República, a imigração nordestina que vinha em busca dos empregos gerados pela exploração extrativista, o incremento da navegação a vapor que possibilitou maior intercâmbio entre a isolada capital e o resto do mundo, a evolução da indústria automobilística que necessitava da borracha para produção de pneus e a administração do Governador Eduardo Ribeiro. O governo de Eduardo Gonçalves Ribeiro foi marcado pelo estabelecimento de um novo projeto para uma cidade que estava em plena expansão de sua economia e vivia um período próspero. Nessa época, pela projeção de crescimento vislumbrada pelo governo, cabia a Manaus estruturar-se para o aumento da população e para os prósperos anos que estavam por vir. No último ano desse governo, efetuou-se a compra do terreno que, mais tarde, seria ocupado pelo prédio definitivo da Biblioteca Pública. Esse terreno abrigava um estábulo público e estava situado ao lado do que, posteriormente, viria a ser Imprensa Oficial do Estado do Amazonas. Um novo projeto de biblioteca se delineia a partir da necessidade de inserir a cidade em um novo tempo, como expõe Ednea Mascarenhas Dias26, “o estabelecimento de uma biblioteca e de escolas públicas em Manaus está na razão direta da preocupação de mostrar, segundo padrão da elite extrativista, o grau de desenvolvimento e progresso que a cidade está atingindo. A antiga biblioteca dos tempos provinciais já não apresenta instalações 25 26 AMAZONAS. Secretaria de Interior. Relatório. p. 02-31. DIAS, Ednea Mascarenhas. A ilusão do fausto. p. 82. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 28 condizentes com a modernização; prédio improvisado, em ruínas, ameaçando desmoronar, acervo deteriorando-se, ausência de freqüentadores”. Pode-se observar que, entre o ressurgimento dos sonhos de uma sociedade opulenta e próspera idealizada pelo governante, uma das obras consideradas indispensáveis para o bem estar coletivo é a biblioteca pública o que, decerto, qualifica a cidade criando para si um símbolo de cultura existente nas metrópoles. O projeto de uma cidade desenvolvida perpassa pela necessidade de proporcionar à população o contato com a cultura expressa pela construção do Teatro Amazonas, ou pelo estabelecimento de um local definitivo para uma biblioteca que, transferida para diversos locais, não consegue servir, ainda, de um órgão capaz de contribuir para o crescimento intelectual da população e, dessa forma, colocar-se definitivamente para ser vista pelo público. Assim, em 1905, é inaugurado o prédio definitivo da BPEAM, momento em que fazemos uma pausa na descrição do histórico da biblioteca em virtude da análise de seu prédio ser objeto de estudo do Capítulo 3, no qual trataremos de examinar os regimes de visibilidade da instituição no momento presente. ***** Uma vez instalada em definitivo, a biblioteca pública, sonho de uma comunidade que, no interior da Amazônia, mostra ser competente para tal, faz-se necessário compreender, no contexto atual, quais as funções destinadas a estes órgãos de modo a constituir elementos que permitam o entendimento dos regimes de visibilidade da BPEAM hoje, bem como construir referenciais, que nos permitam analisar sua perfórmance na sociedade manauense. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 29 As máscaras da informação pública As discussões em torno do desmascaramento da informação pública visam, sobretudo, a contextualizar sua função no mundo contemporâneo, introduzindo-a em uma ampla compreensão da temática desse estudo cujo objeto é a Biblioteca Pública do Estado do Amazonas. Para este estudo, a função de uma biblioteca verdadeiramente pública é promover o desenvolvimento do contexto social onde atua. Para tal, no ambiente plural e multifacetado onde se insere, deverá atender aos diferentes tipos de usuários que possuem múltiplas necessidades e características que variam entre o infantil e o adulto, o alfabetizado, o neo-alfabetizado e o não-alfabetizado, o recluso e o livre, o hospitalizado, o deficiente físico e visual, entre tantos outros. De fato, para intervir na vida social e gerar conhecimento que promova o desenvolvimento, a biblioteca pública deve atuar em ambientes não homogêneos e sim multifacetados, formados por núcleos com divergências profundas que se diferenciam por condições como: grau de instrução, nível de renda, religião, interpretação dos códigos formais de conduta moral e ética, acesso à informação, confiança no canal de transferência, codificação e decodificação do código lingüístico comum, entre outros como os arrola Aldo Barreto27. Viabilizando o acesso ao conhecimento, a biblioteca busca contribuir para o crescimento do público e, conseqüentemente, a agir no fazer educativo, cultural, social e econômico da sociedade, de um modo mais amplo. O surgimento da biblioteca pública nos países anglo-saxões em meados do século XIX é um dos fenômenos mais importantes para a história da biblioteca, que foi criada, fundamentalmente, sob o preceito de que deveria proporcionar a educação, através da leitura, dos indivíduos que vivem na comunidade onde se instala. Sua trajetória é pontuada pela adoção de diferentes funções, como as distingue Mitsy Westphal Taylor28: inicialmente educacional, no final do século XIX, posteriormente introduzida, a de lazer e cultura 27 28 BARRETO, Aldo. Os destinos da ciência da informação. p. 3. TAYLOR, Mitsy Westphal. Bibliotecas públicas e sociedades periféricas. p. 11-13. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 30 na primeira metade deste século, e finalmente, a de agente social de informação, na segunda metade do século XX. Com efeito, ao cumprir as quatro funções básicas – educacional, de lazer, cultural e informacional –, a biblioteca pública passa a desempenhar verdadeiramente o seu papel público, especialmente quando busca atender as demandas coletivas e se oferecer como um espaço de encontro com o saber através da integração de tais funções que não se efetivam isoladamente. Dessa forma, cabe à função educacional da biblioteca pública, contribuir para o crescimento progressivo do indivíduo , auxiliando-o, através do contato com os artefatos que dissemina, a transpor os limites do conhecimento que já possui de modo a promover a instrução pública seja ela demandada pela educação formal, não formal ou informal. No que tange à função de lazer, cabe à biblioteca ser capaz de proporcionar o entretenimento e a diversão de seu público seja através da leitura descompromissada e de livre escolha de um romance, um jornal, uma revista, um gibi, por exemplo, com objetivo de promover o relaxamento e a recreação do indivíduo ou ainda através da oferta de atividades como cine-clube, jogos interativos e educativos, hora do conto, leitura para cegos além de espaços destinados para um bate papo, para audição de fitas-cassete, discos, entre outros. A função cultural é dinamizada através da organização de exposições, promoção de debates, palestras, círculo de estudos, oficinas de arte, realização de dramatizações ou encenações teatrais, enfim, atividades que, relacionadas à sua ação cultural, sejam capazes de promover o contato, a participação e apreciação de diversas manifestações culturais de modo a deixar falar seu público e a contribuir para salvagardar e disseminar a identidade cultural da sociedade em um mundo em rápida mutação. A última função estabelecida para a biblioteca pública, a informacional, está diretamente relacionada à sua condição de fornecedora de informação captada nas mais variadas fontes, de modo confiável, rápido e eficiente, visando a atender a uma demanda que prescinde do texto impresso, mas que SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 31 tem origem nas necessidades prementes e momentâneas do público que a freqüenta, tais como, indicação de emprego, localização de organismos governamentais ou não, burocracias para se tirar documentos, entre tantas outras. As funções que fizeram emergir a biblioteca pública, quando efetivamente cumpridas, visam a ampliar sua participação na vida comunitária e a aumentar sua utilidade social de modo a se tornar visivelmente pública. Contudo a palavra público, na modernidade, toma o sentido de um direito social, patrocinado pelo Estado o qual tem a função de zelar pelo bem-estar coletivo. Destaca-se, entretanto, que 95% da população que freqüenta a biblioteca pública no Brasil, é composta de alunos do ensino fundamental e médio que a buscam para efetivarem suas “pesquisas”, verdadeiras cópias sem uma reflexão sobre o material lido, o que não contribui, de forma alguma, para a geração de conhecimento, conforme expõe a totalidade dos autores que tratam dessa temática, determinando uma ampla predominância de sua função educacional. Em sua maioria, as bibliotecas públicas são mantidas pelo poder estatal e visam a dar acesso ao conhecimento, mas se utilizam de estratégias que não atingem a grande parte do coletivo que a despreza por não conhecê-la, com ela não se identificar. Isto é conseqüência da má qualidade do acervo e dos serviços que são oferecidos, dos horários em que está disponível para consulta ou até mesmo porque a comunidade a vê como uma “repartição pública”, do governo e não como uma agência capaz de agir no sentido de promover o desenvolvimento social. Mas, se o fato de ser uma instituição mantida pelo estado não a torna pública, qual será então o modo de sê-la? Tomando por base os jogos de situações e posições de comunicação propostos por Eric Landowski29, temos o objetivo de estudar os modos que a biblioteca pública emprega para se tornar visível na comunidade. Interessa-nos, pois, tratar seu regime de visibilidade que postulamos é formador de sua identidade. A noção de público semiotizada pode ser tomada no sentido de sua visibilidade, isto é, da 29 LANDOWSKI, Eric. Jogos ópticos: situações e posições de comunicação. Em: A sociedade refletida. p . 85-101. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 32 posição de comunicação que a biblioteca assume perante sua comunidade. Em função desse seu situarse, é que ela pode ou não tornar-se vista e, conseqüentemente, ser ou não reconhecida por aqueles aos quais ela se destina. O que torna uma biblioteca visível é sua perfórmance ou o seu fazer. Oferecer serviços, ser útil e servir à população mediante o entendimento de suas reais necessidades informacionais, direcionar os seus recursos e serviços em prol do desenvolvimento coletivo seriam os seus papéis narrativos. Entretanto a maioria das bibliotecas públicas não são, sequer, percebidas pelas comunidades onde estão inseridas, o que leva a pensar que elas não conseguem impor um regime de visibilidade, não conseguem definir seus traços de identidade junto à comunidade, ou seja, não conseguem pôr em discurso as estruturas semio-narrativas que abstratamente as definem. Ora, se uma identidade é o que pode nos tornar reconhecíveis perante os demais através de características que nos são próprias, a biblioteca, para obter tal reconhecimento e estabelecer sua identidade, deve assumir-se como uma instituição posta a serviço das transformações coletivas, sendo fundamental não restringir suas atividades no seu recinto, mas sim buscar uma ampla convivência com seus usuários de modo a compreender seus estilos de vida, suas carências para atender às suas expectativas e necessidades. Se não há um assumir de identidade da biblioteca é por ela não conhecer ou buscar conhecer a de seus próprios usuários que são grupos socialmente diversificados, diferenciados e mutáveis em suas motivações. Identidade, afirma Landowski, define-se em relação à alteridade. Com efeito, a biblioteca pública deve ser capaz de diagnosticar seus públicos potenciais e transformá-los em reais, cumprindo, assim, sua finalidade social básica que é a de integrar, pela leitura, pelo lazer, pela educação, pela informação, os indivíduos à sua comunidade, à sociedade e ao tempo em que estão vivendo; só assim se fará ver e ser vista por todos. Ademais, para se tornar vista a partir de um articulado projeto unificador de realidades diversas, a biblioteca pública deve ser atrativa, quer pela qualidade de seu acervo, quer pela variedade dos serviços SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 33 que oferecerá para desmistificar a aculturação do texto escrito, como também deve privilegiar os mais diversos suportes de modo a trabalhar na direção de um público não-leitor, aumentar e diversificar seus canais de comunicação, procurar não se tornar indiferente para com as reais necessidades da comunidade, trabalhando no sentido de ser um lugar para o usuário e não um lugar só para os livros. Para assumir este modo de existência, a biblioteca tem que pôr-se à disposição de um público de todas as idades e de diversas categorias sócio-profissionais, alocando a sua coleção e seus serviços nos hospitais, nas prisões, nas empresas, nos estabelecimentos bancários, comerciais, entre tantos outros locais, de forma a proporcionar o máximo de possibilidades de consultas. De que modo, então, a biblioteca pública poderá obter uma identificação com a sua comunidade sendo vista como algo útil pela multiplicidade de usuários de seu habitat social – adolescentes, crianças, iletrados, desempregados, idosos, deficientes, presidiários, hospitalizados, trabalhadores, entre tantos outros? O Manifesto da UNESCO30 sobre as bibliotecas públicas destaca como sua missão: 1. 2. 3. 4. 5. Criar e fortalecer hábitos de leitura nas crianças, desde a primeira infância; Apoiar a educação individual e a auto formação, assim como a educação formal em todos os níveis; Assegurar a cada pessoa os meios para evoluir de forma criativa; Estimular a imaginação e a criatividade das crianças e dos jovens; Promover o conhecimento sobre a herança cultural, o apreço pelas artes e pelas realizações e inovações científicas; 6. Possibilitar o acesso a diferentes formas de expressão cultural das artes pelo espetáculo; 7. Fomentar o diálogo inter-cultural e, em especial, a diversidade cultural; 8. Apoiar a tradição oral; 9. Assegurar o acesso dos cidadãos a todos os tipos de informação da comunidade local; 10. Proporcionar serviços de informação adequados às empresas locais, associações e grupos de interesse; 11 Facilitar o desenvolvimento da capacidade de utilizar a informação e a informática; e 12. Apoiar, participar e, se necessário, criar programas e atividades de alfabetização para diferentes grupos etários. Percebe-se que as recomendações da UNESCO lançam a biblioteca pública ao encontro das necessidades comunitárias, já que elas apontam para a integralização das mensagens em seus mais 30 UNESCO. Manifesto da UNESCO sobre a biblioteca pública. p. 159-160. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 34 variados suportes e meios, de modo que a informação não seja apenas assimilada, mas processada e reelaborada criticamente, buscando viabilizar a conquista do saber. Com efeito, o sentido de formar e informar um indivíduo e sua comunidade é o de desenvolver sua subjetividade, o de permitir a sintetização do saber evitando a cristalização da ação, da razão e da emoção humana, tendo a informação como meio e a biblioteca como viabilizadora deste processo. As bibliotecas públicas, como as demais instituições, não estão separadas do restante da sociedade. Elas têm que atuar junto ao seu usuário e ser um lugar de efervescência de idéias e ações a partir da conjugação dos verbos informar, discutir e criar, propostos por Luiz Milanesi31, completando assim um ciclo de ações capaz de promover o saber. No que diz respeito à constituição do acervo, observa-se que este sempre foi constituído a partir dos valores da elite intelectual que, a princípio, especialmente no Brasil, pautavam-se em modelos europeus e, por conseguinte, as coleções das primeiras bibliotecas públicas brasileiras foram importadas, principalmente, da França e em idiomas que a grande maioria da população sequer conhecia como afirma Cecília Leite Oliveira32 ao descrever que, no acervo da primeira biblioteca pública brasileira, a do Estado da Bahia, “estavam presentes autores clássicos e obras especializadas, na sua grande maioria em francês ou inglês, importadas da Europa” e complementa, “embora na gênese da Biblioteca Pública da Bahia estivesse a idéia de que ela fosse um instrumento para promover a instrução popular, a prática apresentou-se completamente diferente. Seu público ficou restrito aos leitores que dominassem um segundo idioma. A grande maioria da população brasileira, era analfabeta não havendo espaço para ela naquele lugar onde só cabiam pessoas ricas e letradas” Posteriormente, dada à escassez de recursos e à falta de identificação dos reais interesses da comunidade, os acervos passaram a ser compostos por doações ou pela aquisição de obras selecionadas de acordo com os valores dos profissionais que executam esta atividade e que nem sempre estão integrados com as demandas dos usuários. 31 32 MILANESI, Luís. A casa da invenção. p. 172-185 OLIVEIRA, Cecília Leite. Biblioteca pública: centro convergente das aspirações comunitárias. p. 19 e 20. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 35 A leitura ainda é considerada, pela grande maioria das bibliotecas públicas, como uma habilidade de decifrar códigos e os livros supervalorizados, sendo raro os casos que dispõem de recursos audiovisuais ou que realizam práticas inovadoras como cursos, por exemplo, com objetivo de atender às demandas da comunidade pela qual quer ser vista, espera ser estimada, apoiada e prestigiada, mas coloca-se fora do alcance do olhar do usuário uma vez que se mantém alienada dos interesses locais, reclusa em suas quatro paredes sem dinamizar suas relações com a comunidade que anseia por receber aquilo que ela, de fato, deveria ofertar: cultura, lazer, educação e informação. ***** O objetivo da biblioteca é proporcionar ao indivíduo a assimilação da informação capaz de gerar conhecimento modificador e inovador que altere seu desconhecimento da realidade e proporcione um encontro com o saber. Contudo, a comunicação que se dá entre o usuário e a biblioteca não se restringe à transferência da informação. Ao contrário do que se imagina, esse é o fim de um processo que se inicia com o modo como ela se enuncia para o usuário, como ela instala, nesse enunciar, sua competência para equacionar problemas de educação, lazer, cultura e informação, tornado-se vista por todos. Isso pode ocorrer tanto pela oferta de serviços fundamentais para a comunidade, o que faz com que a biblioteca se torne útil e seja vista pelo usuário como no caso os serviços extensionistas da caixaestante ou do carro-biblioteca, quanto pela visualidade de sua comunicação estética, política e funcional manifestada pela fachada, pelo lay out, pela ambientação, pela iluminação, enfim, pelos elementos que, seduzindo o olhar físico do usuário, o faz aceitar o convite, de querer consultá-la e utilizá-la. É, no segundo aspecto – o da comunicação estética, política e funcional do espaço físico –, que se ocupa esta pesquisa, com o intuito de entender como, porque, para que e de que forma o usuário deixa-se ou não envolver pelas estratégias que a biblioteca instala em seu ambiente. Contudo, se cabe à biblioteca pública sensibilizar, atender, difundir o saber de modo a contribuir para o desenvolvimento hegemônico de uma comunidade heterogênea, de que maneira sua organização SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 36 espacial pode ser capaz de manipular, de comunicar-se com este público, de modo a torná-lo, de fato, usuário? Como se dá o processo de comunicação entre o público e o ambiente da biblioteca? Até que ponto a ambientação favorece ou desfavorece as escolhas do usuário? O que é capaz de influenciar o olhar do usuário e produzir ou não o uso da biblioteca? A partir do que é possível entender, descrever e interpretar a heterogeneidade de comportamentos no interior da biblioteca? Estas questões, norteadoras desta pesquisa, têm por objetivo entender como a perfórmance do ambiente da biblioteca é capaz de dirigir a sua utilização a partir do estudo do comportamento do usuário. A Biblioteconomia, há muito tempo, vem dedicando-se ao estabelecimento de critérios que viabilizem estudos sobre o comportamento do usuário sobretudo do uso feito da informação, das fontes e dos serviços oferecidos, chamando-os de estudos dos usuários, que passaram a ser realizados nas bibliotecas americanas a partir de 1947 como decorrência da evolução do Serviço de Referência e dos conceitos de consumidor e mercado introduzidos pelo surgimento da filosofia administrativa do marketing e do planejamento estratégico. Tais estudos buscam traçar um perfil de demanda por determinados assuntos e pelo uso da informação, ou se interessam pela relação entre produtividade e desempenho da informação utilizada, ou, ainda, visam à obtenção de conhecimento a respeito da satisfação do usuário e do desempenho da biblioteca, o que permite classificá-los como estudos de uso, de demandas e de necessidades de informação pelo usuário. Tratam, portanto, de deixar falar o público da biblioteca de modo a perceber os processos e mecanismos de manuseio da informação por ela armazenada e não de analisar comportamentos que possibilitem o entendimento da utilização espacial da instituição biblioteca. Com efeito, Odília Rebello33, ao discutir amplamente as abordagens que devem conduzir ao conhecimento do comportamento do usuário na biblioteca, sugere que tais estudos dêem-se a partir dos pontos de vista interno e externo. Quanto ao interno, a autora sugere que eles analisem os valores de necessidades, demandas e uso da informação em sí, relacionando-as com a utilização dos recursos 33 REBELLO, Odília Clark P. Usuário – um campo em busca de sua identidade? p. 86. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 37 informacionais. Do ponto de vista externo, estes deverão deter-se no entendimento do usuário como intérprete do ambiente da biblioteca com o qual ele se comunica, interage e efetua o uso, resultado do estudos sobre o espaço físico e da compreensão de que diversos são os modos dele viver a biblioteca – o que pode provocar uma tempestade, uma abundância de sentidos –, e o trajeto, resultado desta vivência, é a pista trilhada que mostra o modo como ele interpretou e interagiu com o ambiente. Com efeito, se tomarmos o espaço como lugares repletos de objetos naturais e artificiais que se articulam para produzir significados e conduzem à sua utilização, podemos assumi-lo como pleno de sentido capaz de emitir uma linguagem espacial passível de ser descrita e interpretada dada às reações dinâmicas que provoca em seu destinador. Visto desta forma, o espaço passa a ser entendido a partir da relação dos sujeitos com outros objetos que produz significação e que é passível de uma análise, como propõe a autora acima. Assim, passíveis de análise, o espaço e o trajeto necessitam ser definidos, discutidos e entendidos para que, sob a ótica deste estudo, possam ser vistos como portadores de sentido, como um texto na concepção semiótica. É especificamente sobre isso que trataremos a seguir. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 38 Tempestades de sentidos As variedades de acepções sobre o espaço dão margem a generalizações que envolvem tanto realidades físicas, quanto lugares concretos, e abstrações metaforizadas que se reportam a sensações, qualidades e julgamentos que passam a compor os espaços cognitivos, ambos passíveis de apreensão pelo sujeito que o interpreta e dá-lhe significado. Neste contexto, tanto lugares cognitivos refletem o concreto, quanto esses são influenciados por aqueles e emitem significados que podem operar uma tempestade de sentidos. Definir o espaço, sobretudo o concreto, é aceitá-lo pela sua materialidade, pelo que os lugares, de fato, são, como o campo, a cidade, o bairro, o edifício, a sala e que reúne uma forma susceptível de erigir uma linguagem espacial que permite falar de uma coisa diferente do espaço em si, da mesma forma que a linguagem sonora, por exemplo, não tem a função de falar dos sons, como explica Greimas34. 34 GREIMAS, Algirdas Julien. Por uma semiótica topológica. Em: Semiótica e ciências sociais. p. 116. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 39 O espaço pode ser tomado, na visão semiótica, enquanto texto – uma organização orgânica de sentido. Como o texto, o espaço envolve: a) O fixo, que vai do mais amplo ao mais restrito, ou seja, do arranjo territorial (localização das cidades, dos países), passando pelo arranjo urbano (a cidade em si, seu bairros, suas regiões), pela aglomeração das construções, seus contextos, localizações, pela arquitetura dos aparelhos urbanos, sua técnica construtiva, seu estilo e, por fim, pela composição das estruturas internas, suas divisões, seu mobiliário; e b) O móvel, resultado do uso do espaço, do movimento do homem, sua circulação no elemento fixo, sua mobilização corporal que revela a dinâmica do espaço afetada pela interface das pessoas com seu ambiente. Ambos elementos, fixo e móvel, interagem com a percepção visual, auditiva, olfativa e térmica, permitindo vivenciar, experimentar e a interpretar o espaço. Ao determinar suas coordenadas pessoais dentro do espaço fixo, o homem cria zonas de distâncias ou de aproximação, estabelecendo o que Edward Hall entende ser uma dimensão oculta que delimita implicitamente os limites de deslocamento do corpo e sua relação com outros corpos. Desenvolvida entre as décadas de 50 e 60 e denominada de proxêmica, a teoria de Hall baseia-se no estudo do território pessoal como um espaço mínimo onde as relações humanas se dão, de modo a permitir a interação interpessoal. O autor aponta quatro distintas zonas de distância em que as pessoas vivem, que são a pública, a social, a pessoal e a íntima. Tais zonas, quando visitadas pelos estudos de Julius Panero e Martins Zelnik35, podem ser percebidas conforme a Figura 5 e são a soma das intenções, interações, conhecimentos e comportamentos sociais que regem o espaço pessoal. Figura 5 – Zonas de distâncias propostas por Edward Hall (1966) 35 PANERO, Julius, ZELNIK, Martins. Las dimensiones humanas en los espacios interiores. p. 39. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 40 A semiótica entende por proxêmica36 uma disciplina que analisa a disposição dos sujeitos e dos objetos no espaço, bem como as significações resultantes do uso que tais sujeitos fazem do espaço. Para explorar a linguagem espacial, ela se preocupa em entender os critérios que organizam tais relações, considerando que as percepções são provenientes do mundo exterior – exterioceptividade –, mas que estão relacionadas a pressupostos individuais de cada sujeito – interioceptividade –, que são resultantes da percepção que ele, o sujeito, possui de seu próprio corpo no espaço – proprioceptividade37. Com efeito, a relação homem-espaço é construída pelo que é visto na forma externa e interpretado a partir do repertório pessoal de cada sujeito, ou seja, pelo modo como ele vivencia, absorve e julga o que está posto no ambiente mostrando, através de seus movimentos, os valores que o fizeram definir sua trajetória. Jean-Marie Floch38, ao analisar os trajetos dos viajantes do metrô de Paris, afirma que “un trajet n’est pas une suite gratuite de mouvements et de stationnemnts, une pure gesticulation. Choisir d’analyser sémiotiquement les trajets des voyageurs, c’est postuler qu’ils ont du sens, même si l’on ne sait pas encore comment articuler celui-ci comment en construire la signification.” Para o semioticista francês, os trajetos são textos, semioticamente falando, e as diferentes formas de vivê-los constituem programas de ação que correspondem ao percurso narrativo mínimo do transeunte, assim visto, o trajeto é marcado pela seqüência de atos do sujeito que o realiza. O sujeito transeunte deve obter as competências necessárias à ação e execução de sua perfórmance, fazendo co-existir um ser que vê e um ambiente que se propõe a ser visto. Os trajetos, ao se concretizarem, mostram uma seqüência macro-gestual (em movimento versus parado; lento versus acelerado) ou proxêmica (próximo versus distante) postulada no sentido da busca de algo e, portanto, constituído de valores para um sujeito que os tornam objeto de valor. De fato, a escolha 36 GREIMAS, Algirdas Julien, COURTÉS, Joseph. Dicionário de semiótica. p. 359-360. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 41 do trajeto indica táticas de uso do ambiente, movimentos/gestos próprios que a estruturação da biblioteca faz fazer. Nesse sentido, a biblioteca pode ser vista como um sujeito competente, um actante que, para semiótica, é aquele que sofre ou realiza o ato39, podendo ser seres ou pessoas, já que participa do processo através da organização do percurso que deseja que o sujeito-usuário percorra. Contudo o trajeto do usuário da biblioteca resulta de uma escolha proveniente da exterio e interioceptividade dele, mantendo a relação do corpo do sujeito com o espaço utilizado – proprioceptividade. Com efeito, o usuário, ao determinar sua rota, mostra claramente o modo como vê e vivencia a biblioteca, como a percebe, e ela, ao se colocar na condição de enunciadora, assume o modo como articula o que deseja que o usuário faça. Sob este aspecto, é que residem os esforços deste estudo, compreender que os trajetos dos usuários de um serviço público de informação são resultantes do regime de visibilidade que o constrói, do modo como ele se põe para ser visto e vivido, o que permitirá estabelecer uma tipologia comportamental que indique como ele é visto e apreendido pelo coletivo heterogêneo. Eleger o trajeto do usuário de uma biblioteca pública para estudo implica, inicialmente, reconhecer que ele necessita ser possuidor de habilidades que permitirão o seu encontro como objeto-valor procurado e que existem duas trajetórias passíveis de análise: uma que diz respeito aos deslocamentos físicos no ambiente da biblioteca e à outra que representa o percurso intelectual realizado pelo usuário para identificar a obra, o assunto a ser lido. De fato, o percurso intelectual é resultante da consulta às obras para localização do assunto a ser pesquisado que é desenvolvido, minimamente, através de um programa que envolve a identificação do tema, a localização no acervo, a leitura ou as leituras necessárias que permitem a assimilação da informação. Enquanto que o percurso físico envolve o deslocamento no espaço; a construção lógica de uma passada após a outra necessária para que os corpos movimentem-se no interior Idem. p. 175, 239 e 357. FLOCH, Jean-Marie. Êtes-vous arpenteur ou somnambule? Em: Semiotique, marketing e comunication. p. 22. 39 GREIMAS, Algirdas Julien, COURTÉS, Joseph. Dicionário de semiótica. p. 12. 37 38 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 42 da biblioteca. Tal percurso decomposto mínima e linearmente, efetiva-se pela entrada do usuário na biblioteca seguida do deslocamento até o catálogo ou até o atendente, a recuperação da informação no acervo, a retirada e posse da obra para leitura no salão onde se efetua sua consulta e dá-se o encontro com o objeto-valor buscado, a informação. O trajeto de consulta é subjetivo, pois depende da necessidade e do entendimento individual e é manipulado no interior do catálogo, pela indexação e pela catalogação. Um usuário que busca, através do assunto, uma obra sobre marketing poderá encontrar uma remissiva do tipo “ver também mercadologia”, por exemplo. Já o trajeto físico pode ser manipulado pela ambientação à medida que orienta o deslocamento do usuário e deve, portanto, agir como um adjuvante de seu fazer. Reconhecer a existência dos dois trajetos significa que, ao se deter no estudo do trajeto físico, essa pesquisa buscará, a partir da análise dos regimes de visibilidade da BPEAM, propor um refuncionalizar dessa instituição pública de modo a ampliar sua interação com a comunidade amazonense. O presente estudo pretende ser inovador quando, ao analisar o trajeto como percepção do comportamento espacial e cinestésico não se detiver, como visto anteriormente, no estudo do movimento do usuário no interior de uma biblioteca pública, até porque ele acontece no espaço fixo, instalando, nele, sua ação. Com efeito, o trajeto como uma forma de estudo do comportamento do usuário objetiva analisar as dificuldades de integração, levantar a cartografia do percurso de modo a explorar positivamente os pontos fortes e fracos do meio ambiente e estruturar, com competência, os recursos disponíveis, de forma a possibilitar o uso adequado da biblioteca e perceber, no espaço fixo e no móvel, o que, de alguma forma, influencia o olhar do usuário. Instalar um olhar sobre o trajeto implica focalizar a lente da análise sobre os elementos que, externa e internamente, são captados pelo usuário e que são determinantes da posição de comunicação SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 43 que a biblioteca assume para se tornar visível. Tais elementos – o arquitetônico, a ambientação e a sinalização –, compõem um olhar panorâmico que examinaremos a seguir. U MO LHAR PPANORÂMICO ANORÂMICO UM OLHAR P ara persuadir o olhar do usuário de modo a obter sua adesão e, conseqüentemente, sua disposição em utilizá-la, a biblioteca se coloca para ser vista, inclusive, pelo modo como ocupa o espaço que é manifestado através da localização de seu edifício, da sua arquitetura exterior a qual busca transmitir ao público a importância das atividades que ocorrem em seu seio, bem como através da concepção, desenho e funcionalidade da arquitetura de seu SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 44 interior, sua ambientação e sua sinalização. De fato, os arranjos dos espaços interno e externo são, de certo modo, formas de a biblioteca se fazer ver, como um pólo de cultura. Um olhar panorâmico dedica-se a examinar os regimes de visibilidade que bibliotecas em diversos países instalam através dos seus textos espaciais sem, contudo, investigar aquela que é objeto de nosso estudo. Tal estratégia objetiva chamar a atenção para as construções das outras bibliotecas para que, ao cotejá-las no próximo capítulo com a existente em Manaus, ampliarem as possibilidades de entendimento do modo de se fazer ver da biblioteca amazonense. Para desencadear tal exame, a princípio, faz-se necessário entender que a enunciação não é apenas o lugar de um só sujeito, mas o lugar de um sujeito complexo: um eu em relação com um outro, ambos localizados num contexto referencial, como afirma Lúcia Teixeira40. Logo, o sujeito que enuncia – a biblioteca –, ao mesmo tempo em que se projeta no discurso, para marcar sua encenação, instala nele aquele a quem o discurso é enunciado – o usuário –, e constitui, como ainda esclarece a autora, duas instâncias de poder entre as quais circulam não só uma fala, mas também um contexto em que se definem papéis e uma estratégia argumentativa que marca a finalidade do discurso, de modo que a enunciação enunciada pela biblioteca se constitui de um conjunto de marcas identificáveis que objetivam sua apreensão pelo usuário, remetendo-o à instância da comunicação que lhe é dirigida e para qual, pelos procedimentos de enunciação, ele é convocado a entrar em relação. Analisar, portanto, o olhar do enunciador é mais do que encontrar as marcas espalhadas; é mapear as redes de relações formais e os efeitos de sentido decorrentes, é elencar suas estratégias de persuasão, ou seja, é na “cena enunciativa”, entender os valores investidos no discurso – preâmbulo de como a biblioteca deseja ou não ser legível, apropriada, descoberta pelo seu usuário. Entretanto, antes de proceder qualquer análise, faz-se necessário entender que, ao enunciar-se pelo espaço, a biblioteca o faz através de uma das duas acepções que a semiótica possui sobre ele. A 40 TEIXEIRA, Lúcia. As cores do discurso. p. 92. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 45 primeira, espaço lingüístico, é determinada pelo momento da enunciação através de marcas instaladas no enunciado, ou seja, é o espaço dos actantes. A segunda, o espaço tópico, é ao mesmo tempo “lugar que se fala e dentro do qual se fala”41, isto é, o espaço pluridimensional onde os corpos estão dispostos. Com efeito, o espaço lingüístico se distingue do tópico pela existência, no primeiro, de demonstrativos e advérbios que desvelam a cena enunciativa situando a presença do actante no discurso, enquanto que o outro está relacionado com o sentido de uso do espaço produzido e/ou consumido pelo homem, descrevendo-o e interpretando-o. Para analisar as manifestações do espaço tópico, faz-se necessário perceber inicialmente que: a) o espaço construído, não necessariamente edificado, é lugar do homem, feito pelo homem, para o homem. Nele estão contidas suas inseguranças/seguranças mais elementares e, portanto, sua disposição torna-se portadora de sentido, de significados; b) a distribuição espacial, sua circulação, sua continuidade ou contrates, sua modernidade ou monumentalidade, são manifestações de uma intenção, de uma provocação, que mostram o modo de ser e de agir de uma sociedade; e c) o espaço social é determinado pelo comportamento, conhecimento e aspirações de uma sociedade, tornando-se um produto de suas necessidades. Assim visto, o estudo do espaço pode ser realizado a partir de duas abordagens distintas. A primeira, que engloba os itens A e B, focaliza os processos pelos quais a sociedade se inscreve no espaço, a forma como ela o constrói, efetivando as transformações que o amoldam para o seu uso. A segunda, item C, envolve o sentido que o espaço dá à sociedade, ou seja, no processo contrário ao anterior, é o modo como o espaço revela a sociedade. A esse sentido dual, Greimas42 o denominou respectivamente de significante espacial e significante cultural que constituem dimensões susceptíveis de análise. 41 GREIMAS, Algirdas Julien. Por uma semiótica topológica. In: Semiótica e ciências sociais. p. 117. 42 Idem. p. 118 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 46 As análises sobre as articulações de sentido do espaço, em ambos os casos, permitem a compreensão de como ele está estruturado, como os homens organizam sua sociedade e como a concepção e uso que o homem faz do espaço sofrem mudanças tendo em vista que um destinadorprodutor o constrói para que um destinatário-leitor interaja com o seu objeto-mensagem, o que resulta na sua produção enquanto artefato. O espaço pode ser considerado como um texto que produz significações e caracteriza-se como objeto de comunicação, uma vez que é portador de uma infinidade de significações que proporciona seu uso e inter-relaciona o destinador e o destinatário. Uma vez que o espaço-artefato é fruto de um projeto, de uma proposta, de uma intenção, Greimas43 identifica como princípios imanentes de sua produção os elementos estético, político e racional que, implícitos em toda obra, devem ser ponto de partida para qualquer leitura que venha a ser feita sobre ele. Isto permitirá o exame do sentido da manifestação textual através da análise de seus princípios geradores que comportam o significante espacial e o sentido profundo do texto. De fato, a manifestação ocorrida no espaço, vista pela sua globalidade, permite leituras que só podem ser concebidas a partir da desarticulação do todo em suas partes construtivas, o que possibilita que os valores em jogo sejam tratados, como propõe Greimas, pelos três sistemas – estético, político e racional –, que visam à análise de conceitos como belo e feio, bom e mau, útil e inútil. A análise estética, que articula o sentido de “feio” e “bonito”, é uma categoria abstrata que irá valerse da harmonia, da composição, do equilíbrio e do ritmo para mostrar o sentido. A análise política articula a relação do espaço com o projeto de sociedade pretendido e revela a dinâmica social da ocupação do ambiente. A análise racional atenta-se para compreensão da função ou disfunção que a obra arquitetônica mostra. Uma vez apreendido o estatuto que mediatiza a construção do espaço pelas categorias gremasianas, outras combinações necessitam ser elencadas para auxiliarem no entendimento das 43 Idem p. 115-141. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 47 estratégias utilizadas pelo produtor do texto-espaço, como destaca o próprio autor ao considerar que a significação se constrói sobre a diferença, mas se erige sobre a identidade de um determinado ambiente44. Coelho Neto45, em sua obra A construção de sentido na arquitetura, elenca os “eixos organizadores de sentido do espaço” que permitem a decomposição descritiva de modo a desarticular o todo que são: interior vs exterior; privado vs comum; construído vs não construído; artificial vs natural; amplo vs restrito; vertical vs horizontal e geométrico vs não geométrico. Ao se estabelecer uma relação de contrariedade entre os dois termos permite-se a identificação e descrição dos traços do ato da enunciação no produto enunciado. De certo modo, os elementos propostos por Greimas complementam-se através dos eixos de Coelho Neto e, quando associados, permitem a ampla interpretação do sentido do texto–espaço, contribuindo sobremaneira para o entendimento dos valores e competências gerados pelo enunciado espacial e reconstituem as marcas da enunciação. A análise da organização lógica do enunciado espacial da biblioteca, a partir do que propõem os autores, permitirá leituras integralizadoras conferindo significado àquilo que o usuário vê. Ao contemplar as manifestações do espaço fixo, externo e interno, este capítulo se deterá, em seguida, na decomposição do sujeito biblioteca, a partir do que propõe Greimas e Coelho Neto, visando a entender as estratégias que ela se utiliza para se fazer ver. À medida que, tanto a ambientação quanto a sinalização influenciam também o fazer interpretativo deste olhar, os estudos de Jean-Marie Floch sobre a ideologia dos móveis analisada no texto La maison d’Epicure, capítulo da obra Identité visuelles, subsidiarão o estudo sobre os efeitos de sentido que a ambientação da biblioteca produz no usuário, e os de John Kupersmith, que possui os mais significativos estudos, na literatura americana sobre a constituição de um sistema de sinalização para bibliotecas, sendo 44 45 Cf. FIORIN, José Luiz. As astúcias da enunciação. p. 32-39. COELHO NETO, José Teixeira. A construção de sentido na arquitetura. p. 6-74. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 48 referenciado nos mais diversos trabalhos que tratam do tema, bem como os de Reynolds e Barrett autores da obra inglesa Signs and guiding for libraries, publicada em 1987, que trata da pragmática dos sistemas de sinalização de biblioteca, serão basilar para a composição dos estudos apresentados neste capítulo. São estes elementos – arquitetura interna e externa, ambientação e sinalização –, que se colocam no espaço fixo da biblioteca, determinam a circulação em seu espaço móvel, influenciam e manipulam o deslocamento do usuário, sua mobilização corporal e mostram como a dinâmica do espaço afeta a utilização de seu ambiente que se dá através do olhar interpretativo daqueles que a freqüentam, tendo em vista que “l’analyse qui prévalait alors était, précisément, de refuser les dispositifs symboliques attachés aux du savoir. Les entrées majestueuses, les escaliers nobles, les parquets craquants, la hiérarchie spatiale (la salle d’étude à l’étage, la salle de prêt au rez-de-chaussée), les paliers à franchir, l’opicité des circulations: tous ces éléments, considérés comme des obstacles, à la fréquentation, ont fait l’objet d’une condamnation générale et ont inspiré, par contrepied, d’autres dispositifs susceptibles de faciliter l’accès aux lieux. La vitrine sur la rue, la lisibilité de l’organisation interne, le décloisonnement des plateaux, la libre circulation à intérieur des locaux: ces aménagements ont été promus par les bibliothécaires, dans l’idée, sans doute ingénue, que le décloisonnement spatial devait permettre de surmonter les cloisonnements sociaux”46 Com efeito, o espaço-biblioteca deixa pistas que marcam sua intencionalidade de informar, comover e fazer agir o usuário que seleciona, organiza e dota as mensagens de sentido através da movimentação de seu corpo no ambiente, e seus trajetos são resultados da interação que ele assume ao deslocar-se no espaço demarcado pelas cartografias do serviço público de informação. Espaço demarcado A arquitetura, ao demarcar as fronteiras e limites do homem no espaço construído, opera de forma globalizante na relação espaço-tempo do fruidor e age ativamente sobre a sua mobilidade corporal. De fato, o movimento humano dentro de um determinado espaço é resultado da percepção visual, auditiva, olfativa e tátil que, em conjunto, estabelecem a consciência espacial e definem o deslocamento do corpo a partir, inclusive, da interpretação de características bi e tridimensionais como extensão, tamanho, forma, 46 BERTRAND, Anne-Marie. La bibliothèque dans l’espace et dans le temps. Em: BERTRAND, Anne-Marie, KUPIEC, Anne (org.). Ouvrages et volumes: architecture et bibliothèques. p. 136. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 49 profundidade, largura, distância, entre outros. Pode-se afirmar, então, que o movimento humano é um ato de comunicação instalado através de seus deslocamentos e efetivado pelos seus trajetos no ambiente delimitado pela obra arquitetônica. Uma produção arquitetônica não é ingênua, pelo contrário, ela se articula para colocar-se, de certo modo, no dia-a-dia daquele que ela abriga e que convive com suas formas interativa e subjetivamente. Como qualquer texto, a arquitetura se manifesta pela localização no tecido urbano, pela materialidade através da cor, textura, transparência, opacidade, geometricidade e pela dinâmica que sintoniza o que, de fato, ela deseja comunicar. O prédio do Museu de Arte de São Paulo – MASP, na avenida Paulista em São Paulo, por exemplo, é um argumento contra a verticalidade dos demais edifícios e marca, pela contestação de suas formas, sua presença horizontalizante no espaço urbano. Ao diferenciarse dos demais, inclusive pela cor vermelha que usa, chama a atenção para o que abriga em seu interior: a arte – expressão particular, individualizada, modo de ver o mundo a partir do que cada autor percebe e que é manifestado através de suas obras, impõe ser visto com formas de vida, modos de visibilidade coexistentes e para os existentes. Logo, o material empregado na construção, o projeto do edifício, o estilo adotado, as cores e formas que compõem o conjunto arquitetônico, a localização no meio são elementos constitutivos do plano de expressão e de conteúdo que manifestam o sentido do texto. Este, por sua vez, possui uma complexidade de interpretação que não se esgota no que é visível ao olhar físico, mas revela-se também pelos sentimentos e sensações que provoca no seu observador-fruidor muito bem explorado, por exemplo, pelos parques de diversão através da atração Casa do Terror ou Trem Fantasma, sempre evocando através do negro da parede, da pouca iluminação, da textura empregada, ou de outras estratégias, impressões de medo, pavor, terror. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 50 Efetuar estudos sobre o significado do espaço construído para biblioteca, implica primeiramente observar que ela só pode ser apreendida se relacionada a um lugar diferente, ou seja, ela está colocada para ser assumida como espaço de informação e de conhecimento, independente das variáveis que possa apresentar – pública, especializada, escolar, universitária, nacional, etc. –, de modo a mostrar-se como significante que, ao ser articulado com o seu significado, estabelece uma relação de uso que lhe é próprio. De certo modo, analisar o espaço-biblioteca é entender os sentidos despertados no usuário e colocá-lo como um lugar de enunciação cuja intencionalidade das marcas intertextuais que produz são orientações construídas para o uso do ambiente. De fato, uma biblioteca não é uma casa, um palácio, um templo, um teatro. Através de vários elementos que evoca e nela se confrontam, ela se pronuncia como um lugar do saber, da conservação, da pesquisa, propício para auxiliar na mudança de estados de ignorância, como aponta Daniel Payot47, ao afirmar que “sont des lieux d’articulation de l’inteligence e du sensible: une bibliothèque est donc un espace doublement articulé, une liaison de composants qui sont déjá eux-mêmes des schème, la proposition d’une alliance d’elements dont chacun constitue déjà luimême une combinaison de verité et d’espace, d’universalité et de localité, de sens-signification et de sens-sensibilité”. O edifício da biblioteca está investido de valores que são simbolicamente construídos por duas dimensões que lhe dão um sentido amplo. A primeira é a de contribuir para o desenvolvimento do indivíduo – valor de base –, e a segunda é a de proteção aos bens culturais que estão sob sua guarda facilitando, pela freqüência espacial, a acessibilidade ao conhecimento – valor de uso. Assim vistos, os prédios não são indiferentes, neutros, eles se inserem no cotidiano, influenciam o universo urbano, a imagem da cidade e, conseqüentemente, a própria imagem da biblioteca e seu interior 47 PAYOT, Daniel. La bibliothèque comme espace architectural: digression théorique. Em: BERTRAND, Anne-Marie, KUPIEC, Anne (org.). Ouvrages et volumes: architecture et bibliothèques. p. 12. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 51 tanto pode invocar um sentido de disposição, de acessibilidade, quanto de escolha, de exposição, de clausura. Novamente Daniel Payot48, ao reforçar tal argumentação, afirma que “En tant qu’architecture, la même bibliothèque parle un langage qui peut paraîte différent: elle nous renseigne sur la compréhension de l’espace qui a dirigé sa conception, sur la physique qui a déterminé son ordonnancement, sur la symbolique à laquelle sa construction s’est principalement référée. Là aussi, la question du sens est présente, mais selon d’outres procédures: distribuitions spatiales, circulations, continuités ou contrastes avec le tissu urbain, monumentalité ou modestie, facilitation de l’usage ou manifestation d’une intention somptuaire”. O edifício da biblioteca é uma manifestação de linguagem para contemplação dos transeuntes. Sob o olhar do usuário, essa imagem comunica sua função, seus significados plásticos e icônicos, afirmando sua presença no contexto no qual se insere, provocando ou não os passantes e despertando, no público, sentidos que variam de acordo com a aparência geral do objeto. Como exemplifica Anne-Marie Bertrand ao recorrer aos edifícios franceses: “le Centre Beaubourg [Centre National d’Art et de Culture Georges Pompidou], baptisé «la reffinerie» ou «Notre Dame des Tuyaux», le vocabulaire s’est enrichi, elargissant les références techniciennes (l’Intitut national de l’information scientifique et technique comme une usine, l’ESIEE comme un vaisseau spatial) aux comparaisons animales (l’ancien immeuble du Monde, rue Falguière, en baleine), nautiques (l’Institut du monde arabe comme la proue d’un navire, la médiathèque d’Evreux comme une «nef à quai», dis Paul Chemetov) ou guerrières (la Villette comme une forteresse urbaine)” 49 Valci Augostinho50, na dissertação sobre aclimatação ambiental dos prédios de bibliotecas centrais universitárias, também destaca que o exterior reflete o que lhe vai dentro, exigindo que as especificações arquitetônicas estimulem as pessoas a entrarem nos prédios. O arquiteto Horácio Mayano Navarro51, na obra Elementos de la teoria de la arquitectura, afirma que: “arquitetonicamente falando, a biblioteca é um problema moderno. Pela descrição as bibliotecas da Antigüidade e os exemplos das bibliotecas existentes do Renascimento, vê-se claramente que as grandes coleções de livros eram conservadas simplesmente em habitações ou galerias abastecidas de estantes, armários ou mesas. Entre estas bibliotecas, a mais famosa na História da Arquitetura é a Biblioteca Laureziana de Firenze construída por Miguel Angelo para Laurenzo de Médicis. (…) É Idem. p. 11. BERTRAND, Anne-Marie. La bibliothèque dans l’espace et dans le temp. Em: BERTRAND, Anne-Marie, KUPIEC, Anne (org.). Op. cit. p. 139. 50 AUGUSTINHO, Valci. Aclimatação ambiental dos prédios de bibliotecas centrais universitárias. p. 09. 51 NAVARRO, Horácio Moyano. Elementos de la teoria de la arquitectura. p. 186. 48 49 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 52 verdade que para bibliotecas reduzidas nos espaços de uma sala, o sistema clássico de estanteria fixadas às paredes dificilmente será modificado; entretanto, é completamente inadequado quando se trata de espaços de uso público.” Alain Pélissier e Jean-François Pouss52, arquitetos franceses, que discordam das colocações de Horácio Narravo, afirmam que independente do tamanho e quantidade de espaço disponível, as salas para bibliotecas foram construídas historicamente considerando a qualidade e o fluxo de uso, bem como sua contingência funcional que em Éfesos possuía um formato quadrangular (Figura 6) e na Laureziana, dos Médicis de Florença, Itália, um formato retangular (Figura 7), sendo estas integrantes do que os autores denominam de primeira geração da arquitetura de bibliotecas. Caracterizam-se por serem compostas de salas contínuas, como a Biblioteca do Vaticano, em Roma, ou por um amplo salão onde dispõem, junto à parede, estantes para armazenar o acervo, normalmente tabletes de argila ou rolos de papiro, deixando livre para circulação o espaço central de modo a permitir uma boa distribuição de luz, inclusive pela quase ausência de mobília. Figura 6 – Formato quadrangular da Biblioteca de Éfesos, Turquia Figura 7 – Formato retangular da Biblioteca dos Médicis, Itália Os autores denominam esta primeira técnica construtiva de bibliotecas de box para livros ou cofres de livros pela semelhança com caixotes, pela simplicidade que destaca uma pobreza tanto funcional como SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 53 estética e não concentra seus serviços e, finalmente, por estar fechada em espessas paredes, silenciosa criando uma atmosfera reservada semelhante a um espaço privado, para manter o conhecimento trancado dentro de seus muros de modo a não querer ser vista. Destaca-se, assim, que essa forma arquitetônica privilegia a guarda e não o acesso ao conhecimento. Boullée53 (1785) inaugura, ainda segundo os autores, a segunda geração das edificações de bibliotecas, destacando, em seus projetos, o exercício à consagração de dar forma a um relicário, a um conservatório das experiências expressadas pelo homem, transportando seus usuários a um lugar sublime, por manter em destaque o espaço do acervo. O estilo boulleano se caracteriza por apresentar um formato alongado como um largo corredor que possui intermináveis estantes onde o usuário deve buscar a obra. Segundo Michel Melot, na obra Nouvelles Alexandrias, Boullée criou um estabelecimento cultural do gênero basílica ao deixar aparente as obras para que os usuários pudessem admirá-las e serem por elas seduzidos, o que tornava irresistível o contato visual mas mantinha os leitores fisicamente distantes do acervo, separados, inclusive, por uma mureta. Tal arranjo os intimidava pela grandiosidade, destacando, pelo estilo, a metáfora da biblioteca como memória do mundo e, portanto, a preservação e conservação – valor de uso –, conforme pode ser observado na Figura 8, a qual permite ainda ver que a iluminação pela luz natural era fator condicionante da leitura haja vista que os usuários concentram-se no espaço iluminado e há uma ausência de claridade ao fundo, problemas que, possivelmente, não foram solucionados pelo estilo boulleano. PÉLISSIER, Alain, POUSS, Jean-François. De la nature du plan. Techiniques & Arquitecture. p. 102-105. Etienne – Louis Boullée (1728-1799), arquiteto francês autor da obra Architecture, essai sur l’art e do projeto arquitetônico da Biblioteca Real da França. Seus projetos se caracterizavam pelo apego à monumentalidade por pressupor que a emoção que a obra arquitetônica deve 52 53 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 54 Figura 8 - Projeto de Boullée para a Sala de Leitura da Biblioteca Real, França. Labrouste54, em 1840, cria o projeto da biblioteca de Sainte Geneviève, em Paris (Figura 9), dando destaque não mais à guarda de livros – valor de uso –, mas, ao estabelecer ambientes destinados à leitura, transpõe o paradigma do acervo para ressaltar o de utilização e acesso ao saber – valor de base. Ao criar uma atmosfera própria para uso, com a inclusão de mobiliário para que o usuário possa efetuar o mais agradavelmente possível sua leitura, o arquiteto francês estabelece, ainda segundo Pélissier e Pouss, a terceira geração dos edifícios destinados a bibliotecas. Figura 9 – Biblioteca Sainte Geneviève – Paris, nos dias atuais. A última e atual fase se caracteriza por projetos, os quais dão destaque à divisão interna, de zonas distribuídas de acordo com a racionalidade do espaço, preocupando-se com o desempenho da função. Com efeito, Anne-Marie Bertrand, em texto citado anteriormente, destaca que a tradução espacial da biblioteca é operada pelo seu paradoxo funcional que é o de preservar e oferecer, encerrar e franquear, transmitir é tão importante quanto à racionalidade da forma que, para ele, deveria ser simples e geométrica. Maiores informações, tanto sobre o arquiteto quanto sobre suas obras, consultar o site www.greatbuilding.com/architects/Louis_Boullée.html. 54 Pierre François Henri Labrouste (1801-1875), arquiteto francês que acreditava que a arquitetura deveria refletir a sociedade e por isto criou o estilo chamado de racionalismo romântico cuja distribuição funcional do espaço é o maior destaque. Sua obra foi influenciada pelos aspectos tecnicistas da sociedade industrial. Acreditava ser a arquitetura um formulário de comunicação onde deveria ser transcrito as fases orgânicas de uso da edificação e, com isso, expressar coerentemente, as reais necessidades da sociedade. É autor do projeto da Biblioteca nacional da França, na rua Richelieu, onde está presente a influencia que sofreu de Boullée. Seu estilo influenciou a construção de diversas bibliotecas americanas, sendo a Biblioteca Pública de Boston a que melhor o retratou. Para maiores esclarecimentos sobre sua obra, consultar o site www.greatbuilding.com/architects/ Henri_Labroust.html. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 55 conservar e comunicar devendo articular-se através da oferta transparente, colocar-se para seu público manifestando-se, pelo modo de se dispor no espaço, como um organismo vivo de cultura. Dessa forma, vêem-se relacionadas na distribuição do espaço interno da biblioteca, as funções básicas do serviço a ser prestado ao usuário que são: a) O depósito para acervo, indicador do processo de conservação e guarda; b) As salas de leitura diretamente relacionadas ao uso, cujo objetivo final é o de disponibilizar o saber; c) O ambiente do fichário ou catálogo, como espaço para intermediação entre códigos de acesso ao acervo; d) O balcão de atendimento, como instrumento de interação entre o acervo e o usuário, que permite ser efetuada a relação entre o sujeito-biblioteca e os seus actantes funcionais; e) As salas de trabalho dos bibliotecários, onde se processa o desvelamento do conteúdo da obra e são definidos os elementos de interação entre acervo e acesso/usuário; f) Espaços de sociabilização que deverão permitir o convívio entre os usuários e a cultura representada, por exemplo, em exposições dos mais variados tipos; e g) Ambientes destinados a banheiros, por exemplo, que refletem a preocupação com o conforto do usuário. Os programas de competência e perfórmance que são estabelecidos no texto enunciado pela biblioteca, seguem uma lógica que considera o usuário, em termos semióticos, um enunciatário, instalado nessa construção. O enunciador, nesse caso, organiza seu discurso através de papéis e ações para que, ao serem seguidas essas marcas, ele encontre o modo de usar o espaço. Construídos para abrigar um acervo que venha a ser utilizado pelo homem, os edifícios da última geração também manipulam seus usuários, pela forma como se apresentam ou como se organizam SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 56 expressando um conteúdo, uma harmonia, uma composição e um equilíbrio que deverão estar em conjunção com o todo que ele representa. Nesse sentido, o arquiteto inglês Faulkner-Brown em publicação da Federação Internacional de Associações de Bibliotecários – FID, recomenda que os edifícios obedeçam a dez exigências para melhor efetivar seu uso e criar uma ambiência capaz de responder aos anseios dos que a procuram. Tais exigências são: ser compacta, adaptável, acessível, extensiva, variada, organizada para impor uma confrontação máxima do leitor e do livro, confortável, com ambiência regular para uma boa conservação dos documentos, segura, econômica e conservada. A biblioteca é, então, apresentada como um código que deve ser dominado pelo usuário, pois seu uso não é intuitivo, mas, apreendido. Ao dominar o código, ele passa a ter reais condições de uso e de captação dos mais variados significados produzidos. A localização do conjunto arquitetônico da biblioteca no espaço urbano é resultado de um projeto político da municipalidade, desencadeando efeitos de sentido sobre aqueles que a usam. Quando central é manipulada pelos atributos de prestígio e poder que ela exerce principalmente se estiver próxima à Prefeitura, ao Tribunal de Justiça, à Assembléia Legislativa, por exemplo, edificações que simbolizam o poder constituído e legítimo de uma cidade. Quando a construção se dá em espaço periférico como bairros afastados, a localização é manipulada pelo sentido de ampla disseminação dos bens culturais, revestida da idéia de popularização do saber, como descreve Maria Cecília Diniz Nogeira55, na sua dissertação sobre a biblioteca pública de Santa Luzia, Minas Gerais, afirmando que “… quanto a localização geográfica, a biblioteca está situada num dos pontos privilegiados da “parte alta” da cidade, que, por sua vez, é o centro econômico-político do município. Fica fora da periferia, zona de concentração da classe trabalhadora…”. Tal assertiva também é reforçada por Anne-Marie Bertrand56 para quem a decisão de construir um prédio de uma biblioteca é resultante de um projeto cultural, urbano e político dos governos pois, a escolha do 55 NOGUEIRA, Maria Cecília Diniz. Biblioteca pública: contradição do seu papel. p. 66-68. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 57 lugar pode dotar o prédio de uma atmosfera de poder, se central, ou de intimidade, se instalada no bairro o que requalifica o espaço periférico atribuindo-lhe reconhecimento. Já as fachadas se colocam, de certo modo, como uma fronteira que separa o interior do exterior, manifestando valores que, implícitos na obra arquitetônica, criam efeitos de curiosidade, de familiaridade, de intimidação, de legitimidade, de abertura, de confronto, de nostalgia, de rejeição, de profanação ou ainda de inteira aceitação. Com efeito, a autora francesa acima mencionada, discutindo os dispositivos utilizados para criar efeitos de familiaridade, por exemplo, afirma que estes se constituem de três tipos que são: “… familiarité avec le lieu, familiarité avec l’institution, familiarité avec la collection. Familirité avec le lieu: la transparence, les portes vitrées, l’organization des services dans un volume unique, les plateaux déclosonnés, tout cela participe de la volunté de faire du lieu-bibliothèque une offre directement compréhensible, où rien n’est caché, soustrait, secret, réservé. Familiarité avec institution: des outils pédagogiques se multiplient pour démythifier l’établissement et rassurer l’usager, ainsi le Kaléidoscope distribué à Valenciennes, mais aussi les classiques «guides du lecteur», jusqu’aux publications accompagnant la construction et précédant lamise en service d’un nouveau bâtiment, comme le Journal de la Médiathèque à Poitiers, ou Mediatexte à Limoges. Familiarité, enfin, avec la collection : aux traditionnels efforts de mise en valeur et en espace (tables des nouveautés, présentoirs thématiques), on peut ajouter des dispositifs-passerelles destinés à susciter la curiosité et encourager la lecture, comme c’est le cas à Borges avec les «chemins de traverse», qui accueillent, à l’entrée de la section adultes, les jeunes qui viennent de quitter la section jeunesse, ou à Bobigny, avec les réaménagements toujours renouvelés des collections … ”57 De fato, fachadas como a da biblioteca pública do Condado de Monroe Bloomington, Indiana (Figura 10), nos Estados Unidos, ou ainda como as das bibliotecas de Orléans (Figura 11), e de JeanPierre Melville (Figura 12), ambas na França, criam efeitos de curiosidade, de invasão concreta do espaço exterior, de palco para que os passantes assistam o espetáculo da leitura pública seja assistido pelos passantes a fim de provocar ou tentar provocar um convite à sua entrada através da exposição de suas atividades com intuito de despertar o desejo de consumo dos produtos por elas oferecidos, já que quer ser vista, como descreve Chistine Orloff sobre as de Melville: “L’atout majeur de la médiathèque Melville est d’être une vaste vitrine, ouverte de plain-pied sur la ville. La façade n’est plus un obstacle qui sépare le monde de la bibliothèque de la rue, mais une simple peau BERTRAND, Anne-Marie. La bibliothèque comme projet. Em: BERTRAND, Anne-Marie, KUPIEC, Anne (org.). Ouvrages et volumes: architecture et bibliothèques. p. 130. 57 BERTRAND, Anne-Marie. La génie du lieu. Em: BERTRAND, Anne-Marie, KUPIEC, Anne (org.). Op. Cit. P. 180-181. 56 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 58 qui autorise l’osmose entre les deux espaces. La bibliothèque cesse d’être un sanctuaire, un lieu de fermeture. Les frontières entre l’interieur et l’extérieur s’estompent, on pourrait presque la qualifier de bibliothèque extravertie. Le passant y est mis en situation de voyeur. La façade, dévoilant les profondeurs de la bibliothèque et les activités que s’y déroulent, est un appel, une invite pour le passant à entrer. Elle révéle l’intimité des lieux, le sage alignement des tables de lecture et des rayonnages, l’atmosphère studieuse … “58 Figura 10 - Biblioteca do Condado de Monroe Bloomington, Indiana – USA 58 ORLOFF, Christine. La médiathèque Jean-Pierre Melville. Bulletin des Bibliothèque de France, n.5, v. 41, p. 22. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 59 Figura 11 - Biblioteca de Orléans, França Figura 12 - Biblioteca de Jean-Pierre Melville, França Já a fachada das bibliotecas instaladas em edifícios históricos , como a da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro (Figura 13), no Brasil, criam efeitos de preservação, de isolamento, de intimidação, de reserva de uso de seus espaços, vedando qualquer visibilidade do interior. O passante e a biblioteca estão isolados pela imponente fachada que instala um sentido de privação, de algo que está sobre todos, uma vez que uma imensa escadaria de mármore a separa do nível da rua, elevando-a. Assim posta, a biblioteca desperta um sentimento de nostalgia no usuário, de profanação ao sitio histórico que é enriquecido pelo prestígio da Antigüidade e que mostra, inclusive, traços e datas do passado registrados em sua fachada, SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 60 rememorizando a identidade da coletividade e apresentando dois tipos de efeitos na intervenção urbana. Um desses efeitos é o de respeito, gerado pelo espírito de conservação do lugar, de seu valor enquanto identidade cultural e um outro, mais ativo, é aquele dado pelo importante papel do prédio na localidade da qual ele é participante e acumulador da cultura local. Os efeitos negativos provocados pela fachada cessarão somente quando o espaço for apropriado pelo passante que necessita romper com a barreira física provocada pela fachada para penetrar no universo interior daquilo que, a princípio, não quer ser visto. Figura 13 - Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Brasil Fachadas como a da biblioteca Shiou Junior College em Hitachi (Figura 14), no Japão, que pouco ou nada mostram do interior, funcionam como um recurso divisor do espaço dentro e fora. Sendo completamente isoladas, preservam seu interior e, ao querer não ser vista pelo passante, manifestam-se como um lugar reservado, exigindo que o usuário tome a iniciativa de abrir a porta e entrar, tal como nos mostra Ana Claudia de Oliveira59, ao analisar os estabelecimentos comerciais. 59 OLIVEIRA, Ana Claudia de. Vitrinas, acidentes estéticos na contidianidade. p. 86-121. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 61 Figura 14 - Biblioteca do Shiou Junior College, no Japão As bibliotecas chamadas por Michel Melot de as Novas Alexandrias, como referência à grande biblioteca egípcia da Antigüidade, usam as suas fachadas como uma enunciação para o grande espetáculo que ocorre em seu interior. Não querem não ser vistas, já que são monumentos que se colocam no espaço urbano como uma provocação, uma ruptura, um descontinuismo, da ordem urbana, como um convite ao encontro com a cultura. As fachadas não representam uma fronteira uma vez que, tanto no novo edifício da Biblioteca Nacional da França (Figura 15), em Paris, quanto no da Britsh Library, (Figura 16) em Londres, uma praça pública se coloca como intermediadora entre o espaço da rua e o acesso à biblioteca, incitando o diálogo através da disposição de bancos postos à contemplação do suntuoso monumento, como afirma Dominique Perrauet ao definir o seu projeto para a da França como “… une place pour Paris. Une bibliothèque pour la France. Avec ses tours d’angle comme quatre livres ouverts se faisant face et qui délimitent un lieu symbolique. (…) L’esplanade, grande comme la place de la Condorde, est conçue comme une place publique accessible sur trois côtés par des emmarchements”60. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 62 Figura 15 - Conjunto arquitetônico da nova Biblioteca Nacional da França, Paris Dessa forma, através do dispositivo que instala no conjunto arquitetônico, a praça – espaço público disposto para o descanso, o relaxamento e o lazer do transeunte – , a biblioteca coloca-se como algo que quer ser vista, admirada, contemplada pelo olhar de seu usuário. Figura 16 - Conjunto arquitetônico da nova British Library, Londres 60 BLASSELLE, Bruno, MELET-SANSON, Jacqueline. La bibliothèque nationale de France. p. 99 e 108 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 63 Assim postos, o regime de presença da biblioteca no espaço urbano a dispõe para contemplação do transeunte e a coloca como um convite para a entrada no seu fascinante mundo real e imaginário ou como uma muralha posta para a defesa do patrimônio que guarda. O sentido de abertura ou fechamento se prolonga para o interior, à medida que o transeunte, ao aceitar o convite e entrar, depara com zonas funcionais, organizadas de modo a facilitarem ou não a determinação do seu trajeto. Tais zonas possuem funções e requisitos distintos, como pode ser observado no quadro abaixo. Quadro 1 – Zonas Físicas da Biblioteca ZONAS DA BIBLIOTECA FUNÇÃO REQUISITOS Funcional Zona de Acolhimento Receber, orientar e distribuir dos usuários para as demais dependências da biblioteca Sinalizada Bom conforto ambiental Iluminação de boa qualidade Acolhedora Atender Zona de as Confortável RECOMENDAÇÕES GERAIS ÁREAS 1. • • • • • • • 2. • • • • Fora do controle de ruídos Informação Geral • Guarda volume Banheiros Telefones públicos • Cafeteria Expositores gerais Reprografia Dentro do controle de ruídos Catálogo Balcão de Atendimento Expositores de novas aquisições Leitura informal como jornais, revistas genéricas 3. • Atendimento Balcão de devolução empréstimo Orientação bibliográfica Estudo/Consulta Individual Grupo Uso de material especial • 4. • • 5. e Aclimatação adequada Iluminação: fluorescentes De 20 ampères • Umidade do ar: em torno de 40 a 70% • Iluminação: 100 ampères SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Prestação de demandas Agradável Serviços Zona de Estoque informacionais Armazenar os recursos informacionais Aclimatação adequada ao suporte • • • • 6. • • 7. 8. • • • Vídeo Microformas Áudio Slide Exposição Fixa Móvel Auditório Áreas especiais Infantil Cegos Outras 9. Livros 10. Periódicos 11. Materiais especiais 12. Referência ZONAS DA BIBLIOTECA FUNÇÃO Processar dos recursos informacionais Zona de Serviços Internos Administrar os serviços necessários para o bom funcionamento da biblioteca REQUISITOS Controle de temperatura Controle do nível de ruídos ÁREAS 13. Recebimento e expedição do material • Aquisição • Intercâmbio 14. Processamento Técnico • Registro • Catalogação • Classificação • Indexação • Alimentação da base de dados 64 • Mesas: 1 pessoa: 1,10x0,90 4 pessoas: 1,80x1,20 Redonda para 4 Pessoas: 1,20 φ • Controle do nível de ruídos • Segurança contra furtos e incêndios • Umidade do ar em torno de 55% • Iluminação fluorescente com filtro distante das estantes entre 0,80 a 1,70 RECOMENDAÇÕES GERAIS Disposta de modo a permitir fácil acesso a coleção e ao catálogo, quando este não for automatizado Umidade do ar: 45% • Preparo físico 15. Direção e secretaria 16. Banheiros 17. Encadernação A organização interna da biblioteca pode ser vista como um microuniverso urbano que se alterna entre zonas mais densas, como as de acolhimento – igual às áreas centrais de uma cidade –, de prestação SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 65 de serviço, com espaços de convívio entre o saber e o usuário que se manifestam através de um hall, um átrio, uma praça com cruzamentos que permitem a integração e de zonas menos densas como as destinadas aos serviços técnicos – igual à periferia. A disposição do espaço interno não é ingênua, ela é, sim, carregada de efeitos de sentido que manipulam o uso do espaço cultural, e podem evocar o sentido de unidade, quando centraliza em um único lugar a coleção, ou de disponibilidade quando, ao procurar responder à diversidade de públicos, setoriza seu acervo em espaços distintos, ou ainda de adaptabilidade quando distribui sua coleção de acordo com os níveis dos usuários como o infantil, o adulto, o deficiente visual. Uma outra forma que expõe a intencionalidade do arranjo espacial pode ser entendida a partir da localização do acervo na estrutura interna: se central mostra que ele é considerado o bem mais importante, o que a biblioteca possui de mais valioso, que deve ser melhor protegido, como se fosse o seu coração e, ao adotar essa postura, ela assume tacitamente que valoriza mais a guarda dos artefatos culturais e que sua missão é preservação e a conservação. Já ao determinar que o uso do espaço central seja destinado a exposições culturais, ela indica valorizar o acesso a qualquer tipo de informação porque, também distribui seu acervo pelo ambiente que dispõe. Ao analisar a disposição do acervo no interior dos edifícios, Navarro61 os classifica em: a) Vertical - com sala de leitura iluminada por ambos os lados, onde os livros estão dispostos em estantes as quais são colocadas junto às paredes e os depósitos se estendem perpendicularmente pelos diversos pavimentos, como é o caso da Biblioteca Nacional do Chile, em Santiago (Figura 17). O acervo é valorizado pelo olhar, e, como no estilo boulleano, a contemplação da obra na estante conduz a idéia de relicário, posto para ser admirado, visto sob todos os ângulos, de modo a fazer-se presente em qualquer olhar. Assim colocado, o arranjo valoriza os artefatos culturais ao expô-los e desperta, no usuário, um 61 NAVARRO, Horácio Moyano. Elementos de la teoria de la arquitectura. p. 188-193. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 66 sentimento de impotência de assimilação de todo o conhecimento ali armazenado. Além de reforçar a metáfora da biblioteca como memória do mundo, esse regime de organização da visibilidade do acervo indica que ela não quer não ser vista como um agente de desenvolvimento, mas sim como um lugar de guarda. Figura 17 - Biblioteca do tipo vertical: Biblioteca Nacional do Chile, Santiago b) Paralela - com amplo salão de leitura que está disposto em sala diferente da destinada ao acervo embora em alguns casos, este esteja visível ao usuário, porém fora do seu alcance, como é o caso da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Brasil (Figura 13). Separado do usuário, o arranjo do acervo aponta que o convívio direto é algo proibido, que sua intenção é de preservar os bens culturais mostrando a biblioteca como uma zelosa instituição que quer, dado o regime como dispõe a coleção, não ser vista pelo leitor. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 67 Figura 18 - Biblioteca do tipo paralelo: Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Brasil c) Circular - com o balcão de atendimento disposto em um círculo bem ao centro do salão de leitura, na área destinada aos leitores, e os depósitos para o acervo postos entre o balcão e o salão, como a Biblioteca do Congresso nos Estados Unidos (Figura 19). Valorizando a continuidade, esta exposição do acervo usa da estratégia de cumplicidade com o usuário, já que disponibiliza, no mesmo ambiente, o acervo que vai ser consultado e que, portanto, é organizado a partir de um querer ser visto pelo usuário. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 68 Figura 19 - Biblioteca do tipo circular: Biblioteca do Congresso, Estados Unidos Vê-se, desta forma, que a distribuição interna do espaço pode ser constituída a partir da geração de um sentido de convívio, de sociabilidade que se acentua quando a biblioteca mantém um café62, uma lanchonete, por exemplo, onde a conversa e a troca de idéias entre os usuários pode permitir o rompimento do isolamento natural da leitura, ou ainda quando há a concepção de um ambiente destinado a debates, reuniões, clube de leitores, que permite a manifestação dos usuários, e, assim, a instituição passa a ouvir o que o coletivo pensa sobre o assunto proposto para discussão. Para facilitar o processo de distribuição interna do espaço, atentando para a relação de proximidade das principais áreas da zona de prestação de serviços, a Escriba63 - Manual de planejamento de bibliotecas –, sugere que se observe a seguinte orientação: Empréstimo Devolução Controle de saída de livros Orientação bibliográfica Fichário Leitura formal Leitura informal Referência geral Leitura geral Literatura clássica e moderna Mapas Periódicos Jornais A B E B B E E B C E E B A E C C E B C C E B E E C D E B B E E C E B D C B E B E C C D C C E B B A C C C E E E C A C E E E E C E E E E E E E E B B B E B B B Grau de proximidade: A Mais próximo B Próximo C Separado D Mais separado possível 62 Na biblioteca de Orléans (Figura 11), na França, a cafeteria ocupa 143 m2 do mezanino – 50% do espaço –, e está alocada ao lado do setor de xerox. 63 ESCRIBA. Manual de planejamento de bibliotecas. p. 04 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 69 Figura 20 - Modelo Escriba para distribuição do espaço interno Observa-se, pelo esquema proposto pela Escriba, que o empréstimo, a devolução e o controle de saída de livros devem ficar o mais próximo possível contudo ele tem que ficar o mais separado da leitura formal. De fato, o lugar biblioteca deve ser apreendido como uma estrutura construída por uma relação entre partes de modo que seu catálogo, por exemplo, não tenha um significado autônomo, mas sim em correlação com tudo mais que constitui o ambiente. Existe pois, uma verdadeira teia de significados expressos na e pela disposição espacial. As análises da disposição espacial de uma biblioteca permitem reconhecer a existência de uma estrutura elementar do destinador-produtor e do destinatário-usuário, que se inscrevem no espaçobiblioteca e podem ser, desse texto, depreendidos. Ao entrar no espaço de uma biblioteca, o usuário assume sua necessidade de contato com os artefatos culturais que ela aloca e espera encontrar em seu interior a solução ou as respostas para suas inquietações. O seu espaço interior é criado para funcionar como um oásis de tranqüilidade que se contrapõe ao mundo da rua, dos carros, do barulho, ao calor do asfalto ou à umidade de dias frios e à acelerada pressa do transeunte. O espaço interior da biblioteca está devidamente preparado, com uma temperatura ideal, uma serenidade que, sem pressa, opõe-se à cidade que fervilha, provocando um isolamento ideal para a reflexão, para o estudo. Ao dirigir-se para o interior da biblioteca o usuário rompe a barreira com mundo exterior, deixandose ser manipulado pela tentação de uso de um ambiente agradável e capaz de dinamizar sua busca pelo saber. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 70 Observa-se que, na maioria dos edifícios de bibliotecas construídos contemporâneamente o primeiro espaço de contato, colocado antes mesmo do balcão de informações, apresenta-se como um rompimento entre o interno e o externo. Na maioria das vezes, são grandes átrios que, no caso da Biblioteca Pública de Aichi, no Japão (Figura 21), permite observar, através da vidraça, o exterior. Figura 21 - Biblioteca Pública de Aichi, Japão Quanto à organização do espaço interno, os edifícios de bibliotecas possuem uma cartografia que os divide em dois territórios distintos, sendo um de ampla circulação e outro restrito. Com efeito, as zonas SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 71 de acolhimento e de prestação de serviço estão disponíveis para que todo e qualquer indivíduo nelas circulem especialmente quando são adaptadas para uso pelos deficientes físicos, visuais ou auditivos atendendo, desse modo, à heterogeneidade dos públicos que a ela se dirigem. Já a zona de serviços internos só é acessível aos funcionários, e a de estoque pode ou não ser aberta ao público embora as recomendações de órgãos internacionais como a UNESCO e a FID, sejam para que a biblioteca promova o encontro do usuário com as obras através do contato direto. Nessa cartografia, a biblioteca opera um jogo discreto de restrições que ocorre de forma a não criar constrangimento ao usuário. Em sua grande maioria a zona de serviços internos está localizada após o acervo ou no andar mais elevado, por exemplo. Quando estas áreas necessitam interagir com o usuário, como o balcão de referência, elas, na maioria das vezes, estão colocadas na entrada propondo-se a ser intermediadoras entre o acervo e as necessidades informacionais. Os balcões de atendimento, por exercerem a função de ligação entre a prestação do serviço de informação e o usuário, são fartamente exemplificados na escassa literatura sobre arquitetura de bibliotecas. O da biblioteca de Ichikawa, no Japão (Figura 22), busca minimizar os impactos causados pelas restrições, apresentando-se como em uma espécie de supermercado, local que o usuário está acostumando a freqüentar, cuja intenção é a de criar uma intimidade com o ambiente que se assemelha com um lugar de consumo, onde a informação é o objeto de valor que o usuário busca. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 72 Figura 22 - Vista dos balcões de referência da Biblioteca Popular de Ichikawa, no Japão Ainda quanto à zona de prestação de serviços, um outro ponto sobre a privacidade de uso nos chama a atenção. Trata-se da mesa e cabina do salão de leitura que convocam o usuário para escolher entre alojar-se em um espaço individualizado e, portanto, restrito, ou em outro que privilegia a convivência com os demais usuários. Um exemplo claro é o da biblioteca da Universidade de Wesleyan, em Middletown nos Estados Unidos (Figura 23) onde o usuário opta entre usar as cabinas, locais reservados, ou a mesa, local coletivo. Neste aspecto, o entendimento das dimensões ocultas de Edward Hall (Figura 5, Capítulo1), vistas anteriormente, permite compreender por que a maioria dos usuários elegem as cabinas para se acomodarem à medida em essas representam o respeito ao seu espaço pessoal privado. Com efeito, pesquisas americanas64 indicam que a preferência por mesas coletivas dá-se quando do trabalho em grupos e que, nesse caso 97% são compostos por duas ou três pessoas. Lamar afirma ainda que a preferência pela privacidade em bibliotecas está relacionada com o ato isolado da leitura que envolve o imaginário e as emoções individuais sendo por isto, que a demanda por uma área íntima é tão grande já que a solidão, a intimidade, o anonimato e a reserva passam a ser uma exigência do usuário. O autor finaliza afirmando que “because privacy involves the control of acess to oneself by other, it has 64 VEATCH, Lamar. Toward the environmental desing of library buildings. p. 361-376. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 73 implications for library designs. In public areas means providing different types of seating and study areas so that individuals may make choice depending upon their needs and desires at the time”65. Figura 23 - Salão de leitura da biblioteca da Universidade de Wesleyan, Estados Unidos Embora o destinatário-usuário sinta-se investido da competência modal do querer, elegendo a cabina ou a mesa para seu uso, ele, de fato, é manipulado pelo destinador-biblioteca que não lhe concede o acesso irrestrito ao seu ambiente e exige dele um comportamento cujas marcas são encontradas nas placas solicitando silêncio, que se desligue os aparelhos de telefonia móvel, nas salas de estudo em grupo as quais são isoladas das demais para se permitir a conversa em tom mais elevado, nos tapetes que abafam o som das passadas, nas luminárias com suas luzes diretas que determinam os locais de leituras, o carrinho colocado junto às mesas indicando que as obras não devem ser devolvidas às estantes, no porta-sombrinha posto junto à entrada para que o chão não fique molhado nos dias de chuva, entre outros. 65 Idem. p. 364. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 74 De fato, o uso do ambiente interno impõe normas de conduta e comportamento que levam o usuário a manter o silêncio, por exemplo, indicando um respeito ao uso do espaço coletivo e é observado pela educação (o falar alto em um ambiente de estudo representa uma má educação); sendo que sua ausência se coloca como um rompimento de um código de postura, de bom comportamento, de respeito à zona pessoal e intima, ou seja, há um comportamento espacial (sonoro, gestual) esperado do usuário e que pode ser manipulado pela organização espacial . Assim posta, a organização espacial funciona como informadora e formadora do comportamento dos usuários no interior da biblioteca fazendo-os agir de acordo com as pistas deixadas no ambiente interno da biblioteca. Sob este aspecto, especialmente, Coelho Netto66 destaca que “o modo de disposição e de atribuição de significados ao espaço é na verdade um dos elementos da infra-estrutura do comportamento humano”. Figura 24 - Salão de leitura da nova Biblioteca Nacional da França, Paris Ao elencar as dimensões do comportamento humano, os estudos proxêmicos de Hall permitem entender que tais procedimentos são resultantes do respeito às zonas íntima e pessoal (Figura 5, Capítulo1), apresentadas anteriormente. Tal procedimento social implica não violação do espaço do outro, mostrando que um comportamento é esperado e, portanto, os territórios são estabelecidos para criar uma 66 COELHO NETTO, J. Teixeira. A construção do sentido na arquitetura. p. 41. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 75 atratividade ou orientar o uso. Isto se dá, por exemplo, com a criação da seção infantil ambientada para o uso de crianças com cadeiras e mesas pequenas, com a criação de áreas onde é permitido o fumo ou ainda com a colocação de um café que privilegia a socialização e o diálogo, lugar ideal para fluir a conversa. Após o usuário ter-se deixado manipular pelo que está implícito na distribuição interna da biblioteca, o contato com o espaço interior apresenta novas marcas através do que está construído espaço ocupado pela construção, pelo concreto ou por qualquer outro material empregado – e pelos ambientes não construídos. O espaço construído, edificado, representa uma ocupação que poderá em um primeiro momento indicar uma privação de circulação, ou seja, o prédio da biblioteca é um território cujas fronteiras são delimitadas pelas paredes. Nesse sentido, o uso é estabelecido somente para o contato com os artefatos culturais ali dispostos, opondo-se ao espaço livre, como as praças, por exemplo, onde é possível realizar uma infinidade de atividades como correr, ler, brincar, descansar. Assim, o espaço construído, embora possua aspectos positivos como a proteção, o recolhimento, espera que o indivíduo nele se coloque – para fazer uso da biblioteca é necessário entrar no prédio –, fazendo com que a obra arquitetônica apresente-se como uma limitação à circulação. Que estratégia os textos arquitetônicos das bibliotecas poderão utilizar para minimizar os impactos causados pela imobilidade de uso do espaço construído? Muitos projetos têm privilegiado a criação de áreas de vivências através de jardins internos, como o novo prédio da Biblioteca Nacional da França (Figura 25) construído às margens do rio Sena, ou salões de leitura voltados para uma grande área de janelas que privilegiam a visão de um bosque, como a biblioteca do Ninhama Municipal Besshi Cooper Nine Memorial, no Japão (Figura 26), ou ainda áreas para uma livraria ou um café como na Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Brasil. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 76 Figura 25 - Biblioteca Nacional da França, Paris A adoção da estratégia dos jardins permite também a apresentação da análise de duas novas contraposições do espaço, que são o natural e o artificial. Em verdade, ao dispor elementos da natureza, a biblioteca procura deixar o usuário mais à vontade, disjunto da idéia de que o concreto pode esmagá-lo quer por sua verticalidade, quer por seu modo de aprisionamento. O espaço natural interage no espaço urbano que se destaca pela imperiosa necessidade de se propor como um lugar agradável e tranqüilo para que efetue o uso. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 77 Figura 26 - Ninhama Municipal Besshi Cooper Nine Memorial, no Japão No conjunto arquitetônico de uma cidade, as praças se entrelaçam com os prédios, proporcionando agradáveis locais de descanso e de liberdade, como é o caso do parque localizado em frente ao MASP, na Av. Paulista, em São Paulo. Sob este prisma, é que muitos arquitetos têm privilegiado composições com a presença da natureza em edifícios construídos especialmente para bibliotecas. A natureza se apresenta como elemento mais próprio do instinto humano. O natural aproxima o homem do que lhe é inerente e o atrai para uma atmosfera capaz de lhe transmitir serenidade. Assim se apresenta o prédio da Biblioteca Pública de Imari, Japão (Figura 27), que valoriza os espaços livres ressaltando a natureza como valor para a comunidade local. Com efeito, a utilização de jardins assume, como afirma Dominique Perrault67, um paradoxo: “c’est un jardin fondateur du lieu, évidemment symbolique. C’est un jardin qui apporte le calme et qui filtre la lumière pour lire. L’idée du cloître qui a été énoncée au moment du concours est une forme de condition de lecture”, e Anne-Marie Bertrand complementa afirmando que “le jardin est là apporter du calme, le jardin est une image du cloître d’autrefois, le jardin est une idée de jardin”. 67 Autor do projeto da nova Biblioteca Nacional da França, citado por BERTRAND, Anne-Marie. La bibliothèque dans l’espace et dans les temps. Em: Ouvrages et volumes. p. 156. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 78 Figura 27 - Detalhe do prédio da Biblioteca Pública de Imari, Japão A presença da natureza nos edifícios de bibliotecas, através de jardins, reforça o discurso ecológico do homem contemporâneo, cuja necessidade de preservar o meio ambiente tornou-se fundamental para sua sobrevivência. Para estar em conjunto com esta nova ordem e manter uma perfórmance competente, os prédios apresentam áreas verdes, com espécies em extinção que mostram que a biblioteca pode e quer participar da conscientização preservacionista, fazendo seu usuário reconhecer sua contribuição para a manutenção do ambiente; o destinatário, persuadido pela presença de árvores, plantas raras e, por vezes, aves, deixa-se manipular discursos que, em alguns casos, são falsos. Destaca-se o caso do projeto da nova Biblioteca Nacional da França (Figura 20) que dá destaque a um imenso jardim interno, com cento e vinte pinheiros silvestres raros trazidos da Normandia, mas que possui uma imensa escadaria que dá acesso do nível da rua a uma esplanada que serve de base para as quatro torres em formato de livro aberto, toda revestida de pau-brasil. Discutindo sobre o espaço da biblioteca e sua arquitetura, Michel Melot68 afirma ser ele resultado de um imaginário coletivo que toma forma de um jardim pois “il doit méneger de vastes perspectives, des coins bocagers, des terrasses, du soleil et de l’ombre”, ressaltando a simbologia dos lugares que mantém uma pequena e representativa parcela dos artefatos culturais produzidos pelo homem, tal como o que ocorre com os jardins, que reúnem parte de exemplares da natureza. ***** 68 MELOT, Miichel. La forme du fonds. Em: FIGUIER, Richard. La bibliothèque. p. 177. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 79 Os recursos informacionais disponíveis na biblioteca são a sua principal fonte de atração dos usuários. São esses que dão sustentação à maioria dos serviços por ela oferecidos de forma que, o destaque à sua disposição, sua organização no conjunto espacial se oferece como ponto fundamental no texto arquitetônico, até porque, como apresentado anteriormente por Narvarro, a decisão sobre seu modo de disposição (se junto ou separado do salão de leitura) estabelece o tipo de biblioteca codificado, a saber como vertical, horizontal ou circular. No que tange a organização do acervo, pode-se afirmar que as estratégias do texto contemplam o acesso fechado (restrito) – modelo francês –, onde os funcionários é que retiram as obras para consulta, e o aberto (amplo) – modelo anglo-saxão –, que permite ao usuário manusear a obra, bem como o conduz a recuperá-la. O efeito operado pelo acesso aberto está relacionado à idéia de amplidão, vastidão, imensidão causado pelo contato direto com a totalidade dos artefatos existentes na coleção. A amplidão remete ao poder inferir e decidir sobre o deslocamento para esta ou aquela estante, de poder ser o possuidor/leitor de qualquer uma daquelas obras ali ordenadas; a vastidão como efeito de infinidade – presente na obra do poeta argentino Jorge Luís Borges através da Biblioteca de Babel –, relaciona-se com o volume do acervo que é sempre composto de um número realmente imenso de obras, de títulos, de letras, de pensamentos expressados nos mais diversos suportes e que estão ao inteiro dispor do usuário; e a imensidão é causada pelo efeito produzido pelo próprio tamanho do espaço ocupado pela coleção da biblioteca que sempre é marcado por uma quantidade imensa de estantes que estão dispostas em amplos vãos livres, conforme na Biblioteca Pública de Imari, Japão (Figura 28), onde o usuário pode ler ali mesmo a obra selecionada, junto ao acervo, sentado em uma confortável cadeira, com iluminação individual acionada conforme sua necessidade. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 80 Figura 28 - Salão do acervo da Biblioteca Pública de Imari, Japão O poder de escolher a obra, o título a ser lido compara-se ao direito de transitar, de sentir-se parte do grupo social para o qual a biblioteca está direcionada, o que permite uma fruição quanto ao uso do material informacional disposto para o contato direto na estante onde o usuário opera uma seleção em conformidade com a sua necessidade, seu interesse, seu nível de compreensão e sua capacidade de aquisição de conhecimentos. A proibição de acesso ao acervo mostra a idéia de guarda, de preservação, de proteção uma vez que o fechado apresenta-se como restrito, íntimo, secreto. Associam essas marcas a uma imagem austera, rígida da biblioteca que parece não estar disposta a reconhecer o direito de uso infinito dos seus usuários. Outra contraposição que se apresenta nas construções de uma maneira generalizada é a verticalidade vs horizontalidade, sendo a primeira imediatamente associada ao gótico, na arquitetura, e a segunda à compactação dos ambientes. Analisando a idéia da verticalidade, observa-se que ela conduz a dois extremos: ao inferior e ao superior, ou seja, ao início do eixo vertical que é a base e ao seu fim que é o topo e na construção civil SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 81 podem esses representar uma garagem (inferior) e uma cobertura (superior) de um edifício, por exemplo. Uma garagem se reporta à idéia de lugar de guarda (estacionamento, depósito), já a cobertura representa um lugar de status, de estar acima de todos no “topo”, de se ter poder. A árvore é vertical; suas raízes (o inferior) estão ligadas ao solo que a alimenta e sua copa (o superior), por sua vez, é repleta de fertilidade e disponibiliza os frutos. Sob este aspecto, Anne Kupiec69, na obra Ouvrages et volumes, destaca que a verticalidade também se faz presente, na maioria dos prédios de biblioteca, por uma escada ou mezaninos instalados para maximizar o uso do espaço. A autora ainda afirma que, “le choix de la verticalité permet parfois, quand il se traduit par une ascension, ne serait-ce que de quelques degés, de créer un parcours Qui imprime dans l’édifice, mais aussi dans les corps de celui qui y entre. Ce parcours, d’abord corporellement sensible, augure aussi de l’avancée vers l’intelligible”. Em contraposição, a horizontalidade não prende nada ao solo, mas tem amplitude, infinidade – ao olharmos o horizonte temos a idéia de expansão, de algo que não tem fim –, que embora marcada pelos limites do terreno e pelos pavimentos, apresenta uma conformidade quando da utilização do espaço, uma vez que deve comportar as necessidades daqueles que o usam. Em se tratando de bibliotecas, esta contraposição se faz muito presente no novo conjunto arquitetônico da Biblioteca Nacional da França (Figura 15). No projeto de Dominique Perrault, as categorias vertical e horizontal são muito marcantes e estão destacadas através da funcionalidade do espaço. O vertical – as quatro torres em forma de livros abertos –, é o espaço de guarda do acervo onde as obras serão armazenadas de forma a contemplar a necessidade de crescimento e buscam atingir o céu como a Torre de Babel; é o que se vê exposto ao primeiro olhar como se estivesse enraizada no solo que a nutre, a faz produzir cultura representada em forma de livros. A amplidão é vista pela horizontalidade da esplanada. Na parte inferior, como que dando suporte à “copa”, dois amplos subsolos – que não são vistos no primeiro olhar –, estão colocados para a consulta dos mais variados suportes informacionais; dele o 69 KUPIEC, Anne. Introduction. Em: BERTRAND, Anne-Marie, KUPIEC, Anne (org.). Ouvrages et volumes: architecture et bibliothèques. p. 9. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 82 usuário “retira”, através da leitura, os “nutrientes” necessários para ampliar seus saberes uma vez que estão submersos no universo do conhecimento e encravados no interior da terra já que está edificado no subsolo. Por sua vez, a geração de conhecimentos implica o surgimento de novos livros, portanto, novos frutos para a copa. O homem percebe o meio ambiente e dele faz uso através de seus sentidos, que são comandados pelo cérebro que obedece a um programa estabelecido pelos valores lingüisticos e culturais que moldam a percepção do ambiente circundante. Aquele que percebe define-se como sujeito do fazer . Ele efetiva suas ações de acordo com as informações percebidas e operadas por seqüências de enunciados de fazer. Operam esses as transformações necessárias para o uso adequado do espaço, alterando constantemente os enunciados de estado. Quando se trata do meio ambiente construído percebe-se que este é passível de ser manipulado de modo a produzir os efeitos desejados para que o indivíduo sinta-se à vontade ou não para utilizá-lo. Assim a compreensão de que as relações arquitetônicas podem ser manipuladas de forma a produzir os efeitos de uso desejados é, na verdade, a primeira estratégia concebida para o jogo de sedução com o usuário que a biblioteca faz. O segundo lance deste jogo é resultado da ambiência criada pela organização espacial interna – o lay-out –, que se utiliza de muitas estratégias para criar efeitos de sentido, como será visto a seguir. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 83 Ritos ambientais O ambiente, o clima e a atmosfera produzidos na biblioteca através da disposição espacial, do mobiliário, do material empregado em seu interior, do ritmo cromático utilizado bem como pelas formas criadas, resultam em percepções significantes para o olhar do usuário. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 84 Tais percepções já são significações para o sujeito que as vivencia. Assim, elas determinam o comportamento, a forma de uso, os movimentos e uma série de sentimentos com relação aos valores expressos pelo interior da biblioteca. O estudo da ambientação da biblioteca deve, portanto, ocupar-se de mostrar os padrões e estilos adotados que influenciam o modus vivante no espaço interior podendo configurar-se como um atrativo ou como uma repulsa à sua utilização quer seja pela agradabilidade, pela beleza, pelo luxo ou pela praticidade enunciada. Jean-Marie Floch, ao analisar os valores existentes no catálogo de móveis de duas grandes empresas francesas, a Habitat e a Ikea, estabeleceu uma axiologia de consumo do mobiliário que, pela amplitude de seus princípios, pode ser aplicada para o estudo do ambiente da biblioteca. O autor afirma que “les tables, les chaises, les lits ou les bibliothèques peuvent être vantés comme fonctionnels et pratiques, sûrs et solides, modernes ou traditionnels, luxueux et raffinés, ou encore économiques et astucieux.”. 70 (grifos nossos) Tomando, por base, os estudos do autor, quatro tipos de axiologias constituem a ambiência das bibliotecas. São essas que lhe dão identidade através das características existenciais de modo a criar formas adequadas para favorecer a apropriação do conhecimento, permitir a exploração curiosa dos artefatos culturais armazenados, beneficiar o imaginário e evitar a não-freqüência. São estas valorizações ambientais: prática, criativa, histórica e versátil. 70 FLOCH, Jean-Marie. La maison d’Epicure. Em: Identités visuelles. p. 150. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 85 Valorizand o o uso A valorização prática manifesta-se através da criação de um ambiente funcional, utilitário, tratado de modo a despertar no usuário a familiaridade, a intimidade, buscando deixá-lo à vontade para que ele mesmo faça uso de acordo com as suas necessidades e interesses, despertando sua curiosidade quando o deixa livre para usufruir do espaço da biblioteca e estabelecer seu próprio trajeto. Para atingir esse objetivo, o ambiente é composto por mobiliário ergonomicamente adequado, muitas vezes modular, bem sinalizado de modo a facilitar a livre locomoção, arejado, claro, bem iluminado, como a biblioteca da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP (Figuras 29 a 31). Figura 29 – Detalhes da entrada da Biblioteca da ECA/USP, São Paulo – Brasil SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 86 Localizada no térreo do principal edifício da Escola, a biblioteca tem por objetivo dar suporte às atividades de pesquisa e ensino da ECA e prestar serviços de informação e documentação especializada nas áreas de artes plásticas, biblioteconomia e documentação, cinema, comunicação, editoração, fotografia, música, teatro, turismo, TV e vídeo. Possui um formato retangular como a Laureziana, dos Médicis de Florence, descrita anteriormente, sendo seu aspecto construtivo semelhante ao da primeira geração de edifícios, conforme destacado por Alain Péllissier e Jean-François Pouss, já citados. Como um grande corredor (Figura 30), a biblioteca concebe seu ambiente sob o aspecto da horizontalidade que dá “sentido imanente, racional, intelectual”71 uma vez que é paralelo à terra sobre a qual o usuário caminha e, portanto, acompanha seu andar, proporcionando-lhes segurança pela facilidade com que percebe a totalidade do ambiente, o que seguindo a perspectiva linear do olhar é capaz de localizá-lo facilmente o que também é feito por um projeto de sinalização bem tratado. 71 ZEVI, Bruno. Saber ver a arquitetura. p. 161. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 87 Figura 30 - Ala esquerda da biblioteca da ECA/USP, São Paulo – Brasil, com destaque para o sistema de sinalização das estantes A horizontalidade permite a fruição melhor do ambiente, apresenta um discurso de unidade já que tudo está disposto quer para direita, quer para esquerda, cabendo ao usuário definir sua locomoção, seu trajeto, em função da racionalidade, funcionalidade, utilidade expressos pelo texto ambiental. Ao destacar a linearidade, a visão do conjunto compõe harmoniosamente um jogo entre cheios e vazios, de contrastes cromáticos, que, em sua simplicidade, valoriza o uso da biblioteca. Isto é possível ser percebido através da disposição do acervo de livre acesso, posto em frente ao salão de leitura individual ou em grupo, conforme a vontade do leitor e suas zonas dimensionadas pela violação ou não de seu espaço íntimo e pessoal, bem como pela sala de leitura informal onde os jornais estão pendurados em um “varal” (Figura 31) preso à parede, o que enfatiza a informalidade do ambiente e permite, inclusive, que o usuário fique descalço, à vontade, para efetuar sua leitura. Figura 31 - Varal-jornal da biblioteca da ECA/USP, São Paulo - Brasil SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 88 O jogo cromático do azul predominando sobre o branco e o amarelo e, por vezes, compondo com o vermelho, é associado à serenidade, à paz e à intelectualidade provocadas pela ambiência. Dessa forma, a valorização prática se expressa pela facilidade de localização das obras nas estantes sinalizadas em cores de acordo com o suporte informacional, pela exposição, logo à entrada, do arranjo físico e seu jogo cromático, pelas cabinas para áudio, vídeo, slides e negativos que dinamizam o uso dos multimeios armazenados em práticas estantes deslizantes, pela indicação, nos catálogos, da forma de busca dos recursos disponíveis, pela iluminação, pela disponibilidade de acesso on line a diversas bases de dados através de três terminais de consultas postos próximos ao catálogo de fichas valorizando e respeitando a escolha do usuário e destacando que o universo da informação não se esgota naquele acervo, mas ele é sim um dinâmico espaço de encontro com o conhecimento. Valorizand o a solução inteligente SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 89 A valorização inteligente do uso da biblioteca manifesta-se através do apelo por um ambiente simples, econômico na forma, mas original nas soluções encontradas para incentivar sua utilização. Destaca o necessário, a simplicidade, o essencial e dispensa o supérfluo, o luxo, a beleza, em busca do benefício do melhor proveito, para o usuário, da informação ofertada. Ao valorizar a economia das formas, o ambiente propõe-se a destacar o essencial da biblioteca que é o seu acervo, o que concretamente pode ser percebido na biblioteca Sérgio Milliet do Centro Cultural São Paulo – CCSP (Figuras 32 a 37). Figura 32 - Biblioteca Sérgio Milliet do Centro Cultural São Paulo – CCPS, Brasil Inaugurado em 13/05/1982, o CCSP, é um pólo de cultura da cidade e seu projeto arquitetônico caracteriza-se pelas formas arrojadas em que vidros e imensos espaços vazados convivem em harmonia com a rigidez do aço e do concreto. A biblioteca foi inaugurada em março de 1983 e possui atualmente um acervo que abrange todas as áreas do conhecimento, permitindo o acesso direto às estantes que reúnem vários tipos de suportes documentais. O apelo ambiental pela simplicidade e economia se faz presente a partir de sua forma de acesso através de uma imensa rampa que termina em um platô, palco central da biblioteca de onde o usuário pode SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 90 contemplar o espetáculo da leitura, passível de ocorrer em qualquer local. De fato, o arranjo é ordenado de modo a não dispor de paredes que possam isolar o ambiente, exceto quando estes estão em obras, o que valoriza a simplicidade e faz com que o usuário sinta-se muito a vontade para utilizá-la, como pode ser visto, na Figura 33, pela distribuição de seu lay-out. Figura 33 - Lay-out da biblioteca Sergio Millet do CCSP, São Paulo – Brasil Uma sinalização diretiva fixa está posta ao final da rampa de acesso para que, em um primeiro plano, quando do contato inicial, o usuário se veja diante dos catálogos impressos e expostos sob a forma de três grandes conjuntos de fichários de aço. Além do desnível, o platô se destaca especialmente pela clarabóia a qual permite que a iluminação natural inunde o ambiente facilitando a leitura na hemeroteca, no setor de periódico, no atendimento e nas exposições, todas arranjadas sob a plataforma. A valorização da informação ofertada está, já em destaque, nas exposições que são realizadas logo no primeiro contato do usuário com a biblioteca, mostrando que a utilização do ambiente se dá em detrimento do benefício da geração de conhecimento. Figura 34 - Detalhes das consultas ao catálogo da biblioteca Sergio Millet do CCSP, São Paulo – Brasil Na hemeroteca, os tradicionais fichários de quatro gavetas foram substituídos por estantes de madeira onde se “penduram” os artigos de jornais em sacos transparentes (Figura 35), o que facilita demasiadamente sua consulta. Esta solução inteligente proporciona a economia de tempo na consulta uma vez que os cabides que dispõem o material a ser consultado, SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 91 podem ser facilmente removidos do varal-estante, para deixar o usuário livre para proceder a sua consulta em pé, ao lado deste acervo já que a transparência permite a leitura, ou sentado às mesas próximas. Figura 35 – Setor da Hemeroteca da biblioteca Sergio Millet do CCSP, São Paulo – Brasil, com destaque para a estante O setor de periódico destaca-se pela presença de uma estante baixa com prateleiras inclinadas onde o usuário pode, se desejar, fazer sua consulta em pé, lendo a revista ou o jornal apoiado na própria estante. Esta solução facilita a seleção daquilo que o usuário quer, de fato, buscar, uma vez que ele pode fazer uma avaliação na própria estante para, posteriormente, se for o caso e se o assunto lhe interessar, conduzir-se às mesas próximas (Figura 36). Figura 36 - Detalhes do Setor de Periódico da biblioteca Sergio Millet do CCSP, São Paulo – Brasil Placas sinalizadoras estão dispostas por toda a biblioteca, como pode ser visualizado na Figura 37, que optou pelo código das cores para indicar ao usuário os grandes assuntos dispostos na área baixa. Têm-se, por exemplo, o verde para ciência e tecnologia, o azul para filosofia e religião, o laranja para ciências sociais e história, o preto para o atendimento e o branco para conhecimentos gerais. Todas as placas estão suspensas sobre a coleção tal como a que está posta sobre o catálogo o qual orienta a recuperação do assunto desejado. Figura 37 - Detalhes da sinalização da biblioteca Sergio Millet do CCSP, São Paulo – Brasil A economia da distribuição espacial cria um ambiente aberto, uma vez que facilita o uso através das soluções inteligentemente dispostas para que o usuário seja capaz de formular seu trajeto físico e intelectual. De fato, a biblioteca Sérgio Milliet se coloca como um espaço de busca que se integra na sua comunidade através da manutenção, por exemplo, de exposições, de concertos, de um acervo de acesso livre e fácil, de uma coleção em braille, de discos, fitas e partituras de músicas erudita e popular, de estações de aprendizagem de informática, de um serviço de informação profissional, para vestibular e em saúde, de um banco de peças teatrais, de uma farta literatura de Cordel, enfim de legítimas representações da cultura popular deixando ver sua preocupação com todos os níveis e necessidades de seu público. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 92 Valorizand o o vigor existencial Ao valorizar historicamente seu ambiente, a biblioteca exprime-se através de estratégias que se concretizam pela nostalgia de uma época, simbolizando a existência de um estilo que se destaca pela representação dos mundos concretos ou imaginários, modernos ou tradicionais, inserindo-se em uma atmosfera temporal que lhe dá identidade. Ambientes assim investidos de valores existenciais, resgatam a sensibilidade da época que simbolizam seu ritmo, sua melancolia, criando ou recriando universos próprios que expressam a felicidade, a ansiedade, a vocação de favorecer o bem viver como no Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro – Brasil (Figuras 38 a 41). Figura 38 - Fachada do Real Gabinete Português de Leitura, Rio de Janeiro – Brasil Fundado em 1837, o Real Gabinete representa “o anseio do povo português residente na Colônia, de levantar um monumento que representasse a sua cultura e demostrasse o seu amor à pátria distante”, destaca José Marcelino da Rocha Cabral no discurso comemorativo do centenário da instituição72. 72 REAL GABINETE PORTUGUÊS DE LEITURA. Fundamentos e actualidade do Real Gabinete Português de Leitura. p. 18. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 93 Sua rica fachada já expressa o vigor da existência de uma época em que as construções buscavam dar um sentido de unidade entre o exterior e o interior através da composição, em um discurso unificado, quer seja pela presença de caravelas que simbolizam as descobertas no novo mundo, quer seja pela marcante presença do estilo manuelino tão vivo na fachada, uma representação da cultura portuguesa. De fato, tal estilo representa, na arquitetura da Renascença em Portugal, a resistência do naturalismo nacional contra o classicismo estrangeiro sendo, portanto, marco e orgulho dos portugueses. Figura 39 - Vista interna do Real Gabinete de Leitura Portuguesa - Rio de Janeiro, Brasil Ao entrar em seu salão de leitura, o usuário submerge em uma atmosfera do século passado, onde as estantes fixadas nas paredes tal como o estilo de Boullée consagram a forma de um relicário, de um conservatório das experiências expressadas pelo homem, transportando-o a um lugar antigo, mas mantendo em destaque o espaço do acervo que se oferece ao olhar mais alto, até o teto fazendo-o penetrar no ritmo do seu estilo manuelino, rico de elementos decorativos dourados que contrastam com as estantes pretas em madeira de lei que se sustentam sobre um piso composto por um jogo simétrico opondo-se ao mármore branco com o granito preto. A atmosfera por vezes é quebrada pela presença de um computador ou um fichário em aço, como pode ser visto nas Figuras 40 e 41, mas, rapidamente é recomposta pela existência de montras que são verdadeiras obras de arte e que se expõem junto com os livros mostrando que também o é de valor. Figura 40 - Antiguidade vs modernidade Figura 41 - Monta relicário As mesas individuais de leitura possuem um aparador que, ao mesmo tempo em que dá suporte ao livro, divide os espaços da mesa delimitando as zonas de contato como destacou Hall (Figura 5, Capítulo1). Embora não exista sinalização, a disposição das estantes, legítima representante do tipo vertical, descrito por Navarro anteriormente, está organizada de modo a facilitar o contato daqueles que se utilizam do acervo nelas exposto. Uma barra dourada, um toque de requinte, contorna todos os jogos de estanteria dos três andares para dar suporte à escada posta para o acesso e recuperação das obras nas prateleiras mais elevadas. No teto, um grande vitral em branco, vermelho e azul está colocado de modo decorativo e para anunciar, como destaque de fundo, um imenso lustre de ferro decorado com flores, aros e com o brasão de Portugal. Detalhes como a existência de luminárias do tipo abajour podem ser observados no último andar, como os recortes dos bandôs que cercam as estantes do segundo andar e criam um rico efeito decorativo ou ainda como o parador do segundo e terceiro andares, nos faz ver a agradabilidade e a beleza que estão presentes em todos os recantos deste espaço de cultura. Posto dessa forma, o ambiente é como um mergulho a um tempo passado que resgata valores de clausura – como os dos monges escribas –, de intimidação, de admiração, de contemplação, transportando o usuário a uma época em que a leitura era um privilégio de pouquíssimos, como são os que hoje o freqüentam, já que desperta uma preocupação com a guarda e preservação tanto dos livros quanto do mobiliário, dado seu valor histórico-social. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 94 Valorizand o a diversidad e As bibliotecas que adotam esta estratégia estabelecem sua composição espacial através da existência de vários ambientes que possibilitam o acesso às mais diversificadas formas de expressão dos artefatos culturais de modo a se propor como um jogo de atividades, um tabuleiro de opções que se cruzam e versatilmente valorizam a opção do usuário o qual deve eleger o que melhor lhe aprover. Tal estratégia marca a presença de uma preocupação com a assimilação do conhecimento, com a promoção da cultura expressada nos mais variados suportes, com a abundância de opções que, em última instância, buscam encantar o usuário através da multiplicidade de modos de obtenção da informação. Tal abundância é fator preponderante das oportunidades de escolha, como no jogo, e se faz presente por meio da existência de espaços destinados a uma livraria, um café, uma galeria, um balcão para serviços de reprodução, capturação de imagens, encadernação, um auditório, salas especiais para exposição, audiovisual, leitura, terminais para consulta a bases de dados internas e externas e para conectar-se com a rede das redes, enfim pela oferta de uma série de ambientes que fomentem a busca pelo saber armazenado na biblioteca. Assim, surge, no campus universitário, o edifício de quatro andares da Biblioteca Central da Universidade de Campinas – UNICAMP, em São Paulo (Figura 42). Trata-se de uma obra que assume o ritmo de uma instituição de ensino superior voltada para dinamizar o processo de aprendizagem dos discentes, docentes e funcionários, mas que está aberta ao público em geral. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 95 Figura 42 - Edifício da Biblioteca Central da Universidade de Campinas - UNICAMP, São Paulo – Brasil No térreo, o usuário que, em grande parte, não reside na cidade mas para ela se dirige em busca de uma formação profissional, encontra uma ampla galeria de arte, uma livraria, uma farmácia, e uma agência de viagem. Os dois primeiros espaços permitem o contato com obras que são únicas – como os elementos bi e tridimensionais expostos na galeria –, ou são recém lançadas e ainda não estão disponíveis para consulta na biblioteca – como revistas científicas à venda na livraria. Esses ambientes estão colocados de modo que o seu acesso é independente da entrada no hall da biblioteca. A entrada na biblioteca propriamente dita é feita por uma ampla porta e, em seguida, um espaço destinado ao controle dos transeuntes com catracas e balcões destinados à guarda de bolsas ou outros objetos que o usuário julgar necessários. É no térreo que se encontra, também, a chamada Coleção de Lazer que é composta de obras de ficção, best-sellers, entre outros, cuja oferta evoca o ócio e a gratuidade do tempo a ser gasto nessa seção e que se estende até o Café da Biblioteca (Figura 43), localizado no subsolo e de acesso possível através desse piso. Figura 43 - Folheto propaganda do Café da Biblioteca da UNICAMP SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 96 A concentração das atividades que valorizam o tempo livre no andar térreo não ocorre por acaso. Essa estratégia permite que a biblioteca se ofereça à sua comunidade como um espaço dinâmico, totalmente disposto a sanar as mais heterogêneas necessidades, inclusive as de informação, e como lugar capaz de oferecer serviços eficientes em resposta às exigências de seu público estimulando-o, versatilmente, a interagir no jogo competente de manipulações com vista ao uso de seu espaço. Ao chamar a atenção para a existência dos demais andares pela presença de uma sinalização orientativa-diretiva em forma de painel posto logo após as catracas, o andar térreo também coloca-se como um lugar de articulação que acolhe o usuário e o distribui pelos ambientes existentes de acordo com suas necessidades. O primeiro andar ainda se apresenta como uma transposição entre o ócio e a ocupação, uma vez que dispõe de um espaço para leitura de jornais e revistas como Veja, Isto é, entre outras e promove a diversidade de consulta a fontes impressas e eletrônicas já que, nesse ambiente, está disponível a coleção básica dos cursos de graduação, as obras de referência e os terminais para consulta on line a bases de dados internas e externas. No segundo piso, está localizada a coleção de engenharia e no terceiro as coleções especiais que reúnem acervos de personalidades da vida acadêmica brasileira como a de Sérgio Buarque de Holanda, além de um acervo de livros raros dos primeiros viajantes que passaram pelas terras brasileiras, do Centro de Documentação de Música Contemporânea que reúne partituras, fitas de vídeo e cassetes e documentação técnica sobre a temática e, por fim, uma coleção destinada ao uso dos profissionais que nela trabalham e que é composta de um precioso acervo na área da Biblioteconomia. Dentre os serviços ofertados pela Biblioteca Central da UNICAMP, as palestras orientadas, o fornecimento de cópias de artigos, patentes e teses e a orientação para normalização de trabalhos acadêmicos e referências bibliográficas são os que possuem uma grande demanda em virtude das SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 97 características da comunidade à qual ela se propõe a atender, aceitando as regras do jogo que o usuário lhe impõe. O ambiente ainda é enriquecido pela iluminação que as janelas, existentes em toda a fachada, proporcionam, bem como pela transparência dos vidros no andar térreo, colocando-a, no amplo espaço do campus universitário, como um ponto de referência que, através do modo de se colocar pelas janelas ou vidraças, tanto vê o que está no exterior quando se deixa ver pelo transeunte, de modo a permitir uma ativa relação entre o edifício e seu espectador, talvez sendo esta sua intenção primeira. ***** As práticas de organização do ambiente da biblioteca, cujos valores de solução, uso, versatilidade, diversidade, criatividade e existencialidade estão presentes na espacialidade, mostram o desejo natural da instituição em se identificar com seus usuários através dos elementos práticos, críticos, utópicos e lúdicos que ela se utiliza para, de certo modo, ser vista por eles. Contudo esta promoção pode também ser manipulada pela nomeação dos destinos que ela quer ver sendo utilizados, e para tal, elege estratégias que são montadas através do que será examinado a seguir. Nomeando os destinos A biblioteca, para oferecer-se como um espaço disseminador do saber, tem que empregar estratégias que permitam o entendimento de sua organização espacial de modo a facilitar o deslocamento de seu público, contribuindo para a execução de sua perfórmance quando da busca pela informação desejada. Tais estratégias tomam o formato do emprego de um sistema de comunicação visual – sinaléticas ou sinalização –, cujo objetivo é assegurar a homogeneização de comportamentos e uso integrado do ambiente da biblioteca, tornando-a amplamente percebida pelo público que a freqüenta. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 98 A existência de um sistema de comunicação visual na biblioteca pressupõe que ela deseja ser facilmente utilizada por conhecer as necessidades do público que nela circula, bem como de seu fluxo e trajetória de modo que disponibiliza seu espaço racionalmente reduzindo as incertezas. Paradoxalmente, muitas bibliotecas possuem eficientes sistemas de recuperação dos artefatos culturais que armazenam, ficando, entretanto, o acesso ao seu ambiente legado a uma forma de comunicação que não facilita o uso, ou que, em muitos casos, privilegia o não uso pela confusão que produz com sua apresentação, mostrando que elas não se vêem como um espaço físico de integração entre o saber e as demandas oriundas de seus usuários. Dentro da perspectiva semiótica, a produção de sentido de um sistema de comunicação visual é constituída de um plano de expressão que se manifesta pela cor, pela densidade de informação, pela textura do material, pela forma da letra ou da imagem empregadas, pela localização e forma de fixação no ambiente, entre outras, e pelo plano de conteúdo que contempla o universo semântico existente na sinalética. Ao discutir os aspectos inerentes à concepção de um sistema de sinalização, John Kupersmith73 propõe que ela se dê através das etapas da Figura 44. Figura 44 – Fases do Projeto para Sinalização, adaptado de John Kupersmith Analisando o esquema proposto pelo autor, observa-se que ele contempla todos os aspectos de análise, confecção e avaliação do sistema de sinalização a ser empregado, ou seja, propõe o estudo dos elementos que determinarão sua funcionalidade. Para o autor, a base funcional é composta pelas etapas de pesquisa e análise, manutenção e avaliação e a base estética contempla o protótipo ou esquema, o desenvolvimento, a fabricação e a instalação. Nessa ordem construtiva, a criação de um sistema de comunicação visual para uma biblioteca estabelece inicialmente os componentes do plano de conteúdo para, em seguida, delinear através do plano SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 99 de expressão, os elementos que serão empregados para estimular o uso do ambiente e produzir o todo de sentido da organização espacial. Como um sistema, as fases arroladas na Figura 39 estão interrelacionadas, são interdependentes e possuem tarefas distintas que são: 1. Pesquisa e Análise Compreende o estudo do fluxo dos trajetos realizados com objetivo de observar as dificuldades no deslocamento e as demandas por informação sobre o arranjo do espaço. Envolve o entendimento das necessidades no: • Ambiente externo, de modo aperceber como se dá a identificação e localização da biblioteca no contexto organizacional, quando for o caso, ou na teia urbana de uma cidade; e • Ambiente interno, inclusive através da análise das plantas e lay out, buscando visibilizar os desconfortos gerados quando da circulação do público. Trata-se, de fato, de um estudo da perfórmance do público no espaço físico da biblioteca a fim de constituir subsídios para que ela possa, após a instalação do sistema de comunica,ao visual, favorecer o uso adequado do ambiente e criar novas formas de tornar o usuário competente para utiliza-la. 2. Protótipo ou Esquema A criação de um sistema de sinalização para uma biblioteca definirá, inicialmente, a identidade visual que ela adotará e que será capaz de produzir uma comunicação imediata com o público através da reunião de elementos que a mostre distinta das demais. Tais elementos, constituídos de um plano de expressão e 73 KUPERSMITH, John. Informational grafics and sign systems as library instruction media. p. 61. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 100 de um plano de conteúdo, poderão adotar letras ou palavras, imagem ou uma forma arbitrária como nos exemplos coletados por Marielle de Miribel que integram o texto Les logos dês bibliothèques publiques.74 Figura 45 - Logotipo da Biblioteca Municipal de Carouge, Suíça Figura 46 - Logotipo da Biblioteca Pública de Lund, Suécia Figura 47 - Logotipo da Biblioteca Municipal de Ludres, França Pode-se observar, em um rápido olhar nos logotipos acima, que todos mostram o compromisso da biblioteca pública com a localidade onde ela está inserida pelo do emprego do emblema da cidade, pela adoção estilizada das torres de uma construção que é típica da localidade ou ainda pela presença de um animal que simboliza a municipalidade. O logotipo da Biblioteca Municipal de Carouge adota uma desordem tipográfica vazada que evoca o sentido de desordenação dos livros na estante mostrando que o ambiente é cercado pela informalidade e desapegado da rígida organização atribuída a órgãos desta natureza. Já o logotipo da Biblioteca de Lund apresenta as torres do castelo de Luís II da Baviera, ponto turístico da cidade e local onde ela está instalada. As duas torres estão postas sobre um jogo embaraçado de palavras e letras em tipo cheio que toma o sentido de equilíbrio, solidez e segurança da construção além de indicar os diversos andares do edifício. 74 MIRIBEL, Marielle de. Les logos dês bibliothèques publiques. p. 17, 19 e 23. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 101 O logotipo da Biblioteca Municipal de Ludre além de promover a leitura por meio da figura de um animal aceito como símbolo da cidade, concilia a imagem do canguru com o tema da necessidade de formação, desde a infância, do hábito de leitura também pela família. O John Kupersmith75, um outro ponto é fundamental nessa fase de definição das características do projeto de sinalização. Trata-se da seleção do tipo de sinalética a ser adotado. Segundo o autor, a decisão se dará entre as seguintes opções constantes da Figura 48: Figura 48 - Componentes de um sistema de sinalização segundo John Kupersmith A figura acima destaca as seguintes opções para composição de um sistema de comunicação visual: A - Orientação: apresenta o lay out do ambiente; B - Cotidiano: disponibiliza informações sobre o que ocorrerá na biblioteca tais como: eventos, mudanças nos horários de funcionamento ou quaisquer outras informações similares; C - Direção: possibilita a concepção dos pontos principais, permitindo o conhecimento do percurso a ser utilizado bem como as decisões corretas que deverão ser tomadas quanto ao cumprimento do trajeto; D - Identificação: é destinada a designar os espaços determinados pela distribuição interna tais como: sala de periódico, de estudo em grupo etc. E - Instrução: seu uso é destinado a circular informações básicas que maximize o rápido fluxo de circulação do usuário; F - Regulamentação: apresenta as normas para uso dos serviços, equipamentos ou produtos disponibilizados pela biblioteca. O emprego de tais componentes, localizados em pontos estratégicos, mostra que a biblioteca está preocupada em articular seu uso e propor-se para o usuário como um espaço de informação a ser 75 KUPERSMITH, John. Informational grafics and sign systems as library instruction media. p. 56 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 102 explorado. Para definir tal disposição estratégica, o autor sugere ainda uma descrição detalhada de todas as sinaléticas a serem utilizadas conformo o modelo abaixo. N° Conteúdo Locali zação Descrição Dimensão Cor Material Letra Fixar Tipo Tamanho Cor Material Um dos objetivos da descrição é o de criar uma padronização do conteúdo das sinaléticas que serão expostas. Neste sentido, as recomendações de Raynolds e Barret76 são para que sejam evitadas siglas, abreviaturas, uso de termos técnicos e frases longas. De fato, ao definir as palavras ou termos que serão empregados, deve-se considerar aspectos como legibilidade a distância em visão rápida assim como a unicidade e a simplicidade. As informações a serem repassadas pelas sinaléticas podem, também, assumir a forma de um pictograma que são desenhos estereotipados que buscam uma aproximação figurativa com o objeto ou conceito que designam e são comumente utilizados para mostrar um caminho, identificar um local, alertar o perigo ou ações proibidas ou ainda instruir modos de operacionalização de certos instrumentos. Alguns são de emprego universal, como os dispostos na Figura 49, e podem ser empregados no projeto de sinalização de uma biblioteca. 76 REYNOLDS, Louise, BARRETT, Sydney. Signs and guiding for libraries. P. 58. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 103 Figura 49 - Pictogramas de utilização mundial e bibliotecas Independente do emprego de palavras ou pictogramas, a forma do conteúdo organiza concretamente aquilo que se deseja enunciar para que, de fato, o espaço venha a ser seguramente utilizado. Contudo a valorização do uso de pictogramas, em detrimento de palavras ou termos, mostra que a biblioteca deseja compartilhar seu ambiente com o heterogêneo público que a freqüenta principalmente se isso implica ser neo-alfabetizado ou não alfabetizado que se dirigem à biblioteca para desencadear um processo de auto aprendizagem. Segundo Michel Cartier77, os pictogramas são utilizados para favorecer o grande público e não grupos específicos, criando uma comunicação visual uniforme e de fácil compreensão. 3. Desenvolvimento do Projeto O desenvolvimento do projeto envolve a decisão quanto a tipologia de letra, o estilo, as cores, a harmonia e os pictogramas que serão aplicados no sistema de sinalização e que compõem o plano de expressão adotado para se manifestar nos limites de uma placa. A definição da composição de tais elementos se baseará no favorecimento da criação de sinaléticas inteligíveis, informativas e convidativas que se tornarão eficazes pela sua legibilidade, visibilidade e compreensão. 77 CARTIER, Michel. Alex: um code signalétique canadien. p. 61. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 104 O tipo de letra a ser adotado, quando do emprego de palavras ou termos, deverá observar as variáveis explicitadas no quadro abaixo. Formato Modelos Exemplos Quanto à forma Itálica, normal e negrito Sala Sala Sala Quanto ao tipo fina, média e grossa Sala Sala Sala Quanto ao espaço condensada, norma e expandida Sala Sala Sala Para seleção da tipografia a ser adotada, devem-se considerar os efeitos de legibilidade do texto produzidos pelas letras de modo a evitar estilos que dificultem a leitura a distância como o gótico, por exemplo. Também os efeitos produzidos pelo estilo adotado pode remeter à idéia de algo antigo, íntimo ou moderno. Pesquisas americanas realizadas por Andrew Yeaman78 relatam que as bibliotecas, naquele país, adotam normalmente a fonte Times ou Helvética em maiúsculo e sem sombra para sinalização, tendo em vista que tais caracteres possibilitam uma boa leitura como pode ser observado nos modelos expostos abaixo. BIBLIOTECA BIBLIOTECA Times New Roman Helvética BIBLIOTECA BIBLIOTECA Gótica Cursiva A textura é uma sensação tática produzida pela visualização. Segundo o Grupe µ79, trata-se de um fenômeno de origem cinestésica que produz uma sensação que, para a semiótica, compreende uma unidade de conteúdo correspondente a uma expressão constituída por estímulo visual. A granulação, o enrugamento, a lisura, a lustração são alguns dos efeitos produzidos pela textura, que emprega os mais diversificados tipos de material para produzir as mais variadas sensações. O todo de sentido desencadeado pela textura adotada está diretamente ligado ao material empregado, podendo desencadear a sensação de desordem obtida pela enrugadura do papel, de imperfeição de uma superfície manchada, de movimento como a massa corrida ou ainda de regularidade de uma superfície lisa como pode ser observado nos exemplos abaixo. Figura 50 - Modelos de textura A apreensão de uma comunicação visual pelo do emprego da cores tem envolvido estudos que estão relacionados tanto com a física das cores quanto com os seus mecanismos de percepção, ou seja, os primeiros estão ligados aos aspectos que compõem a luminosidade e a capacidade de reflexo enquanto que os do segundo tipo estão voltados para o entendimento do estímulo global que envolve a saturação, a superfície colorida e a iluminação. O estudo das cores, enquanto produtoras de significado, tem sido desenvolvido por diversas áreas do conhecimento. A psicologia social, por exemplo, atribui cinco adjetivos descritivos associados às cores relacionados aos comportamentos humanos que são: felicidade, energia, ostentação, elegância e calor enquanto que a antropologia, através dos estudos de Barlin e Kay e de Conklin, citados pelo Grupe µ, defendem a idéia de que há um vocabulário temático expressado pela associação de cores como por exemplo, o vermelho alaranjado que produz a sensação de calor. Para a semiótica a atribuição do conteúdo da cor delineia-se pela prática social como no caso do verde/vermelho que estão ligados ao sentido de permissão vs interdição no trânsito. Desta forma, a seleção das cores que serão adotadas deverá ser definida com base em três variáveis: matriz, saturação e brilho. A matriz diz respeito ao nível de contraste proposto; a saturação está relacionada à legibilidade possível 78 79 YEAMAN, Andrew. Lost in the information supermarket. p. 44-45. Grupe µ.. Traité du signe visuel. p. 70. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 105 através da cor adotada e o brilho relaciona-se ao efeito físico causado pela distância e seus efeitos analisados no contexto onde serão empregadas. A adoção de variadas cores poderá servir para codificação do espaço facilitando sua apreensão como acontece na biblioteca da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo – ECA/USP (Figuras 29 a 31) ou ainda na Sérgio Milliet do Centro Cultural São Paulo – CCSP (Figuras 32 a 37). Certas cores também oferecem a possibilidade de um jogo de positivo vs negativo como na Figura 51 que pode, em função do contraste, criar um impacto ao romper com o arranjo do ambiente, propondo a mostrar algo diferente, que chama mais a atenção pela seleção da cor escolhida para compor o fundo. Figura 51 - Negativo vs positivo 4. Fabricação e Instalação Esta fase envolve a confecção do sistema de sinalização bem como sua colocação no ambiente da biblioteca, ou seja, a padronização estrutural que está relacionada à determinação do material a ser utilizado e sua fixação. A decisão quanto ao tipo de material a ser empregado tem que levar em consideração a durabilidade e resistência. Normalmente são utilizados o acrílico, a madeira, a madeira revestida de formica, lâminas plásticas, entre outros. Contudo o efeito produzido por cada um destes materiais varia em função, por exemplo, da transparência ou opacidade que eles possuem. A fabricação de painéis de orientação poderá, quando a biblioteca possuir mais de um andar, adotar o modelo abaixo com a função de permitir o conhecimento global de todos os ambientes disponíveis para facilitar a localização do usuário, principalmente se os painéis adotarem a indicação do tipo “você está aqui”. Também é indicativo de que a biblioteca deseja ser facilmente assimilada pelo usuário o emprego de placas de orientação fixadas logo na entrada como faz a biblioteca da ECA/USP (Figuras 29 a 31). 1 Informações Administração Geral Catálogo e Referência 2 Coleção de Periódicos Acervo 000 - 500 1 Informações Administração Geral Catálogo e Referencia 2 Coleção de Periódicos Acervo 000 - 500 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Toilet Feminino e Masculino 3 Acervo 600 - 900 Salas de Estudo em Grupo Salas de Estudo Individual 106 Toilet Feminino e Masculino 3 Acervo 600 - 900 Salas de Estudo em Grupo Salas de Estudo Individual A adoção de placas com setas direcionadoras, para mostrar claramente o caminho correto, poderá dar-se tendo com o uso de termos/palavras quanto com pictogramas como no modelo abaixo. CATÁLOGOS CATÁLOGOS REFERÊNCIA REFERÊNCIA PERIÓDICOS PERIÓDICOS REPROGRAFIA REPROGRAFIA BANHEIRO MASCULINO REFERÊNCIA BANHEIRO FEMININO ELEVADOR ELEVADOR BANHEIROS Quanto à fixação, Raynolds e Barret80 sugerem que alguns cuidados sejam tomados no sentido de manter maior segurança possível. Os autores chamam ainda a atenção para tipos de fixação mais comuna que estão relacionados na Figura 52. Figura 52 - Tipos de fixação, adaptado de Reynolds e Barret 80 REYNOLDS, Louise, BARRETT, Sydney. Signs and guiding for libraries. p. 102. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 107 5. Manutenção e Avaliação Para assegurar que o sistema de comunicação visual adotado atinja o objetivo para o qual foi criado, sua manutenção – limpeza e troca de placas danificadas –, é de fundamental importância. Da mesma forma, a avaliação periódica funcionará como medida para assegurar a integração almejada pela biblioteca com o seu usuário. ***** Ao enunciar-se através dos enunciados estruturantes do edifício e da ambientação, a biblioteca promove um diálogo com seu destinatário e o convoca para utilizar os artefatos culturais que mantêm sobre sua guarda, permitindo inferir que esta enunciação sempre promove, de certo modo, o modo de utilização ou subutilização do espaço. Após o exame panorâmico do modo como a biblioteca se coloca para ser vista por intermédio de seu texto espacial, cabe identificar como a BPEAM constrói o seu regime de visibilidade para se colocar sob o olhar do usuário manauense, o que trataremos no próximo capítulo. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 108 U MO LHA RD IRECIONADO HA UM OLH AR DIRECIONADO O edifício da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas – BPEAM, localizado na rua Barroso nº57, entre a avenida Sete de Setembro e a rua Henrique Martins, ponto mais central da cidade de Manaus, foi tombado como Monumento Histórico do Amazonas pelo Decreto Estadual n.º 11.033 de 12/04/1988, objetivando contribuir para a preservação da memória regional por: a) ser uma construção datada do início do século XX, de inestimável valor histórico, cultural e arquitetônico; b) constituir-se a primeira e única Biblioteca Pública do Estado e por ser, também, a única construída para esse fim; c) estar localizada no centro da cidade, proporcionando maior facilidade de acesso ao público leitor; d) ser um marco importante no desenvolvimento da intelectualidade amazonense – cita-se a título de exemplo, o fato de a Academia Amazonense de Letras ter sido instalada nas suas dependências; e) ser testemunho vivo do passado de um povo sequioso na busca do saber; SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 109 f) ter, durante muito tempo, abrigado em seu seio dentre outras instituições, a Assembléia Legislativa do Estado; g) ter sobrevivido a incêndio (22/08/45) e catástrofes de outras naturezas (como, por exemplo: descaso, não reatualização de seu acervo etc).81 Como se pode observar, a Comissão que relatou o processo de tombamento do sítio da BPEAM, ao justificar a solicitação de sua inclusão no rol dos bens imóveis de valor histórico cultural do estado, destacou eventos importantes que ocorreram no edifício inaugurado em 05/09/1910, após cinco anos de construção. Além de ser uma obra datada do início do século, alojar a única biblioteca mantida pelo governo estadual, localizar-se no centro de Manaus e ter sobrevivido a catástrofes como o incêndio da madrugada de setembro de 1945, o documento informa que o prédio alojou a Academia Amazonense de Letras, a Assembléia Legislativa, a Pinacoteca e o Arquivo do Estado do Amazonas, mostrando que, pela importância da localização, a biblioteca iguala-se ao nível de instituições ligadas ao poder legislativo e intelectual da cidade. No discurso de inauguração do prédio, o Sr. Antônio Clemente Ribeiro Bitencourt82, governador do Estado destacou que: “a biblioteca surgiu não como um ornamento, mas como instrumento que se fazia necessário para o amanho e o cultivo de uma gleba que já então rica e seivosa se mostrava, pela inteligência de seus homens e pela vontade natural de quantos se pronunciavam em anelos, na formação de um centro de estudos de mais amplo contato com os mestres da literatura, da filosofia, das ciências”. Grande parte das edificações públicas realizadas neste período em Manaus está relacionada ao nome dos governantes, enquanto que a autoria do projeto passou a ser apenas um detalhe de pouca 81 82 GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS. Processo de pedido de tombamento da Biblioteca Pública. p. 1-4. Apud BRAGA, Genesino. Nascença e vivência da biblioteca no Amazonas, p. 32 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 110 importância. Desta forma, são raras as referências a autores de projetos arquitetônicos produzidos durante este período. Sobre esse problema, Otoni Mesquita83, em seu estudo, destaca que: “Os autores são quase sempre anônimos ou resguardados pelo nome de um escritório ou empresa responsável, como ocorreu com o projeto apresentado para a construção do Teatro Provincial em 1882, cuja autoria é assumida pelo Gabinete de Architectura e Engenharia Civil de Lisboa. Um dado raro, neste sentido, é fornecido pelo historiador Antônio Loureiro, em nota constante no Álbum A Cidade de Manaus e o País das Seringueiras reeditado em 1988, indica o engenheiro Alexandre Haag como autor do projeto da ponte de ferro dos Remédios”. Em virtude desse procedimento, pouco ou quase nada se sabe sobre o projeto e a construção do prédio definitivo da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas. No que diz respeito às obras, o processo de tombamento84, no item 25 – Histórico Geral –, destaca que entre 1904 e 1908 foram consiganadas verbas para a conclusão do Palacete para os livros, o que é confirmado pela descrição de Genesino Braga. Um olhar sobre a imagem do Palacete da Imprensa Oficial (Figura 53), inaugurado em 1894, nos permite observar, ao lado esquerdo do prédio, tijolos dispostos no terreno onde funcionava o Estábulo Público e onde seria construído o edifício da biblioteca nos possibilitando inferir que seria esse o primeiro sinal do início das obras. Já na Figura 54, primeira imagem que se tem do prédio, é possível observar que a obra estava em fase de conclusão, tendo em vista que à frente de sua porta de entrada pode-se ver o material empregado na construção e no lado da rua Municipal, atual Sete de Setembro, uma figura masculina, colocado em uma escada por trás do poste de energia elétrica, pinta as paredes externas. 83 84 MESQUITA, O . M. Manaus: história e arquitetura. p. 58. GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS. Processo de pedido de tombamento da Biblioteca Pública. p. 25-26. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Figura 53 – Palacete da Imprensa Oficial e, ao seu lado esquerdo, os tijolos postos para o início da construção da BPEAM 111 Figura 54 - Prédio, em obras, da BPEAM, com destaque para o prédio do Palacete da Imprensa Oficial ao lado No que diz respeito à inauguração do palacete da rua Barroso, um outro ponto não pode passar despercebido. Trata-se da data 05 de setembro que não deve ter sido escolhida aleatoriamente, pois, em 1850, nesse mesmo dia, a Província foi elevada a Estado evento que até hoje é comemorado com um feriado estadual, desfiles cívicos e apresentação das bandas de fanfarras mantidas pelas escolas locais. Logo, pode-se afirmar que a inauguração em um dia festivo fez parte das comemorações no ano de 1910, mostrando que o reconhecido desenvolvimento que permitiu a criação do estado federativo se propagaria com o fortalecimento da instituição cultural instalada em prédio próprio. Em sua planta original (Figura 55), os espaços estão dispostos como ainda o são nos dias atuais, ou seja, três pavimentos ocupando cada um uma área construída de 863.85 m2, totalizando 2.591.55m2, embora tenha passado por nove reformas até hoje, como se destaca do processo de tombamento. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 112 Figura 55 - Planta original do prédio da Biblioteca Pública Pela análise da planta original que compõe o acervo de obras raras da biblioteca, pode-se afirmar, pela semelhança com os prédios da antiga Biblioteca Nacional de Paris (Figura 56) projetada pelo arquiteto Henri Labrouste e com o da Biblioteca Pública de Boston (Figura 57) o qual também foi influenciado pelo mesmo arquiteto, que o projeto da BPEAM sofre ascendência do estilo labrousteano, aspecto que pode ainda ser confirmado pelo racionalismo disfuncional de sua distribuição interna, a ser examinada posteriormente. Vê-se que os valores empregados para projetar o edifício da Biblioteca Pública estão diretamente ligados a instituições reconhecidas por sua tradição cultural e pela esplendorosa beleza enaltecida pelas obras de Labrouste. Manaus mostra-se competente ao fazer construir, no seio da floresta amazônica, um legítimo exemplar espelhado na arquitetura internacional. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Figura 56 - Fachada do prédio da Biblioteca Nacional de Paris, na França 113 Figura 57 - Fachada da Biblioteca Pública de Boston, nos Estados Unidos Nota-se que os três conjuntos arquitetônicos acima foram compostos em andares, com grande quantidade de janelas, e com um frontão cimbrado na extremidade superior marcando a entrada principal. A fachada da biblioteca amazonense é composta por uma baluastra no topo do prédio, seguida de um friso de cornija que se repete abaixo das janelas que, no andar superior, possuem um balcão e são ornadas com um arco retilíneo, contrapondo-se com as janelas inferiores que possuem arcos de volta inteira. No conjunto citadino, a fachada age como uma enunuciação do grande espetáculo que ocorre no interior e, pela ruptura, pelo descontinuísmo que promove na ordem urbana, mostra-se como um convite para que o transeunte entre e encontre-se com a cultura. Ao colocar-se deste modo, ela faz com que a biblioteca não queira não ser vista pelo seu usuário potencial, tal como ocorre com as chamadas Novas Alexandrias. O espaço ocupado pelo imponente prédio neoclássico é bastante amplo. No centro da cidade de Manaus, a Biblioteca Pública, como os demais edifícios, está investida de uma imagem arquitetônica que lhe possibilita propor à comunidade a que se destina, um certo tipo de relação. Ela é caracterizada como detentora dos valores culturais que manipula. Igualmente pela facilidade de seu acesso, ela possibilita ampla serventia aos que atende e é, na paisagem urbana, um destaque pela sua visualidade. A biblioteca tem, pois, uma imagem que a faz ver e a mostra como domínio do saber que pode ser partilhado com a comunidade. O sujeito competente, por ser público, partilha seu saber com outros sujeitos da comunidade. Da mesma forma que, para o centro da cidade, convergem muitos interesses relacionados ao comércio, aos principais bancos, às instituições públicas ali localizadas e que geram a quase necessidade da população se locomover a este espaço a fim de estabelecer soluções para problemas relacionados às importantes decisões do dia-a-dia, a biblioteca também está nesse roteiro essencial para a vida do manauense. Relacionada à centralidade do acesso e ao seu caráter público, ela apresenta-se à SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 114 comunidade como um sujeito competente para solucionar problemas de ordem cultural, histórica, informacional. Se há um centro que organiza a vida urbana e para o qual a população deve ir para equacionar suas questões cotidianas, a biblioteca recebe, por esse seu posicionar e suas competências, um papel de actante no sentido semiótico. Ela tem um valor no contexto e um fazer a desempenhar, como o seu papel na sociedade. Nesse sentido, a biblioteca apresenta-se à sociedade como um sujeito competente, que possui em seu universo de letras, palavras, livros e resposta adequada à demanda informacional oriunda de todo e qualquer tipo de usuário. Uma vista aérea atual de Manaus permite ter a localização exata da BPEAM no conjunto de edifícios de diversos estilos que compõe o centro da cidade que surge no meio da selva amazônica, banhada pelo Rio Negro, e que se desenvolveu, alheia às dificuldades da localização, como grande metrópole regional com avenidas largas e movimentadas e com a característica de ser verticalizada por apresentar poucos edifícios com muitos andares em vista da possibilidade de expansão do local onde foi fundada. Palácio da Justiça Biblioteca Pública Teatro Amazonas Instituto de Educação do Amazonas SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 115 Figura 58 - Vista aérea atual da cidade de Manaus Pela localização central, o trajeto que o usuário, de onde quer que ele esteja, faz para chegar à biblioteca, ir ao centro da cidade outorga-lhe ao seu eixo pulsional valores de competência modal de poderfazer e saber-fazer. O acesso a esta competência viabiliza-se por meio da convergência da maioria das linhas de transporte existentes na cidade para essa destinação. Assim, o sistema de transporte atua como facilitador de acesso ao local, além de fazê-la estar sempre presente, como ponto de referência, na vida dos actantes coletivos, quer eles a ela se dirijam ou não. Quando ela é a direção do usuário, ela está geograficamente perto de tudo o mais que lhe feiciona como aquele sujeito capaz e com poder de dar soluções aos problemas dos usuários. Querer saber, ter vontade de saber mais, precisar saber, dever-saber são modalidades delineadoras do usuário. Enfim, tornar-se também um sujeito competente é o que assume os trajetos do usuário e, em especial, para o principal freqüentador da Biblioteca Pública, estudantes do ensino fundamental e médio. Para este público específico, a própria ação de ter que se deslocar até o centro da cidade já carrega em si um valor de elevada importância dado ao caráter de solucionador de problemas estabelecidos em torno do setor central de Manaus. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 116 O prédio, por si mesmo, pelas características arquitetônicas, também se destaca no olhar dos que passam pelo centro e dos que se propõem a utilizá-lo. Sua construção neoclássica impõe a idéia de cultura inserida no ambiente uma vez que contrasta com as demais construções que a cercam. Figura 59 - Vista externa da BPEAM, década de 60 A maioria dos prédios que ladeiam a biblioteca são construções recentes embora, antes das novas edificações, fossem localizadas, na lateral esquerda, o prédio da Imprensa Oficial do Estado à sua frente, o antigo Hotel Central e, posteriormente, o magazine Dragão dos Tecidos, especializado na venda de produtos importados (Figura 59), que hoje funcionam como agências bancárias. Quanto à localização da Biblioteca Pública, essa sempre se manteve junto a organismos de relevada importância para a comunidade, conjunta, portanto, com o poder constituído pelas funções dos que a cercam e pelo contrato de utilidade pública. Inicialmente colocada ao lado da Imprensa Oficial cuja competência se estabelece pela sua função de agente comunicador e disseminador das atividades do governo ao produzir o Diário Oficial do Estado, por exemplo, instrumento que dá conhecimento das leis e regulamentos da administração estadual e que tem grande implicação na vida do citadino, ela se coloca como parte dos órgãos de comunicação uma vez que associa sua imagem, por proximidade física e pelas suas funções, àqueles que divulgam informações. Posteriormente, passam a rodeá-la instituições SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 117 financeiras que representam a base do poder econômico de uma sociedade capitalista. Em síntese, a sua competência está associada aos valores determinantes das instituições que a cercam e que estão sempre ligadas ao poder, quer de comunicação, quer econômico, o que faz o enunciatário reconhecer, mesmo que implicitamente, as pistas da enunciação espacial da Biblioteca no conjunto arquitetônico do qual ela faz parte. Observam-se bem essas marcas de aliança ao poder dominante na Figura 59 e pode-se reconhecer na centralidade direita a placa do “Bradesco”, no extremo esquerdo, há um destaque para um prédio em verde e branco do Banco do Estado do Amazonas – BEA e, ao lado esquerdo da Biblioteca com as sacadas em branco, vê-se o prédio central da Caixa Econômica Federal. Presente na maioria dos prédios antigos da cidade de Manaus construídos no ciclo áureo da borracha, o estilo neoclássico é associado ao bom gosto que ainda hoje é atribuído àquela época. Os prédios do Teatro Amazonas (1896), do Palácio da Justiça (1900) e da Alfândega (1906), também do final do século passado e início deste, têm grande destaque na visualidade do espaço central da cidade, como pode ser observado na Figura 58, vista aérea de Manaus. Banco do Estado do Amazonas – BEA, antigo prédio da Imprensa Banco Bradesco Caixa Econômica Federal SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 118 Figura 60 - Biblioteca Pública do Estado do Amazonas, vista externa atual Isto implica afirmar que o estilo do prédio está associado à imagem de riqueza, opulência, além da de cultura, transmitida por criações de uma sociedade que, na época se autodenominava como a Paris dos Trópicos, vivia sob influência da comunidade européia, incorporando a competência de um saber fazer que levou Manaus à riqueza, com tecnologia para transformar e idéias a implantar, arquitetônica e geograficamente, construções de grande porte. São, em última instância, os atributos culturais dessa influência que se exteriorizam pela arquitetura e transmitem a idéia de algo diferenciado, em termos de cultura local, de um lugar sagrado. Desta forma, em sua apresentação externa e na sua localização, o prédio está pronto para abrigar uma relação do tipo conjuntivo entre a Biblioteca Púbica e aquele que a visita. Ao procurar cultura, conhecimento, o usuário da BPEAM já os encontra no mero olhar de sua aparência. Fazendo-se ser vista como um sujeito competente e importante, uma vez que valorada positivamente na comunidade, a Biblioteca Pública gera efeitos de sentido de credibilidade no que ela tem a oferecer. Desprovida de muitos elementos ornamentais85, a fachada possui janelas em grande quantidade – 36 maiores e 18 menores –, as quais permitem que a luminosidade dos trópicos penetre no ambiente interno suavemente. As janelas contornam todo o prédio e favorecem um contato mais dinâmico através dos olhos que elas configuram, permitindo que os olhares dos que a vêem de fora para dentro visite os espaços internos da Biblioteca Pública e, no sentido contrário, de dentro para fora, que haja uma aproximação com os transeuntes da rua, mesmo efeito causado pela Biblioteca Central da Universidade da Campinas, São Paulo, descrito no item Ritos Ambientais do Capítulo 2. 85 O pensamento dos grande teóricos da arquitetura na época em que se constituiu o projeto da Biblioteca Pública pregava a ausência de ornamentos em todas as partes do edifício que não fossem componentes essenciais da construção. A estrutura é evidenciada pelo valor estético em si e, conforme afirma Wilfried Koch (KOCH, Wilfried. Dicionário dos estilos arquitetônicos. p. 63.), privilegia-se o cubo e o ângulo reto compondo as edificações com elementos pré-fabricados, marcada pela a racionalidade. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 119 O grande número de janelas também se coloca como uma forma de seduzir o usuário, apresentado-as como mediadoras entre o interior e o exterior e permitindo um contato interpessoal efetuado através dos olhos que não vêem o que está disposto no interior, mas também sentem, pelo que representa o prédio, seu estilo e até mesmo o espírito próprio da belle-époque, e alcançam o conhecimento disposto nas obras, nas exposições, enfim nas atividades desenvolvidas pela Biblioteca Pública. Por trás das paredes, no ambiente interno, a cultura e o conhecimento se deixam ver pela presença de cheios e vazios que é encontrada na fachada vazada pelas dezoito janelas do piso térreo, permitindo que o interior seja visto pelo transeunte da rua, usuário potencial da Biblioteca Pública. A visibilidade, entretanto, é modalizada de um lado pelo querer ser vista da biblioteca que mostra o seu interior através das várias janelas, de outro, pelo não poder ser vista que se manifesta em decorrência da vedação das janelas por causa do sistema de refrigeração já que a cidade de Manaus possui uma temperatura constante acima dos 35º centígrados. Sob a forma de pórtico, a entrada principal se destaca da estrutura caixote, como pode ser examinado através de sua projeção em três dimensões na Figura 61, que representa a primeira geração de edifícios de bibliotecas, visto anteriormente, de forma a indicar ao usuário o início do caminho a ser percorrido. O desnível acentuado que se projeta para fora e onde ficam a porta principal e a janela maior, avança na calçada como se fosse ao encontro do usuário e, assim, se traduzem um convite para a sua entrada. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 120 Figura 61 - Projeção em 3D do edifício da BPEAM A janela principal, no frontispício do prédio, é guardada e ladeada por duas janelas circulares menores, romanticamente decoradas com uma guirlanda de flores e laço que, no vidro, apresenta uma estrela de cinco pontas conhecida na religiosidade cristã como estrela de David. Mais uma vez, há uma notável semelhança entre o estilo do edifício da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas e o racional romântico desenvolvido por Labrouste e cuja maior referência é a biblioteca de Sainte Geneviève, na França (Figura 9, do Capítulo 2), exemplo do terceiro estilo construtivo de biblioteca. Acima da janela, na parte mais alta da construção, mais próximo do céu sob um frontão triangular românico, está o escudo que apresenta as armas do Estado do Amazonas, guardado por duas faces de animais que se assemelham a um leão, muito comum nas fontes de origem holandesas existentes em São Luiz, capital do Maranhão. Têm essas origem entre o final do século XVI e o início do XVII no renascimento alemão tardio por se tratar de um mascarão de orelha. No primeiro plano do escudo, na elipse, vê-se o encontro dos rios Solimões e Negro que, pelas suas confluências, formam o rio Amazonas. A parte em azul representa o céu do Brasil. Uma estrela que indica paz e progresso se apresenta exatamente no ponto de junção dos dois rios e marca a exata localização da cidade de Manaus. No campo verde, que representa a floresta, duas setas entrelaçadas recordam a origem da nacionalidade e duas penas representam as civilizações modernas. Uma corrente de ferro circunda a elipse, simbolizando a inquebrantabilidade da autonomia política do Estado e da Nação. Presos à corrente abaixo, estão os emblemas da navegação, ligados por uma laço verde com duas pontas desdobradas; na ponta direita, a data 22 de julho de 1832 relembra a proclamação da Comarca do Alto Amazonas em SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 121 Província independente e a data à esquerda, 21 de novembro de 1889, o dia em que o Estado aderiu à proclamação da República brasileira. Na extremidade superior da elipse, desponta o sol e, no alto do escudo, a Águia Amazonense, de asas estendidas, com as garras encravadas e o bico entreaberto, simbolizando a grandeza e a força da civilização amazônica. Uma cártula serve de base a todo o escudo e tem origem no maneirismo, estilo independente que se caracteriza pela imitação do real. Figura 62 - Detalhes da fachada frontal do prédio da Biblioteca Pública A porta, um elemento concreto que serve de elo entre o interno e o externo, pode ser vista como desempenhadora de um importante papel o qual a aproxima da análise que lhe dedicou Ana Claudia de Oliveira86. Nos estabelecimentos comerciais, a porta é “um recurso persuasivo com força capaz de transformar o estímulo em ação. Fechada, ela de um lado materializa a separação entre as zonas bem definidas: o consumidor deve empurrá-la para penetrar no almejado interior; mas, de outro lado, ela é a preservação de tal espaço para o cliente. Aberta, ao contrário, ela põe os mundos em sintonia. Essa abertura é já um elemento fático, estimulador do início da relação intersubjetiva que se processará”. 86 OLIVEIRA, Ana Claudia. Vitrinas: acidentes estéticos na cotidianidade. p. 89 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 122 Tal qual a descrição da autora, a porta de bibliotecas é indicadora para a entrada no mundo do saber e do conhecimento. Na BPEAM, o usuário se depara com uma grande porta branca de madeira com aproximadamente cinco metros, trabalhada com formas nas quais se vêem colunas e figuras geométricas, com destaque para os triângulos, que se repetem na superfície. Aberta, ela é um convite para o usuário entrar no seu interior. A dimensão da porta, sua espessura e peso diferentes das existentes nos demais ambientes, enfatizam o efeito de sentido de que a abertura é para a entrada de todos. Disposta na construção de forma a estimular a relação intersubjetiva entre os dois mundos (externo e interno), a porta está colocada na parte mais proeminente do prédio que extravasa seus limites e vai até a calçada como se fosse ao encontro do usuário. A construção arquitetônica imponente que se abre para receber os usuários vai sendo colocada como uma enunciadora guia que tem a competência para contribuir na manutenção do saber e do conhecimento. Ao abrir-se para o usuário, cria-se um novo elo de integração e desperta-se nele a idéia de que há um lugar à sua espera, reservado para seu uso. Fechada, a porta mostra-se guardiã dos tesouros da biblioteca em função de sua estrutura, apresentando semelhanças com a função e a aparência das portas dos castelos medievais. Figura 63 - Porta de entrada A porta aberta permite o olhar do transeunte adentrar antes mesmo do seu corpo. Pela ordem visual, dá-se o primeiro percurso de reconhecimento do local: o olho encontra o balcão de informações e a SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 123 escadaria existentes no átrio que ocupa todo o vão central do piso térreo. De fora, o olhar começa a subir os degraus para entrar na Biblioteca Pública. Figura 64 - Visão do espaço interno visto através da porta de entrada A distribuição espacial do conjunto arquitetônico Uma das características da distribuição do espaço interno da Biblioteca Pública está diretamente associada à técnica construtiva utilizada antes do movimento modernista. Esta técnica caracterizava-se pela disfunção, ou seja, seus espaços eram determinados de forma a abrigar qualquer instituição caso fosse necessário. Isto se faz presente, por exemplo, nos grandes salões que possibilitam a alocação de qualquer atividade como a de uma Assembléia Legislativa, do Arquivo e da Pinacoteca, como foi anteriormente o caso da BPEAM. Estas características desaparecem com o modernismo na arquitetura uma vez que as edificações passam a ser elaboradas de acordo com o fim a que se destinam. Assim, encontram-se vários prédios de bibliotecas com estas mesmas características que, em algumas vezes, apresentam um jardim no lugar do hall. Atualmente o espaço interno encontra-se distribuído em: SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 124 a) pavimento superior: um amplo átrio se coloca para receber os que acessam este pavimento pela escada e efetiva a distribuição para as alas esquerda e direita. Na primeira, encontram-se a direção da biblioteca, o acervo a ser processado e o local para os serviços técnicos, ou seja, trata-se da zona de serviços internos conforme disposto no Quadro 1 – Zonas Físicas da Biblioteca, no Capítulo 2. Na outra ala, há um amplo salão que contém mesas, cadeiras e estantes e é denominado de Sala do Escritor, mas que se encontra desativado. Este nível raramente é acessado pelo usuário, exceto quando ele faz uma visita à biblioteca. b) pavimento térreo: possui a mesma distribuição do pavimento superior, ou seja, um grande átrio que faz o papel da zona de acolhimento (Quadro 1, Capítulo 2) e distribui o usuário para a ala esquerda, que abriga o salão de leitura, o acervo geral e os catálogos, e também para a ala direita onde está alojada a Biblioteca Luso Brasileira Ferreira de Castro87, a coleção amazoniana88 e o serviço de empréstimo. Ambas compõem a zona de prestação de serviço e estoque da biblioteca e concentram, praticamente, todos os serviços oferecidos aos usuários, sendo responsáveis pela circulação de 95% do público que a freqüenta. Embora considerado térreo, não se encontra ao nível da rua, ficando um pouco mais elevado; e c) pavimento subsolo: este pavimento possui duas alas que não se comunicam entre si. No subsolo da ala esquerda encontram-se a maior coleção de jornais do Estado do Amazonas, o setor de encadernação e os banheiros destinados ao uso de funcionários o que enquadra a área como zona de estoques e serviços internos (Quadro 1, Capítulo 2) e a faz receber um número muito reduzido de usuários, algo em torno de 2% do total dos que freqüentam a biblioteca. No subsolo da ala direita encontram-se a Biblioteca Infantil Alfredo Fernandes, que está desativada, os banheiros para uso público e uma copa para uso dos funcionários. Assim Criada pelo governador do Estado do Amazonas através do Decreto nº. 17.744 de 03/04/1997, a Biblioteca Luso Brasileira encontra-se alojada na Biblioteca Pública aguardando a construção de suas instalações no Centro Cultural Cláudio Santoro, na zona oeste da cidade de Manaus. 88 Parte da coleção especializada em assuntos amazônicos, por ter bastante procura, fica destacada do restante do acervo. 87 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 125 organizada, ela se caracteriza como zona de prestação de serviço, contudo, quer pela falta de sinalização ou pelo não funcionamento da biblioteca infantil, esta área não é utilizada pelo usuário, nem para uso dos banheiros. Com o objetivo de situar mais claramente a composição dos três andares, servimo-nos de um layout. Em cada página figura um dos andares que retrata a atual organização do espaço da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas a qual se constitui nosso objeto de estudo. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Escada de acesso ao piso inferior Estantes de acervo a ser processado Estantes Estante 126 Mesas para estudo 3 1 2 Mesa dos Bibliotecários Mesa da Direção da Biblioteca Fichários para consultas internas Porta de acesso Janela Carteiras para cursos Mesa dos computadores BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO DO AMAZONAS PAVIMENTO SUPERIOR 1 - HALL - Zona de Acolhimento 2 - ALA ESQUERDA: ADMINISTRAÇÃO, ACERVO A SER PROCESSADO E RESTAURADO – Zona de Serviços Internos SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 127 3 - ALA DIREITA: SALA DO ESCRITOR – Zona de Prestação de Serviço Estantes do acervo geral Porta B de acesso à ala esquerda Escada de acesso ao subsolo Xerox Catálogo para uso externo Escada de acesso ao pavimento Escada de acesso ao subsolo Porta B de acesso à ala direita Balcão de Informações Mesas de estudo Balcão de Atendimento Estante 3 1 2 Balcão de Atendimento Carteiras para que o usuário aguarde o atendimento Estantes Entrada Porta A de acesso à ala direita Escada de acesso ao piso térreo Porta A de acesso à ala direita Carteiras para que o usuário aguarde o atendimento Balcão de Atendimento SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 128 BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO DO AMAZONAS PAVIMENTO TÉRREO 1 - RECEPÇÃO - Zona de acolhimento 2 - SALÃO DE CONSULTA DA ALA ESQUERDA: Acervo geral – Zona de Prestação de Serviço 3 - SALÃO DE CONSULTA DA ALA DIREITA: Biblioteca Luso Brasileira, Amazoniana e empréstimo domiciliar – Zona de Prestação de Serviço Estantes para o acervo de jornais Escada de acesso ao térreo Escada de acesso ao térreo Teatro Infantil Salão de leitura da Biblioteca Infantil 7 2 1 4 2 3 5 Guilhotina Mesa para encadernação Estantes para o acervo de jornais 6 Mesas para as crianças Estantes SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO DO AMAZONAS ALA ESQUERDA - Zona de Prestação de Serviço Interno 1 – Acervo de Jornais 2 – Banheiros Internos 3 – Setor de Encadernação PAVIMENTO SUBSOLO ALA DIREITA - Zona de Prestação de Serviço e de Serviço Interno 4 – Biblioteca Infantil 5 – Banheiros para uso externo 6 – Sala desativada 7 – Copa de uso interno 129 SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 130 O interior do conjunto arquitetônico Ao entrar na Biblioteca Pública, o usuário, no primeiro olhar, depara com uma escadaria que permite o acesso do nível da rua ao pavimento térreo, constituída de seis longos degraus em mármore importados de Carrara, Itália e, ao se defrontar com ela, o olhar permite vislumbrar as colunas de ferro em estilo jônico que dão sustentação ao grande átrio que distribui a circulação para as alas direita, esquerda e o pavimento superior. É ainda neste olhar que o usuário se depara com o balcão de informações e com a escadaria de ferro rendilhada. Figura 65 - Vista parcial do Hall da Biblioteca Pública Em destaque no átrio, a magnífica escadaria de ferro rendilhada (Figura 66) em forma de âncora fora encomendada do catálogo da fábrica escocesa Macfarlane’s, que apresentava um modelo similar, o qual dava destaque inclusive para as colunas (Figura 67). Como um componente arquitetural, nota-se que a escada tem uma intenção decorativa e estrutural que caracteriza o espaço além de assumir uma vocação plástica. A delicadeza, a elegância e a leveza de suas feituras se contrapõem com o peso, segurança e resistência necessárias para sua função. Ela propõe uma elevação ao pavimento superior, rompendo a SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 131 áurea branca indicada pelo teto do andar térreo e permitindo o desvelamento do outro piso. Ocupando a maior parte do átrio, a escadaria coloca-se firmemente instalada no solo, como a própria condição de uma âncora a firmar-se em bases sólidas e permitir, entretanto, que por ela se possa chegar ao topo fazendo um jogo entre horizontal e vertical. Figura 66 - Escadaria de ferro do átrio da Biblioteca Pública Figura 67 – Catálogo da fábrica escocesa Macfarlane's, 1893 No primeiro plano, logo após a escada de acesso, o olhar depara-se com duas colunas em ferro, também produzidas na Escócia, e que explicitam a verticalidade e a sustentação do espaço. Assim colocadas, elas afirmam a preocupação com a segurança e colocam-se como duas guardiães, que estão dispostas tais quais duas escravas ao lado de seu amo o qual determina destinos, aponta soluções e concentra em si o poder de decisões, esperando, no seu pedestal, que aqueles que lhe venham falar, aproximem-se. De fato, o balcão de informação apresenta-se como o senhor absoluto do espaço, solucionador dos problema gerados para o uso da Biblioteca e como elemento fundamental para a ação do usuário. As colunas são não só protetoras do espaço, elas, na verdade, proporcionam o destaque do balcão que fica entre elas e a escadaria. No hall, o olhar que leva ao balcão de informações no centro, observa uma espécie de brasão onde está entalhado o nome Biblioteca Pública do Estado do Amazonas e um livro aberto. Símbolo maior da biblioteca, o livro representa o ato de ler, a conquista do saber, do conhecimento que estão metonimicamente no volume e, remete o usuário a toda série de suportes da biblioteca. O brasão e o livro são indicativos do universo de possibilidades de uso que, logo, o balcão de informações revelará ao usuário. Na arquitetura interna do edifício, o teto é composto de oito placas em gesso; quatro quadradas e três retangulares. Ricamente decoradas em estilo romântico, essas placas sob as cabeças dos usuários, são como contenção, no céu branco – presença de todas as cores –, de toda áurea do saber. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 132 Logo após a porta, no teto, destaca-se uma composição diferente das demais. Nela há a presença de elementos humanos tratados de modo angelical. Colocados nos quatro cantos de uma composição floral, estes anjos são uma espécie de guardiões da entrada que olham para todos os que penetram no ambiente. A grande semelhança dessas figuras com as que estão sempre presentes em lugares santificados e sagrados ladeando altares, imagens de santo, sugere que sejam protetoras dos que estão no seu solo. Uma vez mais a biblioteca é qualificada como um sujeito guia, um protetor além de sujeito de saber, nobre e austero. Figura 68 - Detalhe do teto do hall da Biblioteca Pública Desde o início, a predominância da cor cinza na escadaria de ferro, nas colunas e na parede pintada em uma textura marmorizada, chama a atenção no universo que compõe o ambiente. Os detalhes do teto do hall, em branco, estão em contraste com o rosa das portas de acesso às alas direita e esquerda e com o marrom da madeira que compõe o balcão de informações. O destaque colorido presente no átrio é atribuído à cor rosa das quatro portas de entrada dos salões esquerdo e direito (Figura 69) que têm como ornamentação um arco sobre pé direito. A sensação visual produzida pela cor rosa, cria um estímulo exterior relacionado à graça, pureza, feminilidade, ternura, simpatia e infância. As portas, em madeira de lei, estão constantemente fechadas em função do sistema de refrigeração, entretanto, uma vez que se estabelecem como elo entre o átrio e os salões, são também utilizadas como quadro de avisos (Figura 70). SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Figura 69 - Porta de entrada para a ala esquerda da Biblioteca Pública 133 Figura 70 - Detalhe da porta de entrada à ala direita da Biblioteca Pública Dessa forma, a porta está investida da competência de ser um elemento integrador na vida do usuário e da biblioteca. À medida que se propõe a avisar o horário de funcionamento, por exemplo, ela se apresenta diferenciadamente de sua função por não ser somente o elemento que dá passagem, que é revelador de um outro ambiente, ela age sobre o usuário condicionando seu uso, orientando-o para atividades culturais e para padrões de comportamentos exigidos (“Mantenha a porta fechada, por favor”). Ao passar pela porta e penetrar na ala esquerda da Biblioteca Pública, o usuário depara com um vasto salão onde estão ordenadas mesas, cadeiras, carteira, estantes, fichário, aparelho de ar condicionado, fotocopiadora, etc. Neste primeiro olhar, o que mais se destaca é o contraste proposto pela cor das paredes (verde claro) com a das janelas (rosa), a quantidade de colunas que dão sustentação e que também são utilizadas como elemento de informação já que nelas se afixam cartazes, avisos, etc., e o acervo posto ao fundo. O verde da parede possui um efeito tranqüilizante, uma suavidade e o frescor da selva que envolve a cidade e mostra uma realidade muito próxima ao usuário uma vez que representa a natureza sempre presente na vida do homem amazônico. Isto dá ao ambiente uma áurea harmônica que minimiza os impactos causados entre o externo e o interno. Em uma vista (Figura 71) do Salão de Leitura da ala direita da Biblioteca Pública, observa-se que este é bastante iluminado e seu espaço dividido em duas partes sendo uma de acesso livre – para o usuário –, e outra de acesso restrito – somente para funcionários. Neste amplo ambiente, chama a atenção do olhar uma figura masculina que usa camisa de mangas compridas apesar da alta temperatura local. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 134 Figura 71 - Salão de leitura da ala direita da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas O teto, em gesso branco, mantém a áurea existente no átrio e é composto por duas arquitraves que se apóiam nas dez colunas cilíndricas jônicas com volutas e nervuras em ferro (Figura 72) de origem escocesa – da mesma fábrica da escadaria do átrio –, e que tem alguma semelhança, tanto quanto ao estilo e função, com as que estão dispostas no Salão de Impressos da Biblioteca Nacional de Paris, da rua Richelieu (Figura 73). Figura 72 - Detalhe do teto e das colunas da ala direita da Biblioteca Pública A semelhança permite novamente afirmar que o projeto arquitetônico da BPEAM buscava referências em uma sociedade mais evoluída culturalmente de modo a dar uma significação pela contextualidade da imagem desejada pela belle-époque manauense. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 135 Figura 73 - Salão de Impressos da Biblioteca Nacional de Paris, rua Richelieu O piso em verde, branco e vermelho (Figura 75) é composto por peças decoradas em concreto, que lembram o desenho de um tapete oriental. O material permite a propagação do som e causa desconforto tanto aos que transitam no espaço quanto aos que estão a efetuar suas leituras. Curiosamente esta é a única ala que possui o piso com estas características, sendo, que nas demais áreas, ele é constituído de madeira nobre originária da própria região. Tal substituição, muito provavelmente, deve-se à reconstrução do prédio ocorrida após o incêndio de 22 de agosto de 1945 que destruiu por completo todo o acervo e móveis da ala direita, ficando em pé apenas as grossas paredes laterais com grandes fendas de alto a baixo. Conforme destacado anteriormente, o uso de tapetes na maioria das bibliotecas tem por objetivo primordial abafar o som e construir, assim, a imagem de ambiente tranqüilo e silencioso que um salão de leitura deve ter de modo a permitir que as consultas conduzam os usuários à assimilação do conhecimento. Deve-se observar, no entanto, que o uso de tapetes em locais muito úmidos, como Manaus, facilita a propagação de fungos que contaminariam o acervo. O material empregado no piso mostra o caráter de praticidade de um ambiente que valoriza o sólido, o funcional e o durável, bem como a solução ideal para os problemas climáticos do local onde ela está inserida. A colocação do acervo ao fundo do salão dá destaque a um aspecto importante. O primeiro referese à estratégia de localização que prioriza espaços de não circulação, e deixa o usuário impedido de circular entre as estantes um vez que mesas estão postas tal como barreiras para evitar que pessoas não recomendadas tenham acesso a ele. Isto provoca um isolamento e qualifica o acervo, âmago do conhecimento existente na biblioteca, como algo sagrado, que pode ser contemplado em sua totalidade e tocado na particularidade da obra a ser consultada, o que torna o universo de leituras do usuário restrito ao que ele solicita sem ter contato com outras obras ou outros assuntos os quais poderiam contribuir SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 136 sobremaneira para a concepção de novos conhecimentos. Ao se colocar longe do alcance do usuário, o acervo eleva-se a algo inatingível quando de sua totalidade, exclui a possibilidade de um contato irrestrito e faz, mais uma vez, com que a biblioteca apresente-se como algo sagrado, como templo do saber. Pela distribuição dos móveis no ambiente da ala esquerda, observa-se que o percurso privilegia a consulta ao funcionário ao invés da pesquisa ao catálogo já que, ao se abrir a porta, uma espécie de corredor, posto a partir da disposição dos móveis, leva o usuário a percorrer o caminho em busca do balcão improvisado por mesas que separam o que é de acesso livre, de circulação permitida para o usuário, do que é restrito aos funcionários, que é o próprio acervo. Tal como a estrada de ouro que conduz a heroina do épico O mágico de Oz ao encontro do que busca, o corredor da biblioteca apresenta-se como um convite para que, ao nele entrar, o usuário percorra o caminho que o leva diretamente ao acervo de onde vem a solução de seu problema informacional. Arranjado de modo a orientar o tráfego dentro da biblioteca, o corredor, do lado esquerdo (Figura 74), disponibiliza carteiras que, como um recurso de argumentação, sugere que localizar a informação buscada poderá demorar mais do que o desejado; contudo, a biblioteca, como sujeito competente, expressa-se preocupada com o conforto e com a comodidade do usuário. Assim, o percurso do destinador-manipulador – a biblioteca –, dá a impressão de bom cumprimento do contrato quando, na verdade, caberia ao sujeito usuário ir inicialmente ao catálogo para que, ele próprio, selecionasse a obra desejada e a apresentasse ao funcionário para ser resgatada no acervo. Vê-se então que os móveis estão arranjados de modo a delimitar espaços de circulação e criar zonas claramente identificáveis no primeiro olhar. Figura 74 – Detalhe do Salão de Leitura da ala direita da Biblioteca Pública, com destaque para o atendimento no balcão de atendimento Como um modelo oposto a ser observado e seguido está o da biblioteca Sérgio Millet do Centro Cultural São Paulo (Figura 32, Capítulo 2), já descrita anteriormente, a qual manipula o trajeto do usuário pelo único acesso disponível, uma rampa que finaliza em uma placa de sinalização e remete o usuário para o catálogo, os bibliotecários de referência e os computadores para busca automatizada, nesta ordem. Vê-se que o trajeto foi preparado de modo a incentivar que a pesquisa seja inicialmente feita no catálogo onde o bibliotecário, literalmente, coloca-se como intermediador entre a busca manual e a automatizada, sem, entretanto, interferir e selecionar a obra a ser consultada. A grande quantidade de mesas (treze) e cadeiras (cento e quatro) colocadas para consulta indica a construção de um espaço coletivizado que se revela pela ausência de cabinas de estudo individual, o que SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 137 mostra claramente uma despreocupação com as zonas pessoais e íntimas definidas por Edward Hall (Figura 5, Capítulo 1). Os móveis, além de pouco confortáveis e hegonomicamente inadequados para o fim ao qual se destinam, estão arranjados uns muito próximos aos outros de forma a dificultar a circulação entre eles, o que obriga os usuários a esbarrarem nas cadeiras no momento em que a elas se dirigem. Essa organização do ambiente mostra um sentido de preocupação com quantidade e não com a qualidade do atendimento e possui, em vista da existência de mesas de madeira e de ferro, um sentido de improvisação que é gerada pela não padronização dos móveis aparentando que estes foram captados de vários lugares e postos para utilização na biblioteca, sem uma preocupação com a harmonia e agradabilidade. O sentido de improvisação também se faz presente no balcão de atendimento que é composto por um ajuntamento de diversas mesas em estilo, tamanho e material variados, além de altura inadequada para que o usuário consulte a obra e confirme se o assunto é o desejado. A mobília do Salão de Leitura instaura, pela forma – existência de mesas, cadeira, balcão, fichário –, falsos pressupostos de adequação da biblioteca às necessidades dos usuários. O texto mobília, que é marcado pela disfunção dos móveis, apresenta dispositivos veridictórios que indicam o descaso que os mantenedores têm para com a biblioteca. Embora este órgão esteja bem localizado na cidade e possua uma estrutura física em boas condições – a última restauração foi em 1996 –, os móveis, a atualização do acervo e os baixos salários dos funcionários são marcas que, postas no contexto global, indicam um descaso das autoridades para com a dinâmica de uso dessa instituição cultural. O ambiente não agradável e não confortável induz o usuário a permanecer pouco tempo no espaço a ele destinado, e a existência de uma máquina fotocopiadora dentro do Salão de Leitura facilita a cópia dos livros. São essas cópias de trechos, fragmentos que viabilizam as pesquisas recomendadas na escola o que só reforça que a biblioteca não se preocupa com a permanência do público em seu espaço. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 138 A sinalização improvisada disposta nas colunas, nas mesas, nas paredes, mostram a falta de um sistema cuidadosamente elaborado para informar o usuário. Nota-se que a sinalização existente é muito mais determinante de padrões de comportamento e limites para o uso da biblioteca do que propriamente integradora, com uma preocupação de permitir que o usuário faça, de forma segura e fácil, o uso da biblioteca. Em verdade, a sinalização, ao chamar a atenção para o número máximo de obras a serem retiradas para uso local, por exemplo, apresenta-se como uma sanção negativa e torna-se muito mais proibitiva do que orientadora. Do lado direito dessa ala, surge ainda, um elemento que a liga ao subsolo. Trata-se de uma pequena escada com degraus em madeira e aparador na cor cinza que remete à encontrada no átrio. Seu aspecto construtivo em nada lembra a escadaria escocesa da zona de acolhimento como pode ser observado na Figura 75, a qual também permite observar os detalhes do piso. O acesso a essa escada é restrito a poucos usuários autorizados pela direção da biblioteca para consultar a coleção de jornais. Figura 75 - Escada de acesso ao subsolo pela ala direita Ao descer, o usuário se insere em um espaço que se contrapõe, vertiginosamente, ao que lhe permite o acesso. O ambiente é empoeirado e o ato da descida remete à idéia de enclausuramento, que é desarticulada pela existência de pequenas janelas que possibilitam tanto a entrada de luz e barulho, quanto o contato com o mundo exterior. Contudo a sensação de penetrar nesse espaço é semelhante à da entrada em um porão, uma vez que a percepção olfativa do cheiro de mofo remete à idéia de um lugar onde os objetos estão postos para aguardar um uso fortuito. Tal idéia é reforçada pela distribuição do jogo de cinco estantes em madeira que ocupam todo o espaço e pela existência, de fato, de mobílias que não são mais utilizadas pela biblioteca, como pode ser visto nas figuras 76 e 77. Figura 76 - Antigo fichário da Biblioteca Figura 77 - Vista geral do subsolo da ala direita ***** SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 139 De volta ao hall da biblioteca, nossa análise da distribuição espacial deveria voltar-se para a ala esquerda. Entretanto o que se observa é uma reprodução fiel do que ocorre na ala direita alterandose, unicamente, o piso, em madeira nobre da região, como pode ser observado na planta oferecida para o entendimento do lay out. Logo após a entrada da ala direita, uma escada dá acesso ao subsolo, semelhante da ala esquerda, que permite chegar à copa dos funcionários, aos banheiros para uso externo e biblioteca infantil desativada que não recebe usuários desde 1996. Ao descer, o usuário depara-se com um corredor todo branco, que lembra o dos hospitais e encontra aberta somente a porta dos banheiros. Os quatro tipos de usuários do conjunto arquitetônico Atualmente, a BPEAM atende, de segunda àà sexta, das 08:00 às 17:00 horas, a uma média diária de 725 usuários dos quais 92% são alunos do ensino fundamental e médio que demandam, principalmente por assuntos como geografia, história geral, do Brasil e do Amazonas e que, por falta de bibliotecas em suas escolas ou nas proximidades de suas residências, buscam-na para equacionar seus problemas educacionais. De fato, Manaus não conta com um sistema de bibliotecas públicas para atender aos seus 1.500.000 habitantes; dispõe, somente, de uma, mantida pelo poder estadual – objeto dessa pesquisa –, e outra pelo municipal (Figura 78), também localizada no centro da cidade. Figura 78 - Fachada da Biblioteca Pública Municipal de Manaus - Amazonas, Brasil Ao transpor a porta da BPEAM, o usuário assume que já se deixou envolver pelas artimanhas do discurso enunciado pela biblioteca amazonense. Isso pode ocorrer tanto pela enunciação projetada no SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 140 espaço urbano através da fachada, da localização, quanto pela posição que ela assume no meio social onde está inserida e que a coloca como um agente mediador de cultura. Um jogo de interesses marca a relação entre o usuário e a biblioteca. O primeiro deseja ver solucionado o seu problema de informação, cultura ou lazer e o segundo aspira fornecer os conteúdos buscados de modo a ser útil para a comunidade. No espaço interno, o trajeto do usuário constitui um processo significante que nos permite analisar como o público vivencia o afunilamento espacial ao qual é submetido uma vez que, no interior do amplo átrio que o acolhe, ele se dirige para um dos salões de leitura onde estabelece um contato pessoal com o atendente o qual lhe entrega a obra fazendo-o, em seguida, colocar-se no individualizado local destinado à leitura. Assim posto, o trajeto se estabelece através da passagem obrigatória pelo átrio, tanto na entrada quanto na saída, seguindo do deslocamento para o salão de leitura da ala esquerda ou direita, conforme a necessidade, do encaminhamento para o balcão de atendimento e para a mesa de leitura, estabelecendo nesse transcurso, um ritmo, uma delimitação, uma segmentação própria das expectativas e interesses de cada usuário. Após a observação dos trajetos efetuados e análise do modo como o público testemunha o que ocorre no interior da biblioteca, especialmente, quando se trata da interação com o ambiente e com os serviços ofertados, uma categoria fundamental – uso vs desuso –, coloca-se como basilar para o exame do modo como o usuário a utiliza e nos permite, através da reconstrução de seu comportamento, ver os significados que permeiam tal utilização. Ao eleger essa categoria para examinar como o usuário da BPEAM a valoriza, julga e interage com o contexto, o seguinte dispositivo permite instalar a seqüência da análise: Desuso Uso SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Não-uso 141 Não-desuso Tomando por base que a missão de uma biblioteca pública é favorecer a assimilação do conhecimento para todos que a procuram e que integram o grupo de usuários para o qual ela presta serviços; nesse estudo, os termos que compõem a categoria de análise foram estabelecidos a partir do exame de como e por que a BPEAM é utilizada. Assim, duas estratégias do trajeto dos usuários foram identificadas inicialmente – desuso vs uso. A projeção dessas duas categorias sobre o quadrado semiótico permitiu o encontro das duas outras correspondentes à negação das duas primeiras. Desuso é, nesse estudo, referente ao comportamento daqueles usuários que procuram a BPEAM com o objetivo de executar um dever determinado pela escola e não para interagir com o todo do contexto informacional ofertado por ela, ou seja, não a utilizam com a função de adquirir novos conhecimentos e promover seu conhecimento. A negação do desuso, o nãodesuso, identifica-se com um tipo de usuário que freqüenta a biblioteca em busca de uma leitura para seu entretenimento e utiliza somente o serviço de empréstimo domiciliar. Ao contrário do primeiro, que se dirige a ela por uma obrigação não desejando ser usuário, o segundo a elege e nela se inscreve para utilizar um serviço, contudo, não interage com o todo informacional que está disponível. A categoria uso identifica um tipo de público que busca a BPEAM não só para apreender os assuntos que demanda, construindo assim seu saber, mas também para descobrir ao acaso novas informações uma vez que sabe como buscar o que necessita e, para tal, aceita todo e qualquer serviço que lhe seja ofertado. A negação do uso, o não-uso, identifica um grupo de usuário que vê a biblioteca pública como um espaço a lhe prestar informações turísticas ou utilitárias tendo em vista que ela está localizada no centro histórico da cidade e seu conjunto arquitetônico, do início do século, integra esse patrimônio. Tal tipo de usuário demanda por um serviço de resposta rápida, por um convite a uma visita a uma exposição ou ao prédio e, portanto, não é um utilizador do acervo e dos serviços mais tradicionais. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 142 O entendimento das estratégias dos quatro trajetos pode melhor ser percebida a partir de sua visualização no interior da BPEAM, posto a seguir. SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 144 3 2 1 BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO DO AMAZONAS PAVIMENTO TÉRREO 1 - RECEPÇÃO - Zona de acolhimento 2 - SALÃO DE CONSULTA DA ALA ESQUERDA: Acervo geral – Zona de Prestação de Serviço 3 - SALÃO DE CONSULTA DA ALA DIREITA: Biblioteca Luso Brasileira, Amazoniana e empréstimo domiciliar – Zona de Prestação de Serviço SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 145 3 2 1 BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO DO AMAZONAS PAVIMENTO TÉRREO 1 - RECEPÇÃO - Zona de acolhimento 2 - SALÃO DE CONSULTA DA ALA ESQUERDA: Acervo geral – Zona de Prestação de Serviço 3 - SALÃO DE CONSULTA DA ALA DIREITA: Biblioteca Luso Brasileira, Amazoniana e empréstimo domiciliar – Zona de Prestação de Serviço SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 146 3 2 1 BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO DO AMAZONAS PAVIMENTO TÉRREO 1 - RECEPÇÃO - Zona de acolhimento 2 - SALÃO DE CONSULTA DA ALA ESQUERDA: Acervo geral – Zona de Prestação de Serviço 3 - SALÃO DE CONSULTA DA ALA DIREITA: Biblioteca Luso Brasileira, Amazoniana e empréstimo domiciliar – Zona de Prestação de Serviço SOB O OLHAR DO USUÁRIO: um estudo semiótico da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas 147 3 2 1 BIBLIOTECA PÚBLICA DO ESTADO DO AMAZONAS PAVIMENTO TÉRREO 1 - RECEPÇÃO - Zona de acolhimento 2 - SALÃO DE CONSULTA DA ALA ESQUERDA: Acervo geral – Zona de Prestação de Serviço 3 - SALÃO DE CONSULTA DA ALA DIREITA: Biblioteca Luso Brasileira, Amazoniana e empréstimo domiciliar – Zona de Prestação de Serviço Após esse exame, é possível perceber os regimes de visibilidade da BPEAM e construir uma tipologia a Usuário transcritor : um olhar míope O primeiro caso, o do usuário transcritor, representa a maioria dos que freqüentam a BPEAM motivados por uma necessidade urgente e imediata de dever-fazer o seu trabalho escolar, o que a faz ser vista somente pela sua função educacional. Em geral, mas não exclusivamente, o usuário traja o uniforme da escola e identifica-se como aluno do ensino fundamental ou médio das escolas públicas que, pela quase inexistência de bibliotecas escolares, busca qualquer unidade de informação para que possa realizar o “dever de casa”, tornandose comum utilizar, em maior ou menor grau, as bibliotecas universitárias, especializadas ou públicas sendo, entretanto, estas últimas, a de maior procura. Chega à biblioteca acompanhado de um colega ou de um grupo, quando o trabalho é em equipe. Quando o trabalho é para ser realizado individualmente, é acompanhado da mãe, do pai ou do irmão mais velho quando tem dificuldades de acesso à biblioteca, quando sabe que a realização do trabalho de cópia será muito extenso, ou quando alguém do ciclo familiar se desloca para o centro da cidade, local para onde convergem muitas necessidades como o banco, o comércio, etc. Dirige-se ao balcão improvisado no salão de leitura da ala esquerda para solicitar o assunto que traz anotado em seu caderno, conforme a indicação do professor. Normalmente não aceita mais de uma obra e espera encontrar, exatamente, os termos indicados pelo professor para só então, conduzir-se à mesa e copiar integralmente o texto do livro indicado ou, como na maioria dos casos, ir à máquina fotocopiadora para reproduzir mecanicamente o material entregue e abreviar seu tempo na biblioteca. Tal comportamento é revelador de um não-saber-fazer uso, de fato, dos artefatos culturais que a biblioteca mantém por reduzir a uma única obra sua consulta e, ao copiá-la mecanicamente, mostra que não se preocupa com a assimilação do conteúdo que está sendo estudado. Esse tipo de usuário é tímido, inseguro, sente-se pouco à vontade principalmente se for a primeira vez que vai à biblioteca. Observa o comportamento dos demais para agir igual, caminha com insegurança e é extremamente obediente às normas determinadas pela BPEAM bem como às pistas por ela deixada. Ao chegar ao Salão de Leitura, o usuário é solicitado a identificar-se através do preenchimento de um formulário (Figura 79) o qual, em seguida, é entregue ao funcionário com a indicação do assunto desejado para que seja resgatado do acervo, de circulação restrita aos trabalhadores da instituição, enquanto aguarda, sentado, nas cadeiras dispostas para esse fim. Figura 79 - Formulário para solicitação de informações existente na Biblioteca Pública Detectou-se que as necessidades desse tipo de usuário são sazonais e que surgem nos períodos de avaliação escolar. A biblioteca, pela pouca quantidade de funcionários, 21 funcionários ao todo sendo 06 bibliotecários e 15 auxiliares de biblioteca e ainda 19 estagiários de nível superior dos cursos de Turismo, Biblioteconomia e Pedagogia, disponibiliza carteiras para que ele possa preencher o formulário e aguardar sua vez de ser atendido. Isso valoriza o artefato cultural em detrimento da assimilação do conhecimento já que, nesse caso, a busca é intermediada pelo funcionário, único que tem acesso ao acervo e impõe pela sua seleção, a consulta à obra recuperada de acordo com seu modo de ver o tema e o mundo. Ao aceitar ser manipulado por esse jogo, o usuário, assume uma clara posição de submissão ao que foi indicado. Seu trajeto é marcado por uma fiel obediência à sua determinação de efetuar sua cópia e seu comportamento está de acordo com a exigências explicitadas pelo texto ambiental pois, após entrar pelo grande átrio, dirige-se à ala direita do andar térreo, recebe, preenche e entrega ao funcionário o formulário, aguarda sentado para ser chamado e, ao receber a obra com a página aberta no assunto solicitado, apenas confere se tem a mesma denominação solicitada pelo professor e não questiona sobre qualquer outros autores que abordem a temática. O usuário transcritor não usa o catálogo por não conhecê-lo, não sabe para que serve e por que a organização espacial não o induz para efetuar essa descoberta. Contudo acredita ser a cópia o resultado do esforço que faz para realizar o seu trabalho e atender às exigências da escola já que é capaz de ir à biblioteca para efetuá-lo. Isso o deixa orgulhoso e satisfeito com o que produz, mas não consegue perceber que o modelo de consulta que a escola lhe exige não favorece seu desenvolvimento. A análise do seu comportamento no trajeto mostra que ele não pode e não quer ser usuário da biblioteca e, no caso da reprodução na máquina fotocopiadora, deixa claro que não tem vontade de se manter no lugar, mesmo que seja para fazer a cópia. É, de fato, um não-usuário que não quer fazer uso da biblioteca e ela, por sua vez, ao permitir e incentivar esta prática, coloca-se como uma mera guardadora de livros. Ao não ser motivado para transformar seu estado de desconhecimento, esse usuário recebe uma sanção negativa, embora acredite ser positiva e assume, veredictoriamente, uma mentirosa posição de saber o conteúdo estudado enquanto que a biblioteca, ao fingir não perceber o que está ocorrendo no seu interior, mostra-se incompetente para articular as demandas reais de seus usuários. Ao exercer um papel estático a biblioteca é vista apenas como um “depósito de livros” para onde o usuário se dirige quando, por algum motivo, não pode adquiri-los, e torna-se partícipe e conivente deste processo quando assume a postura de “entregadora de livros”, normalmente com a página aberta no assunto; ou ainda quando disponibiliza um eficiente serviço de reprografia no interior da Sala de Leitura, acomodando-se, ajustando-se, adaptando-se aos fazeres do usuário-objeto. Dá a ele a responsabilidade de informar-se, ao invés de contribuir para potencializar a assimilação dos conhecimentos modificadores e inovadores que construirão seu saber, por acreditar que a responsabilidade de adquirir informação é somente do usuário, enquanto que a sua é a de estocar informação. É uma instituição iminentemente privada, já que não oportuniza ao indivíduo, ao seu grupo e à sociedade, o acesso a um processo de desenvolvimento mínimo que seja. Mostra-se um sujeito que não quer ser visto e reconhecido como um capaz de contribuir para o fazer do usuário. Usuário dissimula dor: um olhar superficial O usuário dissimulador reconhece claramente a função de lazer da biblioteca e demanda, exclusivamente, pelo serviço de empréstimo domicíliar de obras literárias que enriquecem seu capital cultural. Com isto fortalece, em parte, também, a função cultural do serviço público de informação, no sentido de acumular, através das experiências vividas pelas histórias lidas, pelos fatos narrados, um conhecimento geral. Possuidor do hábito de leitura, esse usuário geralmente não utiliza o catálogo; aceita, com prazer, a indicação de duas ou três obras, principalmente quando são recém-adquiridas ou quando não traz consigo um título pré-selecionado. Sua preferência é por romance policial, e Ágatha Cristie é a autora mais lida. Na maioria dos casos, não conhece autores locais, exceto quando é vestibulando e necessita dessas leituras para o processo seletivo de instituições de ensino superior. Com isto mostra não se deixar seduzir pelos escritores amazonenses, e esta escolha não contribui para formar um conhecimento sobre a cultura do homem amazônida, retratada na literatura amazonense. Na BPEAM, este tipo de usuário representa, aproximadamente, 6% dos freqüentadores, mas não costuma ficar no recinto além do tempo necessário para devolver e emprestar uma nova obra. Normalmente é curioso, pontual na devolução, vaidoso de sua competência de poder-saber-fazer rapidamente a leitura do material selecionado. Em sua maioria, são bancários, comerciários e estudantes, sendo que estes últimos lêem, também, para atender às atividades da escola. Sabe o que quer ler, é conhecido pelas pessoas que o atendem no Setor de Empréstimo e é o único tipo de usuário que possui um registro com endereço comprovado na biblioteca, contudo não se deixa atrair por quaisquer outros produtos ou serviços ofertados por negligenciar qualquer informação que não venha ao encontro de suas necessidades específicas. Observa pouco o espaço, mas conhece muito bem o seu trajeto, que é marcado pela firmeza de seu comportamento, pela segurança de seu deslocamento, pela indiferença com o que transcorre no interior da biblioteca, pela certeza com que transpassa o espaço em busca do que deseja, tornando-se alvo fácil para ser seduzido por um bom serviço de divulgação das obras literárias ou por um agradável e confortável local onde possa, pacientemente, selecionar as obras para empréstimo. Vê a biblioteca como uma grande livraria que estoca os livros os quais irá ler, mas que, pela quantidade de leituras efetivadas e desejadas, não tem condições de adquirir. Possui um status de intelectual por estar sempre envolvido com alguma nova leitura e, uma vez que o livro é valorizadamente um símbolo de cultura, é visto como uma pessoa inteligente que, aparentemente, possui muito conhecimento por estar sempre lendo alguma obra. Entretanto sua competência se esgota na leitura da obra literária já que se exime de utilizar qualquer outro serviço oferecido pela biblioteca. Ao agir assim, mostra que sua visão sobre o que um serviço público de informação pode-lhe ofertar é superficial e, o não se deixar envolver pode significar que o espaço da biblioteca, pelo seu modo de se colocar sob seu olhar, desinteressa-o e o leva a querer não ser um usuário da totalidade dos serviços ofertados. A biblioteca, ao não desenvolver outros serviços que possam atrair sua atenção, como um encontro com um escritor amazonense para disseminar tanto a produção local quanto mostrar-lhe novas indicações de leitura, por exemplo, ou ainda por não manter um espaço especialmente destinado à leitura informal, assume a postura de mera entregadora de livros sem se preocupar com o processo de assimilação das leituras e não quer ser vista como um agente capaz de promover o desenvolvimento de seu público. Ao olhar a biblioteca pública de modo reduzido, mostra que seus procedimentos de trajeto estão em consonância com as suas necessidades: entra na Biblioteca, dirige-se ao salão de consulta da ala direita, entrega o livro que estava emprestado ao funcionário, seleciona outro previamente estabelecido, aguarda que o funcionário efetive as rotinas de empréstimo para, em seguida, retirar-se do ambiente da BPEAM. Geralmente não utiliza o catálogo e aceita a indicação de obras desde que os autores já lhe sejam conhecidos. Contudo não que ser usuário e sim um mero utilizador de um serviço – o de empréstimo – , que a biblioteca oferece. A sanção, que pensa ser positiva, é, para ele, a leitura das obras que seleciona contudo, em não são capazes de ampliar seu conhecimento. Usuário incidental: um olhar atento O terceiro tipo de usuário, o incidental, deixa seduzir-se completamente pelo texto arquitetônico e penetra no espaço interno com a expectativa de desvelar algo, com curiosidade e, muito envergonhado pela invasão que pensa estar fazendo, não sabe, na maioria das vezes, que está adentrando no prédio da BPEAM porque, na maioria das vez, não reside na capital amazonense. De fato, os turistas que passeiam pela cidade – porta de entrada para o ecoturismo na Amazônia brasileira –, em geral, caminham pelo centro de Manaus em busca de conhecer as atrações artificiais e, ao se depararem com um rico exemplar do patrimônio histórico, entram no ambiente desconhecendo que alí funciona uma biblioteca, pela completa ausência de algo que indique. Isso reforça a tese da sedução e fascínio que o prédio produz nos transeuntes. Em alguns raros casos, quando residente na cidade, dirige-se ao balcão para solicitar uma informação rápida sobre uma instituição, um trajeto de ônibus ou a localização do serviço de vacina pública, por exemplo. Tais informações, conhecidas como utilitárias por serem de utilidade pública, não são oferecidas pela biblioteca, e a resposta fica sempre condicionada ao conhecimento do atendente. Também pode, ocasionalmente, o usuário incidental entrar na biblioteca para fazer uma fotocópia. No primeiro caso, ele valoriza o papel informacional da biblioteca e deixa-se seduzir pelo enunciado no espaço social onde ela se insere como um lugar que presta informação, embora tal discurso, como se pode notar, seja falacioso. Já no segundo, a sedução dá-se pelo reconhecimento da qualidade ou diversidade dos serviços que ela oferece. Como se trata de uma visita sem continuidade que ocorre com 1,6% dos freqüentadores, é difícil desenhar seu trajeto que pode finalizar no Balcão de Informação ou estender-se por todas as alas e andares onde seja permitido o seu acesso. Enquadra-se na exceção à regra e sua competência modal se estabelece pelo querer-fazer ou pelo querer-saber sobre o espaço que adentra. Vê a biblioteca como um lugar curioso, como um espetáculo e seu olhar é, quase sempre, muito dedicado aos detalhes do interior, mesmo quando este usuário é morador da cidade e, com a sua freqüência, dá destaque à função cultural que ela possui. As informações inerentes às suas necessidades processam-se pela oralidade e não pela consulta a documentos escritos. Seu ritmo de deslocamento é lento uma vez que contempla o espaço como quem está passeando em um lugar que lhe oferece o que ver e como deixa o tempo passar nos seus passos aceita os convites que a biblioteca lhe faz como visitar exposições que estão ocorrendo. Enquanto o turista, é especialmente o visível que atrai a sua atenção, uma vez que é capaz de associar um detalhe arquitetônico a um semelhante visto anteriormente sem que isso, de fato, venha contribuir para criar novos conhecimentos e, ao fotografar o espaço da biblioteca, o reapresenta como um troféu de sua descoberta. É possuidor de um amplo capital social e, em quase 100% das ocorrências, é de origem estrangeira e pouco fala o português. Mostra com sua procedência de fora do local, que é possuidor de um poder-fazer seu deslocamento por essa uma cidade encravada no interior da floresta amazônica, cujo acesso é dificultado pela distância que mantém das maiores cidades do país e da própria região. A cidade de Manaus, por si só, já desperta, no turista estrangeiro, muita curiosidade quer pela sua localização, quer pela riqueza de seu patrimônio natural. O seu trajeto, então, é marcado pelo que desperta a atenção do seu olhar. Ao desconsiderar esse tipo de usuário, a biblioteca pública não assume a heterogeneidade do seu público quer por ignorar-se como parte do patrimônio histórico da cidade já que seu prédio foi tombado como monumento histórico através do Decreto Estadual nº. 11.033 de 12 de abril de 1988, quer por não possuir um serviço de informações utilitárias. Ao agir desse modo, coloca-se distante da totalidade das demandas oriundas da comunidade e assume um papel tradicional e conservador quanto à oferta de seus serviços. Nesse caso, seu discurso é de espoliação por privar seu público de algo que lhe é de direito: a informação utilitária e turística. Usuário pesquisad or: um olhar perspicaz O usuário pesquisador representa 1,7% dos freqüentadores da biblioteca pública e caracterizase por saber explorar a informação que busca com perspicácia, pois é capaz de articular seu capital social de modo a produzir novos conhecimentos. Sabe o que deseja, onde localizá-lo na biblioteca e goza de uma certa flexibilidade para fazê-lo uma vez que tem acesso permitido à coleção de jornais, cujo exemplar mais antigo data de 1864, e à de obras raras que, no momento, está em processo de avaliação. São ambas fechadas ao público em geral. Normalmente consulta muitas obras, usa intensamente a biblioteca, chegando a ficar mais de seis horas dedicado à sua pesquisa e retorna sempre no dia seguinte quando não a concluiu. Sua competência se estabelece pelo saber-fazer a pesquisa desejada. É detalhista, metódico e habilidoso no trato com a informação e é o usuário da biblioteca que mantém o trajeto mais longo se comparado aos outros tipos descritos. Tem preferência por um ambiente tranqüilo, por cabinas individuais de estudo e se sente incomodado com o constante movimento do usuário copista no Salão de Leitura. Aprecia percorrer o acervo, ao qual pode ter acesso, sem pressa para desfrutar de descobertas fortuitas – browsing. Não tem horário fixo para suas pesquisas e, portanto, necessita que a biblioteca esteja aberta nos mais variados turnos e que, de preferência ela possua salas de estudo individual, boa iluminação, sinalização que facilite seu deslocamento, catálogos fáceis de manusear e, se possível, cadeiras ou bancos no acervo e um lugar no interior da biblioteca onde possa tomar um café e relaxar por alguns instantes, já que costuma gastar muitas horas fazendo suas leituras. É o único tipo de usuário que consulta o catálogo, pois reúne condições para fazer uso da informação ali registrada já que sabe localizá-la pela descrição proposta na ficha catalográfica. Empreende demasiado esforço para refinar sua busca e seleciona, com objetividade, as obras que irá consultar, pois sabe negociar a informação que deseja. É modalizado pelo saber-fazer o uso do catálogo e quando, por ventura não encontra nele o que deseja, questiona os funcionários sobre a existência da informação procurada que pode não estar ainda inserida no catálogo. Ao ter essa postura, torna-se também o único tipo de usuário da BPEAM que tem acesso aos relatórios preliminares resultantes do processo de automação uma vez que, dos 99.000 títulos existentes na Biblioteca Pública, 66.000 já foram incluídos na base de dados, mas o software desenvolvido tem-se mostrado ineficiente quanto ao seus modos de busca e, no momento, está em processo de adaptação para dar suporte às demandas das pesquisas. Contudo alguns relatórios parciais encontram-se impressos para a análise da direção, sendo esses que o usuário pesquisador tem acesso. Comunicase com facilidade e, em muitas vezes, dirige-se ao pavimento superior para negociar com a direção da biblioteca, a flexibilização de sua consulta direta ao acervo o que é, quase sempre, consentido. A biblioteca, ao permitir o acesso ao que é restrito – acervo, coleção de jornais, relatórios do processo de automação –, doa a ele competências modais do poder-fazer o uso ilimitado dos artefatos culturais que possui e o faz crer que é um usuário especial ou privilegiado. Ao aceitar esse contrato, o pesquisador passa a vê-la como um lugar aberto, desprovido de qualquer limite, posto para contribuir com o seu processo de desenvolvimento. Seu comportamento mostra que espera que a biblioteca atue como facilitadora de suas buscas disponibilizando o seu acervo, realizando palestras, cursos, etc., ou ainda indicando outros locais onde possa recuperar a informação desejada caso ali não a encontre. Por agir de acordo com o seu projeto de desenvolvimento, tem muitas expectativas em relação à biblioteca e espera que ela não crie obstáculos para que ele efetue suas consultas. Ao agir dessa forma, a BPEAM passa a exercer um papel dinâmico, integrador, revelando-se não só como um agente de transformações sociais, mas também, ao não querer não ser vista, assumese como um lugar aprazível, como cúmplice das demandas informacionais, como elemento capaz de provocar o desenvolvimento de seu usuário. A perfórmance desse usuário é revestida de valores modais de poder, saber e querer-fazer uso da informação, sendo-lhe isso muito prazeroso. Seu trajeto é marcado pela segurança de quem sabe como localizar o que busca, pela flexibilidade com que articula seu acesso aos ambientes restritos e pela firmeza com que transcorre o espaço, aborda os funcionários e elege aquilo que deseja ler. É muito interessado em todas as atividades que a biblioteca realiza, sendo, portanto, um usuário certo de serviços personalizados como a reserva de obras pelo telefone ou um de um café para descansar nas horas que deseja. Utiliza inicialmente a ala esquerda do pavimento térreo e dirige-se, seqüencialmente, ao catálogo, ao funcionário, ao subsolo, quando é o caso, à mesa de estudos e, por vezes, à fotocopiadora. ***** A identificação dos quatro tipos de usuários, da BPEAM, através dos seus trajetos, permite conhecer a heterogeneidade dos públicos que a freqüentam, suas reais demandas, seus perfis de competência e perfórmance. Por sua vez, a biblioteca na condição de destinador-julgador dos fazeres desses sujeitos, pode assumir diferente papéis e dinamizar adequadamente suas funções educacional, cultural, informacional e de lazer de modo a, propor competentemente, o seu uso e privilegiar a aquisição de conhecimento que viabilizará um fazer glorificante do usuário. A partir dessa identificação pode ser projetado, no modelo teórico da semiótica, o quadrado semiótico, que visualiza as relações mínimas da significação fundada nos percursos dos usuários analisados. Poderá permitir várias inferências da biblioteca no contexto onde atua e gerar novas posturas de ambas as partes – usuário e biblioteca pública –, com o objetivo de quebrar as barreiras impostas pelos limites de cada tipo e elencar alternativas que fortaleçam a construção consciente do projeto de cada um. O reconhecimento dos tipos de usuários deverá, acima de tudo, gerar ações por parte da biblioteca, que venham a contribuir para que eles transpassem as barreiras impostas pelas suas limitações e atinjam níveis mais elevados. A visualização proposta pelo quadrado semiótico tem, por objetivo, mostrar as características das posições que cada tipo de usuário identificado ocupa, além de permitir o entendimento de que essas posições são interligadas, e que é possível, para ele, fazer o trânsito de um tipo para o outro a partir das transformações de suas competências e perfórmances. Transcritor Pesquisador Emergencialista Não quer ser usuário Obrigação Explorador Quer ser usuário Prazer Incidental Dissimulador Oportunista Compulsivo Não quer não ser usuário Quer não ser usuário Curiosidade Lazer Como destinatários, os usuários dos tipos denominados pesquisador e incidental estão abertos à oferta e deixam-se manipular pela sedução e tentação que organizam o discurso do destinador-manipulador, a BPEAM, que se enuncia competentemente através do modo de se colocar no espaço físico e social. Ao desejarem querer-fazer uso da biblioteca, tais usuários assumem que tencionam compartilhar o que ela tem a lhes oferecer, pois possuem a imagem positiva de que ela é capaz de responder às suas expectativas de lazer. Contudo os destinatários transcritor e o dissimulador, ao se manterem centrados somente naquilo que demandam – livros textos e literários –, assumem que se deixam manipular pela provocação e intimidação, pelo dever-fazer uso da biblioteca que, através da sua competência, é capaz de reunir as obras que eles precisam utilizar quer seja pela obrigação da realização do trabalho escolar, quer seja pela necessidade de mover-se, através da leitura, para lugares imaginários. Para a semiótica, o fazer do usuário mostra suas verdadeiras intenções quando do uso da biblioteca podendo, através da descrição de seus comportamentos, de suas ações, identificar o que, de fato, são suas necessidades e seus objetivos. Os fazeres são capazes de mostrar como o sujeitousuário age, como sobre eles são operadas as transformações do seu estado inicial – de desinformado, ao estado final, com graus de domínio da informação buscada e quais são os valores de uso investidos na utilização da biblioteca, como esses são reflexos do valor de base dado ao objetoinformação estabelecedor do contrato que fixa o valor dos valores em jogo. Chama especial atenção, no olhar que se coloca sobre a distribuição espacial e, conseqüentemente, sobre os trajetos delineados, a disposição do catálogo. Nossa análise mostrou que essa não favorece a consulta do usuário mantendo esse dependente dos funcionários da BPEAM, o que é agravado pelo tipo de acesso aos livros. Como esse acesso é restrito, e ele não pode chegar até as estantes onde estão armazenados os saberes, ele depende inteiramente dos representantes da BPEAM, de seu saber que funciona como o único guia no qual só resta crer. Em todos esses aspectos, a BPEAM é um destinador autoritário que não assume o seu papel de diversificar o conhecimento e o fazer dos que a consultam. A biblioteca, para ser vista como um organismo dinâmico, um agente transformador de um maior número de usuários, partícipe do projeto de desenvolvimento de cada sujeito consultante e da comunidade onde está inserida, deveria preocupar-se com o efeito das mensagens transmitidas pelos seus estoques, assumindo que a relação entre a assimilação e a reelaboração do conhecimento pelos seus freqüentadores é uma de suas competências a desenvolver. Cabe a ela dar meios para que essa transformação se efetue e atuar sobre o valor de base tanto do usuário – obtenção da informação, do conhecimento, como no da biblioteca – dar acesso à informação. Somente ao assim agir a biblioteca desenvolve as suas competências e perfórmances e se coloca como um organismo de utilidade pública capaz de iluminar os que se encontram na escuridão. Ao tratar seus estoques como valores para os que os buscam ou ainda, ao valora-los para que eles possam tornar-se um objeto de valor para alguém, a biblioteca está atuando como sujeito competente na geração de conhecimentos de seus usuários, grupo de freqüentadores e, mais amplamente, da sociedade em que se insere e a partir de qual seus papéis são delineados, ela pode propor e sancionar contratos de relações com os usuários. São tais contratos que a fazem ser vista e valorada pelo usuário. Efetuada nossa análise, passamos a construir um olhar sugestivo que, em certa medida, objetiva alterar os modos de visibilidade da BPEAM. A s práticas da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas - U MO LHAR S GESTIVO UM OBPEAM, elencadas através dos fazeres de seus usuários, OLHAR SU UGESTIV mostraram que, além de ela não estar desempenhando seus papéis junto a esses, ela exclui de seu atendimento diversos segmentos da sociedade como o infantil, o idoso, o deficiente físico e visual, entre outros, que nela não identificam serviços voltados para seus interesses e necessidades. Essa atuação de desigualdade é indicativa da fragilidade como ela assume sua missão de agente promotor do saber e da leitura. Com efeito, a biblioteca amazonense precisa efetivar a transição de uma biblioteca elitista para outra mais próxima de seu verdadeiro público, orientada pelas demandas e anseios comunitários de modo a tornar-se um sujeito com visibilidade para a maioria da coletividade e mostrar-se como um pólo público mediador e disseminador do conhecimento acumulado em seu acervo. Pelas análises realizadas, destaca-se que a BPEAM dirige suas atividades somente para 10% do público da capital – Manaus –, sem atingir a população dos 62 municípios restantes que compõem, de fato, o Estado do Amazonas. Ademais, observa-se ainda que mesmo a população manauara, na sua expressiva maioria (90%), não a utiliza. Entre os que a percebem como sujeito armazenador do saber, a quase totalidade, a ela se dirige para fazer cópia de seus trabalhos escolares. Esse quadro marca o isolamento em que ela vive devido a sua acentuada preocupação com a ordenação e conservação dos artefatos culturais. Ao analisar o papel das bibliotecas públicas brasileiras, Luiz Tadeu Feitosa89 mostra-nos que a realidade amazonense não difere das demais no país, e, afirma que uma “nova ordenação das bibliotecas públicas seria a revisão completa dos seus símbolos, do seu acervo, da sua forma de atuação, da sua política de seleção de material, da sua estratégia de estudo de usuário, da sua política de marketing, da renovação de seus serviços, da escolha de seu público e do prévio conhecimento deste, da necessidade de uma plena atuação revisora de seu universo cultural; de uma atualização maior frente às mudanças no universo informacional e, sobretudo, de um trabalho em conjunto com outras instituições”. Observa-se que, na fala do autor, se a biblioteca pública deseja transpor o fosso que a separa de seu público deve aproximar-se dessa coletividade e, junto com ela, viver e vivenciar sua visão de mundo. Em sua natureza pública, a biblioteca deve tornar o mais acessível possível a informação convertendo-se em um centro de vida cultural da comunidade, promovendo eventos, ouvindo mais do que falando e, sobretudo, disponibilizando seu espaço para as discussões e inquietações mais prementes. Para que isso ocorra, muitas modificações sugeridas por esse estudo deveriam ser introduzidas a fim de ampliar, qualitativa e quantitativamente, o modo de a BPEAM se fazer ver pelo usuário. Implicariam essa uma redefinição dos serviços ofertados que deverão estar afinados com o aspecto heterogêneo da comunidade e um rearranjo do ambiente físico de modo a dinamizar amplamente o seu uso. 89 FEITOSA, Luiz Tadeu. O Poço da Draga. p. 101. Por um dabacuri90 na Biblioteca Pública A transformação da BPEAM em um dinâmico pólo de convivência cultural onde a comunidade local possa utilizá-la para as mais diversas atividades, como palestras, cursos, exposições, lançamento de livros, leitura de jornal ou acesso à Internet, entre tantas outras, requer dela uma nova postura que privilegie a participação ativa e efetiva de todos, sejam, alfabetizados, neo-alfabetizados, analfabetos, semiletrados, leitores, não leitores, usuários e não usuários. O caboclo amazônico chama dabacuri uma festa que um amigo ou parente oferece a outro. Tal termo, de origem indígena, significa um banquete acompanhado de danças que dura enquanto houver comida e bebida o que é, média, três dias. Aqui, o termo é empregado em alusão à grande festa que a BPEAM, se modificada, pode promover ao permitir um amplo acesso aos bens culturais que ela mantém. Contudo, para assumir uma postura de órgão cultural que privilegie amplamente a variedade de seu público, ela deve preliminarmente: a) ampliar seu horário de funcionamento que hoje é de 8:00h às 17:00h, de segunda a sexta, para o de 8:00h às 22:00h de segunda a sexta, de 8:00h às 18:00h aos sábados e eventuais domingos em que se desenvolvam atividades especiais. Tal atitude, além de permitir o acesso, o mais amplo possível, da comunidade como um todo, contribui para dinamizar sua função social flexibilizando o atendimento de todos os públicos a que ela, na condição de pública, deve atender. De fato, é comum chegar-se à porta da biblioteca 90 Para aprofundar sobre as expressões indígenas e caboclas ver SANTIAGO, Socorro. Uma poética das águas. pública às 17:10h e encontrar alunos que, ao saírem das escolas próximas, procuram-na para realizar suas tarefas escolares ou ainda quando, por volta das 18:00h, o comércio da zona central começa a fechar e os comerciários buscam-na para uma atividade de lazer que possa descontraí-los após um dia de trabalho. b) permitir o acesso livre às estantes e aos artefatos culturais de que ela dispõe de modo a maximizar a relação entre autor e leitor; fortalecer o processo natural de seleção por parte do usuário; possibilitar que obras sejam folheadas ao acaso na expectativa de que algo de novo desperte o interesse do usuário para outras leituras; incentivar o contato com todas as obras sobre a temática buscada para que a variedade de leituras possa solidificar a crítica e contribuir para a construção do saber e do conhecimento; c) ampliar, qualitativamente, o seu quadro de funcionários, oferecendo reciclagem a todos de modo a criar neles uma ação mais efetiva quando do seu fazer e desapertá-los para o reconhecimento da importância de seu papel no amplo contexto onde a biblioteca se insere; d) promover o desenvolvimento de sua coleção, especialmente no que tange ao debastamento de obras desatualizadas; a recuperação através da encadernação de obras muito manuseadas e a formação de um acervo voltado para um público mais eclético, tendo em vista que as necessidades informacionais extrapolam os acervos mais tradicionais compostos apenas de livros e periódicos. e) no âmbito da Secretaria de Cultura e Turismo do Estado do Amazonas, órgão ao qual está subordinada, promover uma discussão em torno da necessidade de criação de um Sistema Estadual de Bibliotecas Públicas visando à implantação ou implementação de bibliotecas públicas no interior do estado, bem como a criação de sucursais nos bairros mais populosos e distantes do centro da cidade de Manaus, que hoje possui, aproximadamente, 1.500.000 habitantes e para quem essa descentralização do serviço público de informação poderá facilitar o seu acesso aos artefatos culturais. À luz dessas propostas primevas, o fortalecimento da identidade da BPEAM carece ainda de estabelecer novas formas para dinamizar o amplo acesso aos artefatos culturais. Para tal, rever, reciclar, atualizar, inovar são verbos que devem ser conjugados e praticados por ela para gerar novos significados diante sua comunidade e se tornar visivel pela maioria da população manauara. Especialmente no que diz respeito aos serviços a serem oferecidos pode-se, grosso modo, para efeito desse estudo sugestivo, dividi-los em: locais e extensionaistas. Serviços locais Estes serviços se caracterizam por serem ofertados no espaço físico do edifício da rua Barroso, onde se localiza a BPEAM. Alguns, em verdade, já foram oferecidos pela biblioteca, necessitando, apenas, serem reativados, outros são ofertados atualmente, mas necessitam ser reformulados para causar maior impacto na comunidade e alguns serão propostos em função do atendimento às necessidades heterogêneas do público potencial. • BIBLIOTECA INFANTIL ALFREDO FERNANDES Situação: Reativar Missão: Contribuir para a formação do hábito de leitura nas crianças de 4 a 10 anos Objetivos: a) Dinamizar o processo de leitura; b) Desenvolver, através da brinquedoteca, o gosto pela leitura; c) Criar, na infância manauara, a disposição para freqüentar a biblioteca; Serviços a serem oferecidos: Consulta local Empréstimo domiciliar Animação cultural Exibição de desenhos animados, filmes infantis, grupos teatrais etc. Atividades lúdicas Acervo: Literatura infantil Brinquedoteca • BIBLIOTECA JUVENIL Situação: Criar Missão: Contribuir para a formação do hábito de leitura de modo a estimular o espírito crítico no público de11 a 17 anos Objetivos: a) Desenvolver, através da gibiteca, o gosto pela leitura; b) Criar, no público de 11 a 17 anos, a disposição para freqüentar a biblioteca; Serviços a serem oferecidos: Consulta local Empréstimo domiciliar Animação cultural Exibição de desenhos animados, filmes de super heróis, entre outros Intercâmbio de gibis entre colecionadores Acervo: Literatura juvenil Gibiteca • BIBLIOTECA ESPECIAL Situação: Criar Missão: Proporcionar, ao deficiente visual e auditivo, a efetiva participação nas atividades comunitárias Objetivos: a) Estimular a integração e participação social do deficiente visual e auditivo; b) Organizar programas de leitura para os deficientes visuais e auditivos da cidade de Manaus; c) Contribuir para a adaptação, reeducação ou reabilitação dos deficientes visuais e auditivos; Serviços a serem oferecidos: Consulta local Empréstimo domiciliar Transcrição, gravação e atendimento postal Microinformática para impressão em Braille Sistema de orientação por fita e folhetos em Braille Audição local Leitura voluntária (Projeto Ler) Acervo: Obras em Braille doadas por instituições como a Fundação Dorina Nowill para cegos Obras lidas (livros falados) doadas pelo Instituto Benjamin Constant • ESPAÇO DE CONVIVÊNCIA Situação: Criar Missão: Ampliar as possibilidades de interação entre usuários, biblioteca e novas tecnologias da informação Objetivos: a) Estimular o usuário para o contato com a nova tecnologia; b) Oferecer serviços que aumentem o tempo que o usuário destina para o uso da Biblioteca Pública; c) Manter um agradável espaço de convivência para os usuários. Serviços a serem oferecidos: Leitura informal Acesso a Internet Máquina de refrigerante Máquina de café Acervo: • Revista, jornais locais e nacionais MULTIMEIOS Situação: Dinamizar Missão: Proporcionar o acesso às fontes de informação existentes nos mais variados suportes como vídeos, fitas K7, fotografias, mapas e microformas Objetivos: a) Disseminar a informação sob os mais variados suportes; b) Viabilizar o acesso aos mais variados suportes informacionais; c) Substituir a coleção de jornais existentes no subsolo da Biblioteca Pública, por microformas visando a seu amplo manuseio e utilização. Serviços a serem oferecidos: Consulta local Empréstimo domiciliar Acervo: • Todos os multimeios existentes na biblioteca OBRAS RARAS Situação: Dinamizar Missão: Possibilitar o acesso às informações registradas nas obras consideradas raras da BPEAM Objetivos: a) Preservar obras de relevada importância; b) Viabilizar a consulta organizada a obras de caráter raro. Serviços a serem oferecidos: Consulta local Índices especializados Acervo: Todas as obras identificadas como raras segundo critérios estabelecidos pela BPEAM • EMPRÉSTIMO DOMICILIAR Situação: Dinamizar Missão: Diversificar o contato do usuário com a BPEAM Objetivos: a) Criar o Boletim do Empréstimo, indicando as obras mais lidas, o nível de deteriorização do acervo, as obras recém adquiridas e os demais serviços oferecidos pela BPEAM; b) Implantar um serviço de bônus pontualidade; c) Chamar a atenção, através de exposições, comentários críticos, resenhas especiais ou já publicadas em jornais e revistas. Acervo: • Obras destinadas ao empréstimo da Divisão de Atendimento ao Usuário UTILIZAÇÃO DO CATÁLOGO COLETIVO Situação: Dinamizar Missão: Permitir um amplo acesso aos artefatos culturais existentes Objetivos: a) Treinar o usuário para o manuseio do Catálogo impresso e on line; b) Propagar o uso do catálogo como intermediador do acervo; c) Viabilizar a verdadeira utilização do Catálogo. • REGISTRO DA PRODUÇÃO AMAZONENSE Situação: Criar Missão: Registrar e disseminar a produção científica, literária e artística dos amazônidas Objetivos: a) Enriquecer o acervo da coleção Amazoniana; b) Estabelecer um depósito das obras produzidas no e sobre o Estado do Amazonas; c) Reunir assuntos pertinentes a temática amazônica • ANIMAÇÃO CULTURAL Situação: Criar Missão: Dinamizar o processo de interação entre a biblioteca, seu acervo e seus usuários Objetivos: a) Contribuir para transformar a biblioteca em um espaço agradável de convivência b) Contextualizar a dimensão da ação cultural na biblioteca c) Estimular a apropriação da biblioteca pelo usuário • EVENTOS Situação: Criar Missão: Elevar os níveis de interesse pela BPEAM Objetivos: a) Implementar os mais variados eventos na Biblioteca Pública; b) Implantar um calendário de eventos; c) Ofertar palestras, cursos, concursos, encontro com autores, exposições e demais eventos de acordo com as demandas percebidas. d) • Implantar um serviço de visitas guiadas na BPEAM INFORMAÇÃO COMUNITÁRIA Os serviços de informação comunitária surgiram na Inglaterra como forma de assessoramento cívico, praticado por voluntários com diversas formações profissionais, visando a agilizar a comunicação entre a população e a administração pública durante a I Guerra Mundial tendo em vista o volume de informações que a situação gerou. O modelo se propagou para o restante das bibliotecas públicas mundiais como uma forma delas agenciarem informações gerais demandadas pela comunidade. Em geral, esse serviço oferece informações utilitárias que respondem às inquietações prementes da sociedade e, na maioria das vezes, relegadas pelos sistemas de serviços estatais, mantendo uma prioridade para a solução de problemas do cotidiano. Ana Maria Polke citada por Emir Suaiden91, baseando-se em estudos da realidade mineira, discute a modulação de um serviço de informação para a comunidade, sugerindo que esse aborde aspectos essenciais como: a) saúde: problema de assistência médica e hospitalar; como, onde e a quem recorrer para a solução de problemas referentes à saúde, planejamento familiar, prevenção de doenças, vacinação, planos de saúde; b) emprego: problemas para obter trabalho, estabilidade ou flutuação, agências, conciliação de atividades fora de casa com as tarefas domésticas; c) legislação: problemas para obtenção de documentos, conhecimentos de direitos e deveres legais, assistência jurídica, existência de associação de moradores, aposentadoria e obtenção de benefícios; 91 SUAIDEN, Emir. Biblioteca pública e informação à comunidade. p. 57 e 58. d) educação: problemas de vagas escolares, abandono da escola, reprovação, alfabetização de adultos, formação profissional, obtenção de bolsas de estudo, orientação sexual, educação de adultos; e) lazer: problemas relacionados com a ocupação do tempo livre, horários e local de eventos, horário de funcionamento de museus, cinemas, exposições; f) moradia: problemas da posse da terra, aluguel, invasão de terras, serviço de água, esgoto e luz, condições de residência, vizinhança; g) finanças: imposto de renda, renda extra, divulgação de pesquisas de preço. Para associar essas sugestões, a BPEAM deverá se articular com diversas instituições para criar bases de dados referenciais como por exemplo: a) Secretaria de Estado de Justiça, Segurança e Cidadania e a Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB/AM –, para prestar informações referentes a procedimentos jurídicos, fóruns, local para emissão de documentos, localização de instituições como Delegacias, Juizado de Menores, PROCOM, entre outros. b) Sindicatos, Associações de Classe, Empresas de Recursos Humanos e Serviço Nacional de Empregos – SINE –, da Secretaria de Estado do Trabalho e Bem Estar Social com objetivo de disseminar informações sobre o Fundo de Assistência ao Trabalhador – FAT –, empregos, elaboração de currículos, PIS/PASEP, FGTS, entre outros; c) Secretaria de Saúde do Amazonas, Associações e Sindicatos ligados à área e empresas prestadoras de serviços de saúde para compor informações sobre o atendimento em hospitais, postos de saúde, realização de exames, campanhas de vacinação, horário para marcação de consultas; d) Empresa Municipal de Transportes Urbanos para disseminar informações sobre o trajeto dos ônibus, pontos de parada, transporte seletivo coletivo, serviço de taxi; e) Assembléia Legislativa e Câmara Municipal para disseminar os projetos aprovados e em tramitação nessas esferas de poder público, bem como a legislação estadual e municipal. Esses e outros tipos de informação atenderiam a demandas oriundas de pessoas que não possuem uma referência de como minimizar suas dúvidas e buscar auxílio para a solução de um problema do dia-a-dia, como procura o usuário incidental. Situação: Criar Missão: Contribuir para a solução de problemas enfrentados pela comunidade Objetivos: a) Qualificar a visibilidade da BPEAM através da oferta de informações solucionadoras dos problemas comunitários; b) Orientar quanto ao uso da máquina pública; c) Divulgar a legislação oficial do estado e do município. • ASSOCIAÇÃO DE AMIGOS DA BIBLIOTECA PÚBLICA Situação: Criar Missão: Fortalecer as ações da Biblioteca Pública no contexto manauara Objetivos: a) Obter apoio para as ações da Biblioteca Pública; b) Criar novas fontes de captação de recursos; c) Constituir um instrumento de representatividade da comunidade junto à biblioteca. • TRABALHO VOLUNTÁRIO Situação: Criar Missão: Dinamizar, através do trabalho voluntário, a oferta de serviços pela BPEAM Objetivos: a) Implantar o Projeto Ler: pessoas ajudando outras pessoas a ler quer esse público seja constituído de deficiente visual ou de analfabetos, entre outros b) Implantar o projeto Contadores de estórias, para o público infantil; c) Qualificar o atendimento na zona de acolhimento, prestação de serviço e administrativa. Serviços extensioni stas A dimensão social almejada pela biblioteca pública enquanto agente de informação, requer dela atitudes mais ousadas que diminuam o fosso entre seus usuários através de ações proativas que a faça ir ao encontro daqueles que, por qualquer motivo, não utilizem seu espaço e seus serviços. Nessa medida, é que se colocam os serviços extensionistas; ao transpor os limites físicos da biblioteca e se lançarem em busca de atender a usuários potenciais, eles estabelecem uma aproximação entre o público e a instituição, propondo-se a cativá-los através da utilidade e da facilidade de acesso aos artefatos culturais, estejam onde estiverem, ou seja, em suas casas, nos hospitais, nos presídios, nas palafitas dos beiradões de rio, nas cidades flutuantes, enfim em qualquer lugar onde haja uma necessidade de informação, lazer, recreação ou educação. Ao adotar um modo mais incisivo de abordar seus usuários, a BPEAM passará a ser vista pela maior parte dos habitantes do extenso estado amazonense. Assim entendido, o serviço extensionista na Biblioteca Pública se efetivará através do projeto do Serviço de Leitura e Informação Móvel que deverá ser composto de três subprogramas que são: • CAIXA – ESTANTE Situação: Dinamizar Missão: Disseminar a leitura nos mais variados segmentos da comunidade manauara Objetivos: a) Permitir ao indivíduo que, por qualquer motivo, não freqüente a biblioteca o acesso aos artefatos culturais; b) Promover o fortalecimento dos hábitos de leitura; c) Estimular o desenvolvimento do gosto pela leitura; d) Atuar em empresas, asilos, hospitais, presídios, creches, centros comunitários, associações de classe, sindicatos e demais organismos onde haja possibilidade de ofertar tal serviço. • Serviços a serem Consulta local oferecidos: Empréstimo domiciliar Acervo: Literatura infantil, juvenil e adulta ÔNIBUS - BIBLIOTECA Os ônibus-biblioteca ou bibliotecas circulantes, como prefere denominar a UNESCO92, foram criados para assegurar a prestação de serviços de informação a um público que, por morar distante, não freqüentava a biblioteca pública. Desta forma, ela se propunha a ir ao encontro dele que, na maioria das vezes, era o necessitado e o que morava nas periferias das grandes cidades européias e americanas. Na década de 70, a BPEAM implantou um serviço denominado de carro-biblioteca, integrante de uma política desenvolvida pelo Instituto Nacional do Livro – INL, órgão coordenador do Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas. O INL dotou as bibliotecas integrantes do Sistema de um veículo modelo Kombi (Figura 80), adaptado para esse fim com um acervo de 1.500 obras literárias. O programa objetivava, em nível nacional, atingir as comunidades periféricas das capitais brasileiras, que estavam desprovidas de qualquer serviço de informação. Com a extinção do INL, em 1989, o repasse de verbas foi suspenso e a Biblioteca Pública não teve força política para fazer com que o governo estadual assumisse as despesas inerentes à prestação desse serviço. Para maiores esclarecimentos, consultar a obra produzida sob os auspícios da UNESCO McCOLVIN, Lionel R. L’extension des bibliothèque públiques. 92 Figura 80 - Modelo do Carro-Biblioteca do INL atuando em Belo Horizonte - Minas Gerais, Brasil A proposta de reativação do modelo anterior através do ônibus-biblioteca se vê fortalecida pela possibilidade do apoio da iniciativa privada. O ônibus-biblioteca deverá imprimir, pela sua visualidade, uma identificação com a comunidade. Partindo dessa premissa é que se sugere a cor verde – símbolo da floresta –, e a Vitória Régia – fiel representante da flora amazônica –, para compor sua apresentação visual (Figura 81), além de destacar o nome da biblioteca, que marcará, desta forma, sua presença no espaço urbano por onde transitará. Com efeito, Lígia Drumont e Ricardo França93, discutindo sobre esse aspecto do carrobiblioteca da Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG, afirmam que, “além do conteúdo e objetivo, a imagem é de fundamental importância num projeto desse porte. Com seu visual, o carro-biblioteca consegue causar um grande impacto nos lugares onde chega, abrindo caminho e corações”. 93 DRUMONT, Lígia, FRANÇA, Ricardo. Política e compromisso da prestação de serviço do programa carro-biblioteca. p. 335. Figura 81 - Projeto gráfico do ônibus-biblioteca da BPEAM O projeto gráfico do ônibus-biblioteca busca colocá-lo em destaque pelo modo como explorará os símbolos amazônicos. Já quanto ao arranjo interno, sua definição se dará em função do fluxo de usuários, sendo adotadas as sugestões dos autores anteriormente citados que orientam para a confecção de estantes em placa de madeira compensada revestida de formica, com prateleiras inclinadas em 12 graus para trás, com proteção frontal para evitar problemas quando do deslocamento do veículo, além de armários e postos de trabalho, como pode ser observado na Figura 82. Figura 82 - Proposta de distribuição interna do ônibus-biblioteca Pode-se observar, na imagem acima, que o lay-out privilegia o livre acesso ao acervo e propõe um convite à circulação e ao contato com os artefatos que ele transportará. Ademais, algumas atividades, como a animação cultural, se darão no espaço exterior de modo a chamar a atenção para a utilização do ônibus-biblioteca, marcar sua presença e tornar visíveis as novas formas da Biblioteca Pública estar junto e servir sua comunidade. Para promover uma racional utilização, o ônibus-biblioteca funcionará de segunda a domingo, de 9:00hs às 15:30hs em cinco, das seis zonas em que a Prefeitura Municipal divide a cidade de Manaus. Deve-se destacar que não está inclusa a zona centro sul tendo em vista que nela se localiza a BPEAM e que a distribuição obedecerá um roteiro previamente estabelecido cuja sugestão segue abaixo. a) Zona Centro-Leste: Av. Pedro Teixeira (2ª. Feira) b) Zona Oeste: Av. Brasil (3ª. Feira) c) Zona Norte: Av. Max Teixeira (4ª. Feira) Av. Santos Dumont (6ª. Feira) d) Zona Leste: Av. Autaz Mirim (5ª. Feira) Av. Grande Circular (Domingo) e) Zona Sul: Av. Presidente Kennedy (Sábado) As zonas Norte e Leste receberão duas visitas do ônibus-biblioteca, tendo em vista serem as mais populosas. A distribuição sugerida poderá ser observada na Figura 83. Figura 83 - Mapa do atendimento do ônibus-biblioteca na cidade de Manaus, Amazonas Situação: Reativar Missão: Promover amplamente a leitura nos bairros da cidade de Manaus Objetivos: a) Atender às necessidades da população manauara, levando em conta suas expectativas com relação à informação e às atividades culturais; b) Garantir o acesso à informação pela maioria da população manauara; c) Promover a leitura pública nas zonas da cidade de Manaus; d) Estimular a leitura; e) Oportunizar o contato da população periférica da cidade de Manaus com os artefatos culturais que a BPEAM dispõe Serviços a serem Animação cultural oferecidos: Consulta local Empréstimo domiciliar Acervo: Literatura infantil, juvenil e adulta Periódicos • BARCO - BIBLIOTECA O Estado do Amazonas possui uma área de 1.567.954 Km² e uma população estimada de 2.103.243 habitantes, sendo 60% residentes na capital. É o estado da federação que possui o menor número de habitantes por metro quadrado quando se trata da população interiorana, contudo, esse interior é possuidor de uma rica fauna e flora e é serpenteado por rios e igarapés que formam a maior bacia hidrográfica do mundo. Os portugueses que o colonizaram costumavam afirmar que os rios são o caminho natural do homem amazônida, configurando-se como suas verdadeiras estradas uma vez que por eles são transportados os alimentos, a produção, as pessoas, enfim, que permitem, suavemente no seu banzeiro, o transcorrer da vida no interior da bela Amazônia. De fato, a relação homem-rio na região é muito forte, pois, como afirma Socorro Santiago94, “tal como acontece com os habitantes das margens dos maiores rios do mundo, o ribeirinho do Amazonas tem sua vida determinada, quase que inteiramente, pelo regime das águas do grande rio e de seus afluentes. Esse é, sem dúvida, um dos elementos mais marcantes do caráter do amazonense, somado à sua forte influência etnocultural indígena. Assim é que vamos encontrar o homem típico do Amazonas, não nas grandes cidades, mas vivendo à beira do rio em união física e espiritual com a natureza.” Sabedor dessa realidade, o poder estatal têm criado alternativas para suplantar as dificuldades de comunicação e atendimento das necessidades básicas da população que, nascedouras quase sempre em uma margem de rio, necessitam receber por ele a educação, a saúde, o lazer. Sob esse princípio, funcionam o hospital flutuante, o posto de combustível aquático, o supermercado móvel e o barco-escola. O projeto do barco-escola, denominado Luz do Saber (Figura 84), foi criado em 1996, com a “finalidade de possibilitar que os programas de ação da Secretaria do Estado de Educação atinjam de forma eficiente as regiões mais distantes do interior do Estado”95. Nele há um espaço destinado ao serviço de biblioteca escolar, mas que, dada à carência de recursos e as facilidades de uso, poderá ampliar sua atuação com o apoio da BPEAM e levar à comunidade interiorana artefatos produzidos por outras culturas, bem como os que são originário do povo amazônico de modo a disseminar amplamente o conhecimento e o saber. 94 95 SANTIAGO, Socorro. Uma poética das águas. p.43. GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS. Secretaria de Estado de Educação. Projeto Luz do Saber. p. 14. Figura 84 - Barco-escola Luz do Saber Situação: Criar Missão: Promover amplamente o desenvolvimento do gosto pela leitura pela comunidade ribeirinha do Estado do Amazonas Objetivos: a) Atender às necessidades da população do interior do Estado do Amazonas, levando em conta suas expectativas com relação à informação e as atividades culturais; b) Garantir o acesso à informação para uma parte da população amazonense; c) Promover a leitura pública no interior do estado; d) Estimular a leitura; e) Oportunizar o contato da população ribeirinha do Estado do Amazonas com a informação. Serviços a serem Animação cultural oferecidos: Consulta local Empréstimo domiciliar Eventos Acervo: Literatura infantil, juvenil e adulta Periódicos Obras de referência Obras técnicas ***** A oferta de novos serviços e a dinamização de outros já existentes colocarão a BPEAM em contato com a heterogeneidade de seus usuários com objetivo de, ao repropor-se à comunidade, criar novas significações do seu fazer público que redimensionará sua visibilidade diante da sociedade amazonense. Contudo a oferta dos serviços sugeridos causam impactos profundos tanto na estrutura organizacional, redelineada no organograma abaixo, em função da inserção e dinamização de atividades, quanto na sua distribuição espacial que necessita de uma restruturação para acompanhar as transformações produzidas pela implantação das sugestões. Figura 85 - Proposta de organograma para a Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Metamorfoses do encantamento Na perspectiva de uma atuação dinâmica que promova sua visibilidade enquanto agente cultural, a BPEAM necessita redimensionar o seu espaço físico de modo a contemplar a oferta de serviços que atinjam a heterogeneidade de suas demandas. De fato, pela forma como hoje se apresenta, a distribuição interna do prédio privilegia o atendimento de parte de seu público, e não da totalidade a qual deveria atingir. A nova estrutura deve contribuir para um fazer pro-ativo, colocando-se como um lugar que, ao dialogar com o usuário, produza nele uma sensação de encantamento com a biblioteca, cativando-o como usuário real. A organização interior deve, desta forma, fortalecer o princípio de que a biblioteca é um prazeroso lugar de leitura, de mediação do conhecimento e produzir nele uma sensação de encantamento, cativando-o em definitivo, motivando-o a querer utilizá-la, a desejar se apropriar da informação que ela representa. As sugestões, apresentadas a seguir, foram norteadas pelo entendimento de que a oferta de informação deverá se dar a todos, indistintamente, de acordo com as especificidades do público de modo a favorecer a diversidade da demanda. Dessa forma, o pavimento superior abrigará os serviços internos, a sala para obras raras, um espaço para exposições e um amplo auditório onde poderão ocorrer os mais variados eventos organizados tanto pela biblioteca pública quanto pelos que forem demandados pela comunidade e por ela gerenciados. O pavimento térreo colocar-se-á como um lugar consagrado ao acolhimento do usuário, para seu lazer, suas leituras, fortalecendo, através do modo como se propõe a ser visto, a imagem do diálogo, enquanto que o pavimento subsolo será invadido pela alegria da plena convivência, destinado a alojar o público com demandas específicas como o juvenil e o infantil. Todos os salões das alas direita e esquerda receberão uma denominação para facilitar sua identificação. Para tal, adotar-se-á o nome dos principais mitos amazônicos com objetivo de propor um resgate cultural uma vez que serão preservados seus nomes originais, sem prevalecer-se das adaptações ocorridas quando das diversas visões e análises produzidas. Com isso, busca-se colocálos em evidência e valorizar o acervo precioso do folclore desencadeado pela magnitude da floresta amazônica. O pavimento superior, como mostrado no Capítulo 3, é composto de três amplos salões. O ambiente central será destinado a exposições que poderão ser organizadas tanto pela biblioteca, quanto pelos diversos segmentos representativos da sociedade manauara. A ele será apenas acrescentado a sinalização, a ser descrita posteriormente, e bancos nos vãos que conduzem às sacadas das três janelas para que o usuário sinta-se confortavelmente convidado a contemplar não só movimento da rua, dos transeuntes, mas também os artefatos culturais que estarão postos para sua admiração. As paredes possuem uma textura marmorizada em amarelo que associa-a ao ouro, sinal de requinte e sofisticação, e, o teto é composto de uma clarabóia que cumpre a função de permitir que a luz solar penetre no interior do prédio. Ela, por sua vez, é ladeada por placas de gesso e, em cada uma delas, um vulto histórico está representando uma área das letras e das artes que são Carlos Gomes e os símbolos da música, Teixeira de Freitas com uma pena e um livro, Gonçalves Dias com os símbolos das letras e Gutemberg com os da imprensa. Essa nobreza do teto é realçada por belíssimos estuques que podem ser observados na Figura 86. Figura 86 - Teto do hall do andar superior da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas - Brasil Em madeira escura e clara, o piso é composto de magníficos exemplares da floresta amazônica compondo um sentido de conjunto entre amarelo indicando o Rio Solimões e o negro o Rio Negro. Esses elementos cromáticos repropõem o encontro das águas que ocorre a um quilômetro de Manaus (Figura 87). Figura 87 - O encontro das águas – Manaus, Amazonas Um óleo sobre tela de grandes proporções está colocado ao fundo do salão. Trata-se da obra de autoria de Aurélio de Figueiredo intitulada Redenpção do Amazonas. O quadro retrata a abolição da escravatura e nele estão representados vários elementos da liberdade vivida pela sociedade. Ao lado esquerdo, vê-se um homem de pele escura, acompanhado de um índia que representa a Tribo das Amazonas, ícone de liberdade amazônica por escolher seu modo de viver. É a índia que apresenta para o homem negro os retratos de liberdade, lado oposto da obra. Ao lado do homem negro, se faz presente uma vegetação do tipo cactos, símbolo da resistência, e ele sustenta uma bandeira branca, símbolo da paz, com seguinte inscrição em dourado “REDEMPÇÃO” e sob ela uma coroa de louros usada pelos que atingem o triunfo de uma conquista. Do lado direito, representado por 12 figuras, uma simbologia, do que seria a liberdade, está expressa pela música, o canto, a pintura, a arquitetura e imprensa, como pode ser observado na Figura 88. Figura 88 - Parede de fundo do hall do pavimento superior, com destaque para obra Redenção do Amazonas No salão da ala esquerda funcionará a zona de serviços internos, a saber: a Diretoria, a Divisão de Organização Técnica e a Secretaria, além da sala de obras raras da zona de prestação de serviço. O arranjo espacial será composto de modo a permitir que a transparência seja o elemento mais significativo, tendo em vista que as divisões que separam as zonas deverão ser em vidro fumê temperado para não agredir a natureza histórica do prédio e a área, para os serviços internos, não apresentará divisórias, privilegiando a ampla convivência. Estão previstos também a adoção de um mobiliário prático e durável que evidencie a simplicidade com que a biblioteca tratará de reduzir a fadiga e aumentar o conforto de seus funcionários. Já no pequeno salão de leitura de obras raras, a padronagem do mobiliário será a mesma dos demais salões: estantes e mesas em madeira clara com um detalhe colorido e iluminação individual igual ao modelo apresentado na Figura 10. Deve-se destacar que cada salão da biblioteca pública adotará uma cor diferente que, no caso das obras raras, será o verde como na ilustração. Figura 89 - Móveis da biblioteca de Sagami Women’s Uuniversity Library, no Japão que servirão de modelo para a BPEAM Um sistema anti-furto será introduzido na BPEAM com o objetivo de minimizar os impactos negativos causados pelo acesso livre. Sua instalação está prevista em três portas da biblioteca, a dos salões direito do térreo e segundo pavimento e a do salão esquerdo do térreo. Esse sistema de sinalização, semelhante ao instalado nos grande magazines, emite um sinal auditivo quando a obra não foi anteriormente desmagnetizada pelos funcionários da biblioteca. No salão em foco, a ser denominado de Salão das Amazonas em alusão à mitológica tribo de mulheres guerreiras que habitavam a floresta, ainda se terá uma montra (Figura 91), para permitir a exposição de obras raras ou para servir de ponto de divulgação do material que será comercializado com a imagem da biblioteca como canecas, camisas, chaveiros, canetas, entre outros. Figura 90 - Montra da Biblioteca Waseda University Center for Scholary Information, no Japão A cor das paredes em tom azul claro predominará em todos os demais salões da BPEAM a fim de provocar um efeito de sentido desencadeado pela associação com as águas tranqüilas, com o espaço infinito, com a paz, a serenidade como destaca Modesto Farina na obra Psicodinâmica das cores em comunicação. O salão esquerdo, a ser denominado de Uiara em homenagem à mitológica mãe das águas na Amazônia, abrigará um amplo auditório onde serão promovidos eventos culturais de toda a ordem. Propositadamente, ele será posto nesse andar para privilegiar o amplo contato daqueles que freqüentarão os eventos de modo a fazê-los dirigirem-se ao pavimento superior para aumentarem seu contato com a biblioteca e com as exposições. Nele, além do palco, do telão e de um pequeno camarim, encontrar-se-á uma ante-sala onde um balcão de atendimento orientará os participantes, e, uma divisória, que também servirá de quadro de aviso, revestida por uma tela de cipó-titica produzida pela tribo Dessana da região Alto Solimões. Também nessa ante-sala será disposta uma montra (Figura 90), para divulgação do material promocional da biblioteca. Tanto no Salão das Amazonas, quanto no da Uiara, o piso segue a mesma padronagem descrita anteriormente na área destinada para exposições, ou seja, em madeira clara e escura que cria uma associação com o encontro das águas dos rios Negro e Solimões, que não se misturam, causando um incrível fenômeno que pode ser observado na da Figura 87. Descendo a imponente escada rendilhada, nosso olhar se deparará com uma proposta ousada para o melhor aproveitamento do átrio que recebe os usuários. Ao acessá-lo pela porta principal, o freqüentador encontrará, no primeiro nível, um sofá para seu descanso e, um pouco acima, o balcão de informações que, ao invadir os degraus da escadaria de acesso, irá pôr-se como um zeloso anfitrião que, na chegada de seus convidados, cumprimenta-os, recebe-os carinhosamente e agradece por sua presença. O balcão de informação deverá apresentar-se como um elemento de destaque no ambiente. Em madeira clara, ele será revestido externamente com a mesma tela de cipó-titica que se encontra no Auditório, chamando a atenção, pela presença do artefato indígena, para a representação que os povos da floresta têm na cultura amazonense. Ao ocupar essa posição, ele oferecerá informações quanto ao uso da biblioteca, será um suporte da sinalização a ser nele afixada e o local para a oferta do serviço de Informação Comunitária. Embaixo da grande escada em forma de âncora (Figura 66, Capítulo 3), como se estivesse sob sua proteção, um espaço para a convivência será criado. O Espaço de Convivência oportunizará o contado dos usuários com a Internet através da disponibilização de 12 terminais de computadores para uso da coletividade; três televisores onde se poderá assistir a uma programação previamente estabelecida além da oferta de jornais locais para leitura rápida que ficarão dispostos ao fundo, como na biblioteca da ECA/USP (Figura 31, Capitulo 2). Deverão ser instalados ainda nesse espaço dois orelhões, uma máquina de refrigerantes e outra de café, ambas no estilo self-service. Esse espaço destinado à convivência, à leitura informal e ao contato virtual com o mundo exterior, posto logo após o principal balcão de atendimento, visa a dar boas vindas àqueles que chegam e a se colocar como um prenúncio da festa do conhecimento que ocorre diariamente na BPEAM. As bancadas, onde serão alocados os computadores, deverão ser confeccionadas de modo a lembrar o banzeiro do rio, embora a navegação ocorra no espaço virtual tomando formas onduladas. Os móveis para esse ambiente, como o dos televisores, baseados nos da Biblioteca Pública da Aichi Prefectural, no Japão (Figura 91), serão em madeira clara e escura mantendo a identificação com o fenômeno do encontro das águas do dois rios. Figura 91 – Local de leitura informal da Biblioteca Pública de Aichi Prefectural, Japão Ainda no átrio, serão dispostas duas montras, no lado direito e esquerdo, que oferecerão material de mechandise da BPEAM como canecas, camisas, agendas, blocos, pastas, cadernos cuja apuração, com suas vendas, será revertida para suprir as próprias necessidades da biblioteca. Em madeira clara, as montras, se basearão no modelo da Figura 90 e poderão também abrigar uma exposição que a biblioteca deseje fazer. Serão mantidas as cores das paredes e do teto do átrio, já descritas no Capítulo 3, contudo o piso será substituído pelo existente no andar superior, visando manter a harmonia do conjunto arquitetônico. Já para os balcões dos dois janelões existentes, serão projetados bancos para que o usuário sinta-se completamente à vontade para o uso do ambiente e da biblioteca. Será instalada, no lado direito da escada de seis degraus que dá acesso do nível da rua ao átrio, uma rampa-elevador para permitir o acesso do deficiente físico, assim como todo o restante da biblioteca será adaptado para esse fim. No ambiente, do átrio serão também colocados, em grande vasos, exemplares da fauna amazônica que serão identificados de modo a chamar a atenção para a questão da preservação, mostrando que a biblioteca também possui competência para discutir a problemática bastante pertinente à comunidade. Tais vasos serão distribuídos em toda a biblioteca. Assim construído, o átrio se transformará em um local de convite, não mais de espera, de modo a chamar a atenção do transeunte que, passando pela rua Barroso, dirija o seu olhar para o interior do prédio e sinta-se tentado a aceitar a sedução e entrar. No interior, após explorar o átrio, deixamo-nos nos envolver pela atmosfera alegre que ele despertou e iremos transpor a porta da ala esquerda seduzidos pela vontade de conhecer o que se oferece por trás da porta cor de rosa, entreaberta sempre para despertar a curiosidade. O salão esquerdo, a ser denominado de Curupira96 em alusão ao mito do mais famoso e endiabrado duende da floresta, alojará o acervo de obras literárias disponíveis para empréstimo domiciliar e o setor de atendimento ao deficiente visual e auditivo. Ao fundo, uma divisória em vidro fumê temperado, igual à da seção de Obras Raras no pavimento superior, delimitará o espaço reservado para atendimento do usuário deficiente visual e auditivo. Esse cliente especial, ao transpor a porta, deparar-se-á com um balcão de atendimento no formato oval, onde encontrará folhetos produzidos especialmente para minimizar o impacto de sua deficiência. Nesse balcão, ao fundo, serão instaladas duas plataformas onde se alocarão três computadores especiais, com teclado adaptado para os deficientes visuais e um equipamento de impressão em Braille. Do lado direito, estantes como as da Figura 92, da Mito West City Library, no Japão, permitirão o apoio da obra para leitura. Tais móveis, em madeira clara, deverão colocar-se como facilitadores da consulta, de modo a oportunizar ao leitor em Braille, por exemplo, o manejo do material a ser consultado que será apoiado na parte superior, como ocorre no setor de periódicos da biblioteca Sergio Millet do Centro Cultural São Paulo, no Brasil (Figura 36, Capitulo2). Figura 92 - Estantes da Mito West City Library, no Japão 96 Cf. SANTIAGO, Socorro. Uma poética das águas. p 27, o Curupira, como conta o caboclo, é um dos defensores da floresta e se apresenta, em geral, sob a figura de um menino de cabelos vermelhos, muito peludo por todo o corpo, com os pés virados para trás e desprovido dos órgãos genitais. No outro extremo da sala, um amplo e confortável sofá será instalado tanto para proporcionar uma agradável leitura quanto para o desenvolvimento do Projeto Ler: pessoas ajudando pessoas a ler. À sua frente, um jogo de cinco poltronas, semelhantes às da Figura 93, serão colocadas para a audição de livros que poderão ser feitos através do equipamento instalado no chão e controlado no balcão de atendimento. Figura 93 - Poltronas da biblioteca Media Park Ichikawa, no Japão Ao fundo da sala, três cabinas para áudio e vídeo serão dispostas para que o usuário possa assistir a um filme legendado ou acompanhar programas especialmente desenvolvidos para portadores das deficiências a serem atendidas, como a alfabetização de surdos-mudos. A projeção do espaço, ao final do salão, busca fazer com que esses usuários especiais convivam com o clima da biblioteca, ao atravessarem o Curupira, de forma que essa obrigatoriedade do percurso favorecerá uma convivência com os demais usuários. O empréstimo domiciliar, o acervo de literatura e a coleção Amazoniana, essa última enriquecida pelo registro da produção amazonense, ocuparão o restante do Salão Curupira que, com o objetivo de promoverem um lugar agradável e confortável para a leitura oferecerão estantes colocadas do lado esquerdo intercaladas por sofá-estante – de um lado, o lugar para sentar e, do outro, para armazenar as obras –, na expectativa de criar uma certa cumplicidade com o usuário emprestador colocando, para ele, um espaço onde possa examinar a obra, folheá-la, ver outros títulos dos diversos autores, mostrando claramente que ela, a biblioteca, gostaria que ele permanecesse em seu ambiente e se sentisse à vontade para selecionar a obra que desejar. As estantes obedecerão a uma codificação que facilitará o acesso aos artefatos culturais, bem como sua ordenação nas prateleiras, seguindo o modelo propagado pela Biblio Visuael (Figura 94) em seu Library Classification Method. As cores, indicativas do assunto, estarão presentes nas estantes, na lombada dos livros e nas fichas do catálogo impresso, como um modo de facilitar a localização das obras e contribuir para que o usuário tenha maior mobilidade no jogo ordenativo que a biblioteca lhe impõe. Desse modo, ela não só cumprirá competentemente seu papel de dar acesso ao conhecimento, facilitando o encontro do material procurado mas também permitirá que o usuário qualifique sua perfórmance quando do contato com as estantes e sinta-se competente para selecionar o que, de fato, deseja. Figura 94 – Library Classification Method A partir do modelo acima, a core adotada para a literatura será a amarela variando os ícones conforme o estilo literário e para a Amazoniana, adotar-se-á o preto que indica outras classes, facilitando a localização do assunto. Um móvel igual ao que é oferecido pela Machida Central Library, no Japão (Figura 95) será colocado junto às estantes da Amazoniana para destacar as obras recém-adquiridas, de modo a chamar a atenção do usuário emprestador para obras que possam despertar seu interesse. Figura 95 - Modelo da estante para obras recém adquiridas À frente da escada que dá acesso ao subsolo, o balcão de atendimento seguindo a padronagem dos demais, receberá o usuário que, logo ao entrar, se deparará com o catálogo convencional onde as fichas catalográficas também utilizarão o código de cores das estantes. Aproveitando uma das 12 pilastras, uma ilha será especialmente montada para alojar quatro computadores que darão acesso à base de dados da biblioteca. Com isso, a distribuição espacial favorecerá o uso do catálogo que é especialmente construído para descrever as obras, facilitando a consulta ao acervo. Distribuídas pelo Salão Curupira, as mesas para leitura local serão iguais às da Figura 89, descritas anteriormente e as cabinas de estudo individual seguirão o modelo da Figura 96, da Ishigaki City Library, no Japão, porém adotando o mesmo padrão das individuais. Os detalhes das mesas desse salão serão na cor vermelha, lembrando a cor do cabelo do Curupira. Figura 96 - Modelo, a ser adaptado, das cabinas de estudo individual Assim posto, o salão descrito pretende impor um ritmo alegre ao ambiente e se colocar como um espaço confortável, descontraído que favoreça a seleção das obras e atinja amplamente as demanda comunitárias por leitura, sejam elas oriundas de deficientes ou não. Descendo pela escada de concreto com o corrimão de ferro e os degraus em madeira escura, vamos penetrar no Salão Matinta-Pereira, uma pequena coruja que goza, entre os nativos da Amazônia, da faculdade de transformar-se em gente e brincar com as crianças. Nesse ambiente, estão dispostos o atendimento infantil e juvenil. Ao finalizar a descida, vamo-nos deparar com um corredor onde, à esquerda, está a porta que conduz para a ala juvenil; ao fundo, a infantil e, à direita; a porta dos banheiros masculino e feminino, todas essas são partes integrantes da zona de prestação de serviço. A ala juvenil disporá de duas salas. Uma menor, à direita, que servirá de salão informal para leitura e outra maior onde se alocarão a zona de estoque, o ambiente formal para leitura, o balcão de atendimento, entre outros. O salão informal de leitura será composto de um espaço livre, com um grande sofá colorido contornando toda a parede esquerda, com a função de alojar, agradavelmente, o adolescente que irá efetivar suas leituras; uma estante clara será colocada do outro lado da sala com gibis e revistas. Almofadas estarão disponíveis para que a leitura possa ser feita no chão, bastante higienizado para tal, em madeira como já descrito. O teto, com as vigas aparentes, comporá, com os demais elementos, a informalidade do ambiente para que o público possa se sentir à vontade. Assim, se identificando com o ambiente que esse leitor aprecia a biblioteca se mostrará como capaz de compreender a descontração dos ambientes que esse tipo de público valoriza e, como cúmplice, oferecerá a ele um lugar adequado as suas expectativas, esperando, desse modo, cativar a sua presença. A outra sala para a atividade juvenil alojará, ao fundo, um jogo de seis estantes na cor amarela – literatura de acordo com o sistema visual adotado –, que comportará o acervo de literatura juvenil e a gibiteca. Ao centro da sala, o balcão de atendimento em formato circular manterá a semelhança com os demais e, ao seu lado, como na sala de deficientes visuais e auditivos; no alongamento dele serão dispostos dois computadores para consulta on line. O catálogo impresso será posto junto à porta para chamar a atenção do usuário quanto à sua função de intermediar o uso dos artefatos culturais e, do lado esquerdo, no formato semelhante ao do Espaço de Convivência, uma bancada com quatro computadores estará colocada para o proporcionar o acesso às informações dispostas em meios eletrônicos. Ainda, no pequeno salão de leitura, mesas da mesma padronagem das demais alas e com detalhes na cor laranja, serão disponibilizadas de modo a criar um ambiente mais formal que o da outra sala. O teto manterá a mesma apresentação da sala informal de leitura com o objetivo de manter o padrão estabelecido para o atendimento juvenil, que a biblioteca espera cativar, oferecendo para os estudantes que a ela se dirigem para realização de seus trabalhos escolares, outras opções para que ele queira ser, de fato, um usuário. O espaço destinado ao público infantil terá um salão para a brinquedoteca, outro para a leitura e o estoque. O primeiro ambiente, o dos brinquedos, será construído, mantendo grande semelhança com a da Kanda-cho Public Library, no Japão (Figura 97), com estantes claras lembrando as casas de bonecas e a parede decorada com um papel colorido repleto de figuras da literatura infantil. Ao centro uma pequena mesa e ao lado dela, muitas almofadas criarão a informalidade do lugar. Figura 97 - Modelo para a brinquedoteca da seção infantil Logo à entrada, antecedendo até mesmo o balcão de atendimento, pequenas mesas com árvores artificiais ao centro constituirão o lugar formal de leitura. Tais mesas, semelhantes às da seção infantil da Imari Public Library, Japão (Figura 98), estarão postas de modo a brincar com o imaginário infantil e a copa das árvores se espalhará por toda a ala cobrindo os vergalhões do teto e compondo com o papel de parede um alegre ambiente semelhante à floresta que o cerca e que deve ser preservada para seu próprio bem. Ao fundo, após as mesas, o balcão igual aos demais será colocado para facilitar o atendimento da demanda infantil. Figura 98 - Modelo das mesas para o atendimento Infantil Do lado direito da sala, o espaço destinado ao acervo literário será composto por um jogo de seis estantes baixas, semelhantes às da Figura 92 do salão dos deficientes, na cor amarela que indica a literatura, de modo a permitir que as crianças selecionem as obras que desejam ler. Com essa constituição, o ambiente infanto-juvenil buscará criar um espaço mágico onde o contato com os artefatos culturais se transforme em brincadeira, em um momento agradável e prazeroso incentivando a aquisição do gosto pela leitura. Saindo da ala esquerda para a direita, nosso percurso nos faz entrar no Salão Mapinguari que, segundo Thiago de Mello97 “é o duende mais poderoso e considera-se o dono da mata. Detesta madereiros e caçadores, em cujos caminhos arma ciladas quase sempre fatais”. Esse salão do acervo geral que exclui somente a coleção de literatura e a Amazoniana, alocadas nos espaços já descritos, alojará, ao fundo, as estantes nas cores azul, vermelho, verde, laranja, azul claro, róseo, mostarda e roxo, indicativa da classificação visual adotada (Figura 94). Entre elas, o mesmo sofá-estante está posto com a função de criar um agradável e confortável ambiente para a leitura casual, enquanto que as mesas e cabinas individuais, que estarão disponíveis no salão para o estudo dos itens pesquisados, adotarão a cor azul para se destacar dos demais salões. 97 MELLO, Thiago. Mormaço na floresta. p. 90. Um quiosque com terminais de computadores e um conjunto de fichários com fichas catalográficas, indicando as cores das estantes em que estão as obras, assumem a posição de intermediadores do acesso aos artefatos culturais e estão colocadas entre o balcão de atendimento e as estantes. O arranjo do fichário segue o modelo existente na biblioteca Sérgio Millet do Centro Cultural São Paulo (Figura 34, Capítulo 2). O balcão a ser colocado logo após a entrada, como que a recepcionar o usuário, seguirá o modelo dos demais e será ladeado por duas pequenas estantes para divulgação do acervo recém adquirido (Figura 95). Tal organização espacial buscará manipular o usuário para que ele, ao contactar pessoalmente com as obras, possa encontrar o assunto que deseja folheando os livros e selecionar aquilo que, de fato, é de seu interesse. Esse encontro, promovido pelo livre acesso as estantes, tem a intenção de favorecer, ao usuário copista, a realização de suas pesquisas a partir de sua própria seleção do material a ser consultado. Desse ponto, nosso passeio pela nova BPEAM nos conduzirá para a escada, semelhante à que dá acesso ao Salão Matinta-Pereira, ao lado esquerdo. Já prontos para descer, será possível observar as alterações produzidas no piso do Salão Mapinguarí que terá o atual, substituído pelo que existe em toda a biblioteca (madeira clara e escura) visando promover o conforto, já que não propaga o barulho, como o existente, e manter o mesmo padrão em toda a biblioteca. A descida nos introduzirá no Salão Boto, peixe de água doce dotado de poderes mágicos, sem escamas, mamífero que, nas místicas noites de lua cheia assume a forma de humano e, todo vestido de branco com um chapéu na cabeça para esconder seu respiradouro, seduz as mulheres nativas, especialmente as virgens. Esse salão, antes utilizado para o armazenamento do acervo de jornais, será completamente revitalizado de modo a torná-lo um espaço de convivência, retirando dele o peso de ser um empoeirado lugar destinado ao depósito de móveis velhos (Figura 76 e 77, Capítulo 3) e guarda de um acervo subtilizado. A coleção de periódicos que hoje está alocada nesse salão, será removida para o Arquivo Público do Estado do Amazonas após sua total digitalização. É função da biblioteca pública, como visto anteriormente, promover a educação, o lazer, a informação e a cultura contudo ela não reúne condições para conservar, adequadamente, um acervo com características históricas tão específicas que poderá ser reproduzido para facilitar a consulta e minimizar os desgastes dos originais com o manuseio. Ademais, a BPEAM não só dinamizará o acesso a essa coleção mas também disponibilizará seus porões para atender a diversas demandas que hoje não poderia fazê-lo por falta de espaço em sua estrutura física. O Salão Boto será ocupado pela zona de prestação de serviços e de serviços internos. Seu ambiente, iluminado e decorado com a vegetação amazônica, como toda a biblioteca, está dividido em oito espaços destinados a sala de multimeios, de reprografia, de cursos e banheiros, todos projetados para o usuário e as salas de coordenação dos órgãos de Leitura e Informação Móvel, Informação Comunitária, Eventos e Conservação/Encadernação integrantes das atividades internas que serão realizadas pela BPEAM. As salas de serviço interno terão armários fixos e mobiliário semelhante ao encontrado no Salão das Amazonas sendo que a de Informação Comunitária e a de Eventos possuirão um balcão de informação para atendimento direto do público, caso deseje alguma orientação que não lhe tenha sido claramente prestada no balcão do átrio ou que necessite de auxílio para alguma questão específica e pertinente a um evento, por exemplo. A reprografia, primeiro espaço a ser encontrado após a descida da escada, será colocada nesse andar para não incentivar o uso exagerado desse recurso por parte do público. Ela possuirá um balcão para que as fotocópias sejam solicitadas e, à frente dele, serão colocadas cadeiras para provocar no usuário a sensação de que ele poderá perder mais tempo do que imaginava ao esperar pelo material que busca reproduzir. Ao dirigir-se para as demais salas, o usuário se deparará com um corredor que, ao final, possuirá três computadores para acesso à base de dados e à Internet. Especialmente, a segunda sala, à esquerda, será de ampla valia para os que desejem fazer um dos cursos a serem oferecidos pela biblioteca. Trata-se de um ambiente simples e funcional de sala de aula com carteiras, quadro branco para uso de hidrocor e uma mesa para o instrutor, que se colocará como mais um serviço que busca atender aos anseios da população no que tange a uma demanda a ser levantada pela biblioteca. Já a segunda porta do lado direito dará acesso ao serviço de multimeios que disporá, ao fundo, de um sistema de estantes deslizantes (Figura 99) para armazenar o acervo de slides, fotos, CDROM’s, microformas, fitas K-7, de vídeo, disquetes e outros materiais especiais. Tal sistema de estantes tanto permite o melhor aproveitamento do espaço, quanto é capaz de manter as condições ideais para a conservação desses materiais. Do mesmo modo que nos ambientes já descritos, o usuário poderá optar por consultas ou a base impressa ou a base on line ou dirigir-se ao balcão de atendimento com as mesmas características dos existentes nos outros salões. Estarão disponíveis também cabinas para consulta desses tipos de materiais com mesa de luz, aparelho de som, televisão com vídeo, computador com CD-ROM ou ainda leitora de microformas. Tais cabinas serão semelhantes às demais mesas para leitura, sofrendo as adaptações necessárias para atender aos requisitos dos equipamentos e terão o negro nos detalhes. A criação dessa seção visa facilitar o acesso aos variados suportes de informação existentes de modo a ampliar o contato do usuário com as diversas fontes de informação. Figura 99 - Modelo de estantes deslizantes Todos os ambientes do Salão Boto serão em cor azul, com o piso em madeira (clara e escura) e o teto em gesso branco para esconder as vigas existentes e produzir o mesmo efeito do teto do átrio, descrito no Capítulo 3. ***** Os esforços que deverão ser conduzidos para enquadrar a atual BPEAM na situação acima descrita serão recompensados em função de ela passar a assumir-se enquanto núcleo de irradiação da informação e pesquisa, como centro de aperfeiçoamento intelectual, enfim, como meio, por excelência, de acesso ao conhecimento. Contudo, embora os espaços tenham sido dinamicamente redimensionados, a revitalização não estará completa se ela não for capaz de promover, amplamente, os modos de circulação no interior do edifício. Desse modo, o último tópico desse capítulo abordará a criação do sistema de comunicação visual que deverá colocar em jogo a mobilidade dos novos trajetos no espaço resignificado. Nas asas da borboleta Para criar um sistema de comunicação visual que possa acompanhar as mudanças propostas para a BPEAM, sentimo-nos estimulados, inicialmente, a fazê-lo a partir de uma concepção macro, articulada com as vivências e experiências do homem da Amazônia, de modo a propor uma sincronia entre sua realidade e a da biblioteca pública. Assim, inicialmente nos propusemos a criar algo que marcasse, mais pertinentemente, a imagem da biblioteca na comunidade e produzisse uma certa identidade com a realidade amazônica. Surgiu então a seguinte proposta para o logotipo da BPEAM (Figura 100). Figura 100 - Proposta de logotipo para a BPEAM A borboleta Morpha é, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA –, uma das espécies de insetos lepidópiteros mais representativa da fauna Amazônica. Suas asas possuem dois olhos a vigiar a floresta e as cores preto, vermelho, marrom e amarelo ajudam a produzir uma alegria carnavalesca quando do bater das asas, como se fosse um sinal da festa da vida que ocorre diariamente no interior do mundo amazônico. Ademais, a borboleta representa, com muita peculiaridade, as transformações que a BPEAM pretende auxiliar a operar em seus usuários. A metamorfose pela qual ela passa quando deixa de ser uma lagarta para ser uma borboleta, alterando radicalmente suas formas físicas, seu modo de se locomover que deixa de ocorrer unicamente no solo para alcançar o céu, voar e viajar pela planície amazônica, representa tudo que, de uma certa maneira, a biblioteca deseja oportunizar para o seu usuário. De fato, quando busca agir como um agente de acesso ao conhecimento, a biblioteca pública espera contribuir para a mudança dos estados de desconhecimento de seus usuários, na expectativa de que eles, com isso, possam voar para o amplo conhecimento. O logotipo traz ainda as cores da vegetação amazônica no nome da BPAEM. A seguir, com base no que foi visto anteriormente no Capítulo 2, no item Nomeando os destinos, uma proposta de sinalização será apresentada com objetivo de facilitar os trajetos no interior do conjunto arquitetônico. a) Sinalização de identificação, que nomeia as salas e/ou espaços internos. Assim a teremos distribuídas do seguinte modo nos andares da biblioteca. Quadro 2 - Sinalização de Identificação PAVIMENTO CONTEÚDO LOCALIZAÇÃO TIPO Salão das Amazonas Porta de entrada do Salão Fixa Serviço de Obras Raras Porta de entrada da Sala Fixa Diretoria Sobre a mesa da Diretora Suspensa Divisão de Organização Ao lado da divisória de vidro Projetada Técnica 2º. Andar Planta da Espécie XXX No vaso Fixa Ala Direita Livros Estante de Obras Raras Projetada Periódicos Estante de Obras raras Projetada Mapoteca Sobre a mapoteca Suspensa Balcão de Atendimento Sobre o Balcão da Sala de Obras Suspensa Raras 2º. Andar Salão Uiara Porta de entrada do Salão Fixa Ala Esquerda Auditório Sobre a entrada Suspensa Obras recém adquiridas Sobre a estante Fixa Conhecimentos Gerais Na estante Projetada Filosofia Na estante Projetada Religião Na estante Projetada Sociologia Na estante Projetada Linguagem Na estante Projetada Ciências Puras Na estante Projetada 1º. Andar Ciências Aplicadas Na estante Projetada Ala Direita Artes Na estante Projetada Geografia e História Na estante Projetada 000 a 099 Na estante Fixa 100 a 199 Na estante Fixa 200 a 299 Na estante Fixa 300 a 399 Na estante Fixa 400 a 499 Na estante Fixa 500 a 599 Na estante Fixa 600 a 699 Na estante Fixa CONTEÚDO LOCALIZAÇÃO TIPO 700 a 799 Na estante Fixa 900 a 999 Na estante Fixa Balcão de Atendimento Sobre o balcão Suspensa Planta da Espécie XXX No vaso Fixa Obras recém adquiridas Sobre a estante Fixa Literatura Na estante Projetada Amazoniana Na estante Projetada PAVIMENTO 800 a 899 Na estante Fixa 900 a 999 Na estante Fixa 1º. Andar Atendimento ao Deficiente Na porta de entrada Fixa Ala Esquerda Visual e Auditivo Livros em Braille Na estante Projetada Audio-Livros Na estante Projetada Revistas em Braille Na estante Projetada Balcão de Atendimento Sobre o balcão Suspensa Planta da Espécie XXX No vaso Fixa Salão Curupira Porta de entrada do Salão Fixa Salão Mapinguarí Porta de entrada do Salão Fixa 1º. Andar Planta da Espécie XXX No vaso Fixa Átrio Balcão de Informações Sobre o balcão Suspensa Café Cibernético Na parede do fundo do átrio Fixa Salão Boto Ao final da escada Fixa Sala de Reprografia Na porta da sala Fixa Banheiro Masculina Na porta do banheiro Fixa Banheiro Feminino Na poeta do banheiro Fixa Subsolo Sala de Encadernação Na porta da sala Fixa Ala Direita Serviço de Multimeios Na porta da sala Fixa Setor de Informação Na porta do setor Fixa Na porta do setor Fixa Na porta da sala Fixa Comunitária Setor de Leitura e Informação Móvel Sala de cursos Serviço de Eventos Na porta da sala Fixa Salão Matinta-Pereira Ao final da escada Fixa Setor de Atendimento Juvenil Na porta de entrada Fixa Salão de Leitura Juvenil Na entrada Suspensa Setor de Atendimento Infantil Na entrada Suspensa Banheiro Masculino Na porta de entrada Fixa Banheiro Feminino Na porta de entrada Fixa Literatura Juvenil Na estante Projetada 800 a 899 Na estante do setor juvenil Fixa Subsolo Literatura Infantil Na estante Projetada Ala esquerda 800 a 899 Na estante do setor infantil Fixa Gibiteca Na estante do setor juvenil Fixa Gibiteca Na estante do salão de leitura juvenil Fixa Brinquedoteca Na estrada Suspensa Balcão de atendimento No setor juvenil Suspensa Balcão de atendimento No setor infantil Suspensa A Figura 101, apresentada a seguir, exemplifica alguns dos modelos de sinalização apontados no Quadro 2. SALÃO BOTO SALÃO CURUPIRA Literatura Empréstimo Domiciliar Setor de Atendimento ao Deficiente Visual e Auditivo BALCÃO DE ATENDIMENTO Setor de Atendimento Juvenil Setor de Atendimento Infantil LITERATURA INFANTIL Figura 101 - Modelos para sinalização de Identificação b) Sinalização de direção, usada para indicar o acesso aos ambientes procurados que apresenta, através das setas, o caminho a seguir. Quadro 3 - Sinalização de Direção PAVIMENTO CONTEÚDO LOCALIZAÇÃO TIPO Salão das Amazonas Ao final da escada Temporário Ao final da escada Temporário Após a entrada Temporário Balcão de Informações Fixa Balcão de Informações Fixa Diretoria 2º. Andar Obras Raras Hall Salão Uiara Auditório Diretoria 2º. Andar Secretaria Ala Direita Obras Raras Ala Direita Obras Raras Diretoria 1º Andar Acervo Geral Átrio Setor de Informação Comunitária Setor de Informação Móvel Multimeios Reprografia Ala Esquerda Auditório Literatura 1º Andar Setor de Atendimento ao Deficiente Átrio Auditivo e Visual Setor de Atendimento Juvenil Setor de Atendimento Infantil PAVIMENTO CONTEÚDO LOCALIZAÇÃO TIPO 1º Andar Salão Boto Sobre a escada de acesso Suspensa Ala Direita 1º Andar ao Salão Salão Matinta-Pereira Ala Esquerda Sobre a escada de acesso Suspensa ao Salão Abaixo, na Figura 102, estão postos alguns modelos da sinalização de direção proposta para a BPEAM. ALA ESQUERDA 2º. Andar Auditório 1º. Andar Literatura Setor de Atendimento ao Deficiente Visual e Auditivo Empréstimo Domiciliar Setor de Atendimento Infantil Setor de Atendimento Juvenil Banheiros → → Subsolo → ALA DIREITA 2º. Andar ← 1º. Andar ← Subsolo ← Obras Raras Diretoria Acervo Geral Setor de Informação Comunitária Setor de Leitura e Informação Móvel Serviço de Eventos Multimeios Reprografia Figura 102 - Modelos da Sinalização de Direção c) Sinalização de orientação, que promoverá informações sobre a distribuição interna dos salões e do átrio. Quadro 4 - Sinalização de Orientação PAVIMENTO CONTEÚDO LOCALIZAÇÃO TIPO 2º. Andar Distribuição espacial do Salão das Porta de entrada do Salão Fixo Ala Direita Amazonas 2º. Andar Distribuição Espacial do Salão Porta de entrada do Salão Fixo Ala Esquerda Uiara 1º. Andar Distribuição Espacial do Salão Porta de entrada do Salão Fixo Ala Direita Curupira 1º. Andar Distribuição Espacial do Salão Porta de entrada do Salão Fixo Ala Esquerda Mapinguari 1º. Andar Distribuição Espacial da Ala Na parede do lado direito do Átrio Fixo Átrio Direita da BPEAM 1º. Andar Distribuição Espacial da Ala Na parede do lado esquerdo do Fixo Átrio Esquerda da BPEAM Átrio Subsolo Distribuição Espacial do Salão Porta de entrada do Salão Fixo Ala Direita Matinta-Pereira Subsolo Distribuição Espacial do Salão Porta de entrada do Salão Fixo Ala Esquerda Boto A Figura 103, abaixo, nos permite visualizar alguns dos modelos de sinalização de orientação proposto para a biblioteca pública. SALÃO CURUPIRA SALÃO UIARA Figura 103 - Modelo da Sinalização de Orientação d) Sinalização do cotidiano, que divulgará as informações referentes aos eventos, alterações no horário de funcionamento, novos serviços implantados, enfim do fazer diário da BPEAM. Quadro 5 - Sinalização do Cotidiano PAVIMENTO CONTEÚDO LOCALIZAÇÃO TIPO 2º. Andar Variado em função de cada evento Na entrada do Hall Temporária 1º Andar Variado em função de cada Na entrada principal da Temporária Átrio comunicado que se deseje fazer BPEAM Hall Um modelo da sinalização cotidiana pode ser observado na Figura 104. FEIRA DE GIBIS DOMINGO A PARTIR DAS 10:00 HORAS DOMINGO A BIBLIOTECA ABRIRÁ DAS 12:00 ÀS 18:00 Figura 104 - Sinalização do Cotidiano e) Sinalização de instrução, destinada a promover o uso dos espaços e dos recursos existentes e instruir para sua melhor exploração e utilização. Quadro 6 - Sinalização de Instrução PAVIMENTO CONTEÚDO LOCALIZAÇÃO TIPO Instruções para uso do Catálogo Sobre o catálogo impresso da sala de Suspensa 2º. Andar Impresso Obras Raras Ala Direita Instruções para uso do Catálogo Sobre o computador para acesso à base On line de dados da sala de Obras Raras 2º. Andar Instruções para uso do Catálogo Sobre o computador para acesso à base Ala Esquerda On line de dados Instruções para uso do Catálogo Na bancada dos computadores do Café 1º Andar On line Cibernético Átrio Instruções para uso dos Nas bancadas dos computadores de computadores Café Cibernético Instruções para uso do Catálogo Sobre o catálogo impresso do Salão 1º Andar Impresso Mapinguari Ala Direita Instruções para uso do Catálogo Sobre o computador para acesso à base On line de dados do Salão Mapinguari CONTEÚDO LOCALIZAÇÃO PAVIMENTO Suspensa Fixa Fixo Fixo Suspensa Suspensa TIPO Instruções para uso do Catálogo Sobre o catálogo impresso do Salão 1º Andar Impresso Curupira Ala Esquerda Instruções para uso do Catálogo Sobre o computador para acesso à base On line de dados do Salão Curupira Instruções para uso do Catálogo Sobre o catálogo impresso da sala de Subsolo Impresso Multimeios Ala Direta Instruções para uso do Catálogo Sobre o computador para acesso à base On line de dados da sala de Multimeios Instruções para uso do Catálogo Sobre o catálogo impresso do Setor de Subsolo Impresso Atendimento Juvenil Ala Esquerda Instruções para uso do Catálogo Sobre o computador para acesso à base On line de dados do Setor de Atendimento Suspensa Suspensa Suspensa Suspensa Suspensa Suspensa Juvenil A figura 105 permite a exemplificação da sinalização de instrução. PARA UTILIZAÇÃO DO CATÁLOGO IMPRESSO OBSERVE AS ANOTAÇÕES QUE CONSTAM NA FICHA CATALOGRÁFICA Figura 105 - Modelo da Sinalização de Instrução f) Sinalização de regulamentação para uso do espaço, dos serviços e dos equipamento assim como da própria biblioteca de modo a estabelecer os direitos e deveres dos usuários. Quadro 7 - Sinalização de Regulamentação PAVIMENTO CONTEÚDO LOCALIZAÇÃO TIPO Favor não fazer uso de telefones Sala de Obras Raras Fixa Não é permitido fumar Na entrada do Salão das Amazonas Fixa Favor não se alimentar nesse ambiente Sala de Obras Raras Fixa Favor não fazer uso de telefones Divisória do Salão Uiara Fixa celulares 2º. Andar Ala Direita 2º. Andar celulares Ala Esquerda Favor não se alimentar nesse ambiente Divisória do Salão Uiara Fixa PAVIMENTO CONTEÚDO LOCALIZAÇÃO TIPO Observar o horário disponível para o Sobre os computadores Fixa 1º. Andar uso do computador Átrio É permitido fumar No Café Cibernético Fixa Favor não deixar restos de comida Nas bancadas dos computadores Fixa No interior do Salão Mapingari Fixa Favor não se alimentar nesse ambiente No interior do Salão Mapinguari Fixa Não é permitido fumar Na entrada do Salão Mapinguari Fixa Favor não fazer uso de telefones No interior do Salão Curupira Fixa Favor não se alimentar nesse ambiente No interior do Salão Curupira Fixa Não é permitido fumar Na entrada do SalãoCurupira Fixa Favor não fazer uso de telefones Na sala de Multimeios Fixa próximo das máquinas Favor não fazer uso de telefones celulares 1º Andar Ala Direita celulares 1º Andar Ala Esquerda celulares Subsolo Favor não se alimentar nesse ambiente Ao final da escada do Salão Boto Fixa Não é permitido fumar Ao final da escada do Salão Boto Fixa Favor não fazer uso de telefones Na sala da leitura informal do Fixa celulares Atendimento Juvenil Favor não se alimentar nesse ambiente Ao final da escada do Salão Matinta- Ala Direita Subsolo Ala Esquerda Fixa Pereira Não é permitido fumar Ao final da escada do Salão Matinta- Fixa Pereira A Figura 106, exemplifica os modelos da sinalização de regulamentação. Figura 106 - Modelos da Sinalização de Regulamentação O projeto de comunicação visual proposto buscará, fundamentalmente, melhorar as condições de uso da BPEAM pela facilidade com que o usuário, orientado, circulará no espaço interno. Bem articulado, ele promoverá a interelação entre o ambiente e o público sendo capaz de produzir um impacto positivo até mesmo naqueles que entram na biblioteca pública pela primeira vez para solicitar uma informação no balcão do Átrio. Contudo deve ser destacado que tais propostas foram elaboradas para o conjunto arquitetônico atual da biblioteca que poderá ser alterado em função de propostas governamentais que alterem o que hoje está analisado. Ao reorganizar a circulação em seu espaço interior, a biblioteca mostra-se competente para seus freqüentadores uma vez que, ao ser uma instituição que promove o acesso à informação, ela, acima de tudo, é capaz de doar as informações sobre si própria para agilizar o trajeto de seus usuários. A comunicação visual, além de ser capaz de colocar em destaque a forma como a biblioteca está ordenada internamente, deverá constituir-se de um elemento de manipulação do uso do espaço evitando que a circulação seja confusa, como em um labirinto. A sinalização deverá causar um efeito de sedução naqueles que utilizam a BPEAM, estimulando-os a querer-fazer uso do ambiente pois sabem que, através dela, poderão conduzir-se com segurança no espaço reordenado. ***** O refuncionar proposto nesse capítulo para a BPEAM tem o propósito fundamental de torná-la de fato pública, inserindo-a na sociedade amazonense como uma instituição posta para seu uso, capaz de atender as suas mais variadas expectativas de informação, lazer, educação e cultura. Ao resignificar-se para a sua comunidade, ela estará assumindo uma nova forma de se fazer ver como uma agência que contribui para o desenvolvimento do saber e do conhecimento. Ao propormos tais mudanças, a fim de ampliarmos sua visibilidade esperamos poder ter contribuído para que a BPEAM venha a desempenhar um significativo papel para a comunidade amazonense que se autodenomina de povo da floresta. O U MN OVO O LH AR UM NOVO OL HAR que torna uma biblioteca visível para a comunidade onde está inserida? Essa inquietação motivadora dessa pesquisa originou-se no questionamento de muitas vozes que discutem o verdadeiro papel e a missão desses órgãos culturais na chamada sociedade do conhecimento. Contudo essa temática tem envolvido muitas pesquisas que abordam o fenômeno a partir das teorias que envolvem a Biblioteconomia. Ao tomar a iniciativa de estudar a biblioteca pública, especialmente a Biblioteca Pública do Estado do Amazonas – BPEAM, nos preocupamos em instalar uma outra forma de examinar o seu fazer a partir dos modos de presença e de visibilidade que ela instala para ver e ser vista por seu público. Com essa preocupação em mente, a de conhecer os valores que permeiam o uso dessa instituições, buscamos encontrar outros suportes teóricos que não os da Biblioteconomia para perceber, no seio das ações desencadeadas no processo de utilização, o que ela é capaz de comunicar, a quem e de que modo, ou seja, investigar a partir dos trajetos do usuário a forma como ele acredita que ela possa servi-lo. Os caminhos nos levaram ao encontro com a semiótica da escola francesa por ela eleger, entre os seus objetos de estudo, as práticas sociais tratadas enquanto processos significantes que, analisados como linguagens geradoras de efeitos de sentido, amplia os modos de olhar o corpus selecionado. Permitiu esse posicionamento teórico e metodológico dinamizar o entendimento do complexo jogo de significados existentes na relação entre a biblioteca e seu usuário, considerando que os objetivos das organizações sociais são determinados para a sociedade na qual opera o seu fazer. Efetuando esse estudo chegamos à determinação dos regimes de visibilidade da BPEAM. Procuramos, inicialmente, examinar nosso objeto de pesquisa no período de 1870 a 1910 que compreende a criação da Sala de Leitura – núcleo inicial da Biblioteca Pública –, até a sua instalação definitiva no prédio construído especialmente para alojá-la. O espaço da biblioteca e as suas possibilidades interacionais apresentou-se como um elemento constitutivo da pesquisa, capaz de permitir a compreensão dos atos de comunicação em que ele protagoniza uma vez que ele é o lugar onde as práticas sociais são vivenciadas. Observá-lo, permitiu mostrar quais as estratégias que a biblioteca se utiliza para se colocar sob o olhar do usuário e, de certo modo, enunciar seu contrato para que o seu destinador julgador confie nos valores enunciados, assuma-os ao utilizar a Biblioteca. Assim, elegemos para análise semiótica a fachada, a ambientação e a sinalização, por acreditarmos que tais elementos são, fisicamente falando, determinantes da visibilidade da biblioteca no contexto ao qual ela se insere e demarcantes do texto espacial onde o usuário efetua sua trajetória. Assim delineado, esse trabalho se caracterizou como um estudo do uso que é feito da biblioteca a partir de seus estatutos de visibilidade, tanto física quanto social. Contribuem esses enormemente para permitir o entendimento dos atos de comunicação que ela desencadeia e podem constituir-se em um rico elemento para redefinir ou alterar suas rotas. Com efeito, os tradicionais estudos de usuários estão preocupados com a forma de uso dos artefatos culturais e não buscam empreender uma analise dos modos, aparentes ou não, de utilização do ambiente-biblioteca para que, de uma forma mais ampliada, ela possa estabelecer novas manifestações de linguagem compreensíveis e mais próxima do heterogêneo público que a freqüenta. Tal entendimento pode agregar novos valores de uso à biblioteca e permitir que ela crie novas estratégias para envolver seu usuário. É justamente no cruzamento dos elementos elencados que acreditamos resida a grande contribuição desse estudo para a Biblioteconomia e para as considerações sobre o fazer da biblioteca. Ao identificar os tipos de usuários e de suas práticas no ambiente da BPEAM, observamos, concretamente, as estratégias de enunciação de seu projeto político, estético e racional no sentido de favorecer a formação dos manauaras. A abordagem desse estudo, amparada pela ampla noção de texto da semiótica francesa, permitiu o entendimento dos diversos discursos que a biblioteca amazonense enuncia sob diferentes modos e que vão estar sempre, sob o olhar do usuário, provocando nele interpretações que o levam a entender a rede de relações significantes em torno das quais ele, o público da biblioteca, vai instituir seu comportamento para utilizá-la. Cabe a ela, portanto, consciente de seu papel social, ser capaz de construir, estrategicamente, seus sistemas de significações para reforçar sua existência enquanto agente que pode contribuir para o amplo desenvolvimento da sociedade manauara e pode viabilizar a geração do conhecimento que fará do homem da Amazônia um indivíduo de um mundo sem fronteiras, que é o da informação. Assim, na busca de orientar novas práticas a partir dos elementos analisados é que se apresentou uma série de sugestões visando à dinamização do fazer da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas. Ao longo dessa pesquisa, muitas barreiras foram sendo vencidas para apreendermos semioticamente os princípios de funcionamento da visibilidade da biblioteca enquanto espaço de interação e mediação cultural; contudo a contribuição da semiótica não se restringiu a colocar-se como uma lente para nos permitir ampliar nosso campo de visão sob o que está posto para ser visto, física e socialmente, ou ainda como uma simples ferramenta que, ao ser bem utilizada, viabiliza o sucesso dos procedimentos de análise do objeto em estudo. Ela diversificou os horizontes perceptivos e permitiu ver muito além da superficialidade dos discursos enunciados quando, ao mostrar a totalidade dos efeitos de sentido, descortinou as diferentes formas de manifestação da biblioteca e de seus usuários. Permitiu-nos a partir da simplicidade das aparências chegar à existência identitária da BPEAM permitindo-nos apreender o sentido mais ampliado das cinco leis criadas pelo bibliotecário indiano Ranganathan no princípio desse século. “Os livros são para uso. A cada leitor o seu livro. A cada livro o seu leitor. Economize o tempo de seu leitor. A biblioteca é um organismo em crescimento”. De fato, o estudo semiótico da biblioteca discutiu não só suas funções, mas também polarizou pontos fundamentais para discussão do cumprimento de seu papel social como a formação de estoques e a transferência da informação colocando em destaque o conflito entre acervo e acessibilidade da coleção e dos serviços; a oferta e o perfil de demandas dos usuários; a preocupação com a questão custo benefício e com a satisfação das necessidades do público; a agilidade com que a disseminação deve dar-se de modo a possibilitar a assimilação ágil da informação; a passividade e a dinâmicidade das práticas na busca pelo usuário potencial e manutenção do usuário real; a rapidez, eficácia e qualidade com que os sistemas de recuperação da informação devem ocupar-se; a associação da técnica à tecnologia para o incremento das atividades; a valorização do planejamento sistemático das atividades de modo a fazer da biblioteca um organismo flexível e ágil. Por essas vias, a semiótica nos permitiu resgatar a discussão da biblioteca na sua complexa rede de umbricamentos comunicacionais que significam e fazem ser e ter uma existência pública. ÍÍNDI NDIC E EE R EFERÊNCIA D AS IILUSTRAÇÕES LUSTRAÇÕES IC CE REFERÊNCIA DAS Um olhar semiotizado A vazante da leitura pública no Amazonas Figura 1 p. 21 Prédio do Palácio Provincial, hoje Quartel da Polícia Militar Retirado de: MESQUITA, Otoni. Manaus: história e arquitetura/1852 – 1910. Manaus: Valer Editora, 1999. p. 76. (ISBN 85-86512-38-9). Figura 2 p. 23 Lado oriental da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição, onde se localizava a sala destinada à Biblioteca Pública Provincial Retirado de: Governo do Estado do Amazonas. Biblioteca Pública do Amazonas. Manaus: Sérgio Cardoso & Cia, s/d. p. 31 (Folheto). Figura 3 p. 24 Folha de rosto do Catálogo da Bibliotheca Pública do Amazonas, impresso em 1887. Retirado de: BRAGA, Genesino. Nascença e vivência da biblioteca do Amazonas. 2. ed. Manaus: Imprensa Oficial, 1986. p. 72. Figura 4 p. 25 Liceu Provincial Retirado de: MESQUITA, Otoni. Manaus: história e arquitetura/1852 – 1910. Manaus: Valer Editora, 1999. p. 94. (ISBN 85-86512-38-9). Tempestades de sentido Figura 5 p. 40 Zonas de distâncias propostas por Edward Hall (1966) Retirado de: PANERO, Julius, ZELNIK, Martin. Las dimensiones humanas en los espacios interiores. México: Ediciones G. Gili, 1996. p. 36. (ISNB 968-387-328-4). Um olhar panorâmico Espaço Demarcado Figura 6 p. 52 Formato quadrangular da Biblioteca de Éfesos, Turquia Retirado de: PÉLISSIER, Alain, POUSSE, Jean-François. De la nature du plan. Technique & Architecture. Paris, n. 384, juillet, 1989, p.384. Figura 7 p. 52 Formato retangular da Biblioteca dos Médicis Retirado de: PÉLISSIER, Alain, POUSSE, Jean-François. De la nature du plan. Technique & Architecture. Paris, n. 384, juillet, 1989, p.385. Figura 8 p. 53 Projeto de Boullée para sala de leitura da Biblioteca Real, França Retirado de: BERTRAND, Anne-Marie, KUPIEC, Anne (orgs.). Ovrages et volumes: architecture et bibliothèques. Paris: Electre – Ed. du Circle de la Librairie, 1997. p. 27. (ISBN 2-7654-0657-X). Figura 9 p. 54 Biblioteca Sainte Geneviève, Paris, nos dias atuais Retirado do site www.panoramix.univ-paris1.fr/bsg/html, em 13/03/2000. Figura 10 p. 58 Biblioteca do Condado de Monroe Bloomington, Indiana - USA Retirado do site www.bloomingtonpl.org, em 15/01/2000. Figura 11 p. 58 Biblioteca de Orléans, França Retirado de: BERTRAND, Anne-Marie, KUPIEC, Anne (orgs.). Ovrages et volumes: architecture et bibliothèques. Paris: Electre – Ed. du Circle de la Librairie, 1997. p. 152. (ISBN 2-7654-0657-X). Figura 12 p. 59 Biblioteca de Jean-Pierre Melville, França Retirado de: MELLOT, Michel (org.). Nouvelles Alexandries: les grands chantiers de bibliothèques dans le monde. Paris: Éditions du Cercle de la Librairie, 1996. p. 17. (ISBN 27654-0619-7). Figura 13 p. 60 Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Brasil Retirado do site www.dpt.bn.br, em 12/10/1999. Figura 14 p. 60 Biblioteca de Shiou Junior College, Hitachi - Japão Retirado de: LIBRARIES: new concepts in architecture & design. Tokyo: Meisei Publications: 1995. p. 117. (ISBN 4-938812-21-5). Figura 15 p. 61 O conjunto arquitetônico da nova Biblioteca Nacional da França, Paris Retirado de: BIBLIOTHÈQUE nationale de France. Connaissance des Arts , Paris, número especial. p 75. Figura 16 p. 62 O conjunto arquitetônico da nova British Lirary, Londres Retirado de: MELLOT, Michel (org.). Nouvelles Alexandries: les grands chantiers de bibliothèques dans le monde. Paris: Éditions du Cercle de la Librairie, 1996. p. 209. (ISBN 27654-0619-7). Figura 17 p. 65 Biblioteca do tipo vertical - Biblioteca Nacional do Chile, Santiago Retirado do site www.bn.ch, em 30/09/2000 Figura 18 p. 66 Biblioteca do tipo paralelo - Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Brasil Retirado do site www.dpt.bn.br, em 12/10/1999. Figura 19 p. 67 Biblioteca do tipo circular - Biblioteca do Congresso, Estados Unidos Retirado de: Library Building - 1986: interiors. Library Journal , New York, v. 111, n. 20. December, 1996. Capa (ISSN 0363-0277). Figura 20 Modelo Escriba para distribuição do espaço interno p. 68 Retirado de: ESCRIBA Indústria e Comércio de Móveis Ltda. Manual para planejamento de bibliotecas. Taboão da Serra: Escriba, 1984. p. 4. Figura 21 p. 70 Biblioteca Pública de Aichi, Japão Retirado de: LIBRARIES: new concepts in architecture & design.Tokyo: Meisei Publications: 1995. p. 12 (ISBN 4-938812-21-5). Figura 22 p. 71 Vista dos balcões de referência da Biblioteca Popular de Ichikawa, no Japão Retirado de: LIBRARIES: new concepts in architecture & design.Tokyo: Meisei Publications: 1995. p. 28 (ISBN 4-938812-21-5). Figura 23 p. 72 Salão de leitura da biblioteca da Universidade de Wesleyan, Estados Unidos Retirado de: Library Buildingd - 1986: interiors. Library Journal , New York, v. 111, n. 20. December, 1996. p 46. (ISSN 0363-0277). Figura 24 p. 74 Salão de leitura da nova Biblioteca Nacional da França, Paris Foto de: Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 25 p. 75 Biblioteca Nacional da França, Paris Retirado de: BLASSELLE, Bruno, MELET-SANSON, Jacqueline. La Bibliothèque Nationale de France: mémorire de l’avenir. Paris: Découverts Gallimard. 1996. p 86 (ISBN 2-07-053111-2). Figura 26 p. 76 Ninhama Municipal Besshi Cooper Nine Memorial, no Japão Retirado de: LIBRARIES: new concepts in architecture & design. Tokyo: Meisei Publications: 1995. p 117 (ISBN 4-938812-21-5). Figura 27 p. 77 Detalhe do prédio da Biblioteca Pública de Imari, Japão Retirado de: LIBRARIES: new concepts in architecture & design.Tokyo: Meisei Publications: 1995. p 34 (ISBN 4-938812-21-5). Figura 28 p. 79 Salão do acervo da Biblioteca Pública de Imari, Japão Retirado de: LIBRARIES: new concepts in architecture & design. Tokyo: Meisei Publications: 1995. p 38 e 39 (ISBN 4-938812-21-5). Ritos Ambientais Valorizando o uso Figura 29 p. 84 Detalhes da entrada da Biblioteca da ECA/USP, Brasil Foto de: Marcelo Santos Barbalho Figura 30 p. 85 Ala direita da Biblioteca da ECA/USP, Brasil, com destaque para o sistema de sinalização das estantes Foto de: Marcelo Santos Barbalho Figura 31 p. 86 Varal-jornal da Biblioteca da ECA/USP, Brasil Foto de: Marcelo Santos Barbalho Valorizando a solução inteligente Figura 32 Biblioteca Sérgio Milliet do Centro Cultural São Paulo, Brasil p. 87 Foto de: Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 33 p. 86 Detalhe do lay out da biblioteca Sérgio Milliet do CCSP – São Paulo, Brasil Foto de: Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 34 p. 89 Detalhes das consultas ao catálogo da biblioteca Sérgio Milliet do CCSP – São Paulo, Brasil Fotos de: Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 35 p. 89 Setor de Hemeroteca da biblioteca Sérgio Milliet do CCSP – São Paulo, Brasil, com destaque para as estantes Fotos de: Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 36 p. 90 Detalhes do Setor de Periódico da biblioteca Sergio Millet do CCSP, São Paulo – Brasil Foto de: Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 37 p. 90 Detalhes da sinalização biblioteca Sérgio Milliet do CCSP – São Paulo, Brasil Fotos de: Célia Regina Simonetti Barbalho Valorizando o vigor existencial Figura 38 p. 92 Fachada do Real Gabinete de Leitura Portuguesa - Rio de Janeiro, Brasil Foto de: Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 39 p. 93 Vista interna do Real Gabinete de Leitura Portuguesa - Rio de Janeiro, Brasil Foto de: Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 40 p. 94 Antigüidade vs modernidade Foto de: Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 41 p. 94 Montra relicário Foto de: Célia Regina Simonetti Barbalho Valorizando a diversidade Figura 42 p. 96 Edifício da Biblioteca Central da Universidade de Campinas - UNICAMP, Brasil Retirado do site www.unicamp.br/bc/Hpcb100.htm, 10/03/200 Figura 43 p. 97 Folheto propaganda do Café da Biblioteca da UNICAMP, Brasil Retirado do folheto distribuído na Biblioteca Central da UNICAMP Nomeando Destinos Figura 44 p. 100 Fases do projeto para sinalização adaptado de John Kupersmith Confeccionado por Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 45 p. 101 Logotipo da Biblioteca Municipal de Carouge, França Retirado de MIRIBEL, Marielle de. Les logos dês bibliothèques publiques. Bulletin des Bibliothèques de France, Paris, v. 40, n. 4, p. 17, 1995. Figura 46 p. 101 Logotipo da Biblioteca Pública de lundo, Suécia Retirado de MIRIBEL, Marielle de. Les logos dês bibliothèques publiques. Bulletin des Bibliothèques de France, Paris, v. 40, n. 4, p. 19, 1995. Figura 47 p. 101 Logotipo da Biblioteca Municipal de Ludre, França Retirado de MIRIBEL, Marielle de. Les logos dês bibliothèques publiques. Bulletin des Bibliothèques de France, Paris, v. 40, n. 4, p. 23, 1995. Figura 48 p. 102 Componentes de um sistema de sinalização segundo John Kupersmith Confeccionado por Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 49 p. 104 Pictogramas de utilização mundial e bibliotecas Retirados do: clip-art’s do Programa Power Point, versão 7.0 Copyright 1988-1995, Microsoft Corporation Figura 50 p. 106 Modelos de textura Retirado do: Programa Word, versão 7.0 Copyright 1988-1995, Microsoft Corporation Figura 51 p. 107 Negativo vs positivo Retirado dos clip-art’s do Programa Power Point, versão 7.0 Copyright 1988-1995, Microsoft Corporation Figura 52 p. 109 Tipos de fixação, adaptado de Reynolds e Barret Confeccionado por Célia Regina Simonetti Barbalho Um olhar direcionado Figura 53 p. 113 Palacete da Imprensa Oficial Retirado de: MESQUITA, Ottoni Mesquita. Manaus: história e arquitetura. 2. ed. Manaus: Editora Valer, 1999. p. 247 Figura 54 p. 113 Biblioteca Pública do Estado do Amazonas - vista externa Retirado de: Governo do Estado do Amazonas. Biblioteca Pública do Amazonas. Manaus: Sérgio Cardoso & Cia, s/d. p. 31 (Folheto) Figura 55 p. 114 Detalhe da planta original do prédio da Biblioteca Pública Foto de Afrânio Esteves Ribeiro Figura 56 p. 115 Fachada do prédio da Biblioteca Nacional de Paris, França Foto de Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 57 p. 115 Fachada do prédio da Biblioteca Pública de Boston, Estados Unidos Retirado do site www.greatbuilding.com/cgi.cgi/Boston_Public_ Library.html/60a6330-BostonPublic-Lib-s.gbi, em 19/04/2000 Figura 58 p. 117 Vista aérea atual da Cidade de Manaus Foto de Antônio Neto Figura 59 p. 118 Vista externa da BPEAM, década de 60 Retirado de: INSTITUTO HISTÓRICO E GEOGRÁFICO DO AMAZONAS. Manaus: memória fotográfica. Manaus: SUFRAMA, 1985. p. 68 Figura 60 p. 120 Biblioteca Pública do Estado do Amazonas, vista externa atual Foto de Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 61 p. 122 Projeção em 3D do edifício da BPEAM Confeccionado por Emmerson Santa Rita da Silva Figura 62 p. 123 Detalhes da fachada frontal do prédio da Biblioteca Pública Retirado de: Governo do Estado do Amazonas. Biblioteca Pública do Amazonas. Manaus: Sérgio Cardoso & Cia, s/d. p. 31 (Folheto) Figura 63 p. 125 Porta de entrada Foto de Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 64 p. 125 Visão do espaço interno visto através da porta de entrada Foto de Afrânio Esteves Ribeiro O interior do conjunto arquitetônico Figura 65 p. 131 Vista parcial do hall da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Foto de Afrânio Esteves Ribeiro Figura 66 p. 132 Escadaria de ferro do átrio da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Retirado de: Governo do Estado do Amazonas. Biblioteca Pública do Amazonas. Manaus: Sérgio Cardoso & Cia, s/d. (Folheto). Figura 67 p. 132 Catálogo da fábrica escocesa Macfarlane's, 1893 Retirado de: SILVA, Geraldo Gomes da. Arquitetura de ferro no Brasil. 2. ed. São Paulo: Nobel, 1987. p. 178 (ISBN 85-213-0464-1) Figura 68 p. 133 Detalhes do teto do hall da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Foto de Afrânio Esteves Ribeiro Figura 69 p. 134 Porta de entrada para a ala esquerda da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Retirado de: Governo do Estado do Amazonas. Biblioteca Pública do Amazonas. Manaus: Sérgio Cardoso & Cia, s/d. (Folheto) Figura 70 p. 134 Detalhe da porta de entrada à ala direita da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Foto de Afrânio Esteves Ribeiro Figura 71 p. 135 Salão de leitura da ala direita da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Foto de Afrânio Esteves Ribeiro Figura 72 p. 136 Detalhe do teto e das colunas da ala direita da Biblioteca Pública Foto de Afrânio Esteves Ribeiro Figura 73 p. 136 Detalhe do salão de impressos da Biblioteca Nacional de Paris, França BIBLIOTHÈQUE nationale de France. Connaissance des Arts , Paris, número especial. p 7. Figura 74 p. 139 Detalhes do Salão de Leitura da ala direita da Biblioteca Pública, com destaque para o acesso ao balcão de atendimento Foto de Afrânio Esteves Ribeiro Figura 75 p. 141 Escada de acesso ao subsolo da ala direita Foto de Afrânio Esteves Ribeiro Figura 76 p. 142 Antigo fichário da Biblioteca Foto de Afrânio Esteves Ribeiro Figura 77 p. 142 Vista geral do subsolo da ala direita Foto de Afrânio Esteves Ribeiro Os quatro tipos de usuários do conjunto arquitetônico Figura 78 p. 143 Fachada da Biblioteca Pública Municipal de Manaus Retirado do site www.internexte.com.br/biblioteca-pmm, em 12/04/2000 Usuário copista: um olhar míope Figura 79 p. 151 Formulário para solicitação de recursos informacionias Retirado de: Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Um olhar sugestivo Por um dabacuri na Biblioteca Pública Figura 80 p. 176 Modelo do Carro-Biblioteca do INL atuando em Belo Horizonte - Minas Gerais, Brasil Retirado de: DUMONT, Lígia Maria Moreira . Carro-biblioteca e a leitura no Brasil: um binômio inseparável. R. Esc. Bibliotecon. UFMG, Belo Horizonte, v. 24, n. 2, p. 197, jul./dez.1995. Figura 81 p. 177 Projeto gráfico do ônibus-biblioteca da BPEAM Confeccionado por Emmerson Santa Rita da Silva Figura 82 p. 174 Proposta de distribuição interna do ônibus-biblioteca Confeccionado por: Cláudio Brandão Nina Figura 83 p. 178 Mapa do atendimento do ônibus-biblioteca na cidade de Manaus, Amazonas Confeccionado por Emmerson Santa Rita da Silva Figura 84 p. 180 Barco-escola Luz do Saber Retirado de: GOVERNO DO ESTADO DO AMAZONAS. Secretaria de Estado de Educação. Projeto Luz do Saber. p. 14. (Folheto) Figura 85 p. 181 Proposta de organograma para a Biblioteca Pública do Estado do Amazonas Confeccionado por Célia Regina Simonetti Barbalho Metamorfoses do encantamento Figura 86 p. 183 Teto do hall do andar superior da Biblioteca Pública do Estado do Amazonas – Brasil Retirado de: Governo do Estado do Amazonas. Biblioteca Pública do Amazonas. Manaus: Sérgio Cardoso & Cia, s/d. p. 34 (Folheto) Figura 87 p. 184 O encontro das águas – Manaus, Amazonas Retirado de: www.argo.com.br/amazonasturismo/manaus/a_turistico2.htm# encontro, em 12/04/2000 Figura 88 p. 185 Parede de fundo do hall do pavimento superior, com destaque para obra Redenção do Amazonas Retirado de: Governo do Estado do Amazonas. Biblioteca Pública do Amazonas. Manaus: Sérgio Cardoso & Cia, s/d. p. 34 (Folheto) Figura 89 p. 186 Móveis da biblioteca de Sagami Women’s university Library, no Japão que servirão de modelo para a BPEAM Retirado de: LIBRARIES: new concepts in architecture & design.Tokyo: Meisei Publications: 1995. p. 175 (ISBN 4-938812-21-5). Figura 90 p. 186 Montra da Biblioteca Waseda University Center for Scholary Information, no Japão Retirado de: LIBRARIES: new concepts in architecture & design.Tokyo: Meisei Publications: 1995. p. 201 (ISBN 4-938812-21-5). Figura 91 p. 188 Local de leitura informal da Biblioteca pública de Aichi Prefectural, Japão Retirado de: LIBRARIES: new concepts in architecture & design.Tokyo: Meisei Publications: 1995. p. 38 (ISBN 4-938812-21-5). Figura 92 p. 190 Estantes da Mito West City Library, no Japão Retirado de: LIBRARIES: new concepts in architecture & design.Tokyo: Meisei Publications: 1995. p. 5 (ISBN 4-938812-21-5). Figura 93 p. 191 Poltronas da biblioteca Media Park Ichikawa, no Japão Retirado de: LIBRARIES: new concepts in architecture & design.Tokyo: Meisei Publications: 1995. p. 30 (ISBN 4-938812-21-5). Figura 94 p. 192 Library Classification Method Retirado de: Biblio Visuael. Library Classification Method (Cartaz) Figura 95 p. 193 Modelo da estante para obras recém adquiridas Retirado de: LIBRARIES: new concepts in architecture & design.Tokyo: Meisei Publications: 1995. p. 139 (ISBN 4-938812-21-5). Figura 96 p. 194 Modelo, a ser adaptado, das cabinas de estudo individual Retirado de: LIBRARIES: new concepts in architecture & design.Tokyo: Meisei Publications: 1995. p. 20 (ISBN 4-938812-21-5). Figura 97 p. 196 Modelo para a brinquedoteca da seção infantil Retirado de: LIBRARIES: new concepts in architecture & design.Tokyo: Meisei Publications: 1995. p. 62 (ISBN 4-938812-21-5). Figura 98 p. 197 Modelo das mesas para o atendimento Infantil Retirado de: LIBRARIES: new concepts in architecture & design.Tokyo: Meisei Publications: 1995. p. 40 (ISBN 4-938812-21-5). Figura 99 p. 200 Modelo de estantes deslizantes Retirado de: www.aceco.com.br, em 09/010/1999 Nas asas da borboleta Figura 100 p. 202 Proposta de logotipo para a BPEAM Confeccionado por Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 101 p. 205 Modelos para sinalização de identificação Confeccionado por Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 102 p. 206 Modelos da Sinalização de Direção Confeccionado por Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 103 p. 207 Modelo da Sinalização de Orientação Confeccionado por Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 104 p. 208 Sinalização do Cotidiana Confeccionado por Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 105 p. 209 Modelo da Sinalização de Instrução Confeccionado por Célia Regina Simonetti Barbalho Figura 106 p. 210 Modelos da Sinalização de Regulamentação Confeccionado por Célia Regina Simonetti Barbalho R EFERÊNCIAS B IBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABATH, Rachel Joffily et al. 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