Fontes e bibliografia
Biblioteca Nacional—Bicentenário de Almeida Garrett; investigação de Luís Augusto Costa Dias (www.bn.pt)
PORTO. Biblioteca Pública Municipal - Garrett : jornalista. Porto : Biblioteca Pública Municipal, 1999. 54 p.
VALDEMAR, António - Portugal em selos : 1999. [Lisboa] : CTT - Correios de Portugal, 1999. 79, [1] p.
bmag - secção de leitura geral e periódicos I fevereiro 2007
almeida garrett
vida e obra
biografia
João Baptista da Silva Leitão, a que só depois acresceram os apelidos
com que se notabilizou, nasce a 4 de Fevereiro de 1799 numa casa da
velha zona ribeirinha do Porto. Filho segundo, entre cinco irmãos, de
António Bernardo da Silva e de Ana Augusta de Almeida Leitão, família
burguesa ligada à actividade comercial e proprietária de terras na
região portuense e nas ilhas açorianas. Autorizado a cursar Leis, matriculou-se na Universidade de Coimbra com apenas 17 anos. Ao contacto com os escritores das Luzes acresceu a leitura dos primeiros românticos, enquanto transformava em ardor revolucionário a rápida adesão
às ideias liberais. Se, de início, pouco escreveu, depressa intensificou a
criação literária. O jovem bacharel e liberal maçónico participou com
ardor na revolução vintista, como poeta e dramaturgo, mas também
como dirigente estudantil e orador, por entre actividades clandestinas.
Em precária subsistência, a distanciação de um 1º exílio em 1823, permitiu-lhe melhor reflectir criticamente e actualizar conhecimentos que marcaram a viragem romântica do autor, sem completo abandono
clássico e racionalista. No seguinte e curto período da primeira vigência da Carta, aplicou-se em trabalhos políticos que fixaram as bases de doutrinação liberal por que irá pautar toda a sua posterior carreira
de «homem público». A um 2º exílio (1828), em piores condições que o anterior, seguiu-se a guerra civil,
período em que ao novo rumo do gosto literário junta a pedagogia liberal de uma legalidade constitucional e de uma prática das liberdades, colaborando directamente nos primeiros monumentos legislativos
do liberalismo e iniciando-se na carreira diplomática. A breve ostracismo, com que a nova administração
liberal o relegou para o estrangeiro, seguiu-se o envolvimento no setembrismo, com colaboração na
ordem jurídica demo liberal, e o início da carreira parlamentar, ao mesmo tempo que lançou as bases do
teatro nacional. Com a década cabralista (1841-50) - durante a qual «passou para os bancos da oposição», em que emergiu na liderança da minoria parlamentar, ou foi afastado das actividades públicas coincidiu o auge da sua carreira literária, produzindo as obras-primas que definitivamente o consagraram
e entre as quais não faltam as diatribes contra a nova aristocracia dos barões ou agiotas. Foi visconde,
sem que o título alcançasse desejada segunda vida; chegou a ministro, por cinco meses, vítima de intriga; nomearam-no par de um reino cujo governo rápido criticou até ao fim da vida. Morre, em Lisboa,
vítima de cancro generalizado com origem hepática: «Eram seis horas e vinte e cinco minutos da tarde
de sábado nove de dezembro de mil oitocentos e cinquenta e quatro» (G. Amorim). O corpo é sepultado
a 11 no cemitério dos Prazeres.
I Romanceiro. Porto : Círculo de Leitores, 1997. 368, [2] p.. ISBN 972-1552-0
I Romanceiro. 2ª ed. Lisboa : Estampa, [1988]. 3 v.
I O romanceiro. Lisboa : Domingos Barreira, [196?]. v.
I O retrato de Venus : Estudos de historia litterariafVisconde D'Almeida Garrett. Porto : Casa da Viuva Moré, 1867. 231 p.
I O roubo das sabinas : reprodução facsimilada do manuscrito existente na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, espólio de Garrett. Lisboa : Portugália, 1968. CXX, 161, [6] p.
I O roubo das sabinas : reprodução facsimilada do manuscrito existente na Biblioteca Geral da Universidade de Coimbra, espólio de Garrett. 2ª ed. crítica. Lisboa : Estampa, [D.L. 1979]. 306, [4] p.
I A sobrinha do marquez. Porto : J. Pereira da Silva, 189?. 201, [1] p.
I A sobrinha do marquêz. 2ª ed. Lisboa : Viuva Bertrand e filhos, 1859. 176 p.
I Versos do V. de Almeida-Garrett : Lyrica. Porto : Ernesto Chardron, 1882. v.
I Viagens na minha terra. Porto : Tavares Martins, 1946. XXXI, 455 p.
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I Viagens na minha Terra. Porto : Civilização, imp. 1999. 272 p.
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I Viagens na minha Terra. Porto : Mabreu, 1986. 212 p.
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I Viagens na minha terra. Porto : Lello & Irmão, [197-]. 2 v. (XV, 210, 179 p.)
I O toucador : periódico sem política. Lisboa : Vega, 1993. 127, [3] p., [3] f.
I AFONSO, João - Garrett e a ilha Terceira. Angra do Heroísmo : Câmara Municipal, 1954. 91 p.
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I BESSA, Alberto - Quem foi Almeida Garrett : traços principaes da sua biographia. Ed. especial. Lisboa : Casa Portugueza, 1903.
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I BRASIL, Reis, pseud. - A mensagem de Garrett : (análise psicológica da personalidade do grande romântico). Tomar, 1967. 77 p.
I CLUBE FENIANOS PORTUENSES - Homenagem a Garrett. Porto : CFP, 1954. [16] p.
I DELGADO, Isabel Lopes - Para uma leitura de «Frei Luís de Sousa» de Almeida Garrett. Lisboa : Presença, 1998. 69 p..
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I DIAS, Ana Paula - Para uma leitura de Camões, dona branca e romanceiro de Almeida Garrett. Lisboa : Presença, 1999. 115 p.
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I LAMAS, Estela Ribeiro ; VAZ, Isabel do Amaral - Proposta de leitura de folhas caídas de Almeida Garrett. Porto : Asa, 1991. 78 p.
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I RIBEIRO, António Lopes - Frei de Luís de Sousa [Registo vídeo]. Lisboa : Lusomundo, 1987. 1 cassete vídeo (VHS) (ca 118 min.)
I SARAIVA, Arnaldo, compil. - Poemas com sentido português : antologia breve. Porto : Câmara Municipal, 2001. [27] p.
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I SOARES, Maria Almira - Para uma leitura de folhas caídas de Almeida Garrett : em busca da poesia romântica. Lisboa : Presença, 1999. 162, [2] p.
cronologia
1799 – Nascimento no Porto (família burguesa, abastada e tradiciosão francesa. Aí recebe de um tio, bispo de Angra do Heroísmo( D.
clássica. 1816 – Matricula-se no curso de Direito em Coimbra. Adere
1820 – Escreve a tragédia Catão, representada em Lisboa no ano
Retrato de Vénus, que lhe valeu um processo judicial e um julgamenInglaterra, onde contacta com a literatura romântica (Byron e Walter
dente. 1825 – Publica em Paris Camões. 1826/27 – Publica ainda em
Constitucional, dedicando-se ao jornalismo político; prisão no limoeiro
Inglaterra devido à aclamação de D. Miguel. 1830 – Inicia a compiladelo e participa no cerco do Porto, escrevendo aí a primeira pare do Arco de Santana. Colaem Bruxelas. Estuda a língua e a literatura alemãs (Herder, Schiller e Goethe). 1836 –
Manuel encarrega-o de reorganizar o teatro nacional, nomeando-o inspector dos teatros.
demissão de Passos Manuel. Apaixona-se por Adelaide Deville, que morrerá em 1841 e de
moderadas e acusa o sectarismo partidário). Funda e é redactor principal de O Entreacto,
Publica O Alfageme de Santarém. 1842 – Costa Cabral instaura um governo de ditadura,
Alfageme de Santarém. 1843 – Escreve o drama Frei Luís de Sousa que será publicado no
na Minha Terra, que publica em folhetins na
de Santana e a colectânea de poemas Flores
sa da Luz. 1846 – É publicado em dois volumes o
no Dafundo. 1850 – É representado no Teatro
Marquês. 1851 – É nomeado ministro dos Negótítulo de Visconde e Par do reino. Conclui a comtânea poética que causou escândalo na época.
do. 1854 – Trabalha na comédia O Conde de
Dezembro em Lisboa.
nalista). 1809 – Parte para a ilha Terceira por causa da 2ª invaFrei Alexandre da Sagrada Família), uma educação religiosa e
às ideias liberais e começa a escrever algumas peças de teatro.
seguinte. 1821 – Já formado, casa com Luísa Midosi e publica o
to de que foi absolvido. 1823 – Com a Vila-Francada, exila-se em
Scott).1824 – Parte para o Havre, em França, como corresponParis D. Branca. Regressa a Portugal após a outorga da Carta
por processo movido a O Português. 1828 – Exila-se de novo em
ção do Romanceiro. 1832 – Integra-se no exército liberal de D. Pedro IV, desembarca no Minbora em vários jornais. 1834 – Após a guerra civil, Almeida Garrett é nomeado cônsul geral
Regressa a Portugal e separa-se de Luísa Midosi, que em Bruxelas o teria traído. Passos
Dirige O Português Constitucional. 1837/1838 – Perde o cargo de inspector dos teatros por
quem terá uma filha, Maria Adelaide. Inicia a carreira parlamentar (defende posições políticas
jornal de teatros. Publica Um Auto de Gil Vicente. 1841 –
contra o qual Garrett luta na oposição parlamentar. Publica O
ano seguinte. Começa também a escrever o romance Viagens
Revista Universal Lisbonense. 1845 – Publica o romance Arco
sem Fruto. Inicia-se a paixão por Rosa Montufar, a Viscondesromance Viagens na Minha Terra. 1847 – Publica O noivado
Nacional o drama Frei Luís de Sousa. Publica A Sobrinha do
cios Estrangeiros (e pouco após demitido do lugar) e recebe o
pilação do Romanceiro. 1853 – Publica Folhas Caídas, colecInicia a composição de Helena, romance que deixa inacabaNovion, em que Gomes de Amorim colabora. Morre a 9 de
Casa onde Garrett adoeceu, na rua Junqueira em Lisboa I Caricatura dos amores de Garrett e da Viscondessa da Luz I Alegoria ao exílio de Garrett, de Domingos Sequeira.
obras de garrett na bmag
I GARRETT, A. Almeida - Adosinda ; Romances reconstruídos. Lisboa : Empreza da Historia de Portugal, 1904. 204, [1] p.
I Alfageme de Santarém ; D. Filipa de Vilhena. Porto : Lello & Irmão, [19??]. 250 p.
I O arco de Sant'Ana. Porto : Civilização, imp. 1999. 222 p.. ISBN 972-26-1628-5
I O arco de Sant'Ana : crónica portuense. Porto : Porto Editora, D.L. 1990. 292 p.
I O arco de Sant'Ana : crónica portuense : manuscrito achado no convento dos Grilos do Porto por um soldado do
I Corpo Académico. 2ª ed. Mem Martins : Europa-América, D.L. 1990. 210, [8] p.. ISBN 972-1-00153-8
I Um auto de Gil Vicente. Porto : Porto Editora, 1995. 124, [3] p.
I Um auto de Gil Vicente [de] Almeida Garrett. Lisboa : Replicação, 1996. 207 p.
I Camões. 8ª ed. Lisboa : Imprensa Nacional, 1886. 271 p.
I Camões de Almeida Garrett. Lisboa : Editorial Comunicação, 1986. 278, [5] p.
I Camões. Lisboa : Livros Horizonte, 1973. 255 p.
I Catão. 3ª ed. Lisboa : Typographia de José Baptista Morando, 1840. 253 p.
I D. Branca. Lisboa : Empreza da Historia de Portugal, 1904. 151, [3] p.
I Dona Branca. Porto : Lello & Irmão, [197-]. 232 p.
I Doutrinação liberal. Lisboa : Alfa, cop. 1990 (D.L. 1991). 163, [3] p.
I Doutrinas de estética literária. Lisboa : [s.n.], 1938. 116, [2] p.
I Escriptos diversos. Lisboa : Imprensa Nacional, 1877. 329, [1] p.
I Falar verdade a mentir. [Lisboa] : Colibri, D.L. 2001. 71 p.. ISBN 972-772-129-X
I Flores sem fructo. 3ª ed. Lisboa : Imprensa Nacional, 1874. 237 p.
I Flores sem fruto e folhas caídas de Almeida Garrett. 6ª ed. Lisboa : Editorial Comunicação, 1994. 127, [3] p..
I Folhas caídas. Mem Martins : Europa-América, 1997. 104 p.. ISBN 972-1-04313-3
I Frei Luís de Sousa. 8ª ed. Mem Martins : Europa-América, D.L. 1995. 146, [1] p.. ISBN 972-1-00927-X
I Frei Luís de Sousa. Mem Martins : Europa-América, 1997. 143, [1] p.. ISBN 972-1-04295-1
I Frei Luís de Sousa. Porto : Civilização, 1997. 99, [3] p.. ISBN 972-575-220-1
I Frei Luís de Sousa. Porto : Campo das Letras, 1999. 189 p..
I Frei Luís de Sousa. Porto : Livraria Tavares Martins, 196598. 241, [1] p.
I O "Impromptu" de Cintra. Lisboa : Guimarães, Libanio, [1899]. 15 p.
I Joaninha dos olhos verdes. Lisboa : Inquérito, 1940. 2 v.
I Memórias biographicas. Lisboa : Empreza da Historia de Portugal, 1904. 176, [2] p.
I Merope ; Gil Vicente. 4ª ed. Lisboa : Empreza da História de Portugal, 1900. 309, [1] p.
I Miragaia. Lisboa : O Mundo do Livro, 1954. 34, [1] p.
I Narrativas e lendas : com reproduções facsimiladas de manuscritos existentes na Biblioteca Geral da Universidade de
Coimbra. Ed. crítica. Lisboa : Estampa, imp. 1979. 218, [3] p.
I A nau catrineta : romanceiro. Lisboa : Rolim, D.L. 1983. 16 p.
I Obra política : escritos do vintismo 1820-23. Lisboa : Estampa, imp. 1985. 354 p.
I Obra política : doutrinação da sociedade liberal (1824-27). Lisboa : Estampa, 1991. 561, [2] p..
I Obra política : doutrinação da sociedade liberal (1827). [Lisboa] : Estampa, 1992. 284 p..
I Obras posthumas. Lisboa : Livraria Moderna, 1914. 2 v.
I Poesia e Teatro. Porto : Figueirinhas, 1944. 207 p.
I Poesias dispersas. Lisboa : Estampa, imp. 1985. 337 p.
I A Ponte da Arrábida e o Porto de amanhã. Porto, 1950. 14 p.
I Portugal na balança da Europa. 2ª ed. Porto : Casa da Viuva Moré, 1867. 346 p.
I Portugal na balança da Europa : do que tem sido e do que ora lhe convém ser na nova ordem de coisas do mundo civilizado. Lisboa : Livros Horizonte, [198-?]. 221, [2] p.
história
Garrett viveu a transição do século XVIII para o século XIX, a viragem do Portugal velho para o
Portugal novo sob a égide da revolução francesa. Garrett foi protagonista e espectador de
acontecimentos fundamentais na cultura, na política e na sociedade portuguesas. Antes da
revolução de 1820, que saudou com entusiasmo, já se distinguira como paladino das ideias
liberais. Dentro e fora do país, combateu o absolutismo, participando na luta e na resistência.
O exílio, o desempenho de funções diplomáticas e outras actividades obrigaram-no a residir
alguns anos em Inglaterra, na França e na Bélgica. Foi um dos colaboradores de Mouzinho da
Silveira na redacção e elaboração de tão polémica legislação, mas decisiva para nos inserirmos na Europa: os decretos para a reorganização das
finanças públicas, da justiça e da divisão administrativa que
modificaram o sistema
governativo. Colaborou com Passos Manuel, no período em
que este impulsionou a criação da
Academia de Belas-Artes
de Lisboa e do Porto. Pertencelhe uma das primeiras leis
portuguesas para a definição da
propriedade literária e do
direito de autor, instrumento jurídico essencial para a dignificação e independência da criação
intelectual. “A ciência, a
arte de governar, que hoje chamamos política, teve por
aliadas íntimas e indispensáveis
as letras e as artes; é
impotente sem elas, são repugnantes e odiosos os seus
esforços quando os não acompanham e suavizam aquelas”.
Em Garrett o intelectual e o político eram partes do mesmo
todo, daí participarem na mesma
afirmação de cidadania. Sem ter escrito memórias, Garrett confiou-as ao seu biógrafo e amigo
Gomes de Amorim. Também se encontram em sucessivos capítulos das Viagens na minha
terra. Ali registou reminiscências dos principais acontecimentos da primeira metade do século
XIX: as invasões francesas, as lutas liberais, os traumas do exílio, as consequências da
máquina a vapor, a construção de estradas macadamizadas, os preparativos para o caminho
de ferro , cujo primeiro troço, de Lisboa ao Carregado , seria inaugurado em 1856, dois anos
após a sua morte.
Passos Manuel, Garrett, Herculano e José Estêvão, pintura de Columbano
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