ORIENTAÇÕES DA EQUIPE DE SAÚDE DA FAMÍLIA PARA A PRÁTICA DOS EXERCÍCIOS FÍSICOS E ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEIS: IMPORTÂNCIA PARA A QUALIDADE DE VIDA NO ENVELHECIMENTO Gloria Brandão Corrêa 1 Marilda Andrade2 Jorge Luiz Lima da Silva3 As medidas de manutenção da saúde durante o envelhecimento merecem destaque porque asseguram para a população idosa a prevenção de doenças, através de hábitos saudáveis como alimentação e atividades físicas, visando a melhoria de qualidade de vida assegurando o envelhecimento ativo e saudável. O cuidado com a alimentação saudável é importante para garantir uma boa qualidade de vida. A energia, proteínas, vitaminas e minerais que o idoso precisa para manter a saúde física e mental estão nos alimentos. Cuidar das refeições e comer na medida e horário certos, prestando atenção na qualidade e quantidade é a melhor maneira de combater a desnutrição e a obesidade e prevenir outras doenças, como pressão alta e diabetes (SOUZA; LOPES, 2007; BRASIL, 2002). O exercício físico é fundamental para a manutenção da saúde e em especial na prevenção de doenças futuras. Evidências acumuladas, através de pesquisas ao longo de décadas têm mostrado que o exercício físico realizado de forma regular, orientada e sistematizada, pode provocar alterações expressivas no funcionamento cardiovascular, que na maioria das vezes resultam em benefícios para a saúde e melhoria da qualidade de vida. Durante o exercício acontece a elevação do débito cardíaco, da pressão arterial e pressão de perfusão, aumentando a força que o sangue exerce na parede vascular. O exercício é um comportamento que provoca alterações expressivas na demanda metabólica. Essas exigências metabólicas são satisfeitas pela oferta de oxigênio e de substratos energéticos à musculatura que participa do exercício físico (JORGE, 2006; GROISMAN, 2002). Há sempre uma necessidade do exercício físico na vida das pessoas, em especial daquelas em processo de envelhecimento, havendo, portanto, uma contribuição magnífica não só para o sistema circulatório, mas para outros sistemas. Além disso, o exercício é uma atividade que gera prazer, revertendo em melhoria da qualidade de vida. Acredita-se que uma prática saudável relativa ao exercício físico poderá contribuir, de forma significativa, para a redução do estresse psicológico vivenciado por muitos (SOUZA; LOPES, 2007). Os estudos de Pessuto e Carvalho (1998) apontam que a maioria do grupo investigado (91,7%) não tem o hábito sistemático de praticar atividade física, prevalecendo o sedentarismo. Sabe-se que a atividade física regular é importante para a boa manutenção da saúde, sobretudo da cardiovascular. O exercício ajuda na redução da obesidade e na prevenção de doenças coronárias, contribuindo também para a prevenção de doenças coronárias em pessoas idosas, melhorando o funcionamento. Para eles, justifica-se, portanto, a necessidade de avaliar periodicamente os idosos, buscando detectar os fatores de risco relacionados com o leque de alterações cardiovasculares. Entre esses fatores, merece ser destacada a hipertensão arterial, o sedentarismo, a alimentação rica em sal, gordura e carne vermelha, o fumo, o consumo de álcool e a presença de antecedentes familiares para alterações cardiovasculares. O treinamento do organismo reforça o coração, músculos, pulmões, ossos e articulações (PESSUTO; CARVALHO, 1998). Chamou atenção na literatura pesquisa que identificou a frequência de 22 diagnósticos de enfermagem do Padrão de Movimentação em idosos. Quanto às patologias relatadas (doenças previamente identificadas por profissionais médicos), os idosos referiram, em pesquisa, a hipertensão arterial (57,3%), reumatismo (25,3%), osteoporose (24%), labirintite (21,3%), diabetes (20%), depressão (12%) e outros, com ocorrência menor, como seqüela de acidente vascular cerebral, bursite, doença de Parkinson, doença de Chagas (ARAÚJO; BACHION, 2005). As narrativas dos idosos, em pesquisa, sugeriram que a comida faz parte de um plano terapêutico pessoal para os seus problemas de saúde. Nesse sentido, estudos mostram que a comida não é apenas fonte de nutrição; e, que em muitas sociedades pode ser considerada como “remédio”, a partir de uma gama de significados simbólicos. Acrescenta-se que, além de simbólicos, esses significados mais do que em outro momento histórico assumem hoje caráter Informe-se em promoção da saúde, v.6, n.1.p.01-03, 2010. 1 científico o que os classifica como além de terapêuticos, riscos potenciais à saúde (SOUZA; LOPES, 2007; ADRIANO et al, 2000). Dos vinte e quatro idosos entrevistados, quinze referiram realizar cuidados com a alimentação para manter a saúde. Somente um entrevistado admitiu que seus cuidados com a saúde não eram como ele achava que deveriam ser. É comum observar, na prática assistencial em saúde, quase confissões, em que o paciente diz ter realizado os cuidados recomendados, no caso da alimentação, somente na semana anterior à consulta ou, até mesmo, no dia anterior. Esse comportamento atesta, entre outras coisas, dificuldades ou inconformidades na adesão à proposta terapêutica. É perceptível uma prática saudável dos idosos em relação ao consumo diário de sal, uma vez que 91,7% da amostra referiu consumir pouco sal na dieta. Contudo, é coerente observar que a fonte de informação foi o próprio cliente. Questionou-se a fidedignidade desses dados, uma vez que não foi possível mensurar a quantidade de sal consumida, e por se saber que os conceitos de pouco e muito variam de pessoa a pessoa. O cloreto de sódio (NaCl) é fator relevante no desenvolvimento e no agravamento da hipertensão. Percebe-se que esse fator de risco não se evidenciou no grupo, contribuindo para um melhor controle da pressão (OLIVEIRA et al, 2007). A proposta para os que já são idosos é a de promover a saúde por meio da manutenção ou recuperação da autonomia e independência. Com isso, naturalmente, procurar-se-á postergar, ao máximo, o início das doenças, pois estas, em sua imensa maioria, são crônicas, e depois de instaladas são de difícil resolução e evolução lenta. Portanto, um centro de convivência – uma das funções do programa da UnATI/UERJ – deve ter como característica o cuidado integral do idoso. É importante destacar que o modelo desenvolvido na UnATI/UERJ se fundamenta no campo da saúde coletiva, embora tenha com a gerontologia uma afinidade de saberes e práticas (VERAS; CALDAS, 2004; CALDAS, 2003; BOOG, 1999). Os profissionais de saúde, sobretudo os que atuam diretamente com a atenção primária à saúde devem estimular a prática da atividade física na comunidade, orientada pelo professor de educação física, em especial aqueles com risco de agravos crônicos e cardiovasculares. O incentivo a implantação de programas de orientação ao exercício físico deve partir dos profissionais que atuam gerenciando, coordenando unidades e programas de saúde destinados à comunidade. Os profissionais de enfermagem que atuam em programas de assistência à comunidade devem ser orientados quanto aos benefícios do exercício físico como forma de prevenção primária e manutenção da saúde. Não se esquecendo de que cada caso possui peculiaridades e o tipo de exercício pode variar. REFERÊNCIAS ADRIANO J. R.; WERNECK, G. A. F.; SANTOS, M. A.; SOUZA, R. C. A construção de cidades saudáveis: uma estratégia viável para a melhora da qualidade de vida? Ciência e Saúde Coletiva, v. 5, n.1, p.53-62, 2000. BOOG, M. C. F. Educação nutricional em serviços públicos de saúde. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v.15, Sup. 2, p.139-147, 1999. BRASIL. Ministério da Saúde. Política nacional de promoção da saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. SOUZA A.C.; LOPES M. J. M. Práticas terapêuticas entre idosos de Porto Alegre: uma abordagem qualitativa. Revista da Escola de Enfermagem da USP. v. 41, n.1, p.52-56, 2007. CALDAS, C. P. Envelhecimento com dependência: responsabilidades e demandas da família. Cadernos de Saúde Pública, v.19, n.3, p.733-781, 2003. GROISMAN D. A velhice, entre o normal e o patológico. História, Ciências, Saúde: Manguinhos, v.9, n.1, p. 61-78, 2002. JORGE, J. E. L. O. Efeito do Exercício Físico na Prevenção das Doenças Cardiovasculares. Revista Nursing, v. 95, n. 9, Abril, 2006. Informe-se em promoção da saúde, v.6, n.1.p.01-03, 2010. 2 ____________________ Orientações da equipe de saúde da família para a prática dos exercícios físicos e alimentação saudáveis: importância para a qualidade de vida no envelhecimento. OLIVEIRA C. J et al. Análise da produção científica sobre qualidade de vida no Brasil entre 2000 e 2005: um estudo bibliográfico. Revista eletrônica de enfermagem, v. 9 n. 02 p. 496505, 2007. REFERÊNCIA DESTE TEXTO CORRÊA, G.B.; ANDRADE, M.; SILVA, J.L.L. Orientações da equipe de saúde da família para a prática dos exercícios físicos e alimentação saudáveis: importância para a qualidade de vida no envelhecimento. Informe-se em promoção da saúde, v.6, n.1.p.01-03, 2010. Disponível em: <http://www.uff.br/promocaodasaude/informe>. Acessado em: ___/___/___. 1 Enfermeira. Especialista em Promoção da Saúde pelo Curso de Especialização em Enfermagem e Promoção da Saúde com ênfase em PSF/ Uff. 2 Enfermeira. Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem Médico-cirúrgica da Escola de Enfermagem Aurora de Afonso Costa Uff. Coordenadora do Curso de Especialização em Enfermagem e Promoção da Saúde/ Uff. 3 Enfermeiro. Mestre em enfermagem (Unirio). Professor da disciplina saúde coletiva 1. Escola de enfermagem Aurora de Afonso Costa/ UFF. Informe-se em promoção da saúde, v.6, n.1.p.01-03, 2010. 3 ____________________ Orientações da equipe de saúde da família para a prática dos exercícios físicos e alimentação saudáveis: importância para a qualidade de vida no envelhecimento.