Fonte: Correio de Azeméis
Data: 14/11/2006
País: Portugal
Âmbito: Regional
Periodicidade: Semanal
Página N.º 19
EMÍDIO AGUIAR APRESENTOU PARTE DA SUA OBRA LITERÁRIA
"O homem sonhou e a obra nasceu", referiu o presidente
Carregosa está mais rica
da Junta aquando da apresentação da obra de Emídio
Aguiar. Diamantino Melo considerou que "o seu trabalho
a todos nos honra e dignifica”. Para o autarca, “Emídio
Aguiar apresenta hoje um trabalho que nos deixa
estupefactos e que honra os seus familiares, amigos e
conterrâneos".
O editor, a apresentadora da obra, os autarcas locais e o autor, Emídio Aguiar.
Sob
o
pseudónimo
de Martz Inura,
Emídio
"Tive que sofrer o mundo"
Aguiar
apresentou algumas das suas obras literárias. Em poesia
deu à estampa "Sinfonias" de 1 a 6, enquanto na prosa
apresentou o romance "Um sonho secular". "Foi um
imperativo moral que me levou a forçar esta publicação",
Carregosa pôde assistir a momentos especiais com a
apresentação de parte das obras do autor, Emídio Ferreira
de Aguiar, nascido no Lugar de Azagães, mas a residir em
João
da
Madeira.
Falando
dos
seus
livros,
particularmente dos de poesia, "Sinfonias", o autor quis
entremear a sua apresentação com trechos musicais e a
"o pouco que sei é mais a consciência da minha
ignorância do que qualquer verdade que tenha por
garantida”. Para escrever toda a sua obra recorreu "a
Em representação do presidente da Câmara, a vereadora
Gracinda Leal realçou a importância da preservação da
"muitas
desde a mais tenra infância, por quase todos os
extremos da condição humana".
Peremptoriamente afirma: "Eu não tive que viver, eu tive
que sofrer o mundo das mais sofisticadas formas. Desde
cedo largado nas agruras da vida, vivi em vários países,
ofícios, estudei, no meio de grandes dificuldades, nas
Mais um talento no concelho
portuguesa,
com a minha experiência de vida, que grassou sofrida
morei em dezenas de cidades, trabalhei em vários
declamação de alguns poemas por Juliana Pinho.
língua
esteira de Sócrates, Emídio Aguiar tem a noção de que
quase toda a ciência e filosofia mundiais, temperando-as
justificou o autor.
S.
O autor não falou muito de si nem da sua obra. Na
vezes
ultrapassada
pela
imagem. Emídio Aguiar está a fazer muito bem na obra que
universidades de Coimbra, Lisboa e Porto".
A encerrar a cerimónia, em jeito de homenagem ao
autor, o presidente da Junta entregou a medalha de
bronze da freguesia a Emídio Aguiar.
está a escrever".
Depois de testemunhar o aparecimento de "mais um talento
nascido no concelho", a edil referiu "a grandeza das
pessoas que escrevem. O desenvolvimento de uma terra
não se vê apenas pelas obras materiais, mas também pelas
pessoas. O percurso de vida de Emídio Aguiar marcou-o de
forma tão profunda que quis dá-lo a conhecer em ordem ao
bem da comunidade".
Um trabalho que a todos dignifica
Continuando a referir-se ao autor, Gracinda Leal assumiu
que "aos 61 anos ter uma obra destas é louvável. Quando
se está numa fase da vida mais disponível, a escrita pode
ser uma forma de dar alento a quantos vivem à sua volta,
mas também de preservar os seus princípios".
Biblioteca Municipal de Oliveira de Azeméis
Dossier de Imprensa 2006
Quem é o autor?
Emídio Ferreira de Aguiar nasceu a 19 de Setembro de
1945, em Carregosa. Teve uma juventude atribulada,
pelo que só aos 18 anos iniciou os estudos no ensino
secundário. Três anos depois já frequentava, em Lisboa,
o curso de Ciências Económicas e Financeiras, que
acabaria por abandonar para ingressar na Faculdade de
Direito da Universidade de Coimbra. Alguns anos mais
tarde, transferiu-se para a Universidade Técnica de
Lisboa, onde frequentou o curso de Ciências Sociais e
Política Ultramarina. Porém, dificuldades económicas
para prosseguir os estudos levaram-no a algumas
hesitações nas opções.
1
Chamado a prestar o serviço militar, ingressou no exército,
Trata-se, ainda no dizer da apresentadora, de um
acabando por seguir a carreira militar, encontrando-se hoje
"romance sociológico com roupagens científicas, em que
aposentado com a patente de tenente-coronel. Só muitos
as personagens principais, assumindo um carácter
anos mais tarde concluiu o curso de Sociologia na
confessional, revelam-se totalmente para lhe vermos a
Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
própria alma. É um romance português, com uma
estrutura completamente diferente. Não segue modas,
Os livros
não cede a comercialismos e que pode ser lido por
Sinfonia n.º 1 – "Poemas Primiciais"
segmentos".
Constituído pelos poemas mais antigos, com raízes que vão
Este livro, acrescentou a Prof.ª Elísia Aguiar, foi retirado
desde o classicismo até ao surrealismo, é, no dizer do autor,
à própria claridade e à candura: transporta toda a magia
incaracterística, embrionária e triste. Perpassa nela uma
do mundo”.
tristeza e uma saudade quase infinitas.
O prólogo fala das origens do autor, traz ao vivo
personagens de Carregosa da década de 50.
Sinfonia n.º 2 – "Do mais puro amor"
Inclui sonetos, é romântica, ainda que por vezes nostálgica.
No prólogo, o autor psicanalisa-se através de uma utopia.
Sinfonias n.º 3, 4 e 5 – "Incompletas"
São mais positivas e optimistas, todas rimadas, regressam
aos clássicos. Estão voltadas para o povo.
A n.º 3 "Um cântico a Portugal", que veicula um
nacionalismo contido, é exultante, saudosista e humanista.
A n.º 4 "Exortação do Homem" é mais moralista, cheia de
crítica social, exorta à vida. A n.º 5 "Um hino à Natureza"
tem preocupações ecologistas, exalta o valor da terra e
extasia-se com os seus estranhos desígnios.
Sinfonia n.º 6 – “Palavras maravilhadas"
Envereda por novos caminhos. Abandona a rima e segue
versos de sibaIização crescente e decrescente. É uma
poesia lúgubre, estranha, com tons modernistas.
Romance – "Um sonho secular"
De acordo com a Prof.ª EIísia Aguiar, que fez a
apresentação da obra em prosa de Martz Inura, este
romance com mais de 500 páginas, "é uma obra complexa,
ainda que escrita de uma forma simples e acessível, que
aborda mais do que uma problemática de vida e utiliza
diversos géneros e variados estilos. Vai do romance à
poesia, do teatro ao ensaio, da história à filosofia, da
biologia à física, da psicologia à sociologia. Fala dos ricos e
dos pobres, da ciência e do senso comum, utilizando mais
do que um tipo de linguagem.
Sobrevoa ao de leve toda a História do século XX,
retratando mais em pormenor a realidade portuguesa".
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