VESTIBULAR UFPE – UFRPE / 2001
2a ETAPA
NOME DO ALUNO: _______________________________________________________
ESCOLA: _______________________________________________________________
SÉRIE: ____________________ TURMA: ____________________
LITERATURA
TEXTO 3
TEXTO 1
“Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poente caminheiro
- Como as horas de um longo pesadelo
- Que se desfaz ao dobre de um sineiro”
(Lembrança de morrer)
“Resolvo-me a contar, depois de muita hesitação, casos
passados há dez anos – e, antes de começar, digo os
motivos por que silenciei (...). Não conservo notas: algumas
que tomei foram inutilizadas, e assim, com o decorrer do
tempo, ia-me parecendo cada vez mais difícil, quase
impossível, redigir esta narrativa. (...) Também me afligiu a
idéia de jogar no papel criaturas vivas, sem disfarces, com o
nome que têm no registro civil.”
02. O trecho transcrito é parte das Memórias do Cárcere,
de Graciliano Ramos. Sobre esta obra e seu autor,
julgue as afirmativas abaixo.
TEXTO 2
“Eu morro qual nas mãos da cozinheira
O marreco piando na agonia...
Como o cisne de outrora... que gemendo
Entre os hinos de amor se enternecia.
Coração, por que tremes? Vejo a morte,
Ali vem lazarenta e desdentada...
Que noiva!... E devo então dormir com ela?...
Se ela ao menos dormisse mascarada!”
(O poeta moribundo)
01. Ambos os fragmentos acima são de poemas de
Álvares de Azevedo. Analisando esses poemas e
considerando o conjunto da obra desse autor, pode-se
afirmar que:
0-0) Álvares de Azevedo pertenceu ao que se
convencionou chamar “geração mal-do-século”,
ou seja, o grupo dos poetas românticos que tinha
como grande foco temático um mergulho na
própria subjetividade exacerbada.
1-1) em O poeta moribundo, vemos uma faceta pouco
difundida da obra de Álvares de Azevedo: sátira e
deboche.
2-2) a aproximação entre os dois fragmentos acima é
inevitável: ambos apresentam tema comum e
semelhança na estratégia de criar comparações.
3-3) o segundo fragmento pode ser considerado uma
autocrítica da forma de fazer poesia expressa em
Lembrança de morrer.
4-4) Álvares de Azevedo foi escritor e poeta; também
escreveu contos fantásticos, como
Noite na
Taverna - cujo tema, autobiográfico, revela a vida
boêmia do autor - além de um texto teatral, O
Poeta e a Inquisição.
0-0) Este livro foi publicado postumamente e trata-se
do relato autobiográfico do período em que o
escritor esteve preso, em 1964, durante o golpe
militar.
1-1) Graciliano revelava sua preocupação em
reconstituir os fatos vividos, mas não queria
apenas reproduzir as anotações perdidas. Neste
livro, acaba denunciando o abuso de poder, as
torturas, a injustiça.
2-2) Quanto ao estilo, o autor usa os mesmos recursos
dos seus textos ficcionais: linguagem despojada e
denúncia social.
3-3) Graciliano demorou dez anos para escrever essas
memórias, pois tinha medo de que seu livro
representasse uma ameaça às pessoas cujos
nomes revelasse. Por isso, transformou todos os
personagens em figuras fictícias.
4-4) Em Memórias do Cárcere, além de contar as
injustiças que viu e viveu, Graciliano denuncia a
arbitrariedade das autoridades, pois foi preso sem
saber sequer de que era acusado.
03. Sobre Aluísio Azevedo e o conjunto de sua produção,
considere as afirmativas abaixo.
0-0) Seus romances dividem-se em dois grupos: os
melodramas, com um enredo cheio de peripécias,
seguindo o estilo romântico, e as obras sérias,
dentro dos moldes naturalistas, que analisavam
criticamente a sociedade brasileira.
1-1) Aluísio Azevedo escreveu alguns de seus
romances com o intuito maior de alcançar boas
vendas e sobreviver da atividade de escritor. Essa
foi a razão que o levou a produzir segundo os
padrões do público e dos editores.
2-2) O Mulato é considerado o livro introdutor do
Naturalismo no Brasil. Nele, Aluísio enfoca a
exploração do trabalho escravo.
3-3) Este autor foi um excelente criador de tipos e
ambientes. Adepto das concepções deterministas,
procurou justificar o comportamento de seus
personagens a partir da influência hereditária e da
análise psicológica.
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4-4) O Cortiço é considerado por muitos críticos a
melhor obra de Aluísio. Nele, as figuras humanas
são descritas como se fossem animais, num
processo de zoomorfização, que busca mostrar a
ação degradante do meio sobre os indivíduos.
TEXTO 5
“Hora de comer – comer!
Hora de dormir – dormir!
Hora de vadiar – vadiar!
Hora de trabalhar?
Pernas pro ar que ninguém é de ferro!”
TEXTO 4
(Ascenso Ferreira)
06. Sobre Ascenso Ferreira e sua obra, pode-se afirmar
“Noite perdida
Não te lamento:
embarco a vida
no pensamento,
busco a alvorada
do sonho isento
(...)
Noite perdida,
Noite encontrada,
Morta, vivida (...)”
que:
Música (Cecília Meireles)
04. Sobre Cecília Meireles e sua obra, pode-se afirmar
que:
0-0) cultivou uma poesia reflexiva e filosófica, cujos
temas marcantes foram a transitoriedade da vida,
o tempo, o amor, a criação artística, numa estética
que pode ser chamada de neobarroca.
1-1) como podemos confirmar pelo exemplo transcrito,
do ponto de vista formal, revelou forte inclinação
para a musicalidade, para a seleção vocabular, o
uso do verso curto e do paralelismo.
2-2) a atitude reflexiva de Cecília apresenta um caráter
racional, ou seja, não é fruto da pura intuição, pois
sempre condenou as experiências de vida como
fonte criadora.
3-3) o espiritualismo, tão caro aos simbolistas, também
está presente na poesia de Cecília, e essa
influência vem da sua reflexão acerca da vida e da
morte.
4-4) sua poesia é um discurso sutil de musicalidade e
o contato com a realidade é o ponto de partida
para a transcendência.
05. Sobre os gêneros literários na literatura brasileira,
avalie as afirmativas abaixo.
0-0) O gênero lírico foi muito praticado no Romantismo,
por traduzir o subjetivismo dominante nas
composições poéticas. Navio Negreiro, de Castro
Alves, é um exemplo desse gênero.
1-1) O gênero épico, que narra feitos relevantes de um
povo ou de seus heróis, geralmente em terceira
pessoa, não foi praticado na poesia brasileira.
2-2) O gênero dramático, centrado na ação, é
representado pelas peças teatrais. Jorge Amado e
Oswald de Andrade são alguns dos nossos
autores dramáticos mais conhecidos.
3-3) O
gênero
narrativo
abarca
diversas
manifestações: poemas, teatro, romance, contos e
até crônicas. Parte de um núcleo de ação e tem
sua base sempre em personagens fictícios, como
no caso das obras de Pe. Antonio Vieira.
4-4) Os
textos
literários
nem
sempre
são
representações
de um gênero puro. No
modernismo, sobretudo, a mistura de gêneros
literários diversos numa mesma obra era parte da
proposta do movimento.
0-0) incorporando uma estrutura de diálogos aos seus
versos, explorando a coloquialidade e as
expressões nordestinas, seguiu as inovações
modernistas.
1-1) em sua poesia, é traço marcante um tom de
humor “galhofeiro”, típico da alma boêmia do
nosso povo.
2-2) apesar de sua poesia traduzir as tradições
populares nordestinas, Ascenso não ignorou a
produção cultural do restante do país e manteve
contato com modernistas de São Paulo, por
exemplo, Mário de Andrade.
3-3) foi um poeta nordestino, que aderiu à estética do
Modernismo de São Paulo; assim, criou uma obra
que reflete raízes culturais híbridas.
4-4) a apologia da preguiça nos versos transcritos
traduz uma postura de vida, como contestação ao
pragmatismo de uma sociedade competitiva e
alienante.
TEXTO 6
“Padre: - E o dono do cachorro de quem vocês estão
falando é Antônio Morais?.
João Grilo: - É. Eu não queria vir, com medo de que o
senhor se zangasse, mas o major é rico e poderoso (...).
Quer dizer que benze, não é?
Padre: - (...) Não vejo mal nenhum em se abençoar as
criaturas de Deus.”
(Auto da Compadecida – Ariano Suassuna)
07. Sobre Ariano Suassuna e sua produção teatral, analise
as afirmações seguintes.
0-0) No fragmento acima, construído com diálogos
ágeis, é denunciada a falsidade do padre,
subserviente aos poderosos.
1-1) O tom cômico que transparece no trecho citado se
estende a toda a peça e ao teatro de Ariano.
2-2) As inspirações mais recorrentes à produção
dramática de Suassuna são a literatura de cordel,
as histórias bíblicas e os autos medievais.
3-3) Entre suas peças teatrais, além do Auto da
Compadecida, destacam-se: O Casamento
Suspeitoso, A Farsa da Boa Preguiça, O Auto do
Frade, A Pedra do Reino, A Pena e a Lei e Boca
de Ouro.
4-4) Além de retratar a cultura popular e a religiosidade
do povo nordestino, Ariano busca, em seu teatro,
denunciar a injustiça social na região nordestina.
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TEXTO 7
“Tenho medo de escrever. É tão perigoso. Quem tentou,
sabe. Perigo de mexer no que está oculto – e o mundo não
está à tona, está oculto em suas raízes submersas em
profundidades de mar.”
(Um Sopro de Vida – Clarice Lispector)
08. Sobre essa autora e sua obra, é correto afirmar que:
0-0) nesse pequeno trecho, Clarice deixa nítida a sua
concepção de escrita: o “mergulho” no interior do
ser humano, que representa o “risco” da
descoberta da intimidade mais profunda.
1-1) sua linguagem traduz um estilo próprio, muito
pessoal, que se aproxima da poesia: pela
exploração da sonoridade e das figuras de
linguagem, e pelo “fluxo de consciência”.
2-2) um dos universos mais abordados por Clarice é o
ambiente familiar e as experiências pessoais de
mulheres que buscam “descobrir-se” no mundo.
3-3) entre seus recursos de criação está o “fluxo de
consciência”, em que o falar do personagem se
confunde com seu pensamento. Mas todo esse
enfoque intimista não a impediu de dar a sua obra
uma dimensão social, filosófica e existencial.
4-4) a “epifania” significa, na obra de Clarice, um
momento religioso, em que Deus se manifesta
para os personagens.
09. Sobre o panorama literário brasileiro da atualidade,
analise as afirmativas abaixo.
0-0) Valendo-se do tom farsesco em muitas das suas
obras, o teatrólogo Dias Gomes explora aspectos
políticos em suas peças, denunciando o
fanatismo, o reacionarismo e a exploração social.
1-1) Entre as principais obras de Dias Gomes estão O
Pagador de Promessas, O Santo Inquérito, O
Bem-Amado e a novela televisiva Roque Santeiro.
2-2) Em sua poética, o pernambucano João Cabral de
Melo Neto tenta eliminar o subjetivismo da lírica e
dos temas. Como produção teatral, escreveu,
além de Morte e Vida Severina, o Auto do Frade,
cujo personagem central é Frei Caneca.
3-3) Iniciando sua obra sob os princípios estéticos do
concretismo, Ferreira Gullar afastou-se da
vanguarda logo depois, na busca de uma
expressão própria e mais social da poesia.
4-4) A publicação de Poema Sujo foi o que levou
Ferreira Gullar a aproximar-se da realidade
popular. O poema é uma espécie de síntese de
sua visão de mundo: a poesia é “suja” pelo
contato com a realidade.
TEXTO 8
“Detestam e contrariam a língua que estou usando; enfim
uma porção de coisas, às vezes me falam, outras nem
falam, não gostaram do meu Paulicéia Desvairada e se
horrorizaram quando escrevi o Clã do Jabuti e mesmo assim
continuo amigo de todos.”
10. O trecho da carta pessoal transcrito acima é de um
autor sobre o qual pode ser dito que:
0-0) foi acusado de querer criar uma “língua brasileira”,
incompreensão que o indispôs com muitos de
seus amigos.
1-1) foi organizador da Semana de Arte Moderna de
São Paulo, em 1922, quando foram renovadas as
artes em geral, com destaque para a literatura,
pela abolição dos cânones anteriores.
2-2) escreveu o Manifesto Pau-Brasil, criando um novo
grupo dentro do Modernismo. Também fez poesia
e teatro.
3-3) foi um homem plural, exercendo atividades
múltiplas no campo da arte. Escreveu ficção e
poesia, foi pesquisador na área de música e artes
plásticas.
4-4) Macunaíma, sua obra mais conhecida, foi
publicada, em 1928. É uma narrativa em que
utilizou a paródia para reescrever de forma irônica
a história de Iracema.
TEXTO 9
“A obra de Machado de Assis é permeada por uma
convicção: não existe criação sem tradição que a nutra
assim como não existe tradição sem criação que a renove.”
(FSP – Caderno Mais – 01/10/2000)
11. Sobre o escritor citado acima, considere o que foi
afirmado a seguir:
0-0) Iaiá Garcia é considerado o livro intermediário
entre as duas fases (consideradas pela crítica): a
romântica e a realista. Nesse romance, ainda
dominam os traços estilísticos da tradição.
1-1) Memórias Póstumas de Brás Cubas assinala o
ª
início da 2 fase, considerada como o momento de
renovação e criação.
2-2) Entre os motivos que levam Machado a
amadurecer como autor e a mudar sua orientação
está a decisão de romper com as convenções
literárias vigentes e de impor o produto de sua
experiência existencial.
3-3) Nas duas fases estão presentes a tendência à
análise psicológica e um tom satírico, leve a
princípio, mas que se transforma em fina ironia e
pessimismo.
4-4) Enquanto, na primeira fase, suas narrativas têm
uma organização linear, com personagens
superficiais, na segunda, domina a análise
psicológica, com ênfase no pessimismo, fruto de
uma concepção negativa do homem.
TEXTO 10
“Parece que o Regionalismo é uma posição inicial: a daquele
que quer criar a partir da realidade que o cerca.”
(Ariano Suassuna – DP 05/09/2000)
12. A partir da reflexão acima, responda sobre José Lins
do Rego e o Regionalismo.
0-0) O processo construtivo dos romances de José
Lins do Rego obedece a uma linha memorialística
e introspectiva.
1-1) A geração de 30, da qual José Lins do Rego faz
parte, produziu uma ficção que, de certa forma,
retorna ao Realismo, adotando uma visão crítica
das relações sociais.
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2-2) Embora haja romancistas de várias regiões do
país, é o Nordeste que representa melhor o
Regionalismo, com sua temática presa às
estruturas agrárias arcaicas. José Lins do Rego
juntamente com Graciliano Ramos, Jorge Amado
e Rachel de Queirós representam essa fase.
3-3) Foi Menino de Engenho, de 1932, que deu início
ao Ciclo da Cana-de-Açúcar de José Lins do
Rego, seguido de seus Doidinho, Bangüê, Usina,
Fogo Morto e São Bernardo, retratando a zona da
mata nordestina, num período de transição para a
mecanização da lavoura.
4-4) Os romances regionalistas de José Lins do Rego
trazem as marcas da oralidade informal e um
vocabulário regional, que conferem ao texto toque
de realidade.
TEXTO 11
“Nesta cruel masmorra tenebrosa
Ainda estou vendo teus olhos belos
Vejo, Marília, sim, e vejo ainda
as chusmas de cupidos que pendentes
dessa boca linda, nos ares espalham
suspiros ardentes.”
(Tomás Antônio Gonzaga)
TEXTO 12
“E eu vos direi: amai para entendê-las
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas”
(Olavo Bilac)
13. Sobre os dois autores acima, analise as seguintes
alternativas.
0-0) Tomás Antônio Gonzaga (Arcadismo – século
XIII) e Olavo Bilac (Parnasianismo – século XIX e
início do século XX) enquadraram a expressão de
seus sentimentos dentro da preocupação formal.
1-1) Tomás Antônio Gonzaga transformou seu poema
numa manipulação de frases feitas sobre os
encantos da amada, não conferindo vigor poético
a seus versos.
2-2) Olavo Bilac escreveu alguns poemas sobre o
amor físico; neles, “todas as suas emoções eram
metrificadas com exatidão e rimadas com
abundância.”
3-3) Tomás Antônio Gonzaga é o representante do
Arcadismo. O pastoralismo, o racionalismo
neoclássico e a recusa em intensificar a
subjetividade são marcas de sua poesia,
encontradas também na lírica do parnasiano Bilac.
4-4) Marília de Dirceu, única obra lírica de Gonzaga, é
autobiográfica e segue as regras literárias
impostas a um texto de confissão pessoal. O
mesmo acontece com O Caçador de Esmeraldas
de Bilac, frustrada tentativa de poesia lírica e
autobiográfica.
TEXTO 13
“Como escritor, não posso seguir a receita de Hollywood,
segundo a qual é preciso sempre orientar-se pelo limite mais
baixo do entendimento. Portanto, torno a repetir: não do
ponto de vista filológico e sim metafísico, no sertão fala-se a
língua de Göethe, Dostoievski e Flaubert, porque o sertão é
o terreno da eternidade, da solidão [.....] . No sertão, o
homem é o eu que ainda não encontrou um ter; por ali os
anjos e o diabo ainda manuseiam a língua.”
(Depoimento de Guimarães Rosa, em entrevista)
14. No texto acima, Guimarães Rosa fala de sua obra e,
mais precisamente, de sua forma de usar a língua.
Sobre o autor e a obra, podemos afirmar:
0-0) o único romance que escreveu, Grande Sertão:
Veredas, cria um universo denso e fascinante,
pois o sertão de que fala não é só o geográfico,
das Gerais, mas o de toda a existência humana.
1-1) a linguagem utilizada em suas obras abusa dos
neologismos, ressuscita arcaísmos, utiliza raízes
eruditas
e
populares,
africanismos
e
regionalismos,
manifestando,
assim,
um
vocabulário insólito.
2-2) seus livros têm uma linguagem de difícil
compreensão, porque, além de inovar o léxico,
subvertem a semântica e chegam aos limites
permitidos (ou não) pela sintaxe.
3-3) Guimarães Rosa, publicando suas primeiras obras
por volta de 45, diferencia-se da “geração de 30”
fazendo o tema passar para segundo plano. A
elaboração do texto torna-se o elemento central,
porque cria, através da linguagem, um mundo
literário próprio.
4-4) mesmo referindo-se a escritores europeus no
texto, Guimarães Rosa afirma que pretende ser
um escritor preso à realidade próxima, regional.
TEXTO 14
“Mas a alma, em gotas mansas
Chora abismada no luto
Das minhas desesperanças...
E a noite vem, por demais
Erma, úmida e silente
A chuva em pingos glaciais
Cai melancolicamente
E enquanto anoitece, vou
Lendo, sossegado e só
As cartas que meu avô
Escrevia a minha avó.”
TEXTO 15
“Irene preta/ Irene boa
Irene sempre de bom humor
Imagine Irene entrando no céu.
Licença, meu branco!
E São Pedro, bonachão:
- Entra, Irene. Você não precisa pedir licença.”
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15. Com base nos textos acima, ambos de Manuel
Bandeira, é possível afirmar, sobre as tendências
estéticas do autor, que:
0-0) apesar de modernista, Bandeira sofreu, no início
de sua carreira, influências do Simbolismo, do
Parnasianismo e do Arcadismo.
1-1) a primeira estrofe transcrita é de seu livro de
estréia A Cinza das Horas. Bandeira segue o
modelo de
inspiração parnasiana: versos
rimados, metrificados e tratamento sentimental do
tema. Contudo, sua linguagem já demonstra a
tendência para o coloquialismo.
2-2) Irene no céu faz parte de Libertinagem, um dos
seus livros mais definitivamente modernistas.
Aborda temas de conversas cotidianas, adota
versos livres, em tom leve e humorístico.
3-3) foi chamado “São João Batista do Modernismo”,
porque, em muitos aspectos, foi precursor do
movimento, sendo, no princípio, ostensivamente
iconoclasta.
4-4) passada a fase destrutiva do Modernismo, adotou
nos poemas um tom mais brando e intimista. A
solidão e a melancolia são temas constantes,
temperados por um senso de humor permanente.
TEXTO 16
“Aqui não tem mulher nenhuma, tem só o chefe de vocês.
Se eu disser que atire, vocês atiram; se eu disser que morra
é pra morrer. Quem desobedecer paga caro. Tão caro e tão
depressa que não vai ter tempo nem pra se arrepender.”
(Rachel de Queirós – Memorial de Maria Moura)
16. Sobre esta obra e sua autora, pode-se afirmar que:
0-0) Maria Moura é líder de um grupo de jagunços que
luta para conquistar terras no sertão cearense. A
narrativa é contada pela própria protagonista.
1-1) tomar decisões é inerente à protagonista e nada
modifica o que é por ela decidido. Organiza o seu
bando e enfrenta seus primos Tonho e Irineu,
demonstrando um comportamento nada submisso
e fora do padrão comum das mulheres.
2-2) Maria Moura pode ser considerada uma
precursora do feminismo; é uma personagem que
busca igualar-se aos homens, porque acredita ter
os mesmos direitos que eles. As suas falas
servem para comprovar essas convicções
feministas.
3-3) poderíamos definir a estrutura desse romance
como um “mosaico” de narradores, pois são várias
as vozes e os pontos de vista em que a história é
contada.
4-4) em Memorial de Maria Moura, Rachel de Queirós
cria uma expectativa sobre o destino da
protagonista e a contraria; afinal toda a convicção
de Maria Moura se desfaz quando ela se casa e
passa a ser dominada pelo marido.
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