1 Carlos Eduardo Rodrigues Pereira Juliana Mendes Stefanini Lilian Rouse Silva Lima Marco Antonio dos Santos Controle de Perdas em Sistemas de Distribuição de Água com Uso de Válvula Redutora de Pressão SÃO PAULO 2014 2 Carlos Eduardo Rodrigues Pereira Juliana Mendes Stefanini Lilian Rouse Silva Lima Marco Antonio dos Santos Controle de Perdas em Sistemas de Distribuição de Água com Uso de Válvula Redutora de Pressão Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Orientador: Prof.º Me. Maurício Costa Cabral da Silva SÃO PAULO 2014 3 Carlos Eduardo Rodrigues Pereira Juliana Mendes Stefanini Lilian Rouse Silva Lima Marco Antonio dos Santos Controle de Perdas em Sistemas de Distribuição de Água com Uso de Válvula Redutora de Pressão Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como exigência parcial para a obtenção do título de Graduação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Anhembi Morumbi Trabalho____________ em: 31 de Maio de 2014. ______________________________________________ Prof.º Me. Mauricio Costa Cabral da Silva ______________________________________________ Prof.ª Me. Juliana Alencar Comentários:_________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 4 RESUMO A água é o constituinte mais característico da Terra, ingrediente essencial da vida e talvez, o recurso natural mais precioso que o planeta fornece à humanidade. No entanto, diversos estudos especializados têm alertado que neste século a água se tornará um recurso natural cada vez mais escasso, tornando o seu suprimento, com a crescente demanda, o principal desafio para a civilização nas próximas décadas. Os altos índices de perdas que ocorrem nas redes de distribuição de água representam, além de um prejuízo ambiental, um problema social e econômico para as companhias de saneamento, uma vez que estas perdas geram gastos cada vez maiores. Desta forma, a redução de perdas na distribuição de água é uma ação determinante e de suma importância, tanto no âmbito social e ambiental, como também um fator positivo de economia para as companhias de saneamento e para a população. Neste contexto, o presente trabalho relata a conceituação geral sobre perdas e uma abordagem detalhada quanto às causas, ocorrências e ações para a redução das perdas reais em sistemas de distribuição de água. Apresentando como técnica para sua redução o controle de pressão nas redes, através do uso de Válvula Redutora de Pressão (VRP), de modo a minimizar tanto a vazão dos vazamentos como sua frequência de ocorrências. Além de toda a abordagem teórica, este trabalho apresenta um exemplo de aplicação de VRP, contendo o desenvolvimento e resultados obtidos após sua instalação. Palavras Chave: VRP, PERDAS DE ÁGUA, ÁGUA 5 ABSTRACT Water is the most characteristic constituent of the Earth, essential ingredient of life and perhaps the most precious natural resource that the planet provides to humanity. However, many expert studies have warned that in this century the water becomes an increasingly scarce natural resource, making its supply, with the increasing demand, the main challenge to civilization in the coming decades. The high number of losses that occur in water distribution networks represent, in addition to environmental damage, social and economic problem for water utilities, since these losses generate increasing spending. Thus, reducing losses in water distribution is a very important and decisive action, both in the social and environmental context, as well as a positive factor for the economy sanitation companies and the public. In this context, this paper describes the general conceptualization of losses and a detailed discussion of the causes, events and actions for the reduction of real losses in water distribution systems. Introducing as a technique for reducing the control pressure in the networks through the use of a pressure reducing valve (VRP) so as to minimize both the leakage and flow of their frequency of occurrence. Besides all the theoretical approach, this paper presents an application example of VRP, containing the development and results obtained after its installation. Key Worlds: PRV, WATER LOSE, WATER 6 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Esquema geral do sistema de abastecimento de água............................. 30 Figura 2 – Tipos de vazamentos e síntese de ações para redução de perdas reais . 41 Figura 3 – Componentes do controle de perdas reais ............................................... 45 Figura 4 – Relação entre a pressão média noturna de um subsetor e o índice de vazamento.......................................................................................................... 50 Figura 5 – Relação de vazões de vazamentos com a variação de pressão .............. 52 Figura 6 – Esquema de distribuição de água de modo a atender as diversas zonas de pressão ......................................................................................................... 54 Figura 7 – Válvula redutora de pressão tipo diafragma ............................................. 60 Figura 8 - Zona de cavitação da VRP ....................................................................... 65 Figura 9 – Esquema de projeto de implantação da VRP ........................................... 68 Figura 10 – Obra de instalação de VRP .................................................................... 68 Figura 11 - Mapa de localização dos pontos ............................................................. 77 Figura 12 - Tela de monitoramento 1 da VRP no sistema VectorSys ....................... 88 Figura 13 - Tela de monitoramento 2 da VRP no sistema VectorSys ....................... 89 Figura 14 - Tela de configuração dos parâmetros de operação da VRP ................... 90 Figura 15 - Tela de monitoramento das pressões montante (Pin) e jusante (Pout) da VRP .................................................................................................................... 90 Figura 16 - Tela de monitoramento do volume totalizado da VRP ............................ 91 7 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Principais tipos de perdas ........................................................................ 29 Tabela 2 - Componentes do balanço de águas ......................................................... 31 Tabela 3 - Índices percentuais de perdas ................................................................. 34 Tabela 4 – Perdas reais por subsistema ................................................................... 37 Tabela 5 - Pontos de medição de vazão e pressão VRP .......................................... 76 Tabela 6 - Resultados da campanha de medição ..................................................... 78 Tabela 7 - Parâmetros de regulagem para VRP ....................................................... 82 Tabela 8 - Pontos de medição de vazão e pressão para comissionamento da válvula ........................................................................................................................... 82 Tabela 9 - Vazões e pressões antes e após a regulagem da VRP ........................... 84 Tabela 10 - Economia obtida com a operação da VRP ............................................. 92 Tabela 11 - Resumo dos investimentos para implantação da VRP........................... 94 8 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Maiores índices de perdas ....................................................................... 16 Gráfico 2 - Pressão no ponto P007 ........................................................................... 80 Gráfico 3 - Vazão VRP .............................................................................................. 85 Gráfico 4 - Pressão no ponto crítico .......................................................................... 86 Gráfico 5 - Pressão de saída da VRP ....................................................................... 87 Gráfico 6 - Vazões antes e depois da otimização - Set/2013 .................................... 92 Gráfico 7 - Vazão no ponto Q01v ............................................................................ 105 Gráfico 8 - Vazão no ponto Q01p ............................................................................ 106 Gráfico 9 - Vazão no ponto P001 ............................................................................ 107 Gráfico 10 - Vazão no ponto P003 .......................................................................... 108 Gráfico 11 - Vazão no ponto P004 .......................................................................... 109 Gráfico 12 - Vazão no ponto P005 .......................................................................... 110 Gráfico 13 - Vazão no ponto O006 .......................................................................... 111 Gráfico 14 - Vazão no ponto P002 .......................................................................... 112 Gráfico 15 - Vazão no ponto P008 .......................................................................... 113 Gráfico 16 - Vazão no ponto P009 .......................................................................... 114 Gráfico 17 - Vazão no ponto P010 .......................................................................... 115 Gráfico 18 - Vazão no ponto P011 .......................................................................... 116 Gráfico 19 - Vazão no ponto P012 .......................................................................... 117 Gráfico 20 - Vazão no ponto P013 .......................................................................... 118 9 LISTA DE EQUAÇÕES Equação 1 - Perdas Sobre Volume Faturado ............................................................ 27 Equação 2 - Perdas Sobre Volume Medido .............................................................. 27 Equação 3 - Índice de Perdas ................................................................................... 33 Equação 4 - Índice de Perdas por Ramal .................................................................. 34 Equação 5 - Índice de Perdas por Extensão de Rede ............................................... 35 Equação 6 - Índice Infra Estrutural ............................................................................ 35 Equação 7 - Perdas Inevitáveis Anuais ..................................................................... 36 Equação 8 - Índice de Vazamento ............................................................................ 49 Equação 9 - AZNP .................................................................................................... 51 Equação 10 - Perda de Carga na VRP ..................................................................... 65 Equação 11 - Índice de Cavitação............................................................................. 66 10 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS VRP Válvulas Redutoras de Pressão RMSP Região Metropolitana de São Paulo SABESP Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo PNCDA Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água WRC Water Research Centre AWWA American Water Works Association IWA International Water Association BABE Bursts and Background Estimates FAVAD Fixed and Variable Area Discharge PRAI Perdas Reais Anuais Inevitáveis UARL Unavoidable Annual Real Losses PLANASA Plano Nacional de Saneamento BNH Banco Nacinal de Habitação PECOP Plano Estadual de Controle de Perdas PEDOP Programa de Controle e Desenvolvimento da Operação PMSS Programa de Modernização do Setor de Saneamento SNIS Sistema Nacional de Informações de Saneamento SEDU Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano DTA Documentos Técnicos de Apoio ETA Estação de Tratamento de Água AZNP Average Zone Night Pressure F°F° Ferro Fundido 11 LISTA DE SÍMBOLOS IP Índice de Perdas % Percentual m³ Metros Cúbicos Km Quilometro Lm Extensão de Rede Nc Número de Ligações P Pressão Média de Operação Km Quilometro mca Metros de Coluna D`Água IV Índice de Vazamento Pmáx Máxima Pressão Noturna da Área Pmín Mínima Pressão Noturna da Área S Área ΔP Perda de Carga Q Vazão CV Coeficiente de Perda de Carga K Índice de Cavitação Pinlet Pressão de Entrada Poutlet Pressão de Saída 12 SUMÁRIO p. 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 14 1.1 Objetivos ....................................................................................................... 15 1.2 Justificativas ................................................................................................. 15 1.3 Abrangência .................................................................................................. 17 2 MÉTODO DE TRABALHO ................................................................................ 19 3 MATERIAIS E FERRAMENTAS ........................................................................ 20 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................. 21 4.1 Aspecto Ambiental ....................................................................................... 21 4.2 Histórico da Redução e Controle de Perdas .............................................. 22 4.3 Definições de Perdas de Água .................................................................... 26 4.3.1 Macromedição e Micromedição .................................................................. 29 4.3.2 Balanço Hídrico ........................................................................................... 30 4.3.3 Indicadores de Perdas ................................................................................ 32 4.4 Perdas Reais em Sistema de Abastecimento de Água ............................. 36 4.4.1 Sistema de Abastecimento de Água ........................................................... 37 4.4.2 Redes de Distribuição de Água ................................................................... 38 4.4.2.1 Limites de Velocidade nas Tubulações ................................................... 39 4.4.2.2 Pressões Mínimas e Máximas ................................................................. 39 4.4.3 Perdas na Distribuição ................................................................................ 39 4.4.3.1 Causas e Ocorrências das Perdas Reais ................................................ 41 4.4.3.2 Ações para Redução de Perdas Reais.................................................... 44 4.5 Controle de Pressão ..................................................................................... 47 4.5.1 Relação Pressão x Volume de Vazamento ................................................. 48 4.5.2 Vantagem do Controle de Pressão ............................................................. 53 4.5.3 Tipos de Controle de Pressão ..................................................................... 53 13 4.5.3.1 Setorização ............................................................................................. 54 4.5.3.2 “Booster”.................................................................................................. 55 4.5.3.3 Válvulas Redutoras de Pressão .............................................................. 57 4.6 Válvulas Redutoras de Pressão .................................................................. 57 4.6.1 Evolução e uso das Válvulas Redutoras de Pressão .................................. 57 4.6.2 Controle de pressão por válvula redutora de pressão................................. 59 4.6.3 Especificação e dimensionamento da válvula redutora de pressão ............ 61 4.6.4 Instalação e operação da válvula redutora de pressão ............................... 66 4.6.5 Manutenção da válvula redutora de pressão .............................................. 69 4.6.6 Monitoramento do sistema controlador de pressão .................................... 71 4.6.7 Análise econômica e de benefício-custo ..................................................... 72 5 ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 74 5.1 VRP João da Cruz Melão.............................................................................. 74 5.1.1 Descrição do Subsetor das VRP’s .............................................................. 74 5.1.2 Medição de Vazão e Pressão ..................................................................... 75 5.1.3 Dimensionamento das válvulas .................................................................. 81 5.1.4 Definição das regulagens ............................................................................ 81 5.1.5 Resultados da regulagem ........................................................................... 83 5.1.6 Otimização da VRP ..................................................................................... 88 5.1.7 Retorno do Investimento de implantação e regulagem da válvula .............. 92 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS ......................................................................... 95 7 CONCLUSÕES .................................................................................................. 96 8 RECOMENDAÇÕES.......................................................................................... 98 REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 99 ANEXO A – GRAFICO DE VAZÃO DOS PONTOS ............................................... 105 ANEXO B – ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA DA VRP ............................................... 119 ANEXO C – TABELA DE DIMENSIONAMENTO DA VRP .................................... 121 14 1 INTRODUÇÃO Diante da necessidade de conservação e sustentabilidade dos recursos hídricos, o gerenciamento de perdas de água tem assumido papel importante no setor de saneamento. Com o aumento crescente da demanda de água e da degradação dos recursos naturais, se torna cada vez mais urgente a otimização da operação e a aplicação de técnicas de controle nos sistemas de abastecimento de água. As perdas reais compreendem os vazamentos que ocorrem nas várias partes da infraestrutura de um sistema de abastecimento, principalmente na rede de distribuição de água. A pressão nas redes, que é um condicionante para que a água chegue a seu ponto de consumo, quando fora dos limites de segurança estabelecidos, passa a ser uma problemática. Quando em excesso, é apontada como a principal causadora e agravadora de vazamentos nos sistemas de distribuição de água. Com o controle procura-se minimizar as pressões do sistema e a faixa de duração de pressões máximas, enquanto assegura os padrões mínimos de serviço para os consumidores. Estes objetivos são atingidos pela setorização dos sistemas de distribuição, pelo controle de bombeamento direto na rede (“boosters”) e/ou pela instalação de Válvulas Redutoras de Pressão (VRP’s). A instalação de uma VRP, reduzindo e controlando a pressão dentro de uma área a ser abastecida, é o caminho mais simples e de resultados imediatos para reduzir as perdas reais em um sistema de distribuição de água. Para as companhias de saneamento, a redução de perdas reais em sistemas de abastecimento de água tem assumido papel importante para o alcance da eficácia no controle operacional do sistema, na recuperação de receita e postergação de investimentos. Além disso, como a redução anual de perdas por vazamento é mensurável e requer considerável habilidade técnica e administrativa das companhias de saneamento, o sucesso na implantação de estratégias para o controle de perdas é visto como um excelente indicador de performance. 15 A percepção da escassez faz com que a água seja considerada um recurso natural com valores ambiental, econômico e social, por este motivo, tem levado as companhias de saneamento a se organizarem na implementação de ações, dentre as quais, o controle de vazamentos é uma das vertentes para solução à exploração de recursos hídricos. Assim, diante da eficácia apresentada, a utilização de VRP’s no controle de pressão tem concentrado a merecida atenção na redução das perdas reais em sistemas de distribuição de água. 1.1 Objetivos Este trabalho tem como objetivo principal desenvolver um estudo para minimizar as perdas reais do sistema de distribuição de água, enquanto assegura os padrões mínimos de serviços para os consumidores. Objetivos Gerais Apresentar as principais causas que influenciam nos índices de perda de sistema de distribuição de água e as ações prioritárias de combate e redução, visando a garantia da regularidade e confiabilidade do sistema de abastecimento de água, frente à preservação dos recursos naturais e sustentabilidade dos serviços de saneamento básico. Objetivos Específicos Apresentar o método de controle de pressões com o uso de Válvula Reguladora de Pressão como uma das principais ações para redução das perdas reais em um sistema de distribuição de água da região metropolitana de São Paulo – RMSP. 1.2 Justificativas A disponibilidade de água potável cada vez mais agrega valor econômico e social, devido sua relação estratégica entre a demanda crescente e sua oferta tendendo a escassez, especialmente nas regiões densamente povoadas como a RMSP. 16 Tradicionalmente a solução era a expansão contínua da oferta com a implantação de novos sistemas produtores (construção de barragens, perfuração de poços, transposição de vazões) e, a ampliação dos existentes com o aumento da retirada de água dos mananciais. Ocorre que tal modelo não é mais sustentável devido à ausência de disponibilidade hídrica próxima as áreas consumidoras, o que eleva o custo e potencializa os impactos ambientais da operação. Outro fator que agrava ainda mais este problema é a precariedade do funcionamento do sistema causando perdas físicas o que contribuem decisivamente para o desempenho negativo para as empresas de saneamento impactando economicamente o sistema. Os dados da SABESP (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo), apresentados pelo ex-vice-presidente de distribuição na região metropolitana de São Paulo, Francisco Paracampos (2001) e demostrados no gráfico 1, servem como exemplo. Gráfico 1 - Maiores índices de perdas Fonte: Paracampos (2001) 17 Conforme demostrado no gráfico 1, cada setor de abastecimento possui características diferentes uns dos outros e, portanto, índices diferentes. Diante desse cenário, a ocorrência de altos índices de perdas físicas nos sistemas de abastecimento de água remete a urgente necessidade de redução das tais perdas, por meio da busca e aplicação de soluções técnicas capazes de reduzir estes indicadores a níveis mínimos aceitáveis. Conforme Carvalho et al. (2013) a diminuição das perdas físicas permite reduzir os custos de produção pois automaticamente reduz o consumo de energia elétrica, de produtos químicos, e utiliza a infraestrutura já construída no local sem a necessidade de expandir a rede existente. Assim sendo, uma política de gerenciamento e controle de perdas deve ampliar sua atuação, passando a abranger, além das perdas que ocorrem nas unidades operacionais do sistema de abastecimento, a necessidade de combate aos desperdícios e de conscientização quanto ao uso adequado da água. Neste contexto, o presente trabalho busca demonstrar a aplicação de uma metodologia para redução de perdas físicas de água por meio do controle das pressões nas redes de distribuição, o qual poderá subsidiar gestores de sistemas de abastecimento de água em suas análises e decisões. 1.3 Abrangência Este trabalho aborda a definição de perdas de água em um sistema de abastecimento, indicadores representativos e comparativos do processo, como por exemplo, índices de perdas por ramal, por extensão de rede e de infraestrutura, etc., buscando discorrer as causas e principais ações para reduções das perdas como controle de pressão e setorização. Com relação à metodologia de aplicação das Válvulas Redutoras de Pressão, é apresentada a evolução e o uso deste sistema, especificações, dimensionamento, manutenção, monitoramento além de análises econômicas e o custo benefício. 18 Não é citado neste trabalho perdas não físicas de um sistema. Podemos definir como perda não física o volume de água utilizada pelos usuários porem não contabilizadas pelas companhias de saneamento, decorrentes de erros de medições nos hidrômetros, fraudes, ligações clandestinas e falhas no cadastro comercial. Também não são abordados problemas relacionados às questões ambientais, sociais, políticas e econômicas do processo, assim como, conscientização para o uso racional da água. 19 2 MÉTODO DE TRABALHO A metodologia de pesquisa utilizada para se atingir os objetivos desta monografia é elaborada com base em uma pesquisa bibliográfica e por meio da realização de um estudo de caso prático. Elabora-se uma revisão bibliográfica cujo objetivo é pesquisar sobre o tema proposto e consolidar o conhecimento por meio de consultas em publicações, em livros e revistas, dissertações de mestrado e teses de doutorado no âmbito da definição das perdas, principais causas e ações de combate e redução das perdas físicas nos sistemas de distribuição de água, visando obter o estado da arte dos programas de gestão do saneamento. A seguir, constituiu-se um estudo de caso prático, que é elaborado por meio de coleta, organização e análise dos dados monitorados em campo da Válvula Reguladora de Pressão (objeto de estudo) e correlações entre a ocorrência de perdas físicas no setor abrangido pelo estudo. Para a aplicação prática, escolheu-se uma área da RMSP, a qual configura dentre as áreas com alto índice de perdas físicas, propiciando condições de monitoramento e confiabilidade dos dados obtidos. Após a aplicação prática, é elaborada uma análise comparativa dos benefícios demonstrados por meio de representações de dados em planilhas eletrônicas, gráficos e tabelas. 20 3 MATERIAIS E FERRAMENTAS Este trabalho se dá por meio de bibliografia, estudos dirigidos e supervisório de monitoramento, leitura e interpretação de normas técnicas. Além de documentos técnicos foram utilizados equipamentos como registradores digitais de vazão e pressão no qual foi possível o levantamento de dados como vazão volumétrica (hidrômetros) precisos. Os resultados demonstrados por meio de planilhas eletrônicas padronizadas de coleta e as análises dos dados são obtidos em conformidade com os procedimentos internos da Empresa Sabesp. Em gráficos demonstram-se os dados coletados o que permite uma visualização fácil e são conclusivos, além disso, por fotos, registrou-se as redes, as análises e coletas e todo o material em campo. Para desenvolver o estudo de caso sobre controle de perdas de água recorreu-se aos materiais e documentos técnicos disponíveis da área de estudo. Tais documentos estão relacionados as medições efetuadas pelos técnicos da companhia de água. 21 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4.1 Aspecto Ambiental O tema Perdas em Sistemas de Abastecimento de Água está diretamente relacionado com o problema ambiental da exploração dos recursos hídricos. A explosão do crescimento populacional, com concentração nas grandes cidades, provocou a escassez dos recursos hídricos pela enorme demanda do consumo de água e pela acentuada degradação dos mananciais, sob o aspecto qualitativo e quantitativo, reduzindo a oferta (BRASÍLIA, 2000). O acesso à água é uma questão geradora de inúmeros conflitos e disputas entre os diversos setores econômicos que competem pelo seu uso, como o abastecimento doméstico, energia, a indústria e a irrigação, entre outros. Estes conflitos e disputas crescem a cada dia, principalmente pelo fato de que a maior parte dos recursos hídricos disponíveis no planeta está sendo comprometido pelo crescimento populacional, pela poluição dos mananciais e pelos desequilíbrios ambientais e climáticos (BRASÍLIA, 2006). Após a primeira metade do século XX, as comunidades reconheceram a importância da preservação do meio ambiente e atentaram ao fato de que os recursos naturais não poderão continuar sustentando este crescimento desarticulado indefinidamente. Enquanto a população mundial continua a crescer, nossos recursos naturais são finitos. A preocupação com os recursos d’água por meio da preservação dos mananciais, da recuperação de perdas em sistemas de abastecimento e da economia do seu consumo evitando o desperdício, são sem dúvida os principais fatores de contribuição diante da previsão do crescimento da população mundial (FRIAÇA, 2013). O planejamento do uso da água em um programa de conservação/uso racional da água deve ser realizado considerando os vários tipos de utilização da água, o Manual de Conservação e Reuso da Água na Industria retrata este aspecto 22 (FIRJAN, 2006). Assim, um programa como este não se isola dos demais, sendo interface de programas de redução e controle de perdas, reabilitação e conservação dos mananciais, redução de consumo de energia, coleta e tratamento de esgoto, reuso da água e aproveitamento de água de chuva, e instrumento de gestão sustentável para contribuir na preservação da humanidade. No Brasil, em abril de 1997, propendendo promover o uso racional da água, em benefício da saúde pública, do saneamento ambiental e da eficiência dos serviços prestados, foi constituído na esfera federal um programa de conservação e uso racional da água de abastecimento público Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água – PNCDA, propiciando a melhor produtividade de ativos existentes e a consequente postergação dos investimentos para expansão do sistema de saneamento (TSUTIYA, 2004). 4.2 Histórico da Redução e Controle de Perdas Segundo Mello e Piasentin (2011), a visão do gerenciamento de vazamentos tem mudado gradualmente desde os anos 80, quando a economia de água teve reconhecimento internacional. Esta mudança foi inicialmente promovida pelas agências internacionais de financiamento. Estas organizações, como o Banco Mundial, recomendaram e exigiram das companhias de saneamento ações para a redução de perdas reais em seus sistemas de abastecimento. Assim, as companhias de saneamento implantaram o mais intensivo gerenciamento de perdas, utilizando os princípios e as técnicas apresentadas nas séries de relatórios intitulados Managing Leakage publicados pela Water Research Centre (WRC). Assim, as agências internacionais foram as primeiras a reconhecer o significado de vazamento. O Controle de perdas reais começou a ser feito por meio de modelagem ativa e controle de pressão entre os anos de 80 e 90 (DALFRE; DINIZ, 2011). O histórico dos procedimentos de análises das perdas em nível internacional e nacional são apresentados a seguir: (ARIKAWA, 2005) 23 “1980 – Inglaterra – Leakage Control Policy and Practice - Relatório 26 Redução de Perdas Físicas - WRC; 1980 – Estados Unidos da América – Manual M36 - Auditoria de Perdas American Water Works Association (AWWA); 1991 – Kopenhagen – Revisão Internacional - Internacional Water Association (IWA); 1992 - 1994 – Inglaterra – Conceito de Estimativa de Vazamentos Inerentes e Arrebentados (em inglês: Bursts and Background Estimates - BABE) –1994 – Inglaterra – Controle de Perdas 9 Informes: Managing Leakage – Reports A to J - WRC; 1994 - 1998 – Inglaterra – Seção de Descarga Constante e Variável (em inglês: Fixed and Variable Area Discharge - FAVAD); 1996 - 2000 – Força Tarefa – Introdução de terminologia padrão e Melhores Práticas para análise de índices de performance e Perdas Reais Anuais Inevitáveis (PRAI) (em inglês: Unavoidable Annual Real Losses - UARL) IWA; 2001 – Alemanha – International Report - IWA; 2002 – Princípios de cálculo do Nível Econômico de Perdas: atualização da abordagem apresentada no Report A - Key principles in the economic level of leakage calculation referente aos 9 Informes da Managung Leakage WRC.” Dentre os diversos estudos realizados sobre perdas de água vale destacar o Leakage Control, Policy and Practice – Report 26 – publicado em 1980 pela WRC. Este relatório técnico proporcionou, não apenas para a Indústria de Água da Inglaterra, mas também para a comunidade internacional, o ponto de partida para que os operadores de sistemas de abastecimento de água examinassem suas perdas, e desenvolvessem melhores técnicas para controlá-las. O grupo de trabalho responsável pela elaboração do projeto organizou a realização de programas experimentais (cerca de 500 experimentos) com os seguintes objetivos: Quantificar os níveis de vazamentos que ocorrem nas várias partes da infraestrutura de um sistema de abastecimento de água; Encontrar evidências que pudessem determinar um procedimento para estabelecer métodos econômicos de controle de perdas e; Agrupar conhecimentos que pudessem servir de base para a aplicação de regras gerais. 24 Dez anos após, a National Leakage Initiative, grupo formado na Inglaterra, reuniu-se com as associações prestadoras de serviços para rever e atualizar a metodologia referente ao combate de perdas. Esta iniciativa levou à publicação do Managing Leakage Reports (1994) constituído de nove relatórios que compõem o modelo para conceituação das perdas e apresentação de técnicas para sua redução e controle. Também aborda a determinação de indicadores de desempenho, a avaliação econômica, a estimativa de água consumida não medida, a interpretação da mínima vazão noturna e seu uso, o controle de pressão e as perdas nas unidades consumidoras. Outros trabalhos, datados de 2000-2001, como o Best Practice e o International Report, atualizaram os métodos para avaliação de perdas, e definiram as melhores práticas para análise de indicadores de performance em sistemas de abastecimento de água (Arikawa,2005). A partir do início do século XXI, muitas discussões acerca do Nível Econômico de Vazamentos têm voltado à atenção dos operadores de sistemas de abastecimento de água, pois envolve métodos para determinação do balanço entre custos e benefícios do gerenciamento de perdas reais. Segundo Arikawa (2005), com a conscientização da importância de redução de perdas, as concessionárias de saneamento, tanto públicas quanto privadas, iniciaram programas para reforçar estas ideias. A seguir, são apresentados alguns eventos importantes que ocorreram sobre o assunto: A fim de diminuir o déficit de domicilio atendidos pelo sistema de saneamento, em 1969 foi instituído o PLANASA – Plano Nacional de Saneamento – em que foram investidos recursos financeiros para melhoria e ampliação da rede em grandes centros urbanos; As Companhias Estaduais de Saneamento participam em 1980 do Seminário de Macromedição no Rio de Janeiro; 25 Em 1981, constituição da Comissão Nacional de Controle de Perdas pelo Banco Nacional de Habitação (BNH), formada por representantes de diversas companhias de saneamento, destinada a assessorar o banco no estabelecimento de diretrizes de âmbito nacional para controle de perdas; Com a finalidade de reduzir o volume de água perdida e identificar e eliminar os fatores de perda no sistema, o BNH iniciou a campanha para redução de perdas o qual acabou resultando no Plano Estadual de Controle de Perdas (PECOP), no ano de 1981; Em 1984, o PECOP sofreu reformulações em sua abrangência, dando maior ênfase na ação global de planejamento, controle e desenvolvimento da operação, originando o Programa de Controle e Desenvolvimento da Operação (PEDOP); Foi criada a Câmara de Desenvolvimento Operacional com o objetivo de desenvolver programas relacionados à redução das perdas e otimização dos sistemas de abastecimento de água; Em 1995, o Programa de Modernização do Setor de Saneamento (PMSS) implementa o Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS). O SNIS constitui um diagnóstico contendo informações coletadas e indicadores de desempenho, referentes a uma amostra de companhias de saneamento e uma série de visões gerais e históricas da prestação de serviços de água e esgotos; Em 1997, o Programa Nacional de Combate ao Desperdício de Água (PNCDA), financiado pela União, foi desenvolvido pela Secretaria Especial de Desenvolvimento Urbano da Presidência da República (SEDU/PR), por intermédio de convênio firmado com a Fundação para Pesquisa Ambiental da Universidade de São Paulo. Este programa tem como objetivo a realização de estudos dirigidos na área de saneamento e a criação de 16 Documentos Técnicos de Apoio (DTA); 4 novos DTA´s foram criados em 1999; Em 2002, foi realizado o Seminário Internacional de Redução e Controle de Perdas em Sistemas de Abastecimento de Água, no Recife – PE. 26 4.3 Definições de Perdas de Água A primeira ideia que vem à cabeça quando se fala em perda é toda água tratada que foi disponibilizada na rede mas se perdeu no caminho e não chegando ao seu uso final. Essa noção, entretanto, trata a perda como algo físico, um volume de água perdido em um vazamento, por exemplo. O conceito de perdas, contudo, sob a perspectiva empresarial é que se o produto for entregue e, por alguma motivo, não for faturado, tem-se um volume de produto onde foram incorporados todos os custos intrínsecos de produção industrial e transporte, mas que não está sendo contabilizado como receita, ou seja, é prejuízo só que de conotação diferente em relação ao caso anterior, sendo mais ligada ao aspecto comercial do serviço prestado (TSUTIYA, 2004). Um aspecto relacionado com as perdas de água, diz respeito à terminologia utilizada para a avaliação das perdas e do desempenho das companhias de saneamento. A adoção de uma nomenclatura padrão é um requisito básico para estruturar qualquer estudo sobre perdas de água. Os significados de termos como vazamentos, perdas, águas não-faturadas e águas não contabilizadas são muito divergentes entre as companhias de saneamento, não somente no Brasil, mas também em outros países. Enquanto alguns países utilizam terminologias próprias de termos técnicos para cálculo de gerenciamento de perdas, nenhum é completamente consistente com os outros (Arikawa,2005). A abordagem mais detalhada sobre os componentes do volume de perdas é presentada no desenvolvimento do tema relativo ao Balanço das Águas. Segundo a conceituação definida pela IWA, as perdas podem ser definida em: Perda de Água: corresponde à diferença entre a água entregue ao sistema de abastecimento e os consumos autorizados, medidos e não-medidos, faturados ou não-faturados, fornecidos aos consumidores e a própria companhia de saneamento. Por esta definição, pode-se calcular as perdas sobre o volume faturado ou sobre o volume micro medido pelas seguintes equações (equações 01 e 02): 27 Equação 1 - Perdas Sobre Volume Faturado Equação 2 - Perdas Sobre Volume Medido Sendo: Volume de entrada: a água que é entregue ao sistema; Volume operacionais/emergenciais/sociais: compreendem os volumes gastos em lavagem de tubulações e reservatórios, em descargas de rede para manutenção, em combate a incêndio, e em alguns sistemas de abastecimento; Pode-se identificar 2 tipos de perdas em um sistema de abastecimento de água (TSUTIYA, 2004): Perda Física: representa o volume de água produzido que não chega ao consumidor final, devido à ocorrência de vazamentos redes de distribuição. De acordo com a nova nomenclatura definida pela IWA, esse tipo de perda denomina-se Perda Real. Perda Não-Física: representa o volume de água consumido, mas não contabilizado pela companhia de saneamento, decorrente de erros de medição nos hidrômetros, fraudes, ligações clandestinas e falhas no cadastro comercial, porem há o consumo da água mas não o faturada. De acordo com o IWA, esse tipo de perda denomina-se Perda Aparente (há outra denominação, frequentemente utilizada, que é Perda Comercial). Os problemas associados às perdas de água são: Conservação dos recursos hídricos pois altos índices de perdas reais requerem a ampliação da captação, do tratamento e do transporte de volumes maiores de água do que requerido para consumo, consequentemente, maiores gastos, inclusive com o consumo de energia elétrica; 28 Vazamentos em redes de distribuição podem causar consideráveis danos à saúde pública. A despressurização do sistema de distribuição pode contaminar a água pela entrada de agentes nocivos na tubulação; Vazamentos na rede de distribuição e nos ramais prediais podem, eventualmente, encontrar, como caminho natural, os sistemas de coleta de esgotos e as galerias de águas pluviais. No que se refere ao sistema de esgotamento, representam um volume excedente nas estações de tratamento de esgotos; Os custos adicionais de produção e de distribuição da água recaem sobre o consumidor final, gerando insatisfação do cliente e degradando a imagem da companhia; As perdas aparentes não apresentam o impacto físico verificado com as perdas reais, mas exercem impacto econômico-financeiro ao setor de saneamento e aos consumidores. Portanto, os problemas devido às perdas de água estão relacionados com os aspectos: Técnico: nem toda água produzida chega ao consumidor final; Financeiro: nem toda água entregue ao consumidor final é propriamente medida ou faturada. A Tabela 1 resume os pontos importantes com relação às perdas. 29 Tabela 1 - Principais tipos de perdas Fonte: Tsutiya Características Principais ITEM Tipo de ocorrência mais comum Perdas Reais Vazamento Custo de produção da água Custos associados ao volume tratada de água perdido Perdas Aparentes Erro de medição Valor cobrado no varejo ao consumidor Desperdício dos recursos naturais Efeito no meio ambiente Efeito na saúde pública Ponto de vista empresarial Ponto de vista do consumidor Efeitos finais no consumidor Maiores impactos ambientais devido à necessidade de Não é relevante implantação da exploração dos mananciais Riscos de contaminação Perda de produto industrializado Imagem negativa da empresa, associada ao desperdício e ineficiência Não é relevante Repasse de custos à tarifa Repasse de custos à tarifa Desincentivo ao uso racional da água Incitamento ao roubo e furto Perda elevada da receita Não é uma preocupação imediata Somente por meio da medição é possível conhecer, diagnosticar, alterar e avaliar as diversas situações operacionais em um sistema de abastecimento de água. 4.3.1 Macromedição e Micromedição No setor de saneamento os termos Macromedição e Micromedição são muito utilizados, principalmente quando se trata da operação do sistema de abastecimento de água, e mais especificamente, das ações que envolvem as perdas. As definições desses termos são (TSUTIYA, 2004): Macromedição: é o conjunto de medições de vazão, pressão e nível de reservatório efetuadas nos sistemas de abastecimento de água, desde a captação no manancial até imediatamente antes do ponto final de entrega para o consumo. 30 Micromedição: é a medição do volume consumido pelos clientes da companhia de saneamento, cujo valor será objeto da emissão da conta a ser paga pelo cliente. 4.3.2 Balanço Hídrico O Balanço Hídrico, segundo Tsutiya (2004), é uma maneira organizada de avaliar os componentes dos fluxos do sistema de abastecimento de água, seus usos e valores. É uma excelente ferramenta de gestão, pois a partir dela pode ser gerados diversos indicadores de desempenho para o acompanhamento das ações técnicas, operacionais e empresariais. A representação e a quantificação de todos os possíveis usos da água em um sistema de abastecimento, desde o instante em que é captada no manancial até o momento em que é disponibilizada ao consumidor final, têm muito mais aplicações práticas do que se pode supor. É uma visão integrada e completa dos fluxos de processo, importações, exportações, pontos de medição e pontos de uso ou consumo, como pode ser observado na Figura 1. Figura 1 - Esquema geral do sistema de abastecimento de água Fonte: Arikawa (2005) 31 Vale ressaltar, a importância da medição de vazão em todas as partes da infraestrutura. O cálculo do balanço requer medições ou estimativas criteriosas dos volumes de água em cada ponto de controle do sistema de abastecimento. Sempre que possível deve recorrer-se a medidores de vazão. Na sua ausência, é necessária a utilização de estimativas baseadas em dados diretos (RIGHETTO,2009). Com o intuito de uniformizar uma estruturação básica em nível mundial para o Balanço de Águas, a IWA propôs uma matriz onde são apresentadas as variáveis mais importantes para a composição dos fluxos e usos da água, conforme apresentado na Tabela 2. Tabela 2 - Componentes do balanço de águas Fonte: Arikawa (2005) Consumo faturado e medido [m³/ano] Consumo autorizado [m³/ano] Consumo faturado e não medido [m³/ano] Água faturada [m³/ano] Consumo não faturado e medido [m³/ano] Consumo não faturado e não medido [m³/ano] Água que entra no sistema [m³/ano] Uso não autorizado [m³/ano] Erros de medição [m³/ano] Perdas reais nas tubulações de água bruta e no tratamento [m³/ano] Perdas de água [m³/ano] Água não faturada [m³/ano] Fugas nas tubulações de adução e / ou distribuição [m³/ano] Fugas e extravasamentos nos reservatórios de adução e / ou distribuição [m³/ano] Fugas nos ramais [m³/ano] A seguir serão apresentadas as definições dos componentes do Balanço Hídrico, tendo por base as considerações da IWA. 32 Água que entra no sistema: volume anual introduzido na parte do sistema de abastecimento de água; Consumo autorizado: volume anual de água, medido ou nãomedido, fornecido pela companhia de abastecimento; Perdas de Água: volume referente à diferença entre a água que entra no sistema e o consumo autorizado; Consumo Autorizado Faturado: volume que gera receita potencial para a companhia de saneamento; Consumo autorizado não-faturado: volume que não gera entrada de receita para a empresa, provindos de usos da água no sistema de distribuição; Perdas reais: volumes que escoam por meio de vazamentos nas tubulações, nos reservatórios e por extravasamentos; Perdas aparentes: soma todos as imprecisões relativo às medições da água produzida, consumida, e o consumo não-autorizado; Água não-faturada: diferença entre os totais anuais da água de entrada no sistema e do consumo autorizado faturado. 4.3.3 Indicadores de Perdas Segundo Arikawa (2005), os indicadores são índices calculados para se medir as perdas, gerenciar a evolução dos volumes perdidos, tomar ações de controle, comparar sistemas de abastecimento de água distintos e destacar os pontos fortes e fracos dos diversos setores da companhia de saneamento. Existem diversos indicadores específicos que estão vinculados às ações de controle de perdas. A correta aplicação e interpretação de qualquer tipo de indicador de perdas pressupõe: Entendimento universal sobre as parcelas que compõem as perdas; Medições sistematizadas ou critérios claros para a estimativa de volumes não-medidos. 33 Sobre o assunto Tsutiya (2004), afirma que com o objetivo padronizar, a nível mundial, a IWA está apresentando, conceituando e discutindo uma série de indicadores relativos aos sistemas de abastecimento de água, onde se incluem os indicadores de perdas. No Brasil, há também essa preocupação, onde as associações das empresas estaduais e municipais de saneamento formularam propostas para nortear as companhias na apropriação dos números e no cálculo dos indicadores. Os indicadores mais utilizados são: Indicador Percentual É o indicador mais comum por ser o mais fácil de ser interpretado pois compara o volume total anual de água perdida (perdas reais + aparentes) com o volume total produzido. O sistema pode ser completo (a partir da captação, até a distribuição), ou focar apenas uma parte da Estação de Tratamento de Água - ETA - ou somente a rede de distribuição. Esta comparação apresenta a seguinte formulação (equação 3): Equação 3 - Índice de Perdas Este indicador tem como grande desvantagem a dificuldade de comparação de performance entre sistemas diferentes. Em outras palavras, dois sistemas de abastecimento distintos, que apresentam um mesmo volume perdido, podem gerar índices de perdas diferentes em função de algumas características dos sistemas, tais como, a presença de grandes consumidores em um sistema em contrapartida a um padrão preponderante de consumidores residenciais em outro, consumos “per capita” mais elevados em um sistema em relação ao outro, existência de intermitência de água, etc. 34 Por este motivo tem sido proposto abandonar esse indicador como um “indicador técnico” para a gestão das perdas na distribuição de água. Sendo aplicado apenas para uma avaliação financeira do problema, utilizando-se no numerador do índice os volumes referentes às Águas Não-Faturadas, e não os Volumes Perdidos. A Tabela 3 mostra uma tentativa preliminar de classificação dos sistemas de abastecimento de água em relação às perdas, bem como busca dar uma referência da ordem de grandeza dos números percentuais geralmente encontrados. Tabela 3 - Índices percentuais de perdas Fonte: Tsutiya (2004) Índice Total de Perdas (%) Classificação do Sistema Menor do que 25 Entre 25 e 40 Maior do que 40 Bom Regular Ruim Índice de Perdas por Ramal Este indicador compara o Volume Perdido Total Anual com o total de ramais existente na rede de distribuição de água, acrescido de um “fator de escala” para equalizar setores de diferentes tamanhos. Apresenta a seguinte formulação para cálculo do índice (equação 4): Equação 4 - Índice de Perdas por Ramal Por focar as perdas nos ramais fica muito dependente da densidade de ramais existente. Por apresentar valores muito elevados em áreas com baixa ocupação urbana, seu uso é recomendado em regiões em que a densidade de ramais é superior a 20 ramais/km, valor que ocorre praticamente em todas as áreas urbanas. Um problema apresentado por este índice é a não consideração da pressão de operação do sistema como uma variável na comparação da performance que influencia sobremaneira o comportamento das Perdas Reais. 35 Índice de Perdas por Extensão de Rede O indicador relaciona o Volume Perdido Total Anual com a extensão da rede de distribuição de água do setor, conforme equação abaixo (equação 5): Equação 5 - Índice de Perdas por Extensão de Rede Distribui as perdas ao longo da extensão da rede, apresentando valores altos quando há uma ocupação urbana muito elevada. Daí recomendar-se o seu emprego para áreas com densidade de ramais inferior a 20 ramais/km, o que representa geralmente regiões mais afastadas do centro com características de ocupação rural. As considerações feitas para o indicador apresentado no item 4.3.3.2 quanto à pressão de trabalho na rede de distribuição, também são aplicáveis a este indicador. Índice Infra Estrutural de Perdas É a proposta mais moderna de se avaliar a situação das perdas e permitir a comparação entre sistemas distintos. Rapidamente este indicador foi aceito e utilizado no gerenciamento das perdas reais em empresas de saneamento pois descreve de forma ponderada o grau de eficiência do setor. O indicador é um número adimensional, obtido a partir da relação entre o nível atual de perdas encontrado em um sistema e o nível mínimo de perdas esperado para o sistema (perdas inevitáveis). O conceito básico é (equação 6): Equação 6 - Índice Infra Estrutural Quanto mais distante do valor unitário, pior é a condição de perdas do sistema. A vantagem desse indicador é a incorporação de variáveis importantes que influenciam 36 as perdas, tal como a pressão de operação da rede e a comparação entre sistemas distintos. Segundo Tardelli Filho (2004), não é adequado para setores com menos de 5000 ligações, pressão menor que 20 mca e baixa densidade de ligações (<10 lig./km). O conceito de Perda Inevitável Anual é dado pela seguinte fórmula (equação 7): Equação 7 - Perdas Inevitáveis Anuais Onde: Lm = extensão de rede (km); Nc = número de ligações; P = pressão média de operação (mca). 4.4 Perdas Reais em Sistema de Abastecimento de Água As perdas de água em sistemas de abastecimento podem ocorrer em todas as etapas da infraestrutura de uma rede. Também é apropriado dizer que as perdas de água ocorrem em todos os sistemas de abastecimento, apenas o volume de perdas é que varia, pois depende das características físicas do sistema de abastecimento, de fatores e costumes locais, de práticas operacionais e do nível de tecnologia aplicada para o seu controle. As origens e magnitudes das perdas esquematicamente, conforme a Tabela 4. reais podem ser representadas 37 Tabela 4 – Perdas reais por subsistema Fonte: PNCDA, DTA – A2 (1998) Perdas Reais Origem Subsistema Vazamento nas tubulações Adução de água bruta Limpeza do poço de sucção Vazamentos estruturais Tratamento Lavagem de filtros Descarga de lodo Vazamentos estruturais Reservação Extravasamentos Limpeza Vazamentos nas Adução de tubulações Limpeza do poço de água sucção tratada Limpeza Vazamento na rede Distribuição Vazamento em ramais Descargas Magnitude Variável, função do estado das tubulações e da eficiência operacional Significativa, função do estado das instalações e da eficiência operacional Variável, função do estado das instalações e da eficiência operacional Variável, função do estado das tubulações e da eficiência operacional Significativa, função do estado das tubulações e principalmente das pressões Vários estudos apontam o sistema de distribuição como a parte da infraestrutura onde as perdas são notadamente maiores que no restante do sistema. Haja vista, que as perdas reais resultam em maior valor na rede de distribuição, devido, principalmente, às altas pressões, e nos ramais decorrente do grande número de juntas e conexões entre tubos bastante vulneráveis a vazamentos (RIGHETTO, 2009). 4.4.1 Sistema de Abastecimento de Água Segundo Azevedo Netto (1998), entendem-se por sistemas de abastecimento de água o conjunto de equipamentos, obras e serviços voltados para o suprimento de água potável a comunidades, para fins de consumo doméstico, industrial e público. Um sistema de abastecimento público de água abrange diversas unidades, definidas a seguir (ARIKAWA, 2005): 38 Manancial: é o corpo de água superficial ou subterrâneo, cuja captação de água propicia o abastecimento. A vazão deve ser suficiente para atender a demanda de água no período de projeto, e a qualidade dessa água deve estar de acordo com os padrões mínimos estabelecidos. Captação: conjunto de estruturas e dispositivos, instalados junto ao manancial, para a retirada de água que atenderá ao sistema de abastecimento. Estação elevatória: obras e equipamentos utilizados para a recalcar a água a fim de vencer um desnível do terreno. Adutora: canais utilizados para transporte de água entre as unidades que precedem a rede de distribuição porem não têm a função de distribuir água aos consumidores. Estação de tratamento de água: local destinado ao tratamento de água a fim de garantir os padrões de potabilidade. Reservatório: regulador das variações entre as vazões de adução e de distribuição e condicionador das pressões na rede de distribuição. Rede de distribuição: conjunto de tubulações e órgãos acessórios, destinados a distribuir água potável aos consumidores garantindo a continuidade do abastecimento e em quantidade e pressão recomendadas. O objetivo principal do sistema de abastecimento de água é fornecer ao usuário uma água de boa qualidade para seu uso, quantidade adequada e pressão suficiente. 4.4.2 Redes de Distribuição de Água Segundo Azevedo Netto (1998), é a unidade do sistema que conduz a água para os pontos de consumo (prédios, industrias, etc.). É constituída por um conjunto de tubulações e peças especiais dispostas convenientemente, a fim de garantir o abastecimento dos consumidores de forma contínua na quantidade e pressão recomendadas. 39 4.4.2.1 Limites de Velocidade nas Tubulações Conforme a NBR-12218/1994, as redes de distribuições devem operar com velocidades entre 0,6 m/s e 3,5 m/s. O limite de 3,5 m/s pode causar uma alta perda de carga na rede primária. O uso de velocidades próximas a 2 m/s é aconselhável para utilização em rede primária, pois possibilitará operar o sistema com pressões mais estáveis (PNCDA, DTA-D1, 1999). 4.4.2.2 Pressões Mínimas e Máximas Segundo Tsutiya (2004), a magnitude das pressões hidráulicas efetivas que irão atuar na rede de distribuição exerce um papel de fundamental importância no projeto de distribuição de água, repercutindo, significativamente, no custo de implantação e operação do sistema, como também na qualidade do serviço. Para o dimensionamento da rede, é importante a pressão dinâmica mínima e a estática máxima. Estabelecem-se pressões mínimas para que a água alcance os reservatórios domiciliares. A fixação de pressões máximas é função da resistência das tubulações e controle das perdas de água. É recomendável que, obedecidas às condições de pressões mínimas, as máximas sejam as menores possíveis. De acordo com a norma NBR-12218/1994 da ABNT, a pressão de operação da rede deve estar entre 10 mca e 50 mca. 4.4.3 Perdas na Distribuição Almeida et al. (2011) Este tipo de perda ocorre por vazamentos na rede de distribuição e nos ramais prediais. As redes distribuidoras apresentam as maiores dificuldades operacionais do sistema de abastecimento, justamente por serem obras enterradas e estarem espalhadas por grandes áreas urbanas. Melato (2010) diz que os custos das perdas na rede de distribuição são os maiores custos de perdas envolvidos em todo o sistema de abastecimento de água, pois além do volume de perdas ser significativamente maior do que as perdas existentes 40 nas outras unidades da infraestrutura, o custo unitário por metro cúbico de água tratada também é consideravelmente maior. A que se refere às perdas reais, incluem os custos de produção e transporte de água tratada, tais como energia elétrica, mão de obra, manutenção, produtos químicos, etc. Na maioria dos sistemas de abastecimento de água das cidades brasileiras, as ampliações das redes de distribuição ocorrem na direção das ocupações urbanas da periferia, normalmente sem um adequado planejamento e projeto (em sentido contrário ao que de fato deveria acontecer, ou seja, a implantação da infraestrutura deveria induzir a expansão urbana planejada). As perdas reais podem indetectáveis por meses ou anos dependendo do tipo de vazamento existente. O volume perdido depende principalmente da política de controle ativo dos vazamentos e das características físicas e operacionais da rede quais sejam: a pressão de operação, a frequência de novos vazamentos, a proporção de vazamentos visíveis, o tempo de conhecimento, localização e reparo dos vazamentos e o nível de vazamentos inerentes. Pode-se classificar vazamentos em (TARDELLI FILHO, 2005): Vazamentos visíveis: são aqueles facilmente notados pelos técnicos da companhia e pela população, pois afloram à superfície tornando-se visíveis. Geralmente, os vazamentos visíveis apresentam grandes vazões de perdas por curtos períodos de ocorrência, porque são rapidamente identificados e reparados para restabelecimento do abastecimento. Vazamentos não-visíveis: compreendem os vazamentos que não afloram à superfície. Os vazamentos não-visíveis podem ser detectáveis ou indetectáveis por equipamentos acústicos de pesquisa, descritos a seguir. Vazamentos não-visíveis detectáveis: são vazamentos de menor vazão do que os vazamentos visíveis, e maior vazão do que os vazamentos inerentes. Quanto ao tempo de ocorrência, eles podem perdurar por alguns dias ou por meses, dependendo da política do controle ativo de vazamentos. 41 Vazamentos não-visíveis indetectáveis ou vazamentos inerentes: compreendem os vazamentos que, individualmente, apresentam pequenas vazões, em geral, inferiores a 0,25 m³/h (TSUTIYA, 2004), entretanto, constituem-se em parcela significativa das perdas por vazamentos, pois ocorrem por longos períodos de tempo uma vez que não são detectáveis por métodos acústicos de localização de vazamentos. Os vazamentos inerentes podem ser quantificados pela aplicação de técnicas de estanqueidade em áreas de limites definidos. A Figura 2 resume as características dos vazamentos e as ações para o seu combate. Figura 2 – Tipos de vazamentos e síntese de ações para redução de perdas reais Fonte: Arikawa (2005) 4.4.3.1 Causas e Ocorrências das Perdas Reais As causas de vazamentos mais importantes são apresentadas a seguir (TARDELLI FILHO, 2005): a) Má qualidade dos materiais A má qualidade das tubulações e dos acessórios é um problema que ocorre nos sistemas de abastecimento de água. Para se evitar este tipo de problema é aconselhável a execução de um projeto executivo aliado a especificação de 42 materiais de alta qualidade. Além disso, no momento da execução o acompanhamento por um Engenheiro responsável é fundamental. b) Má qualidade dos serviços A má qualidade dos serviços também é um problema que ocorre nos sistemas de abastecimento de água. Para garantir a vedação perfeita durante a construção é necessário, além de materiais de boa qualidade, um serviço executado com qualidade e com mão-de-obra qualificada, de forma a obter regularidade no fundo das valas, compactação perfeita, execução das ancoragens, assentamento das tubulações, execução correta das juntas, etc. O gotejamento em juntas de tubulação é a principalmente causado pela má qualidade dos materiais e dos serviços. Este tipo de vazamento é muito pequeno. Entretanto, devido à grande quantidade de juntas e o longo período que estes vazamentos levam para serem detectados torna o volume total perdido expressivo. c) Deterioração das tubulações Sem entrar no mérito dos problemas de suprimento que se verificam quando ocorrem significativas incrustações nas paredes internas dos condutos, mas, levando em consideração apenas as questões que dizem respeito às perdas de água, é comprovado, pela observação das redes existentes, que com o passar do tempo elas têm suas características de estanqueidade fragilizadas pela ação de alguns dos fatores citados no item 4.4.2.2, atuando de forma isolada ou combinada. Essa ação deteriora as características do corpo da tubulação e/ou de suas juntas originando falhas por onde ocorrem as fugas de água. Segundo PNCDA, DTA-D1 (1999), às tubulações de material plástico, principalmente as de PEAD – Polietileno de Alta Densidade, podem sofrer redução da vida útil quando sujeitas à ações térmicas, estoque inadequado e ações dinâmicas que levam à fadiga do material. 43 É evidente que, quanto maior a idade das tubulações maior o seu grau de degenerescência e, consequentemente, maior o seu volume de vazamentos. A rugosidade da tubulação é o fator crítico, com relação às perdas de carga distribuídas. Valores de coeficiente C de Hazen-Williams entre 90 e 140 são aceitáveis, conforme a idade e o material da tubulação. Na prática, considerando o diâmetro nominal da tubulação, podem ser encontrados valores de C menores que 50, ou seja, a incrustação é tão grande que há significativa alteração no diâmetro interno da tubulação (PNCDA, DTA-D1, 1999). Para os casos em que a substituição das redes é inevitável, já existem técnicas em que esta operação se processa por método não destrutivo, ou seja, sem necessidade de abertura de valas no leito carroçável das vias. A decisão pela substituição das redes de distribuição de água de uma determinada área, em função da idade das tubulações e do índice de perdas associado, deve ser precedida de uma análise de viabilidade econômica, comparando-se o benefício dessa intervenção com o custo de execução da obra. d) Movimento do solo Dentre as principais causas de movimentação do solo estão a variação do grau de umidade, variação da temperatura, congelamento e compactação das camadas de terra. Na movimentação do solo pode ocorrer o deslocamento das tubulações, resultando em esforços que dão origem a fadiga em locais bem determinados, podendo resultar na ruptura do tubo. e) Efeitos do tráfego O efeito do tráfego pesado afeta a movimentação do solo, podendo causar rupturas em tubulações se não forem projetadas para suportar as pressões externas. Caso o aterramento acima dos tubos da rede de distribuição não for executado de maneira adequada, isto poderá agravar o problema. 44 f) Consumos operacionais excessivos Estas perdas são relacionadas ao próprio processo de operação do sistema pois para a atividade de operação se faz necessário o uso da água para lavagem, limpeza, descarga e desinfecção da rede. Quando estes consumos são demasiados, ocorrem grandes desperdícios, o que acarreta em um aumento no custo de produção da água. g) Oscilações de pressão As oscilações repentinas de pressão, por vezes em maior intensidade que a resistência de projeto da linha de tubos, podem ser causadas pelo ligamento e desligamento de bombas de estações elevatórias e “boosters” ou na operação rápida de abertura e fechamento de válvulas. As ocorrências destes eventos podem causar arrebentamentos em tubulações devido ao deslocamento em blocos de ancoragem, expulsão da vedação das juntas, flexão indesejável dos tubos, movimentação dos tubos e outros acidentes. h) Pressões altas nas tubulações A perda nos vazamentos depende do porte da fuga (trinca, furo ou ruptura) do material da tubulação e da pressão de operação do sistema. O fator que mais influência para uma maior perda real em sistema de abastecimento de água é a pressão. A pressão de operação na rede de distribuição é o parâmetro operacional mais importante na vazão dos vazamentos e na frequência de sua ocorrência. A elevação da vazão de vazamentos e a incidência de arrebentamentos está associada ao aumento de pressão na rede e está diretamente ligada a quantificação dos volumes perdidos. 4.4.3.2 Ações para Redução de Perdas Reais O controle de perdas reais pode ser alcançado com sucesso por meio da aplicação de quatro ações básicas (TSUTIYA, 2004). 45 Quando a rede é deteriorada por algum motivo, as perdas tendem a aumentar se não forem implementadas algumas das quatro ações de combate às perdas (Figura 3). A análise destas ações – qualidade do reparo, controle ativo de vazamentos, gerenciamento da infraestrutura e controle de pressões – indica que enquanto os três primeiros podem ser aplicados para reduzir o volume de perdas atuais atendendo à fronteira do volume de perdas inevitáveis, o controle de pressões atua diretamente sobre o conjunto desses fatores, sendo o elemento determinador tanto do volume de perdas atuais quanto do volume das perdas inevitáveis. Figura 3 – Componentes do controle de perdas reais Fonte: Arikawa (2005) O quadro central representa as Perdas Reais Anuais Inevitáveis, o quadro intermediário representa o nível econômico de perdas e o quadro externo representa o volume potencialmente recuperável de perdas reais com as ações de redução de perdas. Quanto às ações de combate às perdas reais, uma breve abordagem de cada uma delas é apresentada a seguir: a) Controle ativo de vazamentos O método mais utilizado no controle de vazamentos é a busca por de vazamentos não-visíveis. O controle ativo envolve intervenções periódicas de pesquisa de vazamentos em tubulações enterradas com a utilização de equipamentos acústicos 46 de detecção. A eficiência de um programa de controle ativo de vazamentos na obtenção de níveis econômicos de perdas por vazamentos depende da frequência da pesquisa, das vazões de perdas, do tempo de duração dos vazamentos e da visão do administrador quanto à viabilidade econômica em dar continuidade às atividades de pesquisa. O monitoramento contínuo das vazões em áreas de controle é uma ferramenta não estritamente necessária, mas importante para o controle ativo de vazamentos, pois permite analisar gráficos de tendência (acréscimo ou decréscimo) da mínima vazão noturna para um dado período de observação, ou aumentos abruptos da vazão indicando a existência de arrebentamento em determinada área de controle. b) Rapidez e qualidade dos reparos Desde o conhecimento da existência de um vazamento, o tempo decorrido para sua efetiva localização e seu estancamento é um ponto chave para o gerenciamento das perdas reais. Entretanto, a qualidade do reparo é um aspecto que deve ser assegurado para evitar a reincidência do vazamento. c) Gestão da infraestrutura A prática das demais atividades já traz melhorias à infraestrutura do sistema. Portanto, a substituição de tubulações somente deve ser realizada quando, após a implantação de outras ações menos onerosas, ainda forem observados índices de perdas elevados. Outros objetivos desta ação estão relacionados com a melhoria da qualidade da água, e o uso apropriado das especificações na seleção dos materiais e dos serviços. d) Controle de pressão O controle de pressão visa minimizar as pressões do sistema e a faixa de duração das pressões máximas, bem como, assegurar os padrões mínimos de serviço aos consumidores. Estes objetivos são atingidos pelo projeto específico e setorização dos sistemas de distribuição, pelo controle de bombeamento direto na rede ou pela 47 introdução de uma VRP. O controle de pressão é a melhor forma de reduzir perdas de vazamentos não-visíveis sem substituição de toda infraestrutura. Este assunto será abordado com maior detalhamento no item 4.5. 4.5 Controle de Pressão A forma mais rápida de se reduzir as perdas reais de um sistema de abastecimento é por meio da redução das pressões por este motivo, esta técnica é conhecida e utilizada pelas companhias de saneamento há muito tempo, segundo Arikawa (2005). O controle de pressão consiste não apenas em técnicas de redução de pressão, mas também técnicas de sustentação de pressão, ou controle de vazão, que podem garantir uma distribuição de água regular em termos de pressão e volume requeridos pelos consumidores. Neste sentido, o sistema é projetado para operar em pressões bem próximas às condições de serviço mínimas requeridas nos pontos mais desfavoráveis. Dados internacionais sobre a relação entre a pressão e a vazão dos vazamentos demonstram que os vazamentos em sistemas de distribuição são muito mais sensíveis às variações de pressão do que outros componentes de perdas. A abordagem conceitual sobre perdas e a relação entre a pressão e a vazão de vazamento encontra-se no item 4.5.1. O controle de pressão envolve tanto o aumento quanto a diminuição da pressão, em diferentes horas do dia ou do ano. Em cada caso, o controle de pressão tem significativa influência sobre o volume potencial de recuperação das perdas e o volume das perdas inevitáveis. Em sistemas abastecidos por bombeamento direto é essencial evitar surtos repentinos na variação brusca da pressão, originados por operações de liga-desliga de bombas. Tais operações aceleram sobremaneira a deterioração da infraestrutura das redes, aumentando significativamente a ocorrência de vazamentos. Nestes tipos 48 de sistemas, a vazão bombeada deve ser programada de forma a atender as variações de consumo de um período de 24 horas. Em sistemas onde esta previsão não é feita, qualquer diminuição no consumo será compensada pelo aumento das perdas. Em sistemas abastecidos por gravidade, geralmente as flutuações das vazões de operação são mais equilibradas e as pressões não oscilam de forma abrupta, a menos de atividades oriundas da abertura ou fechamento rápido de válvulas. Em condições normais de abastecimento por gravidade as perdas são menos afetadas pelo fator pressão de operação. O gerenciamento de pressão não é apenas a instalação de uma válvula redutora de pressão em um distrito de medição. É importante considerar o comportamento de todo o sistema de abastecimento e distribuição de água em conjunto com o controle de pressão. As pressões devem ser otimizadas em um plano estratégico de longo termo, e sob todos os aspectos de operação, manutenção, reabilitação e de ampliação da rede. O controle de pressão deve ser cuidadosamente planejado e implementado, sendo que algumas ações descritas a seguir, são sugeridas para o seu gerenciamento (ARIKAWA, 2005): Análises hidráulicas devem ser feitas na área de estudo para conhecer a faixa de pressões ótima para o abastecimento; Anteriormente à implantação do controle de pressão, deve ser feita uma análise benefício-custo para a implantação de um controle fixo ou um controle modulado pela vazão; No caso de alterações ou ampliações no sistema de abastecimento, atenção especial deve ser dada à integridade dos controles de pressão existentes, e se possível proporcionar a ampliação do controle de pressão adicionando novas áreas ao controle. 4.5.1 Relação Pressão x Volume de Vazamento A pressão de serviço na rede de distribuição de água é o parâmetro operacional mais importante na vazão dos vazamentos e na frequência de sua ocorrência. 49 Aumentar a pressão de serviço nas redes de distribuição acarreta, simultaneamente, o aumento da frequência de arrebentamentos e da vazão dos vazamentos. Segundo BBL (2000), o Relatório 26 descreve os resultados de diversas experiências de controle de pressão efetuadas e apresenta uma curva empírica (Figura 4) da relação entre pressão média noturna de um subsetor (AZNP – Average Zone Night Pressure) e o índice de vazamento (Leakage Index). A equação da curva (equação 8) do gráfico mostrado na Figura 4 é: Equação 8 - Índice de Vazamento A relação mostrada na equação 8 acima foi obtida de experimentos feitos por diversas companhias de água na Inglaterra. As áreas foram selecionadas localmente pelas organizações participantes, os vazamentos visíveis foram reparados e o valor inicial de vazamento foi medido pelo método de mínima vazão noturna antes de reduzir a pressão. As pressões foram reduzidas passo a passo e novos níveis de vazamentos foram obtidos. A medição de vazamento foi definida como a total vazão noturna líquida, obtida pela mínima vazão noturna medida menos consumo medido/estimado nos grandes consumidores noturnos. Não foram considerados usos noturnos de consumidores de residências. A pressão noturna média da região foi definida como uma média aritmética ponderada da mais alta e mais baixa pressão manométrica, quando necessário, para levar em consideração a topografia e a disposição dos consumidores (FREITAS, 2011). A curva da pressão média noturna da região em relação a vazão noturna líquida foi levantada e sua equação foi estabelecida. As vazões foram transformadas em índice de vazamento com valores entre 0 e 100 pela fatoração dos coeficientes da equação. Isso deu ao eixo y uma faixa conveniente de números correspondentes a uma faixa realística de pressões noturnas. Esta relação é usada para prever um novo índice de vazamento comparado ao original pela mudança relativa na média vazão noturna. A relação do novo índice de vazamento para o índice original de 50 vazamento é uma fração da vazão noturna líquida original, que vai se tornar a nova vazão noturna líquida prevista (FREITAS, 2011). Figura 4 – Relação entre a pressão média noturna de um subsetor e o índice de vazamento Fonte: BBL (2000) O que se infere imediatamente a partir desta curva é que, por ser uma função exponencial, uma diminuição pequena da pressão corresponde a uma redução significativa do índice de vazamentos. A vazão noturna é usualmente relacionada com o número de ligações, de tal forma que o valor resultante expresso em litros/ligações/hora pode ser utilizado para comparação nos programas de controle de perdas. A vazão noturna pode também ser relacionada com o comprimento das tubulações ou com uma combinação de números de ligações e comprimento de tubulação. A definição dos termos utilizados no gráfico é apresentada a seguir: 51 a) Índice de Vazamento O índice de vazamento é relacionado com a vazão noturna. A vazão noturna é definida como a mínima vazão noturna menos os usos não residenciais medidos e estimados. É importante estimar todos os usos não residenciais e ter certeza que os números usados sejam coerentes (BBL, 2000). b) Pressão Média Noturna de um Sub setor (AZNP) Num sistema ideal com uma topografia plana e uma disposição equitativa de consumidores, a pressão média noturna será a soma da mais baixa e mais alta pressão dividida por 2 na ocasião da mínima vazão noturna. No entanto, é recomendado que o método a ser adotado selecione um ponto específico do sistema para o controle de pressão, escolhido de tal forma que represente a pressão média noturna da região. Esse procedimento oferece muitas vantagens operacionais, das quais as citadas a seguir são as mais importantes (NOVAES; BRESSANI, 2009): A pressão média noturna ou diária se torna uma quantidade mensurável e registrável; Este ponto pode ser incorporado como um nó dentro do modelo da rede, de tal forma que o comportamento presente/futuro da rede possa ser estudado; Ele pode ser usado como um dos pontos de monitoramento do desempenho do sistema; Possibilita o cálculo da pressão média noturna ou diária (24 horas) equivalente. O método de seleção leva em consideração a topografia, assim como a distribuição das ligações no subsetor. A definição da AZNP (equação 9) de acordo com o Relatório 26, é a seguinte: Equação 9 - AZNP 52 Sendo: Pmáx. = máxima pressão noturna da área Pmín. = mínima pressão noturna da área S = proporção da área que é submetida a pressão acima da pressão média, que é , estimada com base na topografia e perdas de carga da área. Novas pesquisas foram desenvolvidas e novos conceitos empíricos estabelecidos, de modo a atualizar a curva do Relatório 26 e tornar mais precisa a estimativa de diminuição ou aumento das vazões noturnas com a pressão. Em particular foi levado em consideração o conceito FAVAD, que significa área fixa ou variável da abertura na tubulação, por meio da qual se processa o vazamento, acoplado com o conceito BABE, desenvolvido pela National Leakage Iniciative – Inglaterra, que trata da divisão dos componentes do vazamento (perdas inerentes, arrebentamentos e extravasamentos). Como resultado, foi apresentado um conjunto de curvas em Abril/1997 no trabalho Pressure Management/Leakage Relationships: Theory, Concepts and Practical Application pelo Engenheiro Allan Lambert da Waterlight Solutions Ltda./UK, que possibilita uma estimativa mais real da variação das vazões noturnas com a variação de pressão (Figura 5). Figura 5 – Relação de vazões de vazamentos com a variação de pressão Fonte: Arikawa (2005) 53 Um exemplo de área fixa, por meio da qual se processa o vazamento, é um furo proveniente de corrosão localizada, num tubo de ferro fundido ou aço, que não varia de dimensão/área independente da pressão. Exemplo de área variável seria uma trinca num tubo (PVC ou metálico), que tende a progredir e aumentar a área, por meio da qual se processa o vazamento. O mesmo caso de área variável seria um vazamento por meio do anel de borracha, usado na ligação entre tubos de ferro fundido. Comumente os dois tipos de vazamentos existem na maioria dos sistemas de distribuição, sendo possível existir casos extremos onde existem vazamentos só de áreas fixas ou vazamentos só de áreas variáveis. 4.5.2 Vantagem do Controle de Pressão Segundo Arikawa (2005), o controle de pressão possibilita: Redução a vazão de perda por vazamentos; Economia dos recursos d’água e custos associados; Diminuição das interrupções de fornecimento; Reduz possíveis danos causados aos usuários por ocorrência de um arrebentamento; Prover uma pressão mais uniforme ao consumidor; Diminuir o consumo em pontos ligados diretamente à rede de abastecimento; Reduzir danos às instalações entre o cavalete e a caixa de água existentes nos imóveis dos usuários da rede; Proteger às instalações da rede de abastecimento de água. 4.5.3 Tipos de Controle de Pressão O controle de pressões nas redes de abastecimento de água ocorre quando o sistema de distribuição é projetado para operar em pressões bem próximas da faixa apropriada para limites máximos e mínimos de pressão em todo o sistema de distribuição. 54 Segundo Tsutiya (2004), a solução para equalização das pressões é o zoneamento piezométrico, ou seja, a divisão de um setor de abastecimento em zonas com comportamento homogêneo dos planos de pressão. Esses planos piezométricos podem ser definidos pela cota do nível d’água de um reservatório enterrado, apoiado ou elevado, pela cota piezométrica resultante de uma elevatória ou “booster” ou pela cota piezométrica resultante de uma VRP. Figura 6 – Esquema de distribuição de água de modo a atender as diversas zonas de pressão Fonte: Tsutiya (2004) A seguir serão feitas algumas considerações sobre essas ações de gerenciamento de pressões. 4.5.3.1 Setorização A setorização proporciona a divisão da área de abastecimento em áreas menores, denominadas subsetores, por meio de delimitação natural do sistema, ou por meio do fechamento de válvulas de manobra. Segundo Tsutiya (2004), inicia-se na fase de projeto do setor, buscando-se um adequado zoneamento piezométrico que atenda às pressões máximas estáticas e mínimas dinâmicas estabelecidas pela NBR-12218/1994 da ABNT, de 50 mca e 10 mca, respectivamente. Usualmente, os limites de um setor de abastecimento são definidos, a partir de um centro de reservação, em zona baixa, abastecidos por gravidade nível do 55 reservatório apoiado ou enterrado, e zona alta, comandada pelo nível de um reservatório elevado – torre ou cota piezométrica de saída de uma elevatória. Este é um exemplo típico de configuração de um setor de abastecimento de água. Entretanto, existem várias outras configurações dependendo das características de infraestrutura do sistema e do relevo da região. Desta forma, existem sistemas setorizados em zona única, ou ainda em zona média, além das zonas baixa e alta, e várias outras possibilidades. Muitas vezes a topografia da região apresenta desníveis muito acentuados, que fazem com que a setorização não seja completamente eficiente, em termos de limitação das pressões de operação. Para estes casos, uma das soluções é o uso de um reservatório intermediário, porém os altos custos de implantação e manutenção de reservatórios faz com que seja apontada como solução conjunta a este tipo de sistema à utilização de válvulas redutoras de pressão ou de “boosters” no sistema de abastecimento. Com isso, o reservatório passa a ser utilizado para suprir demanda dos horários de pico e de reserva de incêndio. 4.5.3.2 “Booster” Em algumas zonas do sistema de distribuição há locais onde a pressão não é suficiente para garantir o abastecimento durante todo o dia, havendo intermitência, principalmente nos horários de pico de consumo. Uma forma de resolver tal problema é a implantação de um “booster” de rede, de modo a pressurizar somente a parcela da rede onde há deficiência no abastecimento, sem elevar desnecessariamente a pressão no restante (GONÇALVES, 2009). Em grande parte das vezes, todavia, o emprego desses equipamentos é para solucionar em curto prazo problemas de abastecimento que estão ocorrendo na região. Em associação com VRP (Válvula Redutora de Pressão), o uso de “booster” permite otimizar o zoneamento piezométrico, explorando ao máximo o potencial de redução de pressão de uma VRP e reforçando a carga nos pontos mais altos que porventura ficarem com pressões muito baixas ou totalmente despressurizados. 56 Os “boosters” contam com variadores de velocidade (hidro cinético ou inversor de frequência) que mantêm estável a pressão de saída, para quaisquer vazão a jusante e pressão a montante. Um dos fatores mais importantes durante a operação é a regulagem da pressão de saída, pois é ela quem evita maiores perdas reais. Para o projeto de um “booster” são necessários os seguintes passos (SAGANHA, 2013): Análise da área a ser pressurizada, a partir de dados coletados em campo (pressão, tipos de consumidores); Definição do ponto de instalação do “booster”; Definição dos registros limítrofes para o fechamento da área; Medir as pressões máximas e mínimas; Definição do lay-out da instalação; Dimensionamento dos equipamentos (bomba, motor e variador) e das tubulações e acessórios; Verificações hidráulicas dos conjuntos e do subsetor. Após a instalação são necessários testes operacionais para a realização dos ajustes requeridos, em função das pressões ocorrentes no subsetor. Algumas companhias de saneamento já possuem um “kit” com todo o conjunto montado, com padrões definidos de capacidade e potência (geralmente de pequeno porte), que apresentam maior facilidade de instalação e flexibilidade operacional, denominados “boosters” móveis. Por estar diretamente vinculado à continuidade do abastecimento de uma área, qualquer falha no funcionamento de um “booster” acarreta problemas graves, pois geralmente as pessoas percebem que estão sem água quando esvazia a caixa d’água e, até a solução do caso, pode decorrer um tempo excessivo, o que causa muito desconforto à população e reclamações contundentes contra a companhia de saneamento. Por isso, a manutenção preventiva e a sinalização à distância (“booster” funcionando ou não funcionando) são muito importantes para manter um adequado padrão operacional no local (TSUTIYA, 2004). 57 4.5.3.3 Válvulas Redutoras de Pressão A VRP é um capaz de diminuir a pressão variável da montante em transforma-la em uma pressão estável a jusante. Trata-se da forma mais eficiente no controle de pressão utilizada nos dias atuais (SOUZA; NOGUEIRA, 2009). O Ajuste da pressão em uma VRP pode ser feito por meio de dispositivos mecânicos ou eletrônicos. No caso de controle mecânico da válvula, a garantindo assim uma pressão de jusante preestabelecida sem sofrer interferência da vazão e pressão à montante. Tratando-se de controle eletrônico, a atuação da VRP é feita por meio de programas preestabelecidos, que permitem monitorar e controlar as vazões e as pressões, garantindo as condições adequadas de abastecimento ao longo das 24 horas do dia. O capitulo 4.6 abordará melhor este sistema. 4.6 Válvulas Redutoras de Pressão Por tratar-se de um tipo de controle de pressão que apresenta excelentes resultados, este equipamento mereceu destaque neste trabalho. Em função de sua importância, a seguir será dada uma abordagem detalhada a seu respeito, mostrando suas vantagens, bem como, técnicas e cuidados em seu dimensionamento, instalação, regulagem, operação e manutenção, para que este atinja resultados satisfatórios no controle de pressão de sistemas de distribuição de água (SOUZA, 2004). 4.6.1 Evolução e uso das Válvulas Redutoras de Pressão Até os anos 70, para atender as Normas de Projeto da ABNT quanto aos limites de pressões superiores, principalmente nas regiões de topografia extremamente acidentada e com baixo adensamento relativo, instalavam-se nos sub setores quebradores de pressão constituídos de caixas de quebra-pressão e os “standpipes”. Estas soluções mostravam-se de custo relativamente alto e passíveis de falha pelas limitações tecnológicas no próprios dispositivos de quebra-pressão. 58 Com a expansão da ocupação urbana para as regiões periféricas e a busca de soluções alternativas mais econômicas, as VRP’s passaram a ser consideradas para tal finalidade. Naquela ocasião, enfrentava-se uma forte restrição às importações e os modelos de VRP’s disponíveis eram adaptações dos sistemas empregados no setor pneumático ou então cópias grosseiras de produtos estrangeiros (REVISTA DAE, 2007). O dimensionamento era feito para que trabalhassem com gradiente fixo, ou seja, uma diferença de pressão constante independentemente da vazão. Apresentavam passagem livre máxima estreita, apesar das avantajadas dimensões externas. Possuíam assentos metálicos, vedações engaxetadas, atuadores mecânicos por molas e regulagem por porcas diretamente ao eixo principal. Estes sistemas redutores de pressão mostravam-se problemáticos nas condições de operação de baixas vazões, podendo transferir as pressões de montante para jusante. O projeto de instalação adotado era o sistema “in line” em caixas subterrâneas, compatibilizando-se o diâmetro do dispositivo com o diâmetro da tubulação principal, havendo basicamente a preocupação com os limites de gradiente de quebra de pressão por unidade (FREITAS, 2011). No final dos anos 80, válvulas globo desenvolvidas pela cópia de equipamentos importados e/ou fabricação de válvulas com tecnologia importada trouxeram grandes mudanças nesse campo. As válvulas eram acionadas hidraulicamente (sistema de diafragma), aproveitandose a pressão de montante para acionamento dos obturadores. Estas por sua vez apresentavam maior passagem livre e as vedações apresentavam melhor desempenho. Os sistemas de controles passaram também a ser hidráulicos com elementos filtrantes (FREITAS, 2011). Estas válvulas e os sistemas de controles permitiram desenvolver projetos extremamente flexíveis, podendo-se aplicá-los como sustentadores de pressão (pressão de jusante constante), controladores de nível (válvulas de altitude), controladores de vazão, etc. 59 4.6.2 Controle de pressão por válvula redutora de pressão As válvulas de controle automático operam, basicamente, usando a pressão de montante para abrir ou fechar a válvula, atendendo a um comando da válvula piloto. A maioria das válvulas pode ser adaptada para tipos de controle diferentes. Por isso, na especificação da válvula é importante atentar àquelas que podem ser adaptadas para várias funções, garantindo, assim, a otimização do investimento, caso seja necessária a alteração das suas configurações em função de mudanças nas características do sistema de abastecimento (ARIKAWA, 2005). Outro aspecto importante a ser notado diz respeito à manutenção. Para facilitar a manutenção dos equipamentos de controle de pressão, é aconselhável que o equipamento escolhido seja disponível por dois ou mais fabricantes de válvulas. Obviamente, o fator preço é a preocupação da maioria dos projetos, mas aspectos como o suporte local, qualidade do produto e pronta entrega, devem ser levados em consideração. A mais utilizada é a válvula tipo diafragma que em use funcionamento gera uma restrição que provoca a perda de carga entre a entrada e a saída no qual nível de perda de carga está relacionado a vazão e a posição do diafragma. 60 Figura 7 – Válvula redutora de pressão tipo diafragma Fonte: Arikawa (2005) A VRP é configurada manter a pressão a jusante a uma proporção fixa da pressão de montante. Nelas podem ser acopladas para controle das pressões, um controlador eletrônico, combinado com uma adaptação da válvula piloto, que passa a funcionar como VRP com pressão de saída variável modulada pela vazão ou pelo tempo (FREITAS, 2011). Usualmente, o controle com saída fixa se aplica a uma região isolada alimentada por uma VRP. A pressão de saída da VRP é ajustada, pela modificação da pressão da mola da válvula piloto, de tal forma que, sob condição de máxima vazão, a pressão no ponto crítico é mantida. Esta pressão é constituída de três componentes: O nível mínimo de pressão de serviço requerido no ponto crítico; A diferença de cota altimétrica entre a VRP e o ponto crítico; A perda de carga no sistema entre a VRP e o ponto crítico sob condições de vazão máxima projetada. Segundo Melato (2010) uma VRP com pressão de saída constante pode ser a solução mais apropriada em regiões onde a perda de carga entre a válvula e o ponto crítico é menor que 10 mca, sob quaisquer condições de operação, ou onde as 61 variações de pressão no ponto de instalação da VRP e as variações no ponto crítico sejam aproximadamente iguais. Quanto ao controle com saída variável, o controlador da válvula possibilita diminuir a pressão média de um setor por meio da variação da pressão de saída da VRP modulada pelo tempo ou pela vazão de demanda. As VRP’s moduladas pelo tempo permitem a diminuição ou aumento da pressão de saída da VRP em função de um determinado horário, para compensar a variação da vazão durante o dia e a perda de carga entre a VRP e o ponto crítico. Conectando-se um medidor de vazão, que fornece sinais de pulso, o controlador realiza a modulação da pressão de saída da VRP com base na vazão (demanda da área), isto é, pressões maiores de saída são reguladas automaticamente quando a demanda da área aumenta, para compensar as perdas de carga adicionais entre a VRP e o ponto crítico (DINIZ, 2012). 4.6.3 Especificação e dimensionamento da válvula redutora de pressão Muitos fatores devem ser levados em conta na seleção de uma válvula para controle de pressão. Algumas companhias de saneamento preferem padronizar uma marca de válvula, enquanto outros, preferem especificar uma pequena lista de fabricantes qualificados para o fornecimento. A padronização ou a limitação de marcas e tipos de válvulas traz benefícios aos usuários, pois reduz os custos de manutenção, facilita o estoque de um número limitado de componentes das válvulas, facilita o treinamento da equipe técnica para a operação e a manutenção das válvulas e proporciona a transferência de equipamentos de um ponto de monitoramento a outro. O processo de seleção deve considerar os seguintes fatores: Integridade e resistência; Qualidade; Aceitabilidade; 62 Custo; Manutenção; Padronização; Suporte técnico. Para o correto dimensionamento da válvula redutora de pressão, é necessário efetuar o levantamento de dados sobre o sistema, quais sejam (MELATO, 2010): Escolha da área para controle de pressão em função do histórico de incidência de alta pressão, assim como, arrebentamentos e índices de perdas; Avaliação, providências e verificação do efetivo isolamento da área por meio do fechamento de registros. Para esta atividade, devem ser previstos serviços de descoberta e nivelamento de registros; Cálculo do comprimento de tubulação a ser submetido ao controle de pressão, pois em alguns casos, pode haver requisito de abrangência mínima; Escolha dos pontos de medição de vazão e pressão para dimensionamento da VRP; Medição da vazão e da pressão a montante no local de instalação da VRP (se já existir) ou num ponto próximo; Medição de pressão no ponto de altimetria mais elevada; No ponto mais distante da VRP; O ponto médio (representativo da pressão média noturna) e no ponto próximo a um grande consumidor As medições de vazão e de pressão em campo são extremamente recomendadas para o projeto do controle de pressão em uma dada área. O impacto da redução de pressão na ocorrência de vazamento é crítico para a operação da válvula que, sem dados exatos, pode ser instalada e operada insatisfatoriamente. As medições em campo também são favoráveis para as correções sazonais de demanda, de modo a garantir que a válvula seja dimensionada para atuar na faixa entre a máxima e a mínima vazão. 63 A instalação de equipamentos de medição e coleta de dados deverá ser antecedida de preparação dos locais de medição, de instalação de registros de derivação para medição de vazão e de conexões para medição de pressão. A coleta de dados de pressão e vazão deve ser sincronizada, sendo recomendável obter-se dados referentes a pelo menos 24 horas de consumo e com intervalo de 15 minutos, durante um dia útil da semana (MELATO, 2010). Informações de demanda e sazonalidade deverão ser analisadas para se determinar os efeitos da sazonalidade. Para dimensionar corretamente a VRP e escolher o tipo de controle ou modulação é importante considerar o impacto das flutuações sazonais na demanda. Na condição de demanda máxima, a válvula deve trabalhar próxima a sua abertura total e apresentar baixa perda de carga. Na condição de demanda mínima, a válvula deve operar próxima ao seu fechamento total, de forma a provocar alta perda de carga, e isenta de vibrações, anomalias e principalmente cavitação. O dimensionamento da válvula redutora de pressão pressupõe que a área de influência esteja isolada e, portanto, os dados de vazão e pressão sejam representativos e que o potencial de redução, analisado por meio da relação custo x benefício, seja avaliado e considerado satisfatório (LIMIAR CONSULTORIA E PROJETOS, 2012). Após a etapa de levantamento de dados, o dimensionamento prossegue com as seguintes etapas (ZANTA; FERREIRA, 2013): Análise dos dados de campo: a partir dos dados coletados em campo, são estabelecidos os seguintes parâmetros: Vazão máxima: é a máxima vazão obtida durante o período de medição; Vazão mínima: é a mínima vazão obtida durante o período de medição; Vazão mínima projetada: é a vazão mínima prevista para o abastecimento da área em estudo, considerando-se fatores de sazonalidade, 64 bem como, o efeito de futuras pesquisas e reparos de vazamentos. Uma boa estimativa é considerar a vazão mínima projetada igual à metade da vazão mínima obtida durante o período de medição; Pressão a montante máxima: é a máxima pressão a montante da VRP; Pressão a montante mínima: é a mínima pressão a montante da VRP; Critério de regulagem: dentre os pontos de medição de pressão escolhidos para avaliar a área de influência da válvula redutora de pressão, determina-se o ponto crítico, ou seja, o ponto mais distante e/ou ponto mais alto, o qual determinará o máximo abaixamento de pressão na válvula (pressão a jusante) sem prejudicar o abastecimento. A máxima redução de pressão na VRP será aquela que resultará na mínima pressão de serviço no ponto crítico, durante a máxima vazão, ou seja, na situação de maior perda de carga considerada para uma determinada instalação; Diâmetro nominal da VRP: O diâmetro nominal da VRP para atender aos parâmetros anteriormente estabelecidos é determinado por meio do padrão fornecido pelo fabricante da válvula. O diâmetro nominal é aquele correspondente à válvula, cujas características de vazão máxima e vazão mínima da válvula atendam às necessidades de vazão para abastecimento da área a ser controlada. Melato (2010) diz que calcula-se a relação entre vazões máximas, que é a relação entre a vazão máxima da válvula e a vazão máxima do período de medição. Esta relação deverá ser maior ou igual que o fator de sazonalidade especificado ou estimado, caso contrário, deve-se escolher uma válvula com vazão máxima maior. Em caso de grande diferença entre a vazão máxima e a vazão mínima para abastecimento da área, e a vazão mínima da válvula for maior que a vazão mínima projetada, deve-se considerar a instalação de válvulas em paralelo. Estimativa de perda de carga: é necessário determinar a perda de carga provocada pelo conjunto hidráulico para determinar o efeito na pressão mínima no ponto crítico da área e em relação ao critério de regulagem estabelecido anteriormente. Com os 65 valores da vazão máxima, do diâmetro nominal da VRP e das demais singularidades, é possível determinar por meio de fórmulas e gráficos específicos e perda de carga do conjunto. A perda de carga na VRP pode ser calculada pela seguinte equação (equação 10): Equação 10 - Perda de Carga na VRP mca] Sendo: ΔP = Perda de carga na VRP (mca); Q = Vazão máxima; CV = Coeficiente de perda de carga (fornecido pelo fabricante). Verificação do Risco de Cavitação: Com base no valor da pressão máxima a montante, deve-se determinar a pressão mínima possível de saída na VRP por meio do gráfico – zona de cavitação da VRP (fornecido pelo fabricante), como mostra a Figura 8. Figura 8 - Zona de cavitação da VRP Fonte: BBL (2000) 66 A cavitação ocorre quando a pressão da água cai abaixo da pressão de vapor a uma dada temperatura. Neste ponto, a água efetivamente evapora e pequenas bolhas de vapor são formadas em grande número. As bolhas são carregadas pelo fluxo e quando alcançam a área onde a pressão é maior causam um colapso na instalação. O impacto pode causar sérios danos à superfície interna dos metais das válvulas e das tubulações, acompanhada de ruído e vibração da instalação (RIO DE JANEIRO, 2004). O índice de cavitação pode ser calculado pela seguinte equação (equação 11): Equação 11 - Índice de Cavitação K= Onde: K = índice de cavitação; Pinlet = pressão de entrada da VRP (mca); Poutlet = pressão de saída da VRP (mca). Quando o valor de K excede 0,3, o ruído criado devido a cavitação aumentará quanto maior for o valor de K. Para valores acima de 0,6 ocorre cavitação severa. A pressão de controle deverá ser maior que a pressão mínima requerida de saída para evitar a ocorrência de cavitação, caso contrário, é necessário verificar qual pode ser a menor pressão adotada, e se é, ou não, viável esta saída para o controle na área. (BBL, 2000). 4.6.4 Instalação e operação da válvula redutora de pressão A instalação de válvulas em sistemas de distribuição de água consiste de uma tecnologia que requer técnicas qualificadas e especializadas para a correta seleção, dimensionamento, instalação e calibração da válvula; além dos cuidados com a manutenção do conjunto redutor de pressão (válvula, filtro, medidor e acessórios). Uma vez que uma área potencial para o controle de pressão é selecionada, e os pontos de controle identificados, mesmo que em planta ou em um modelo 67 matemático de simulação hidráulica, é importante que o local seja inspecionada no campo, para levantamento dos seguintes dados: Localização da rede de distribuição de água, verificando-se a profundidade e posição relativa (passeio, terço da rua, meio da rua, etc.); Definição do local de instalação, o qual não deve interferir com o acesso às propriedades próximas, comércio, trânsito, e interferências; Dimensões do passeio, pois, preferencialmente, procura-se posicionar a caixa na mesma. Com todas as informações acima, o projeto executivo de instalação do conjunto de componentes pode ser executado, quando serão estabelecidos os seguintes parâmetros (FONTENELLE, 2002): Necessidade de rebaixamento da rede para se obter altura conveniente para operação dos equipamentos, principalmente os registros de manobra; Dimensões internas da caixa que permitam espaço suficiente para as atividades do pessoal de regulagem e manutenção; Dimensões adequadas de fundações, vigamentos e colunas de caixa instalada na rua, de maneira que a caixa suporte as cargas de tráfego; Necessidade de blocos de ancoragem em curvas e tês; Berço de apoio em concreto para a VRP e para o medidor de vazão (se houver). A VRP deve ser fixada a jusante do medidor de vazão para que, no caso de ocorrer turbulência na válvula, a exatidão da medição não seja afetada. 68 Segundo BBL (2000), é recomendável que o projeto de instalação da válvula tenha a concepção da instalação de uma derivação visando a manutenção futura do conjunto, sem interrupção do abastecimento da área afetada. Também, é uma boa prática que a caixa de abrigo seja localizada no passeio, facilitando assim o acesso a mesma. A Figura 9 ilustra um exemplo de projeto de implantação de VRP, onde a válvula e todo o conjunto redutor de pressão foram projetados na tubulação principal, e o bypass previsto para futuras manutenções. Figura 9 – Esquema de projeto de implantação da VRP Fonte: Arikawa (2005) A Figura 10 mostra a foto de uma instalação de VRP na derivação da tubulação principal, visando o posicionamento da caixa de abrigo no passeio. Figura 10 – Obra de instalação de VRP Fonte: BBL (2000) 69 Para a regulagem da válvula alguns procedimentos são recomendados (BBL, 2000): Instalação de armazenadores de dados em pontos notáveis da área para monitoramento das pressões durante a regulagem. O monitoramento das pressões tem como objetivo o acompanhamento do comportamento das pressões a cada etapa da regulagem, e a determinação da regulagem ótima para a válvula. Se um programa de detecção e reparo de vazamentos estiver em andamento, então a área deve ser totalmente pesquisada para que o nível de vazamentos seja diminuído. Após a detecção e reparo dos vazamentos, a VRP deve ser regulada para a primeira redução de pressão. Normalmente, a redução de pressão é feita em estágios de redução de pressão de igual valor. Durante a redução de pressão em estágios, os pontos críticos devem ser monitorados para que medidas corretivas sejam tomadas no caso da pressão nestes pontos alcançar níveis abaixo da pressão aceitável. Uma vez que a pressão de saída requerida é alcançada, a área deve ser monitorada por alguns dias para garantir a estabilidade da regulagem da VRP. 4.6.5 Manutenção da válvula redutora de pressão Depois que a válvula é instalada, e corretamente comissionada e calibrada, é muito importante estabelecer um programa de manutenção preventiva que defina, o que fazer, e quando fazer, para assegurar sua operação eficiente e continua. Todo tipo de válvula redutora de pressão requer algum tipo de manutenção. Com o objetivo de minimizar o risco de falha, ou mau funcionamento das válvulas, os fabricantes recomendam um programa de inspeção e manutenção periódica. O tipo de manutenção e a periodicidade requerida variam significativamente de um fabricante a outro, e por este motivo, é um dos fatores que deve ser levado em consideração na etapa de seleção da válvula a ser utilizada. Os itens básicos da manutenção incluem (ANEEL, 2000): 70 Inspeção e limpeza do filtro que protege a válvula piloto; Inspeção e limpeza da válvula piloto; Substituição dos anéis de vedação; Substituição do diafragma; Inspeção e limpeza do filtro principal instalado na tubulação; Identificação e reparo de vazamentos ou amassamento na tubulação do circuito de pilotagem; Comprovação da operacionalidade das válvulas esfera do circuito de pilotagem; Conferência das medidas de pressão com aquelas que orientam a regulagem da válvula; Verificação do desempenho da modulação da válvula, a qual deve manter-se constante e suave; Verificação da carga das baterias do controlador; Verificação do estado geral dos cabos e conexões do controlador. A frequência de visita para manutenção preventiva depende das características da área, do funcionamento hidráulico, e de uma análise custo x benefício. Normalmente, a frequência de manutenção varia de 6 meses a 2 anos. Para elaborar o plano de manutenção, os operadores do sistema devem considerar os custos de manutenção, e as consequências que uma falha na válvula poderá causar (ARIKAWA, 2005). A manutenção não diz respeito apenas ao conjunto redutor de pressão, mas também à área sob controle, a qual deverá apresentar integridade dos seus limites de fronteira. A manutenção da área controlada pela VRP deve incluir (NUNES, 2006): Verificação da estanqueidade das válvulas de limite da área; Conferência da regularidade das vazões noturnas em relação às que embasam a especificação de regulagem; Verificação das pressões nos pontos críticos; Verificação da validade dos pontos críticos originais; 71 Manutenção do programa de detecção de vazamento para reparo rápido; Acompanhamento dos planos de obras e serviços que possam interferir nas condições de trabalho fixadas para a VRP; Acompanhamento do desenvolvimento do plano de serviços de manutenção corretiva de rede, especialmente à montante da válvula, para planejamento de visitas intermediárias. 4.6.6 Monitoramento do sistema controlador de pressão Para elaboração do projeto de qualquer controle de pressão é necessário o monitoramento de um número mínimo de pontos no sistema. Estes pontos podem ser: nós de abastecimento, nós de reservação, nós críticos e nós de estimativa média. Os nós de abastecimento são os pontos de entrada do abastecimento de um determinado setor ou zona. Normalmente, nestes pontos é feito o monitoramento de vazão e de pressão. Os nós de reservação são os pontos onde a água é estocada. Nestes pontos é feito o monitoramento de nível. Os nós críticos são os pontos do sistema onde o abastecimento é mais desfavorável. Alternativamente, pode ser um ponto onde o usuário não pode ser desabastecido, como por exemplo, uma indústria ou um hospital. O nó de estimativa média é o local que representa as condições médias (pressão, nível, perda de carga, etc.) de um determinado setor ou zona. Cuidado especial deve ser dado ao monitoramento de vazão para garantir um histórico de dados que contenha as alterações de demandas devido às mudanças sazonais. Em alguns casos, a situação ideal é o monitoramento contínuo de um ano, entretanto, isto raramente é possível. Então, o aconselhável é a normalização de curvas de demandas semanais para as diferentes estações do ano. 72 4.6.7 Análise econômica e de benefício-custo É importante que a análise de benefício-custo seja feita mesmo antes da implantação da válvula redutora de pressão, e pode ser feita em vários níveis, desde uma abrangência genérica até uma análise aprofundada para uma área específica. Em nível geral, por exemplo, para estabelecimento de metas em uma empresa, pode-se assumir resultados obtidos com o controle de pressão experimentada por outras empresas (FREITAS, 2011). No nível de análise aprofundada para uma área específica, todos os custos de implantação e de manutenção do controle de pressão devem ser considerados comparando-se com os benefícios da redução da vazão e da frequência de ocorrência de vazamentos. Existem muitos custos a serem considerados, e alguns destes custos são computados apenas uma vez, outros são gastos contínuos durante toda a existência do controle de pressão (MELATO, 2010) O custo do projeto é um custo que ocorre apenas uma vez no processo. O valor contempla: medição de vazão e de pressão para conhecer o regime da área a ser gerenciada, análise dos dados, negociação com os usuários do sistema, testes de campo (varredura do limite da área, sondagens, medições, etc.), e elaboração de relatórios e do projeto executivo propriamente dito. O custo de implantação dos materiais e equipamentos também é um custo que ocorre apenas uma vez no processo, e inclui: a VRP, o controlador, registros de linha, filtros, medidor de vazão, juntas, tubos e acessórios. O custo de instalação do conjunto redutor de pressão compreende a escavação e a instalação dos equipamentos e materiais. O custo da regulagem não é um custo expressivo e pode ser considerado no custo de instalação. Entretanto, algumas organizações preferem efetuar a regulagem em estágios que, muitas vezes, demoram semanas de trabalho. Para compor este custo 73 deve-se levar em consideração: o monitoramento de vazão e de pressão nos pontos notáveis do sistema, teste de campo (por exemplo, varredura do limite da área), regulagem da válvula em estágios e negociação com os usuários do sistema (FREITAS, 2011). Alguns sistemas de controle apresentam o custo de monitoramento. Este monitoramento pode ser contínuo por meio de tecnologias de telemetria ou em intervalos regulares, por exemplo de uma vez por ano, por meio de locação de equipamentos de medição nos pontos notáveis do sistema. Outro custo a ser considerado na análise é a manutenção da área sob controle de pressão. Este custo inclui as inspeções de campo para verificação da estanqueidade da área sob controle (MELATO, 2010). 74 5 ESTUDO DE CASO 5.1 VRP João da Cruz Melão 5.1.1 Descrição do Subsetor das VRP’s Para o estudo de caso, utilizou-se a aplicação de uma VRP em um setor de abastecimento da região Oeste do município de São Paulo, que apresenta como características principais: Setor de abastecimento: São Paulo – Vila Sonia Localização: São Paulo / SP Implantação: Agosto/2009 Extensão de rede: 124 km N° de ligações de água: 8301 Diâmetro da VRP: 400 mm Vazão Máxima: 1072 m³/h Vazão Mínima: 200 m³/h A identificação do subsetor a ser controlado foi realizado a partir do estudo das plantas cadastrais de rede de água, sendo possível definir limites operacionais que constituíram o subsetor da VRP. Tais limites operacionais foram estabelecidos de forma a abranger a maior extensão de rede e o menor número de registros a serem fechados e/ou a existência de caps para seu respectivo isolamento. A partir da garantia de estanqueidade do subsetor de VRP, verificada através de testes de campo, tornou-se viável a realização das medições necessárias para o dimensionamento da VRP e sua futura operação. O subsetor da VRP João da Cruz Melão localiza-se no município de São Paulo, na porção oeste da RMSP, tendo como principal acesso a Marginal Pinheiros sendo abastecido através de rede de ø 700 mm (FºFº), localizada na Rua João da Cruz Melão quase esquina com a Rua Corgie Assad Abdala. 75 Apresenta 124 km de extensão de rede, com diâmetros que variam entre 75 e 700 mm na sua maioria em FºFº e PVC, e variação altimétrica de 730 a 770 m. Caracteriza-se por ocupação mista, porém, predominantemente residencial e apresenta grandes consumidores, tais como hospitais, inseridos no subsetor. O subsetor definido como de abrangência desta VRP engloba as áreas de influência das VRP’s Alvarenga e Nordestina, que serão desativadas quando do início da operação da VRP em questão. 5.1.2 Medição de Vazão e Pressão Para dimensionamento da válvula são necessários dados de vazão e pressão do subsetor, de forma a verificar a viabilidade e/ou necessidade de instalação de uma válvula redutora de pressão na área. Para monitoramento de vazões de entrada do subsetor para o dimensionamento da VRP João da Cruz Melão, foi utilizado um Tap instalado na rede de ø 700 mm (FºFº) na Rua João da Cruz Melão quase em frente ao nº 312, onde foi instalado um equipamento de medição de vazão por inserção. Para a análise das pressões, foram definidos pontos de medição, sendo necessária a determinação do ponto mais crítico do subsetor, que em geral se encontra num local de maior nível altimétrico ou de maior distância em relação à VRP, representando a maior perda de carga ou, ainda, próximo a um grande consumidor. Tais pontos foram identificados nos mapas cadastrais e confirmados em campo por medições de pressão com armazenadores de dados. A tabela 5 a seguir apresenta os pontos de medição de vazão e pressão do subsetor da VRP. 76 Tabela 5 - Pontos de medição de vazão e pressão VRP Fonte: Sabesp Ponto QP01v QP01p P001 P002 P003 P004 Localização Característica Rua João da Cruz Melão quase em frente ao nº 312 Rua João da Cruz Melão quase em frente ao nº 312 Avenida Jorge João Saad, 1001 Rua Amélia Correa Guimarães, 379 Rua Levon Apovian, 312 2075 P006 Rua José Rubens, 288 P009 P010 P011 Monitoramento de Pressão para análise do subsetor subsetor Monitoramento de Pressão para análise do subsetor Avenida Profº Francisco Morato, Monitoramento de Pressão para análise do Rua Padre Eugenio Lopes, 459 P008 Pressão de Alimentação do subsetor Fontes Monitoramento de Pressão para análise do P005 *P007 Vazão de Alimentação do subsetor subsetor Monitoramento de Pressão para análise do subsetor Monitoramento de Pressão para análise do subsetor Rua Doutor Queiroz Guimarães, Monitoramento de Pressão para análise do 477 Rua Bijari, 238 subsetor (ponto crítico) Monitoramento de Pressão para análise do subsetor Rua Nordestino, s/n (Montante Monitoramento de Pressão para análise do da VRP) subsetor Rua Nordestino, s/n (Jusante da Monitoramento de Pressão para análise do VRP) Avenida dos Magnólias, 512 subsetor Monitoramento de Pressão para análise do subsetor A planta com a localização dos pontos encontra-se dos pontos pode ser verificada na figura 11. 77 Figura 11 - Mapa de localização dos pontos Fonte: Google Earth A tabela 6, apresenta um resumo dos valores obtidos nas medições para o dimensionamento da VRP João da Cruz Melão que foram realizadas no mês de maio de 2009. 78 Tabela 6 - Resultados da campanha de medição Fonte: Sabesp Ponto de Medição Medição Máximo Mínimo Unidade Q01v vazão 1072 340 m³/h Q01p pressão 50 46 mca P001 pressão 62 37 mca P002 pressão 27 5 mca P003 pressão 65 51 mca P004 pressão 47 38 mca P005 pressão 74 31 mca P006 pressão 62 37 mca P007 pressão 23 5 mca P008 pressão 58 43 mca P009 pressão 62 55 mca P010 pressão 37 26 mca P011 pressão 25 14 mca P012 pressão 67 46 mca P013 pressão 35 25 mca Alguns pontos apresentaram valores de pressão tanto acima quanto abaixo dos recomendados na NBR 12218 – Projeto de rede de distribuição de água para abastecimento público, a qual estabelece a pressão estática máxima nas tubulações distribuidoras de 500kPa ou 50mca e, pressão dinâmica mínima de 100kPa ou 10mca. Segundo a NBR 12218, valores de pressão estática superiores à máxima e pressão dinâmica inferiores à mínima, podem ser aceitos, desde que justificados técnica e economicamente. Diante disso, o dimensionamento e a operação da VRP também objetiva a regularização das pressões em conformidade com as normas técnicas vigentes e a prestação de serviço com qualidade. 79 O gráfico 2, a seguir, apresenta os resultados de pressão do ponto P007. O gráfico dos demais pontos encontram-se no anexo A. 25-05-2009_18:00:00 25-05-2009_12:00:00 25-05-2009_06:00:00 25-05-2009_00:00:00 24-05-2009_18:00:00 24-05-2009_12:00:00 24-05-2009_06:00:00 24-05-2009_00:00:00 23-05-2009_18:00:00 23-05-2009_12:00:00 23-05-2009_06:00:00 23-05-2009_00:00:00 22-05-2009_18:00:00 22-05-2009_12:00:00 22-05-2009_06:00:00 22-05-2009_00:00:00 21-05-2009_18:00:00 21-05-2009_12:00:00 21-05-2009_06:00:00 21-05-2009_00:00:00 20-05-2009_18:00:00 20-05-2009_12:00:00 20-05-2009_06:00:00 20-05-2009_00:00:00 19-05-2009_18:00:00 19-05-2009_12:00:00 19-05-2009_06:00:00 19-05-2009_00:00:00 18-05-2009_18:00:00 18-05-2009_12:00:00 18-05-2009_06:00:00 18-05-2009_00:00:00 Pressão (mca) 80 Gráfico 2 - Pressão no ponto P007 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 81 5.1.3 Dimensionamento das válvulas O dimensionamento hidráulico da Válvula Redutora de Pressão foi feito com base na velocidade máxima no menor diâmetro do barrilete. Adicionalmente, foram verificadas vazões máximas e mínimas medidas em campo, bem como a quebra de pressão imposta àquela situação, observando-se o efeito de cavitação na VRP. Com os dados da vazão obtidos em campo, foram determinados para a VRP: Vazão máxima no subsetor; Vazão mínima no subsetor; Pressão mínima no ponto crítico; Pressão máxima a montante da futura VRP (QP); Sentido do fluxo de água. A partir destes dados, foram verificadas características e especificações técnicas dos materiais e equipamentos disponíveis no mercado, o que culminou com a determinação, para este projeto, de uma VRP Watts com DN 16” (400 mm). No Anexo B encontra-se um Resumo das Especificações Técnicas das VRPs. Os dados para dimensionamento da válvula estão descritos no anexo C deste trabalho. 5.1.4 Definição das regulagens A máxima redução de pressão é aquela que resulta na mínima pressão de serviço no ponto crítico durante a máxima vazão projetada, ou seja, na situação com maior perda de carga no subsetor. Dadas as condições do abastecimento do subsetor de VRP João da Cruz Melão, determinou a utilização de Controlador Inteligente de VRP, cuja pressão de saída foi modulada por tempo, conforme parâmetros apresentados na tabela 7 a seguir: 82 Tabela 7 - Parâmetros de regulagem para VRP Fonte: Sabesp Período (hs) Pressão de saída (mca) De 01:45hs às 05:45hs 30 De 05:45hs às 10:45hs 43 De 10:45hs às 17:45hs 46 De 17:45hs às 23:45hs 37 De 23:45hs às 01:45hs 32 Visando o atendimento do Ponto Crítico da Rua Amélia Correa Fontes Guimarães, 379 foi estabelecida que a pressão mínima da modulação da VRP seria de 30 mca. Com esta regulagem da VRP, o ponto crítico acima descrito, onde a pressão máxima variava antes da regulagem da VRP, em torno de 24 mca, passou, após a regulagem a ser atendido com pressão máxima variando em torno de 16 mca. A presente regulagem possibilitou também a desativação das VRP’s Alvarenga e Nordestina, situadas dentro da área de influência da VRP João da Cruz Melão. Segue abaixo a tabela 8 com a localização dos pontos de monitoramento utilizados para o comissionamento da válvula: Tabela 8 - Pontos de medição de vazão e pressão para comissionamento da válvula Fonte: Sabesp Ponto H002 P014 P015 P016 Localização Característica VRP João da Cruz Melão Rua João da Cruz Melão Monitoramento de Vazão quase em frente ao nº 312 para análise do subsetor VRP João da Cruz Melão – Montante da VRP Monitoramento de Pressão Rua João da Cruz Melão quase em frente ao nº 312 para análise do subsetor VRP João da Cruz Melão – Jusante da VRP Monitoramento de Pressão Rua João da Cruz Melão quase em frente ao nº 312 para análise do subsetor Avenida Jorge João Saad, 1001 Monitoramento de Pressão para análise do subsetor 83 Ponto Localização P017 Rua Amélia Correa Fontes Guimarães, 379 (Ponto Monitoramento de Pressão Crítico) P018 P019 P020 P021 P022 P023 P024 P025 P026 P027 P028 Rua Levon Apovian, 312 Avenida Profº Francisco Morato, 2075 Rua Padre Eugenio Lopes, 458 Rua José Rubens, 288 Rua Doutor Queiroz Guimarães, 216 Rua Bijari, 238 Rua Nordestino, s/n – Montante da VRP Nordestino Rua Nordestino, s/n – Jusante da VRP Nordestino Avenida dos Magnólias, 512 Rua Alvarenga, s/n – Montante da VRP Alvarenga Rua Alvarenga, s/n- Jusante da VRP Alvarenga Característica para análise do subsetor Monitoramento de Pressão para análise do subsetor Monitoramento de Pressão para análise do subsetor Monitoramento de Pressão para análise do subsetor Monitoramento de Pressão para análise do subsetor Monitoramento de Pressão para análise do subsetor Monitoramento de Pressão para análise do subsetor Monitoramento de Pressão para análise do subsetor Monitoramento de Pressão para análise do subsetor Monitoramento de Pressão para análise do subsetor Monitoramento de Pressão para análise do subsetor Monitoramento de Pressão para análise do subsetor 5.1.5 Resultados da regulagem O gráfico de vazão é a demonstração mais eloquente dos efeitos do controle de pressão. A superposição dos perfis antes e após a regulagem permite observar diretamente uma amostragem da economia de água obtida na área com o controle de pressão. Para uma melhor observação dos efeitos da regulagem, estes gráficos são apresentados com um intervalo de dados de 15 minutos. 84 Com a regulagem realizada a economia obtida com a implantação da VRP é da ordem de 13,27 L/s. O tabela 9 a seguir apresenta um resumo comparativo dos dados de vazão e pressões na saída da válvula e no ponto crítico, obtidos em campo antes e após a regulagem da VRP. Tabela 9 - Vazões e pressões antes e após a regulagem da VRP Fonte: Sabesp Pontos Antes da Regulagem Após Regulagem Mínima Máxima Mínima Máxima H001 – Vazão (m³/h) 383 944 328 885 P001 – Pressão (mca) (saída da VRP) 42 47 31 40 P002 – Pressão (mca) (ponto crítico) 10 24 8 16 O P002 - Pressão (mca) (ponto crítico) apresenta valor inferior à pressão dinâmica mínima determinada pela NBR 12218 – Projeto de rede de distribuição de água para abastecimento público, o qual é justificado pelo curto período de ocorrência e pelo monitoramento constante através de telemetria no Centro de Operação da Sabesp. Além disso, a NBR 5626 – Instalação predial de água fria estabelece nos itens 5.2.5.1 e 5.3.3, que a reservação do imóvel deve atender no mínimo a demanda de 24 horas do consumo normal e o enchimento do reservatório deve ser realizado em até 6h para grandes consumidores e em até 1h para residências uni familiares. Os gráficos 3, 4 e 5 a seguir, apresentam, respectivamente, os gráficos com os resultados da regulagem quanto ao perfil de vazão e também de pressão no ponto crítico e na saída da VRP. 85 Gráfico 3 - Vazão VRP Fonte: Sabesp Vazão na Válvula - VRP João da Cruz Melão Extensão de rede: 124 Km 1050 1000 950 900 850 800 750 700 600 550 500 450 400 350 300 250 200 ECONOMIA = 13,27 L/s 150 100 50 0 00 :0 0 03 :3 0 07 :0 0 10 :3 0 14 :0 0 17 :3 0 21 :0 0 00 :3 0 04 :0 0 07 :3 0 11 :0 0 14 :3 0 18 :0 0 21 :3 0 01 :0 0 04 :3 0 08 :0 0 11 :3 0 15 :0 0 18 :3 0 22 :0 0 01 :3 0 05 :0 0 08 :3 0 12 :0 0 15 :3 0 19 :0 0 22 :3 0 02 :0 0 05 :3 0 09 :0 0 12 :3 0 16 :0 0 19 :3 0 23 :0 0 Vazão (m3/h) 650 Tempo (h) Volume antes da Regulagem =8.972,98 m³/dia ou 103,85 L/s Volume Após a Regulagem = 7.296,43 m³/dia ou 84,45 L/s 00 :0 03 0 :1 06 5 :3 09 0 :4 13 5 :0 16 0 :1 19 5 :3 22 0 :4 02 5 :0 05 0 :1 08 5 :3 11 0 :4 15 5 :0 18 0 :1 21 5 :3 00 0 :4 04 5 :0 07 0 :1 10 5 :3 13 0 :4 17 5 :0 20 0 :1 23 5 :3 02 0 :4 06 5 :0 09 0 :1 12 5 :3 15 0 :4 19 5 :0 22 0 :1 01 5 :3 04 0 :4 08 5 :0 11 0 :1 14 5 :3 17 0 :4 21 5 :0 0 Pressão (mca) 86 Gráfico 4 - Pressão no ponto crítico 30 Pressão no Ponto Fonte: CriticoSabesp - VRP João da Cruz Melão Rua Amélia Correa Fontes Guimarães, 379 25 20 15 10 5 Pressão antes da regulagem Pressão após a regulagem 0 Tempo (h) 87 70 Gráfico 5de - Pressão saída da Pressão saída dade VRPJoão daVRP Cruz Melão Rua João da Cruz Melão quase Fonte: esquina Sabesp com a Rua Corgie Assad Abdala 65 60 55 50 40 35 30 25 20 Pressão antes da regulagem 15 Pressão após a regulagem 10 5 0 00 :0 03 0 :1 06 5 :3 09 0 :4 13 5 :0 16 0 :1 19 5 :3 22 0 :4 02 5 :0 05 0 :1 08 5 :3 11 0 :4 15 5 :0 18 0 :1 21 5 :3 00 0 :4 04 5 :0 07 0 :1 10 5 :3 13 0 :4 17 5 :0 20 0 :1 23 5 :3 02 0 :4 06 5 :0 09 0 :1 12 5 :3 15 0 :4 19 5 :0 22 0 :1 01 5 :3 04 0 :4 08 5 :0 11 0 :1 14 5 :3 17 0 :4 21 5 :0 0 Pressão (mca) 45 Tempo (h) 88 5.1.6 Otimização da VRP A otimização consiste em atingir, através de regulagens na VRP sua melhor condição operacional, garantindo a máxima redução de pressão no equipamento, respeitando o consumo do setor abrangido pela VRP, sem causar desabastecimentos nos pontos críticos. Para se atingir este estado “ótimo” da operação da VRP, é necessário o monitoramento contínuo das condições operacionais da VRP e do comportamento do abastecimento dos pontos críticos. Mudanças nas características do setor da VRP como aumento/redução da demanda por novos pontos de consumo, mudanças sazonais de temperatura por exemplo, exigem acompanhamento e análise das pressões e vazões para realização de ajustes operacionais na válvula. Os ajustes da VRP João da Cruz Melão foram realizados de forma criteriosa, com auxílio de um sistema informatizado de monitoramento e telecomando, conforme figuras 12 e 13 abaixo: Figura 12 - Tela de monitoramento 1 da VRP no sistema VectorSys Fonte: Sabesp 89 Figura 13 - Tela de monitoramento 2 da VRP no sistema VectorSys Fonte: Sabesp Os ajustes de pressão / vazão podem ser realizados diretamente no sistema por meio de telecomando, permitindo a configuração dos parâmetros de operação da válvula de forma modulada, programando sua abertura / fechamento em função do horário e dia da semana. Tal condição propicia a operação refinada da válvula atendendo às características do setor abrangido e potencializando a redução das perdas físicas. Nas figuras 14, 15 e 16, a seguir, apresenta-se a tela do sistema VectorSys para configuração dos parâmetros de operação da VRP: 90 Figura 14 - Tela de configuração dos parâmetros de operação da VRP Fonte: Sabesp Figura 15 - Tela de monitoramento das pressões montante (Pin) e jusante (Pout) da VRP Fonte: Sabesp 91 Figura 16 - Tela de monitoramento do volume totalizado da VRP Fonte: Sabesp Com auxílio do sistema de monitoramento e telecomando apresentado, a área de engenharia operacional da Sabesp, realizou estudo/análise dos dados e características do setor da VRP João da Cruz Melão e implantou a partir de outubro de 2013 uma nova configuração operacional, a qual otimizou a operação da válvula, intensificando a redução da pressão estática (máxima). O gráfico 6, a seguir, é um comparativo das vazões de operação da VRP João da Cruz Melão antes e depois da otimização. Para tanto foram escolhidos 02 dias de mesmas características (30/09/13 e 28/10/13), como: dia da semana, temperatura, precipitação, ausência de intervenções no abastecimento, etc.; 92 Gráfico 6 - Vazões antes e depois da otimização - Set/2013 Fonte: Sabesp As alterações realizadas não interferiram no atendimento aos clientes, uma vez que as redes são mantidas pressurizadas. Após a otimização, observa-se que no período de menor uso da rede a pressão foi diminuída a fim de manter vazão baixa pois não há necessidade grandes volumes de água na rede para abastecimento dos pontos de consumo. Abaixo segue tabela 10 com o resumo dos resultados obtidos, evidenciando o ganho operacional dessa ação. Tabela 10 - Economia obtida com a operação da VRP Fonte: Sabesp Após a regulagem (Ago/2009) Após a otimização (Out/2013) 13,27 l/s 17,65 l/s 34.396 m³ / mês 45.749 m³ / mês 5.1.7 Retorno do Investimento de implantação e regulagem da válvula O controle de pressão das redes de distribuição de água tem como premissa reduzir perdas reais do subsetor de controle. Entretanto, existem outros fatores, resultantes 93 deste controle, que contribuem para a eficiência operacional do sistema de distribuição, dentre os quais podemos citar: Diminuição dos custos de reparo de vazamentos; Diminuição da frequência de paradas de abastecimento para reparos de vazamento; Melhoria da imagem da Companhia frente ao consumidor, devido a fatores como diminuição ou eliminação de vazamentos visíveis e interrupções do fornecimento de água; Possibilidade de implantação de um diagnóstico e controle mais eficiente das perdas do sistema. Estes fatores tem um custo relativo, que é relevante para a análise de benefício da implantação de um sistema avançado de controle de pressão. Muitos destes fatores entretanto, são difíceis de serem quantificados por demandarem um período prolongado de observação e pesquisa. Visando avaliar o tempo de retorno do investimento da instalação, como forma de quantificar o benefício gerado pela mesma, elegeu-se como indicador, o parâmetro vazão de alimentação do subsetor. Este parâmetro consiste no resultado da superposição dos perfis de vazão medida antes e após a regulagem da VRP, que resulta numa amostragem da economia de água obtida com o controle de pressão. Com posse deste indicador, e conhecendo-se os valores do investimento para a implantação e operacionalização do conjunto redutor de pressão, é possível avaliar em quanto tempo a economia de água gerada por tal dispositivo atinge os valores investidos. Conforme citado no item anterior, após a regulagem final (de implantação), a economia de água obtida com a implantação da VRP é da ordem de 13,27 L/s ou 34404,15m3/mês. 94 A preços de agosto de 2008, o custo total para implantação da VRP foi de R$ 479.674,76 conforme apresenta tabela 10 a seguir: Tabela 11 - Resumo dos investimentos para implantação da VRP Fonte: Sabesp ATIVIDADES CUSTO Serviços de Engenharia R$ 11.863,82 Serviços de Apoio Técnico R$ 54.183,91 Serviços de Campo R$ 103.154,74 Fornecimentos R$ 310.472,29 TOTAL DO INVESTIMENTO R$ 479.674,76 Segundo informações fornecidas pela Sabesp, o custo do metro cúbico de água, disponibilizada ao consumidor através das redes de distribuição, é de R$ 0,66 / m³. Dado que a economia de água proporcionada pela instalação é da ordem de 13,27 L/s ou 34404,15 m3/mês, no período de um mês de operação da VRP, pode-se economizar cerca de R$ 37.513,25. Com base nestes parâmetros, pode-se estimar que o investimento efetuado no sistema retorne para a Companhia, num período aproximado de 13 meses. Nesta analise não foi considerado o custo operacional mensal pois não foi possível obter este dado. 95 6 ANÁLISE DOS RESULTADOS Os resultados demonstram desempenho positivo da VRP João da Cruz Melão, tanto sob o ponto de vista econômico, financeiro e imagem da empresa (redução dos vazamentos), quanto sob a ótica socioambiental (escassez do recurso). Com a instalação da VRP foi possível economizar 34.404 m³ de água por mês além de fornecer aos usuários uma pressão da rede mais constante, sem grandes oscilações. Fica evidente com a otimização da VRP realizada em 2013, a qual propiciou o aumento de 33% sobre a economia já obtida, que a permanência da regulagem inicial pode não garantir a economia máxima. Uma diminuição pequena da pressão corresponde a uma redução significativa do índice de vazamentos. Fatores como mudanças na demanda do setor, nas condições físicas de infraestrutura podem ao longo do tempo, assim como interferências sazonais de temperatura, impedir o aproveitamento máximo da VRP. 96 7 CONCLUSÕES Conforme exposto ao longo deste trabalho, a pressão a que está submetido o sistema de distribuição de água é o fator hidráulico principal na quantidade e intensidade dos vazamentos. Desta forma, o controle de pressões na distribuição de água é fundamental para a redução das perdas reais e, consequentemente, a minimização do uso dos recursos hídricos. A utilização de VRP’s no controle das pressões, apesar de efetiva e definitiva, constitui-se em uma solução paliativa, pois, reflete a realidade de um sistema de distribuição mal planejado sob o ponto de vista da setorização piezométrica, principalmente nas áreas urbanas, em função do rápido e desordenado crescimento. A VRP dissipa a energia gravitacional que foi efetivamente gasta para que a água alcance uma determinada cota de distribuição (reservatórios de distribuição). Resultando num balanço energético pouco eficiente, pois em princípio a energia gasta no recalque será em seguida dissipada. A solução ideal, do ponto de vista de consumo energético de longo prazo, seria a implantação de reservatórios distribuídos em cotas intermediárias, responsáveis pelo abastecimento de menores áreas, já que, muitas vezes a topografia da região apresenta desníveis muito acentuados, que fazem com que a setorização clássica em duas zonas de pressão (zonas baixa e alta), não consiga atingir os valores estabelecidos por norma. A realidade da distribuição de água em sistemas existentes, no entanto torna a implantação de VRP’s uma solução bem satisfatória, uma vez que os investimentos iniciais são consideravelmente mais baixos. Em função disso, o emprego de VRP’s representa uma alternativa, ainda que não ideal, razoavelmente satisfatória para a redução das perdas reais do subsetor de controle, fazendo com que seja empregada atualmente pelas companhias de saneamento. 97 Por fim, a economia de água gerada por este dispositivo atinge, de modo geral, num período relativamente curto os valores investidos pela companhia de saneamento para a implantação e operacionalização do conjunto redutor de pressão. Esse fato torna a decisão de instalação do sistema confortável para os gestores de sistemas de distribuição de água. Vale ressaltar que, consiste de uma tecnologia que requer técnicas qualificadas e especializadas. Pois, uma vez instalada passa a afetar diretamente o abastecimento da área abrangida pelo controle de pressão. Deste modo, uma pequena irregularidade nas condições de instalação ou de configuração da válvula, ao invés de trazer benefícios, pode comprometer negativamente o abastecimento. Ambientalmente o controle da pressão é recomendável, pois não só minimiza o uso do recurso hídrico como também minimiza a geração de resíduos inerentes no tratamento da água e toda a sua cadeia de condicionamento e destino final. Se o controle de pressão no sistema de distribuição de água traz resultados econômicos satisfatórios, o ser humano fica mais contente pela qualidade dos serviços no setor, com certeza pode-se dizer: “o meio ambiente agradece”. 98 8 RECOMENDAÇÕES Para o estudo de implantação, a modulação da VRP tendo como parâmetro(s) o(s) ponto(s) críticos pode ser mais facilmente validada quando realizada com auxílio de modelo matemático de tempo estendido, no qual se podem inserir os dados coletados por meio dos registradores eletrônicos instalados nos pontos de interesse. Tal medida auxilia na identificação de erros de medição e nas análises prévias da interferência no abastecimento, principalmente em se tratando de VRP com grande área de abrangência, como a deste estudo de caso. Outra contribuição importante do modelo matemático é análise e identificação mais ágil de qual alternativa implantar, como exemplo: VRP com grande área de abrangência e complexo sistema de modulação ou VRPs em série / paralelo com adequações nas redes de distribuição. Para a operação é importante o monitoramento constante das condições operacionais da área abrangida pela VRP e suas imediações, a fim de subsidiar a otimização. 99 REFERÊNCIAS ALMEIDA, Rodrigo Martins de et al. PERDAS REAIS DE ÁGUA EM TUBULAÇÕES DE PVC. 2011. Disponível em: <http://www.abrh.org.br/SGCv3/UserFiles/Sumarios/c7eb5126c71ba6ec285c0d32bdf 26865_2c4643e15df1eb39abe7d8e18afa65f4.pdf>. Acesso em: 11 mar. 2014. ANEEL – AGêNCIA NACIONAL DE ENERGIA ELÉTRICA (Itajuba). 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São Paulo: Prosab, 2013. 274 p. 25-05-2009_18:00:00 25-05-2009_12:00:00 25-05-2009_06:00:00 25-05-2009_00:00:00 24-05-2009_18:00:00 24-05-2009_12:00:00 24-05-2009_06:00:00 24-05-2009_00:00:00 23-05-2009_18:00:00 23-05-2009_12:00:00 23-05-2009_06:00:00 23-05-2009_00:00:00 22-05-2009_18:00:00 22-05-2009_12:00:00 22-05-2009_06:00:00 22-05-2009_00:00:00 21-05-2009_18:00:00 21-05-2009_12:00:00 21-05-2009_06:00:00 21-05-2009_00:00:00 20-05-2009_18:00:00 20-05-2009_12:00:00 20-05-2009_06:00:00 20-05-2009_00:00:00 19-05-2009_18:00:00 19-05-2009_12:00:00 19-05-2009_06:00:00 19-05-2009_00:00:00 18-05-2009_18:00:00 18-05-2009_12:00:00 18-05-2009_06:00:00 18-05-2009_00:00:00 Vazão (m³/h) 105 ANEXO A – GRAFICO DE VAZÃO DOS PONTOS Gráfico 7 - Vazão no ponto Q01v Fonte: Sabesp 1200,00 1000,00 800,00 600,00 400,00 200,00 0,00 25-05-2009_18:00:00 25-05-2009_12:00:00 25-05-2009_06:00:00 25-05-2009_00:00:00 24-05-2009_18:00:00 24-05-2009_12:00:00 24-05-2009_06:00:00 24-05-2009_00:00:00 23-05-2009_18:00:00 23-05-2009_12:00:00 23-05-2009_06:00:00 23-05-2009_00:00:00 22-05-2009_18:00:00 22-05-2009_12:00:00 22-05-2009_06:00:00 22-05-2009_00:00:00 21-05-2009_18:00:00 21-05-2009_12:00:00 21-05-2009_06:00:00 21-05-2009_00:00:00 20-05-2009_18:00:00 20-05-2009_12:00:00 20-05-2009_06:00:00 20-05-2009_00:00:00 19-05-2009_18:00:00 19-05-2009_12:00:00 19-05-2009_06:00:00 19-05-2009_00:00:00 18-05-2009_18:00:00 18-05-2009_12:00:00 18-05-2009_06:00:00 18-05-2009_00:00:00 Pressão (mca) 106 Gráfico 8 - Vazão no ponto Q01p Fonte: Sabesp 51,00 50,00 49,00 48,00 47,00 46,00 45,00 44,00 25-05-2009_18:00:00 25-05-2009_12:00:00 25-05-2009_06:00:00 25-05-2009_00:00:00 24-05-2009_18:00:00 24-05-2009_12:00:00 24-05-2009_06:00:00 24-05-2009_00:00:00 23-05-2009_18:00:00 23-05-2009_12:00:00 23-05-2009_06:00:00 23-05-2009_00:00:00 22-05-2009_18:00:00 22-05-2009_12:00:00 22-05-2009_06:00:00 22-05-2009_00:00:00 21-05-2009_18:00:00 21-05-2009_12:00:00 21-05-2009_06:00:00 21-05-2009_00:00:00 20-05-2009_18:00:00 20-05-2009_12:00:00 20-05-2009_06:00:00 20-05-2009_00:00:00 19-05-2009_18:00:00 19-05-2009_12:00:00 19-05-2009_06:00:00 19-05-2009_00:00:00 18-05-2009_18:00:00 18-05-2009_12:00:00 18-05-2009_06:00:00 18-05-2009_00:00:00 Pressão (mca) 107 Gráfico 9 - Vazão no ponto P001 Fonte: Sabesp 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 25-05-2009_18:00:00 25-05-2009_12:00:00 25-05-2009_06:00:00 25-05-2009_00:00:00 24-05-2009_18:00:00 24-05-2009_12:00:00 24-05-2009_06:00:00 24-05-2009_00:00:00 23-05-2009_18:00:00 23-05-2009_12:00:00 23-05-2009_06:00:00 23-05-2009_00:00:00 22-05-2009_18:00:00 22-05-2009_12:00:00 22-05-2009_06:00:00 22-05-2009_00:00:00 21-05-2009_18:00:00 21-05-2009_12:00:00 21-05-2009_06:00:00 21-05-2009_00:00:00 20-05-2009_18:00:00 20-05-2009_12:00:00 20-05-2009_06:00:00 20-05-2009_00:00:00 19-05-2009_18:00:00 19-05-2009_12:00:00 19-05-2009_06:00:00 19-05-2009_00:00:00 18-05-2009_18:00:00 18-05-2009_12:00:00 18-05-2009_06:00:00 18-05-2009_00:00:00 Pressão (mca) 108 Gráfico 10 - Vazão no ponto P003 Fonte: Sabesp 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 25-05-2009_18:00:00 25-05-2009_12:00:00 25-05-2009_06:00:00 25-05-2009_00:00:00 24-05-2009_18:00:00 24-05-2009_12:00:00 24-05-2009_06:00:00 24-05-2009_00:00:00 23-05-2009_18:00:00 23-05-2009_12:00:00 23-05-2009_06:00:00 23-05-2009_00:00:00 22-05-2009_18:00:00 22-05-2009_12:00:00 22-05-2009_06:00:00 22-05-2009_00:00:00 21-05-2009_18:00:00 21-05-2009_12:00:00 21-05-2009_06:00:00 21-05-2009_00:00:00 20-05-2009_18:00:00 20-05-2009_12:00:00 20-05-2009_06:00:00 20-05-2009_00:00:00 19-05-2009_18:00:00 19-05-2009_12:00:00 19-05-2009_06:00:00 19-05-2009_00:00:00 18-05-2009_18:00:00 18-05-2009_12:00:00 18-05-2009_06:00:00 18-05-2009_00:00:00 Pressão (mca) 109 Gráfico 11 - Vazão no ponto P004 Fonte: Sabesp 50,00 45,00 40,00 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 25-05-2009_18:00:00 25-05-2009_12:00:00 25-05-2009_06:00:00 25-05-2009_00:00:00 24-05-2009_18:00:00 24-05-2009_12:00:00 24-05-2009_06:00:00 24-05-2009_00:00:00 23-05-2009_18:00:00 23-05-2009_12:00:00 23-05-2009_06:00:00 23-05-2009_00:00:00 22-05-2009_18:00:00 22-05-2009_12:00:00 22-05-2009_06:00:00 22-05-2009_00:00:00 21-05-2009_18:00:00 21-05-2009_12:00:00 21-05-2009_06:00:00 21-05-2009_00:00:00 20-05-2009_18:00:00 20-05-2009_12:00:00 20-05-2009_06:00:00 20-05-2009_00:00:00 19-05-2009_18:00:00 19-05-2009_12:00:00 19-05-2009_06:00:00 19-05-2009_00:00:00 18-05-2009_18:00:00 18-05-2009_12:00:00 18-05-2009_06:00:00 18-05-2009_00:00:00 Pressão (mca) 110 Gráfico 12 - Vazão no ponto P005 Fonte: Sabesp 80,00 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 25-05-2009_18:00:00 25-05-2009_12:00:00 25-05-2009_06:00:00 25-05-2009_00:00:00 24-05-2009_18:00:00 24-05-2009_12:00:00 24-05-2009_06:00:00 24-05-2009_00:00:00 23-05-2009_18:00:00 23-05-2009_12:00:00 23-05-2009_06:00:00 23-05-2009_00:00:00 22-05-2009_18:00:00 22-05-2009_12:00:00 22-05-2009_06:00:00 22-05-2009_00:00:00 21-05-2009_18:00:00 21-05-2009_12:00:00 21-05-2009_06:00:00 21-05-2009_00:00:00 20-05-2009_18:00:00 20-05-2009_12:00:00 20-05-2009_06:00:00 20-05-2009_00:00:00 19-05-2009_18:00:00 19-05-2009_12:00:00 19-05-2009_06:00:00 19-05-2009_00:00:00 18-05-2009_18:00:00 18-05-2009_12:00:00 18-05-2009_06:00:00 18-05-2009_00:00:00 Pressão (mca) 111 Gráfico 13 - Vazão no ponto O006 Fonte: Sabesp 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 25-05-2009_18:00:00 25-05-2009_12:00:00 25-05-2009_06:00:00 25-05-2009_00:00:00 24-05-2009_18:00:00 24-05-2009_12:00:00 24-05-2009_06:00:00 24-05-2009_00:00:00 23-05-2009_18:00:00 23-05-2009_12:00:00 23-05-2009_06:00:00 23-05-2009_00:00:00 22-05-2009_18:00:00 22-05-2009_12:00:00 22-05-2009_06:00:00 22-05-2009_00:00:00 21-05-2009_18:00:00 21-05-2009_12:00:00 21-05-2009_06:00:00 21-05-2009_00:00:00 20-05-2009_18:00:00 20-05-2009_12:00:00 20-05-2009_06:00:00 20-05-2009_00:00:00 19-05-2009_18:00:00 19-05-2009_12:00:00 19-05-2009_06:00:00 19-05-2009_00:00:00 18-05-2009_18:00:00 18-05-2009_12:00:00 18-05-2009_06:00:00 18-05-2009_00:00:00 Pressão (mca) 112 Gráfico 14 - Vazão no ponto P002 Fonte: Sabesp 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 25-05-2009_18:00:00 25-05-2009_12:00:00 25-05-2009_06:00:00 25-05-2009_00:00:00 24-05-2009_18:00:00 24-05-2009_12:00:00 24-05-2009_06:00:00 24-05-2009_00:00:00 23-05-2009_18:00:00 23-05-2009_12:00:00 23-05-2009_06:00:00 23-05-2009_00:00:00 22-05-2009_18:00:00 22-05-2009_12:00:00 22-05-2009_06:00:00 22-05-2009_00:00:00 21-05-2009_18:00:00 21-05-2009_12:00:00 21-05-2009_06:00:00 21-05-2009_00:00:00 20-05-2009_18:00:00 20-05-2009_12:00:00 20-05-2009_06:00:00 20-05-2009_00:00:00 19-05-2009_18:00:00 19-05-2009_12:00:00 19-05-2009_06:00:00 19-05-2009_00:00:00 18-05-2009_18:00:00 18-05-2009_12:00:00 18-05-2009_06:00:00 18-05-2009_00:00:00 Pressão (mca) 113 Gráfico 15 - Vazão no ponto P008 Fonte: Sabesp 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 25-05-2009_18:00:00 25-05-2009_12:00:00 25-05-2009_06:00:00 25-05-2009_00:00:00 24-05-2009_18:00:00 24-05-2009_12:00:00 24-05-2009_06:00:00 24-05-2009_00:00:00 23-05-2009_18:00:00 23-05-2009_12:00:00 23-05-2009_06:00:00 23-05-2009_00:00:00 22-05-2009_18:00:00 22-05-2009_12:00:00 22-05-2009_06:00:00 22-05-2009_00:00:00 21-05-2009_18:00:00 21-05-2009_12:00:00 21-05-2009_06:00:00 21-05-2009_00:00:00 20-05-2009_18:00:00 20-05-2009_12:00:00 20-05-2009_06:00:00 20-05-2009_00:00:00 19-05-2009_18:00:00 19-05-2009_12:00:00 19-05-2009_06:00:00 19-05-2009_00:00:00 18-05-2009_18:00:00 18-05-2009_12:00:00 18-05-2009_06:00:00 18-05-2009_00:00:00 Pressão (mca) 114 Gráfico 16 - Vazão no ponto P009 Fonte: Sabesp 70,00 60,00 50,00 40,00 30,00 20,00 10,00 0,00 25-05-2009_18:00:00 25-05-2009_12:00:00 25-05-2009_06:00:00 25-05-2009_00:00:00 24-05-2009_18:00:00 24-05-2009_12:00:00 24-05-2009_06:00:00 24-05-2009_00:00:00 23-05-2009_18:00:00 23-05-2009_12:00:00 23-05-2009_06:00:00 23-05-2009_00:00:00 22-05-2009_18:00:00 22-05-2009_12:00:00 22-05-2009_06:00:00 22-05-2009_00:00:00 21-05-2009_18:00:00 21-05-2009_12:00:00 21-05-2009_06:00:00 21-05-2009_00:00:00 20-05-2009_18:00:00 20-05-2009_12:00:00 20-05-2009_06:00:00 20-05-2009_00:00:00 19-05-2009_18:00:00 19-05-2009_12:00:00 19-05-2009_06:00:00 19-05-2009_00:00:00 18-05-2009_18:00:00 18-05-2009_12:00:00 18-05-2009_06:00:00 18-05-2009_00:00:00 Pressão (mca) 115 Gráfico 17 - Vazão no ponto P010 Fonte: Sabesp 40,00 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 25-05-2009_18:00:00 25-05-2009_12:00:00 25-05-2009_06:00:00 25-05-2009_00:00:00 24-05-2009_18:00:00 24-05-2009_12:00:00 24-05-2009_06:00:00 24-05-2009_00:00:00 23-05-2009_18:00:00 23-05-2009_12:00:00 23-05-2009_06:00:00 23-05-2009_00:00:00 22-05-2009_18:00:00 22-05-2009_12:00:00 22-05-2009_06:00:00 22-05-2009_00:00:00 21-05-2009_18:00:00 21-05-2009_12:00:00 21-05-2009_06:00:00 21-05-2009_00:00:00 20-05-2009_18:00:00 20-05-2009_12:00:00 20-05-2009_06:00:00 20-05-2009_00:00:00 19-05-2009_18:00:00 19-05-2009_12:00:00 19-05-2009_06:00:00 19-05-2009_00:00:00 18-05-2009_18:00:00 18-05-2009_12:00:00 18-05-2009_06:00:00 18-05-2009_00:00:00 Pressão (mca) 116 Gráfico 18 - Vazão no ponto P011 Fonte: Sabesp 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 25-05-2009_18:00:00 25-05-2009_12:00:00 25-05-2009_06:00:00 25-05-2009_00:00:00 24-05-2009_18:00:00 24-05-2009_12:00:00 24-05-2009_06:00:00 24-05-2009_00:00:00 23-05-2009_18:00:00 23-05-2009_12:00:00 23-05-2009_06:00:00 23-05-2009_00:00:00 22-05-2009_18:00:00 22-05-2009_12:00:00 22-05-2009_06:00:00 22-05-2009_00:00:00 21-05-2009_18:00:00 21-05-2009_12:00:00 21-05-2009_06:00:00 21-05-2009_00:00:00 20-05-2009_18:00:00 20-05-2009_12:00:00 20-05-2009_06:00:00 20-05-2009_00:00:00 19-05-2009_18:00:00 19-05-2009_12:00:00 19-05-2009_06:00:00 19-05-2009_00:00:00 18-05-2009_18:00:00 18-05-2009_12:00:00 18-05-2009_06:00:00 18-05-2009_00:00:00 Pressão (mca) 117 Gráfico 19 - Vazão no ponto P012 Fonte: Sabesp 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 25-05-2009_18:00:00 25-05-2009_12:00:00 25-05-2009_06:00:00 25-05-2009_00:00:00 24-05-2009_18:00:00 24-05-2009_12:00:00 24-05-2009_06:00:00 24-05-2009_00:00:00 23-05-2009_18:00:00 23-05-2009_12:00:00 23-05-2009_06:00:00 23-05-2009_00:00:00 22-05-2009_18:00:00 22-05-2009_12:00:00 22-05-2009_06:00:00 22-05-2009_00:00:00 21-05-2009_18:00:00 21-05-2009_12:00:00 21-05-2009_06:00:00 21-05-2009_00:00:00 20-05-2009_18:00:00 20-05-2009_12:00:00 20-05-2009_06:00:00 20-05-2009_00:00:00 19-05-2009_18:00:00 19-05-2009_12:00:00 19-05-2009_06:00:00 19-05-2009_00:00:00 18-05-2009_18:00:00 18-05-2009_12:00:00 18-05-2009_06:00:00 18-05-2009_00:00:00 Pressão (mca) 118 Gráfico 20 - Vazão no ponto P013 Fonte: Sabesp 40,00 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 119 ANEXO B – ESPECIFICAÇÃO TÉCNICA DA VRP Fonte: BBL FABRICANTE: WATTS (Série 115) DIÂMETRO NOMINAL (pol) (mm) 1 1/4 32 1 1/2 40 2 50 2 1/2 65 3 75 4 100 6 150 8 200 10 250 12 300 14 350 16 400 Fonte: Catálogo Watts 1997 VAZÃO MÍNIMA (m³/h) 0.23 0.23 0.23 4.5 6.8 11.4 26.1 45.4 68.1 90.8 113.6 147.6 Estimativa da Perda de Carga (Q = vazão máxima da instalação em m³/h) VAZÃO MÁXIMA (m³/h) Fluxo Máximo Fluxo Máximo Intermitente Contínuo 26.1 21.1 35.9 28.4 59.1 47.7 84.0 68.1 129.5 104.5 227.1 181.7 522.4 408.8 885.8 704.1 1362.7 1112.9 1953.2 1589.8 2384.7 1930.5 3179.7 2498.3 Perda de Carga (CV) 2.33 2.52 3.47 5.99 7.89 13.88 29.02 52.99 88.32 109.14 145.10 186.11 120 Pressão a Jusante Mínima (Cavitação) 121 ANEXO C – TABELA DE DIMENSIONAMENTO DA VRP Informações do Dimensionamento Setor de Abastecimento Vila Sônia (Município de São Paulo) Referência VRP João da Cruz Melão Características da Área de Estudo Local de Implantação da VRP Rua João da Cruz Melão quase esquina com Rua Corgie Assad Abdalla Cota do Terreno (m) 745 Vazão Máxima (m³/h) 1.072,00 Vazão Mínima (m³/h) 340,00 Vazão Mínima Projetada (m³/h) ND Pressão Máxima de Montante (mca) 50,00 Pressão Mínima de Montante (mca) 46,00 Data da Medição mai/09 Local do Ponto Crítico *Rua Doutor Queiroz Guimarães, 477 Cota do Terreno (m) 770 Pressão Máxima no Ponto Crítico (mca) 23,00 Pressão Mínima no Ponto Crítico (mca) 5,00 Expectativa de redução de pressão (mca) ND Diâmetro da Rede de Alimentação (mm) 700 Material FºFº Extensão de Redes (km) 124,00 Fonte de Abastecimento NA Mín. e Máx. (m) Reservatório Vila Sônia Namín=789,53 Namáx=795,65 * atual ponto crítico deverá ser extraído do subsetor Dimensionamento da VRP Diâmentro da VRP (mm) 400 Fabricante Watts Perda de Carga Estimada na VRP (mca) 1,80 Vazão Máxima Recomendada (m³/h) 3179,70 Vazão Mínima Recomendada (m³/h) 147,60 Relação entre Vazões Máximas 2,97 Características do Barrilete Instalação de Hidrômetro Diâmetro da Tubulação do Barrilete da VRP (mm) Sim Não 400 Diâmetro Nominal (mm) 400 Fabricante Actaris Diâmetro da Tubulação da Linha Principal (mm) 600 Velocidade Máxima na Linha da VRP (m/s) 2,37