Capítulo II A QUESTÃO DO SANEAMENTO ENQUANTO PARÂMETRO URBANÍSTICO 2.1 - As cidades e a peste O saneamento sempre esteve presente na história da humanidade. Segundo Glaucia Müller (2002, p.18), na China e Egito, por exemplo, já podiam ser encontradas grandes obras de infra-estrutura como as de adução de águas para irrigação de terras cultiváveis. Já na Grécia, as cidades eram abastecidas de água através de diques e canais. No entanto, com o desenvolvimento acelerado das cidades na Idade Média, os investimentos relacionados a questões sanitárias não acompanharam o aumento da população, sendo um dos fatores para o surgimento de constantes epidemias. 60 Práticas sanitárias eram adotadas pelas autoridades para conter a penetração da peste em algumas regiões. O cordão sanitário, por exemplo, estendia-se de um quarteirão às fronteiras nacionais. A vigilância e o controle, quase sempre eram garantidos pela força militar (Figura 34). (...) o cordão sanitário, enquanto estratégia de confinamento fazia de cada moradia uma prisão, a prisão domiciliar. A eficácia, muitas vezes aparente do cordão ou da quarentena – práticas sempre associadas – faz com que até hoje, elas sejam acionadas pelos serviços sanitários no caso de uma ameaça epidêmica. De qualquer modo, o cordão sanitário, como outras medidas de controle de epidemias, reafirmava o poder do governo da cidade, que a peste ameaçava aniquilar, tal qual fazia com um número crescente de seus habitantes (ANDRADE, 1992, p.11). Outras técnicas eram usadas para afastar a indesejável peste da cidade, como quarentena, fogueiras aromáticas, lavagens de cal branca, rituais nas Figura 34 - Quadro “Death’s Dispensary” pintado por George John Pinwell. Publicado em uma revista inglesa durante a epidemia de cólera, em 1866. Fonte: WOOTTON, 2006, p. 197 igrejas, entre outros. No entanto o recurso mais usado pelos moradores era a fuga para outras cidades ou para 61 propriedades rurais. Muitas vezes esses fugitivos não eram aceitos em outras cidades, fazendo com que perambulassem em busca de algum abrigo. A violência do mal era tal que não se sabia mais o que fazer e perdia-se todo o respeito pelo que é divino e respeitável. (...) Ninguém era contido nem pela crença dos deuses nem pelas leis humanas; (...) antes de sofrer, valia mais aproveitar da vida alguma alegria (CANNETTI, 1996, p.289 apud ANDRADE, 1992, p.13). A medicina pouco sabia como lidar com as epidemias, pois apesar de serem contagiantes, nem todos que tinham contato com as pessoas infectadas ficavam doentes. A ação da moléstia não possuía regras e aparecia de maneira imprevisível. Algumas pessoas infectadas conseguiam se curar, outras faleciam em pouco tempo. (...) a peste é urbana por excelência. Não apenas porque dissemina-se pelo contágio promovido pelas aglomerações urbanas, mas também porque segue as trilhas da circulação dos homens, apoiando-se em 62 redes de cidades, atravessando fronteiras, desembarcando em portos. Mas ao afirmar sua natureza urbana, a peste também a nega, por negar toda e qualquer forma de sociabilidade (ANDRADE, 1992, p.15). Entretanto, as constantes epidemias fizeram com que médicos e autoridades municipais se preocupassem com as condições de vida da população, tentando criar uma cidade mais salubre. O autor Andrade (1992, p.15) acredita ter sido o século XIX, o século da higiene para o mundo europeu, pois diversas ações médicas se desenvolveram, fomentando estudos sobre a ressonância do meio sobre as pessoas, o chamado higienismo. [sobre as ações médicas] alterou hábitos arraigados, redesenhando radicalmente a cidade e construindo uma nova cultura técnica, a difusão do higienismo implicou em enormes rupturas nas formas de sociabilidade urbana que vigoravam até a Revolução Francesa. Assim o movimento higienista do século XIX foi, sobretudo, um movimento de reforma da vida cotidiana (ANDRADE, 1992, p. 17). 63 As ações higienistas baseavam-se na “teoria dos meios”, criada por Hipócrates, em ar, águas e lugares (ANDRADE, 1992, p. 19), onde “traçou os contornos da higiene pública em relação à escolha dos lugares e ao planejamento das cidades” (TOMÁS, Eliane D, 1996, p.10 apud MÜLLER, 2002, p.19). Hipócrates releva o caráter holístico de sua teoria, ressaltando a importância da astronomia para a medicina e indicando que as condições mesólogicas devem, ao determinar as especificidades de uma certa localidade, levar em conta a totalidade de seus aspectos, dos mais próximos, como o clima e o solo locais, ao mais abrangentes, como os astronômicos (ANDRADE, 1992, p.19). A “teoria dos meios”, que passou a ser denominada assim somente no século XIX, estabelecia uma relação com características do meio físico sobre as condições de saúde, os aspectos físicos e os costumes dos habitantes de certa localidade. Outra concepção da teoria foi tratada pelo arquiteto romano Marco Lucio Vitruvio, em sua obra “Os Dez Livros de Arquitetura”, em que ele afirma: 64 a medicina é necessária ao arquiteto para conhecer quais são os aspectos do céu, que os gregos chamam “clima”, as condições do ar em cada lugar; que paragens são nocivas, e quais são saudáveis, e que propriedade têm suas águas, porque sem o conhecimento dessas circunstâncias não é possível construir edifícios sãos (ANDRADE, 1992, p. 20 apud VITRUVIO, 1986, p.17). No capítulo III da sua principal obra, Vitruvio expõe critérios de escolha de locais saudáveis e aconselha a evitar cidades edificadas nos pântanos se possuírem águas dormentes que não tem saída nem por rios nem por canais, pois ficam estagnadas, corrompendo e infectando o ar. Outro discurso que influenciou a ação dos higienistas na modificação do espaço urbano foi a “teoria dos fluidos”, ou dos miasmas. Os estudiosos da Europa do século XIX acreditavam que as febres e outras doenças tinham origem nas emanações dos gases produzidos pela matéria animal e vegetal em putrefação e pelas águas estagnadas (MÜLLER, 2002, p.20). Para os higienistas as águas das cidades 65 deveriam fluir através de canalizações, impediam, assim, sua ação destrutiva no caso de enchentes. O movimento higienista, desde seu início, no fim do século XVIII, “insistirá sobre os males advindos da estagnação de todo o tipo – de água, lixo e homens desse modo fará da circulação a palavra de ordem que formará a engenharia sanitária” (ANDRADE, 1992, p.26). Se a água deve circular de maneira salubre que faça desaparecer suas qualidades mórbidas. É preciso ordenar seu curso por canais e esgotos. Se o ar, cuja qualidade também depende encontra-se bloqueado da boa circulação, na cidade por acidentes naturais e artificiais, tornando-se então veículo de moléstias, é necessário não só destruir morros e matas que impeçam a ventilação e sanear pântanos produtores de miasmas, como também expulsar do centro da cidade matadouros, fábricas e hospitais, e impedir o sepultamento no interior das igrejas (BRITO, 1943, vol XXII, p. 43). 66 O ideário sanitarista acarretava uma reordenação total dos espaços e um processo de “embelezamento da cidade”. A Intendência Municipal, mais particularmente propunham os intervenções Intendentes ditando nova da Higiene, estética e racionalidade urbana. Os focos principais de ação dos “homens da ciência” (LIMA, 2000, p. 69): médicos, engenheiros e arquitetos que, baseados nas teorias científicas da época, eram principalmente áreas críticas, como os lixões e charco, que se localizavam em locais nobres e centrais das cidades. No Brasil, como pequeno atraso em relação aos países europeus, um dos mais importantes colaboradores da questão urbana, da “higienização”, visando saúde e bem estar da população, foi Francisco Saturnino de Brito. O trabalho do engenheiro foi pioneiro no país, levando em conta as características específicas de cada localidade e marcado pela racionalidade, técnica e economia, buscando sempre modernizar e embelezar as cidades brasileiras herdadas do período colonial e imperial. 67 Preconizando um urbanismo de cunho sanitarista, mas sem desconsiderar a dimensão estética da cidade, Brito foi, talvez, o principal responsável pela introdução e difusão urbanística, enquanto uma disciplina autônoma, no Brasil (ANDRADE, 1992, p.4). Saturnino de Brito, na condição de Chefe do Distrito da Comissão Sanitária do Estado de São Paulo, fará propostas inovadoras sobre as redes de esgoto, distribuição de água potável e a limpeza das áreas públicas, no final do século XIX, afastando as ameaças de epidemia, além de melhorar o bem estar da população campineira. 68 2.2 - A epidemia de febre amarela em Campinas Em meados do século XIX em Campinas, a região passou modernização por com um a processo consolidação intenso do de complexo cafeeiro, abrangendo o transporte, serviços, comércio e inúmeras atividades correlatas. Porém, as condições de higiene eram precárias, agravando a disseminação de surtos epidêmicos (Figura 35). A salubridade nas ruas e praças, no período imperial em Campinas, era angustiante. Carroças removiam, diariamente, os lixos e dejetos dos bairros, sem o menor cuidado. O mau cheiro era constante, principalmente na época de calor. As autoridades Figura 35 - Vista parcial de Campinas, 1880. Fotógrafo: Nickelsen Julius Fonte: Acervo MIS municipais impuseram diversas normas a todos os moradores, que deviam ser observadas nos colégios, nas casas de banho, nos hotéis, nas prisões, nos quartéis, nas habitações coletivas, asilos, estalagens, nos cortiços, entre outros. 69 As novas noções de medicina e higiene iam contra as tradições que remontavam à Idade Média e que perdura até hoje em alguns países. O banho, por exemplo, foi aconselhado pelo Dr. Blach, “um dos mais distinctos médicos de Londres” a ser tomado uma vez por semana. Segundo ele “os banhos devem ter a mesma temperatura do corpo. O banho abre os poros e faz com que se desprendem matérias inúteis e gastos” (LAPA, 1996, p.187). As plantas das casas passaram a ter um compartimento específico para as latrinas e um local separado para o banho, que aos poucos foram admitidos como prática cotidiana. conhecemos atualmente, são Os banheiros, que incorporados às residências juntamente com a instalação dos serviços de água e esgoto na cidade. Começa-se a valorizar, ou melhor, utilizar devidamente o toilette, pouco a pouco, mais uma vez, das classes mais ricas às mais pobres; a latrina, a casinha, privada, antes localizadas nos fundos dos quintais, começam a se aproximar da residência, acoplando-se às cozinhas, compondo uma única área que deve possuir tubulação 70 de esgotos, pisos e paredes laváveis e abastecimento de água localizado (BATTISTONI FILHO, 2002, p.37). A população apresentava-se relutante à nova ordem social que se implantava. Era necessário “mudança de costumes seculares, gastos permanentes e interação entre o público e o privado” (LAPA, 1996, p.184). A imprensa colocou-se a serviço da higienização da cidade, vigiando irregularidades e também denunciando quem desrespeitasse as normas (Figura 36). Anúncios como este eram freqüentes: Pedimos encarecidamente a todas as pessoas que se interessam pela saúde pública, a trazer ao nosso Figura 36 - Charge sobre a febre amarela, São Paulo, SP, 1896 Reprodução da Revista Bohemia. Fonte: Lapa, 1996, p.264 conhecimento nesta redação qualquer falta de asseio de quem quer que seja, e qualquer violação das medidas e disposições higiênicas por parte das pessoas menos escrupulosas. Rogamos mais que não façam comunicações anônimas como temos recebido (MENDES, J. C., “Historia de Campinas”, Correio Popular, Campinas 31.10.1968, Suplemento – apud de LAPA, 1996, p.184). 71 Entretanto, em 1870, a intendência municipal precisou tomar medidas emergenciais devido a uma grave manifestação de varíola. A arquiteta Siomara Lima, explica que A deficiência da limpeza pública era apontada como uma das principais fontes de moléstias, sendo o primeiro problema a ser enfrentado pelas autoridades. Resoluções da Câmara Municipal e orientações do Código de Posturas obrigavam a população a manter limpas as ruas e remover o lixo para os locais determinados (LIMA, 2000, p. 10). O Código de Posturas de 1872 determinou que os moradores levassem os lixos para pontos localizados em áreas muito próximas do centro da cidade, porém a prefeitura não conseguia recolher todo lixo e essas áreas ficavam abandonadas, contribuindo para o alastramento de doença e incomodando a população que residia próxima a essas áreas. Outro fator importante para as questões sanitárias era o abastecimento de água através dos córregos e nascentes da cidade. Após indicação da 72 Câmara Municipal, 1873, foram colocados três chafarizes, nos Largos do Teatro, Rosário (Figura 37) e Matriz Velha e mais duas torneiras em pontos da região central. Essa medida colaborou para o saneamento e drenagem das regiões alagadiças, pois os chafarizes aproveitavam as águas nascentes no Bairro Alto, no largo do Tanquinho, e desciam por canaletas de pedra na Rua Direita (atual Rua Barão de Jaguara) até o principal ponto central da cidade, o Largo da Matriz Velha. No entanto, a deficiência na limpeza pública e do abastecimento de água, propiciou que epidemias de febre amarela se alastrassem sobre a cidade a partir de Figura 37 – Chafariz no Largo do Rosário. Fonte: RIBEIRO, 2006, p.127 1889 e por toda a década de 90, interrompendo o processo de modernização. E foram ao todo três grandes surtos consecutivos da epidemia, dizimando a população e produzindo um êxodo da cidade para o campo ou regiões próximas. Esta (a epidemia de febre amarela) grassou em Campinas devido ao mosquito transmissor o Stegonia fasciata. A cidade, na ocasião da epidemia, em 1889, contava com 22.000 habitantes e depois de sete anos 73 de epidemia, ficou reduzida a 5.000. O pânico tomou conta de todos, muitos fugiram para outras localidades (BATTISTONI FILHO, 2004, p.46). A atuação da Intendência Municipal eliminou as cocheiras da área central da cidade e a Cia Campineira de Águas e Esgotos, fundada em 1887, passou a fornecer, em 1891, água tratada captada nos riachos Iguatemi e Bom Jardim, na Vila da Rocinha (atual cidade de Vinhedo, a 18 quilômetros da cidade). No antigo prédio do Mercado Grande foi instalado o Desinfetório Central (Figura 38), com estufas, incineradores, secção de profilaxia, departamento de medicamento, baias para animais de serviço, depósitos de carros de médicos e de transporte de funcionários, doentes e cadáveres. Posteriormente foi feito “o saneamento global abrangendo drenagem Figura 38 - Desinfetório Central. Campinas, entre 1896 e 1906, Julio Nickelsen Fonte: RIBEIRO, 2006, p. 34 para o centro histórico da cidade, reforço de capitação de água dos riachos de Vinhedo, racionalização da distribuição de água tratada com a introdução da técnica dos hidrômetros, e finalmente, um intenso programa público de pavimentação em granito do antigo rossio” (SANTOS, 2002, p.185). 74 A lei no 43 de 1895 constituiu o primeiro código da cidade do município, estabelecendo normas para as edificações no perímetro urbano, evitando o agravamento das condições de insalubridade. Definiu dimensões mínimas para os recuos, áreas de iluminação e ventilação, cômodos e janelas e altura dos pavimentos e dos pisos assoalhados. Definiu também a espessura das paredes e determinou seus revestimentos. Proibiu ainda a construção em terrenos alagadiços e pantanosos. Exigiu ligação de esgotos e captação de águas pluviais, mantendo normas anteriores que determinavam a aprovação prévia de todas as plantas pelo engenheiro municipal (BADARÓ, 1996, p.80). Equipes médicas vindas de São Paulo e Rio de Janeiro tentaram socorrer os vitimados, mas a situação só melhorou em 1896, com a criação da Comissão de Saneamento do Estado, que, através da Intendência de Obras Municipais, definiu a construção de um conjunto de obras de drenagem e saneamento básico. A comissão era composta por estado e município e tinha como chefes do distrito Saturnino de Brito e o também 75 engenheiro Alfredo Lisboa. Entre os anos de 1896 e DATA LOCAL ATIVIDADE 1887 -92 1893 1894 1894 -95 Minas Gerais, Pernambuco e Ceará Piracicaba – SP Distrito Federal e Rio de Janeiro Belo Horizonte - MG 1896 Vitória – ES Traçado e construção de ferrovias Levantamento planta topográfica da cidade Elaboração de Carta Cadastral Chefe da Seção de abastecimento d´água na Comissão Construtora da Capital Projeto de arruamento, saneamento e melhoramentos do “Novo Arrabalde” 1896 -97 Campinas, Ribeirão Preto, Limeira, Sorocaba, Amparo – SP 1898 1899 1900 1902 -03 1905 1905 1905 -09 1909 1909 1909 -15 1913 1913 1913 1915 1918 1919 Petrópolis – RJ Paraíba do Sul - RJ Itaocara - RJ Campos – RJ São Paulo – SP Niterói - RJ Santos –SP Rio Grande – RS São João da Boa Vista – SP Recife – PE São Paulo João Pessoa - PB Pelotas – RS; Belém - PA Juiz de Fora – MG Santa Maria – RS Cachoeira, Cruz Alta, Passo Fundo, Rosário - RS Santana do Livramento - RS Iraí – RS Curitiba - PR Distrito Federal e Rio de Janeiro São Leopoldo – RS; Uberaba – MG; Lagoa Rodrigues de Freitas - RJ 1920 1920 1921 1921 1922 Proj. de saneamento como Engenheiro – Chefe na Comissão de Saneamento do estado de São Paulo Projeto de Saneamento Projeto de Saneamento Projeto de Saneamento Projeto de Saneamento Estudos para abastecimentos d`água Parecer sobre plano de execução de esgotos Plano de extensão e de saneamento Projeto de Saneamento Parecer sobre sistema de esgoto Projeto de Saneamento Parecer sobre abastecimento d´água Projeto de Saneamento Parecer sobre sistema de esgoto Estudos preliminares para o saneamento Projeto de Saneamento Projeto de Saneamento Projeto de Saneamento Parecer de Saneamento Projeto de Saneamento Projeto de proteção da Praia de Copacaba Projeto de Saneamento 1923 Uruguaiana e São Gabriel - RS; Aracaju - SE Projeto de Saneamento 1924 1924 1924 -25 1924 -29 1926 -28 1927 1927 1927 1928 1928 Paraíba do Norte Iraí – RS São Paulo Campos – RJ Pelotas – RS Teófilo Otoni – MG; Alegrete – RS Manguinhos – RJ Rio Trapicheiro - RJ Poços de Caldas – MG Salvador – BA Projeto ampliação do abastecimento d´água Projeto de Saneamento Projeto de Melhoramento do Rio Tietê Projeto de defesa contra inundações Projeto de Saneamento Projeto de Saneamento Parecer sobre melhoramentos da Baixada Parecer sobre canalização Projeto de Saneamento Projeto de abastecimento d´água Fonte: ANDRADE, 1992, p.103 1897, o município executou um conjunto de obras anteriormente projetadas, entre elas a canalização em três cursos d’água, a criação de parques lineares ao longo de avenidas, a recomendação de uso de hidrômetros, entre outras. Francisco Saturnino de Brito nasceu em Campos dos Goytacases, no estado do Rio de Janeiro, em 1864. Formou-se em engenharia civil em 1886 pela escola Politécnica do Rio de Janeiro e, no ano seguinte, iniciou a elaboração do traçado e construção de ferrovias (Estrada de Ferro Tamandaré e Estrada de Ferro Baturité), o que o ajudou na familiarização com levantamentos topográficos. Em 1893, a pedido do Presidente da Câmara Municipal de Piracicaba, Sr. Luiz de Moraes Barros, fez o levantamento da cidade, visando o estudo da rede de esgoto, iniciando, assim, seus trabalhos como engenheiro sanitarista. O saneamento engenheiro e aplicou embelezamento suas em idéias 53 de cidades brasileiras, como mostra o quadro ao lado, em uma época em que no país “não existiam linhas comerciais 76 de aviões e as comunicações eram difíceis. Seus esforços foram imensos para dar cabo a todos os seus trabalhos” (LEME, 1999, p.455). Além de atividades práticas, o engenheiro publicou diversos trabalhos que são usados como referência até os dias de hoje. Faleceu em março de 1929. Em Campinas, os moradores ainda se recuperavam dos surtos consecutivos de febre amarela, quando o engenheiro foi chamado para fazer o parecer das condições das redes de esgoto, distribuição de água potável e a limpeza das áreas públicas. Brito ingressou na recém criada Comissão de Saneamento do Estado de São Paulo, em 1896, sendo nomeado chefe do 2º Distrito, cuja sede era a própria cidade. Será na cidade de Campinas, entre os anos de 1896 e 1898, que o engenheiro alcança seu amadurecimento profissional, que culminará com as obras que realiza para a cidade de Santos, entre 1904 e 1910 (ANDRADE, 2002, p. 11). 77 2.2.1 – A presença de Saturnino de Brito na cidade de Campinas A situação de insalubridade da cidade de Campinas acarretou devida a vários surtos consecutivos de febre amarela, em 1890, 1892 e 1896, dizimando boa parte dos moradores e produzindo uma migração da população para o campo ou cidades vizinhas. O engenheiro Saturnino de Brito (Figura 398), na época chefe do 2º Distrito da Comissão de Saneamento do Estado de São Paulo, foi chamado para fazer um parecer da situação do sistema de saneamento da cidade. A comissão instalou-se em Campinas a 6 de agosto de 1896, em prédio cedido pela municipalidade, o antigo Mercado Grande que foi adaptado para Desinfetório Municipal Logo que chegou a cidade, Brito iniciou uma análise minuciosa de obras, projetos e orçamentos que estavam em andamento. Verificou, também, as condições das redes de esgoto, distribuição de água Figura 39 – Saturnino de Brito Fonte: www.istitutohistoriador.blogspot.br potável e a limpeza e aspectos das ruas e praças. 78 Seus melhoramentos concentraram-se mais especificamente nas obras de saneamento, tendo apenas a correção que faz no projeto de drenagem que já vinha modificação sendo executado, significativa da implicando paisagem em urbana (ANDRADE, 2002, p.13) O engenheiro propôs modificações nas obras de drenagem dos ribeirões e córregos, nas canalizações e construções de galerias de águas pluviais que estavam em andamento. Propôs também a revisão de contratos com empreiteiros, alterando custos e prazos. Uma de suas intervenções foi a de reforçar a captação d’água dos Ribeirões Iguatemi e Bom Jardim, elevando a cota do ponto de captação, chegando até a cabeceira do São Bento, melhorando assim a qualidade da água e aproveitando a capacidade da adutora existente, sempre tendo em vista “a impossibilidade de despesas extraordinárias”. A elevação da captação, de maneira a reunir as águas à cota 140m, além do inestimável proveito de colhê-Ias incomparavelmente mais puras e frescas que as que 79 abastecem presentemente a cidade, traz a ponderosa vantagem de melhor se aproveitar a capacidade da atual linha adutora (...) (BRITO, 1943, vol IV, p. 151). Sugeriu a formação de novas represas cercadas e arborizadas em uma faixa de 50 a 100 metros. Propôs a implantação de caixa de decantação; saneamento dos cursos nos trechos embrejados empregando manilha; a criação de novos reservatórios permitindo lavagens freqüentes e a desapropriação de área com intuito de proteger os mananciais. Sobre a rede de distribuição de água da época, o engenheiro citou que havia “consideráveis perdas pelas fugas e pelos lastimáveis abusos de deixar abertas as torneiras, o que sempre tem lugar quando o consumidor não é interessado na economia da água”. Para sanar o desperdício Brito propôs reformar as bases de fornecimento e introduzir os hidrômetros. Cobrar um preço mínimo pelo fornecimento de água, de acordo com o número aproximado de moradores, e elevar o preço conforme o valor da propriedade. 80 Pensou, aumentar também, no caso consideravelmente, da sendo população necessário estabelecer as bases para o desenvolvimento do abastecimento. Atualmente, o processo de expansão das cidades não considera a fragilidade do ecossistema, evidenciando seu caráter predominantemente quantitativo, em detrimento do aspecto qualidade (ROGERS, 2001). Com relação ao esgoto, Saturnino de Brito fez o seguinte parecer, reiterando sua preocupação com as futuras avenidas que provavelmente margeariam os ribeirões canalizados da cidade: Desconhece esta Comissão os detalhes da atual rede de esgotos e não pode portanto avaliar a sua suficiência nem sugerir proveitosos melhoramentos. Atendendo a forte declividade de que se dispõem em geral é de supor que tenha havido sempre um funcionamento regular dos esgotos observando apenas que alguns tampões tem saltado por ocasião de fortes chuvas. No entanto havendo a Comissão Sanitária mui judiciosamente determinado a cimentação das áreas ou pátios em torno das torneiras e debaixo das goteiras dos telhados obrigando mesmo a cimentar completamente os pequenos pátios onde os raios do sol dificilmente penetram e provindo daí maior 81 contribuição para os esgotos e talvez com o tempo a insuficiência de vazão do atual coletor principal que é de ferro; tornar-se-ia assim necessária a construção de novo coletor, o qual poderia ser projetado sob as avenidas que em futuro próximo provavelmente margearão os ribeirões canalizados (BRITO, 1943, vol IV, p. 151). Brito fez uma análise sobre o lixo dizendo que a municipalidade gastava muito com a remoção do lixo, e que este permanece em grande número de casos, depositado durante quatro a cinco dias em áreas reduzidas e úmidas. Em sua opinião, o lixo deveria ser incinerado em um crematório e que se deveria procurar utilizar industrialmente este serviço, ou “entrega-o à lavoura, o que seria mais simples e econômico”. O sanitarista propõe a alteração do projeto que anteriormente estava sendo executado, deixando descoberto o trecho do Ribeirão Anhumas, entre o Ribeirão Tanquinho e o Córrego do Serafim (Figura 40). 82 Figura 40 – Circulada em vermelho a localização da proposta de Saturnino de Brito no mapa de hidrografia feito pela arquiteta Mirtes Maria Luciani Lopez e na foto aérea. A cima a área, inserida no perímetro urbano de Campinas. Fonte: LOPEZ, 2004, p.106, www.campinas.sp.gov.br e imagem gerada pelo programa Google Earth 83 Nos trechos em que os ribeirões banhavam os fundos de quintais é mantida, por medida de higiene, a galeria coberta. Nas áreas a céu aberto, o engenheiro propõe avenidas somente à arborizadas, municipalidade “medida compete esta que tornar em realidade”. (...) O lançamento destes canais e destas galerias sugiro, porém, a idéia de fazê-los seguir de a avenidas e ruas, abrindo-se assim para a cidade espaçosas vias de comunicação, que ao mesmo tempo, possam trazer-lhes os predicados estéticos de esplendidos passeios a par de vantagens higiênicas que desnecessário é fazer realçar aqui (BRITO, 1897 vol IV, p. 151). Figura 41- Foto do canal de saneamento na atual Avenida Orozimbo Maia (sem data) Fonte: ANDRADE, 2002, p.11 As avenidas marginais ficaram conhecidas como Avenida do Saneamento (atuais avenidas Anchieta e Orozimbo Maia) (Figura 41 e 42) e formariam um novo eixo de circulação, “adicionando qualidades estéticas á uma nova área da cidade, para onde estava se estendendo um bairro residencial” (LIMA, 2000, p.91). O projeto ao mesmo tempo em que era técnico com a 84 contenção dos taludes laterais e a drenagem das margens úmidas, possuía a preocupação estética do embelezamento das vias públicas. A articulação urbanística proposta, por meio de bem definidas regras de desenho e perspectiva, consolidaria a construção panorâmica de uma solução de townscape. O canal de drenagem a céu aberto operaria muito além do simples fluxo das águas, porque, através de uma articulação das ruas existentes com a avenida projetada faria circular a cultura urbana de sua época. Uma paisagem assim desenhada por obras públicas de saneamento básico organizaria, através da maquinaria higienista adotada, relações novas entre a vida privada do espaço da casa e a dimensão pública do espaço urbano. Esta obra pioneira de Saturnino de Brito delineia sua primeira experiência concreta de uma townscape Figura 42 – Desenho do engenheiro Saturnino de Brito da do cruzamento da Avenida Orozimbo Maia com a Rua Dona Libania. Arquivo Histórico do CONDEPACC Fonte: SANTOS, 2004, p.120 dentro da melhor tradição pitoresca do jardim inglês, da avenida-parque anglo-americana e do boulevard francês. (SANTOS, 2002, p.186). 85 A autora Siomara Lima (2000, p.91) defende que os boulervards projetados por Saturnino, demonstram a preocupação com o bem estar do pedestre, por utilizar a água como elemento paisagístico, possibilitando um percurso agradável pela cidade (Figura 43). A maior parte de nossos parques públicos, praças e ruas são um legado dos séculos anteriores. Nesta era moderna da democracia, poderíamos esperara acréscimos mais importantes ao âmbito público, mas, de fato, nossa contribuição surge como um elemento de destruição destes espaços, realizada pelo tráfego e pela ambição pessoal. (ROGERS, 2001, p.71) Por outro lado o autor Carlos Andrade defende que as implantação das avenidas marginais aos cursos d’água serem do ponto de vista paisagístico uma solução de cunho modernizador, o boulevard sanitarista de Brito promoveu um aproveitamento ecologicamente prejudicial ao fundo de vale, sacrificando matas ciliares e várzeas alagadiças em uma artificalização da paisagem (ANDRADE,2002, p.20). Figura 43 - Foto do canal retificado do córrego Serafim, transformando-se no início do século XX em ponto de lazer da população da cidade (sem data). Fonte: ANDRADE, 2002, p.11 86 Figura 44 – Foto aérea da Avenida Orozimbo Maia, onde poucos trechos aparecem ajardinados como sugerido por Saturnino de Brito. No mapa menor, em vermelho destaca a Av. Orozimbo Maia. Fonte: www.campinas.sp.gov.br e imagem gerada pelo programa Google Earth. 87 Atualmente a Avenida Orozimbo Maia possui grandes valetas cimentadas, pouquíssimos trechos arborizados e sem a preocupação com o bem estar do pedestre. O cenário atual é muito diferente do idealizado por Saturnino de Brito (Figura 44). Brito também propõe alteração no projeto de uma grande lavanderia pública, proposto anteriormente por uma Comissão no triangulo formado pelas ruas Santa Cruz e D. Libânia e pelo rio Anhumas. O edifício é descrito pelo relatório de Lisboa: O edifício seria levantado sobre colunas de ferro apoiadas nos encontros e sobre muros construídos alem da crista dos taludes; e teria um só pavimento sobre abobadilhas de tijolo, repousando em vigas metálicas; as fachadas principais enfrentariam pequenas praças ajardinadas de forma triangular (BRITO, 1943, vol IV, p. 160). Infelizmente, não foram encontramos os desenhos referentes à lavanderia pública e sua construção nos parece inconcebível nos dias atuais. 88 Segundo Andrade, engenheiros, como Francisco de Paula Souza, também formularam, em 1880, projetos de abastecimentos de água e esgotos para a cidade, que só foram concretizados onze anos depois através da Companhia Campineira de Abastecimento de Águas e Esgotos. Nesse projeto não eram previstos hidrômetros e diversos chafarizes públicos forneciam água para a população. É apenas com as obras de Brito que uma rede enquanto sistema irá estrutura o traçado urbano, anunciando a universalização de um serviço que progressivamente assumirá a forma mercadoria e será incorporado pelo Estado (ANDRADE, 2002, p.15). O engenheiro Saturnino de Brito realizou obras de drenagem e canalização do córrego Anhumas, a construção de uma perimetral ao centro histórico da cidade de Campinas. Esta transposição se tornou fundamental para o futuro acesso em direção aos bairros mais próximos. 89 As definições do programa de engenharia sanitária a serem implementadas na cidade de Campinas, propostas de Brito para Campinas, foi com base na teoria dos meios. O autor Lapa explica que o parecer do sanitarista faz analogia entre a cidade com o meio natural que está inserida. Percebe -se inclusive uma concepção organicista, que de resto ocorre no urbanismo ocidental, que é o de identificar a funcionalidade da cidade com a do corpo humano. Como também é marcada a “teoria dos meios” adequando Campinas ao meio natural em que foi implantado, recuperando o que responde às suas necessidades e rejeitando o que lhe é nocivo. Nesse sentido, o Plano de Saturnino de Brito, fiel defensor daquela teoria, procura justamente essa interação entre a cidade de Campinas e o meio natural onde está localizado o seu sítio. A aereação e a purificação do ar correspondem com o dessecamento de pântanos miasmáticos e a arborização. O tratamento e das águas, com a proteção dos mananciais, retificação e canalização dos córregos, como foi a construção do Canal de Saneamento, na atual Av. Orozimbo Maia. (LAPA, 1992, 48). 90 O controle técnico claramente encontrado nas propostas de Brito aparece relacionado com qualidades estéticas, como cita o autor Andrade. As obras de saneamento que o Engenheiro Saturnino de Brito projeta para a cidade de Campinas, em um momento crítico de sua história econômica e social, ao serem realizados, não apenas redefinirão radicalmente as condições de salubridade urbana, afastando a ameaça das epidemias, mas também introduzirão uma nova concepção de cidade, na qual a funcionalidade e, portanto, sua dimensão técnica, é valorizada em detrimento das outras características, em especial de sua forma, isto é, sua dimensão estética, que passa a ser determinada pelas soluções técnicas de saneamento (ANDRADE, 2002, p.20). Apesar das limitações da época, o plano proposto por Francisco Saturnino de Brito, foi a primeira experiência em pensar a cidade de Campinas na sua totalidade, prevendo os futuros problemas e propondo soluções. 91 Os surtos epidêmicos, que se manifestavam quase que uma vez por ano, na década de 90, só foram desaparecer com as ações promovidas pela Comissão de Saneamento. O plano contribuiu para o início da reforma da cidade de final de século, adequando-a para sua futura remodelação na década de trinta. Tratava-se de um projeto urbanístico, elaborado em 1934, pelo engenheiro arquiteto Francisco Prestes Maia com a colaboração de engenheiros campineiros, na primeira administração Miguel Vicente Cury (1948-1952). 92 Capítulo III A QUESTÃO DO URBANISMO NA MODERNIZAÇÃO DE CAMPINAS 3.1 - As cidades e o urbanismo A palavra urbanismo, segundo a autora Françoise Choay, é de formação recente. Seus equivalentes em inglês, “city planning”, e alemão, “Stadtebau”, são citados nos dicionários a partir do século XX. Nas línguas latinas, o termo foi mencionado pelo engenheiro espanhol Idelfonso Cerda (1816 – 1876), na obra Teoría General de la Urbanización,onde indica que, a partir da raiz “urbs”, a palavra nova terá o estatuto de uma “verdadeira ciência” (CHOAY, 1992, p.18) O urbanismo pode ser definido pela prática social que, após a Revolução Industrial, procura construir uma ordem espacial urbana, para uma nova 93 sociedade econômica e tecnológica. È uma prática específica no processo de organização do espaço urbano. O autor Lucio Costa, na carta dirigida, em 1958, ao engenheiro Israel Pinheiro, então presidente da Novacap e transcita no “Correio da Manhã”, define Urbanismo – o que se refere a urbs, não o “continental ou o interplanetário” – é precisamente isto: empreender desde logo as obras fundamentais, concebidas em função do futuro e de tal modo que a ordenação clara e harmônica do partido adotado se revele, de fato, uma decorrência delas (COSTA, 2007, p.287). A organização morfológica das cidades, até o primeiro Renascimento, na Itália, e até o final do século XVI em outros países da Europa, eram formas de aglomerações reguladas por jurídicos políticos. Porém, ou discursos a religiosos, concentração demográfica e a transformação dos meios de produção, impulsionarm surgimento do urbanismo. 94 (...) os romanos preparavam uma cidade não hesitando em se submeter aos rigores e aos riscos de uma previsão. Mais do que riscos, essa sabedoria lhes fornecia certezas, elementos positivos de urbanismo, o meio de colocar os moradores em condições favoráveis (LE CORBUSIER, 2008, p.55) O arquiteto Lucio Costa (2007, p.347) explica no depoimento prestado ao jornalista Cláudius Ceccon,em 1961, sobre a construção de Brasília, que “o urbanista deve limitar-se a criticar condições para o desenvolvimento regional e urbano se processe organicamente, e a guiá-lo para que o crescimento natural ocorra no melhor sentido, de acordo com as necessidades de vida e as circunstâncias”. Já o arquiteto Le Corbusier (2008, p.14), em seu livro “Planejamento Urbano” faz uma comparação entre o urbanista e o arquiteto. Trata-se de uma premissa antiquada, pois acreditava que a cidade deveria ser pensada e planejada funcionalmente como uma edificação. Desconsiderando, assim, que as atividades pudessem conviver harmoniosamente no espaço urbano. 95 Urbanista nada mais que o arquiteto. O primeiro organiza os espaços arquiteturais, fixa o lugar e a destinação dos continentes construídos, liga todas as coisas no tempo e no espaço por meio de uma rede de circulações. E o outro, o arquiteto, ainda que interessado em numa simples habitação e nesta habitação, numa mera cozinha, também constrói continentes, cria espaços, decide sobre circulações. No plano do ato criativo, são um só o arquiteto e o urbanista (CORBUSIER, 2008, p. 14) A autora Choay (1992, p.18), defende que o discurso urbanístico deriva de duas fontes distintas que revelam suas diferentes tendências. Por um lado, o urbanismo regularizador, que tem em Haussmann seu mais importante expoente e, por outro lado, o urbanismo tanto progressista como culturalista, definido pela autora como pré-urbanistas, que descendem dos discursos utopistas dos reformadores sociais do século XIX, como Owen, Fourier, Morris. Este discurso pré-urbanista provocou apenas aplicações pontuais e sem conseqüências sócio-econômicas. Hausmann transformou Paris em uma nova cidade, melhorando os parques e criando outros, 96 construindo vários edifícios públicos, como a L’Opéra. Em sua obra, motivo de inspiração para outras cidades da Europa, Estados Unidos e inclusive Brasil, o engenheiro arquiteto apresenta três redes de circulação: dos homens, de ar e de circulação de fluídos (abastecimento de água e eliminação de dejetos). No Brasil, o papel do urbanista foi mais difundido com a construção de Brasília, em 1957, porém com as limitações impostas por um país em desenvolvimento, de rápida urbanização e poucos recursos, a profissão não teve o reconhecimento merecido. (...) Brasília contribuiu para a divulgação da existência do planejador, do urbanista. O desenvolvimento de um município não pode prescindir do urbanista, para disciplinar-lhe o crescimento e prever soluções para problemas que ainda surgiram, mas que virão com certeza. Quanto ao urbanista em si, quem sabe deixará de rodeios e de fazer da profissão um bicho-de-setecabeças, tornando-se mais simples, direto e objetivo (COSTA, 2007, p.287). 97 Campinas contou com o renomado urbanista Francisco Prestes Maia, em 1934, fazer propostas urbanísticas com o intuito de ordenar o crescimento acelerado da cidade. 98 3.2 – O Plano Prestes Maia para Campinas As rigorosas medidas de higiene e a execução de importantes obras de saneamento, principalmente após as medidas conseqüentes das epidemias de febre amarela no final do século XIX, unidos ao desejo de progresso, a crescente industrialização e o contato com exemplos de urbanização norte americanos e europeus, tornaram a população de Campinas mais consciente da necessidade de contratação do plano de urbanismo. Os novos loteamentos projetados por companhias imobiliárias, em inúmeras vezes, não respeitavam a um planejamento geral, surgindo, assim, problemas de ligação viária entre os bairros e com centro da cidade. O sistema de abastecimento de água estava obsoleto e era necessário uma rede eficaz de esgoto, obras viárias, pavimentação e transporte. Era, portanto, fundamental a formulação de um plano que ordenasse o crescimento da cidade (Figura 45). 99 Figura 45 – Mapa de Campinas com os loteamentos até 1900 (em vermelho) e de 1925 até 1929 (em laranja). Desenho do Arquiteto Ricardo de Souza Campos Badaró sobre base de 1929 elaborado para servir de base para os estudos urbanísticos do Plano de Melhoramentos Urbanos. Fonte: Fonte: FERREIRA, 2007, p. 16 100 Outros fatores que influenciaram a contratação de plano de urbanismo, segundo o autor Badaró (1996, p.38), foram de significação cultural: o orgulho da cidade, o bairrismo; e o nível intelectual da elite dominante. Fatores herdados do período cafeeiro, quando a cidade era considerada por muitos a capital agrícola do estado. O sentimento bairrista, profundamente ofendido com a destruição e a estagnação conseqüentes da epidemia, associado às questões concretas que então se colocavam, traduziu-se no empenho das autoridades municipais em fazer de Campinas a cidade mais limpa e salubre do país. Por outro lado o urbanismo, uma disciplina nova, dedicada à ciência e à arte da organização espacial urbana, não era desconhecido da elite dominante que não raro contava entre seus membros pessoas que haviam estudado e se formado em países mais adiantados. Quando a recuperação econômica e o desenvolvimento industrial impuseram à cidade um novo ritmo de crescimento, prosperou a idéia de um plano de urbanismo. (BADARÓ, 1996, p.38) 101 O prefeito Orozimbo Maia, em ofício dirigido a Câmara Municipal em 1929, comprovou a necessidade de se elaborar um plano de urbanismo e sua preocupação com a expansão da cidade. (...) Poderá parecer a muitos ser uma temeridade cogitar-se deste assumpto em occasião de tamanhas aperturas, de uma crise mundial, sem precedentes. Não há tal, porém. Campinas por sua administração, não pode descurar de um assumpto de tamanha relevância. Eu não penso positivamente em realizar tão grande e indispensável empreendimento. É cousa para levar dezenas de annos, ou séculos mesmo. O que eu desejo; Exmos. Snrs. Vereadores, é organizar um plano para ir, tendo execução paulatina, de accôrdo com os recursos da occasião. É claro, é evidente que Campinas progride, com tendência a ser uma grande cidade, talhada a ser um centro industrial privilegiado pela sua situação e vias de comunicação. Desde que seja concluído o grande reforço do abastecimento de águas em vias de execução, isso se evidenciará de modo positivo. Assim sendo, Ella não pode permanecer com suas ruas estreitas, sem os indispensáveis logradouros públicos e outros melhoramentos de que se recentemente actualmente (Relatório Municipal, 1929, p. 5). 102 No mesmo ano, foi enviado, pelo engenheiro Anhaia Mello, o relatório com considerações gerais da situação encontrada naquele momento sobre o urbanismo e sobre a elaboração de um master plan para Campinas. Segundo o autor Badaró a continuidade da elaboração do master plan foi prejudicada pela Revolução de 1930 e pelos seus desdobramentos na esfera municipal. Somente quatro anos depois, na administração do engenheiro Perseu de Leite de Barros, foi dado continuidade no desejo e necessidade de elaborar o plano de urbanismo para Campinas. Uma palestra proferida pelo engenheiro Carlos William Stevenson, em 1933, na época membro do Conselho Consultivo da cidade mostrou o anseio da população de transformar Campinas, novamente em uma grande cidade. A palestra foi o impulso fundamental para a contratação do renomado urbanista Francisco Prestes Maia, que havia desenvolvido o Plano de Avenidas para a cidade de São Paulo. 103 E todos nós, campineiros natos e de adoção, queremos ver esboçado o plano de uma nova cidade, a Campinas de Amanhã, que possa abrir aos visitantes os solares de hospitalidade, pelas portas largas de bem traçadas avenidas, cheias de ar, de luz, de elegantes prédios e bons edifícios públicos (STEVENSON, 1933, p.6) O Dr. Stevenson apresentou em sua palestra a importância do urbanista em “saber preparar as cidades de hoje para um tão dilatado amanhã” (STEVENSON, 1933, p.6). Apontou os principais problemas encontrados como “ruas deselegantes; estreitas, mal edificadas, cortadas de incômodas sarjetas” (idem, 1933, p.10) e também citou a necessidade de contratação de um urbanista. O contrato de um urbanista a fim de colher e coordenar os dados e elementos necessários e orientar o traço da cidade é medida que por si mesma se justifica, como prudente e sensata, devendo ser talvez o primeiro passo objetivo, no caminho que urge trilhar (STEVENSON, 1933, p.9). 104 Atendendo aos conselhos do Dr. Stevenson, em 1934, o engenheiro e arquiteto Prestes Maia foi contratado para realizar o plano urbanístico da cidade. O plano apenas foi aprovado em 1938 e, segundo Badaró (1996, p.50), a proposta se destacou por ser “abrangente, técnico, prático e objetivar um período de tempo dilatado”. Francisco Prestes Maia possuía grande prestígio, pois foi Engenheiro-Arquiteto da Diretoria de Obras Públicas de Campinas, a partir de 1928. Foi convidado para assessorar estudos sobre a circulação de veículo no centro da cidade de São Paulo. E no período de 1938 a 1945 foi prefeito da cidade de São Paulo, quando executou o de “Plano de Avenidas”. Este plano reformulava parte do centro da cidade, propunha a construção de viadutos e túnel e alargamento de avenidas (Figura 46). Figura 46 – Francisco Prestes Maia expondo sua proposta para São Paulo. Fonte: www.promemoriadecampinas.com.br O engenheiro apresentou uma exposição preliminar sobre os estudos e serviços que iria desenvolver (Anexo 2). Iniciou seu documento dizendo: 105 Na antiguidade a fundação duma cidade era uma solenidade religiosa e não se realizava antes de afirmarem os augures que os Deuses eram propícios. Podemos fazer um paralelo: hoje é a inauguração dos estudos urbanísticos que pode ser considerada solenidade cívica, porque marca o inicio da vida urbana consciente e perfeitamente organizada (MAIA, 1934, p. 89). Ele cita, também, que o plano deve ser compreensivo, isto é abranger todos os principais aspectos gerais da vida da população e estender-se a todo o município, embora dando o especial destaque á cidade e aos aspectos materiais. Demonstrando a preocupação em harmonizar as necessidades humanas. Atualmente as cidades que ao serem planejadas possuem “ampla compreensão das relações entre cidadãos, serviços, políticas de transporte e geração de energia, bem como seu impacto total no meio ambiente local e numa esfera geográfica mais ampla” (ROGERS, 2001, p.32) são consideradas cidades auto-sustentáveis e devem ser seguidas como exemplo. 106 A primeira medida tomada por Prestes Maia foi organização de quadros técnicos convenientes com os serviços que o engenheiro pretendia realizar. Foram contatados profissionais para servirem à Diretoria de Obras e Viação e Diretoria de Águas e Esgotos. Prestes Maia, na apresentação do plano ao prefeito, Sr. José Pires Netto e ao Conselho Consultivo da cidade, que substituía a Câmara Municipal extinta pela Revolução de 1930, explica que “o Plano De Urbanismo [de Campinas] está longe de resumir-se a um plano de ruas, pois todos os fatos e aspectos urbanos e municipais se entrelaçam, deve ainda, enquadrar-se num plano – embora muito sumário” (BADARÓ, 1996, p.50). Outro aspecto apontado pelo autor Badaró é a praticidade como um requisito fundamental do plano, levando em consideração aspectos econômico do município e as necessidades e aspirações da população, sem o “clamor por coisa grandiosa” (MAIA, 1934, p. 90). 107 O caráter técnico e científico do plano opõe-se ao palpite ou ao sentimento e tem nas estatísticas e investigações importantes auxiliares, que embora sem determinar estreitamente as soluções, são componentes importantes para a exata definição e equacionamento dos problemas urbanos e de especial utilidade para comparações futuras, nas revisões que se fizerem necessárias (BADARÓ, 1996, p.50). O engenheiro salientou que o plano atingiria de 20 a 50 anos, impondo diretrizes a serem cumpridas em etapas em um extenso prazo. O plano não deveria ser imediatista e nem se prender a problemas pontuais, mas com o objetivo principal de antecipar problemas decorrentes do crescimento urbano. Maior ainda que a utilidade imediata será a sua utilidade futura, como elemento comparativo, quando se proceder á revisão do plano, - coisa necessária a grandes intervalos para atender tanto á evolução natural da idéias como á experiência local (MAIA, 1936, p.90). 108 Prestes Maia definiu as seguintes etapas de trabalho: a. Coleta de dados; b. Inquérito cívico e técnicos (survey); c. Elaboração e crítica dos resultados anteriores; d. Esboços preliminares; e. Concursos auxiliares; f. Plano propriamente dito; g. Exposição de recursos; h. Exposição geral ou relatório; i. Propaganda; e j. Estudos complementares e eventuais questões gerais tais como governo municipal e organização técnica e administrativa, detalhes mais importantes, adaptações, etc.). Foi criada uma comissão, denominada Comissão de Urbanismo, que tinha como foco principal “zelar pelo interesse coletivo, levando à equipe técnica as condições e aspirações gerais da comunidade, além de estabelecer a comunicação desta com a prefeitura e 109 outras entidades interessadas na organização do plano” (BADARÓ, 1996, p.53). Os integrantes da comissão eram indicados e representavam diferentes profissões da área de economia, imprensa e entidades ligadas ao serviço público. A comunidade era representada apenas por indivíduos mais notáveis, escolhidos, principalmente para fazer propaganda do plano junto à população. A comissão era encarregada, após a aprovação do plano, de levar ao conhecimento da população, através de exposições, palestras e jornais os inúmeros desenhos, perspectivas e a maquete da área central. Prestes Maia trabalhou com valores universais no Plano de Melhoramentos Urbanos: a higiene e a saúde; o cultivo do corpo e espírito; a eficiência e o rendimento – sobretudo do sistema viário. A antiga cidade cafeicultora passou a ser pensada sob o aspecto funcional, dividida em quatro funções: habitação, recreação, trabalho e circulação. 110 O Plano de Melhoramentos Urbano, como já foi mencionado anteriormente, abrangeria um período de tempo situado entre 25 e 50 anos, imaginando que a cidade atingiria cerca de 280 mil habitantes. A preocupação com o crescimento em ritmo acelerado também foi considerada pelo engenheiro Saturnino de Brito ao fazer seu parecer sobre o sistema de abastecimento de água e esgoto em 1896. O projeto viário propunha uma extensa lista de obras de alargamento e prolongamentos de ruas. Para isso, vários edifícios foram demolidos, entre eles, a igreja do Rosário (Figura 47). O plano constituía, basicamente, de radiais e perimetrais, que circundavam a cidade. De acordo com Badaró, as vias eram concêntricas, contornando, assim, sucessivamente, o centro histórico, o perímetro já construído, a nova periferia em expansão, de modo a articular as radiais e conectar as diversas porções da área urbana. Perimetrais Figura 47 - Igreja do Rosário na Praça Visconde de Indaiatuba e quando foi demolida. Autor e data das fotos desconhecidos. Fonte: www.campinas.sp.gov.br/portal_2003_sites/conheca_campinas.htm externas tinham funções paisagísticas e de lazer, permitindo o passeio de automóvel através de avenidas arborizadas, tangenciando ou mesmo penetrando em belos parques 111 urbanos, os chamados “park-ways”. O engenheiro Saturnino de Brito teve o mesmo cuidado ao projetar as Avenidas do Saneamento (atuais avenidas Anchieta e Orozimbo Maia), formando um novo eixo de circulação com áreas verdes. As duas propostas, além de técnicas, demonstram a preocupação com o bem estar do pedestre e do motorista. Foram propostas duas avenidas ortogonais, com o reticulado retangular da área central, de tal maneira a fazer conexão entre o centro principal e o centro secundário. Uma torre de 27 metros de altura foi projetada em 1938 pelo urbanista no bairro Castelo. Inaugurada dois anos depois, foi, além de um reservatório de 250 mil litros de água, o marco de triangulação geodésica do município (ponto de referência para levantamentos geográficos com elevada precisão) (Figura 48). O urbanista sugeriu a criação de bairros que fossem unidades habitacionais completas ou chamadas de “self-sustaining”, garantido aos moradores à proximidade ao comércio de primeiras necessidades, da escola e da área de lazer. 112 Figura 48 – Fotos aérea da torre no bairro Castelo. Fonte:. www.campinas.sp.gov.br/portal_2003_sites/conheca_campinas.htm e imagem gerada pelo programa Google Earth. 113 As quadras residenciais seriam alongadas e estreitas e as casas voltadas para vias mais espaçadas e com pouco trânsito. As ruas transversais poderiam, em alguns momentos, serem interrompidas por cul-desacs e o trânsito principal concentrado nas vias de contorno. Era proposto, também, espaço para playgrounds internos que formariam faixas ajardinadas nos fundo dos lotes, exclusiva para os pedestres e interligando os diversos jardins do bairro. A aplicação concreta destas concepções á zona de expansão de Campinas seria uma das coisas mais notáveis do urbanismo nacional. Temos vistos planos de cidades nossas em que esta questão, de maior alcance social, higiênico, estético, econômico e ao mesmo tempo barato, no estrangeiro posto quase sempre em primeiro plano, não era se quer lembrada, as praças e pontos monumentais caríssimos figuravam com estardalhaço (MAIA, 1935, p. 84). A proposta, além de evitar a segregação socioeconômica no espaço urbano, permite segundo Maia, um zoneamento permanente e lógico. Permanente por dispensar freqüentes alterações na 114 estrutura proposta e lógico por minimizar incertezas sobre o crescimento futuro da cidade. As unidades residenciais apresentadas sãos semelhantes às cidades-jardins inglesas. Diferem apenas “zona residencial no centro e comercial no perímetro, ao passo que nas cidades-jardim verifica-se o inverso” (MAIA, 1935, 83). O autor Richard Rogers acredita que cidades em que há proximidade com habitantes, espaços públicos, paisagem natural e exploração de novas tecnologias urbanas, as denominadas por ele de “cidade compacta”, seria o habitat ideal para a sociedade. As cidades devem estar próximas de seus habitantes, propiciando o contato olho no olho, dispostas a agirem como o fermento da atividade humana, da geração e da expressão de uma cultura local. (ROGERS, 2001, p.40). 115 A preocupação com as áreas verdes da cidade também estava presente no Plano de Melhoramentos Urbanos. Prestes Maia discordava dos índices de correlação proporcional entre área verde e número de habitantes, pois em Campinas era obtido o índice de 3 m²/habitante, enquanto urbanistas e higienistas recomendavam de 30 a 60 m²/ habitante. Para aumentar a relação de área verde o urbanista dotou a cidade de amplos parques, com vegetação abundante e áreas para prática de atividades físicas. Ele acreditava que a “necessidade de parques é pouco conhecida entre nós devido a hábitos viciosos e idéias falsas. (...) O hábito vicioso é a relativa inércia e má educação da raça em matéria positiva e de recreio. (...) As idéias falsas versam, sobretudo sobre o abandono dos parques existentes, argumentos contra os novos (MAIA, 1934, p. 74). Defendia também que os parques nas cidades do interior são muito mais dignos de apreço, comparados com os da capital. 116 Pessoalmente acho mesmo que as nossas cidades do interior podem se notabilizar muito mais pelos seus parques e por certas outras instituições que por suas avenidas, praças e edifícios centrais, campo em que nunca poderão lutar com a grandiosidade das grandes capitais (MAIA, 1934, p.81). A arquiteta Siomara Lima explica, no trecho a seguir, que espaços abertos urbanos deveriam ser projetados da mesma maneira que o sistema de circulação. O “sistema de recreio” deveria ser considerado da mesma maneira que o sistema de ruas, de distribuição de água, de transportes coletivos, etc., isto é, deveria haver ‘um plano lógico, ordenado, de distribuição, uso e ligação dessas áreas’. Para que o sistema cumprisse seu papel demandaria diferentes tipos de área verdes, com diferentes dimensões e características, buscando abranger toda a cidade, os quais ele define como: playgrounds, play-lot ou kindergarten, para crianças até 5 anos de idade; neighbrhood playground ou área de brinquedo distrital, para crianças de até 12 anos ou 14 anos de idade, playfield ou área de jogos organizados, para idades superiores a 14 anos; margens de rios e lagos ou 117 praias; campos de golfe; campo de atletismo; acampamentos municipais; piscina de vários tipos; clubes; teatros ao ar livre e outros; ovais, triângulos, círculos e mais ‘jardinetes centrais’; parques urbanos; grandes parques de periferia; parques exteriores e reservas florestais, estaduais e nacionais; áreas de paisagem dominante, mais de fim educativos: jardins botânicos e zoológicos; e por fim, área de ligação dessas unidades: parkway e pleasuredrives. (LIMA, 2002, p.112). No Plano de Melhoramentos Urbanos aponta, também, a criação de edifícios públicos, como a nova sede do Paço Municipal, Fórum (Figura 49) e Repartições Estaduais; Correios e telégrafos; hotel e centro comunitário (biblioteca pública, sala de conferências, museus, instalações esportivas, etc.). O urbanista também propôs a formação de bairros industriais, tendo como referência os eixos de transporte ferroviário. O principal dele, situado a Noroeste, localizado no entroncamento das três ferrovias, permitindo fácil acesso ferroviário. O segundo bairro servido pela antiga Estrada de Ferro Funilense e o terceiro na extremidade sul da linha de Ferro Paulista. 118 Figura 49 – Perspectiva do Plano de Melhoramentos Urbanos - detalhe da Praça de Indaiatuba com o primeiro desenho do Palácio da Justiça ao fundo. Fonte : FERREIRA, 2007, p. 33 119 Segundo o engenheiro as ferrovias, normalmente, oferecem “oportunidades por vezes de grandes e úteis metamorfoses, transformações radicais e razoáveis, pois desde a implantação desse meio de transporte, tudo mudou e cresceu espantosamente” (MAIA, 1934, p.106). Porém, em Campinas, não havia perspectiva favoráveis para transformações radicais no sistema de ferrovias, pois a Mogiana atravessa zonas de caráter residencial e a Sorocabana apresenta problemas para realinhamento, exigindo altos investimentos. Já a Estrada de Ferro Paulista dificilmente poderá ser alterada no seu espigão obrigatório. As avenidas de fundo de vale recomendadas por Saturnino de Brito, em 1896, foram criticadas por Prestes Maia. As “thalweggs” seriam empregadas apenas se houvesse coincidência entre a geografia e as ruas demandas de tráfego. Caso contrário, seriam feitas simplesmente ruas comuns. Pregou-o entre nós Saturnino de Brito. Alguns discípulos exageram, porém, quando pedem “avenidas” em todos os vales. Na realidade os “thalweggs” aconselham simplesmente ruas. Se não 120 coincidirem com necessidades muito fortes de circulação e possibilidades de traçados de viação, farse-ão simplesmente ruas, o que será o caso normal (MAIA, 1934, p. 109). O engenheiro finaliza seu relatório explicando que obras secundárias, de interesse local ou com custo elevado, deveriam ceder o lugar ás de interesse mais geral. E que a proposta, dentro das limitações financeiras da cidade, possui os preceitos urbanísticos mais modernos encontrados naquele momento. (...) as condições do país não permitem ainda que as nossas cidades, mesmo as mais progressistas, consigam todas as perfeições que o urbanismo e o progresso moderno têm inventado (avenidas, edifícios públicos perfeitos, parques grandes e bem instalados, ferrovias não incomodas, aeroportos, ótimo calçamento, assistência perfeita, etc.) (MAIA, 1934, 126) O Plano de Melhoramentos Urbanos não deveria, em momento algum, ser considerado um conjunto de determinações fechadas e acabadas. A comunidade local, representada pela Comissão de 121 Urbanismo, deveria constantemente implementar ou complementar as proposições ao longo de toda a fase de implantação . Explanando em grandes linhas o “plano tipo”, destinado mais a guiar e unificar idéias que a constituir proposta propriamente dita, cabe agora á Comissão a sua máxima responsabilidades, que é manifestar em primeira entrância, as “aspirações gerais da comunidade”. No caso presente, em que, para facilitar, está apresentado um “plano preliminar” ou “tipo”, essa manifestação poderia ter lugar dizendo se reputa o “plano preliminar” excessivo, deficiente ou justo (programa), se a orientação geral satisfaz ou não, se as diferentes necessidades da cidade forma ai equilibradas consideradas, se a força econômica e o futuro foi ou não superestimado (MAIA, 1934, p.126) O Plano de Melhoramentos Urbanos foi instituído pelo Ato Municipal número 118 de 23 de abril de 1938 para execução gradativa, sem estipulação de prazo para início e conclusão. Foi apresentada a cidade, através de palestras e exposições, o que existia de mais moderno, na nova disciplina chamada urbanismo (Figura 50). 122 Figura 50 – Mapa de Campinas com o ato número 118 – Desenho do arquiteto Ricardo Souza Badaró Fonte : FERREIRA, 2007, p. 28 123 Prestes Maia, utilizou os preceitos dos CIAMs – Congresso Internacional de Arquitetura Moderna- de planejamento da cidade, dividindo-a em quatro funções: habitação, recreação, trabalho e circulação. A habitação aparece na criação de unidade de vizinhança completa; a recreação, na criação de jardins, play-grounds e centro comunitário próximo às habitações; o trabalho, na criação de distritos industriais e; circulação, na criação de um novo sistema viário adequado aos meios modernos de transporte motorizado. De acordo com o autor Ricardo Badaró, na proposta do urbanista, são encontradas identidades metodológicas seguindo as orientações da carta dos CIAMs. As identidades metodológicas são encontradas, principalmente, em 3 aspectos: na abrangência do plano (que deveria incluir cidade e campo, enquadrando-se no contexto regional); no seu caráter técnico (que o levou a ser precedido de amplo inquérito sobre fatores naturais, sociais, econômicos e culturais, bem como ser atribuídos a especialistas e, se valido de técnicas modernas) e no seu desdobramento em etapas, ao longo do tempo e espaço (BADARO, 1996, p.148). 124 Capítulo IV CONSIDERAÇÕES FINAIS O saneamento e o urbanismo foram temas freqüentes de programas políticos na cidade de Campinas, principalmente após a epidemia de febre amarela do final do século XIX e os inúmeros problemas causados pelo desenvolvimento em ritmo acelerado, sem planejamento prévio e políticas de contenção Francisco Saturnino de Brito e Francisco Prestes Maia foram contratados pela Prefeitura, nos anos de 1896 e 1934 respectivamente, para desenvolverem propostas urbanísticas que viabilizassem o desenvolvimento da cidade. O engenheiro sanitarista Saturnino de Brito ingressou na recém criada Comissão de Saneamento do Estado, que, através da Intendência de Obras Municipais, propôs um conjunto de obras de drenagem e saneamento básico. O engenheiro Prestes Maia também ingressou na recém criada Comissão de 125 Urbanismo. Nos dois casos, os profissionais fizeram apenas propostas e não acompanharam diretamente a execução delas. Tanto a Intendência de Obras Municipais como a Comissão de Urbanismo eram experiências pioneiras no município, acarretando, provavelmente, insatisfação de alguns moradores e políticos mais conservadores. Os constataram dois que profissionais, a cautelosamente, população iria crescer consideravelmente nos anos seguintes. Saturnino de Brito, por exemplo, propôs que o diâmetro das tubulações fossem um pouco maior do que o necessário. Já Prestes Maia impôs diretrizes a serem cumpridas em etapas em um extenso prazo. Tanto Saturnino de Brito, como Prestes Maia fizeram propostas que ao mesmo tempo que eram técnicas, possuíam preocupação estética do embelezamento das vias públicas. O primeiro projetou avenidas arborizadas nas áreas que os ribeirões banhavam os fundos dos quintais a céu aberto. Já o Plano de Melhoramentos Urbanos contava com perimetrais externas que tinham funções paisagísticas e 126 de lazer, permitindo o passeio de automóvel através de avenidas arborizadas, tangenciando ou mesmo penetrando em belos parques urbanos. Os dois profissionais sugeriram importantes aberturas de vias, formando novos eixos de circulação e impulsionando a expansão da cidade. Brito propôs as avenidas marginais ficaram conhecidas como Avenida do Saneamento (atuais avenidas Anchieta e Orozimbo Maia). Enquanto Prestes Maia projetou duas avenidas ortogonais, com o reticulado retangular da área central, de tal maneira a fazer conexão entre o centro principal e o centro secundário. As intervenções propostas têm uma clara intenção de ordenar a cidade seguindo a idéia de modernidade: funcionalidade, largas avenidas, praças, parques compondo uma nova linguagem urbana. Prestes Maia, ao contrário de Saturnino de Brito, demonstrou a preocupação em ouvir os anseios da população. Foi criada a Comissão de Urbanismo com o objetivo de ser elo entre a Prefeitura e a comunidade. 127 O autor Rogers (2001, p.20) enfatiza que os cidadãos querem interferir na conformação de suas cidades. “A participação popular aliada a um efetivo compromisso do poder publico ordem transformar a estrutura social e física de nossas cidades”. Após a implantação do Plano de Melhoramentos, foi elaborado entre o ano 1969 e 1970, o PPDI, Plano Preliminar de Desenvolvimento Integrado de Campinas, que foi exigido por legislação federal, para se credenciarem aos financiamentos estatais. O PPDI foi elaborado por um consórcio formado por várias empresas especializadas em planejamento. O metodologia trabalho utilizada abandonava até aquele a tradicional momento e apresentava propostas definitivas sem a participação local nas decisões. No entanto, o plano teve duração curta, pois com a crise do petróleo e a recessão econômica, os investimentos se tornaram escassos. No ano de 1983 um programa setorial, a Rede Básica de Transportes, com objetivo de otimização do sistema viário, sem desapropriação, priorizando ônibus 128 e valorizando o pedestre. O programa, desvinculado de qualquer proposta mais abrangente, foi parcialmente implantado, refletindo uma administração imediatista e subdividida em diversos setores sem coordenação com objetivos individuais. No entanto, em 19 de junho de 2000 foi criada a Região Metropolitana de Campinas (RMC), unindo dezenove municípios com diferentes graus de urbanização e industrialização, localizados através de eixos rodoviários. A população é de mais de 2,5 milhões de habitantes (dados de 2005) representando cerca de 6,5 % do Estado (Figura 51). 129 Figura 51 – Divisão da região metropolitana de Campinas. Fonte: www.campinas.sp.gov.br/seplama 130 A criação da região metropolitana trouxe uma nova realidade política, econômica e social para os dezenove municípios. Os inúmeros problemas encontrados nas áreas de saúde, educação, habitação, ambiental, saneamento básico e segurança pública, que afligem os habitantes devem ser discutidos para toda a região, dando uma maior legitimidade e continuidade às ações necessárias para sanar as irregularidades, porém respeitando as singularidades de cada município. Tratase, também de formação de cidadania regional, o morador de determinado município é também um cidadão metropolitano, com direitos e deveres iguais aos dos outros habitantes dos 19 municípios. Em 27 de dezembro de 2006 foi aprovada a Lei Complementar nº. 15, lei do plano Diretor, com o intuito de diagnosticar os principais entraves para o crescimento da cidade e dar diretrizes. Umas das exigências do Plano foi elaboração de Planos Locais de Gestão (PLG), com a finalidade de adequar os parâmetros de parcelamento, uso e ocupação do solo; detalhar as políticas setoriais e definir as diretrizes viárias e de preservação e recuperação ambiental. 131 No parágrafo único do Artigo 16 é garantida a participação popular na elaboração e alteração dos PLG. E no artigo seguinte cita que será necessária a criação de conselhos gestores específicos, com representação popular, de entidades de classe e do governo Parágrafo único. A elaboração e alteração dos Planos Locais de Gestão ficarão sob responsabilidade do órgão executivo municipal de planejamento, garantida a participação popular. Art. 17. Conselhos gestores específicos deverão acompanhar a implementação dos Planos Locais de Gestão, podendo avaliar e recomendar medidas para seu efetivo cumprimento. Parágrafo único. Os conselhos de que trata o caput deste artigo terão constituição tripartite, com representação de entidades de classe, da população da região e do Poder Executivo (CAMPINAS, 2006, Seção II, p.6). Em cada macrozona serão definidas as normas urbanísticas levando em consideração a competência de todos os órgãos da administração municipal e de outras 132 esferas de governo, tentando proporcionar uma melhor articulação entre os setores e integração dos programas e projetos Desde a aprovação do Plano Diretor, no final de 2006, apenas em três macrozonas foram feitos os diagnósticos e diretrizes. Apenas tivemos acesso ao relatório da macrozona 5. A macrozona 5 é caracterizada por uma região isolada e desarticulada do restante da cidade e mesmo do seu entorno imediato. A região é carente de obras de infra-estrutura, serviços e transporte público. Não possui centro de locais de comércio e serviços e de referenciais urbanos significativos. A principal diretriz para a região é a remoção de moradias em áreas de preservação permanentes com posterior recomposição vegetal na forma de parque linear, remontando as propostas de Saturnino de Brito e Prestes Maia para Campinas. Além de promover o embelezamento paisagístico da região, valorizam o entorno e incrementam a economia local. 133 Foram propostos também a abertura de vias, dando continuidade na malha viária existente, melhoria no sistema de transporte público, colocação de equipamentos de uso comunitário, entre outros. Atualmente a metrópole campineira possui contradições resultantes da falta de planejamento e do crescimento desordenado. Por um lado a região é conhecida nacional e internacionalmente pelo seu desenvolvimento industrial, suas universidades e centros de tecnologia. Por outro lado possui inúmeros moradores vivendo em condições precárias, violência e criminalidade, desemprego e meio ambiente poluído. Na realidade, as administrações municipais que sucederam ao Plano de Melhoramentos Urbanos, pouco se concentraram em propostas integradas que dessem diretrizes para o desenvolvimento da cidade. A população pouco ou quase não participou de forma justa na organização do espaço urbano. È necessário pensar na cidade coletivamente, mediando os diversos interesses da sociedade com os das administrações públicas. 134 Esperamos que o Plano Diretor vigente seja aplicado, dentro das possibilidades financeiras do município, levando em consideração as reais necessidades da população. Almejamos, também, que ações propostas no passado tenham continuidade na administração pública atual. O Plano de Saneamento e o de Melhoramentos Urbanos nos mostrou que ações que foram feitas no passado podem e devem ser resgatadas, melhoradas e utilizando tecnologia e o conhecimento modernos e servirem de inspirações para ações futuras. Aprendemos, também, com este trabalho a importância do planejamento urbano e constatamos que a cidade de Campinas, como ocorreu em outras cidades brasileiras, foi prejudicada na sua formação e desenvolvimento pela falta de projetos abrangentes. Os planos dos engenheiros Saturnino de Brito e Prestes Maia são sem dúvida, marcos históricos na cidade de Campinas, dentro das limitações de cada proposta, por tentarem resolver os problemas encontrados na cidade e preverem soluções para os problemas que ainda surgiriam. 135 ANEXO A montante das novas represas; circunvalar esta faixa e fechá-la por Relatório de 1897 da Comissão de Saneamento do E. de S. Paulo, uma cerca, ficando entre a vala e a cerca um caminho de serviço. encaminhado ao intendente municipal Joaquim Ulysses Sarmento, Arborizar este terreno. Sanear os cursos nos trechos embrejados, Campinas: Arquivo Câmara Municipal, 1897. empregando, por exemplo, manilhas nesses trechos. B) REPRESAS - Fazer novas represas; as cabeceiras do São' Bento serão reunidas em uma pequena caixa, que lhes fique SANEAMENTO DE CAMPINAS próxima, por meio de aquedutos ou de manilhas de barro, No Relatório de 1897 da Comissão de Saneamento do E. de S. Paulo, trabalhando como conduto forçado até a carga de segurança, que a apresentado ao Secretário da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, o experiência garantir. Desta caixa seguirão as águas para a caixa de Engenheiro Alfredo Lisboa, assim se exprimiu: reunião, situada proximamente na cota 140, no espigão que fica fronteira às obras atuais, entre o Iguatemí e o Bom Jardim; esta Este distrito tem por sede a cidade de Campinas e compreende caixa será também de dimensões limitadas; a ela virão ter as águas mais as cidades de Limeira e Rio Claro; em ativo andamento estiveram captadas nos outros mananciais. Da caixa de reunião passarão as em e águas à caixa de decantação que obedecerá ao tipo da que projetei desveladamente dirigidos pelo engenheiro chefe de secção F. Saturnino para Rio Claro, aumentando-se as dimensões; daí passarão à caixa Rodrigues de Brito. de junção, projetada com as dimensões restritas para a regular ali- todas elas os trabalhos empreendidos, sendo hábil A elevação da captação, de maneira a reunir as águas à cota mentação do conduto forçado que dela parte para a cidade. 140m, além do inestimável proveito de colhê-Ias incomparavelmente C) LINHA ADUTORA - Tornando-se impossíveis, na época mais puras e frescas que as que abastecem presentemente a cidade, atual, despesas extraordinárias, conservar-se-á a linha adutora traz a ponderosa vantagem de melhor se aproveitar a capacidade da existente, melhorando-a, para ser duplicada em ocasião oportuna. atual linha adutora, a qual seria mantida, apesar dos defeitos já Como já mostrei ela pode fornecer, elevando-se a sua cabeceira, o anteriormente assinalados quanto ao traçado da gradiente; considerando dispêndio de 80L; logo, na estação epidêmica, que coincide aliás com efeito o ponto critico, situado entre o 11.0 e 12.0km, obtém-se pela com a das chuvas, a população pode ser socorrida com 276L por fórmula de Darcy o dispêndio de 80 litros por segundo, equivalente ao pessoa, ou mais 48L do que atualmente; na estiagem terá 245 litros aprovisionamento à cidade na razão de 276 litros por habitante. por habitante. Sobre estas bases o Chefe do Distrito, o ·talentoso engenheiro D) RESERVATÓRIO - Sendo o reservatório atual Saturnino de Brito, calcou o novo plano do abastecimento, que em constante de uma só caixa, convém fazer uma outra para permitir seguida vai descrito com as suas próprias palavras: freqüentes lavagens. A) MANANCIAIS - Desapropriar uma faixa de 50 a 100m a E) DISTRIBUIÇÃO - Desconhecendo os detalhes da rede de distribuição atual, formarei a melhor hipótese, reputando-a boa. da parte baixa da cidade. Contudo é preciso não esquecer que na parte baixa a carga estática Alimentada a primeira pelo atual reservatório e seu par. a é de cerca de 75m, o que dá lugar a consideráveis perdas pelas construir a zona inferior sê-lo-á por uma caixa de menores fugas e pelos lastimáveis abusos de deixar abertas as torneiras, o dimensões divididas porem, em dois compartimentos e situada na que sempre tem lugar quando o consumidor não é interessado na praça S. Benedito ou em local que porventura seja julgada mais economia da água. Convinha reformar as bases do fornecimento e conveniente; as sobras da distribuição superior viriam ter a esta introduzir os hidrômetros, cobrando-se a preço mínimo a água caixa regulando-se o seu dispêndio por acertadas manobras. Alem estipulada necessária para os usos domésticos das casas, de desta contribuição alimentadora receberia a caixa inferior o acordo com o número aproximado de moradores; desta base por subsídio de mananciais circunvizinhos à cidade e que por sua diante, elevar os preços conforme o valor da propriedade e usos escassa altitude não puderam ser aproveitadas para a alimentação industriais da água, não esquecendo a utilização na irrigação de do reservatório atual; entre estes mananciais citarei o Proença: jardins e hortas, para o que se podia estabelecer na falta de que já forneceu água de uma de suas cabeceiras para a cidade hidrômetros, preços por unidade de área cultivada. Para abastecer conforme referiu-me o criterioso e inteligente Snr. Francisco o bairro da "Fonte-Preta" que fica em altitude superior à da Caixa Camargo Penteado; citarei ainda o Tanquinho, no interior da atual, bastaria montar um regulador de pressão na linha adutora e cidade melhorando e protegendo a captação das águas que, aliás, fazer a distribuição, quer diretamente, quer indiretamente por já abastecem vários chafarizes e são muito procuradas quando as intermédio de um pequeno reservatório de ferro, com elevação da Companhia estão turvas. Incidentemente observarei que esta suficiente, ao qual viria ter o ramal de derivação; assim atender-se- divisão em duas zonas trará a vantagem de reduzir a carga ia a uma necessidade que é de cara ter inadiável, devido à estática, em proveito da economia do abastecimento. invasão epidêmica nesse bairro notando-se que a Companhia não ESGOTOS E lNCINERAÇÃO DO LIXO – Desconhece esta tendo, talvez encontrado solução para satisfazê-Ia, julga-se Comissão os detalhes da atual rede de esgotos e não pode portanto também desligada de levar até lá a rede de esgotos, conforme já o avaliar a sua suficiência nem sugerir proveitosos melhoramentos. exigiu a Comissão Sanitária. Atendendo a forte declividade de que se dispõem em geral é de supor F) AUMENTO DE APROVISIONAMENTO - Desde que o que tenha havido sempre um funcionamento regular dos esgotos novo plano abandona um bom volume das águas que chegam às observando apenas que alguns tampões têm saltado por ocasião de atuais represas deve-se cuidar de estabelecer as bases para o fortes chuvas. No entanto havendo a Comissão Sanitária mui desenvolvimento do abastecimento, a fim de acudir a um notável e judiciosamente determinado a cimentação das áreas ou pátios em torno possível acréscimo da população. Parece-me que neste caso das torneiras e debaixo das goteiras dos telhados obrigando mesmo a convirá dividir a distribuição em duas zonas: - a da parte alta e a cimentar completamente os pequenos pátios onde os raios do sol 137 dificilmente penetram e provindo daí maior contribuição para os esgotos ativo andamento. Em 31 de dezembro do mesmo ano teve lugar a e talvez com o tempo a insuficiência de vazão do atual coletor principal medição final de acordo com a decisão tomada; e sucederam-lhe as que é de ferro; tornar-se-ia assim necessária a construção de novo negociações para o acordo sobre as modificações a fazer-se na coletor, o qual poderia ser projetado sob as avenidas que em futuro tabela no sentido de minorar alguns dos preços que eram exage- próximo provavelmente margearão os ribeirões canalizados. rados, mormente em relação às escavações para a feitura do canal. A municipalidade entretém um dispendioso serviço de Entretanto dilatadas delongas, adrede provocadas pelos emprei- remoção do lixo, que deixa, contudo a desejar, porquanto verifica- teiros com o fim de aproveitarem-se das vantagens da antiga tabela se que o lixo permanece em grande número de casos, depositado me obrigaram a suspender em julho os trabalhos até que fosse durante 4 ou 5 dias em ,áreas reduzidas e muito úmidas. Conviria, assinado o novo contrato. Realizou-se finalmente este ato em 2 de pois que este serviço fosse melhorado a bem da higiene e que se setembro de 1897, desaparecendo então a divisão em trabalhos em desse o devido consumo ao lixo incinerando-o em um crematório e três trechos e estabelecendo-se nova tabela com vantagens para o procurando utilizar industrialmente este serviço ou entregando-o à Estado. Ora havendo progredido as obras de um modo notável lavoura o que é mais simples e econômico. Por informações dadas desde fins de 1896 tornara-se necessária nova medição final que foi pelo engenheiro da Intendência Municipal acham-se empregadas efetuada a 30 de agosto de 1897. na remoção do lixo 30 carroças, cada uma da capacidade de um A avaliação final das obras baseada sobre as notas e metro cúbico e que fariam 3 viagens por: dia donde resultaria pois desenhos remetidos pelo escritório do 2.° Distrito e verificada pela um volume diário de 90m.c. de lixo, o que parece por demais secção da contabilidade dá o seguinte resultado: exagerado 1.° trecho - empreiteiro Tito M. Ferreira............ 485:526$378 comparando-o com outras cidades da mesma população. Para o caso de Santos, por exemplo, que é cidade mais 2.° “ - “ J. Correia de Morais ............ 290:667$ 320 movimentada e comercial que Campinas, a produção diária de lixo 3.° “ - “ J. Nogueira Feraz ............ 285:492$ 237 3 Ou um total de.................................................................... 1.061:685$935 regula segundo já me referi por 65m . CANAL E GALERIAS DE DRENAGEM - Em fins de 1896, tendo terminado o prazo para a conclusão das obras, relativas a canali- que comparado às últimas medições mensais feitas em julho dá um saldo de 68: 776$678 a favor dos empreiteiros. zação de ribeirões e construção de galerias de drenagem contratadas Estavam então construídos 150,8m da galeria sobre o com os cidadãos Tito MartiIls Ferreira, José Correia de Morais e João Tanquinho; 54,6m de galeria no cruzamento da rua D. Libânia e Nogueira Ferraz, vosso digno antecessor aceitou o alvitre que eu 401,2m de canal no Anhumas, e mais a montante abaixo e acima apresentara de proceder-se à medição final dos trabalhos já da confluência do Serafim havia prontos 154,7m de galeria; executados e de inovar-se o contrato mediante revisão da tabela de finalmente sobre o Serafim estavam as obras quase concluídas preços sem contudo interromper os trabalhos que achavam-se em havendo 720m de galeria já construída. 138 Em setembro prosseguiram as obras em sua segunda Alvenaria de tijolo: 796,922 m 3 2 fase, desenvolvendo o empreiteiro grande atividade; sendo que ao Escoramentos: 1633,440 m findar-se o ano aprontaram, as obras relativas ao Serafim até o Revestimento de argamassa: 1147,393 m sopé da barragem do açude e o trecho do canal de 252,7m que Roçado em capoeira fina: 2000,000 m restava completar no Anhumas e a galeria sobre este ribeirão até a Assentamento de manilhas: 112,000 m praça Correia de MeIo, enquanto que prosseguira a construção da ga- Assentamento de cerca de arame: 2000,000 m leria sobre o Tanquinho até a rua Major Solon aumentando-se-lhe a Importando na quantia de 215:864$854. declividade de 0,009 para 0,012, além de alguns degraus e economizando-se ao mesmo tempo de modo notável nas escavações e nas alvenarias sobre o que estivera até então estabelecido. Os trabalhos executados durante o ano passado consistiram 3 3 construção à soma de 637: 728$037. As obras estão todas bem construídas e nada têm sofrido; apenas longos trechos em canal não dispensam uma constante dos trabalhos); para isto será necessário manter permanentemente Alvenaria de pedra argamassada: 5053,655 m Alvenaria de tijolo: 1551,127 m 3 3 uma turma de conserva, depois que as margens do canal forem protegidas por uma cerca de arame em toda a extensão, trabalho 2 este que está em andamento. Revestimento de leivas:12401,200 m 2 Revestimento de argamassa:2617,022 m Prossegue o relatório de Lisboa 3 Ao passo que a execução das obras nada deixa a desejar, 2 outro tanto não acontece quanto à vazão dada aos cursos d’água 2 de maneira a satisfazer plenamente em tod0s os pontos. Desde Rejuntamento: 144,321 m Destocamento:480,000 m Durante o ano findo elevaram-se, pois as despesas de à conservação durante seis meses, depois do recebimento definitivo Alvenaria de pedra seca: 1535,241 m Escoramentos: 9560,380 m 2 conservação (os empreiteiros são obrigados na parte que lhes toca na primeira fase no seguinte: Terraplenagem: 50790,229 m 2 Assentamento de manilhas: 859,700 m outubro de 1896 já O engenheiro Saturnino de Brito se Ferro: 251,500 kg pronunciara contra a insuficiência de secção de vazão das Importando os trabalhos na quantia de 421:763$183. galerias indicadas no projeto que estava em execução quando se organizou a atual comissão do Saneamento do Estado; e atendendo às concludentes razões apresentadas é que concordei Na segunda fase: Terraplenagem: 5344,495 m 3 Alvenaria de pedra seca: 544,918 m em não ser coberto o trecho do ribeirão do Anhumas, situado a 3 Alvenaria de pedra argamassada: 1589,273 m jusante de sua confluência com o Tanquinho, construindo-se aí 3 uma testa dupla; e· em substituir a galeria do tipo n. 2, designada 139 para o mesmo ribeirão acima dessa confluência por outra de reencenada a construção da galeria do tipo n. 3, com a precaução maior vazão; alem disto pela mesma razão e por considerações apenas de aumentar-lhe a declividade, alem de reforçar o berço de economia adotou-se francamente o canal a céu aberto em para prevenir o caso de entrar a galeria por momentos em carga longo trecho do mesmo curso d’água ate quase à confluência do com alguma enchente extraordinária e brusca; contava também Serafim. poder desviar para as bacias de Anhumas e Proença uma parte Quanto ao Tanquinho, que era considerado inferior em das águas pluviais que contribuem para o caudal do Tanquinho, descarga ao Anhumas, mas que tem provado ser-lhe equivalente, segundo o que já foi lembrado em meu precedente relatório. Cabe havia um pequeno lanço já construído de galeria do tipo n. 3, e aqui, aliás, observar que os cálculos geralmente feitos para o por muito tempo permaneceram paradas as obras, até que fosse escoamento das águas das chuvas em uma dada superfície, e resolvido qual o tipo de construção a empregar-se. As condições tendo em vista as observações pluviométricas da localidade, são locais relativas a este riacho eram diferentes dos do Anhumas, baseados em hipótese aceita de que a duração do escoamento banhando as suas águas fundos de quintais em grande extensão, corresponde ao triplo do tempo que gasta uma chuva copiosa a e portanto sujeitas a receber imundícies de toda natureza; motivos cair. É evidente, pois que um coletor, cuja vazão foi determinada de higiene eram por isto alegados em prol da galeria coberta, e para satisfazer a essa condição, não comportará o volume d’água com muita razão, da rua Major Solon em diante ate a praça Carlos que possa despender muito menos tempo a afluir e juntar-se, do Gomes. a que o cálculo, em conseqüência de estarem calçadas as áreas e conveniência de serem abertas avenidas arborizadas ao longo as ruas e estas munidas de sarjetas e possuírem boa declividade; das foi isto que sucedeu em Campinas, Neste margens comenos do canal, o chefe medida do esta distrito que lembrara somente à municipalidade compete tornar em realidade; e estendendo este A chuva torrencial caída no dia· 1 de janeiro deste ano plano ao trabalho por fazer no Tanquinho opinava resolutamente veio demonstrar peremptoriamente a insuficiência de vazão da pejo canal aberto em vez da galeria projetada. Em meu relatório galeria do Tanquinho, pelo transbordamento das suas águas que anterior me exprimi também neste sentido; e em anexo transcrevo operou-se na travessia da rua Major Solon, ao passo que a galeria a exposição, que aquele distinto engenheiro dirigiu à Câmara de Anhumas, sob a rua D. Libânia não foi assoberbada pela cheia; Municipal de Campinas em relação aos projetos complementares a obra ficou porem intacta, apesar de ser de recente construção, dos trabalhos em via de execução, que eram de competência dela atestando assim as suas excelentes condições de execução; iniciar e levar a efeito. acresce que ainda não se havia feito o aterro, destinado a cobrir a Como a Municipalidade tardasse em manifestar-se sobre o assunto e era necessário agir para não deixar o empreiteiro sem trabalho, prevaleceram às considerações de higiene, e foi obra, não provindo, portanto prejuízos materiais, também por este fato. Antes de prosseguir na construção da galeria acima da rua 140 Major Solon, se deverá prover para remediar o mal. Apresentam-se por barragem da terra, que represa as águas, podendo acontecer que, com isso três soluções; a saber: a) a demolição do berço da galeria do a queda de alguma manga d´água nas cabeceiras, as águas do açude Tanquinho e reversão ao projeto em construção aberto, solução a mais sobrelevem a barragem, aluindo-a e levando por diante a destruição às econômica; b) a construção de uma galeria paralela a primeira e de igual benfeitorias particulares, como à parte canalizada do Anhumas. extensão, solução esta a mais racional, porem a mais dispendiosa, e c) deixar intacta a galeria construída e adotar uma disposição que permita Conclui o Relatório Lisboa: a descarga de todo o volume d’água excedente da capacidade da Outro complemento das obras do saneamento seria a galeria, em linha reta para o Anhumas canalizado; esta solução tem o construção de uma grande lavanderia; esta comissão encontrou-a pro- defeito de preparar-se um canal que se achará seco durante o ano todo, jetada no triângulo formado pelas ruas Santa Cruz e D: Libânia e pelo rio excetuando-se os raros dias de chuvas torrenciais extraordinárias; o seu Anhumas, e orçada em 90:000$000. Modificando este projeto o chefe do custo seria intermediário aos das outras soluções. Distrito adaptou-o de maneira a encobrir um trecho de 42 metros cio Na continuação das obras sobre o Tanquinho acima da rua canal, situado abaixo da confluência do Anhumas e Tanquinho, e no Major Solon é indispensável adotar-se a galeria do tipo n. 1 até a rua 14 qual foram em 1896 construídos os encontros, que deveriam receber o de dezembro, onde começa um trecho já canalizado, se bem que de um berço da galeria então projetada: este trecho ficara, como se vê, com modo irregular, sendo que o leito do canal apresenta largura variável e disposição diferente do tipo do canal empregado. O edifício seria os paredões que o limitam são de alturas diferentes; o melhoramento levantado sobre colunas de ferro apoiadas nos encontros e sobre muros radical deste trecho poderá ser adiado, mediante alguns reparos que construídos alem da crista dos taludes; e teria um só pavimento sobre facilitem o escoamento desimpedido das águas até que fique decidido se abobadilhas de tijolo, repousando em vigas metálicas; as fachadas a Câmara Municipal levará ou não por diante a abertura de uma avenida, principais enfrentariam pequenas praças ajardinadas de forma triangular. até a praça Carlos Gomes; depois disto e só então convirá converter Para o aprovisionamento da água necessária ao serviço da lavanderia este trecho canalizado em galeria coberta, aproveitando quanto possível seriam captadas e canalizadas as nascentes do Anhumas e do Serafim, o material dos paredões e a obra feita. e poderiam ser-lhe acrescidas as sobras do Tanquinho, depois de Sobre o Anhumas nada mais haverá a fazer, convindo apenas abastecidos os chafarizes a que servem atualmente. remover, da praça Correia de MeIo os tanques de lavagem de roupa, Os trabalhos relativos à canalização dos riachos e à construção quando for construída a lavanderia pública, projetada no cruzamento da das galerias de drenagem e dos drenas foram ativamente fiscalizadas rua de Santa Cruz, e quanto ao Serafim convirá como complemento pelo ajudante de 1a classe José Pimenta com grande proveito para a indispensável do plano de saneamento esgotar sem demora açude aí solidez das obras e economia na estrutura, segundo refere o engenheiro existente e drenar a superfície em direção à galeria já construída; esta F. Saturnino Rodrigues de Brito, seu chefe imediato. medida é tanto mais urgente que não oferece grande segurança a 141 ANEXO B Hoje a tendência é para conceber o “urbanismo” no sentido lato. Relatório sobre o caráter e o programa do Plano de Urbanismo de Ele está longe de resumir-se a um plano de ruas: todos os fatos e Campinas. In: Relatório dos trabalhos realizados pela Prefeitura aspectos municipais se entrelaçam. Municipal de Campinas durante o exercício de 1934. Campinas: Linotypia da Casa Genoud, 1936 Como o desenvolvimento duma cidade é determinado pelas condições e possibilidades (principalmente econômicas) do município e da região, resulta que um plano de urbanismo bem pensado deve enquadrar-se num plano – embora muito sumário – regional. No nosso Ilmo. Snr. Prefeito. caso diremos “municipal”, para não complicar. 1. 2º- O plano deve ser técnico. Poderíamos dizer “científico”, isto é: Na antiguidade a fundação duma cidade era uma solenidade religiosa e nãos e realizava antes de afirmarem os augures que os deuses eram propícios. Podemos fazer um paralelo: hoje é a a) Estribado em estatísticas e investigações mais ou menos minuciosas; inauguração dos estudos urbanísticos que pode ser considerada b) Baseado em critérios precisos; solenidade cívica, porque marca o inicio da vida urbana consciente e c) Orientado pela experiência estrangeira no que for cabível. perfeitamente organizada. Importa acentuar esse caráter “técnico” em contraposição ao 2. Aproveito esta oportunidade, quando se iniciam os nossos “sentimental” ou de “palpite” a que não escapam habitualmente os trabalhos; - dos primeiros e mais promissores no gênero, que se fazem leigos. E mesmo alguns profissionais... Embora o inquérito (survey) no país – para saudar nas pessoas de V.S. e dos membros do Conselho cívico e técnico não determine estreitamente o plano, é sempre uma Consultivo a cidade de Campinas. referência valiosa para precisar e esclarecer as questões. Maior ainda 3. Passo a propor o caráter e o programa do plano da cidade, que a utilidade imediata será a sua utilidade futura, como elemento premissa essencial para o andamento dos estudos. (os programas para comparativo, quando se proceder á revisão do plano, coisa necessária a planos urbanísticos estão mais ou menos standardisados nos países grandes intervalos para atender tanto á evolução natural da idéias como mais adiantados. Seguiremos mais de perto o de Lanchester, que pode á experiência local. ser considerado clássico). Conheço por amor ao método, pelas idéias A experiência estrangeira é evidentemente útil, desde que o bom gerais e intuitivas. senso saiba pensar-lhe o valor. Dos exemplos coloco em primeiro lugar 4. o americano e o alemão. Caracteres. 1º- O plano deve ser compreensivo, isto é abranger todos os principais É preciso principalmente não confundir um “plano geral de aspectos gerais da vida da população e estender-se a todo o município, urbanismo” com simples exposições preliminares de idéias ou com embora dando o especial destaque á cidade e aos aspectos materiais. meras coleções de aquarelas, como tem sucedido no país. 142 3º- O plano deve ser prático, isto é, atender: h) Exposição geral ou relatório; a) Ás possibilidades econômicas; i) Propaganda; b) A exeqüibilidade financeira; j) Estudos complementares e eventuais (questões gerais tais c) Á exeqüibilidade legal; como d) Ás necessidades reais; administrativa, detalhes mais importantes, adaptações, e) Aos desideratos razoáveis da população; etc.) governo municipal e organização técnica e f) Á experiência alheia; Notas: (a) visa obter maior número de dados possível, já elaborados, g) O clamor por coisa grandiosa, mas impraticáveis pelo sobre custeio e geralmente desproporcionadas ás necessidades, traz quase tanto embaraço como a visão estreita, que não atenta ao lapso de tempo a cidade, seu desenvolvimento, suas riquezas, suas necessidades. (b) é também uma coleta, porém ativa e organizada; parte pode visado nem á larga distribuição dos encargos. ser feita por meio de funcionários municipais, parte por consulta a Notas: (b) e (c) dependerão muito da nova legislação que vamos pessoas, instituições e repartições competentes ou interessadas. receber, em especial da extensão dos poderes que, em matéria de Campinas conta, dentre seus filhos e moradores, uma plêiade de desapropriação e taxação, forem concedidos ás municipalidades. (a) técnicos distintíssimos, cujo concurso será inapreciável. Liga-se intimamente á prosperidade do município. (c) é a apreciação e síntese dos dados anteriores e síntese dos dados anteriores: tabelas, gráficos, comparação, conclusão, etc. 4º- O plano deve visar um espaço de tempo dilatado que costuma variar, conforme os casos, de 20 a 50 anos. (d) são tentativas para fixar idéias, partindo de preferência das grandes linhas. A marcha inversa, que parte de detalhes para conseguir Esta condição, a que o leigo não está habituado, muda muito a efeitos imediatos, é condenável. Essas tentativas devem ser numerosas perspectiva das coisas. A execução gradual de muitas obras e um em Campinas, onde o problema parece-me menos determinado e mais critério “plano de ação” acabarão por convencer os mais tímidos. difícil que em outras cidades que tenho examinado. Os concursos (e) são admissíveis em urbanismo em certos casos e desde convenientes 5º- O trabalho compreenderá: a) Coleta de dados; b) Inquérito cívico e técnico; c) Elaboração e crítica dos resultados anteriores; d) Esboços preliminares; e) Concursos auxiliares; f) Plano propriamente dito; g) Exposição de recursos; propostos. Não podem desempenhar o mesmo papel que em arquitetura. (g) a exposição de recursos trata das leis de expropriações, das leis de regulamentação, dos recursos fiscais, do plano de ação. (i) a propaganda far-se-á por meio de artigos, palestras inquéritos populares pela imprensa, publicação do relatório, etc. Durante os trabalhos as conclusões devem ser consideradas 143 provisórias até a última fase do plano. Realmente, dada a múltipla C) Geologia – Mapa da C.G.G.– Referências, Geologia conexão dos assuntos, modificações podem se tornar necessárias até o agrícola (Instit. Agron.). Sondagens, lençol d´água superficial e profundo. ultimo momento, para a harmonia geral. Águas gerais minerais. Minas. Jazidas. Pedreiras. Turfeiras. Xistos betuminosos. Areia e pedregulho. Barro para olarias. Erosão. 6º - O plano será elaborado sob a responsabilidade do urbanista, que D) Meteorologia (C.G.G., I.A.). ouvirá a Prefeitura, a Comissão do Plano ou outro órgão a quem a) Organização do serviço local. Estações, localização, incumba cuidar da iniciativa, a fim de apreender aos desideratos gerais. instrumentos e processos. Conservará, porém uma liberdade técnica. A cidade, por seus poderes, b) aprovará integralmente ou não o plano, ou utilizá-lo-a como julgar mais Variações diurna, anual, etc.. Efeitos. acertado. Assim permite-se maior liberdade tanto á Prefeitura como ao c) Chuva. Número de dias por ano e sem. Alturas urbanista, evitam-se embaraço e delongas, e resultará maior unidade de separadas e integradas. Variações locais, mensais e trabalho. anuais. O plano (f) compreenderá: 1) Plano sumário do da cidade dominantes, freqüência, intensidade. d) Temperatura. Médias; extremas; variações; município (organização, estradas, e) Pressão; reservas, florestais, etc.) 2) Plano Ventos (organização, f) Nebulosidade; zonas, rede arterial, arruamentos, sistema de parques, etc.) 3) Plano da cidade (leis e regulamentos de construções, de zonas, de arruamentos, de circulação, etc.) g) Higrometria. E) Estradas de ferro: I- passagem de nível no município, suas condições, número de passagens de trens e de veículos, estatísticas dos desastres especificadamente, custeio de guarda, etc. II – Estações: movimento em passageiros e mercadoria; crescimento. 7º - Baseado nas idéias anteriores damos o programa do survey para a primeira parte do plano: o plano municipal, moldura e em parte determinante do plano urbano. A) História da cidade e do município em linhas gerais. Seu desenvolvimento e suas causas. Planta e fotografia velhas. Estudos e monografias sobre o assunto. B) Geografia do município. Mapa da Com. Geol. e Geografia (C.G.G.). Cadastro rural (estatística imobiliária, Prefeitura, Secr. da Agric.). Vazão dos rios principais. Riqueza florestal. Espécies F) Estradas de rodagem: rede estadual, municipal e privada. Condições técnicas (largura, curvas, raios mínimos, declividade, sobre elevação, secção, alargamentos, abaulamento, visibilidade, revestimentos, valetas, bueiro típicos, etc.) regulamentares. Movimento; estatística. Veículos: número por hora, dia, ano, espécie, peso, velocidade, gabarito, etc.. Regulamentação: regras, sinalização. Conservação especificada, custos. Cruzamentos, visibilidade. Trechos novos desejáveis, remodelações desejáveis. Polícia: instruções, pontos, pessoal. Cargas (para pontes). vegetais locais. 144 Aeroportos: locais aproveitáveis para tal: solo, ocupação G) P) atual, umidade, declive, área, planta, distância, acessibilidade, nevoeiro, dos custo, custo de melhoramentos indispensáveis (drenagem, etc.). concernentes. Reservas florestais: principais ou mais interessantes H) matas existentes, características (área, destino, relevo, custo, serviços Organização municipal: administrativa e técnica. Quadro e pessoal (não nominal). Leis e regulamentos Q) Coleção de relatórios municipais. R) Organização sanitária: municipal e estadual. Relações. localização). Cabeceiras protegidas. Locais ou beleza naturais notáveis Estatísticas demográficas de diversos anos. Mortalidade, natalidade, (cachoeira, penhas, árvores, etc.). moléstias especificadas, localização dos fatos, referencia ás condições Recursos hidráulicos: para alimentação e para força. I) sanitárias, etc.etc.etc.. Queda, vazão regime, extensão. Recursos minerais. Recursos vegetais e agrícolas: cadastro agrícola; mata, 8º- Dos documentos anteriores, devem ser colhidos os que campo, capoeira, cafezais, lavras, etc.. Recursos animais (gado, pesca, forem possíveis, sem preocupação por enquanto, de harmonizá-los ou etc.). reduzir a critérios idênticos ou comparáveis. J) Escolas fora da cidade. Localização em planta, tipo, K) número de alunos, distância das casas destes, condições, aluguel, referente á cidade propriamente. Por exemplo: higiene, freqüência, residência do professor. Instalações de serviço público. Rede e adutores; água, L) Aglomerações no município. Subdivisões deste. Estações, vilas, fábricas, núcleos, colônias, fazenda. Repartição da população. Recenseamentos federais. Higiene Rural, condições sanitárias atuais, habitação: tipo, despejo, alimentação, assistência. N) - Linhas de bonde: sua marcação separada em planta (p. ex. uma cor para cada percurso). Horário ou freqüência, passageiros eletricidade, telefone, etc. M) 9º- para ganhar tempo convém adiantar alguma documentação Recursos econômicos. Monografias sobre as riquezas e possibilidades do município. Culturas. Safras. Possibilidades industriais. transportados por linha e hora. Relatório da empresa. Contrato. Idem de ônibus. Regulamento. Concessões. - Coleções de leis e regulamentos municipais, em especial: padrão de construções, lei de arruamento de tráfego, etc.. - Planta das redes de água, esgoto, pluvial, gás, etc. Diâmetro e profundidades principais. Relatório Saturnino de Brito. interna. - Bombeiros. Sede, organização, postos de sinal, material, Relatórios de estrada de ferro, bancos, grande estabelecimentos, de pessoal. Estatística de incêndio (localização, hora, espécie, resultado, empresas de serviço público. causa, etc.). Possibilidades O) comerciais; centro distribuidor; alfândega Recursos financeiros. Impostos municipais, estaduais e federais desde antes da grande guerra. Arrecadação anual, taxas, - Lixo. Condições. Taxas. Retirada. Destino. Organização. Análise. Etc.. critério de lançamentos. Explicação dos saldos eventuais observáveis. 145 II ANEXO C ENTRADA DA CIDADE Relatório da exposição preliminar. In: Relatório dos trabalhos realizados pela Prefeitura Municipal de Campinas durante o exercício de 1935. Campinas: Linotypia da Casa Genoud, 1934, p. 69 – 128. Começamos a exposição pelo primeiro aspecto que vai se oferecer ao visitante rodoviário. O trecho rodovia S. Paulo - Campinas, mais próximo a cidade Relatório do Dr. Francisco Prestes Maia Rascunho de Exposição Preliminar deverá ser tratado mais como alameda ou avenida bem como rodovia. Isto poderá começar perto de Valinhos e acentuar-se perto de Campinas. O plano da estrada basear-se-á neste critério: I A- Procurar aspecto agradável e, se possível, mesmo um pouco monumental, por se tratar da “entrada” da cidade, O plano de urbanismo de Campinas refere-se a aspectos B- Aplicar o mais possível as conclusões modernas sobre rodovias expostos em exposições anteriores e enumerados em esquema já principais, que visam a não interferência do movimento da distribuído. travessia com o puramente, - conclusão que tem culminado, Vamos agora encarar concretamente uma parte do plano, aquele que temos chamado de “plano material”, limitando-nos ainda, por onde as circunstancias justificam, nas auto-estradas. a) Previsão de alargamento para no mínimo 4 vias (4 filas de necessidade de clareza, aos pontos principais e as grandes linhas. É importante relembrar que esta exposição não tem caráter de veículos, passeio). b) Previsão de passeio. projeto nem proposta formal. Conforme idéias já expendidas sobre a c) Previsão de arborização. verdadeira função das diferentes entidades que concorrem no estudo da d) Motivo inicial ou de demarcação que poderá ser constituído cidade, o papel no plano preliminar abaixo é apenas o de constituir guia por portal, pylones, etc.. Em rigor ficaria mais interessante e e referencia para melhor coordenação daquelas “manifestações das simbólico na divida do município. aspirações coletivas”, que cabem á Comissão de Urbanismo. Observar que este plano é um tanto esquemático, que os traçados na planta estão simplificados e, nos detalhes, fora de escala precisa. Observar ainda que alguns traçados figuram simultaneamente com as variantes, embora na realidade trate-se de uma alternativa. Deixaram-se de lado os fatos que podem ser tratados parte e os detalhes e questões secundárias. e) Pracinha e motivo na entrada da cidade propriamente dito. f) Recuo das casas. g) Alargamento parciais nos pontos comerciais, de modo a deixar livres as 4 vias para a grande circulação. h) Retificação e melhoramento dos alinhamentos e “grades” nos pontos menos satisfatórios, de modo a permitir grande velocidade. 146 i) j) Máximo espaçamento das transversais, evitando o mais automóvel são consideradas defeituosas as estradas que não permitam possível desenvolvimento do movimento local sobre a faixa a estes a máxima velocidade. Nas ruas comuns a transigência é de interesse geral. Previsão da passagem em desnível onde inevitável porque estas têm por objetivo não só o trafego geral, como for fácil. particular e, sobretudo, o acesso das casas. Nas estradas e Maximo descobrimento das vias nos cruzamentos indispensáveis. k) Prever o desenvolvimento futuro da faixa sem vazão direta e continua sobre a estrada, mas antes lateralmente e com ligações menos freqüentes. Vê-se que há aqui (como em geral em todas as rodovias, mas especialmente nas vizinhas ás cidades) uma conciliação a fazer entre as principalmente, nas grandes estradas, o primeiro objetivo é o importante, o segundo é secundário. O ideal seria mesmo manter uma estrada central (longo percurso) e das duas laterais, para serviço local, comunicado com a central de longe em longe. Esta é, resumidamente, a concepção a aplicar as grandes estradas do município (de acordo com o Estado, se possível) e máxime á de estrada. 2 funções muito diversas do trafego geral e do local. É um erro enorme e A pracinha de entrada da cidade será pouco aquém de Villa ainda corrente entre nós permitir que as rodovias sejam tratadas pelos Marietta, num alto donde podem partir com relativa facilidade, tanto á lindeiros como ruas comuns. Resulta que, ao cabo de anos, tornam-se direita como á esquerda, os 2 ramos da grande avenida ou rodovia ruas estreitas e de trafego difícil, quando seu fim é principalmente o perimetral externa de Campinas. trafego grande, veloz e de grade distâncias. O direito de aproximar as construções e fechos, abrir portas, porteiras e comunicações sobre a III estrada, manter estacionamentos em frente ás casas e dentro das faixas PERIMETRAL EXTERNA carroçáveis, são tudo abusos a coibir ou corrigir. As rodovias em geral receberão assim no município, uma regulamentação especial que devera ter partido do Estado, mas que este, aliás, dificilmente o conseguiria plenamente, em vista da enorme diversidade de condições em todo o seu território. E, porém na estrada principal, a de entrada, e em menos grau nas outras principais, que tal regulamentação e As perimetrais têm um fim triplo, ou mesmo quádruplo: a) Libertar do trafego de travessia o centro mias estreito e congestionado; b) Facilitar a este a passagem das cidades ou aglomerações e permitir-lhe manter grande velocidade; melhoramento devem ser aplicados. As grandes rodovias devem imitar c) Ligar melhor os arrabaldes entre si; segundo idéias modernas, os metropolitanos e as ferrovias, que d) Servir para passeio, máxime quando são tratados como possuem leitos próprios e cruzamentos em desnível. Como a imitação “park-ways”. São fins ao mesmo tempo econômicos, estéticos, completa é impraticável, deve haver uma conciliação, mas nunca deixar higiênicos, de trafego e de segurança. que as grandes vias tornem-se ruas absolutamente comuns. Na era do O fim (a e b) é tão procurado hoje que os traçados das grandes 147 estradas de rodagem já desviam sistematicamente das aglomerações, que são servidas por derivações ou ramais. A perimetral, que estamos seguindo, prossegue pelo espigão do Chapadão, para perto da Fazenda Santa Eliza, passa atrás da Escola O objetivo (c) é importante em Campinas, onde vêem muitos Profissional (em um ou dois ramos) pelo vale do Taquaral e fecha o bairros e arruamentos, lado a lado, porém mal ligados entre si, sem circuito dos terrenos dos filtros do Saneamento. Ela liga bem todas as grandes vias de conexão, continuas e amplas. Na Capital do estado o estradas radiais e todos os bairros afastados, constituindo belíssimo mesmo se verifica. passeio. Não é obra sumptuaria porque é obra que terá de ser feita mais A perimetral externa campineira passará á direita pelo alto do tarde, em qualquer tempo, e porque, prevista agora, permite preservar- Fundão, aproveitará um corte da E.F.Paulista para uma passagem lhe a faixa necessária. O traçado exato não é possível no momento por superior da artéria urbana, e alcançará o Córrego do Novaes. Um ramo, faltar a planta cotada da cidade alguns setores. Isto será, porém fácil tratado como “park-way” (avenida-parque, larga, bem arborizada e completar. A Comissão poderá sugerir complemento topográfico. mesmo ajardinada, aproveitando a inferioridade dos terrenos baixos para construção) acompanhará o “thalwegg”. Outro procurará em curvas, IV subir o morro, cruzar a estrada de Souzas e seguir pelo alto ou meia PARQUES encosta. Do lado esquerdo da entrada da Cidade a perimetral externa descerá á estrada de Itu, que atravessará, dividindo-se em 2 ramos: um passa próximo ou através dos terreno municipais de Villa Industrial, outro envolve S. Bernardo. Ambos acabarão por atravessar a Paulista, atingir a estrada de Limeira e prolongar-se pelo alto do Chapadão. É desejável que esta perimetral seja sempre ampla, com boas rampas e grandes raios de curvatura. É inútil, porém fixar-lhe secção uniforme, desde que satisfaça certo mínimo nos trechos piores (4 vias arborizados), procurando 6 vias ou faixas gramadas e arborizadas (futuras) nos trechos melhores. A questão das rampas é mais difícil, porque percorre faixa acidentada: convém tolerar alguns pequenos excessos em vista da importância predominante da diretriz e admitir alguns cortes e aterros pesados. A economia em terraplenagem deve ser regra nos arruamentos secundários (enchimento das malhas), mas não no caso das artérias principais. Antes de prosseguir podemos deixar logo assentado este ponto importante do urbanismo, que a Perimetral externa traz á baila. A necessidade de parques é pouco conhecida entre nós devido a hábitos viciosos e idéias falsas. O hábito vicioso é a relativa inércia e má educação da raça em matéria positiva e de recreio. Esportes impróprios para o clima ou para as idades, instalações nulas ou precárias, embaraços de freqüência, falta de incentivos e de exemplos, ausência de todos os atrativos conexos, preconceitos – tal é nosso balanço. As idéias falsas versam, sobretudo sobre o abandono dos parques existentes, argumentos contra os novos. Entretanto a realidade é que desconhecemos o que sejam parques completos. Reduzidos a jardins públicos pequenos e sem graça, sem vegetação abundante, sem instalações (que devem ser não apenas boas, mas ótimas e completas), sem as separações naturais, sem comodidades, sem atrativos, é natural que nossas populações prefiram permanecer em casa ou freqüentar cinemas asfixiantes. 148 Sempre, porém, que nós temos aproximado da orientação certa, 8m2/hab.) teve até pouco, coeficiente inferior e está arriscada a voltar a verificou-se o sucesso. Outra coisa não representa o frequentadíssimo ele, se os 2 grandes parques já iniciados (1.700.00 e 6.300.00 ms2) “play-ground” da Várzea do Carmo, em S. Paulo, assim como modernas forem abandonados, como no momento é de temer. Em qualquer caso é instalações de muitos Clubes Esportivos, como o Germânia e outros. O evidente a necessidade de argumentar o coeficiente campineiro. Isto far- rush semanal para as praias demonstra que a população não falta se-á por 3 meios: desejo de recreio. Por outro lado é errôneo crer que meias medidas 1 – “Play-ground” de quarteirão, no meio das habitações satisfaçam: instalar parques, clubes, etc., é verdadeira arte e exige coletivas, etc. São espaços livres eficazes, mas com cuja soma não se mesmo, além do grande conhecimento de psicologia popular, certa pode contar muito. A animar nas leis de construção e de arruamentos. educação gradual das massas. O recreio ativo é um derivativo, hoje 2 – Jardins médios das unidades residenciais. A serem exigidos mais que nunca, indispensável ás populações. Outra objeção aos em todos os futuros arruamentos, que de maneira oportuna se tratará. É parques entre nós refere-se ao seu coeficiente quantitativo, que se uma área, por ex. 10 a 25 % do total, conforme as circunstâncias. reputa poder ser inferior aos estrangeiros, devido a menos densidade Infelizmente grandes áreas já estão arruadas sem ter sido preservada demográfica. esta porcentagem e quando ficou preservada, nem sempre foi nas Isto é verdade comparativamente a certas cidades européias velhas e muito compactas. Já não é comparativamente a muitas cidades melhores condições. Serão, todavia ótimas reservas porque próximas de cada seção habitada. e bairros novos, assim como ás cidades americanas, que não obstantes, 3 - Grandes parques. A serem criados pelo poder público. procuram altos coeficientes de parques. Vê-se que o coeficiente Satisfazem a outras necessidades que não os “play-grounds” infantis e campineiro não chega a 3 metros quadrados de espaço livre por jardins médios. Destinam-se a grandes instalações, jogos coletivos, habitante, ao passo que as cidades alemãs apresentam correntemente adultos, folgas semanais, passeios de automóvel, escola de débeis, etc.. coeficientes que vão de 11 a 22, e as americanas de 20 a 40. Porém a Em Campinas proporíamos dois parques deste tipo: um em Vila cifra referencia não se deve buscar entre as existentes somente, mas industrial, outro no Taquaral. Jequitibás (pelo preço ficaria sua ampliação ainda e principalmente entre as aconselhadas por higienistas, urbanistas e pela dificuldade de receber esportes sem prejuízo de bela vegetação, e autoridades municipais. Ora, estas cifras, são ainda muito superiores. aproximar-se-á mais do tipo médio. A área dos filtros do Saneamento Se a cidade americana normal conta 20ms2/hab., plano de remodelação poderia constituir um terceiro, por assim dizer de 2ª classe, por motivos buenayrense de 1925 aconselha 30 e Lay indica 60. Aliás, algumas óbvios, mas não menos útil. O parque da Vila Industrial aproveitaria cidades, entre elas Washington (com parques externos) já excederam terrenos inferiores para construção, mas pitorescos. Com pequena este coeficiente, mais de 20 vezes o campineiro. Não queremos dizer permuta entre o córrego e a rua Salles de Oliveira, para ampliá-lo deste que muitíssimas boas cidades não tenham inferior ao de Campinas. A lado, ficará com o perímetro satisfatório. Embora bastante grande sou própria Capital paulista (atual 1m2/hab., com Ibirapuera e Água Funda contrário a qualquer venda parcial para fim lucrativo. As receitas públicas 149 normais são os impostos, taxas e rendas industriais ou patrimoniais e A constituição do parque resolverá ao mesmo tempo o problema das não a venda de bens, que só fornecem dinheiro uma vez. Este parque boçorocas locais. Ao fazer os estudos preliminares de Campinas dei teria duas entradas principais: na rua João Jorge (a principal, a ser especial atenção a muitos aspectos secundários, que a primeira vista tratada com certa monumentalidade) e na rua Salles de Oliveira nada tinha como urbanismo, em especial aos solos e a vegetação (travessa curva que vai ao Curtume e, mais além, frente ao túnel de regional. É baseado nisso e mais na prática e na observação de 20 anos pedestre da E.F.Paulista). Um pequeno represamento do córrego daria de jardinagem em S. Paulo (parques da Avenida Independência, bosque lugar a um laguinho atraente. O matadouro, depois a transferir para do Museu, mata da Água Funda, etc.) que julgo praticável a constituição jusante, perto do aterro da Sorocabana, serviria ainda uns tempos como do bosque na área em questão. abrigo e ginásio provisório. Este parque, como o do Taquaral, teria O parque do Taquaral difere do anterior em ter por motivo caráter de bosque e não de jardim. Mais fácil, portanto de executar e principal o lago central, que poderá atingir de 1 kilometros de extensão, mais pitoresco. Essencial é preservar-lhe parte da margem direita, para ótimo para recreio e esporte. A represa obter-se-á pela construção dum criar uma cortina verde que oculte os fundos da rua Salles de Oliveira. dique de terra na estrada de Mogy. Em redor do lago bastará reflorestar Próximo a fábricas e bairros populosos em desenvolvimento, terá uma faixa para receber a cortina verde isolante, instalações e alamedas. futuramente grande valor. A maior objeção que levanta é de ordem Tanto neste como no anterior convirá abrir canaletas de contorno para técnica: a ruindade do terreno. Delimitando em área glacial, de desvio das enxurradas que poderiam assorear as represas. São, porém composição arenítica conhecida por sua pouca fertilidade e mais detalhes secundários. A vizinhança da mata da fazenda Santa Eliza propicia a campo-barba-de-bode, apresenta de fato essa dificuldade. pode sugerir ainda efeitos de realce e de aproveitamento mutuo. Esta, porém nada tem de grave pelos seguintes motivos: Observa-se que ambos os grandes parques acham-se pertíssimo, em a) A vegetação a criar será apenas parcial, devido á necessidade plena área urbana, acessíveis, á pé, um de cada lado da cidade. Ocorre de reservar área para esportes, instalações, etc.; o que reduz agora perguntar se a porcentagem de parque não ficaria exagerada, o proporcionalmente a dificuldade. que é fácil contestar. Realmente podemos admitir atualmente uma área b) A própria vegetação pode em grande parte inspirar-se na flora dos campos e em espécies pouco exigentes. de 216.054 ms 2 de parques (exclusive ruas de contorno) e uma população de cerca de 70.000 almas ou mesmo mais, se levarmos em c) Há água abundante no pequeno vale. conta que grandes parques têm interesse mais do que local e urbano, d) Pode-se fazer irrigação permanente por caneletas e drenos. motivo porque autoridades mandam também incluir parte da população e) O lixo municipal poderá auxiliar poderosamente a fertilização. regional. Dentro dos prazos habituais dos planos de urbanismo essa f) Para árvores isoladas maiores, boas cavas em terra fértil população poderá estar quase quadruplicada. Não discutiremos no resolvem o problema. momento esta questão, que depende essencialmente, aliás, de um fator a ser seriamente estudado em Campinas: o desenvolvimento industrial. 150 2 Observaremos, contudo que, se as cidades comuns do nosso interior ms . Desejamos as áreas livres e esperar nessa época, a começar pelos item limites mais ou menos certos e estreitos de crescimento (função da jardins médios e pequenos arrabaldes. Como a área urbana atual importância econômica da zona de influência do município respectivo), arruada (27kms ) comporta quase 3 vezes a população, resulta que, esses limites podem dilatar-se consideravelmente no caso de cidades de restringindo o desenvolvimento irregular e prematuro, a população interesse regional, cidades de entroncamento (tanto ferro – como quádrupla exigiria mais 1/3 da área atual ou 9 kms2. Destes a lei rodoviário) e quando dotadas de possibilidades industriais. Não duvido municipal arrancaria uma fração para parques. A área a exigir para esse das possibilidades no que respeito a Campinas, por motivos que noutra fim (parque de todos os tamanhos) gratuitamente tem variado de 2 a ocasião desenvolveremos e, se elas forem animadas sistematicamente, 25% na maioria das cidades. Geralmente a lei pede de 10 a 20%. Como, como pode ser previsto em um plano de urbanístico lato sensu, resultará porém, para parques médios e pequenos, só uma parte dessa para a cidade mais um fator de desenvolvimento, que será rápido e porcentagem se tira; como, ainda, os pequenos arruamentos não podem quase sem limites. A asfixia tributaria que servia na Capital e tende a fornecer as mesmas porcentagens; como finalmente, há imprevistos, e estender-se por sobre Santo Amaro, São Caetano, São Bernardo, etc. nem sempre as áreas possíveis de tirar ao proprietário são as melhores; afugentando as indústrias e até o comércio, trabalha nesse sentido, é necessário reduzir bastante aquele coeficiente e a não contar apenas como também outros fatores, que também podem ser acrescentados na com 5 a 10% para médios e pequenos espaços livres, seja por ex. 7%. balança. Conclui-se que a população de Campinas, ainda dentro dos Teremos então a área livre: prazos comuns previstos nos planos gerais (25 a 50 anos), poderá ser Existente, a conservar: assaz elevada. Basta mencionar que S. Paulo (cujo crescimento, aliás, Áreas médias e pequenas dos novos nada tem de milagroso e excepcional possui numerosos semelhantes arruamentos: 7% de 9.000.000ms2: 2 216.000 ms não só nas duas Américas como na Europa e até nos outros 630.000 ms 2 2 846.000 ms 2 continentes) cresceu durante 10 anos a razão de 55% por decênio, isto 2 2 2 é, mais que duplicou em 20 anos. Nada demais, portanto, que uma Área desejada (coef. 20 ms /hab.):220.000x13ms = 2.600.000ms cidade menos (as menores crescem geralmente mais depressa) cresça Diferenças a obter por meio de grandes parques: quase tão rapidamente sob condições favoráveis. Mesmo dando 2.600.000ms - 846.000ms = 2.014.000 ms , em números redondos: desconto as cifras acima e supondo uma população urbana apenas de 2.000.000 200.000, a que poderíamos acrescentar 10% da população rural próxima, vê-se que, a razão de um coeficiente medíocre de jardins (pouco mais da metade do normal americano, de um terço do recomendado buenayrense, de um sexto do apontado por Lay), a área 2 livre total desejável devia ser pelo menos 220.000x13 ms = 2.600.000 2 2 2 Como seriam obtidos? Por exemplo, assim: Parque Vila Industrial: Parque do Taquaral: 1.200.000 ms 2 700.000 ms 2 Parque do Saneamento (parcial): 100.000 ms 2 2.000.000 ms 2 151 Vê-se que os grandes parques nada teriam de excessivos 2 conduzindo o coeficiente geral a cifra não só aceitável (13 ms / hab.) distinção entre as grandes radiais e as ruas comuns. Hoje há duas distinções essenciais: mais 1º) São artérias principais e por isso diferenciam-se das 2 recomendáveis. É verdade que no computo dos 2.014.000 ms secundarias. As ruas duma cidade separam-se claramente em ruas de supusemos arruados apenas 4/3 da área atual, ao passo que a grande transito e ruas de interesse local, como são em maioria das proporção atual (3:1) apontara um múltiplo 12:3 ou 4:1. Isso, porém se residências. É o principio da especialização das funções. Daí decorre o explica e justifica por diversos motivos: estreitamento e curvamento das ruas secundárias (que não só não como até muito inferior aos exemplos considerados 1º) A tendência do urbanismo é para cercear o crescimento excessivo ou prematuro, e para concentrar até certo ponto a cidade. 2º) Os parques valem mais quanto mais próximos. Convém por isso evitar no computo as áreas absolutamente baldias e afastadas, pretendem atrair trafego como mesmo desejam afastá-lo ou desanimálo) e o alargamento e melhoria de todas as condições técnicas das artérias principais (grande largura, curvatura insensíveis, “grades” suaves, bom calçamento, etc.). 2º) Além de artérias principais, são artérias que se devem arruadas por pura especulação. 3º) Um parque na realidade exige 10, 20 e mais anos para ser aproximar o quanto possível das condições de trafego rápido, ao menos formado e alcançar o aspecto previsto, o que equivale a prolongar na zona suburbana. (As ruas centrais são também principais, mas não consideravelmente o prazo dos desenvolvimentos urbanísticos. têm o segundo característico aqui mencionado, por terem movimento 4º) As previsões referentes a parques devem se entender mais para reserva de área e para plantação, que como construção completa. Nas condições expostas vê-se que a previsão de dois grandes local próprio muito forte). Isto conduz a novo melhoramento de condições técnicas (poucos cruzamentos, separação dos tráfegos e de travessia em vias paralelas, sinalização preferencial, etc.). parques nada tem de excessiva. Pessoalmente acho mesmo que as As radiais geralmente devem deitar entre si 600 a 1.000ms., nossas cidades do interior podem se notabilizar muito mais pelos seus esgalhando sub-radiais ou afluentes quando o espaçamento se torna parques e por certas outras instituições que por suas avenidas, praças e excessivo. Em Campinas as grandes radiais já existentes e a melhorar edifícios centrais, campo em que nunca poderão lutar com a são as estradas de Valinhos, S. Paulo, Itu, Viracopos, Roseira, Limeira, grandiosidade das grandes capitais. Cosmópolis, Mogi, Anhumas, Pedreira, Souzas. A estrela radial, porém, oferecendo setores em que o V espaçamento é excessivo, exige intercalações a prever, embora nos GRANDES RADIAES momentos pouco ou nenhum tráfego exista nessas direções. Novas São as radiais que servem as direções principais de trafego urbano. Elas são indicadas naturalmente pelas estradas principais que afluem ou se apartam da cidade. Primitivamente não se fazia grande radiais aparecerão assim, p. ex., no Chapadão em direções á fazenda, e na encosta além do córrego do Novaes. A Av. Andrades Neves, a rua Benjamin Constant, etc., receberão assim prolongamento futuros. Sobre 152 as condições técnicas das grandes radiais já falamos ao tratar da incertezas sobre o crescimento futuro da cidade. As previsões de principal (estrada da S. Paulo) e podem ser atenuadas conforme as crescimento podem errar consideravelmente, sem que a estrutura circunstancias e as proporções variáveis do tráfego de travessia e do proposta á cidade tenha de variar. A repercussão manifestar-se-á local. apenas no maior ou menor prazo em que as “unidades” se encherão. As unidades residenciais apresentam dois aspectos interessantes. VI UNIDADES RESIDENCIAIS a) Podem assemelhar-se a jardins invertidos. A diferença consiste em terem zona residencial no centro e comercial no perímetro, ao passo que nas cidades-jardim verifica-se o inverso. Em oposição orais anteriores insisti sobre a concepção nova que b) Os arruamentos e disposições interiores estão é a unidade residencial (“neig-bourhood” = unit). Assim denominam-se assumindo ultimamente aspecto muito curioso devido ao alongamento porções da cidade que, ao menos para as atividades do bairro, dos quarteirões, ligação ou antiguidade dos “play-grounds” e jardins de funcionam como unidades “self-sustaining” ou completas. Enchem o vão bairro, uso dos “cul-de-sacs” e inversão do plano das casas. da grande malha formada pelo reticulado das radiais e perimetrais. Elas Expliquemos mais por miúdo. resolvem os seguintes problemas do urbanismo: 1º) Permitir um zoneamento permanente, isto é, que não As quadras clássicas, sobre uniformes tanto nas zonas residenciais como industriais, aproximam-se dos quadrados. A necessite alternar-se continuamente com o desenvolvimento da cidade. diferenciação (maiores e mais regulares para indústrias, menores e Esta cresce por constituição de novas unidades e não por transformação irregulares ou curvas para residências) deu-se logo. A forma quadrada continua dum dado local e por expansão continua das zonas comerciais ou pouco alongada, porém persistiu. Depois, reconhecendo que há ou mais densas. A permanência garante no tempo as vantagens, p. ex., direções melhores para casas, que as transversais então só atuam como da “amenity” nos bairros residenciais, ligações, que estas ligações constituem suplementos caros (calçamento, 2º) Permite um zoneamento lógico proporcionando as áreas aos área de terreno, etc.) que o trafego transversal de pedestres pode usos, que geralmente se dispões em proximidade mútua, evitando a satisfazer-se com vielas e que o motorizado tolera espaçamento maior dispersão do comércio local, colocando-o a mão dos residentes, das travessas e maiores voltas, - os urbanistas estreitaram e alongaram dispondo as escolas nos centros de gravidade dos freqüentadores, etc.. as quadras, que vão as vezes até 600ms., apenas cortadas por vielas de 3º) Permite e concorda perfeitamente com o princípio da espaço a espaço. Em segundo lugar adotaram os “play-grounds” especialização das ruas, evitando o tráfego perigoso e incomodo nas posteriores e os jardins de bairros, e lembrara-se de ligá-los ou pô-los áreas residenciais, tudo sem impedir o da travessia ou rápido, que as em contigüidade, chegando a constituir grandes faixas ajardinadas. grandes radiais e perimetrais satisfazem. Notando, porém, que estas áreas ajardinadas e plantadas eram mais 4º) Elimina a maior parte das dificuldades que se originavam nas aprazíveis que as ruas barulhentas, acabaram por consumar a revolução 153 virando traseiro das casas para a rua e a sua frente para o jardim. Estes aproximação em estatísticas de bairros existentes, como a Prefeitura já permitem também acesso aos pedestres. Quantos ás ruas (falo sempre tem realizado a meu pedido. Para ilustrar o que tenho dito figuram no de ruas apenas de interesse local) perderam seu prestígio, tornaram-se esboço do plano suas “unidades residenciais” esquematicamente até certo ponto ruas de serviço (automóvel que entra para a garagem, traçadas, uma no Chapadão, outra na encosta do Novaes. As áreas carrinhos de pão e fornecedores, entrada de cozinheiros, etc.). Por outro quadriculadas significam áreas zoneadas como comerciais (comércio lado esta concepção anima os “cul-de-sacs”, muito econômicos sob o mais ou menos bairro) as hachuradas ou tracejadas significam ponto de vista das desprezas de viação por metro de testada. É preciso zoneamento para apartamentos ou casas compactas, não grandes não ocultar que esta economia é toda ou quase, gasta nos jardins, mas prédios, mas os pequenos do tipo, p. ex., há pouco construído na Capital vê-se que a troca é vantajosa. A revolução acima parece-nos um pouco na rua Augusta, intermediário entre a casa individual e a “maison de inadaptável. Não tenho a menor dúvida sobre o contrário e alguns rapport” típica. Diríamos talvez melhor: zona residencial semi-intensiva. brasileiros que já estiveram em Radburn, uma das ultimas palavras no assunto, voltaram encantados. A aplicação concreta destas concepções VII á zona de expansão de Campinas seria uma das coisas mais notáveis PLANO ESCOLAR do urbanismo nacional. Temos visto planos recentes de cidades nossas em que esta questão, do maior alcance social, higiênico, econômico, e ao mesmo tempo barata, no estrangeiro posto quase sempre em primeiro plano, não era se quer lembrada, mas em que praças e pontos monumentais e caríssimas figuravam com estardalhaço. A aplicação farse-á simplesmente determinando que os grandes vãos da malha radialperimetral fossem tratados nos projetos de arruamentos, daqui por diante, segundo o princípio das “unidades residenciais”. A facilidade cresce com o fato de serem quase todas estas áreas de expansão, propriedade de fazendeiros ricos e adiantados, e de não estarem ainda parceladas. A Prefeitura estabelecerá a grande malha e os proprietários farão o arruamento interno sob a orientação do princípio exposto, incluindo zoneamento simultâneo. É natural que alguma experiência e tateação sejam necessárias no início, mas versará apenas sobre detalhes e precisões numéricas (proporções de áreas residenciais, de fronteira comerciais, etc.). Estas proporções baser-se-ão em primeira O assunto anterior conduz imediatamente ao plano escolar, parte do plano urbanismo. Neste aspecto é importante e já tem probabilidade de ser bem compreendido e acolhido, depois que a Diretoria de Ensino enveredou recentemente (embora ainda um pouco incerta) em bom caminho. Em Campinas procuramos a princípio estabelecer um plano escolar; infelizmente a estatística escolar e demográfica recente não fora publicada e não permitida assim base alguma exata. No caso da cidade nova, porém a estatística é indispensável porque a unidade residencial, tendo “zoning” e planos precisos, sabe-se de antemão a população total e, por porcentagem a população escolar. Em geral considera-se conveniente um grupo escolar de 600 a 1.000 alunos (900 fixam alguns) e a este número corresponderá justamente a unidade. Colocado no centro desta evita a criança a travessia das grandes artérias perigosas. Ás vezes os jardins e vielas são de tal modo dispostos, e de tal modo é aproveitado o relevo do terreno, que muitas crianças podem ir a escola sem atravessar 154 nenhuma rua. Ao lado da escola mesmo como parte dela há por vezes A intersecção com a Av. João Jorge deve ter um pracinha ou “round- instalações para conferências, concertos, ginásio, banhos leitura, etc., point”, donde sairão outras rodovias e onde será a estrada principal do que nas horas vagas e dias feriados franqueiam-se ao povo. Nos bosque Villa Industrial. Estados Unidos, onde, aliás, a instrução é organizada e dirigida um b) A estrada de S. Paulo deve, porém ter outros pouco diferentemente (por meio de “boards” em que tomam parte pode escoadouros de modo a poder encaminhar o tráfego facilmente sem alguns alunos eleitos), o sucesso da idéia é grande e formam-se concentrá-lo sobre uma única rua. Uma fácil ligação será assim verdadeiros centros de comunidade. Certas instalações que as escolas necessária, a que corte as ruas José Paulino (ou Avenida da Saudade, comuns não justificam, tem então cabimento porque serão usadas muito que é sem prolongamento)e aruá da Abolição, que conduz á passagem mais eficientemente. Esboço neste momento em São Paulo o futuro e sobre a Paulista. Esta ligação pode ser a própria rua Álvaro Ribeiro ou modelar Ginásio do Estado, baseado nesta concepção. outra mais ao Sul, nos terrenos do Isolamento (r. Victoriano do Anjos). È evidente que tudo isso exige no projetista uma unidade de Trata-se apenas de melhorar ou completar as ruas existentes. concepção extraordinária e no administrador e político, absoluta c) O leque de entrada poderia ter uma terceira palheta ausência de preconceito ou idéias feitas. Mas, isto á parte, é forçoso destinada a conduzir (por sobre a Paulista no cruzamento desta com a reconhecer nas concepções urbanísticas modernas uma grande rua Dr. Quirino) á rua Irmã Serafina, cujo alargamento então viria até a harmonia. Há outras questões, tanto escolar como de urbanismo em rua Proença. Tratando-se, porém do trecho mais caro, será posto de geral, ainda a tratar. Fal-o-emos toda via depois, adstringindo-nos, agora lado certamente no projeto final. ás questões principais e conexas á cidade. d) Prolongamento da Av. Andrade Neves – já aprovado pela Prefeitura, inclui-se no plano geral. A praça terminal no Chapadão VIII receberá um motivo central que poderá ser o reservatório tratado como RADIAIS EXTERNAS torre ou templete. A artéria prolongar-se-á além, nos terrenos da Sob este título referimo-nos ás radial nos trechos interiores e mais próximos do perímetro externo. a) A radial mais interessante é à entrada da estrada da cidade de São Paulo. Acho que deve ser tratado com largura até a Av. São Jorge. Como um dos maiores males de Campinas é a estreiteza de suas ruas convém contrabalançá-lo e neutralizar a má impressão que elas produzem pela largura de algumas das principais novas ruas. O trecho em questão, quase paralelo á rua General Carneiro presta-se bem a tal tratamento. Proporíamos ali uma largura mínima de 25 ms. Fazenda, com deflexão. Estes trechos afastados terão o tratamento de avenidas sem rápidas, isto é, com largura ou faixas suficientes, para separação dos tráfegos lento e rápido (pelo menos 6 faixas, sendo 4 em movimento). Inicialmente contentar-se-iam com 2 ou 3 faixas centrais, em uma só via. e) Prolongamento da Av. Itapura (lado do Colégio). Pequeno prolongamento de modo a conduzir além do colégio, ao futuro parque do Taquaral e a perimetral externa que passa neste vale. f) Rua Benjamim Constant. Conduz a um setor externo, que 155 ainda não tem acesso conveniente (entre a estrada de Souzas e o em inúmeras cidades, só se vêm os quintais, fundos de casas e trecho córrego do Saneamento), prolongará numa rua central que será pobres de rua. Isso será transformado numa boa e útil artéria. Esta elaborada. transformação seria desejável ao longo de todas as estradas. Isto g) Prolongamento da Av. Itapura, ao lado da Estação. A porém, é impossível na maioria dos casos, por questão de custo ou para avenida bate hoje no pátio da E.F.Sorocabana. Ao tratarmos das não impedir desvios e arruagens. No trecho em questão, porém, este ferrovias veremos como a remoção desta etação é desejável. Isto obstáculo não existe. Além disso, por ser entrada da cidade e o lado em permitiria prolongar a Av. Itapura e ligá-la facilmente com a estrada de que pode haver panorama, é aquele em que a estética deve ser mais Limeira e com a Pereira Lima. exigente. A ligação Av. Paulista-Mesquita é a mais difícil. O ideal seria h) Deixamos de enumerar outras radiais, que a planta prolongar a Av. Mesquita deste lado (quer em reta, quer mediante mostra claramente, como Joaquim Villac, etc., não novas, a melhorar deflexão na pracinha triangular do cruzamento Cônego Cipião x Ant. mediante previsão de alargamento (recuos) onde não permitir 4 vias. Cesarino), fazê-la seguir pela rua Ant. Cesarino até o bosque dos Jequitibás e atravessar este. Repugna-me um pouco cortar e destruir IX parte de tão lindo íntimo bosque com uma artéria. É, todavia a solução PERIMETRAL MÉDIA mais fácil e que conduz á rua Proença. Contornar o bosque é Já lembrada pelo Dr. Stevenson, está em grande parte já constituída por boas artérias existentes: Andrade Neves, Itapura, Santa Cruz, Mesquita. Faltam as fáceis ligações Santa Cruz-Mesquita e um lado (Estação-Mesquita). Este lado pode ser composto pela Avenida que chamamos Paulista, ao longo da E.F. Paulista. Esta artéria tem as seguintes vantagens: a) É fácil de abrir porque apanha quase só quintais, triângulos baldios, e cantos ou cotovelos de ruas, pracinhas hoje sem utilidade. Será, porém mais caro o trecho inicial. b) Constituirá boa rua diagonal, facilitando e abreviando na razão o percurso á estrada. impossível, mas depende de estudo topográfico local mais minucioso. Solução da Alameda Santos (em São Paulo) através do bosque da Av. Paulista mantendo-se a ligação das duas partes deste por uma ponte exemplifica uma solução parecida. O preferível parece ser a travessia com caráter de rua do próprio parque, só para automóveis de passageiros, e com obras complementares para conservar o pitoresco local e a segurança dos passeantes. A ligação Santa Cruz-Mesquita será fácil pela travessa Irmãos Bierrembach. Não se trata de nenhum alargamento urgente. Em todos estes projetos é indispensável observar que um plano geral da cidade é obra para 25 a 50 anos e que a maior parte das propostas referem-se a simples medidas de previsão, a serem efetivadas oportunamente. c) Resolve o problema coletivo da primeira impressão da cidade ao viajante que vem da Capital pela estrada de ferro. Hoje, como 156 X auxiliavam sua execução. O vulto dos problemas e a riqueza da cidade CENTRO DA CIDADE já permitiam certas ousadias. A canalização dos rios, a perfuração das colinas, a previsão do metropolitano, o aproveitamento dos vales, a Neste ponto da nossa exposição convém chamar atenção para remoção das estradas de ferro e supressão dos cruzamentos de nível, a um ponto interessante. A cidade de Campinas oferece especiais travessia dos vales centrais, tudo concorria para constituir um conjnto de dificuldades a uma solução perfeita e elegante, mais que muitas cidades obras absolutamente original, típico, notável, grandioso e, tudo não maiores e comparavelmente mais defeituosas. Os problemas de obstante, razoável. Em Recife, que há 5 anos discute seu caso, a cidade Campinas são indeterminados que alhure. A planta é reticulado mais ou prestava-se também soluções interessantíssimas. Só os mangues, rios e menos uniforme de ruas todas estreitas e com poucos pontos notáveis. a cidade velha abriam crédito imenso ás possibilidades urbanísticas. Em Não há diretrizes absolutamente obrigatórias, nem a topografia indica ou Campinas o problema é muito diferente, mais impreciso e indeterminado facilita grandes possibilidades. A gravidade dos problemas é assaz em suas soluções. grande para requerer melhoramentos, mas, por outro lado, assaz pequena para admitir soluções muito caras e decisivas. A importância da PARQUES E JARDINS DE CAMPINAS (Cifras aproximativas) cidade é média, justamente nessa espécie de ponto-morto, que não Luiz de Camões: 77 x 77 = 5.929 aconselha a deixar tudo como está (como nas cidades estacionárias do Corrêa de Mello: 77 x 88 = 6.776 interior), mas que também levantará resistência do contribuinte, ás Praça do Pará: 175 x 66 = 11.550 sugestões Praça Pedro II: 168 x 66 = 16.800 mais ousadas. Certas circunstâncias urbanas criam problemas difíceis e cuja dificuldade argumenta com o número. Há, pois Praça Carlos Gomes: 210 x 80 = 16.800 assim dizer, uma imperfeição leve, mas muito espalhada, que não pode, Praça 15 de Novembro: (120 x 50) + (25 x 50) = 7.250 com um ou alguns poucos golpes elegantes, resolver de uma vez. Há Praça Andorinhas: 20 x 30 = 600 muitos retoques parciais e prever, e os projetos parciais são sempre a Praça Corrêa de Lemos: 80 x 50 = 4.000 assombração dos urbanistas. Resolvem poucos golpes elegantes, Pr. Ramos de Azevedo: 30 x 45 = 1.350 resolver de uma vez. Há muitos retoques parciais a prever, e os projetos Pr. Impr. Fluminense: 143 x 90 = 12.870 parciais são sempre a assombração dos urbanistas. Resolvem pouco e, Triângulo da Av. Itapura: ½ 40 x 25 = 500 somados, arruínam as finanças municipais. São Paulo no plano que lhe Triângulo da rua Antonio Cesarino: ½ 45 x 40 = 900 estudamos em 1930, era susceptível de soluções absolutamente Praça Bento Quirino: 110 x 22 = 2.420 interessantes, originais, decisivas e, sobretudo, perfeitamente concordes Bosque Jequitibás: (280 x 225) + (½ 55 x 95) + (½ 270 x 140) + com a topografia. Grandes obras indispensáveis ou indesejáveis (½ 125 x 23) = 94.349 indicavam naturalmente as soluções, criavam-lhes as oportunidades, Mercado: (150 x 24) + (100 x 20) = 5.600 157 Jardim Chapadão: 155 x 84 = 13.020 Campinas atual: 3.0 Jardim em S. Bernardo *: 110 x 95 =10.450 Campinas proposto: 13.0 Jardim na r. Joaquim Villac*(arruamento novo): 3.840 Vila Marietta *: ½ 60 x 35 = 1.050 TOTAL: 216.054 ms 2 A questão da circulação em Campinas não apresenta o aspecto econômico de que se reveste nas grandes metrópoles. Nestas é freqüente que as perdas anuais em tempo, combustível, guardas, etc., *) Na realidade estão apenas reservados os terrenos. ÁREAS LIVRES ESTATÍSTICA DE ALGUMAS CIDADES 2 A – Barmen: 14.5 m / hab. Bonn: 16.0 Breslau: 10.8 Cassel: 14.3 Görlitz: 12.2 Magdeburg: 22.3 Düsseldorf : 17.0 B – A cidade americana considerada Normal: 20.0 A cidade ideal (Lay): 60.0 Boston (com parques externos): 90.0 Boston (sem parques externos): 20.0 Washington: 40.0 Indianópolis: 28.0 C – Viena: 25.0 Paris: 7.3 Buenos Aires (plano): 30.0 D – São Paulo, 1911: 0.7 São Paulo, 1935 (com Ibirapuera e Água Branca): 8.0 capitalizados, justifiquem grandes obras de viação. Na realidade estes casos não são comuns e outras conseqüências, que são as valorizações imobiliárias, os motivos estéticos, também devem pesar na balança. Em São Paulo houve época em que o “congestionamento” era um “leit-motif” e não poucos desapontaram quando Dabrymple, técnico inglês afamado, declarou que aqui não só havia congestionamento, como não havia coisa que se quer de longe parecesse com isso. Em Campinas, com mais forte razão, não existe nenhum problema de congestionamento. Raros pontos em excepcionais instantes acusam 3 veículos por minuto, em toda a extensão da rua principal da cidade (rua 13) raramente se vêem mais de 3 veículos em movimento ao mesmo tempo. As distâncias sendo pequenas alcançam-se ainda os arrabaldes mais afastados em pouco mais de 5 minutos de bonde ou 3 de automóvel. Nas passagens em nível das ferrovias nunca se verifica um verdadeiro engarrafamento. As distâncias sendo pequeno, o regime dos escritórios centrais sendo pouco desenvolvido, o centro sendo assaz dilatado relativamente ao tamanho da cidade, e o automóvel sendo menos útil nos serviços quotidianos, resulta que também o problema do estacionamento também se impõe. O problema não é assim de congestionamento, atual, máxime de congestionamento com perdas econômicas graves. É apenas comodidade e de estética, e a ser encarado, sobretudo sob o ponto de vista do desenvolvimento futuro da urbs. Considero necessário o 158 parêntese acima para ficar clara a minha opinião sobre a importância expropriações em áreas valorizadíssimas, aproveita espaços baldios relativa dos diversos problemas urbanísticos em Campinas. Realmente é próximos, ás vezes esquecidos. Distribui o tráfego por fora e não por corrente entre nós exagerar-se a importância das questões centrais e dentro. Alarga o centro em vez de consagrar centros insanáveis. É reduzir e pôr de lado as questões residenciais e de expansão, já não mesmo intuitiva, mas freqüentemente mais interessante e inteligente. falando dos aspectos colaterais do urbanismo. Feita a restrição acima Originou-se na Europa, do aproveitamento de certas muralhas ou passo ao problema, que se apresenta assim: melhorar e impedir que se circunvalações medievais, que o progresso condenara á demolição. Deu agravem as condições duma cidade cujas ruas mais centrais são todas tão bom resultado que se estendeu ás cidades mão muradas e até as muito estreitas e, por conseguinte, desagradáveis e de circulação americanas. Não me deterei nestas considerações, que os membros da incomoda. A solução parece-me que, em resumo, pode-se enunciar Comissão encontrarão mais desenvolvidas no meu memorial sobre as assim: “Avenidas de São Paulo”, de que há um exemplar na Prefeitura de a) Ampliar com relativa urgência 2 ou 3 logradouros que se Campinas. Direi apenas que na Capital do Estado às concepções tornarão os logradouros principais. Estes alargamentos obedecerão á brigaram longamente as eras priscas do nosso urbanismo, lá por 1910. concepção que chamaremos das “avenidas centrais’, embora o título Victor Freire, que então se dedicava a tais assuntos, preconizou e fez seja um pouco pomposo demais para a coisa. certamente vencer a solução perimetral. Postas de lado as avenidas que b) Prever e facilitar alargamento gradual e futuro de mais algumas ruas, obedecendo agora á concepção dita “perimetral”. c) Melhorara isoladamente alguns trechos de conexão mais deviam rasgar o triângulo, praças das estrelas sem propósito, diagonais que rasgavam brutalmente quarteirões inteiros, tudo o que custaria caríssimo, adotou-se uma solução que não só desviava o tráfego do triângulo tradicional como correspondia a uma dilatação desta: o anel importantes. d) Limitar-se a medidas secundárias nas ruas centrais Badaró-Benjamin Constant-Bom Vista. A etapa seguinte do urbanismo (restrições de construções, cantos cortados, regulamentação do tráfego, paulistano seguiu, graças a Ulhôa Cintra, a mesma diretriz e propôs etc.). francamente o grande perímetro de irradiação que aprovei e inclui em Hesitei (e com o Dr. Stevenson já sucedeu o mesmo) ao meu plano de 1930. Esta concepção está hoje um tanto esquecida e, escolher a solução inicial. Neste assunto há duas escolas opostas: a do como o momento decisivo está passando, todo o futuro e a procurar “sventramento” ou das avenidas centrais e a do anel ou das avenidas permanentemente sem plano mediante despesas continuas e fortes, perimetrais. A primeira ataca de frente os centros acanhados e soluções parciais, dispersas e medíocres. As condições paulistas congestionados; adapta-se quando há saneamento a fazer, exemplo a justificaram o anel: topografia, centro demais concentrado, valorização dar, quando as valorizações não são excessivas, quando a dilatação excessivas, existências de ruições desvalorizadas separando setores comercial não é de esperar tão cedo. A segunda contorna o núcleo bons, etc.. central, respeita-lhe os monumentos e aspectos tradicionais, evita as As condições campineiras são diferentes: o centro é mais 159 espalhado, a topografia é mais uniforme, não há setores próximos sofreria ainda um defeito que a topografia central de Campinas provoca: isolados entre si, não há espaços baldios anulares que facilitem as o remate focal na extremidade inferior das ruas ou avenidas em vez de perimetrais, não há salto tão brusco de preços entre o centro e a zona na superior. É mesmo que também se verifica relativamente á Escola média, não há monumentos ou aspectos tradicionais centrais a Normal. conservar, não há praça comercial para encher e b) A solução pela rua Ferreira Penteado seria um pouco construir condignamente, dentro do prazo curto, mais de uma ou de duas lateral demais. c) A solução pela General Osório padecia do mesmo mal avenidas. Assim sendo parece preferível em Campinas a solução das (do outro lado) e afetaria uma rua regularmente valorizada. Ligação “avenidas centrais”, desde que bem ponderada, deixando para fase difícil com a Estação, salvo pela Av. Andrade Neves, o que seria muito posterior o complemento perimetral. As duas concepções não se absolutamente forçado. d) A solução pela rua 13 seria boa mas não perfeita: a de contrariam forçosamente. Se por metro linear a obra é mais cara, em compensação a extensão total será menor e a satisfação será mais custo rápida. Quantas e quais seriam estas primeiras grandes artérias? Duas estreitamento ao lado do Teatro e da Catedral. Além disto, ás ruas parecem mais suficientes: uma em cada sentido principal da cidade, que centrais comerciais as soluções de continuidade por edifícios públicos e é praças, são prejudiciais. reticulado retangular. A avenida principal deve satisfazer talvez mais elevado, encontrando o mesmo defeito do evidentemente a direção principal do tráfego, que liga o centro principal e) A solução por Costa Aguiar, mais barata (por ser rua (Praça Indaiatuba e zona entre o Teatro e a Praça Bento Quirino) ao menos valorizada, mais mal construída e já demais a larga) teria o centro secundário (Estação). A faixa em que se deve ser traçada mesmo inconveniente relativo aos dois edifícios. A ligação á praça da delimita-se pelas ruas Ferreira Penteado e General Osório. Deve ainda Estação exigiria o prolongamento até a Costa Aguiar do alinhamento da satisfazer outra condição: ligar-se bem ás praças extremas. Procuremos parte larga da praça (hotel). Isto daria uma entrada mais franca á rua dentro dessa faixa a diretriz exata. Costa Aguiar, e será aliás um melhoramento sempre útil, embora não Refiro-me sempre ao centro e não á zona média e á afastada, onde as coisas apresentam-se diversamente. a) A solução ideal seria como já tem pensado muitas cidades entusiastas, arrasar os quarteirões entre 13 de Maio e Costa indispensável,e desviaria para esta rua parte do tráfego da rua 13. Seu custo, por “assessment” seria pago quase todos pelos proprietários desta rua. Na realidade a distribuição do tráfego ai sempre exigiria uma combinação com a rua 13, atuando ambas como um binário. Aguiar. Fora o custo elevadíssimo restariam 2 problemas conexos: como f) A solução pela rua Campos Salles parece levar alguma dar passagem junto á Catedral e ao Teatro, como rematar a avenida no vantagem ás outras. Acha-se bem na faixa central, sem coincidir, seu topo inferior. O primeiro exigiria alargamento ou arcadas laterais ao entretanto com as ruas mais valorizadas (ruas 13 e Gen. Osório). longo daquele edifício público nos fundos do Teatro. Este arremate Apresenta grede ligeiramente melhor. Afeta prédios em geral 160 insignificantes. Conduz diretamente ao coração da cidade (o que, aliás, acesso é mais ou menos reduzir uma casa ao corredor. não é essencial, se considerarmos a segunda avenida, a transversal, de A segunda avenida seria também o “living-room”. A topografia da que logo trataremos). Sua maior dificuldade é a ligação com a Estação, cidade requer que ela conduza ao perímetro de ambos os lados, mas que deve ser direta e não por meio duma volta por Andrade Neves. Esta como isto pode ser feito por ruas auxiliares ou alargamentos menores, o ligação poderia ser por um trecho largo, normal á Estação, centrado trecho principal poderia ser limitado em extensão. sobre a torre ou corpo principal da futura estação, e o quanto possível no Se quisermos aproveitá-la para disposição de edifícios públicos centro da praça. A ligação com a av. Campos Salles seria por um para extensão limitada é favorável. Aliás, as ruas campineiras já pecam “round-point” de bom diâmetro capaz de receber um motivo central.Esta pela extensão, uniformidade, monotonia e, sobretudo pela falta de ligação sofreria dum mal irremediável: grede excessivo. A ligação com a remates. Se quiséssemos invocar regrinhas de algibeira podíamos praça Indaiatuba trás a discussão a remodelação desta e é problema apontar a de Stübleu, que procurou estabelecer a relação máxima fácil, como se verá adiante. comprimento / largura das ruas. g) A solução por uma rua paralela e cortando o centro dos A avenida transversal deve dispor na faixa de vai da rua quarteirões entre 13 de Maio e Campos Salles, é interessante, mas Luzitana á rua José Paulino. A rua barão de Jaguara é muito valorizada criaria quarteirões muito estreitos, embora os quarteirões a contar sejam e é ensinamento do urbanismo evitar ruas assim, procurando alguma dos mais largos da cidade. Não eliminaria o problema dos remates, ante paralela próxima. No caso parece-nos melhor a Francisco Glicério, pelos criaria 2 (um em cada extremidade) em vez de um. Surgiria um terceiro seguintes motivos: a) corta bem ao centro a faixa central, b) liga as duas problema, aliás, não grave, dos lotes estreitos remanescentes. praças mais centrais (Indaiatuba e Catedral), c) econômico alargamento (Estação-Indaiatuba) não só nestes trechos como ainda, adiante, na praça Pará, d) em acesso resolveria bem a questão dos gredes, resolveria mediocremente a dos direto ao S. pela ponte sobre a ferrovia Paulista, ponte que futuramente, remates, e induziria um problema dificílimo, o da obliqüidade dos lotes e poder-se-á centrar exatamente sobre a rua; e) ao N. conduz facilmente á ruas cortadas. av. do Saneamento, onde a distribuição do tráfego é fácil. Hesita-se, a h) A solução por uma obliqua Passemos á segunda avenida. princípio, se convém realizar aqui uma avenida, quando está em A primeira avenida, de que acabamos de falar, seria o principal. alargamento a José Paulino, ou por outra, se convirá manter o Porém a cidade, pela topografia, não é longitudinal (como Amparo, São alargamento desta. Os motivos da afirmativa são os seguintes: a) A Bernardo, etc.) e tem uma segunda direção perfeitamente caracterizada, segunda rua é indicada não tanto pela boa situação da diretriz, como dotada de tráfego e que satisfaz as ligações rodoviárias importantes pelo fato de já ser uma passagem a que os alargamentos e as (S.Paulo, Mogi). Não só para o tráfego, como, sobretudo para facilidades extremas de acesso conduzem certo tráfego. b) O alargamento do centro e por estética e para disposição de edifícios alargamento da José Paulino, para 14 ms. apenas, não basta para erigi- públicos, a a transversal é desejável. Reduzir uma cidade á rua de la em grande artéria. c) O melhoramento da rua Glicério influirá 161 beneficamente, em um trecho morto da cidade, próximo á praça Bento MELHORAMENTOS CENTRAIS SUPLEMENTARES Quirino. d) A rua José Paulino será mais cara, lenta, e de aspecto não monumental. Intimamente ligada ás 2 avenidas está a questão da praça As 2 avenidas e a praça central são o fulcro da remodelação. Mas não esgotam o assunto, devido aquele mal já apontado da cidade: Indaiatuba. A solução que a Comissão indicar ou aprovar para ela tem a maior importância porque será o melhor padrão e escala para aferição que os defeitos acham-se nela muito espalhados e não podem ser elegantemente resolvidos por uma ou por poucas obras. Haveria assim mais alguns pequenos melhoramentos, quase do “pensamento e do animo local” no que diz respeito ao urbanismo. Até agora o urbanismo tem andado neste campo (opinião pública autorizada, aspiração geral concreta) inteiramente ás cegas. todos graduais, a prever, para não chegar a soma inaccessíveis. Seria por exemplo: Salvo uma ou duas opiniões valiosíssimas, mas individuais, isoladas e a) Constituição de arcadas em trecho da praça Indaiatuba mesmo sobre aspectos parciais, e salvo reclamações muitas vezes para resolver a questão do alinhamento dos passeios, sem quebra sobre pontos particulares, o urbanista ignora ainda a escala da relativamente ás ruas de acesso. As arcadas (melhor diremos galeria, remodelação desejada. Pessoalmente ela acha que os planos aqui porque hoje adotam-se vãos retangulares e não arcos) são muito expostos representam um “maximum”. É, porém uma opinião que não aconselháveis entre nós, por estética, clima, comodidade e economia. deve prevalecer sem a manifestação da maioria da Comissão. Até em Nova York, de clima frio, tem sido aconselhada. Elas ocupam A solução ideal para a Praça Indaiatuba consiste em ampliá-la, mais ou menos 0.50 de passeio, 1.00 de coluna, 4.00 a 5.00 de passeio. demolir a Igreja, colocar um edifício público numa face. Esta seria na rua Facilitam as esferas para bondes. Estas arcadas devem ser adotadas Regente Feijó, onde existem uns prédios pouco importantes, ou sem receio nos pontos em que possam auxiliar ou substituir os na própria área da praça atual, o que inverteria a praça. Uma solução alargamentos completos. b) Pequeno alargamento (p. ex 13 a 15 ms.) da Ra intermédia, mais barata seria colocar o edifício principal na praça e um segundo no local apontado da rua Feijó. O edifício principal por sua vez Regente Feijó, entre a Catedral e a futura Praça. poderia ocupar quer a área do atual quarteirão da Igreja, quer o da atual c) Idem da rua Conceição até a Jaguara. praça, realizando a dita inversão. d) Idem da rua Gen. Osório, entre José Paulino e Praça Esta inversão seria lógica para combinar com a avenida Campos Carlos Gomes. Sales, caso esta fosse adotada. Evitaria que a rua de acesso principal e) Idem da rua Thomaz Alves até Glicério. chegasse á praça principal da cidade pelos fundos, como hoje f) Idem de Benjamim Constant desde Andrade Neves até curiosamente sucede relativamente a diversos edifícios (p. ex. Teatro, Praça Corrêa de Mello. (Sobre o trecho Corrêa de Mello-Andrade Neves, Catedral, Igreja da praça Indaiatuba). ver adiante). Estas transformações chocam á primeira vista, mas são lógicas. 162 g) Poderíamos estender a lista, sem necessidade. Os de 25 a 50 anos. Os edifícios públicos não devem ser tratados como o número de prédios particulares, alinhados á margem das ruas. Eles devem sempre melhoramentos ao mínimo e procurar aqueles que satisfaçam melhor ás que possível ocupar pontos focais, eixos, praças, pontos dominantes. necessidades gerais. Quando se alarga uma rua é quase sempre para Considero a prever: planos de urbanismo devem em regra reduzir evitar bulir nas vizinhaça. É por isso que colocamos nesta série de a) Paço Municipal. lembranças em plano secundário o prolongamento da rua Barão além da b) Fórum e repartições estaduais. rua Barreto Leme. Desde que a rua Barão é já rua a que não convém c) Correios e telégrafos. atrair mais tráfego, desde que para desafogá-la já se alargaram d) Hotel. paralelas (Irmã Serafina, J. Paulino, quiçá Glicério), seria um pouco e) Centro de comunidade (biblioteca pública, sala de pleonástico prolongá-la, tanto mais que Glicério (mesmo sem alargamento) conduzirá otimamente á várzea do Saneamento. h) Ligação Benj. Constant ao setor O ou NO. Pode ser pelo conferências, reuniões, esportes. ginásio, piscina, odeons, pequeno museu, etc.). f) Igreja do Rosário, a remover. seu alargamento até Andrade Neves (a partir da praça do Mercado) ou g) Matadouro pelo prolongamento do Culto á Ciência até esta praça, em reta. Dado, h) Mercado. porém as demolições este prolongamento, que seria a solução ideal, Deixamos de lado no momento (g) e (h); o primeiro será deve ser posto de lado. Na realidade não há nenhum problema urgente removido futuramente para jusante do vale em que está; o ultimo, está a de tráfego ou de congestionamento, que justifiquem tais despesas. Na decidir se daqui a 25 anos convirá mantê-lo onde está, ou se convirá maioria dos casos um bom calçamento e uma sinalização preferencial fazer aqui uma bela praça, duplicando-o ou afastando-o p. ex. para (mais ou menos nos moldes das “through-streets”) resolverão a questão. jusante do canal do Saneamento e para Vila Industrial. Restam os 5 Prefiro Benjamim Constant á Bernardino de Campos, por já muito outros, a alojar no centro dentro dum círculo de 300 a 400 ms. de raio. próxima de campos Salles. São lugares aconselháveis: i) Cantos cortados. Prosseguir a exigência dos chanfros. É questão, porém de detalhe, que não cabe discutir agora. 1- Praça Indaiatuba (na praça, no caso da solução intermediária). 2- Praça Indaiatuba, na face da rua R. Feijó. XII EDIFÍCIOS PÙBLICOS E SEMI-PUBLICOS 3 e 4- Nos topos da avenida transversal, próximo ás ruas Cônego Cipião (futura perimetral interna)e Benjamim Constant ou Barreto Leme). Sua previsão deve ser parte de qualquer plano. Precisa primeiro estabelecer a lista dos prédios mais necessários, não hoje, mas dentro 5- No terreno triangular da rua Cesar Bierrenbach, com frente para o jardim Carlos Gomes. 163 A necessidade desses edifícios, se, por um lado complica, por outro ajuda a composição arquitetônica da urbs. Eles auxiliarão XIII PERIMETRAL INTERNA sobretudo a rematar ou dar fundos ao centro, e em particular a av. transversal. Pode-se perguntar se nesta avenida tal remate não Vimos que as 2 avenidas centrais e obras suplementares são o embaraçará o tráfego. A resposta é negativa por diversos motivos: a) o máximo que se pode aspirar em prazo curto. Em compensação a tráfego poderá contorná-los; b) poderá atravessá-lo por baixo, como p. perimetral interior pode ser prevista a longo prazo, exigindo apenas, ex. do Paço Municipal de Nova York e de recentes projetos em rosário, desde o início, o recuo obrigatório das reconstruções. Este recuo seria onde o mesmo problema se apresentava. c) Poder-se-á, em ultimo caso, com jardim provisório na frente, para evitar as reentrâncias e cantos recorrer a dois edifícios laterais, em vez dum focal. mortos, durante todo o tempo. Haveria certa dificuldade, mas não È inegável que a reserva de terrenos para estes edifícios e intransferível, no caso de terrenos de pouco fundos, p. ex. nas esquinas. pracinhas adjacentes será dispendiosa, motivo porque se pode prever Neste caso seria forçoso ora transigir (casas térreas, puchados, etc.), que, no plano final, muito destes planos parciais não serão incluídos, ora compensar (permissões especiais de alturas) ou mesmo indenizar. A substituindo só os principais. Penso que o “edifício da comunidade” perimetral interna tem uma rua já iniciada: Irmã Serafina. Convém ficaria otimamente no terreno da Praça Carlos Gomes, (com terraços prosseguir o alargamento até a praça Pedro II. Conviria ir mesmo além, sobre este), ou no topo N. da av. Transversal, dando vista para a até a rua Proença, donde há muito terreno baldio (p. ex. o recreio do baixada, ou mesmo no lugar da tual escola Correa de Melo, se o diocesano) se houvesse probabilidade de ligação direta com a radial Mercado tivesse de ser futuramente removido. externa (estrada de S. Paulo) como noutro capítulo se viu, o que será O paço e o edifício estadual ficariam bem na Praça Indaiatuba ou nos topos da av. Transversal. O Hotel ficaria bem na praça (r. Feijó) aliás pouco provável. A outra rua componente de perimetral interna será Cônego Cipião, Moraes Salles ou Duque de Caxias. ou na praça Carlos Gomes, máxime se houvesse para cá uma galeria, O Dr. Stevenson preferiu a segunda, por conduzir diretamente á como a planta indica em pontilhado, aliás obra secundária. O correio passagem da av. João Jorge e á subida para Souzas. Acho que Cônego ficaria p. ex. na r. Regente Feijó, se na frente se elevasse outro maior Cipião é equivalente por ter também vantagens: a) é menos valorizada; (Paço). O croquis anexo exemplifica diversas disposições. Convém b) é um pouco mais curta; c) aproveita 2 trechos largos sem examiná-lo sem o preconceito das disposições usuais. expropriações ( Praça Pedro II); d) poderia também ter uma tampa própria á ponte da Paulista (que ficaria então em T em vez de L). O traçado pela rua Duque de Caxias teria vantagens semelhantes, sendo porém mais afastada só conviria se a perimetral média pela av. Paulista e rua Proença não fosse aprovada, porque a substituiria, podendo conduzir também diretamente aos Jequitibás. 164 O 3º lado da perimetral interna poderia ser a rua Benjamin Constant. O quarto lado seria a própria José Paulino, a que se poderia esquerda), de modo a libertar as vizinhanças de Guanabara, Taquaral e Cambuí. acrescentar Alvares Machado, Senador Saraiva, ou mesmo Saldanha A Sorocabana acompanha-la-ia e Guanabara á Vila Nova, Marinho, que conduzem a pontos relativamente importantes (rua Culto á transferindo-se a mais sua estação para junto da Paulista ou, em ultimo ciência, fácil, de levar até o prolongamento Av. Andrade Neves, largo do caso, para Guanabara. A localização da estação Sorocabana no ponto Mercado, etc.). onde está parece-me exemplificar uma questão de plano e interesse geral resolvido ao sabor de interesses particulares ou de momento. O XIV fato é sua remoção deve ser aconselhado, o que libertaria esse ponto da ESTRADAS DE FERRO cidade e permitiria a av. Itapura vir até o Campo de Corridas e ligar-se Não temos até agora tocado no assunto das estradas, para evitar dificuldades que entravariam o plano. Agora podemos já fazê-lo. Tenho notado que em muitas cidades pode-se atacar o estudo das remodelações gerais pelo das ferrovias. Elas oferecem oportunidades por vezes de grandes e úteis metamorfoses, transformações até radicais e razoáveis, pois desde a implantação desse meio de transporte, tudo mudou e cresceu espantosamente. Assim sucedeu em São Paulo onde a remoção das estradas para a baqueta dos rios criaria aspectos e transformações originalíssimos, e da maior repercussão em todo o plano. Assim também em recife, com eliminação da estrada Norte e a unificação das estações em Cinco Pontas. Idem no Rio com Agache e em Paris com vencedores do concurso de ante-projeto. Em campinas as coisas sãs mais difíceis e diferentes. A E.F. Paulista dificilmente poderá ser tocada no seu espigão obrigatório, e ligada como está ao seu grande pátio. O traçado da Mogiana é mais nocivo ainda que o da Paulista, pelo fato de cortar zonas residenciais, mas a solução é quase tão difícil pelo preço. O caso da Sorocabana é apenas em parte mais fácil. Deixando de lado a Paulista, o ideal seria deslocar ligeiramente a Mogiana, no Chapadão, para fazê-la passar em corte e sob as ruas transversais, e, mais além deslocá-la francamente para o vale do Taquaral (margem perfeitamente a estrada de Limeira e á rua Pereira Lima. O Campo de Corridas, um pouco difícil de tratar pela sua altitude, poderia transformarse em praça ampla (o desafogo, ao menos para a vista, é tão desejável em campinas), em parte em terreno para as ferrovias, para compensálas da tomada da estação Sorocabana. A estudar a chegada da Mogiana e da Sorocabana por esta faixa, paralela a Paulista, até a estação Geral. O estudo desta questão exige uma planta com as cotas e detalhes dos terrenos e linhas ferroviárias, cujo levantamento sugiro á Comissão, pois a planta cadastral da Cidade é aqui deficiente e a complexidade da matéria proíbe soluções á olho. A terra dos cortes e regularizações aqui necessários destinar-se-iam ao dique do lago do Taquaral e alguns aterros da perimetral externa, p. ex. nas vizinhanças do Cortume. Infelizmente a importância da cidade e do tráfego não permitindo grandes esperanças de remodelação ferroviária, mesmo resumida á Sorocabana, convém desde já encarar sua permanência e atenuar pelos únicos remédios possíveis: a) exigir que as casas e lotes á beira da linha tenham tratamento posterior, isto é, tenham fachada e jardim para a viaférrea como se fosse esta uma rua comum. Salvo casos de armazéns e desvios industriais; é tempo de melhorar entre nós a primeira impressão que produzem as cidades, onde se entra pela cozinha. b) assentar 165 desde já as poucas passagens em desnível possíveis, fazer convergir Convém, entretanto chamar mais uma vez a atenção que hoje a para ela os arruamentos vizinhos. c) Corrigir da melhor maneira que tendência é para estender o domínio da racionalização a outros ainda for possível em cada caso (por ‘cul-de-sacs”, passagens de domínios que não o puramente físico ou material, e que a parte culta da pedestres, etc.) as ruas realmente obstruídas. Nos estados Unidos, população receberia com muito agrado o esboço dum plano geral que cujos programas de eliminação de cruzamentos tem sido enorme, os além das medidas mais sumptuárias e urbanas, também recomende gastos distribuem-se entre a cidade, o “country” ( condado, entidade medidas políticas e administrativas úteis e de alcance. administrativa de que não temos correspondente)e a cidade. As ASSUNTOS DIVERSOS porcentagens variam mas duma maneira grosseira pode-se dizer que são em média respectivamente 50, 25 e 25%. As estradas escriptuaramna naturalmente em sua conta de capital e, ás vezes, lucram a dispensa de guardas e sinalizações caras. A despesa é por vezes pesada, máxime em vista da atual situação precária das ferrovias, mas tem sido realizadas porque o problema não é daquele cuja gravidade se atenue com o tempo, antes pelo contrário. Ao menos para efeito de registro a justificação posterior das soluções creio necessário mandar efetuar uma estatística das passagens existentes no município ou pelo menos na cidade (passagens de veículos, pedestre, trens, despesas de custeio, desastres ou acidentes, tempo de interrupção do tráfego, etc.). As estradas devem possuir já os elementos necessários. XV A) BAIRROS INDUSTRIAIS – O principal será localizado na faixa da Paulista, além do Armazém Regulador, donde serão facilmente servidos pelas 3 Estradas e pela rodovia. Distam pouco da cidade e, pela situação em relação aos ventos não enviarão suas fumaças sobre a cidade. Distando pouco de Vila Industrial, São Bernardo, etc., o recrutamento da mão de obra será fácil. A boa distância da Estação Central convirá reservar lugar para futura estaçãozinha suburbana (ou melhorara a existente), o que será útil quando a zona e principalmente a faixa ferroviária do município, estiverem suficientemente industrializadas e povoadas da população operária, dispersão esta, que, bem dirigida desde início, será conveniente. Ao fixar tal zoneamento industrial será preciso reservar simultaneamente passagens em desnível nos pontos favoráveis. Segunda zona industrial, menos importante, será perto de Vila Para não complicar a concepção do plano geral da cidade e Nova, servida pelas 2 estradas de bitola estreita. permitir aos membros leigos, concentrar a atenção sobre o que é Terceira poderá ser prevista a SE da cidade servida pela essencial e geral nesse plano, sem desviá-la para os problemas Paulista, pela estrada de Valinhos, e mesmo do outro, por futuras acessórios e de detalhes, acho preferível não considerar por enquanto, rodovias. Será zona bem mais dispersa e afastada, por serem outras questões, mesmo importantes, mas cuja adaptação, conciliação desfavoráveis os ventos dominantes. Diversas faixas planas próximas á ou inclusão no plano, far-se-á depois (problema sanitário, zoneamento, Paulista devem ser zoneadas com preferência industrial, para garantir indústria, etc.). amplamente o futuro industrial do município. Isto evitará ou pelo menos 166 dificultará que loteamentos residências prematuros e fáceis de localizar O “thalwegg” que ladeia a rua Proença e que, subindo, atravessa noutros pontos, venham ocupar desnecessariamente áreas mais a Paulista, já não comporta grande artéria por terminar num quase poço, indicadas para outros fins. onde se vêem muitos eucaliptos. Nada impede ainda outras áreas, convenientemente O “thalwegg” do Saneamento receberá o prolongamento da regulamentadas, para indústrias não incomodas. Não é essencial que avenida existente e seu complemento na margem direita, que aliás pode todas sejam servidas pelas ferrovias, pois os caminhões exercem hoje ser mais estreito que a rua da margem esquerda. grande papel nas indústrias leves. No total as áreas industriais não ocupam grande porcentagem em relação á área urbana e, se entre nós, é preciso conceder-lhe certo excesso, é devido ao regime de O “thalwegg” do Proença será tratado como “park-way”, como já foi dito. LARGURA DAS AVENIDAS CENTRAIS – Para a av. C) propriedade, que não é o mesmo caso duma cidade construída de novo Estação-centro: Mínimo: 2 e de “tontes pièces”, e pertencente a uma única empresa. A imposição Estreitando os passeios daria para 5 vias. do “zoning” industrial, a detalhar depois, levantará algumas questões de Máximo: 2 passeios x 4.50 = direito. 2 filas estac. X 2.00 = B) ARTERIAS DE THALWEGG – São traçados 9.00 4.00 3 filas em movim. X 3.00 = 9.00 naturalmente indicados. Pregou-o entre nós Saturnino de Brito. Alguns 22.00 ms discípulos exageram, porém, quando pedem “avenidas” em todos os Para passeios arborizados 4.00 é um mínimo. Como geral os vales. Na realidade os “thalweggs” aconselham simplesmente ruas. Se comerciantes, os pedestres e a própria administração não gostam de não coincidirem com necessidades muito fortes de circulação e árvores centrais, a artéria poderá deixar de ser arborizada, exigindo, possibilidades de traçados de viação, far-seão simplesmente ruas, o que porém iluminação mais decorativa e regulamentação mais severa das será o caso normal. Se percorrerem gargantas apertadas, valorizadas ou fachadas, principalmente sob o ponto de vista da continuidade das difíceis, poder-se-á admitir meras vielas. Estas, porém, sempre que linhas. OS argumentos a favor da largura mínima são: possível bem visíveis e fiscalizáveis. Parece comportar artéria de certa 1) Necessidade da economia em vista do grande vulto da importância o “thalwegg” entre rua Villac e o Asilo de Inválidos, que remodelação total, que, para ser exeqüível, exigirá cortes impiedosos de permitiria talvez passagem sob a paulista. todas as demasias. O “thalwegg” entre Villac e rua Salles de Oliveira permitiria 2) Volume reduzido do tráfego, como se pode verificar artéria semelhante se não houvesse em cima (junto aos depósitos de mesmo nas paralelas mais movimentadas. Possibilidade de remover o combustíveis) o problema da remodelação das linhas de bitola estreita, tráfego pesado, os bondes, etc., para as paralelas, a serem dotadas de que convém prever para permitir a supressão da estação Sorocabana sentido único. atual. 167 3) Ruas demasiado largas destoarão longamente da cidade - Avenidas de Nova York: 30.00 e exigem prédios proporcionais. Os argumentos a favor da largura maior - Ruas transversais de Nova York: 18.00 são: - Rua Libero Badaró (passeios de 2.40): 18.00 1) A terceira fila (central) aumenta notavelmente a vazão. - Ruas de Vila Buarque e em geral as típicas de São Paulo (passeios de 3.20): 16.00 2) O alargamento total que a 3ª fila em movimento - Ruas de Santa Efigênia (média): 13.00 exige é proporcionalmente muito mais barato. Por outra: a dificuldade é - Ruas de S. Bento: 8.00 obter 19.00; passar é fácil. - Ruas médias de Campinas: 8.00 a 10.00 3) O aumento da largura torna mais visível a - Alargamento de José Paulino (Catedral): 14.00 arborização sempre desejável em clima tão quente. Há um verdadeiro - Avenida Independência (S. Paulo): 45.00 equilíbrio de argumentos. Para a avenida Glicério (trecho que - Rua Xavier de Toledo (S. Paulo): 25.00 pretensiosamente chamaremos “monumental” a largura mínima é: 2 passeios x 5.25 = 10.50 (arborizados) Não há necessidade de serem regulares os alinhamentos tanto 2 filas est. x 2.25 = 4.50 das casas como das guias. Os esboços mostram sugestões, onde as 3 filas x 3.00 = 9.00 reentrâncias criam pitoresco e possibilidade de bares ao ar livre que dão 24.00 tanta vida aos boulevard e á Av. Rio Branco e, isso sem exigir E a máxima: 2 passeios x 4.75 = 9.50 (arborizados) 2 filas est. x 2.00 = 4.00 2 filas em mov. x 2.75 = 5.50 2 filas em mov. x 3.00 = 6.00 26.20 ms. Há quase uma coincidência de medidas. O centro de rua deve ser aqui maior para permitir a vista dos monumentos extremos. alargamento excessivo em toda a extensão. O trecho inicial ou de ligação da Av. Campos Sales pode ter 26.20ms., como Glicério. 4) Convém evitar, nesta fase do estudo, considerações de detalhe, para só fixar as grandes linhas. Não obstante, só para exemplificar, citarei alguns: a) O largo da Catedral, que intercepta a rua Regente Feijó, desaparecerá mais tarde, assim como as pequenas A título comparativo damos aqui as seguintes referências: laterais, da rua 13. Será fácil deslocar a escada principal para dentro. - Av. Rio Branco (Rio) – A largura reside sobretudo nos Inúmeros templos possuem entrada de nível, o que é até mais lógico, passeios: 33.00 - Av. de Mayo (Buenos Aires), tipo semelhante ao nosso Glicério de 26 ms.: 30.00 - Boulevards parisiense: 30.00 a 35.00 por ser passagem de multidões. b) A escada externa da Catedral, que intercepta a rua Regente Feijó, desaparecerá mais tarde, assim como as pequenas laterais, da rua 13. Será fácil deslocar a escada principal para 168 dentro. Inúmeros templos possuem entrada de nível, o que é até mais exíguo, cercado de linhas e prédios que o tornam perigoso. Será assim lógico, por serem passagens de multidões. aproveitado para modificações das ferrovias, para armazéns e a quarteirões, e para alguns logradouros amplos. O ideal seria reservar a inconveniência da demolição da praça Indaiatuba, por motivos de área fronteira ao prolongamento da Av. Itapura para o futuro estádio tradição e de valor artístico. Tradição (aliás, secundária) creio que só municipal. c) Já se discutiu há tempos, possua a antiga. Valor artístico especial, nenhum: arquitetonicamente ORÇAMENTO E CUSTO uma banalidade pelo menos externamente. É verdade que seria preferível poupá-la; infelizmente seria assim dificílimo compor condignamente a única praça que poderá ser centro cívico da cidade. É também por esse caráter cívico, que acho inconveniente reconstruí-la na mesma praça, como edifício dominante. Esse papel deve caber a um edifício público principal, p. ex. Paço ou Fórum (com outras repartições estaduais), sobre o eixo da praça. d) Proponho introduzir em Campinas uma coisa interessante e útil, barata e original (aos cofres municipais seria mesmo gratuita): uma passagem coberta ou abrigada desde a praça da Estação até o Centro da Cidade. Isto será facilmente obtido apenas pela exigência e regulamentação de marquises em uma das ruas nessa direção: Costa Aguiar, 13 de Maio ou na própria Campos Sales. Pelo menos em um lado. Pode-se combinar diversas ruas assim, incluir arcadas ou galerias. Se esta novidade obtivesse sucesso seria fácil fazer ligações sobre ruas transversais e, teoricamente, até passagem subterrâneas sob a praça da Estação. Pode-se-ia atravessar a cidade inteiramente ao abrigo do sol e da chuva. e) A estação paulista será com o tempo reconstruída. Nessa ocasião uma torre ou portal ficaria no eixo da ligação Estação-Campos Salles. f) Campo de Corrida. Segundo informações, não é justificável sua permanência. Para aeroporto é muito A avenida Campos Salles está orçada aproximadamente (talvez com otimismo) em 4.000 contos, já feita a dedução da taxa de melhoria. É base, e base pouco tranqüilizadora, pois faz prever um custo total excessivo, que exigirá cortes no plano, oq eu alas era esperado. A Diretoria de Obras vai orçar outras obras. Tais orçamentos exigem atenção especial nisto: a) Alijar todos os acessórios não essenciais, que pelo número pesariam muitíssimo. Por isso não considerei os prolongamentos da rua Barão de Jaguara e da Campos Salles, que aliás, no meu parecer, são pouco úteis e até, sob certo ponto de vista, contra-indicados. Em todas as cidades repete-se o combate entre os urbanistas e a opinião comum, sobre prolongamentos, sobra a necessidade e beleza de ruas compridas, sobre certa regularidade que o povo julga essenciais e, sobre o preconceito urbanístico curiosos. Quando os urbanistas encontram ou podem dispor uma praça ou monumento importante no topo duma rua importante, como conclusão, escopo e remate desta, geralmente exultam por haverem encontrado uma solução lógica e agradável. O leigo, pelo contrário, que forçar atravessar e prolongar, monótona e indefinidamente as ruas ou, pelo menos, até um remate menos lógico ou menos importante. Mais interessante e pitoresco seria, nessa diretriz (Campos Salles), uma simples galeria para pedestres, que conduzisse até o centro da 169 Comunidade, edifício que, como vimos, poderia elevar-se no quarteirão Melhoramentos a executar á medida que se impuserem (demolição e triangular entre a rua Cesar Bierrembach e a Praça Carlos Gomes, com construções novas). - Alargamento da José Paulino, terreno e composição: 2.000 x 6 terraços sobre estas, em belíssima posição. b) Não confundir orçamentos de obras re remodelação = 12 m2 x 50$ = +/- 600 contos (mais urgentes) com os de obras novas ordinárias relativas ao - Alargamento de Glicério (restante): 1.000 x 20 = 20.000 x 50$ = desenvolvimento normal da cidade. A soma de tudo seria cifra 1.000 contos assustadora, mas sem significação. É como se somássemos todas as - Alargamento da r. Conceição (até Carlos Gomes) e Ge. Osório obras públicas desde João Ramalho até hoje. Por exemplo, as (entre José Paulino e Carlos Gomes): (400 + 400)5 = 4.000 x perimetrais externas serão futuramente obra normal da cidade: “fazer 100$ = 400 contos duma certa maneira o que teria de ser feito de qualquer maneira”. - Mesquita, ligação com a rua Santa Cruz: Também excluir do custo da remodelação propriamente dita melhoramentos que deviam ser normais (melhorar jardins existentes, calçamentos, etc.). Naturalmente para ação administrativa o orçamento (300 x 20) + (300 x 10) =9.000 x 55$ +/- 500 contos - Alargam., no Chapadão (+/- r. Germania ou paralela) e outras 2 perimetrais: 3.000 x 10 = 30.000ms x 20$ = 600 contos total incluiria tudo. A cifra importante é a das obras imediatas novas, as - Conclusão do edifício da Comunidade, ou outro: 1.000 contos de substituição ou remodelação, todas referidas aos prazos respectivos. - Paço: 2.500 contos c) No nosso caso admitimos em primeira hipótese, para - Terrenos para o Fórum e Correio (já concluídos atrás) plano de execução das obras onerosas: - Melhoramentos no Jequitibás: 300 contos Obras imediatas (6 anos): - Melhoramentos na Vila Industrial: 500 contos - Av. Campos Salles: 4.000 contos - Serviços ferroviários (a fazer p/ estradas): 1.600 contos - Av. Glicério (trecho principal): 4.000 contos - Aterros de perimetrais, passagens de nível, etc.: 1.000 contos - Parque da Vila Industrial (início): 400 contos - Av. Paulista 1.500 x 20 = 30.000 x 33$ +ou-: 1.000 - Entrada da Cidade: 400 contos - Campo de aviação: 600 contos - Canalização do Proença: 1.000 contos - Monumentos, portões, etc.:1.000 contos Alargamento de trechos mais velhos e necessários de Benjamim - Parkway: 1.200 contos Constant, Bernardino de Campos. - Av. do Saneamento, prolongamento: 400 contos contos - Casa da comunidade (1ª parte) ou outro edifício: 1.500 contos - Diversos (terreno matadouro, mercado, trechos a adquirir - Escolas rurais, edifícios: 200 contos das perimetrais, auxilio ao hotel, etc.): 2.800 - Melhoramentos diversos e eventuais: 1.100 contos TOTAL: 17.000 contos Total: 13.000 contos 170 A prever e regulamentar: mas esta inclui os distritos extra-urbanos, que naturalmente desejam - Av. cônego Cipião (recuo) melhoramentos próprios e nãos e conformarão com o pagamento das - Av. Irmã Serafina (recuo) “obras sumptuárias da metrópole” na mesma base dos urbanistas. Logo - Perimetrais e radiais (faixa a preservar) a renda exterior é a de reduzir pelo menos a 1/2, seja uma redução de p. - Ruas de Thalwegg ex. 2/3 1.000 = 600 contos. Por outro lado as rendas industriais, se bem - Conclusão de Parques que no único meio de fazer participar toda população no custeio do - Verba a reservar para frações inadiáveis destes serviços: urbanismo, não poderão sofrer argumentação de tributação na mesma 1.000 contos proporção. Segue-se outra dedução de p. ex. ½ 2.000 = 1.000 contos. A desistir: Receita restante destinada a sofrer argumento: 7.000 – (600 +1.000) = - Mudanças de estradas no Taquaral 5.400. - Parque do Taquaral Total: Em relação a ela os 1.000 contos anuais para o urbanismo são - Parque do Saneamento cerca 20%. Sobre quem recairá? Sobre todos, um pouco mais aos - Aeroporto bom diretamente beneficiados, (em especial, taxa de melhoria), um pouco - Etc., etc. menos aos já sobrecarregados ultimamente pela mudança de regime imediato (6 ½ anos): 13.000 contos fiscal nacional, um pouco mais aos aliviados pela mesma reforma, gradual: 17.000 contos alguma coisa a novas fontes a criar. Não se deve esperar muito das eventuais 1.000 contos taxas de melhoria, cuja fama é maior que o poder. Na realidade serão os 31.000 contos contribuintes gerais os mais atingidos. Ao critério exposto acrescentar o Prazo: 35 anos. de ordem geral: procurar o mais habilitado e o mais fácil. A renda é o Por ano = cerca de 1.000 contos melhor critério de habilitação, mas só pode ser justa e plenamente aplicado, pela entidade máxima (governo nacional), podendo, todavia É verdade que a receita argumentará todo ano, mas também argumentarão os custos de terrenos e obras, e servir de fonte subsidiária da informação. A facilidade indica mais os aparecerão imóveis e menos o comércio, que pode mudar, se for muito necessidades novas. Para considerar estas variações não temos sobrecarregado. A política econômica do município, a cujo futuro estatísticas perfeitas. Como os orçamentos públicos crescem per capita convém com o tempo, em valor absoluto, (embora este crescimento seja muito sobrecarregar as indústrias, antes atrair as novas. o desenvolvimento industrial, aconselha também não menos do que o cambio e outros fatores aparentam) conclui-se que relativamente a situação não tenderá a piorar, pelo contrário. O orçamento próximo apresentará uma arrecadação de quase 7.00 contos, 171 PLANO NÃO MATERIAL Pela proximidade deste Instituto, pelo caráter agrícola da zona, pela sua tendência á pequena propriedade, pelas possibilidades industriais (que Dissemos por ocasião das primeiras palestras que a tendência por sua vez requerem horticultura próxima), etc., o município de do urbanismo moderno é para extensividade (abranger todos os campos Campinas é o melhor que se presta no estado, para a introdução e da vida municipal e até regional) e para a racionalização (melhor experiência da nova instituição. É sabido que o fomento Estadual organização de todos os serviços). Assim os planos de urbanismo dificilmente pode prestar assistência imediata a todos. Ao agrônomo constituem oportunidade para novas medidas, além das estritamente municipal materiais (avenidas, parques, etc.), e estas, incluídas dentre as considerável; basta passar os olhos sobre os resultados da seleção de recomendações do plano, serão por vezes boa recomendação para este sementes, da genética, etc., que elevam a agricultura moderna á aos espíritos mais positivos e menos amantes da estética ou da categoria “amenities” urbanas. Não é nosso fim no momento atacar esse assunto. completariam as atuais, muito resumidos e localizados. Para dar idéia completa, porém, do plano, citarei como exemplo alguns pontos que deveriam ser simultaneamente apresentados: A) Criação da Secção Agrícola Municipal. caberá de tal incumbência. verdadeira ciência. Seu Os alcance estudos econômico é meteorológicos Fora o interesse aeronáutico e cientifico teria este outro para permitir base ao “seguro”. Nos estados Unidos há seguro contra o tempo até para empresas ao ar livre, por ex. feiras. Acresce a circunstâncias de É um serviço cuja necessidade está há muito reconhecida. Nos que não necessitaria de anos. O interesse da Secção Agrícola avulta programas de urbanismo preconizei-o já em 1923. Recentemente foi devido ao momento, que é de transição (desmembramento das terras oficializada pela secretaria da Agricultura. Já em 1930, no secretariado montanhosas e pedregosas, etc.) A sub-secção de cooperativismo Queiroz Telles, fora proposto. Creio que já está estabelecido em Jundiaí. orientará os pequenos lavradores num campo em que os bancos não Acho que nãos e deve resumir a um só funcionário nem ser inicialmente resolvem a situação, como sucede com o comércio; o crédito mercantil organizada como coisa definitiva. A forma proposta em 1930 significa especulação, prazo curto, juro alto e garantias reais; o crédito (agrônomos regionais) era mais viável em certas zonas, por pesarem agrícola de significar assistência e racionalização, prazo de colheita, juro menos nas finanças municipais e pela falta de profissionais não só baixo habilitados como dotados do temperamento especial requerido. Na Cooperativismo daria as instruções centrais. O cooperativismo entre nós realidade a nova secção deve contar ainda com um veterinário, com um está apenas ingressando na via certa e é preciso ir-he ao encontro. Não serviço meteorológico suplementar (com a colaboração particular dos é panacéia, mas prestará sempre serviço, máxime na animação das fazendeiros mais adiantados), uma sub-secção de cooperativismo, e zonas velhas. As vizinhanças da Capital e de Bragança ilustram-no. A outra de propaganda escolar (colaboração coma Secretaria da fruticultura, possível na região de Campinas, não só na faixa educação). Toda a secção deve ter conexão com a Secretaria da sedimentária, como na arqueana e até mesmo (com espécies mais Agricultura, em particular com o Fomento e com o Instituto Agronômico. difíceis) nos pontos altos, poderá receber na indústria das frutas em e garantias pessoais. O Departamento Estadual de 172 calda e cristalizadas um complemento natural. A assistência municipal das promoções e provimento das funções públicas, descarregando os poderia indicar e preparar este campo. Ao lado da Secção Agrícola administradores de uma tarefa penosa. Municipal outras medidas podem beneficiar a pequena lavoura: estradas e instrução adequada. Nos Estados Unidos quaisquer que tenham sido os insucessos e as críticas, o saldo, nos casos de boa vontade, tem sido incontestável. Vemos que há aqui uma série enorme de coisas do maior Nas Comissões há “sub-comissões de contato” composta por ex. de 2 interesse econômico, que evitariam ao urbanismo a pecha de só cuidar membros, cuja missão é manter contato imediato com os chefes das das superfluidades das cidades. repartições, de modo a obterem informações e sugestões valiosas, mas Comissões Civis cuja exteriorização os regulamentos ou as praxes ordinariamente É uma recomendação de ordem política (política no sentido impedem. Elas concorrem ás vezes para mudanças benéficas de elevado de governo e alta administração). Análogas á atual Comissão de atitudes e opiniões. Ainda há tempos pediu coisa semelhante para sua Urbanismo, porém mais reduzidas e destinadas a colaborar, com caráter repartição, o Diretor do serviço Meteorológico Federal, Dr. Sampaio mais consultivo e técnico, nos assuntos principais do município: vida Ferraz, cansado de aturar as intervenções da política e da alta industrial, educação e cultura, urbanismo, agricultura, assistência, etc.. administração, mal informadas. As comissões de recursos fiscais já Apolíticas, utilizam capacidades, que doutro modo ficariam perdidas ou funcionavam no estado e na Estatística Imobiliária. Estas, porém são um acabariam por exercer nocivamente. Semelhante aos conselhos pouco diversas. Os rotarys, os “amigos da cidade”, as associações técnicos, que a ultima reorganização nacional introduziu, ainda serão, no técnica, ou mesmo de interesse, etc., constituem por vezes um passo no parecer de alguns, o melhor elemento de salvação das democracias. mesmo sentido. Estão, porém muito longe de alcançarem os fins Impraticáveis funcionar colimados, que exigem uma certa responsabilidade não só moral como perfeitamente em cidades progressistas e cultas, como Campinas. Toda efetiva, atitudes sistemáticas e não acidentais, funcionamento regular, a dificuldade reside em saber organizá-las e regulamentá-las. Os contatos imediatos, etc.. Podem ser, não obstante, viveiros de membros municípios são, conforme frase consagrada, a escola do cidadão. Para para as comissões. que isto se efetive, as comissões civis são o meio justo e legítimo. Pouco C) B) em muitas cidades pequenas poderão Juiz Municipal tempo em matéria de organização da consciência e da colaboração Assim chamamos uma espécie de juiz de 1ª instância, para política (elevada) e administrativa geral. Até há pouco isto era mau, mas pequenas questões, reclamações contra repartições e funcionários, passava. Com os perigos de dissolução, que só agora muitos infrações de posturas, acidentes de tráfego, erros fiscais, etc.. Nos perceberam a mesma situação não pode perdurar. Dissolução não é Estados Unidos, onde a instituição tem desenvolvimento muito maior, evitável por meio de política e de decretos: a única barreira possível será são-lhe atribuídos muitos casos da vida particular, a ponto de ser a consciência geral. Uma das comissões, a de “serviço civil”, já funciona considerada, (sob o ponto de vida particular, a ponto de vista do número na Capital, embora introduzida defeituosamente a meu ver. Ela cuida de pessoas interessadas e da impressão que produz na mente popular) 173 da mais alta importância social. Entre nós a questão das relações do estatísticas são o termômetro da vida da comunidade, e sem termômetro povo e das repartições, principalmente fiscais, é de maior importância. O os médicos não diagnosticam nem tratam. Exigem, porém extremo serviço público, mesmo nas repartições mais idortizadas, é entrave cuidado e conhecimentos múltiplos, que só pelo contato com secções irritante á atividade da população. Tudo o que o poder lubrificar estes especializadas podem alcançar. É onde a racionalização mais se fará contatos é recomendável, pelo menos a título experimental. Embora no sentir, para que as cifras possam apresentar significação precisa e ser interior os males da burocracia sejam menos sensíveis, elas existem em comparáveis. As estatísticas feitas em 99% das nossas repartições são certo grau. A “secção judicial”, ligada a uma secção de orientação e totalmente informação para o público, seria (além da racionalização interna) o único internacional, seria necessária; enquanto isto não é possível, ao mesmo meio de arrancar nossas administrações do estado medieval em que, uma estadual é desejável. sob tal aspecto, ainda se encontram. inúteis. Uma articulação geral, nacional e mesmo O Departamento de Administração Municipal daria o critério Racionalização administrativa e técnica diretor. Uma secção de estatística estadual, funcionando como “clearing- O assunto é tão vasto que não nos deterá no momento. O house” de informações administrativas técnicas e municipais, seria dum próprio urbanismo não é senão um exemplo de racionalização de toda a enorme valor para instrução e emulação dos municípios. Ele também cidade. Apontaremos um detalhe, pelo qual se avaliarão outros: teria, finalmente, função divulgadora e popular, por meio de gráficos e D) As repartições devem em certos ramos corresponder-se com os interessados, evitando-lhes pernadas inúteis. Por exemplo, os lançamentos, os pagamentos, as reclamações, tudo em grande parte, poderia ser feito pelo correio. Isto já é inteligentemente feito, em parte, artigos sugestivos. Nos Estados unidos, o Departamento Federal do comércio exerce uma função desse gênero, que não envolve, aliás, nenhuma intervenção nos interesses particulares dos municípios. F) Escolas Rurais pelo serviço federal do imposto de renda. Na maioria dos casos, porém, Deixando de lado a questão do ensino no município há um as relações do público com as repartições, feitas nos “guichês” no meio aspecto que seria interessante fazer participar do “plano de urbanismo”: de confusão, são absolutamente da era da pedra lascada. Haverá a construção de algumas escolas rurais, uma ou duas do tipo modelo e naturalmente, muitos casos de atrapalhação. Uma organização bem meia dúzia feita, porém, reduzi-lo-á e dar-lhe-á expediente. O suplemento de custo obrigatoriamente consagrar uma porcentagem de suas receitas á seria gostosamente pago pelos interessados por meio duma taxa. educação, nada demais representa esta proposta. Uma escola rural E) Remodelação da Secção de Estatística do tipo normal. Como as municipalidades devem modelo comportará um pequeno alojamento para o mestre, certo A secção campineira pouco pode produzir até agora por ser uma material necessário ao ensino, um terraço ou galpãozinho, chuveiros e recém nascida. Além disso, os administradores geralmente as instalações sanitárias para inculcar hábitos higiênicos ás crianças, consideram supérfluas. São, entretanto, da máxima importância, e armário para serviço médico e dentário periódico, ambiente rural e sabem-nos os urbanistas mais que ninguém, por experiência própria. As aspecto rústico. 174 Outros aspectos da questão escolar não cabem no momento. Com serviço de informações e fichário em colaboração com os colégios Adiantarei apenas que seria interessante atrair para o município uma e instituições locais. Poderia fazer parte do “edifício da comunidade”, colônia de férias, um instituto disciplinar (de cuja mudança hoje se cogita dotando este de instalações esportivas, recreativas, salas e terraços de em São Paulo) e uma “universidade secundária”. Por tal entendo uma descanso, salas de reunião, pequena pinacoteca, etc.. toda a dificuldade referente apenas ao ensino secundário comercial, normal e profissional, deste edifício reside na organização de modo a satisfazer a muitos sem para qual apresentaria vantagens a cidade de Campinas, tradicional por incomodo mutuo. Nalgumas cidades alugam-se salas para sede e sua cultura e seus colégios, dotada de todos os recursos da civilização, sociedades culturais, que assim têm á mão salões para reunião, com menos perigos que as grandes capitais, de fácil acesso, e, hoje, conferência, festas, etc.. muito preferida para residência. Uma universidade secundária, se não ASSISTÊNCIA: a assistência social e, sobretudo médica e tem vantagem das superiores e para investigações originais, apresenta higiênica total é ainda uma utopia e apresentaria dificuldades e custos vantagens para estudo, esportes e instalações gerais. enormes. Porém, uma assistência, especialmente rural, limitada, seria A zona destinada seria p. ex o Taquaral, em torno do lago, interessantíssima, não só pelo objetivo utilitário e humanitário, como englobando o parque e o atual Colégio, que tem fácil acesso pela pelas conveniências de um serviço estatístico e de fiscalização, Avenida Itapura. A proximidade da fazenda Santa Eliza, dos campos da articulado com o serviço sanitário estadual e com a assistência urbana, estrada de Cosmópolis, do mato de Capão Fresco, etc., oferecem privada e municipal. Uma agência municipal de empregos (sub-secção possibilidades de informações) poderia filiar-se a “assistência social”. de notáveis complementos recreativos. O mais interessante seria distribuir a colônia de férias, o instituto disciplinar, etc., FUNÇÃO DA COMISSÃO nesta zona, cujo acesso ferroviário também é facílimo. G) Outras iniciativas municipais, apenas a enumerar, no momento: HOTEL: necessidade de bom hotel, embora pequeno. Poderá 1) Explanando em grandes linhas o “plano tipo”, destinado funcionar em prédio maior, com possibilidade de ampliações. Deve mais a guiar e unificar idéias que a constituir proposta propriamente dita, concorrer para decoração urbana. Pelas idéias antigas este não seria cabe agora á Comissão a sua máxima responsabilidades, que é campo para ação municipal. Pelo principio do intervencionismo, porém, o manifestar em primeira entrância, as “aspirações gerais da comunidade”. poder público deve intervir nas questões de interesse geral onde a No caso presente, em que, para facilitar, está apresentado um “plano iniciativa particular houver falhado. O que se exige é cautela, porque o preliminar” ou “tipo”, essa manifestação poderia ter lugar dizendo se desinteresse privado revela ás vezes a importunidade ou risco das reputa o “plano preliminar” excessivo, deficiente ou justo (programa), se iniciativas. a orientação geral satisfaz ou não, se as diferentes necessidades da BIBLIOTECA: gênero moderno, com serviços de bairro ou cidade forma ai equilibradas consideradas, se a força econômica e o mesmo ambulante, com correspondência com as congêneres da capital. futuro foi ou não superestimado. É importante notar que ao interessa, 175 nesta fase, o aspecto geral, o vulto total do empreendimento ou de suas remoção grandes secções. (excetuada parcialmente a entrada da cidade); modificações de bondes, 2) Sob o ponto de vista financeiro a exposição anterior do matadouro; avenidas perimetrais; radiais externas etc. enunciou uma base grosseiramente aproximada, mas suficiente concreta A própria avenida Glicério poderia em grande parte ficar para 2ª para uma primeira apreciação. O empreendimento exigiria cerca de 20 fase, executando na primeira apenas o trecho Catedral-Indaiatuba e (se % na tributação geral. Não é cifra exata (as cifras parciais escrevi-as em quiser garantir ou “comprometer” o prosseguimento) o inicio dos Santos, sem os dados mais exatos á mão), mas dá a ordem de prolongamentos. Alonguei o prazo da fase imediata (Av. Campos Salles) grandeza. para 6 0u 7 anos, de modo a evitar empréstimo inicial excessivo e Pessoalmente já disse que reputo esse plano a um máximo. conseqüentes juros capazes de absorver todo o suplemento pedido da Isto traduz-se desta maneira: as condições do pais não permitem receita. ainda que as nossas cidades , mesmo as mais progressistas, consigam Chamo a atenção também da Comissão sobre a 3) todas as perfeições que o urbanismo e o progresso moderno têm repercussão externa dum programa muito elevado de despesas, máxime inventado (avenidas, edifícios públicos perfeitos, parques grandes e bem num pouco meio pouco a par do urbanismo e das condições peculiares a instalados, ferrovias não incomodas, aeroportos, ótimo calçamento, Campinas; sobre a atitude dos contribuintes, alguns ainda recentemente assistência perfeita, etc.) No plano preliminar diversas destas questões sobrecarregados; e, finalmente, sobre o risco duma desautoração pela formas já postas de lado e, entretanto, alcançou-se a uma cifra ainda futura Câmara. elevadíssima. Conclusão prática: a) plano completo e perfeito deve ser 4) Em segundo lugar a comissão poderá opinar sobre reduzido; b) as obras secundárias, de interesse muito local e que pelo algumas das obras imediatas ou mais importantes, em particular a av. número possam pesar na balança, devem ceder lugar ás de interesse Campos Salles, a ampliação de Indaiatuba e a av. Glicério. mais geral, o esforço deve ser menos disperso, mais concentrado em Sobre a canalização do Proença, a entrada da Cidade, as menos coisas para que sejam exeqüíveis; muitas obras devem entrar escolas rurais, o prolongamento da Andrade Neves, etc. a D.O.V. para a categoria das obras a prever (mediante recuos, mediante apresentará breve os preços da E.I., de modo a permitir mais fundada expropriações apenas á medida das reconstruções, mediante opções, opinião. mediante aquisições sem demolição imediata, etc.), cuja possibilidade 5) Convém, por outro lado, não incluir no plano de futura se precaverá. Assim pensando dou o exemplo deixando total ou despesas que, embora necessárias, lhe são estranhas (melhoramentos quase totalmente projetos tais como: alteração de estradas de ferro; de grande parque do Taquaral; parque de saneamento; cidade satélites conservação de jardins, etc.) que devem correr por verbas e recursos industriais. Deixando para plano posterior secundário e etapas muito ordinários. certos calçamentos, estradas, concertos de prédios, etc., posteriores projetos como: estádio municipal; remoção do mercado; 176 6) Reduzido assim, o plano, aprovadas (em primeira discussão, provisoriamente, porque a aprovação definitiva só caberá após revisão diante do plano completo) as linhas gerais e o modo de financiamento e prazos, estará o assunto já passado pelo primeiro crivo (este estritamente cívico, local e bem representativo) e poderá ser explanado claramente de modo sugestivo, com alguns croquis e desenhos, e então levado ao público em primeira apresentação. 7) Nada impede que, nesse ínterim, as partes iniciais sejam levadas ao Conselho Consultivo ou Câmara Municipal e aprovadas de modo que a inauguração, seja dos serviços, seja de uma primeira parte já realizada, possa ter lugar por ocasião das festas a Carlos Gomes. 177 ANEXO D Ato n 118 de 24/03/1938 – Aprova o Plano de Urbanismo de Campinas. Considerando In: Atos promulgados no exercício de 1938. Campinas: Linotypia da Melhoramentos Urbanos, sobre ser completo e grandioso, e o fruto dos Casa Genoud, 1938 estudos acurados que ela fez com a mais absoluta liberdade, o mais que o plano proposto pela Comissão de inteiramente livre da influencia da Prefeitura e do funcionalismo municipal, não acarreta, no momento, despesas para o município, nem ATO N. 118 - Aprova o plano de Melhoramentos Urbanos da cidade de Campinas e dá outras providencias. O DR. JOÃO ALVES DOS SANTOS, Prefeito Municipal de Campinas, usando dos poderes que a lei lhe confere, e demolições precipitadas, por isso deverá ser executado gradativamente, e Considerando, que o plano proposto pela Comissão de Melhoramentos Urbanos merece o inteiro apoio desta Prefeitura, e que a sua aprovação o Considerando que o Ato municipal n 115, de 18 de Março deste ano, tomando no devido apreço o disposto no art. 117 da Lei Orgânica dos Municípios, restabeleceu a atividade da Comissão de melhoramentos o Urbanos que havia sido criada pela lei municipal n 490 de 23 de Novembro de 1936; e Considerando que a referida Comissão, desobrigando-se de sua elevada incumbência e superiormente orientada pelo consagrado urbanista Dr. F. Prestes Maia, apresentou ao estudo da extinta Câmara Municipal um plano de urbanismo que mereceu um parecer favorável das comissões permanentes da mesma Câmara e que realmente digno da Cidade de Campinas; e se impõe desde logo por ser necessário habilitar as Diretorias de Obras e de Viação e de Águas e Esgotos a resolverem, dentro da lei, diversos casos de construções e reconstruções dependentes de solução e que não podem ser protelados; Considerando, ainda, que tratando-se de um plano de melhoramentos para execução paulatina, a sua adoção imediata, mesmo que se tratasse de uma resolução imperfeita, não irá criar nenhum transtorno ou situação irremediável, uma vê que durante o longo prazo de sua execução poderá ele sofrer as alterações que forem determinadas por circunstancias supervenientes, resolve baixar o seguinte ATO N. 118 Considerando que o referido parecer reconheceu “Campinas necessita o da aprovação imediata de um plano de urbanismo, a fim de serem Art. 1. – Ficam determinados os seguintes melhoramentos urbanos da corrigidos os defeitos da cidade e preparar esta ultima para o progresso cidade de Campinas, de acordo com o plano de urbanismo apresentado futuro, dentro das normas de beleza, estética e bem estar da pela Comissão de Melhoramentos Urbanos: população”; e I – Serão construídas as seguintes Avenidas Centrais, com a largura de 22 metros cada uma: 178 a) A “Avenida Francisco Glicério”, na rua do mesmo nome, entre a Luzitana e a rua D. Ernesto Kuhlmann. que passará a ser denominada “Avenida” com o alargamento do lado 8 – Prolongamento da rua Culto á Ciência, com a largura atual, impar entre as ruas Marechal Deodoro e Cônego Cipião, tendo entre Marechal Deodoro e Benjamin Constant e entre a Avenida Barão pequenas praças nos cruzamentos com essas ruas; de Itapura e o futuro prolongamento da Andrade Neves. b) A “Avenida Campos Salles”, na rua do mesmo nome, 9 – Prolongamento da rua Hercules Florence, com a largura de que passará a ser denominada “Avenida” com o alargamento do lado 12 metros, entre Saldanha Marinho e Dr. Mascarenhas, sendo alargada impar entre as ruas Francisco Glicério e 11 de Agosto. do lado impar, para 12 metros, entre Saldanha Marinho e Barão Geraldo II – Será construída uma “Avenida de Ligação”, com a largura de de Rezende, e prolongada até encontrar a rua Álvaro Miller. 26 metros, entre a Praça Marechal Floriano Peixoto e a rua 11 de 10 – Prolongamento da rua Delfino Cintra, em sua extremidades Agosto, partindo de uma praça no cruzamento desta ultima com a até a Avenida Andrade e até a rua Francisco Glicério, com a largura de Avenida Campos Salles. 14 metros e com alargamento bi-lateral no trecho José Paulino – III – Será construída uma segunda “Avenida de Ligação”, com 22 metros de largura, entre a praça circular e o ponto de cruzamento da rua General Osório com a Av. Andrade Neves, simetricamente com a primeira. Hercules Florence. 11- Alargamento da rua Irmã Serafina para 14 metros entre Cônego Cipião, do lado par. 12- Alargamento da rua Cônego Cipião do lado par, para 16 IV – ficam aprovados mais os seguintes melhoramentos: metros, da Linha Férrea até Barão de Jaguara; bi-lateral até Dr. Quirino 1 – Alargamento bi-lateral para 16 metros, da rua Francisco e do lado impar até encontrar a rua Itu onde se ligará com a praça inicial Glicério, entre a rua Marechal Deodoro e o Canal de Saneamento. 2- Alargamento bi-lateral para 16 metros, da mesma rua, entre as ruas Cônego Cipião e Duque de Caxias. 3 – Alargamento do lado par, para 16 metros, da mesma rua, entre as ruas Duque de Caxias e a Linha Férrea. 4 – Alargamento da Rua general Osório, para 14 metros, do lado par, entre a rua José Paulino e Avenida Anchieta. 5 – Alargamento da rua Conceição, para 14 metros, do lado para, entre Francisco Glicério e Irmã Serafina. 6 – Prolongamento da Avenida Dr. Thomaz Alves, com a largura atual, até Francisco Glicério pela rua Bernardino de Campos. 7 – Alargamento da rua Benjamin Constant para 14 metros, da Av. Julio de Mesquita. 13- Prolongamento da Avenida Julio de mesquita, mantendo a largura atual, até a rua Moraes Salles, alargando-se do lado impar, entre Benjamim Constant e Ferreira Penteado. 14 - Construção de uma praça de remate da Avenida Julio de Mesquita e da concordância das ruas Cônego Cipião e Itu. 15 – Alargamento da travessa Irmãos Bierrenbach do lado impar, para 20 metros. 16- Prolongamento da Avenida Brasil, até a rua Major Solon nas proximidades do cruzamento desta com a travessa Irmãos Bierrenbach. 17 – Construção de uma avenida ao longo da linha férrea, com 15 metros de largura, entre as praças 9 de Julho e Proença. 179 18 – Prolongamento da rua Antonio Cesarino até a rua Uruguaiana, com caráter paisagístico e através do Bosque dos Paulo. Esta Avenida obedecerá ás diretrizes que serão dadas por ocasião da aprovação dos arruamentos futuros nesse local. 29 - Prolongamento da Avenida Andrade Neves, com a largura Jequitibás. 19 – Prolongamento da Avenida Barão de Itapura do lado do atual, até a praça circular do jardim Chapadão. 30 – Alargamento da rua Major Solon, do lado impar, para 15 Liceu, em direção á estrada de Mogi – Mirim, abrindo-se uma praça de distribuição de trafego, entre as cotas de nível 675 e 680, de acordo com metros, entre a travessa Irmãos Bierrembach e a Av. Anchieta. diretrizes a serem exigidas de novos arruamentos no local. o 20 – Prolongamento da Avenida Cel. Silva Teles a partir da Art. 2. - Ficará reservada uma faixa entre a via Férrea Paulista, a futura extremidade oeste e obedecendo ás diretrizes que serão dadas por avenida ao longo dessa via e ruas Cônego Cipião e Senador saraiva, ocasião dos arruamentos dos terrenos que atravessar. para oportuna ligação com o pontilhão da Avenida João Jorge. 21 – Alargamento da rua Abolição do lado para, para 16 metros, o entre a rua Álvaro Ribeiro e a Linha Férrea, visando à concordância de Art. 3. – Nenhum prédio poderá ser construído ou reconstruído na rua alinhamento com a avenida Francisco Glicério. Conceição entre Boaventura do Amaral e Antonio Cesarino, sem que 22 – Alargamento da rua Proença do lado par, para 14 metros, até a rua Padre Vieira. medeie entre a frente da construção e o alinhamento da rua, respectivamente, 5 metros e 4 metros dos lados impar e par. 23 – Alargamento da rua Padre Vieira, do dois lados, para 14 metros, entre a Uruguaiana e Proença. 24 – Alargamento da rua Álvaro Ribeiro, do lado impar, para 16 metros, entre a Abolição e a estrada de São Paulo. 25 – Alargamento da rua José Paulino, para 14 metros, do lado o Art. 4. – Nos cruzamentos das vias publicas dos dois alinhamentos das ruas mencionadas neste Plano serão concordados por um terceiro normal á bissetriz do ângulo e do comprimento variável entre 4,50 e 5,00 metros. impar, entre a linha férrea da Cia. Paulista e a rua General Osório e com o o mesmo alargamento, do lado par, entre Campos Salles e o Canal de Art. 5. – Todos os melhoramentos urbanos indicados deverão obedecer Saneamento. ás plantas apresentadas com o plano de Urbanismo, pela Comissão de 26- Construção de uma avenida, com 14 metros de largura, na faixa marginal direita do Canal do Saneamento. Melhoramentos Urbanos e que constam do processo referente a este Ato. 27 – Construção de uma praça de remate da Avenida João Jorge, com frente para o Quartel da Policia, já projetado. 28 – Construção de uma avenida de entrada da cidade, partindo da praça João Jorge, ao lado do quartel e terminando na estrada de São o Art. 6. – Ficam declaradas de utilidade publica, para serem adquiridas por compra, permuta, doação ou desapropriação, as faixas de terrenos necessárias para os melhoramentos determinados por esse Ato. 180 o o Art. 7. – Os referidos melhoramentos serão executados gradativamente, Art. 12. – As faixas de terreno que passarem para o patrimônio de acordo com o disposto neste Ato e com as disposições que municipal serão indenizadas imediatamente, por meio de resolução ulteriormente determinar o Poder Competente. previa, e os terrenos que forem ocupados pelas construções que avançarem sobre a via pública, serão pagos pelos proprietários que os o Art. 8. – Em todos os prédios e terrenos alcançados por este plano, quiserem adquirir, na base da valorização do momento. nãos era permitidas reformas, reconstruções e construções que o contribuam para aumentar a durabilidade desses imóveis, excetuadas as Art. 13. – Quando, das desapropriações para alargamento, retificação pequenas reformas necessárias á conservação pura e simples dos ou formação de novas ruas, resultarem sobras de terrenos em que não mesmos imóveis. se possa edificar, a Prefeitura desapropriará o imóvel todo que for prejudicado. o Art. 9. – Desde que duas terças partes de uma mesma quadra tenham sido alargadas, a Prefeitura, imediatamente providenciará a desapropriação da terça parte restante, completando o serviço de acordo com o plano aprovado. o Art. 14. – ficam aprovados para execução remota e oportuna, os melhoramentos abaixo indicados: A – Radiais externas: 1- Rodovia para Mogi – Mirim pelo prolongamento da o Art. 10. – Quando a Prefeitura determinar a execução de qualquer Avenida Barão de Itapura e Jardim Campinas, até encontrar a estrada melhoramento urbano, tais como calçamento, alargamento, etc. deverá atual na futura barragem da represa Taquaral. publicar editais convocando os proprietários dos terrenos marginais a 2- Rodovia Anhumas – Pedreira requerem colocação de pontos de água e a tomarem todas as medidas 3- Rodovia para fazenda B. Parapanema, visando à futura necessárias para que, uma vez concluído o melhoramento, não seja necessário abrir a rua para dar passagem a encanamentos que se destinam aos prédios que se construírem. ligação com o Bairro Industrial da C.A.I.C.. 4- Rodovia para Valinhos, São Paulo, Itu e Indaiatuba, Viracopos, Roseira, Asilo, Limeira, Amarais (Campo de Aviação) e Cosmópolis. Fica estabelecido o recuo obrigatório de 6 metros para as o Art. 11. – Enquanto não fizer o alargamento completo da quadra, o construções nos trechos dessas vias com alinhamento já definido, desde terreno ficar para dentro do alinhamento, na frente do prédio recuado, que o afastamento das fachadas em relação ao eixo da via não seja será imediatamente desapropriado pela Prefeitura, podendo ser fechado, inferior a 13 metros, cabendo a Prefeitura fixar oportunamente as com gradil, conforme for estabelecido oportunamente para cada caso, larguras dos trechos sem alinhamento aprovado. sendo a obra de fecho retirada logo que se complete o alargamento. B - Perimetral externa: (Canal do Proença, Vila Industrial, Alto do 181 Chapadão e Vale do Taquaral). 1- Avenida e Canal do Proença (Park-way) entre o o prolongamento da Av. Itapura, passando na extremidade leste junto ao parque do Saneamento. 3- Alargamento Saneamento e a praça circular, no cruzamento das ruas Abolição e Dr. Ângelo Simões, com passagem superior na linha Paulista. das partes carroçáveis aproveitando espaços livres das praças: 2- Prossegue em direção a 1ª rua de São Bernardo com Carlos Gomes – ruas Conceição, Irmã Serafina e a) passagem superior nas travessias das estradas de rodagem de São Boaventura do Amaral; Paulo e Itu. b) Pará – ruas Francisco Glicério e Duque de Caxias; 3- Prossegue pela rua de São Bernardo até a estrada do Piçarrão, deflete á esquerda e segue rumo á praça de Vila Teixeira. c) D. Pedro II – ruas Cônego Cipião, Irmã Serafina e Boaventura do Amaral; 4- Prossegue em direção á rua Joaquim Villac, por esta, Imprensa Fluminense pela rua Dr. Alberto Sarmento em direção á praça circular situada na d) extremidade da Av. Andrade Neves, continuando pela Av. do Espigão do Avenida Julio de mesquita; Jardim Chapadão até encontrar a rua Maria Lins, na Vila Nova. e) – rua Conceição e Luiz de Camões – rua Marechal Deodoro e Saldanha Marinho. 5- Prossegue pela rua Maria Lins, atravessa a estrada Sorocabana e estrada de rodagem de José Paulino, desenvolvendo-se D – Parques: ao longo da margem direita da futura represa do Taquaral, corta a 1- Será construído um Parque na Vila Industrial, estrada Mogi – Mirim e descrendo uma curva vai fechar a perimetral na abrangendo todos os terrenos municipais da antiga chácara Frias e Avenida Proença, junto ao futuro Parque das Instalações de Águas e pastos do Matadouro, tendo acesso pela Av. João Jorge e pelas ruas Esgotos. Fica estabelecido o recuo obrigatório de 6 metros para as Prudente de Moraes e São Carlos. 2- Será Formado o Parque do Saneamento, aproveitando- construções ao longo do perímetro acima descrito nos trechos com alinhamento já definido, cabendo a Prefeitura fixar oportunamente a se os terrenos pertencentes ao município. 3- Será inteiramente reformado e modernizado o Bosque largura dos trechos de ligação. C – Melhoramentos complementares: dos Jequitibás. 1- Abertura de uma Avenida com 16 metros de largura 4- Será formado o Parque do Taquaral, no cruzamento da através de terrenos municipais a partir da futura Praça João Jorge, até a estrada de Mogi-Mirim com o prolongamento da Avenida Barão de perimetral externa, acompanhando o córrego Piçarrão. Itapura, a margem do lago existente, cujo nível será elevado de 8 2- Prolongamento da rua Lopes Trovão, com 20 metros, metros. nas duas extremidades, de forma a ligar diretamente a Av. Proença, com 182 5- Será aproveitada parte do terreno em que está obedecer ao tipo torreão, com recuos nas faces aparentes. localizado o Hipódromo, no prolongamento da Av. Barão de Itapura, para o Art. 17. – A Prefeitura exigirá harmonização das linhas principais das uma praça. E – Bairros industriais: Serão facilitadas as formações dos bairros industriais: 1- Ao longo da estrada de Ferro Paulista, além dos Armazéns Reguladores. fachadas, sendo que os prédios construídos em lotes de 7 ou menos de frente deverão se subordinar ás linhas arquitetônicas de um dos prédios contíguos, desde que um destes já tenha sido construído de acordo com as exigências do artigo anterior. 2- Ao longo da Paulista, além do Cemitério. 3- Na vila Nova e Taquaral. F - Edifícios públicos: o Art. 18. – Para a execução do plano aprovado por este Ato, a Prefeitura pedirá ao poder competente a concessão dos créditos necessários. 1- Serão reservados depois de estudos convenientes, § Único – Anualmente a Prefeitura incluirá na lei orçamentária lugares para a construção futura do paço Municipal, Matadouro, Estádio uma verba no mínimo de 5 por cento da receita municipal para ser e instalações esportivas populares, Mercado, Hotel Municipal e Escolas aplicada em desapropriações. § 1º - Na aprovação de projetos de arruamentos, loteamentos, o construções, etc., a que se refere este artigo, a Prefeitura providenciará Art. 19. – O presente Ato entrará em vigor 30 dias após sua publicação, para que fique assegurada a exeqüibilidade dos melhoramentos revogadas as disposições em contrario e ficando expressamente referidos. mantidos os decretos, leis e atos que não contrariem os seus dispositivos, especialmente os Decretos 83 e 160, aquele de 1934 e este o Art. 15. – A prefeitura providenciará o zoneamento sistemático e gradual da cidade. o de 1936, bem como o código de Construção baixado com o Decreto n. 76, de 16 de Março de 1934. § 1º - Nos novos arruamentos na periferia da cidade poderá ser exigida obediência de unidade residencial. Campinas, 23 de Abril de 1938. João Alves dos Santos o Art. 16. – A prefeitura só aprovará na Praça Visconde de Indaiatuba e seus aumentos futuros até a rua José Paulino, projetos para construções com 6 pavimentos. § 1º - Será tolerada, a juízo da Prefeitura, a execução parcial do prédio até o mínimo de 3 pavimentos. Publicado na Diretoria do Expediente da Prefeitura, em 23 de Abril de 1938. O diretor F. Campos Abreu § 2º - As construções de mais de 6 pavimentos deverão 183 BIBLIOGRAFIA ESPECÍFICA: • ANDRADE, Carlos Roberto Monteiro de. A peste e o plano: o urbanismo sanitarista do Engenheiro Saturnino de Brito. Dissertação (mestrado em estruturas ambientais e urbanas) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 1992. • ______. Projetos e Obras de Saturnino de Brito para Campinas em fins do século XIX. Óculum ensaioRevista de Arquitetura e Urbanismo, número 2, FAU PUC-Campinas, 2002. • BADARÓ, Ricardo. Campinas, o Despontar da Modernidade. 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