A PRESENÇA ESPÍRITA NO MARANHÃO NA DÉCADA DE 1930 Tayssa Lília Conceição Costa1. [email protected]. Resumo O presente trabalho refere-se ao estudo histórico do Espiritismo no Maranhão no século XX. Trata-se dos resultados parciais da pesquisa em andamento sobre o campo religioso maranhense, no contexto social da década de 1930. São analisados a criação, e o desenvolvimento da Escola Espírita Maranhense denominada Vianna de Carvalho. Verificamos as formas de adaptação, resistências, estratégias, práticas e discursos voltados à propagação da crença espírita no contexto maranhense, bem como as visões de mundo articuladas. A pesquisa situa-se nos campos da História Cultural e da História das Religiões. Palavras-chave: Espiritismo, Maranhão, Campo Religioso, História Cultural, História das Religiões. O seguinte trabalho é referente a um projeto de pesquisa, no qual meu objeto de estudo é o espiritismo no Maranhão no século XX. Este trabalho em específico trata do contexto social em que se enquadra a religião espírita na década de 30, dando-se ênfase aos acontecimentos relevantes, anteriores e posteriores da década. Assim o trabalho expressa a situação da religião da terceira revelação no sentido de como à sociedade não espírita era vista e suas formas de resistências para a propagação de sua fé. Como destaque apresento a criação da escola espírita do Maranhão, Vianna de Carvalho, e seu desenvolvimento. No quinto congresso internacional de Espiritismo (Barcelona, 1934) reconheceu-se oficialmente a cisão nos meios espíritas internacionais. Mesmo essas ramificações tendo por base o estudo ou as manifestações dos espíritos, seu objeto de estudo será especificado segundo a região e a forma a serem empregados. No Maranhão adotar-se-á o espiritismo Kardesista, que nasceu na França e teve como precursor da religião Leão Hipólito Denizart que adotou o pseudônimo de Allan Kardec. Tal ramificação da religião espírita se baseava na revelação dos espíritos. No Maranhão os espíritas viam a religião como um idioma divino, caritativo e universal, pois era facilmente entendido por todos os homens, crenças e raças. Essa visão de doutrina da caridade era bem nítida, pois era identificada como doutrina do bem, não que as outras também não expressassem o mesmo, mas é que apesar de ser muito criticada, principalmente pelos católicos da época, os espíritas se posicionavam mais no intuito de se defender do que de atacar. É como se a doutrina espírita possuísse uma autoconfiança considerável, que bastava para que se seguisse tal fé, ou apenas por constituir um grupo menor diante dos católicos, sem muitas dimensões influentes. Os espíritas baseavam-se nos ensinamentos de Allan Kardec, que lhes informava “da importância de se permanecer do lado do bem, dos espíritos, tornando-se invencíveis, benevolentes afim de que pudessem quebrar as armas da maldade preparando-se para o futuro que com certeza lhes pertenceria.”1 1 UFMA - DEHIS/GPHR; Orientação: Prof. Dr. Lyndon de Araújo Santos 2 O jornal a “Época” da cidade de Viana, no Maranhão, no ano de 1929 publica uma nota detalhando o contexto em que se encontravam todos aqueles que simpatizavam ou faziam parte da religião conhecida como terceira revelação. No inicio da nota o jornal conta a história de uma senhora que residia na cidade de Petrópolis no Rio de Janeiro e mantinha sessões espíritas em sua residência, sem que seu esposo soubesse. Passados alguns meses ela dizia ouvir vozes, barulhos, ou seja, perceber a presença dos espíritos. Quando seu esposo soube a internou em um hospício, mas antes lhe arrancou um dos olhos e furou o outro, pois segundo ele, ela não precisaria dos olhos para se comunicar. Apesar de não se localizar no Maranhão, tal fato expressa a visão que principalmente a Igreja Católica tinha dos espíritas independente da região. Dessa forma estes eram tidos como causadores de males, além de loucos e pecadores. Este fato que relaciona uma mulher lembra as primeiras visões que deram origem ao movimento espírita com as irmãs Katherine e Margaret Fox. Os acontecimentos aconteceram em Hydesville, Rochester, Estados Unidos, mas em decorrência da caracterização de mentirosas ou mesmo de bruxas o fato foi mais considerado como oportunismo, o que minimiza a validade do acontecimento. A influência da Igreja era de tamanha dimensão que causava reflexos na justiça civil, pois o art. 157 do código penal brasileiro da época considerava as práticas espíritas e qualquer ação que se assemelhasse como ilícita, sendo aplicadas ao infrator penas que poderiam durar de um a seis meses de prisão ou multa de 100 a 500$000. O primeiro código penal republicano (1890), entre os crimes contra a saúde publica o Art. 157 condenava sua prática, bem como a da “magia de seus sortilégios” e o uso de “talismãs e cartomancias”, para despertar sentimentos de ódio e amor, inculcar cura de moléstias curáveis ou incuráveis enfim para fascinar e subjugar a credulidade pública”. Ao lado dele dois artigos intimadamente associados: o artigo 156 punia a prática da medicina por indivíduos desprovidos de título acadêmico e o artigo 158 punia o exercício do “oficio assim denominado de curandeiro” (GIUMBELLI, Emerson _Heresia, doença, crime ou religião: o Espiritismo no discurso de médicos e cientistas sociais pág.39) O Pe Dionysio J. Algarvia, no seu livro “O Espiritismo Nada tem de Espiritismo” com o intuito de enfatizar os males da prática espírita discorre à cerca do mesmo apontando fatores vistos como negativos, pois vão de encontro com as bases espíritas: anti-moral, materialista, anti-evangélico... Cita também práticas ilícitas: o curandeirismo e o charlatanismo, ou seja, o falso médium, como ele destaca em uma nota do jornal o “Lábaro”2 que conta a história de Estanislau Jacob Arantes, condenado em São Paulo a um ano e nove meses de prisão por ter se passado por médium, que se aproveitou durante o apagar das luzes na sessão para roubar do seu cliente a quantia 1:500$000. Assim conclui o Pe a nota: “ainda é muito que não disse, ou que o outro não acreditou, terem sido os espíritos que aiaram os cobres, mas isto é o espiritismo_ exploração e roubo.”3 Pierre Bourdieu em sua obra “O Poder Simbólico” define o que venha a ser este: “É, com efeito, esse poder invisível o qual só pode ser exercido com a cumplicidade daqueles que não querem saber que lhe estão sujeitos ou mesmo que o exercem”. 4 Essa era a relação existente entre Igreja Católica e a sociedade. Seu discurso era tido como legítimo assim esse poder estruturante, que construiu a sua própria realidade, não permitia que a sociedade vivenciasse ou apenas pudesse se aprofundar no conhecimento de outras doutrinas. A sociedade mantinha uma posição de conformismo, no sentido de submissão, com os espíritas a situação não foi muito diferente, o jornal “O Semeador” diz o espiritismo ser uma 3 continuação do cristianismo, no sentido de se possuir um propagador da fé, que tinha como missão a renovação dos votos da doutrina, no caso do Cristianismo Jesus Cristo e o Espiritismo Allan Kardec, além da semelhança nos conceitos como: demônios, alma, crença em um Deus... Foi entretanto Allan Kardec o escolhido, o designado, o aceito, para vir a terra, codificar essa gigantesca obra, essa transcendente e singela filosofia, essa sã moral, essa luminosa ciência dos espíritos. E ele soube cumprir sua missão, tomando palavras, que foram uma realidade em sua passagem entre nós _ trabalho_ solidariedade e tolerância _ Pelo trabalho ele produziu os frutos que hoje saboreamos; _ Pela solidariedade ele reuniu-nos em torno de seus ensinamentos e pela tolerância ele reunirá toda a humanidade, todas as religiões, todas as crenças, todos os credos em um só. (O Semeador, 1° de julho de 1933). Essa semelhança atribuída ao cristianismo, também pode ser vista como uma ação para contornar as repressões sobre a religião espírita, possibilitando uma coexistência. Segundo Bourdieu: A cultura dominante contribui para a integração real da classe dominante (assegurando uma comunicação imediata entre todos os seus membros e distinguindo-os das outras classes...). Este efeito ideológico produto da cultura dominante dissimulando a função de divisão na função de comunicação: a cultura que une (intermediário de comunicação) é também a cultura que separa (instrumento de distinção e que legitima as distinções compelindo todas as culturas (designadas como subculturas) a definirem-se peã sua distancia em relação à cultura dominante). (BOURDIEU, Pierre. O poder simbólico pág.10) Esta cultura dominante identifica-se com a Igreja católica que reunia um grande número de fiéis e mesmo sendo considerada como predominante não conseguiu barrar as fragmentações, que geram hierarquias dentro e fora da mesma, havendo a exclusão daqueles que não compartilhavam com as mesmas idéias. Esse pensamento atribui uma característica positivista a Igreja, pela forma como seu discurso é imposto, ou seja, como verdade absoluta. Para além o espiritismo resistiu com jornais de cunho propagador da fé espírita como o Semeador e Pharol, além de uma escola espírita (Vianna de Carvalho), que tinha também por objetivo educar as crianças segundo as regras da doutrina de forma a conservar livrando-as dos espíritos maus e as preparando para uma suposta nova geração que seria marcada pela tendência moral, intuitiva e de caráter inerente à pessoa. Tanto para escola quanto os jornais o foco nas crianças e jovens previa a propagação da mensagem de que: (...) a religião do sentimento, a religião em fim da caridade, em que se ama verdadeiramente a Deus em que fraternalmente solidários e igualitários nos irmanamos entre todos aqueles que livremente amam e crêem no amor do seu próximo retribuindo com afeto, com gratidão, com reconhecimento. (O Semeador 1° de junho de 1933, diretor _ João da Silva Santos) 4 Podemos pensar também no viés de que a doutrina espírita possui várias formas de compreensão, pois além de movimento religioso pode ser considerada uma filosofia, ou ciência quando partimos do pressuposto de que os fenômenos espíritas são comprováveis. O espiritismo, enquanto ciência estuda e pesquisa os fenômenos espíritas como fatos naturais e universais perfeitamente observáveis, e prova ou tenta provar que os espíritos existem e são imortais, sendo eterna a vida. No campo científico faz a prova da sobrevivência da alma. Enquanto filosofia compreende todas as conseqüências morais que emanam da interpretação dos fatos naturais e universais, permitindo ao homem chegar, pela reflexão e pela razão, à verdade a respeito de si mesmo, da vida, do mundo e de Deus. Como filosofia vem trazer luz sobre problemas como a existência de Deus, da alma, da reencarnação, do livre-arbítrio e do determinismo, das causas e objetivos desta existência na terra. O espiritismo como religião compreende os deveres do homem para com Deus, não admite liturgia ou culto exterior, prega a fé racionada e repousa sobre as bases fundamentais da crença religiosa: Deus, a alma e a vida futura. Como religião orienta o homem no sentido de ensino moral do Evangelho de Cristo, e é a revivescência do cristianismo na pureza e na simplicidade dos tempos de Jesus e da época apostólica. O livro psicografado pelo médio Chico Xavier “O Consolador” exemplifica de forma bastante nítida essas compreensões, mas não de forma separada como foram detalhadas, mas interligadas visando o bem humano. A religião é o sentimento divino, cujas exteriorizações são sempre o Amor, nas expressões mais sublimes. Enquanto a Ciência e a Filosofia operam o trabalho da experimentação e do raciocínio, a Religião edifica e ilumina os sentimentos. As primeiras se irmanam na sabedoria, a segunda personifica o Amor, as duas asas divinas com que a alma humana penetrará, um dia, nos pórticos sagrados da espiritualidade. (Revista o Reformador, Novembro de 2005) Seguindo a perspectiva vista no trabalho percebemos a rejeição de toda e qualquer manifestação espírita, o que não foi um empecilho, para a sociedade espírita (no caso a maranhense), diante da fé que estes expressavam assim a religião conseguiu resistir aos obstáculos e propagar os lemas de caridade, igualdade e fraternidade se solidificando e anos depois conquistando seu espaço. No ano de 1931 o Jornal “O Pharol” trás a idéia de se fundar uma escola espírita maranhense, a fim de livrar as crianças desprotegidas da vadiagem e do maior mal a ignorância. Mas o grupo espírita não possuía verba, então imprimiam circulares com o nome de “Jesus amigo das criancinhas”, e em nome de “Vicente de Paulo”, espírito da caridade, solicitavam um auxilio aos que além do necessário tinham o supérfluo. Assim a escola foi criada recebendo o nome de “Vianna de Carvalho” em homenagem ao major de engenharia do exército, foi atribuída devido à contribuição no ensino e propagação da fé espírita. O Centro Espírita Maranhense em decorrência principalmente dessa escola foi insultado, conjurado e caluniado pelos denominados inimigos da luz, que não foram bastante para barrar o desenvolvimento da escola que teve sua primeira turma formada em 15 de novembro de 1931. Em primeiro de Março de 1932, Placido Camões fundava na Escola “Vianna de Carvalho”, um curso primário gratuito para meninas pobres designando-o: “Curso feminino Maria O’ Neil, assim como o major Vianna de Carvalho a escritora lusitana também recebeu essa homenagem em decorrência de sua contribuição à fé espírita, percorrendo quase todo o Brasil com o intuito de propagar a fé”. 5 Dessa forma pressupõe-se que a escola no início era composta de meninos e somente depois de meninas, que não possuíam recursos próprios para estudar, o que nos remete ao lema da doutrina espírita de caridade. A gratidão mede o nível moral duma alma, ser grato não significa dar o mesmo que recebemos, mas sim em demonstrar que o que com dignidade e lealdade, sem jamais o desmentirmos com nossos atos. (O Semeador) Há dados referentes nos três anos que se segue ao desenvolvimento da escola. Sendo que há registros de matriculas de 137 meninos nos anos de 1927-1929, surgindo uma dúvida se antes da publicação oficial da escola, a mesma já existia ou seu projeto já estava sendo desenvolvido. Dados da freqüência de meninos e meninas com bom aproveitamento: Ano N° de alunos 1927 1.117 1928 2.960 1929 4.387 1930 8.838 1931 13.657 1932 15.658 Como podemos notar houve um aumento considerável nos anos que se sucederam o que demonstra uma boa administração de Placido Camões e da “aceitação pela sociedade”, pois mesmo com os obstáculos houve o desenvolvimento da escola, sendo um dos principais motivos o aumento da freqüência dos alunos. Depois de um certo tempo mais especificadamente no ano de 1932 Placido Camões renuncia a presidência do Centro Espírita Maranhense em decorrência de problemas de saúde, sendo substituído pelo vice-presidente Abdigar Brasil Correia, as informações sobre as condições financeiras do Centro Espírita demonstram que seu saldo era satisfatório o que indicava a possibilidade de continuação da escola, dois balancetes são apresentados, identificando o saldo da livraria. Livraria De diversos por venda de livros...................................112$900 Valor de 224 volumes para venda.................................559$800 672$700 (O Semeador, 31 de dezembro de 1932) Livraria 6 Valor de 216 volumes para venda...............................605$600 Receber por livros vendidos.........................................246$500 A receber de livros vendidos.......................................43$500 895$600 (O Semeador, 28 de fevereiro de 1933). Com a saída de Camões muitos desacreditam que a mesma fé e o bom andamento do centro espírita e conseqüentemente da escola ira continuar, começa aqui uma crise que pode ter sido um dos motivos que culminaram com o fim da escola, mas devemos lembrar que o momento histórico indica a aproximação do período da ditadura já possibilitando impactos. Com a fundação dessa escola e o bom trabalho de Placido Camões no Centro Espírita Maranhense outros centros, escolas e assim outros estados foram contagiados pela vontade e energia espírita resultando na criação de escolas primarias para o ensino e jornais gratuitos, conhecimentos doutrinários e científicos foram espalhados por toda parte. A educação dos jovens e das crianças dessa forma era de fundamental importância para a propagação da nova revelação e assim da era nova que se daria pelo afastamento do mal, pois como dizia os próprios jornais da época é necessário que se povoem espíritos bons, tanto encarnados quanto desencarnados. As informações sobre a escola espírita “Vianna de Carvalho”, divulgada nos jornais, não deixam bem claro o conteúdo a ser desenvolvido, pois de forma mais geral sabe-se que tentavam preservar e propagar a fé espírita, mas não há detalhes de material ou metodologia. Quanto ao público sabe-se apenas que se direcionava a jovens, mas não sabemos se praticavam antes o espiritismo se ingressaram por necessidade (os desfavoráveis financeiramente) ou ainda se haviam pessoas de outras religiões (o que seria pouco provável diante do preconceito). Com relação à própria escola há lacunas como o local de funcionamento assim como o período. Essa dúvida talvez seja explicada no caso de a escola ter funcionado secretamente, o que vai de encontro com as informações divulgadas nos jornais espíritas. Quanto a sua data de fundação nos resta outra dúvida, pois o número de alunos divulgado no ano de 1927 poderia determinar tal data, sabe-se também que a primeira turma formou-se em 15 de novembro de 1931, o jornal o Pharol trás essa noticia como uma vitória diante das calunias e dificuldades. Detalha-se na manchete o discurso do aluno José Ribamar Lopes, que expressa grande felicidade e dirige vários agradecimentos. Eurípedes Barsanulfo nasceu em na pequena cidade de Sacramento, Estado de Minas Gerais em 1o. de abril de 1907, e desencarnou na mesma cidade, aos 38 anos de idade, em 1° de novembro de 1918. Através de informações prestadas por um dos seus tios, tomou conhecimento da existência dos fenômenos espíritas e das obras da Codificação feitas por Allan Kardec. Diante dos fatos voltou totalmente suas atividades para a nova Doutrina, pesquisando por todos os meios e maneiras, até desfazer totalmente suas dúvidas, começou sua longa jornada de propagação da fé espírita com a fundação do o "Grupo Espírita Esperança e Caridade", no ano de 1905. E em 1° de abril de 1907 conseguiu um grande feito fundando a primeira escola espírita brasileira o Colégio Allan Kardec que funcionou com bom aproveitamento até o dia 18 de outubro, quando foi obrigado a cerrar suas portas por algum tempo, devido à grande epidemia de gripe espanhola que assolou nosso país. As duas escolas sofreram obstáculos parecidos como a forte perseguição da igreja o que não representou um entrave definitivo para os seus precursores que são tidos como guerreiros diante dos projetos que fizeram e alcançaram, representando muito para a doutrina espírita, ou seja, símbolos de que a fé espírita estava se propagando e mais ainda se solidificando. 7 Na atualidade a educação espírita ainda permanece com os mesmos objetivos de propagação da fé e solidificação das idéias de fraternidade, caridade... Construindo suas bases cientificas e filosóficas. Ney Lobo foi um oficial reformado do Exército no posto de coronel, licenciado em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná. Possui grande carga bibliográfica que segue desde livros didáticos a artigos sobre a doutrina espírita um de seus mais esperados trabalhos trata da "Prática da Escola Espírita: A Escola que Educa", livro que explora um amplo campo da educação espírita sua principais discussões são: • Tem suas diretrizes alicerçadas numa Filosofia Espírita da Educação; • Operacionaliza a educação espírita; • Estabelece a primazia da educação sobre a instrução; • Promove a fusão da escola com o lar; • Propicia a emersão das perfeições potenciais; • Viabiliza o regime escolar de tempo integral; • Institui o método de ensino em três dimensões (atividade, cooperação e individualização), o currículo centrado na educação do espírito e instaura a disciplina sustentada pela reparação das faltas cometidas; • Mantêm, permanente e efetivamente, nos educadores, os fins da Educação Espírita (o desenvolvimento da espiritualidade na ordem individual, o mundo futuro de regeneração na ordem social, o puro espírito na ordem individual final e Deus na ordem absoluta e suprema); • Estabelece o princípio administrativo da direção colegiada em todos os níveis; e implanta o princípio da heteroavaliação do processo de autosuperação dos educandos. Diante destes fundamentos apresentados por Ney Lobo e os próprios argumentos sugeridos pelo trabalho percebemos que a educação espírita não permanece apenas como uma doutrina religiosa mais em uma amplificação na família cercando também a sociedade orientando moralmente atentando para a disciplina e promovendo uma interligação entre os espaços habitados pelo ser como e principalmente a família e a escola bases que guardam os princípios filosóficos muito explanados pela pedagogia espírita. Sendo importante destacar o conceito de espiritismo para melhor entender a relação entre mundo real e mundo espiritual, Allan Kardec assim o define: “O espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e da destinação dos Espíritos, e das suas relações com o mundo corporal”. 5 Esta forma de se ver o espiritismo, ou seja, como fato natural, também se aplica a sua forma de instrução como afirma Kardec: Àquele que deseja se instruir, direi: Não se pode fazer um curso de Espiritismo experimental como se faz um curso de física ou química, já que não se é jamais senhor para produzir os fenômenos à vontade, e que as inteligências que lhes são agentes, frustram freqüentemente todas as nossas previsões. (KARDEC, Allan; O Que é o Espiritismo_ pág. 22). 8 Assim fica nítida a interligação entre as formas de compreensão espírita, filosófica, cientifica ou religiosa que seguem pressupostos naturais, a educação assim faz parte de um contexto que é dinâmico, mas que no caso da instrução espírita tenta conservar os lemas de igualdade, fraternidade e caridade, bases que visam à propagação da fé espírita. Notas: 1_ O Semeador 1° de junho de 1933, diretor _João da Silva Santos. 2_Jornal publicado em São Paulo, de número 20-10-922. 3_ ALGARVIA, Pe Dionysio J. ; O Espiritismo Nada tem de Espiritismo _ pág. 134. _ BOURDIEU, Pierre; O Poder Simbólico_ pág. 7 e 8. 5_ KARDEC, Allan; O Que é o Espiritismo_ pág.10. Bibliografia: Jornal o Semeador; 1933. Jornal o Pharol; 1931-1933. Jornal a Época; 1929. BOURDIEU, Pierre; O Poder Simbólico_ editora: DIFEL_1989. KARDEC, Allan; O Que é o Espiritismo_ Impresso pela MARPRINT S.A: São Paulo _ 1974. ALGARVIA, Pe Dionysio J. ; O Espiritismo Nada tem de Espiritismo _ Tipografia Teixeira: MA _1923. Revista o Reformador; 2001-2003-2005. Rev. Antropol. vol.40 n.2 São Paulo 1997 _ GIUMBELLI, Emerson; Heresia, doença, crime ou religião: o Espiritismo no discurso de médicos e cientistas sociais. http://www.mundoespirita.com.br http://www.espiritismogi.com.br/