UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL VICTOR CUNHA CAVALCANTE SISTEMATIZAÇÃO E INCORPORAÇÃO DE ELEMENTOS GERENCIAIS TÁCITOS À LINHA DE BALANÇO DE UMA EMPRESA PARA PLANEJAMENTO DE EDIFÍCIOS ALTOS FORTALEZA 2010 ii VICTOR CUNHA CAVALCANTE SISTEMATIZAÇÃO E INCORPORAÇÃO DE ELEMENTOS GERENCIAIS TÁCITOS À LINHA DE BALANÇO DE UMA EMPRESA PARA PLANEJAMENTO DE EDIFÍCIOS ALTOS Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil. Orientador: Prof. Luiz Fernando Mählmann Heineck, PhD. FORTALEZA 2010 iii VICTOR CUNHA CAVALCANTE SISTEMATIZAÇÃO E INCORPORAÇÃO DE ELEMENTOS GERENCIAIS TÁCITOS À LINHA DE BALANÇO DE UMA EMPRESA PARA PLANEJAMENTO DE EDIFÍCIOS ALTOS Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Civil. Aprovada em ____/____/_____ BANCA EXAMINADORA _______________________________________________________ Prof. Luiz Fernando Mählmann Heineck, PhD. (Orientador) Universidade Federal do Ceará - UFC _______________________________________________________ Eng. Hudson Silva Oliveira (Examinador) Construtora Fibra Construções ________________________________________________________ Eng. Cristiano Ribeiro Castelo Branco (Examinador) Engenheiro do Exército iv Aos meus pais, Ailton da Silva Cavalcante & Maria Goretti Cunha Cavalcante Aos amigos, familiares e colegas, Por todo apoio e incentivo. v AGRADECIMENTOS A DEUS, por me guiar e proteger por toda trajetória que percorro e por me presentear com minha família e amigos, os maiores bens de minha vida. Ao meu pai, Ailton da Silva Cavalcante, pelo constante apoio, amor e compreensão, em especial pelo momento em que me abriu os olhos no primeiro ano de faculdade, quando quis desistir do curso de engenharia civil devido às dificuldades. À minha mãe, Maria Goretti Cunha Cavalcante, pelo constante apoio, amor e compreensão, em especial pelo suporte nos momentos de maior dificuldade quando na época do intercâmbio. Aos meus irmãos, Rodrigo, Geórgia e Lucas, e cunhados Cassio Forti e Julianna Lima, pelo apoio e confiança que em mim depositam. Aos amigos que a engenharia civil me proporcionou, Ana Román, Antônio Eduardo, Erica Acioli, Felipe Leal, Lídyci Thatielle, Newton Montezuma e Talvane Lourenço, por fazerem parte de minha vida e pelas noites estressantes, porém divertidas, de estudo. Aos meus amigos Felipe Macedo e Filipe Adolpho, pelos mais de 10 anos de amizade e por estarem presente nos momentos que mais preciso. Aos que carinhosamente chamei de “família” em Nebraska, Bárbara Farias, Enson Portela, Renato Coutinho, Rodrigo Felix e Thaís Pamplona, por serem as pessoas mais queridas e importantes em meu período de intercâmbio. A Lissia Rocha, por ter me aturado em todos os momentos de desespero, preocupação, estresse e alegria de minha faculdade. Obrigado por todo amor e paciência. Aos companheiros de trabalho que, hoje, posso chamar de amigos, Bruno Franklin, Caroline Guimarães, Gustavo Pinheiro, Helder Thyago, José Falcão, Mariana Souza, Matheus Costa, Robério Feijó e Thiago Pitombeira, por toda responsabilidade que um dia dividimos. vi Ao meu cachorro e companheiro, Jack Bauer, pela companhia nas madrugadas intensas de estudo e por me receber na porta de casa todos os dias com alegria. Ao professor, Luiz Fernando M. Heineck, pela orientação, apoio, críticas e incentivo a todo momento na elaboração deste trabalho. Ao engenheiro civil, André Quinderé, pela oportunidade que me foi concedida para desenvolver-me profissionalmente; por todo conhecimento transmitido no ambiente de trabalho; pelo incentivo na prática da construção civil e; por tamanha ajuda e orientação na elaboração desta pesquisa. À Construtora Castelo Branco (CCB), por me envolver na área da construção civil com tamanha responsabilidade, pela confiança em meu trabalho e por me fornecer todos os dados necessários para elaboração desta pesquisa. Ao engenheiro civil, Dr. Walter Gouveia, e ao futuro engenheiro civil, João Batista, por todo ensinamento essencial que me foi transmitido quando no início de meu trabalho com obras. Obrigado pelo conhecimento e pelos momentos de descontração. Ao professor de Muay Thai, João Ricardo, pelos valores humanos que me foram ensinados. Por fim, a todos que de alguma maneira desejaram o meu sucesso como engenheiro civil! vii “It ain’t about how hard you hit. It’s about how hard you can get hit and keep moving forward. How much you can take and keep moving forward. That’s how winning is done.” - Rocky Balboa viii RESUMO O planejamento e controle da produção vem se mostrando cada vez mais indispensável para as empresas que disputam espaço no mercado da construção. No estado do Ceará não é diferente, visto que o bom momento da construção civil na região despertou o interesse de diversas empresas do país. Nesse contexto, torna-se essencial o planejamento dos empreendimentos visando à eliminação dos desperdícios e um melhor desempenho de produção dos funcionários, sempre almejando a melhor qualidade do produto final. A Linha de Balanço é reconhecida por diversos autores como uma das ferramentas que melhor auxilia os gerentes de empreendimentos com serviços repetitivos a obterem um controle das atividades e a simularem planos de ataque futuros à obra. Este trabalho, usando a metodologia do estudo de caso, mostra os principais critérios na elaboração da Linha de Balanço para o planejamento de longo prazo das obras de uma construtora. Os resultados obtidos envolvem uma série de critérios e elementos gerenciais tácitos não especificados na Linha de Balanço da construtora que são sugeridos a serem sistematizados e incorporados à ferramenta. A conclusão da pesquisa define uma Linha de Balanço mais fiel a realidade, auxiliando com maior eficácia o gerente de obras. Palavras-chaves: Linha de Balanço, Planejamento e Controle da produção, Elementos Gerenciais Tácitos. ix LISTA DE FIGURAS Figura 2.1 - As cinco fases do ciclo de planejamento da dimensão horizontal (LAUFER & TUCKER, 1987). ........................................................................................................................ 8 Figura 2.2 - Integração dos níveis horizontal e vertical do PCP (FORMOSO et al., 1999 apud SOARES, 2003). ...................................................................................................................... 10 Figura 2.3 - Fluxograma de serviços com ligações de seqüência e de trajetória em edifício (KEMMER, 2006). ................................................................................................................... 11 Figura 2.4 - Gráfico da Linha de Balanço. ............................................................................... 14 Figura 2.5 - Ritmos de produção em uma Linha de Balanço. .................................................. 14 Figura 2.6 - Linha de Balanço com curvas de produção não balanceadas. .............................. 15 Figura 2.7 - Informações da Linha de Balanço (BRANDÃO, GUCH e PAZ, 1995 apud MENDES JR., 1999) ................................................................................................................ 16 Figura 2.8 - Quantidade de equipes e tempo de ciclo em uma Linha de Balanço. ................... 18 Figura 2.9 - Curvas de produção consecutivas em uma Linha de Balanço. ............................. 19 Figura 2.10 - Tempo de Atravessamento das atividades em uma Linha de Balanço. .............. 20 Figura 2.11 - Linha de Balanço com virada de obra e serviços descendentes. ........................ 21 Figura 2.12 - Reaproveitamento de equipes de produção na Linha de Balanço. ..................... 22 Figura 2.13 - Variáveis de tempo na Linha de Balanço (adaptado de PINHEIRO, 2009) ....... 23 Figura 4.1 - Exemplo do layout original da LB. ....................................................................... 27 Figura 4.2 - LB com layout modificado para melhor representação no trabalho. .................... 28 Figura 4.3 - Abas inferiores da LB indicando um serviço, não controlado pela ferramenta, a ser iniciado. ............................................................................................................................... 31 Figura 4.4 - Células de produção controladas pela Linha de Balanço da CCB. ....................... 32 Figura 4.5 - Característica negativa da inversão dos serviços da obra: grandes intervalos de tempo de abertura nos pavimentos inferiores (adaptado de KEMMER, 2006)........................ 34 Figura 4.6 - Indicação do momento de virada da obra na LB. ................................................. 35 Figura 4.7 - Linha de Balança da CCB - Inversão de trajetória de atividades da execução da fachada em diante. .................................................................................................................... 35 Figura 4.8 - Apartamento protegido com papelão. ................................................................... 37 Figura 4.9 - Sujeira decorrente dos serviços da fachada em apartamento com revestimento de piso já executado. ..................................................................................................................... 37 Figura 4.10 - Varanda protegida com papelão com sujeira da execução da fachada. .............. 37 Figura 4.11 - Sujeira não contida pelo papelão após sua retirada. ........................................... 37 Figura 4.12 - Guincho de passageiros instalado na frente do edifício em construção. ............ 39 Figura 4.13 - Guinchos de carga e passageiro em fase de instalação dentro do poço de elevadores de um edifício em construção pela CCB. ............................................................... 39 Figura 4.14 - Indicação do momento de instalação dos elevadores na LB. ............................. 42 Figura 4.15 - Indicação do momento de compra de elevadores na LB. ................................... 42 Figura 4.16 - Os subsistemas de produção do empreendimento (ASSUMPÇÃO, 1996). ....... 43 Figura 4.17 - Indicação da execução da estrutura da periferia na LB. ..................................... 45 Figura 4.18 – Gráfico de barras para execução das áreas comuns. .......................................... 47 Figura 4.19 - Indicação na LB principal quanto ao planejamento e à execução das áreas comuns. ..................................................................................................................................... 48 Figura 4.20 - LB com ferramenta de conferência do alinhamento da estrutura embutida. ...... 50 Figura 4.21 - Informações nos quadros de texto que identificam as células de produção. ...... 53 Figura 4.22 - Ferramenta para conferência da existência do Recursos Adotados de cada célula de produção na LB. ................................................................................................................... 54 Figura 4.23 - Indicação dos serviços preliminares na LB ........................................................ 56 Figura 4.24 - Detalhes do planejamento da célula de produção da fachada na LB. ................. 58 x Figura 4.25 - LB com identificação das células de produção através de cores (KEMMER, 2006). ........................................................................................................................................ 60 Figura 4.26 - Células de produção diferenciadas por cores na LB da construtora. .................. 61 Figura 4.27 - Célula de produção responsável pela fachada destacada de vermelho. .............. 62 xi SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS............................................................................................................ IX 1 1.1 1.2 1.2.1 1.2.2 1.3 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1 Considerações Iniciais .................................................................................................. 1 Objetivos ........................................................................................................................ 3 Objetivo geral ........................................................................................................... 3 Objetivos específicos................................................................................................ 3 Estrutura do Trabalho ................................................................................................. 3 2 PLANEJAMENTO DE LONGO PRAZO COM LINHA DE BALANÇO ............. 5 2.1 Planejamento e Controle da Produção (PCP)............................................................ 5 2.1.1 Definição e objetivos do planejamento .................................................................... 5 2.1.2 Dimensões do planejamento..................................................................................... 7 2.1.2.1 Dimensão horizontal de planejamento ..................................................................... 7 2.1.2.2 Dimensão vertical de planejamento ......................................................................... 9 2.2 A Técnica da Linha de Balanço ................................................................................. 12 2.2.1 A origem da Linha de Balanço ............................................................................... 12 2.2.2 Características da Linha de Balanço ...................................................................... 13 2.2.3 Conceitos da Linha de Balanço .............................................................................. 16 2.2.3.1 Ciclo da atividade e quantidade de equipes ........................................................... 17 2.2.3.2 Tempo de espera e tempo de abertura .................................................................... 18 2.2.3.3 Tempo de atravessamento (Lead Time) ................................................................. 19 2.2.3.4 Trajetória ascendente ou descendente e momento de virada da obra .................... 20 2.2.3.5 Reaproveitamento de equipes................................................................................. 21 2.2.3.6 Tempo de mobilização, tempo de base, tempo de ritmo, tempo de folga e duração total do projeto .......................................................................................................................... 22 2.2.4 Roteiro para programação da Linha de Balanço .................................................... 23 2.2.5 Vantagens e desvantagens da técnica Linha de Balanço........................................ 23 3 3.1 3.2 3.3 METODOLOGIA....................................................................................................... 24 A Construtora ............................................................................................................. 24 Revisão Bibliográfica.................................................................................................. 25 Estudo de Caso ............................................................................................................ 25 4 ELEMENTOS GERENCIAIS TÁCITOS INCORPORADOS À LINHA DE BALANÇO DA EMPRESA ................................................................................................... 27 4.1 Células de Produção Controladas pela Linha de Balanço ...................................... 29 4.1.1 Quais células de produção (CP) devem ser controladas pela LB? Quais os critérios utilizados para definição das CPs escolhidas?.......................................................................... 29 4.1.2 As 14 células de produção controladas pela Linha de Balanço ............................. 30 4.2 Ataque ao Empreendimento: Trajetórias Ascendentes ou Descendentes de Serviços .................................................................................................................................... 33 4.2.1 Qual a melhor forma de execução do empreendimento: serviços executados de cima para baixo ou de baixo para cima?................................................................................... 33 4.2.2 As vantagens da virada da obra segundo a CCB .................................................... 34 xii 4.3 Instalação dos Elevadores .......................................................................................... 38 4.3.1 Em que momento da construção deve acontecer a retirada do guincho para a instalação dos elevadores? Por que não representar este fato na LB? ...................................... 38 4.3.2 Indicação do momento de compra e instalação dos elevadores na LB .................. 40 4.4 Planejamento da Execução da Estrutura de Periferia ............................................ 42 4.4.1 Como representar a execução da estrutura da periferia na LB? ............................. 42 4.4.2 O planejamento da periferia junto à LB ................................................................. 44 4.5 Planejamento da Execução das Áreas Comuns ....................................................... 45 4.5.1 Existe um planejamento para a execução das áreas comuns (piscinas, guarita, quadras, salão de jogos, entre outros)? Como é feito esse planejamento? ............................... 45 4.5.2 Criação de um gráfico de barras exclusivo para as áreas comuns ......................... 46 4.6 Conferência da Execução da Estrutura .................................................................... 48 4.6.1 Como implementar pontos específicos na LB para conferência da execução da estrutura com o objetivo de evitar desalinhamento na fachada? .............................................. 48 4.6.2 A conferência de execução da estrutura vinculada à LB ....................................... 49 4.7 O Planejamento Logístico dos Recursos para Execução de uma Tarefa .............. 51 4.7.1 Existe um planejamento logístico ilustrado na LB? Como é feito esse planejamento? ........................................................................................................................... 51 4.7.2 A criação de uma ferramenta para controle logístico ............................................. 52 4.8 Planejamento Referente ao Tempo de Mobilização do Empreendimento ............ 54 4.8.1 Como é planejado o tempo de mobilização (fundações, instalações provisórias de canteiro e fundações) do empreendimento em relação à LB? .................................................. 54 4.8.2 A representação do tempo de mobilização do empreendimento na LB ................. 55 4.9 A Metodologia de Execução da Fachada .................................................................. 56 4.9.1 Como é realizada a execução da fachada: por setores ou por pavimento? ............ 56 4.9.2 A metodologia adotada para representação da célula de produção da fachada na Linha de Balanço ...................................................................................................................... 57 4.10 Distinção das Células de Produção na LB ................................................................ 59 4.10.1 Por que não distinguir cada célula de produção com cores diferentes para melhor visualizá-las na LB?.................................................................................................................. 59 4.10.2 A identificação das células de produção na LB ..................................................... 60 5 CONCLUSÃO............................................................................................................. 63 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 65 ANEXOS ................................................................................................................................. 68 1 1 1.1 INTRODUÇÃO Considerações Iniciais O mercado imobiliário brasileiro passou por um momento de forte crescimento principalmente devido ao surgimento do crédito imobiliário e à expansão do mercado de capitais do Brasil. Após a crise mundial de 2008, a economia brasileira encontra-se estabilizada e houve queda na taxa de juros, possibilitando o desenvolvimento do crédito imobiliário (CARNEIRO, 2009). O novo cenário da economia do país vem se mostrando cada vez mais favorável à execução de novos empreendimentos, principalmente no que diz respeito às obras residenciais, visando atender àqueles que ainda não possuem a casa própria. Tendo em vista esse cenário, é possível compreender a crescente número de empreendimentos em execução no mercado da construção civil. A região nordeste também teve um grande aumento de oportunidades para execução de obras, o que acabou por despertar interesse de empresas de todo o país. Sem tradição no mercado cearense, várias dessas construtoras buscaram realizar parcerias com empresas locais para melhor trabalhar na região (BARRETO, 2008 apud ARARUNA,2008). Para manterem-se no mercado da construção, as empresas devem buscar mão-deobra cada vez mais especializada, pesquisar novas tecnologias e aderir a ferramentas gerenciais eficazes visando aumentar a produtividade das atividades e reduzir os gastos o máximo possível. Apesar do bom momento da economia mundial ofuscar essa necessidade, acredita-se que as empresas que se organizarem e conseguirem esses itens terão mais chances de serem bem sucedidas em tempos de maiores dificuldades. Segundo Ohno (1997), alcançar a eficiência de um processo significa encontrar os desperdícios e eliminá-los, ou reduzi-los. Para auxiliar nessa questão, o processo de planejamento e controle da produção (PCP) está relacionado à meta de melhorar a eficácia e a eficiência do setor produtivo. Contudo, apesar da fundamental importância do PCP, as empresas em geral não conseguem realizar o controle de seus empreendimentos de maneira eficaz (AKKARI, 2003), impossibilitando a realização da melhoria contínua, ou seja, aprender com os próprios erros e eliminar desperdícios em uma próxima obra. Outro aspecto que evidencia a importância de um bom planejamento é a exigência dos clientes quanto à qualidade do produto a ser entregue pelas empresas responsáveis pela execução dos empreendimentos. A disputa pelo reconhecimento dos consumidores intensificou-se ainda mais após a implantação da política da qualidade em seus sistemas e 2 com a inserção do Sistema de Gestão de Qualidade com base em modelos propostos pela série ISO 9001 (LORDELO E MELHADO, 2005 apud CRUZ, 2009). Segundo Akkari (2003), “o planejamento da produção cumpre um papel fundamental no gerenciamento dos empreendimentos. Seu papel pode variar dependendo da filosofia e necessidade de cada organização, mas o planejamento é sempre o ingrediente essencial para a função gerencial”. Contudo, muitas vezes, ao tentar realizar um bom planejamento, os profissionais acabam por direcionar seus esforços e tempo às ferramentas, hardwares e softwares, e não no processo propriamente dito (BIRREL, 1980 apud AKKARI, 2003). Na construção civil, a quantidade de informações geradas por profissionais especializados em ferramentas computacionais que possam de fato ser utilizadas no canteiro de obra é muito pequena (MENDES JR., 1999). Surgiu então a necessidade de um melhor gerenciamento em obras por parte das construtoras. Dentre outros aspectos, o planejamento auxilia o gerente no desempenho de suas funções diárias, norteando suas decisões. A eficiência da gerência depende da qualidade e quantidade das informações disponíveis nos diferentes níveis hierárquicos da empresa (BIO, 1985; ASSUMPÇÃO, 1996 apud MENDES JR., 1999). Diversos autores como Mendes Jr. (1999), Akkari (2003), Kemmer (2006), Pinheiro (2009) e Ferraz et al. (SD), entre outros, afirmam que a Linha de Balanço é a ferramenta mais indicada para projetos com atividades repetitivas dentre as diversas técnicas de planejamento e controle da produção. A técnica é caracterizada por fazer uso do conceito de linhas de fluxo, estabelecendo ritmos de produção. Além disso, a eficácia com que trás um relatório visual completo da obra é sua principal vantagem. Nos últimos seis anos, a técnica da Linha de Balanço vem sendo utilizada para planejar as obras administradas pela construtora em estudo. A experiência da empresa mostrou que a ferramenta auxilia o gerente no controle da obra e na elaboração de estratégias para planos de ataque futuros. Contudo, existem pontos da construção de um empreendimento que não são representados na ferramenta. As linhas de balanço são planejadas de forma a representar os serviços principais necessários para a realização de uma obra, mas não mencionam etapas importantes do empreendimento como a instalação dos elevadores ou a execução das áreas comuns. Essas etapas muitas vezes podem ser questionadas aos administradores das obras que, devido a experiências anteriores, saberão responder em que momento da construção elas devem ser executadas. Denominou-se de elementos gerenciais tácitos os conhecimentos adquiridos em experiências anteriores de etapas da obra que não são relacionadas na Linha de Balanço. 3 Acredita-se que a ferramenta precisa ser aprimorada para buscar representar qualquer momento da construção, visando ilustrar o maior número possível de etapas da obra. 1.2 1.2.1 Objetivos Objetivo geral Incorporar elementos gerenciais tácitos à Linha de Balanço de forma a deixá-la mais próximo da realidade. 1.2.2 Objetivos específicos Para alcançar o objetivo geral, os seguintes objetivos específicos foram determinados: a) Estudar o processo de elaboração do planejamento de longo prazo com a Linha de Balanço da Construtora Castelo Branco; b) Analisar os principais critérios utilizados na elaboração da Linha de Balanço; c) Listar as principais etapas de construção não especificadas na Linha de Balanço; d) Listar critérios, não especificados em documentos, para elaboração da Linha de Balanço e; e) Sugerir possíveis modificações na elaboração da Linha de Balanço para melhor representar a realidade. 1.3 Estrutura do Trabalho Esta monografia encontra-se dividida em 5 capítulos da seguinte forma: a) Capítulo 1 – Contextualização do problema, objetivos a serem alcançados e estrutura do trabalho; b) Capítulo 2 – Revisão bibliográfica abordando a teoria do processo de planejamento e controle da produção, com foco no planejamento de longo prazo e na técnica da Linha de Balanço; c) Capítulo 3 – Metodologia utilizada para realização deste trabalho; 4 d) Capítulo 4 – Discussão quanto aos elementos gerenciais tácitos que podem ser associados à Linha de Balanço da empresa e; e) Capítulo 5 – Conclusões alcançadas com a realização da pesquisa e sugestões para pesquisas futuras. 5 2 PLANEJAMENTO DE LONGO PRAZO COM LINHA DE BALANÇO 2.1 2.1.1 Planejamento e Controle da Produção (PCP) Definição e objetivos do planejamento O planejamento de uma atividade pode ser visto como a “definição de um futuro desejado e de meios eficazes para alcançá-lo” (ACKOFF, 1976 apud BERNARDES, 2003). Em outras palavras, planejar significa traçar metas para atingir objetivos específicos e programar-se quanto aos materiais, equipamentos e recursos necessários para cumpri-las. Bernardes (2003) completa dizendo que a tomada de decisão está intrinsecamente relacionada ao planejamento, já que através do processo decisório é que as metas determinadas podem ser cumpridas. Embora freqüentemente definido como um processo de tomada de decisão, o planejamento deve ser visto como um conceito bem mais amplo (LAUFER et al., 1994 apud ALVES, 2000). Na construção civil, a execução de qualquer empreendimento exige recursos para sua concepção, tais como materiais, mão-de-obra, equipamentos e capital; todos eles sujeitos a limitações e restrições (ARAÚJO; MEIRA, 1997). É através do planejamento que surgem os planos para gerenciar os recursos da obra no tempo. Além disso, segundo Howell & Ballard (1996, apud ALVES, 2000), o planejamento deve possuir diretrizes que governam os processos, determinando o que e como deve ser feito, sua forma de execução e seqüência, a qual deve permitir a execução de maneira eficiente considerando aspectos técnicos. Segundo Laufer et al. (1988, apud SOARES, 2003), o processo de planejamento na construção civil possui os seguintes componentes: a) É um processo de tomada de decisão; b) É um processo de antecipação, para decidir o quê e como executar ações em determinado ponto no futuro; c) É um processo para integrar decisões independentes dentro de um sistema de decisões; d) É um processo hierárquico envolvendo a formulação de diretrizes gerais, metas e objetivos, para a elaboração de meios e restrições que levam a um detalhado curso de ações; 6 e) É um processo que inclui parte ou toda a cadeia de atividades compreendendo fontes de informação e análise, desenvolvimento de alternativas, evolução e análise destas e escolhas de soluções; f) É um emprego sistemático de procedimentos e; g) É a apresentação documentada na forma de planos. Devido à imensa quantidade de variáveis no processo, o planejamento de construção de uma obra é uma tarefa altamente complexa, envolvendo um grande número de atividades, um alto grau de incerteza, eventualmente submetido a restrições conflitantes, tais como tempo, espaço, custo e disponibilidade de recursos (LEVITT, 1986 apud FORMOSO, 1991). A coleta e o processamento de dados, o envio de informações, a realização de reuniões, a elaboração de planos e a tomada de decisão são algumas das atividades relacionadas ao planejamento e controle da produção do empreendimento (FORMOSO et al., 2001). Um dos principais problemas enfrentados pela indústria da construção civil é o fato do PCP não ser encarado como um processo gerencial (FORMOSO et al., 2001). Os mesmos autores ainda afirmam que a falta de integração entre os níveis de planejamento geram desperdício de mão-de-obra e de materiais. Essa falha ocasiona em desorganização, falta de planos de alocação de materiais, equipamentos e mão-de-obra de médio e longo prazo, resultando em uma utilização ineficiente desses recursos (KEMMER, 2006). Formoso et al. (2001) ainda citam diversos outras razões da má utilização do PCP na indústria da construção civil: a incerteza é freqüentemente negligenciada pelos administradores, a falta de um planejamento operacional formal e da vinculação desses aos demais níveis de planejamento, a utilização de computadores para a realização de planejamentos muitas vezes desnecessários (gerando processos ineficientes), entre outros. Para que o planejamento do empreendimento tenha sentido, é preciso realizar o controle das atividades. Limmer (1997) afirma que planejar e controlar são atividades mutuamente inclusivas: uma não existe sem a outra. Essa afirmação pode ser confirmada quando se percebe que as hipóteses e as informações utilizadas no planejamento do empreendimento foram obtidas de experiências passadas das empresas. O controle da produção é o acompanhamento das atividades, buscando obter uma visão realista das mesmas, partindo de medições efetuadas durante suas realizações. Além disso, auxilia também na tomada de ações corretivas, buscando eliminar não conformidades que surjam no processo (ALVES, 2000). Segundo Harrington (1993, apud ALVES, 2000), as medições guiam o gerente diariamente quanto à tomada de decisão, estabelecendo prioridades e contribuindo para previsões mais realistas. Laufer & Tucker (1987) apresentam um modelo 7 de planejamento que faz uso de um ciclo de replanejamento, que se inicia com a coleta de informações sobre o sistema que está sendo controlado. Logo, é possível afirmar que o planejamento produz metas a serem alcançadas para auxiliar nos prazos e ferramentas necessárias dos processos produtivos, enquanto o controle garante o cumprimento dessas metas, avaliando conformidade com o que foi planejado, fornecendo informações para planos futuros (BALLARD e HOWELL, 1996 apud BERNARDES, 2003). 2.1.2 Dimensões do planejamento Laufer e Tucker (1987) criaram um modelo onde o processo de planejamento e controle da produção é dividido em duas dimensões básicas: horizontal e vertical. Essa representa o vínculo entre os diferentes níveis gerenciais de uma organização; aquela se refere à metodologia aplicada para garantir o processo de planejamento e controle da produção. 2.1.2.1 Dimensão horizontal de planejamento De acordo com Laufer e Tucker (1987), a dimensão horizontal do planejamento envolve cinco etapas (Figura 2.1): a) Planejamento do processo de planejamento; b) Coleta de informações; c) Preparação de planos; d) Difusão da informação e; e) Avaliação do processo de planejamento. 8 Figura 2.1 - As cinco fases do ciclo de planejamento da dimensão horizontal (LAUFER & TUCKER, 1987). A Figura 2.1 revela dois ciclos dentro do processo de planejamento. As fases inicial e final possuem um caráter intermitente, ocorrendo em períodos específicos na empresa, geralmente no início e na entrega de um empreendimento ou em algum ponto relevante da obra. As fases intermediárias formam um ciclo contínuo que deve acontecer a todo instante da construção, ocorrendo quando necessária a análise do desempenho do processo e, eventualmente, sua reestruturação (ALVES, 2000; BERNARDES, 2003). Formoso et al. (2001) afirmam que o ciclo de preparação e avaliação do processo (fase inicial e final do ciclo de planejamento) ocorre de maneira bastante deficiente nas empresas de construção. Os gestores acabam por gastar pouco tempo na discussão dessa etapa e acabam por realizá-la, muitas vezes, como uma obrigação a ser cumprida, não tirando o proveito e benefícios que a prática proporciona. O ciclo de planejamento e controle da produção deve ser repetido inúmeras vezes para que sejam feitas novas avaliações, buscando aperfeiçoar continuamente o processo de produção do empreendimento e da empresa (LAUFER & TUCKER, 1987). Os dados a serem utilizados em cada replanejamento são obtidos sempre do ciclo anterior e devem estar sempre sendo atualizados, processados e difundidos para melhor representar a realidade (BERNARDES, 2001 apud SOARES, 2003). 9 2.1.2.2 Dimensão vertical de planejamento Devido à complexidade dos empreendimentos de construção e aos diversos processos envolvidos em uma obra, é importante a separação do planejamento e controle da produção em diferentes níveis hierárquicos (FORMOSO et al., 2001). A divisão de planejamento a nível vertical é feita em três tipos (LAUFER & TUCKER, 1987): a) Planejamento de longo prazo (planejamento estratégico): refere-se à definição das metas do empreendimento. São estabelecidas as datas de início e fim das grandes etapas da obra, o financiamento do empreendimento juntamente com seu fluxo de caixa, os fornecedores dos principais materiais e parcerias, entre outros. (FORMOSO et al., 2001); b) Planejamento de médio prazo (planejamento tático): funciona principalmente como uma fonte de ligação entre os planejamentos de longo e curto prazo, contemplando uma janela de tempo de aproximadamente 3 meses. Após o período estabelecido para o planejamento de médio prazo, deve-se realizar um replanejamento fazendo uso dos novos dados coletados, ajustando os antigos a realidade (CARNEIRO, 2009). Formoso et al. (2001) afirmam que envolve também principalmente o planejamento para obtenção dos recursos necessários à produção (mão-de-obra, verba, materiais e equipamentos). c) Planejamento de curto prazo (planejamento operacional): relaciona-se principalmente com a definição detalhada das atividades a serem realizadas, os recursos necessários para sua execução e o prazo estabelecido para início e conclusão da tarefa (FORMOSO et al., 2001). Uma programação detalhada para realização da atividade deve ser elaborada nesse ponto do planejamento (ALVES, 2000). Segundo Limmer (1997), para se realizar o planejamento a nível operacional, é preciso primeiramente planejar um projeto a nível estratégico e tático. Formoso et al. (2001) ressaltam que cada nível do planejamento vertical necessita de um grau de detalhamento adequado. Os detalhes são importantes para a execução de um produto com qualidade e dentro do prazo estabelecido pelos gestores. Contudo, informações excessivamente detalhadas trazem maior dificuldade de compreensão para operários e para os próprios gestores, bem como se gasta muito tempo para entendê-las e atualizá-las. A Figura 2.2 ilustra a integração que deve ser realizada entre os níveis de planejamento vertical e horizontal. Vale ressaltar que os diversos níveis de planejamento 10 propostos por Laufer e Tucker (1987) necessitam de comunicação entre si para que possam funcionar de maneira eficaz. Figura 2.2 - Integração dos níveis horizontal e vertical do PCP (FORMOSO et al., 1999 apud SOARES, 2003). Neste trabalho, o planejamento de longo prazo recebe uma maior atenção, pois é desse nível de planejamento que esta pesquisa trata. Além das características já citadas anteriormente quanto ao planejamento estratégico, Assumpção (1996 apud KEMMER, 2006) acrescenta que é nessa fase de planejamento que são elaborados os planos de ataque à obra (seqüência e trajetórias de execução) e o número de equipes na execução das atividades. Os conceitos de seqüência e trajetórias de execução de um empreendimento são definidos por Assumpção (1996) como a primeira referindo-se às ligações que indicam dependência entre diferentes atividades, executadas em um mesmo pavimento (revestimento de gesso após a conclusão da alvenaria do pavimento, por exemplo), e a segunda sendo a 11 ligação de atividades do mesmo tipo que se repetem ao longo dos pavimentos, representando o caminho a ser percorrido pelas equipes de uma mesma atividade. A Figura 2.3 ilustra o que foi comentado nesse parágrafo. Figura 2.3 - Fluxograma de serviços com ligações de seqüência e de trajetória em edifício (KEMMER, 2006). Kemmer (2006) discute a fase em que o plano de ataque ao empreendimento deve ser elaborado. O autor afirma que independente da etapa específica na qual o planejamento deva ser desenvolvido, seja na preparação do processo de planejamento ou no decorrer da elaboração do plano de longo prazo, são importantes as pesquisas que intensifiquem suas análises. Como mencionado anteriormente, é na fase de planejamento de longo prazo que decisões relevantes como ritmos, trajetórias, seqüências, fluxo de caixa, entre outros, devem ser realizadas. Contudo, Coelho e Formoso (2003 apud KEMMER, 2006) afirmam que o planejamento estratégico não tem sido foco de análises detalhadas. 12 Os planejamentos a curto e médio prazo são insuficientes para a melhoria do desempenho do sistema de produção sem a elaboração do planejamento de longo prazo. Os três níveis de planejamento são importantes e complementares um aos outros, mas é preciso explorar mais detalhadamente a maneira pela qual se desenvolverá o plano de longo prazo (COSTA et al., 2004 apud KEMMER, 2006). O plano inicial da obra pode ser elaborado com um maior detalhamento quando o grau de incerteza do empreendimento é menor. Isso ocorre geralmente com empresas que executam construções semelhantes. Em alguns casos, é possível a elaboração de planos padrões a serem adaptados a diferentes canteiros com características semelhantes (FORMOSO et al., 2001). A ferramenta escolhida para o estudo deste trabalho é utilizada levando em consideração esse conceito. O planejamento de longo prazo de edifícios altos é realizado através de um padrão de seqüência e trajetórias das atividades com algumas considerações definidas pelos gestores em todos os empreendimentos da empresa. Existem diversas técnicas para o planejamento de longo prazo dos empreendimentos de construção civil, desde métodos simples como o Diagrama de Barras ou Gráfico de Gantt até as redes PERT/CPM (LOSSO; ARAÚJO, 1995) Segundo Bernardes (2001 apud KEMMER, 2006), as técnicas mais conhecidas para planejamento de longo prazo dos empreendimentos de construção são o gráfico de Gantt, de setas, de precedência e o gráfico da Linha de Balanço, ferramenta de planejamento em destaque neste trabalho. 2.2 2.2.1 A Técnica da Linha de Balanço A origem da Linha de Balanço A técnica de Linha de Balanço foi criada pela indústria manufatureira para suprir a necessidade de programação de processos com serviços repetitivos. Foi desenvolvida pela Marinha dos Estados Unidos no início dos anos 50 e posteriormente passou a ser utilizada pela Agência Nacional de Habitação, no Reino Unido, em projetos habitacionais de caráter repetitivo (SUHAIL e NEALE, 1994 apud KEMMER, 2006). Contudo, Pacheco & Heineck (2008) mencionam os trabalhos de Turban, citado por Lutz & Hijazi, e Kane, citado por O’brien, que trazem outras duas versões a respeito do surgimento da técnica. 13 No Brasil, a técnica passou a ser utilizada nos anos 70 e 80 para o planejamento de conjuntos habitacionais populares. Atualmente, pesquisas sobre a ferramenta estão sendo realizadas para sua melhor adaptação na construção de edifícios altos (VARGAS; MENDES JR., 1999 apud PRADO, 2002). 2.2.2 Características da Linha de Balanço Como já mencionado, existem diversas técnicas para planejamento e controle da produção, sendo a Linha de Balanço (LB) a mais indicada para projetos com serviços repetitivos, caracterizando-se por utilizar o conceito de linhas de fluxo ou curvas de produção, estabelecendo ritmos de produção para cada processo (MENDES JR., 1999). O seu uso possibilita a simulação de várias alternativas estratégicas dos diversos serviços, possibilitando ver o impacto causado, por exemplo, pela alteração na quantidade de equipes ou ritmos (MENDES JR., 1996). No gráfico, a produção é ilustrada como um fluxo rítmico de linhas de produção, fazendo com que a continuidade da atividade seja garantida, pois cada equipe de trabalho possui seu fluxo determinado, sem interrupções, com ritmo constante (MADERS, 1987 apud PINHEIRO, 2009). De acordo com Limmer (1997), a técnica consiste basicamente em traçar linhas em um par de eixos cartesianos que representam, cada uma delas, uma atividade e seu respectivo andamento (Figura 2.4). O eixo horizontal representa o tempo, geralmente em dias, e o eixo vertical representa as unidades de repetição da construção, geralmente os pavimentos no caso de edifícios altos. A declividade de cada reta indica o ritmo no qual a atividade deverá ser executada. 14 Figura 2.4 - Gráfico da Linha de Balanço. O ritmo de produção (Figura 2.5) pode ser definido como o número de unidades que se deve concluir em um determinado espaço de tempo para que o prazo final seja atendido. Quanto mais inclinada a linha de produção da LB em relação ao eixo do tempo, maior será a velocidade de execução do serviço. A programação com Linha de Balanço tem como objetivo balancear todas as atividades a serem executadas no edifício, buscando igualar o ritmo de cada uma. Dessa forma, seria possível obter uma programação paralela que eliminaria qualquer tempo desperdiçado (MENDES JR.; HEINECK, 1998). Figura 2.5 - Ritmos de produção em uma Linha de Balanço. Na indústria da construção civil, é comum diferentes atividades apresentarem ritmos de produção distintos. O desbalanceamento desses ritmos acontece quando uma linha 15 de produção intercepta outra no gráfico da LB. Esse fato ocorre quando existe uma diferença de inclinação nas retas (ritmos de produção) entre duas atividades diferentes e quando a abertura no tempo (buffer) é insuficiente entre as datas de início dos dois processos (MENDES JR., 1999). Figura 2.6 - Linha de Balanço com curvas de produção não balanceadas. A Figura 2.6 mostra um exemplo de uma LB com curvas de produção não balanceadas. Nela, é possível observar que dois processos de produção tiveram suas inclinações alteradas com o sistema já em andamento. A estrutura de concreto (atividade azul) seguiu com uma inclinação uniforme, seguindo o mesmo ritmo do início ao fim da atividade. Já a alvenaria (atividade vermelha) foi planejada com um ritmo de produção bem mais veloz do que o da atividade precedente, o que ocasionaria um choque entre as linhas de produção, em um determinado instante da obra, caso seu ritmo não fosse modificado. O mesmo ocorre com o revestimento de gesso (atividade roxa). Contudo, ao contrário do que ocorreu com a alvenaria, essa tarefa estava ocorrendo de forma lenta. O processo então precisou ser acelerado para que não houvesse choque com a atividade seguinte (atividade verde – contrapiso). Nesse caso, outra opção seria diminuir o ritmo de produção da execução do contrapiso. Esse desbalanceamento gera uma série de desperdícios ao empreendimento. Resultam dele, dentre outros prejuízos, equipes paradas esperando por liberação de serviço, utilização ineficiente de mão-de-obra e parada de equipamentos. A programação com LB procura balancear os ritmos de construção em projetos com atividades repetitivas, visando eliminar esses desperdícios (MENDES JR., 1999). 16 O maior benefício obtido com a construção da LB é a clareza com que são mostrados os ritmos de produção das equipes, suas localizações, os tempos em que a tarefas devem ser concluídas, entre outras características, todas em forma gráfica de fácil visualização (MENDES JR., 1999). Segundo Mendes Jr. (1999), uma representação mais detalhada de uma LB fornece as principais informações do planejamento, tendo como vantagem a possibilidade de se obter respostas aos seguintes questionamentos (Figura 2.7): a) Quem executa a atividade? b) Qual é a atividade? c) Onde está sendo executada a atividade? d) Quando a atividade será realizada? Figura 2.7 - Informações da Linha de Balanço (BRANDÃO, GUCH e PAZ, 1995 apud MENDES JR., 1999) 2.2.3 Conceitos da Linha de Balanço Diversos trabalhos publicados que citam a técnica da Linha de Balanço (LOSSO & ARAÚJO, 1995; MENDES JR., 1999; PRADO, 2002; KEMMER, 2006; PACHECO & HEINECK, 2008) não fazem uma explanação clara dos principais conceitos da ferramenta. Livros relacionados a planejamento e controle da produção como o de Limmer (1997) e o de Bernardes (2003) também não expõem tais características. Pinheiro (2009) relaciona alguns dos principais conceitos, mas não o faz de maneira organizada, discutindo os mesmos sem apresentar sua definição. Por exemplo, a autora afirma que o planejamento de longo prazo ideal é aquele que preza a continuidade dos serviços, mantendo um fluxo contínuo de produção, reduzindo o tempo de espera que vise eliminar ou minimizar eventuais 17 interrupções, mas não define o conceito de tempo de espera em nenhum momento, obrigando os interessados a procurar outra bibliografia caso desconheçam o significado do termo. Como este trabalho trata essencialmente da técnica da LB, considera-se necessário listar os conceitos mais importantes que sirvam para posterior análise quando na hora de planejar os empreendimentos fazendo uso da ferramenta. As linhas de balanço das figuras a seguir foram elaboradas utilizando um planejamento fictício de um empreendimento com térreo, 4 pavimentos e uma cobertura, com caráter didático para demonstração dos conceitos apenas. Vale ressaltar que existem diversos pesquisas que discutem a elaboração da Linha de Balanço, mas poucas que busquem questionar o andamento da obra de acordo com o planejamento inicial, visando relacionar as dificuldades ocorridas. 2.2.3.1 Ciclo da atividade e quantidade de equipes Como já exposto, a LB é uma ferramenta essencialmente gráfica. A técnica trás um relatório visual fundamental para auxílio do engenheiro responsável pelo empreendimento (ALVES et al., 1996; COELHO; VARGAS, 1996 apud PRADO, 2002). Essa característica se dá principalmente pela facilidade de perceber quantas equipes estão trabalhando em determinado serviço na torre e em quanto tempo essa tarefa deve ser realizada (Figura 2.8). É possível notar que existem mais de uma equipe atuando no serviço quando, em um mesmo período de tempo, o gráfico da LB indica que existem mais de um pavimento com o serviço em execução. A alvenaria (atividade vermelha), por exemplo, está sendo executada simultaneamente no térreo e no 1° pavimento, no período entre 01/10/10 e 15/10/10, indicando a existência de duas equipes em atividade. 18 Figura 2.8 - Quantidade de equipes e tempo de ciclo em uma Linha de Balanço. 2.2.3.2 Tempo de espera e tempo de abertura Os espaços existentes entre curvas de produção de duas atividades consecutivas na LB representam conceitos importantes da técnica. A distância horizontal representa o tempo de abertura entre os serviços (buffer), ou defasagem naquela unidade, indicando que a mesma encontra-se sem serviço nenhum controlado pela LB. A distância vertical indica o tempo de espera, ou seja, o número de unidades na fila entre processos, aguardando o início das tarefas (MENDES JR., 1999). A Figura 2.9 ilustra o que foi explicado nesse parágrafo. 19 Figura 2.9 - Curvas de produção consecutivas em uma Linha de Balanço. 2.2.3.3 Tempo de atravessamento (Lead Time) O tempo compreendido entre o início do primeiro ciclo e o final do último de um determinado serviço é denominado de tempo de atravessamento (ou lead time) da célula de produção (Figura 2.10). Vários trabalhos publicados recentemente, como o de Kemmer (2006) ou o de Pacheco & Heineck (2008), visam estudar diferentes maneiras de se reduzir o tempo de atravessamento dos serviços controlados na LB. Esse conceito é considerado importante, pois se reflete diretamente nos prazos de conclusão dos serviços e, conseqüentemente, no prazo de entrega da obra. A Figura 2.10 mostra três serviços: alvenarias, revestimento de gesso e contrapiso. As equipes de alvenaria iniciam em 01/10/10 no pavimento térreo e terminam o último pavimento (cobertura) em 15/11/10. De acordo com o conceito já descrito, é possível concluir que o tempo de atravessamento da execução da alvenaria na obra é de 45 dias. Seguindo o mesmo raciocínio, têm-se os lead times de 90 dias para o revestimento de gesso e de 30 dias para o contrapiso. 20 Figura 2.10 - Tempo de Atravessamento das atividades em uma Linha de Balanço. 2.2.3.4 Trajetória ascendente ou descendente e momento de virada da obra Na elaboração do planejamento estratégico de edifícios altos, os administradores devem optar por executar os serviços da obra seguindo uma trajetória ascendente ou uma trajetória descendente em relação aos pavimentos. Atualmente, o planejamento de longo prazo da construtora em estudo normalmente é executado de baixo para cima, do início da obra até o serviço anterior a fachada, trocando para uma trajetória descendente a partir da execução do piso cerâmico ou porcelanato. Apesar de muito comum nos empreendimentos, não existe na bibliografia um termo definido para este momento de inversão. Vários autores como Mendes Jr. (1999), Kemmer (2006) e Ferraz et al. (SD) mencionam a mudança da trajetória dos serviços mas não a relaciona a conceito algum. Nas obras, é comum denominar o intervalo de tempo em que ocorre a troca de sentido das atividades, ou seja, o intervalo entre o final do último serviço realizado de baixo para cima e o início da primeira atividade realizada de cima para baixo como o momento de virada da obra (Figura 2.11). Apesar de não verificado na bibliografia, acredita-se que o termo é bastante utilizado em conversas no dia-a-dia dos engenheiros de obras. Por essa razão, esta pesquisa define, em sua discussão, o termo virada da obra como um conceito da LB. Uma das justificativas para a inversão das atividades é a execução da fachada. Como a atividade é realizada normalmente de cima para baixo, os serviços posteriores são programados seguindo a mesma seqüência para não ocorrer cruzamentos de serviços. No 21 próximo capítulo, são descritas e ilustradas com figuras as dificuldades encontradas quando ocorre o cruzamento das atividades com a fachada. A tese de Kemmer (2006) estuda diversas opções de planejamentos estratégicos para um mesmo edifício. O autor relatou a experiência que teve ao participar das reuniões com engenheiros, supervisores e diretores para definição do plano de ataque ao empreendimento. Trajetória ascendente ou descendente é um dos critérios a serem decididos nas discussões. Contudo, o autor não lista as vantagens e desvantagens relacionadas à escolha da trajetória de execução dos serviços. Figura 2.11 - Linha de Balanço com virada de obra e serviços descendentes. 2.2.3.5 Reaproveitamento de equipes No planejamento de longo prazo de um empreendimento, os gestores podem optar pelo reaproveitamento de equipes, caso o prazo da obra seja suficiente para tal decisão. A Figura 2.12 mostra um planejamento de longo prazo em que se pensou em aproveitar a mesma equipe responsável pela realização da alvenaria na execução da fachada e em seguida no revestimento cerâmico de parede. Algumas das vantagens desta prática são a confiança dos operários na empresa, pois percebem que existe uma preocupação em reutilizá-los em outros serviços e obras e a diminuição do número de contratações e demissões do empreendimento. 22 Figura 2.12 - Reaproveitamento de equipes de produção na Linha de Balanço. 2.2.3.6 Tempo de mobilização, tempo de base, tempo de ritmo, tempo de folga e duração total do projeto Segundo Pinheiro (2009), é preciso determinar algumas variáveis de tempo para a elaboração da LB de uma obra. Na Figura 2.13, tem-se: a) Tempo de mobilização (Tm) – representa o tempo gasto com atividades não repetitivas, tais como escavação, fundações, contenções, entre outros (PINHEIRO, 2009); b) Tempo de base (Tb) – É o tempo utilizado para execução de todos os serviços da obra em uma única unidade de repetição (PINHEIRO, 2009); c) Tempo de ritmo (Tr) – É o tempo necessário para execução das atividades em todas as unidades menos a primeira (PINHEIRO, 2009); d) Tempo de folga (Tf) – também denominado de pulmão do projeto, é o tempo de folga para suprir eventuais imprevistos que possam ocorrer durante a execução do empreendimento; (PINHEIRO, 2009); e) Duração total de projeto (Dt) – É o somatório dos tempos de mobilização, base, ritmo e folga. 23 O trabalho de Pinheiro (2009) ainda trás um estudo do comportamento dessas variáveis em função do tipo de obra. Figura 2.13 - Variáveis de tempo na Linha de Balanço (adaptado de PINHEIRO, 2009) 2.2.4 Roteiro para programação da Linha de Balanço Como esta pesquisa visa estudar a eficácia da ferramenta em campo, o processo de elaboração da LB não será discutido. Contudo, caso seja do interesse do leitor, recomendase a leitura de diversos autores, tais como Losso e Araújo (1995), Mendes Jr. (1999), Kemmer (2006) e Pinheiro (2009), que descreveram roteiros para a elaboração do planejamento de longo prazo do empreendimento com a utilização da Linha de Balanço. Para uma melhor compreensão no processo de elaboração da LB da construtora em estudo, recomenda-se a leitura de Ferraz et al. (SD). 2.2.5 Vantagens e desvantagens da técnica Linha de Balanço Alguns dos trabalhos utilizados como bibliografia nesta monografia listam as vantagens e desvantagens da utilização da técnica da LB. Dentre eles, recomenda-se Coelho (1998), Mendes Jr. (1999), Prado (2002), Kemmer (2006) e Pinheiro (2009) para estudar os benefícios e malefícios do uso da ferramenta. Apresentada as características necessárias da ferramenta, a metodologia que faz uso do estudo de caso será apresentada no capítulo seguinte. 24 3 METODOLOGIA Conforme já mencionado, esta monografia trata do estudo do planejamento estratégico de uma obra por meio da utilização da técnica da Linha de Balanço de uma empresa construtora. O método de pesquisa se divide em revisão bibliográfica e estudo de caso. Assim, foi possível obter uma idéia da utilização prática da ferramenta que estimulou os questionamentos a respeito da LB que se encontram em anexo neste trabalho. Inicialmente será descrita a construtora onde se realizou o estudo de caso. 3.1 A Construtora A empresa escolhida para a realização do estudo da Linha de Balanço é a Construtora Castelo Branco (CCB). A construtora atua no mercado imobiliário de Fortaleza desde 1988, ano de sua fundação, executando obras de vários segmentos, desde apartamentos compactos a apartamentos de alto luxo. Desde então a empresa se desenvolveu até alcançar o status de uma das empresas líderes de construção do mercado de Fortaleza. Inicialmente, a CCB trabalhava seguindo o modelo tradicional das empresas de construção civil, atentando apenas à transformação da matéria prima em produto final do cliente, sem levar em consideração os fluxos existentes nos processos intermediários. Percebendo os desperdícios gerados por esses fluxos, a empresa repensou sua metodologia de trabalho e experimentou uma nova mentalidade. Essa decisão resultou no novo sistema de planejamento e controle de produção utilizado pela CCB, denominado PS-37, que faz uso dos conceitos e técnicas da construção enxuta. Desde 2003, ano que se colocou em prática pela primeira vez o novo sistema, a CCB procura ter melhoria contínua em seus processos, buscando implementar ferramentas do pensamento enxuto que auxiliam da forma mais eficaz a geração de valor em seu produto, sempre com foco no desejo do cliente. A empresa busca a redução de toda e qualquer forma de desperdício de produção que ocorrem não só no processo de conversão, mas também como nos fluxos que antecedem esses processos. Com essas inovações, a empresa ganhou destaque e foi convidada a apresentar seu processo de planejamento e controle de produção em diversos eventos, tais como: a) Simpósio Brasileiro de Gestão e Economia na Construção 2005 (SIBRAGEC); b) Conenx 2006 – Seminário sobre Construção Enxuta; c) Lean Summit 2006; 25 d) Lean Nordeste 2007. Após a implantação do PS-37, a CCB já possui 16 obras concluídas e administra 11 empreendimentos que se encontram em construção, sendo 8 no estado do Ceará e 3 na cidade de Belém no Pará. 3.2 Revisão Bibliográfica Para melhor compreensão a respeito da utilização da técnica da Linha de Balanço nas obras da construtora, inicialmente procurou-se uma base conceitual que justificasse o uso da ferramenta e os benefícios adquiridos com ela. Assim, identificou-se a necessidade de estudar os seguintes temas: a) Planejamento e controle da produção e; b) A técnica da Linha de Balanço. Definidos os tópicos necessários para a pesquisa, o levantamento da bibliografia foi feito para então ser realizada a revisão bibliográfica, encontrada no capítulo 2 deste trabalho. 3.3 Estudo de Caso O edifício Emílio Hinko, executado em 2004, foi a primeira obra da CCB a ter um planejamento de longo prazo com a técnica da Linha de Balanço. Desde então, os empreendimentos da construtora são planejados com a mesma ferramenta. Após 6 anos de experiência de utilização da ferramenta, a equipe técnica da CCB vem aprimorando seu modelo de LB, eliminando as informações desnecessárias e incorporando novos elementos que possam auxiliar melhor o gerente de obras. Contudo, percebeu-se que para aprender a metodologia de elaboração da LB da construtora, não basta apenas entender a programação computacional envolvida no processo e dominar os fundamentos de planejamento da empresa. Existem diversos critérios envolvidos em sua elaboração que não são especificados em documentos. No contexto desta monografia, denominaram-se esses critérios não especificados da Linha de Balanço de elementos gerenciais tácitos. Segundo Mendes (2005), o conhecimento tácito é aquele adquirido por um indivíduo, através da experiência ao longo do tempo, sendo difícil de explicá-lo ou de formalizá-lo devido ser inerente as habilidades de cada pessoa. 26 Dessa forma, estudando as LBs utilizadas nos empreendimentos da empresa, surgiu uma série de questionamentos a respeito dos critérios utilizados para sua concepção. Curiosidades quanto a pontos específicos de uma obra que não são ilustrados pela ferramenta também surgiram, tais como o momento da retirada do guincho para a instalação dos elevadores, execução das áreas comuns e a execução da estrutura de concreto da periferia. Percebendo o número de critérios a serem definidos na elaboração da LB, as dúvidas passaram a ser registradas e organizadas, gerando uma lista com os questionamentos do autor desta pesquisa (Anexo 1). O estudo de caso foi realizado de forma que 10 perguntas de um total de 65 foram selecionadas para serem discutidas com os responsáveis pela elaboração da LB da CCB. A entrevista foi realizada de maneira informal, de forma que 2 a 3 itens eram escolhidos pelo autor para serem comentados em reuniões com os responsáveis pela elaboração da ferramenta. A conversa ocorria de forma que o autor informava aos engenheiros o item a ser tratado. Em seguida, os profissionais explicavam como o tópico em discussão era desenvolvido no modelo atual do planejamento da LB. Depois, o autor passava a sugerir algumas mudanças ou, até mesmo, a incorporações de documentos auxiliares que pudessem auxiliar o engenheiro de produção na utilização ou na elaboração da ferramenta. Dessa forma, as conversas aconteciam e os principais tópicos eram registrados pelo autor. É importante ressaltar a dificuldade de se ilustrar a LB em um trabalho acadêmico devido ao tamanho original no qual a mesma é representada. Nas obras da CCB, por exemplo, a LB é montada, em média, por um conjunto de 12 folhas em formato A3 (420 mm x 297 mm), totalizando aproximadamente 3,50 metros de extensão. Como a unidade de tempo escolhida em LBs é geralmente o dia e a construção de edifícios altos pode durar até mais de 3 anos, a representação da LB pode se tornar bem extensa. É preciso estudar novas formas de elaboração da ferramenta, de forma que possa ser mais facilmente manuseada no meio eletrônico e no meio físico. Assim sendo, fazendo uso dos dados da construtora descrita, no próximo capítulo serão discutidos 10 elementos gerenciais tácitos a serem incorporados à Linha de Balanço utilizada pela empresa. 27 4 ELEMENTOS GERENCIAIS TÁCITOS INCORPORADOS À LINHA DE BALANÇO DA EMPRESA A estrutura deste capítulo é montada de forma a ser apresentado, inicialmente, o tópico a ser discutido. Em seguida, é feita a pergunta relacionada ao assunto em destaque, a qual é retirada da lista de questionamentos que deu início a essa monografia (Anexo 1). Após breve introdução, discute-se sobre o tema em questão com o objetivo de responder à dúvida exposta. Como comentado no capítulo anterior, 10 itens foram selecionados para discussão neste trabalho. A seleção se deu pelos tópicos que o autor, em conjunto com os responsáveis pela elaboração da LB, julgou mais interessantes. Os questionamentos selecionados e discutidos estão destacados na lista de perguntas em anexo. É importante ressaltar que para se ilustrar os conceitos e conhecimentos tácitos discutidos neste capítulo, foram realizadas algumas modificações no layout original da LB utilizada pela construtora. Figura 4.1 - Exemplo do layout original da LB. 28 A Figura 4.1 ilustra como seria visualizada a LB da construtora, caso colocada nessa pesquisa sem nenhuma alteração. É possível perceber que as informações não ficam claras e, por vezes, não é possível determinar nenhuma informação. A Figura 4.2 mostra as adaptações feitas na LB para que as informações fiquem visíveis ao leitor. A explicação de cada indicador número é descrita a seguir. Figura 4.2 - LB com layout modificado para melhor representação no trabalho. Na Figura 4.2, na parte superior da LB, foram excluídas as datas de cada dia para que os meses pudessem ser representados em letras maiores (item 1). No canto esquerdo, os pavimentos foram excluídos para que pudesse ser representado o nome da obra (item 2). Na ponta direita da LB original, existe a mesma representação com o nome da obra e seus respectivos pavimentos. Na adaptação feita, foi realizado o inverso do que foi descrito no item 2, ou seja, foi apagado o nome da obra e colocados os pavimentos em letras maiores para melhor visualização. As caixas de texto que identificam as células de produção foram modificadas, de modo que as informações adicionais, como o número de equipes e o ciclo esperado, foram retiradas para que cada serviço possa ser identificado pelo leitor (item 3). Por último, quando necessário destacar alguma informação que não seja possível ser visualizada, ela será indicada em um quadro maior, como se estivesse sendo realizado um zoom na 29 informação (item 4). Uma última adaptação que pode ocorrer nas próximas figuras são as caixas de textos, soltas na LB, contendo comentários relevantes. Sugere-se a comparação da Figura 4.1 com a Figura 4.2 para perceber as modificações realizadas. A seguir, passa-se a estudar os itens que foram selecionados para incorporação na Linha de Balanço a partir do conhecimento tácito existente sobre eles. 4.1 4.1.1 Células de Produção Controladas pela Linha de Balanço Quais células de produção (CP) devem ser controladas pela LB? Quais os critérios utilizados para definição das CPs escolhidas? A equipe técnica da CCB já realizou reuniões para discutir quanto aos pacotes macros que devem ser controlados na LB e quais serviços devem ser executados em cada célula de produção. Dessa forma, como a própria proposta do planejamento de longo prazo preza, apenas as atividades mais importantes do empreendimento são ilustradas na ferramenta, possibilitando ao administrador uma visão objetiva da obra como um todo, eliminando o excesso de informações que dificulta o gerenciamento. A reunião de diversas tarefas em um pacote de serviços tem se tornado uma prática bastante utilizada nas empresas de construção. O trabalho de Carneiro (2007) trás um estudo sobre as vantagens de se utilizar células de produção que trabalhem com pacotes de serviço na construção civil. A equipe técnica da CCB buscou agrupar tarefas que pudessem ser realizadas por um mesmo profissional, de forma a manter o fluxo contínuo das atividades, e sem a necessidade de deslocamentos excessivos por parte do operário. Por exemplo, a equipe responsável pela execução da alvenaria do pavimento também deve assentar os contramarcos nos apartamentos, eliminando a necessidade de se pagar outro profissional, diminuindo o número de controle para a administração da obra. Uma das vantagens dessa prática é a polivalência do profissional. Um pedreiro, que antes possuía a habilidade apenas de assentar blocos cerâmicos, aprende a assentar caixas elétricas e a realizar o reboco necessário nas paredes dos apartamentos. Em algumas empresas, é comum também utilizar o mesmo operário que realiza as alvenarias da obra em outros serviços futuros, como no revestimento de piso por exemplo. A empresa visa contratar funcionários com habilidade na execução de fachadas para realização dos serviços de alvenaria do edifício para posterior reaproveitamento. 30 Inicialmente, era necessária a definição do lote de produção, pois era preciso saber a unidade de repetição para, em seguida, selecionar as CPs mais adequadas para controle macro. Em edifícios altos, a CCB normalmente trabalha com lote de 1 pavimento, pois, dessa forma, o controle da construtora sobre as atividades é facilitado, além de simplificar o planejamento da obra, já que algumas atividades são inerentes ao pavimento, como a estrutura de concreto. Um edifício de 15 pavimentos, com 6 apartamentos cada, teria 15 repetições de um mesmo serviço com a unidade de repetição sendo 1 pavimento; caso o lote escolhido fosse 1 apartamento, a mesma atividade deveria ser controlada 90 vezes. 4.1.2 As 14 células de produção controladas pela Linha de Balanço O critério utilizado pela equipe técnica da CCB para a escolha das células de produção que compõem a LB foi o caminho crítico do empreendimento. Foram organizadas as etapas das obras e analisadas as dependências entre elas. Por exemplo, para se realizar a alvenaria de um pavimento, a estrutura de concreto deve estar concluída, da mesma forma que para o revestimento de gesso ser iniciado, as alvenarias já devem estar prontas. Algumas atividades importantes como a realização das instalações e a colocação das esquadrias são reconhecidas pela empresa como serviços que podem ser executados em paralelo aos demais escolhidos como células de produção principais. Por essa razão, não são visualizados no gráfico da ferramenta. Contudo, o início dessas atividades é indicado nas abas inferiores, espaços reservados para anotações na LB (Figura 4.3). 31 Figura 4.3 - Abas inferiores da LB indicando um serviço, não controlado pela ferramenta, a ser iniciado. Assim sendo, foram definidas 14 células de produção para compor o planejamento com Linha de Balanço dos empreendimentos da construtora (Figura 4.4). A numeração das CPs (CP-XX) indica a seqüência das atividades, ou seja, a anterior necessita estar concluída para a posterior iniciar. Dependendo das características da obra em questão, as células de produção citadas na Figura 4.4 podem ser alteradas ou ajustadas para um melhor planejamento. Logicamente, visando à melhoria contínua, com a experiência adquirida nas obras, a CCB pode vir a aprimorar a lista de CPs. Contudo, este é o modelo padrão atual utilizado nos empreendimentos da CCB desde 2004. A CP-03.1 (impermeabilização) tem a numeração com o padrão diferente apenas para evitar confundir os funcionários mais experientes da construtora, já que o código das demais células já é difundido em todo corpo técnico. 32 Figura 4.4 - Células de produção controladas pela Linha de Balanço da CCB. É importante ressaltar que na fase de planejamento de longo prazo dos empreendimentos, cada empresa possui seu próprio critério para determinar as células de produção que devem ser controladas na LB. Nessa etapa do planejamento, muitas construtoras utilizam as instalações como uma das CPs a serem ilustradas na ferramenta; outras colocam esquadrias e até limpeza como serviços principais. Como já explicado, tais atividades que não aparecem nos processos das células de produção da CCB são executadas em paralelo às demais. Os prazos são definidos nos planejamentos de curto e médio prazo e devem ser controlados rigorosamente, pois, apesar de não constarem na LB, as atividades funcionam como precedência das outras atividades controladas pela ferramenta. Por exemplo, a cerâmica de parede não pode ser concluída na cozinha caso os eletrodutos desse ambiente não estejam devidamente colocados. Os processos relacionados à célula de produção referente às alvenarias periféricas foram dispostos no anexo 2. Com maior flexibilidade quando comparado a lista de CPs, o conjunto de atividades relacionados em um mesmo pacote possui maior facilidade para ser reorganizado de forma a melhorar o processo produtivo. 33 4.2 4.2.1 Ataque ao Empreendimento: Trajetórias Ascendentes ou Descendentes de Serviços Qual a melhor forma de execução do empreendimento: serviços executados de cima para baixo ou de baixo para cima? Algumas das pesquisas realizadas sobre planejamento de longo prazo, como Mendes Jr. (1999) e Kemmer (2006), citam a decisão a ser tomada quanto a execução da obra seguindo uma trajetória ascendente ou descendente. Contudo, esses trabalhos não discutem os motivos para se realizar a inversão do sentido (já que a estrutura obrigatoriamente é feita de baixo para cima). Ferraz et al. (SD) descrevem um roteiro para a elaboração da Linha de Balanço para edifícios altos, mas não mencionam a inversão da trajetória das CPs. Os autores chegam a colocar uma ilustração de células com sentidos alternados, mas não realizam discussão a respeito do assunto. A inversão da trajetória das atividades é denominada neste trabalho como momento de virada da obra. Como mencionado na revisão bibliográfica, o termo é bastante utilizado no dia-a-dia pelos engenheiros de obras e, por essa razão, acredita-se que é a denominação ideal para o assunto em estudo. Kemmer (2006) realiza uma série de planejamentos a longo prazo com Linha de Balanço, com o objetivo de comparar as opções e escolher aquela que possui melhores resultados, segundo critérios definidos pelo autor, tais como o tempo de atravessamento da atividade e número de equipes em uma célula de produção. Nas opções criadas por Kemmer (2006), existem tanto alternativas com trajetórias invertidas de serviço, como alternativas em que a obra é executada seguindo um sentido de baixo para cima em todas as células de produção (com exceção da fachada). O autor não cita as vantagens e desvantagens da trajetória escolhida, com exceção do momento em que menciona a preocupação dos administradores quanto ao intervalo de tempo existente para início da atividade seguinte à última tarefa de trajetória ascendente, devido ao longo tempo de abertura nos pavimentos inferiores (Figura 4.5). Acredita-se que Kemmer (2006) equivocou-se em não discutir sobre a trajetória selecionada, já que a opção escolhida pelo autor como melhor planejamento para a obra em questão, envolvendo um sentido ascendente para todos os serviços da obra, concorria com uma alternativa idêntica, modificando apenas a trajetória ascendente para a descendente em todas as atividades após a fachada. 34 Figura 4.5 - Característica negativa da inversão dos serviços da obra: grandes intervalos de tempo de abertura nos pavimentos inferiores (adaptado de KEMMER, 2006). 4.2.2 As vantagens da virada da obra segundo a CCB Na construção de edifícios altos, a CCB geralmente opta pela virada da obra no momento de execução da fachada. Ou seja, a empresa normalmente executa a estrutura de concreto, a alvenaria periférica, o revestimento de gesso e o contrapiso (e todos os serviços intermediários a esses, como algumas instalações) e então inicia a fachada invertendo a trajetória, executando-a da platibanda (coberta) ao 1° pavimento. Assim, o restante das células de produção são todas planejadas para execução de serviço seguindo essa mesma seqüência. Nas LBs da CCB, o momento de virada de obra é representado por uma grande seta vermelha compreendendo o intervalo de tempo reservado para a preparação das balanças a serem utilizadas na execução da fachada (Figura 4.6). 35 Figura 4.6 - Indicação do momento de virada da obra na LB. No início do planejamento de longo prazo, quando a equipe técnica da CCB se reuniu para começar a definição dos planos de ataque aos empreendimentos, discutiu-se a possibilidade de realização da inversão da obra ou não. Os profissionais chegaram à conclusão de que era viável realizar o momento de virada da obra no intervalo de tempo compreendido entre a execução das alvenarias periféricas e a fachada. Assim, concluiu-se que as quatro primeiras células de produção (estrutura, alvenaria, revestimento de gesso e contrapiso) seriam realizadas seguindo uma trajetória ascendente e o restante (fachada à pintura) seriam executadas de cima para baixo (Figura 4.7). Figura 4.7 - Linha de Balança da CCB - Inversão de trajetória de atividades da execução da fachada em diante. 36 O motivo principal que justifica a adoção desse critério nas LBs da empresa é a tentativa de não cruzar a execução da fachada com qualquer outro serviço. Uma das razões para evitar esse cruzamento é devido a CCB reconhecer a betoneira como gargalo na construção de edifícios altos. Ou seja, dentro do sistema de produção, é o equipamento que limita a produtividade de todo o sistema devido sua capacidade. Os pedreiros responsáveis pela realização do contrapiso, por exemplo, não podem executá-lo sem que a betoneira produza a quantidade necessária de material para o pavimento. A construtora costuma executar as fachadas de seus prédios por completo (pavimento por pavimento) e não por trechos, exigindo a capacidade máxima que a betoneira pode oferecer à obra. Essa é uma das razões para isolar a fachada dos outros serviços, como, por exemplo, o contrapiso que também exige bastante do equipamento em questão. O segundo motivo para buscar não cruzar a execução da fachada com outro serviço são as complicações que podem surgir no cruzamento das atividades. A obra a qual o autor dessa pesquisa teve a oportunidade de acompanhar sofreu um atraso na entrega do pedido da cerâmica da fachada, o que fez os gerentes do empreendimento tomarem a decisão de iniciar o revestimento de piso, serviço posterior à fachada, antecipadamente, em uma tentativa de minimizar o tempo desperdiçado com o atraso. Contudo, esse adiantamento trouxe 3 tipos de problemas à empresa quando ocorreu o cruzamento das atividades. Nos pavimentos em que iria ser iniciado o revestimento de piso já com o revestimento da fachada realizado, os profissionais alegaram maior dificuldade e tempo necessário para a limpeza do pavimento, já que a execução da fachada provoca grande sujeira, devido à massa que é atirada contra a estrutura, respigando dentro dos apartamentos. Nesse ponto, pode surgir um questionamento quanto a este problema não estar relacionado ao adiantamento do piso, já que a ordem natural das células de produção da empresa é a execução da fachada para posterior realização do revestimento de piso. Contudo, existe a diferença de que os materiais necessários para o serviço do piso, como as caixas de porcelanato e as argamassas colantes, já estão estocados no pavimento (inventário) quando os profissionais da fachada chegam para executar suas obrigações. Isso dificulta a limpeza dos apartamentos, pois a sujeira da fachada se acumula nas proximidades dos materiais estocados, abaixo dos pallets ou entre eles por exemplo. Para uma maior compreensão quanto a inventário de serviços, recomenda-se a leitura de Carneiro (2007) e Carneiro (2009). O segundo problema é o inverso da situação anterior. Nos pavimentos em que iria ser iniciada a execução da fachada e o revestimento de piso já estava realizado, era preciso proteger o porcelanato, evitando impactos ou arranhões que acarretariam em sua substituição. 37 Com isso, a construtora era obrigada a adquirir papelão em quantidade suficiente para proteger todos os apartamentos e também a pagar um profissional para estirá-lo (Figura 4.8 e Figura 4.10). Com isso, o resultado era uma minimização da sujeira decorrente da execução da fachada, já que, posteriormente, outro profissional deveria recolher o papelão dos apartamentos e limpar o restante da sujeira não evitada pelo material (Figura 4.9 e Figura 4.11). Figura 4.8 - Apartamento protegido com papelão. Figura 4.9 - Sujeira decorrente dos serviços da fachada em apartamento com revestimento de piso já executado. Figura 4.10 - Varanda protegida com papelão com sujeira da execução da fachada. Figura 4.11 - Sujeira não contida pelo papelão após sua retirada. O terceiro, e pior caso, ocorre quando a realização do revestimento de piso acontece junto à execução da fachada. O pacote de serviço estipulado para ser realizado pela 38 equipe em 10 dias, por exemplo, acaba por durar, algumas vezes, até o triplo de tempo planejado, pois as atividades da fachada atrapalham constantemente os profissionais do revestimento de piso, os quais, por sua vez, precisavam efetuar planejamentos do que executar e onde executar de acordo com a localização do trecho da fachada em execução. Assim sendo, acredita-se que a inversão das atividades visando não cruzar serviços com a execução da fachada é a melhor forma de evitar os problemas descritos nesse tópico. 4.3 4.3.1 Instalação dos Elevadores Em que momento da construção deve acontecer a retirada do guincho para a instalação dos elevadores? Por que não representar este fato na LB? Visando eliminar as dificuldades com deslocamentos verticais para auxiliar em seus processos construtivos, as construtoras geralmente fazem uso de equipamentos mecânicos denominados guinchos. Com os conceitos da construção enxuta tornando-se cada vez mais comuns, as empresas vêm buscando realizar aperfeiçoamentos nesses equipamentos, visando um melhor desempenho, como foi caso da CCB. A construtora adicionou uma caçamba para transporte de argamassas e concreto ao seu guincho de carga. Essa melhoria diminuiu o tempo desperdiçado no transporte vertical e eliminou o esforço humano utilizado no processo antigo de transporte do material, o qual precisava de um profissional com um carrinho de mão para efetuar o deslocamento. Para um melhor entendimento das mudanças de filosofia que as empresas vêm efetuando para adaptar-se à mentalidade enxuta na construção civil (denominada construção enxuta) recomenda-se a leitura de Carneiro (2009), Rocha (2004) e Souza (SD) para casos específicos de construtoras cearenses. Para conceitos da lean construction mais gerais, existem diversos trabalhos publicados, tais como Formoso (1999, 2001, SD), Angelim (2009) e Machado (SD). Koskela (1992) é o autor que criou a denominação lean construction ao traduzir os conceitos da mentalidade enxuta para a realidade da construção civil. A localização do guincho é uma das primeiras decisões a ser tomada quando se opta pela utilização do equipamento. Normalmente, o guincho é instalado em um ponto do edifício em que seu acesso esteja ligado ao hall do pavimento, ou em qualquer região que não atrapalhe o fluxo das células de produção (Figura 4.12). A construtora em estudo percebeu que liberar as atividades nos apartamentos não é o suficiente para eliminar desperdício de 39 tempo na construção e passou a instalar seus guinchos nos poços de elevadores, evitando pedaços de serviços incompletos nos pavimentos, tais como a alvenaria, revestimento e pintura do hall, já que é preciso deixar uma abertura de acesso ao guincho, gerando atividades inacabadas. A Figura 4.13 ilustra os equipamentos em fase de instalação no poço de elevadores de um edifício em construção da CCB. Figura 4.12 - Guincho de passageiros instalado na frente do edifício em construção. Figura 4.13 - Guinchos de carga e passageiro em fase de instalação dentro do poço de elevadores de um edifício em construção pela CCB. 40 A metodologia da CCB eliminou um dos questionamentos registrados da lista de questionamentos em anexo. Para as empresas que instalam os guinchos nas laterais dos edifícios, é possível perguntar se é interessante representar, na LB, o intervalo de tempo necessário para realizar todas as atividades restantes que deixaram de ser feitas devido à localização do equipamento e sua retirada tardia. É importante ressaltar que, apesar de não aparentar, é uma quantidade considerável de serviço não realizado, já que se trata de toda a seqüência de atividades (desde alvenaria, revestimento de gesso, fachada até pintura) com um grande número de repetições. Assim sendo, sugere-se o estudo das conseqüências de se deixar o espaço para acesso do guincho sem serviço até que o mesmo seja retirado. Por outro lado, a instalação do guincho no poço de elevador faz com que surja outro questionamento na lista. Existe um momento na construção em que o equipamento terá de ser retirado para que seja realizada a instalação dos elevadores do edifício. Assim sendo, pergunta-se como pode ser representado esse momento no planejamento de longo prazo. A compra dos elevadores e o seu recebimento também são discutidos no tópico a seguir. Atualmente, não há indicação alguma quanto aos elevadores na LB da construtora. 4.3.2 Indicação do momento de compra e instalação dos elevadores na LB Vários serviços necessitam do transporte vertical de argamassa, tais como a execução das alvenarias, do contrapiso e da fachada. Os diversos materiais utilizados nas atividades como porcelanato, cerâmica, blocos cerâmicos e blocos de gesso também fazem uso do deslocamento através do guincho. Por essa razão, é possível afirmar que o equipamento exerce uma função essencial no processo produtivo na construção de edifícios altos. Mesmo depois de encerradas as células de produção principais que demandam grande uso do guincho, é importante manter o transporte para o deslocamento vertical, pois normalmente existem apartamentos com projetos modificados ainda não executados, serviços que necessitam de correção e atividades finais para conclusão da construção (instalação das bancadas por exemplo). É possível observar que ao chegar próximo ao final da obra, o transporte de argamassa é bem menor, eliminando a necessidade da caçamba acoplada ao guincho de carga. Contudo, o transporte de pessoas e de materiais sólidos (cerâmicas, louças e metais, porcelanato, entre outros) ainda é comum mesmo na etapa final das obras e pode ser realizado pelo elevador após a retirada do guincho. 41 Atualmente, o momento de compra e de instalação dos elevadores do empreendimento não é definido pelo planejamento de longo prazo, deixando para os gerentes de obras a responsabilidade de lembrar o momento de realizar essa atividade. Assim sendo, surgiu o questionamento a respeito da época em que deveria ser efetuado o pedido, quando ocorre o momento de sua instalação e como esses fatos poderiam ser ligados à LB. Segundo a discussão realizada com os elaboradores da LB, os tempos necessários para fabricação e instalação dos elevadores foram registrados nas diversas obras já construídas pela empresa. Conforme registro, os fabricantes conseguem entregar os elevadores um ano após solicitação de sua fabricação. A instalação leva, em média, um mês por equipe, as quais são responsáveis por um elevador por vez. Geralmente é enviada uma equipe de trabalho para a instalação do equipamento. É importante ressaltar que esses valores são números obtidos através da experiência da construtora, podendo variar devido, dentre vários motivos, ao fabricante e ao momento do mercado da construção Chegou-se ao entendimento de que a melhor forma de indicação dos momentos de compra e instalação dos elevadores é através das abas inferiores da LB. Assim sendo, foi definido que a instalação do equipamento deve ser realizada após todo o deslocamento vertical de materiais de gesso, como os blocos das divisórias e as placas dos forros de teto, e também todo o transporte de argamassa. Nas LBs da construtora, esse momento ocorre por volta de 6 meses antes do prazo final da obra, ou da torre, caso o empreendimento seja composto por mais de uma (Figura 4.14). Por sua vez, a compra dos elevadores deve ser solicitada 1 ano antes da instalação dos mesmos (Figura 4.15). 42 Figura 4.14 - Indicação do momento de instalação dos elevadores na LB. Figura 4.15 - Indicação do momento de compra de elevadores na LB. 4.4 4.4.1 Planejamento da Execução da Estrutura de Periferia Como representar a execução da estrutura da periferia na LB? Segundo Assumpção (1996), os empreendimentos relacionados a edifícios altos podem ser divididos em dois subsistemas de produção: a torre e a periferia. O desenvolvimento da torre trata da realização dos pavimentos repetitivos da construção, controlados pela LB, onde serão efetuados os serviços das células de produção definidas anteriormente nesse trabalho. Por sua vez, a periferia é o desenvolvimento horizontal da 43 construção, onde se situa a região das áreas comuns do edifício, ou seja, academia, salão de festa, piscina, quadras, estacionamento, entre outros. A Figura 4.16 ilustra os subsistemas em questão. O subsistema da torre se caracteriza por ter os conceitos de seqüência e trajetória atrelados a ele. Os múltiplos pavimentos são representados na LB da construtora, como vem sendo discutido ao longo desse trabalho. Contudo, é possível perceber a ausência da indicação da execução da estrutura da periferia na LB. Essa, por sua vez, é normalmente executada em trechos devido a sua extensão. Algumas vezes os trechos são definidos no próprio projeto estrutural do empreendimento, sendo atribuídas juntas de dilatação para a estrutura da periferia. Mesmo quando não definido pelo projetista, muitas vezes a divisão por trechos é feita por diferentes motivos como uma melhor distribuição dos recursos humanos e materiais da obra e para favorecer o layout de canteiro, muitas vezes necessário para armazenamentos de materiais ou até mesmo por questão de acessibilidade (ASSUMPÇÃO, 1996). Figura 4.16 - Os subsistemas de produção do empreendimento (ASSUMPÇÃO, 1996). Uma das justificativas para um planejamento menos rigoroso com a estrutura da periferia é por ela não fazer parte do caminho crítico do empreendimento na maioria das obras. Dessa forma, acredita-se que existe folga para efetuar sua execução. Além da indicação na LB, os principais questionamentos a respeito da periferia são em relação à mão-de-obra utilizada e aos recursos necessários para sua realização. É importante ressaltar que o planejamento da execução da periferia depende fundamentalmente do prazo da obra e dos recursos disponíveis. Caso o prazo da obra seja 44 curto, é possível realizar a estrutura da periferia em conjunto com a estrutura da torre, necessitando de uma quantidade maior de mão-de-obra e materiais para suprir os dois subsistemas. Se existe um prazo maior para a entrega do empreendimento, pode-se afirmar que uma alternativa possível é esperar a conclusão de toda a estrutura da torre para que sejam aproveitados os materiais e a equipe na execução da periferia. Como, normalmente, os materiais necessários para realização da estrutura de concreto (escoras, plasterits, longarinas e caixotes) são alugados, é possível dizer que quanto mais rápida seja executada a periferia, melhor. Assim sendo, conclui-se que a restrição para sua execução é a mão-de-obra junto com a disponibilidade dos fornecedores de concreto. 4.4.2 O planejamento da periferia junto à LB Apesar de não pertencer ao caminho crítico do empreendimento, a decisão dos gerentes de executar a estrutura da periferia apenas quando conveniente pode trazer prejuízos a obra. Isso acontece pois, como se tem bastante tempo para realizá-la, por vezes o responsável acaba por não preocupar-se e o que se espera da periferia acaba não acontecendo da maneira imaginada naquele momento. Assim sendo, acredita-se que se faz necessário um planejamento da execução da periferia já na etapa de planejamento de longo prazo do empreendimento, minimizando as chances de complicações futuras. Logo, propõe-se um planejamento inicial da periferia de forma que já seja definida a quantidade de trechos a serem executados. Nessa fase de planejamento, já se conhece o prazo disponível para realização do empreendimento e histograma de mão-de-obra (fornecido na elaboração da LB). É possível fazer uso desses dados para definir o tamanho do trecho. Conhecendo o prazo, define-se a execução da periferia em paralelo ou após a realização da torre. Em seguida, estuda-se a quantidade de recursos materiais disponíveis na obra. Por último, verifica-se a mão-de-obra necessária para sua execução. Também já poderia ser aproveitada essa etapa para, em conjunto, realizar o planejamento do layout de canteiro, definindo o que deve ser executado primeiramente. Todas essas decisões podem ser resumidas em um relatório que deve estar disponível ao gerente da obra a todo instante, funcionando como anexo da LB. A indicação da periferia na LB deve ser mostrada de forma a indicar todo o intervalo de tempo para sua execução, sem detalhar a quantidade de trechos e o tempo gasto em cada um, visando não poluir visualmente a ferramenta. A Figura 4.17 ilustra a LB de um empreendimento em que foi tomada a decisão de executar a estrutura da periferia em paralelo à torre. Existe a 45 indicação de que é preciso buscar o documento referente ao planejamento da periferia para obter maiores detalhes a respeito de seu planejamento. Esse momento da construção pode ser movido para qualquer mês na LB, desde que se tenha tempo disponível para a execução. Figura 4.17 - Indicação da execução da estrutura da periferia na LB. 4.5 4.5.1 Planejamento da Execução das Áreas Comuns Existe um planejamento para a execução das áreas comuns (piscinas, guarita, quadras, salão de jogos, entre outros)? Como é feito esse planejamento? A realização das áreas comuns, a exemplo do que foi explicado em relação na execução da periferia, muitas vezes é uma etapa também pouco planejada. Por não fazer parte do caminho crítico, as construtoras tendem a focar mais na construção da torre e executar as áreas comuns no tempo restante. É uma etapa da construção um pouco mais complicada para se conseguir parâmetros de controle da execução, já que, no caso dos pavimentos, as atividades são repetidas várias vezes, obtendo-se dezenas de dados por obra, enquanto as áreas comuns fornecem apenas um. Outro fator negativo são os projetos arquitetônicos dessas regiões dos empreendimentos por serem bastante variados. Além disso, os detalhes muitas vezes são complexos e precisam ser melhor estudados para evitar-se erros. Assim sendo, mesmo com os critérios que são definidos no próximo tópico, o planejamento das áreas comuns é bastante complicado. Falta um conjunto de parâmetros confiável ao planejamento das atividades e não existe uma seqüência lógica para comandar sua execução. É preciso realizar um controle mais rigoroso nos empreendimentos para 46 eliminar esses problemas, fazendo com que o planejamento proposto a seguir seja mais eficaz. Alerta-se também quanto à necessidade de pesquisas em relação a essa etapa da obra. 4.5.2 Criação de um gráfico de barras exclusivo para as áreas comuns É complicada a definição do período de planejamento das áreas comuns, pois geralmente as determinações sobre sua execução são discutidas várias vezes pelos responsáveis do empreendimento. Normalmente, as decisões definitivas são obtidas apenas próximo ao momento de execução das mesmas. O planejamento relacionado à mão-de-obra novamente fica atrelada ao prazo da obra, podendo as equipes serem reaproveitadas das atividades concluídas da torre ou, caso necessário, formadas com novos funcionários contratados. Os equipamentos e materiais adotados, junto com as equipes, devem ser determinados e registrados em um documento utilizado pela empresa nas células de produção da torre denominado recursos adotados. Esse documento é divido em três partes, sendo a primeira relacionada aos recursos financeiros, em que a quantidade de serviço é definida e é associada à produtividade de um operário. A equipe então é montada para que a tarefa seja realizada no tempo desejado. Em seguida, é possível determinar o custo da atividade em função da quantidade de funcionários juntamente com a quantidade de dias que os mesmos irão gastar para realizá-la. A segunda parte do documento representa os recursos humanos necessários, definindo o número de equipes e determinando os funcionários que farão parte delas. A terceira e última informação fornecida pela ferramenta são os recursos materiais, que define todas as quantidades dos materiais necessários para a realização das atividades. A ferramenta recursos adotados pode ser vista no anexo 3. É importante ressaltar que esse documento é utilizado apenas para as células de produção da torre, mas pode ser perfeitamente adotado para as atividades das áreas comuns. No tópico relacionado a planejamento logístico da obra a seguir nesse trabalho, discute-se mais a fundo a ferramenta. Como as áreas comuns são compostas por ambientes diferenciados com características de serviços não repetitivos, é complicado atribuir a execução das mesmas a LB. Caso essa ilustração fosse feita, o máximo que se conseguiria era o intervalo de tempo necessário para a conclusão das áreas comuns, sem qualquer detalhamento que auxiliasse de fato o gerente de obras. Dessa forma, a indicação seria apenas uma poluição visual na LB, atrapalhando os que se utilizam da ferramenta. 47 Assim, decidiu-se que o planejamento das áreas comuns deve ser adaptado em um gráfico de barras exclusivamente para essa etapa da obra. Essa ferramenta deve ser elaborada quando a administração já tiver disponíveis as decisões necessárias para sua execução. Dessa forma, o engenheiro responsável poderá seguir a execução das áreas comuns através do gráfico de barras da mesma maneira que se executa a torre do empreendimento com o acompanhamento da LB. O planejamento das áreas comuns deve funcionar de maneira bastante semelhante à LB da torre. Por essa razão, utilizou-se o mesmo layout das LBs da empresa na construção do gráfico de barras. Contudo, é preciso adaptar a ferramenta para que funcione de forma eficaz. Assim sendo, os pavimentos na lateral da LB devem ser transformados nas etapas de execução de cada ambiente a ser realizado. A Figura 4.18 ilustra como o gráfico de barras das áreas comuns deve aparentar. As células coloridas em destaque ilustram o que foi planejado. São montadas equipes especialistas em um serviço e as mesmas são deslocadas de um ambiente para outro. Por exemplo, a equipe amarela é responsável pela escavação e executa essa tarefa na praça de leitura em 2 dias. Em seguida, passa a executar o mesmo serviço na região da praça zen, realizada em 3 dias. O mesmo ocorre com a equipe verde também em destaque, responsável pela realização do meio-fio de concreto boleado. O critério é utilizado para o restante das equipes. Figura 4.18 – Gráfico de barras para execução das áreas comuns. De forma a não deixar o engenheiro com a responsabilidade de lembrar-se do planejamento das áreas comuns, o gráfico de barras deve estar atrelado a LB principal por 48 meio das abas inferiores. Deve ser indicado o mês em que o planejamento das áreas comuns deve ser realizado e, no máximo, dois meses depois se deve iniciar sua execução. Esse intervalo de tempo foi determinado por experiência dos engenheiros de obras da CCB. Assim sendo, é preciso verificar se o prazo é suficiente para a elaboração do plano e, caso não seja, deve ser alterado para melhor guiar os gestores. Não é possível definir um mês certo em relação ao prazo final da construção devido à execução da periferia estar relacionada com as características próprias de cada obra. Não existem parâmetros e há necessidade de maiores estudos. A Figura 4.19 ilustra o que foi descrito. Figura 4.19 - Indicação na LB principal quanto ao planejamento e à execução das áreas comuns. 4.6 4.6.1 Conferência da Execução da Estrutura Como implementar pontos específicos na LB para conferência da execução da estrutura com o objetivo de evitar desalinhamento na fachada? Um dos principais problemas ocorridos na execução de estruturas de concreto é em relação ao alinhamento vertical dos pavimentos. Ao se montar uma equipe de cimbramento, normalmente é necessário selecionar um profissional mais experiente, com boa habilidade para realizar as principais marcações exigidas na tarefa, seja no início da obra, quando é preciso locar os blocos de fundação e os pilares de acordo com o gabarito do projeto, seja na fase da construção das lajes, onde é preciso manter a marcação dos pilares com a colocação de gastalhos. 49 Uma das atribuições da equipe também é manter o alinhamento vertical na fachada do edifício. Contudo, a literatura referente às estruturas de concreto afirma que sempre ocorrerão imperfeições na execução da estrutura resultantes de falhas naturais na execução da atividade. O engenheiro de obra tem como objetivo minimizar ao máximo esses equívocos, evitando problemas futuros na execução da fachada. Uma maneira de se minimizar as imperfeições é orientar os funcionários da equipe, junto ao encarregado, para que o alinhamento vertical da estrutura tenha como parâmetro o primeiro pavimento do edifício. Não é raro encontrar nos canteiros de obra da cidade equipes que baseiam seu alinhamento pelo pavimento imediatamente inferior ao que está sendo executado. Essa prática não é recomendada, pois as imperfeições acabam por se acumular quando a referência é a laje mais próxima. Escolhendo o primeiro piso como referência faz com que estejam sendo obtidos parâmetros do pavimento com erro zero, enquanto a laje imediatamente inferior já possui desalinhamento, acarretando na soma do erro inevitável com outro já cometido. É preciso ficar atento aos operários para verificar se estão executando o alinhamento da maneira solicitada. Existem dificuldades que os fazem seguir a atividade tomando como base o pavimento inferior. As bandejas de proteção muitas vezes atrapalham o funcionário a conseguir a referência do primeiro piso por exemplo. A execução da fachada é bastante prejudicada devido aos problemas ocorridos na realização da estrutura. O desalinhamento ocasiona maior gasto de material, pois é preciso alinhar toda a fachada. Além disso, as equipes responsáveis pela execução desse serviço acabam por não atingir os prazos estabelecidos pelas construtoras, pois geralmente a programação da atividade é feita assumindo que a imperfeição deve estar ao redor de 5 cm, segundo histórico da empresa. Grandes erros na delimitação do alinhamento do pavimento podem ocasionar mestras com mais do que o dobro desse valor. 4.6.2 A conferência de execução da estrutura vinculada à LB Com o objetivo de minimizar as imperfeições geradas na realização da estrutura, buscou-se criar uma indicação na LB que coordenasse a verificação do alinhamento dos pavimentos de maneira mais rigorosa periodicamente. Como comentando anteriormente, ainda é inevitável eliminar por completo o desalinhamento da estrutura ocorrido devido a erros naturais. Contudo, acredita-se que a vinculação da conferência periódica por parte do engenheiro da obra a LB possa evitar prejuízos maiores na execução da fachada. A idéia 50 principal com a implementação dessa medida é verificar com maior rigor os pavimentos indicados, já que faz parte da rotina da empresa a conferência de todas as lajes antes de qualquer concretagem. Assim, na discussão com os responsáveis pela elaboração da LB, foi acordado que seria um bom parâmetro estabelecer a ocorrência de uma verificação mais rigorosa a cada três lajes concretadas. A indicação da conferência será ilustrada na forma de quadro de texto, semelhante à indicação das células de produção, com o acréscimo de um espaço para a assinatura do engenheiro responsável indicando que a mesma foi realizada. Os quadros devem ser colocados no canto superior esquerdo da LB, onde geralmente existe bastante espaço para se representar a quantidade de conferências necessárias (Figura 4.20). O pavimento respectivo a cada assinatura deve ser indicado junto à legenda. Escolheu-se esse procedimento pois acredita-se que a ligação do quadro ao pavimento por meio de setas causaria poluição visual na ferramenta. Os parâmetros obtidos na conferência devem ser registrados na planilha de verificação de serviço (anexo 4) e armazenados segundo as orientações estabelecidas na política da qualidade da empresa, para posterior consulta caso necessário. Figura 4.20 - LB com ferramenta de conferência do alinhamento da estrutura embutida. 51 4.7 4.7.1 O Planejamento Logístico dos Recursos para Execução de uma Tarefa Existe um planejamento logístico ilustrado na LB? Como é feito esse planejamento? A maioria das atividades da construção civil requer recursos para sua execução, sejam eles financeiros, humanos, materiais, ou combinação dos três. Um dos desafios do gerente de obras é organizar-se de forma a consegui-los no momento adequado visando o fluxo contínuo do empreendimento. Tornando o gerenciamento ainda mais complexo, os conceitos da construtora baseados no Sistema Toyota de Produção (STP) indicam que não é interessante manter estoques de materiais, obrigando o engenheiro responsável a programar-se para obter os recursos para as atividades apenas quando necessário. Contudo, a CCB trabalha com o conceito de produção protegida, ou seja, não é viável estar com estoque zero de recursos (meta do STP) no empreendimento. Para um melhor entendimento do STP e dos prejuízos que os estoques podem acarretar, recomenda-se a leitura de Ohno (1997) e também de Carneiro (2009). Esse estuda as adaptações da construtora em questão em relação aos conceitos utilizados no STP. O trabalho de Alves (2000) também vem sendo bastante consultado para entendimento da mudança de filosofia das empresas. O atraso devido à falta de recursos é um problema bastante comum em qualquer construção. É preciso organizar-se para eliminar esse tipo de falha, lembrando sempre que também não é interessante a estocagem de uma quantidade muito grande de material no empreendimento. Assim sendo, quando a construtora passou a utilizar a LB como ferramenta de planejamento de longo prazo dos empreendimentos, percebeu-se a necessidade da criação do planejamento logístico de compra, recebimento, estocagem e transportes no canteiro dos materiais necessários para a realização das atividades. Nesse tópico do trabalho, apenas é discutido a ferramenta utilizada para determinação dos recursos indispensáveis para as células de produção e sua ligação com a LB. Mais uma vez, o trabalho de Carneiro (2009) é recomendado, caso queira-se entender mais sobre o planejamento de recebimento, estocagem e transporte dos materiais nos canteiros de obra da construtora em estudo. Aconselha-se também a leitura de Mota (2009) que dedicou sua pesquisa apenas à movimentação e ao armazenamento na construção civil. 52 4.7.2 A criação de uma ferramenta para controle logístico Para auxiliar o gerente de obras na determinação dos recursos indispensáveis para a execução de uma atividade, a CCB criou a ferramenta Recursos Adotados (anexo 3), já comentada anteriormente nessa pesquisa. O objetivo desse documento, como próprio nome já descreve, é a listagem de todos os recursos necessários para a realização das tarefas. Depois de programada a LB, é preciso iniciar a montagem de Recursos Adotados das células de produção, ou pelo menos daquelas mais próximas do início do empreendimento, como alvenaria, revestimento de gesso e contrapiso. É recomendado que o documento esteja de posse do gerente de produção com um tempo de antecedência suficiente para que os recursos possam ser solicitados em tempo hábil. Ressalta-se a importância quanto à administração da obra estar sempre atualizando os dados existentes na ferramenta, com o objetivo de suprir qualquer recurso esquecido em oportunidades passadas. A situação ideal é aquela em que todos os documentos de recursos adotados já estejam concluídos na fase de planejamento do empreendimento, antes mesmo de começar a construção. Contudo, isso nem sempre pode ser conseguido. Assim, os documentos vão sendo produzidos à medida que vão se aproximando os serviços a serem realizados. Nesse ponto, o problema é que a dinâmica da obra pode fazer com que o engenheiro não priorize a elaboração do Recursos Adotados. Assim, buscou-se sugerir uma alteração na indicação das células de produção. Como já comentado nesse trabalho, cada CP é indicada através de um quadro de texto contendo a identificação da célula, o número e a composição das equipes, e o tempo planejado para a conclusão de cada ciclo (Figura 4.21). 53 Figura 4.21 - Informações nos quadros de texto que identificam as células de produção. A sugestão busca auxiliar o engenheiro responsável a cobrar a elaboração dos Recursos Adotados. Da mesma forma como na conferência da estrutura de concreto, deve ser inserido nas caixas de texto de cada célula de produção um espaço para visto do engenheiro responsável. É importante ressaltar que a principal diferença dessa sugestão em relação à medida adotada como melhoria na verificação do alinhamento das lajes, é a não criação de quadros exclusivos para essa conferência, evitando o excesso de informações na ferramenta. A Figura 4.22 ilustra como deve ficar a LB após implementação da sugestão. É possível comparar as figuras Figura 4.21 e Figura 4.22 e concluir que não existe poluição visual nem excesso de informações nos comentários existentes dentro das caixas de texto. A vantagem é que o engenheiro pode ficar atento e fazer a cobrança da elaboração do documento caso seu visto não esteja no espaço solicitado. 54 Figura 4.22 - Ferramenta para conferência da existência do Recursos Adotados de cada célula de produção na LB. É importante ressaltar que existem materiais a serem solicitados que levam grande intervalo de tempo a serem entregues pelos fornecedores, como os elevadores, já discutidos nessa pesquisa. Na discussão com os elaboradores da LB, foram listados como recursos que precisam ser comprados com antecedência as cerâmicas (internas e fachada), os elevadores, as esquadrias, as instalações de gás/incêndio e as louças e metais. Apesar de existir uma pergunta a respeito do prazo de antecipação de compra destes materiais na lista de questionamentos em anexo, a discussão sobre o momento de sua compra, o tempo para negociação e o tempo de entrega não será realizada nesse trabalho. 4.8 4.8.1 Planejamento Referente ao Tempo de Mobilização do Empreendimento Como é planejado o tempo de mobilização (fundações, instalações provisórias de canteiro e fundações) do empreendimento em relação à LB? Normalmente, o tempo de mobilização nas construções é incerto. Diversos serviços se encaixam nessa categoria, variando de obra para a obra, dependendo das condições iniciais do terreno em que o empreendimento será executado. Como exemplo, é possível citar a construção de um edifício perto de uma lagoa e outro longe. As atividades preliminares daquele que é localizado próximo à água provavelmente necessitará contratar serviços para que o nível do lençol freático seja rebaixado quando no momento da execução das fundações. O edifício construído longe da lagoa talvez não precise de tal atividade. 55 Além de incertos, os serviços necessários para preparação de um terreno também são bastante variáveis. A escavação de um terreno pode ser planejada, mas não é possível determinar de maneira exata o tempo que será preciso para conclusão do serviço. As técnicas de estudo dos solos ainda precisam ser aprimoradas para que seja feito uma pesquisa tão conclusiva a ponto de poder ser determinada qualquer informação que o engenheiro da obra necessite naquela etapa da construção. Por essas razões, torna-se complicado o planejamento inicial do tempo de mobilização dos empreendimentos. É preciso que mais estudos sejam dedicados a essa etapa de construção para melhores conclusões a respeito do assunto. É possível encontrar diversas construtoras que não ilustram em suas LBs o tempo de mobilização gasto pelo empreendimento. Quando inserido, geralmente são apenas estimativas próximas a realidade, mas não é raro encontrar situações em que o intervalo de tempo determinado acaba por não refletir o que ocorre de fato em campo. É preciso aprimorar o processo de controle nos serviços preliminares das obras e começar a montar um banco de dados com um histórico confiável. 4.8.2 A representação do tempo de mobilização do empreendimento na LB Em conversa com os elaboradores da LB, foi discutido que o intervalo de tempo médio para a realização do tempo de mobilização de um empreendimento é de aproximadamente 2 meses, segundo experiências anteriores da empresa. Vale ressaltar a importância de realizar o controle (e seu arquivamento) de todo e qualquer momento da obra para futuras análises. O tempo de mobilização pode ser representado na LB da mesma forma que a execução da estrutura da periferia, ou seja, é colocado o intervalo de tempo total sem levar em consideração os diversos serviços que o compõe. Esses, por sua vez, devem fazer parte de um planejamento separado da LB. Contudo, essa metodologia só é eficaz caso sejam obtidos dados mais realistas dos serviços preliminares. Da mesma forma que no planejamento da estrutura da periferia, deve existir um relatório em anexo com as informações necessárias para execução dos serviços preliminares. A Figura 4.23 ilustra como os serviços preliminares devem aparecer na ferramenta. 56 Figura 4.23 - Indicação dos serviços preliminares na LB 4.9 A Metodologia de Execução da Fachada 4.9.1 Como é realizada a execução da fachada: por setores ou por pavimento? A execução da fachada vem sendo comentada nessa pesquisa como uma das tarefas mais complexas dentro do conjunto das células de produção definidas pela empresa devido aos prejuízos que podem ocorrer devido a uma possível interferência em outros serviços. Além disso, é uma das atividades mais onerosas da construção pois, além de muitas vezes envolver materiais mais caros, como cerâmicas, em sua realização, os operários são mais bem pagos devido às condições de trabalho e também por se tratar da região externa do edifício, exigindo maior qualidade de execução. Ferraz et al. (SD) comentam que utilizou-se, dentro outras, a teoria das restrições para formulação da LB da empresa em edifícios altos, onde se escolhe 3 etapas principais da construção para em seguida subordinar toda a construção a elas. Assim, foi escolhido determinar a data de início da estrutura de concreto, de conclusão da execução da fachada e de fim do empreendimento. O restante das atividades é encaixado nos intervalos de tempo intermediários a essas tarefas. Para um melhor entendimento da teoria das restrições, citada no trabalho do referido autor, recomenda-se a leitura de Goldratt (1998) e Goldratt & Cox (2002). É preciso estimular pesquisas comparativas a respeito da execução da fachada em obras de naturezas diferentes. A construtora em estudo costuma executar esse serviço em edifícios altos de pavimento em pavimento, mas existe a possibilidade de realizá-lo por trechos. Também pode variar a metodologia de execução dependendo da técnica selecionada. 57 No caso da construtora em estudo, a fachada é executada aplicando o método úmido sobre úmido, o que possibilita a realização da atividade em apenas uma subida e uma descida em cada balança. Em edifícios altos, acredita-se que executar o edifício de uma só vez, pavimento por pavimento, é mais vantajoso, pelas várias dificuldades que a execução da fachada pode trazer à construtora, caso cruze com outros serviços. A montagem das balanças para contornar todo o empreendimento tem um custo pequeno em comparação aos benefícios de executar a atividade dessa forma. Contudo, pesquisas poderiam ser feitas para estudar se o mesmo ocorre em prédios baixos. Nesse caso, uma melhor alternativa poderia ser o reaproveitamento das equipes e das balanças na execução por trechos. Recomenda-se a realização de estudos também quanto ao projeto executivo da fachada, comparando sua execução por trechos ou a torre por completo. Assim, poderiam ser comparados os gastos realizados com a diferença do número de funcionários na obra (a execução do contorno inteiro de uma só vez acarretaria mais operários) e a economia obtida com o aproveitamento das balanças de um trecho para outro. Além disso, seria possível comparar os diferentes tempos de atravessamento obtidos da célula de produção. 4.9.2 A metodologia adotada para representação da célula de produção da fachada na Linha de Balanço Apesar de a construtora adotar a execução da torre por completo, pavimento por pavimento, o contorno da fachada é dividido por regiões para que possam ser alocadas diferentes equipes de trabalho. Isso ocorre devido ao número de funcionários necessários para a realização da atividade no tempo exigido pela construtora. A Figura 4.24 ilustra o planejamento da execução da fachada de um edifício construído pela CCB. Após o conceito de célula de produção implantado, a indústria da construção civil percebeu que não é indicado agrupar um grande número de operários em uma mesma equipe. Diversos problemas surgiriam com um conjunto de 20 funcionários alocados em uma só equipe, como indica a Figura 4.24. Dentre eles, as possíveis conversas excessivas entre os membros da equipe e a variação de produtividade individual, ou seja, torna-se bastante complicado perceber quem realmente trabalha e quem acaba por produzir menos. Além disso, também não seria estimulada a disputa entre as equipes, fator importante quando se trabalha com células de produção. Criar um ambiente competitivo entre os trabalhadores de equipes diferentes faz com que os operários busquem antecipar os prazos. 58 Figura 4.24 - Detalhes do planejamento da célula de produção da fachada na LB. A quantidade de funcionários é definida de acordo com o comprimento total da fachada a ser executada. O número de equipes é determinado de acordo com a arquitetura do edifício. O planejamento quanto à região pela qual cada equipe é responsável é definida em um projeto executivo, separado da LB (anexo 5) O ciclo representado na Figura 4.24 indica que cada equipe deve ser dimensionada de forma a ter o pavimento executado a cada 5 dias. A soma de todos os funcionários necessários para atingir essa meta deve atingir o valor de 20 no total. A forma de ilustração da célula de produção da fachada é indicada na LB através de uma metodologia diferente das demais. Todas as outras células de produção possuem uma representação da quantidade de equipes e em que pavimentos as mesmas estão atuando. A CP da fachada é mostrada como se existisse apenas uma equipe para a realização do serviço, seguindo uma trajetória descendente contínua, ou seja, o pavimento inferior inicia quando o superior é finalizado. Isso pode ser feito pois parte-se do pressuposto que todas as equipes responsáveis pela fachada iniciarão seus serviços no mesmo período. Assim, pode-se dizer que a equipe unitária ilustrada na Figura 4.24 deve ser entendida como a última equipe a terminar suas atividades. 59 4.10 Distinção das Células de Produção na LB 4.10.1 Por que não distinguir cada célula de produção com cores diferentes para melhor visualizá-las na LB? As empresas que vêm adaptando suas metodologias à filosofia da construção enxuta sabem que a transparência das informações é conceito básico para a nova mentalidade, sendo essencial para as construtoras funcionarem de maneira plena. Alguns autores como Formoso (2001) e Akkari (2003) afirmam que a falta de transparência é um dos principais problemas na construção civil. Akkari (2003) ainda completa dizendo que os esforços do corpo técnico da administração, muitas vezes, são voltados para o desenvolvimento de informações sem questionar sua necessidade, ou seja, acabam por produzir um grande volume de informação desnecessário e uma pequena quantidade realmente aproveitável. Foi comentado no início dessa pesquisa que uma das principais vantagens da LB é o fornecimento de um relatório visual completo do que deve estar acontecendo na obra em determinada data. Contudo, para que ela seja interpretada de maneira proveitosa, é preciso que esteja bem elaborada. Esse foi um dos motivos de se resumir a quantidade de células de produção ilustradas na ferramenta, deixando apenas aquelas consideradas mais importantes. É a poluição visual, já comentada nesse trabalho, que se busca evitar. Esse trabalho vem buscando atribuir novos detalhes à ferramenta de forma a deixá-la mais realista sempre visando à transparência das informações, sem realizar excesso de informações. Contudo, ainda não foi discutida a forma de identificação das células de produção na LB. A Figura 4.21 ilustra a maneira da CCB de indicá-las na ferramenta. No entanto, existem outras formas de representá-las. A construtora estudada por Kemmer (2006), por exemplo, identifica suas células de produção por cores, colocando uma legenda auxiliar abaixo da LB, como mostra a Figura 4.25. 60 Figura 4.25 - LB com identificação das células de produção através de cores (KEMMER, 2006). Assim, surgiu o questionamento a respeito da indicação das células de produção na LB utilizada na construtora. Discutiu-se o assunto e chegou-se a conclusão apresentada no tópico a seguir. 4.10.2 A identificação das células de produção na LB Na reunião com os responsáveis pela elaboração da LB, discutiu-se a possibilidade de colorir as células de produção de maneira a diferenciar cada uma, alterando o layout da ferramenta. Contudo, analisando melhor a LB, concordou-se que não é uma boa mudança passar a representar cada CP com cores diferentes. Para obter-se um melhor parâmetro, foi elaborada a mesma LB ilustrada na Figura 4.7 utilizando a metodologia de colorir as CPs para identificá-las (Figura 4.26). 61 Figura 4.26 - Células de produção diferenciadas por cores na LB da construtora. Na Figura 4.26, é possível verificar a necessidade de se encontrar um local para inserir a legenda que identifique a célula de produção relacionada a cada cor. Considerando o layout atual da LB da construtora, as abas inferiores reservadas para anotações e lembretes teriam que ser removidas para dar espaço à legenda. Outra mudança notável é a retirada dos quadros de textos que identificava cada célula e suas respectivas características. Essas duas alterações são consideradas negativas para a ferramenta. Eliminar as abas inferiores impedirá que sejam indicados alguns momentos importantes da obra, como o início das atividades não controladas pelo planejamento de longo prazo. Dentre as alternativas possíveis, uma solução para esse problema seria colocar quadros de texto indicando o início dessas atividades. Contudo, tendo em vista a quantidade de serviços que não fazem parte das 14 células de produção definidas anteriormente, a ferramenta passaria a ficar bastante carregada visualmente, causando um excesso de informações, atrapalhando o gerente de obras. Algumas das ferramentas sugeridas a serem incorporadas nesse trabalho também não poderiam mais ser realizadas, como o visto para conferência dos recursos adotados e a conferência da estrutura. A retirada dos quadros de texto trás a desvantagem de não serem mais informadas alguns dados relevantes como o número de equipes e o tempo de ciclo. Além disso, toda vez que alguém precisar consultar a LB, irá precisar procurar a legenda para descobrir a célula de produção que deseja pesquisar para, em seguida, procurar no gráfico a região em que os espaços estão pintados com a cor respectiva. Com isso, os quadros de texto tornam-se mais viáveis, pois além de indicar as CPs informam características importantes das mesmas. 62 Apesar disto, a empresa entende que é importante o destaque com cor diferenciada da célula de produção responsável pela fachada, por ser considerada uma atividade crítica dos empreendimentos (Figura 4.27). A metodologia de se colorir todas as CPs fará com que a fachada perca o destaque desejado. Figura 4.27 - Célula de produção responsável pela fachada destacada de vermelho. Assim, conclui-se que não se deve alterar o layout atual da ferramenta, pois a mudança acaba por ocasionar mais desvantagens do que benefícios. 63 5 CONCLUSÃO O presente trabalho tratou da utilização da técnica da Linha de Balanço como ferramenta de planejamento de longo prazo de edifícios altos em empresas construtoras. É possível observar que muitas pesquisas foram desenvolvidas de forma a estudar a elaboração do gráfico e seus benefícios, gerando LBs fictícias, mas poucas são aquelas que estudam casos reais de utilização da técnica. Tendo em vista essa realidade, o presente autor buscou contribuir com o tema, levantando uma série de questionamentos quanto ao uso da ferramenta na prática de uma construtora. O objetivo principal da pesquisa é a incorporação de elementos gerenciais tácitos à Linha de Balanço, objetivo o qual foi alcançado no capítulo 4 da pesquisa, em que se sugere a implementação de detalhes gráficos na LB para auxiliar o engenheiro de obras e facilitar seu gerenciamento. Os objetivos específicos também foram atingidos. Foi preciso estudar o processo de elaboração da LB da construtora para que o autor desenvolvesse a habilidade de ilustrar as sugestões por meio de figuras adaptadas da ferramenta. Ainda no capítulo 4, foram analisados alguns dos principais critérios utilizados na elaboração da LB, buscando documentá-los para que estejam disponíveis a uma possível pesquisa futura a quem interessar. Por fim, as perguntas em anexo atende ao objetivo de listar as principais etapas de construção não especificadas na Linha de Balanço. É possível questionar o uso da Linha de Balanço como técnica de planejamento de longo prazo dos empreendimentos, uma vez que foi elaborada uma lista de perguntas a respeito de etapas da construção não ilustradas na ferramenta. Caso não seja possível representar todas as etapas do empreendimento na Linha de Balanço sem que haja um excesso de informações, recomenda-se a pesquisa de novas ferramentas que sejam capazes de tal feito. Observou-se também que as empresas em geral devem buscar aprimorar sua forma de controle nas obras para que o planejamento possa ser melhorado. A todo instante foi demonstrada a preocupação do autor quanto a não poluir visualmente a ferramenta e ao conjunto de dados necessário para que o planejamento funcione. Baseando-se nas análises, sugestões realizadas e conclusões obtidas, são sugeridos os seguintes temas para estudos futuros: a) Comparar a Linha de Balanço planejada inicialmente com o andamento real da obra; b) Comparar a eficácia dos softwares Ms Project e Ms Excel na elaboração da Linha de Balanço; 64 c) Aumentar a lista de questionamentos em anexo e discutir mais itens e; d) Realizar estudos quanto ao controle dos serviços das áreas comuns. Acredita-se que a elaboração dessas pesquisas contribuirão para os avanços no planejamento de longo prazo com a Linha de Balanço. 65 REFERÊNCIAS AKKARI, A. M. P. Interligação entre o planejamento de longo, médio e curto prazo com o uso do pacote computacional Ms Project. 2003. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS. 2003. ALVES, T. C. L. Diretrizes para a gestão dos fluxos físicos em canteiros de obras – Proposta baseada em estudos de casos. 2000. 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Qual o critério para a escolha do ciclo? Quais as vantagens e desvantagens na velocidade de execução da estrutura de concreto? 3) Por que não representar as instalações na LB? 4) Por que não distinguir cada célula de produção com cores diferentes para melhor visualizá-las na LB? 5) Como representar a execução da estrutura da periferia na LB? 6) Quais os critérios utilizados para definição do número de equipes nas células de produção? 7) Quais os critérios utilizados para a definição da quantidade de funcionários nas equipes? 8) Quais os critérios utilizados para definição do ritmo de produção (takt time) de uma célula de produção? 9) Quais os critérios utilizados para definição dos tempos de abertura entre as atividades subseqüentes? 10) Quais os critérios utilizados para definição dos tempos de atravessamento das células de produção? 11) Quais os critérios utilizados para definição do pulmão de projeto? 12) Como são inter-relacionados os critérios citados nos itens 6 a 11 na elaboração da LB? 13) Qual a melhor forma de execução do empreendimento: serviços executados de cima para baixo ou de baixo para cima? 14) O tempo de preparação das balanças, entre o final da execução das alvenarias periféricas e o início da fachada, é calculado? 15) O tempo de preparação das balanças é controlado? Caso não, por que não controlá-lo para obter uma melhor estimativa? 16) Quais os critérios utilizados para definição do tempo de preparação das balanças? 17) Quais funcionários participam da montagem das balanças? Devem ser contratados novos operários ou são reaproveitados de outro serviço? 18) Qual o melhor momento para a virada da obra? 19) Por que não executar a alvenaria de cima para baixo também, executando a obra inteira com essa mesma trajetória? 20) Por que não executar o contrapiso antes da alvenaria (eliminando a repetição do processo de nivelamento de piso)? 21) Por que a execução do chapisco da fachada não aparece na LB? 22) Como é realizada a execução da fachada: por setores ou por pavimento? 23) Que estratégia financeira é utilizada na elaboração da LB? 24) Existe um planejamento logístico ilustrado na LB? Como é feito esse planejamento? 25) Com quanto tempo de antecedência materiais mais demorados (porcelanato, cerâmica, elevadores) devem ser solicitados? 26) Como implementar pontos específicos na LB para conferência da execução da estrutura com o objetivo de evitar desalinhamento na fachada? 27) Existe planejamento para a execução das áreas comuns (piscinas, guarita, quadras, salão de jogos, entre outros)? Como é feito esse planejamento? 28) As modificações de layout de canteiro para adaptação às diversas fases da obra são planejadas pela LB? Por que não planejar? 29) Qual a melhor ordem de execução do empreendimento: primeiramente toda a periferia para depois executar os pavimentos tipo? Ou concluir toda a torre para em seguida realizar a periferia? Ou de forma conjunta, executando ambos os subsistemas ao mesmo tempo? 30) Por que existe um tempo de abertura tão longo entre contrapiso e a aplicação do porcelanato? 31) Em que momento as instalações elétricas devem ser iniciadas e por quê? 32) Em que momento as instalações hidráulicas devem ser iniciadas e por quê? 33) Em que momento as instalações de incêndio devem ser iniciadas e por quê? 34) A execução da estrutura da caixa d’água deve ser definida na LB? 35) Como são planejados os recursos para a execução da caixa d’água (mão-de-obra, equipamentos e materiais)? 36) Em que momento da construção deve acontecer a retirada do guincho para a instalação dos elevadores? Por que não representar este fato na LB? 37) Existe algum plano para planejamento dos apartamentos modificados? Tem como representar o momento de execução desses apartamentos na LB? 38) A execução das divisórias de gesso deve ser separada em áreas molhadas e áreas secas ou não? 39) Como é planejado o tempo de mobilização (fundações, instalações provisórias de canteiro e fundações) do empreendimento em relação à LB? 40) Como é planejado o restante das atividades que não são controladas pela LB? 41) Quais os critérios utilizados para período de início e fim das atividades do ítem 40? 42) Qual o critério para definir o intervalo de tempo em que o planejamento a médio prazo será realizado? 43) Quais atividades são indicadas nas abas na área inferior da LB? 44) Em que momento da obra o acabamento dos pisos dos subsolos e do térreo devem ser executados? 45) Em que momento da obra devem ser tratadas as colméias das regiões que não receberão forro de gesso? 46) O planejamento realizado com a LB leva em consideração o reaproveitamento das equipes nas atividades da obra? 47) Qual o critério para decidir quais células de produção uma mesma equipe realizará (caso ocorra o reaproveitamento das equipes)? 48) Por que não representar o tempo de limpeza (revisão final) na LB com uma célula de produção? 49) Por que a célula de produção da fachada é destacada em vermelho na LB? 50) Qual o ponto de partida para o planejamento com a LB? Quais as primeiras considerações a serem feitas? 51) Os serviços não controlados pela LB também têm a trajetória invertida quando ocorre o momento de virada da obra? 52) Por que não representar os feriados e dias não trabalhados na LB, assim como é feito com os finais de semana? 53) Como controlar serviço de empresas terceirizadas para seguir o planejamento estabelecido pela LB? 54) Como indicar o teste de pressão da caixa d’água na LB? 55) Como indicar o momento de vistoria dos bombeiros para liberação da obra na LB? 56) Como é a integração dos operários com a LB da obra? Existe um treinamento para que os operários entendam a ferramenta? 57) Existe um processo de melhoria contínua vinculado a LB? Existe um documento de análise de desempenho da LB em relação ao que realmente ocorreu na obra? 58) Quem é o responsável pela elaboração da LB? Qualquer funcionário da administração é habilitado a realizar o planejamento a longo prazo ou existe alguém específico para sua elaboração? 59) Qual software é utilizado para a elaboração da LB? Foram feitas comparações com outros softwares e técnicas para comparar desempenho de elaboração do planejamento a longo prazo? 60) Como representar as instalações de layout de canteiro, tais como vestiário dos funcionários e refeitório, na LB? 61) Como representar o intervalo de tempo necessário para desmontagem dos trilhos da fachada e sua movimentação? 62) Poderiam existir sugestões atreladas à linha de balanço para tempo perdido devido a defeitos em equipamentos importantes como a betoneira? 63) Existe um manual explicativo para a elaboração da LB? 64) Quanto tempo de experiência é necessário para uma pessoa aprender a elaboração da LB? 65) Há alguma forma de ilustrar o período de chuva nas LBs de forma a indicar possíveis períodos de maiores dificuldades? 70 ANEXO 2 – PROCESSOS DA CÉLULA DE PRODUÇÃO 02 PROCESSOS DA CÉLULA DE PRODUÇÃO 02 – ALVENARIAS PERIFÉRICAS DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS MARCAÇÃO DA ALVENARIA 1ª ELEVAÇÃO DE ALVENARIA 2º ELEVAÇÃO DE ALVENARIA ASSENTAMENTO DAS CAIXAS ELÉTRICAS EM ÁREAS SECAS ALVENARIA DA ESCADA ALVENARIA DO POÇO DO ELEVADOR SAIOTE DE WC´S REBOCO VARANDAS EMESTRAMENTO DE PAREDE CONTRA-MARCOS REGULARIZAÇÃO DE PISO DE WC´S E VARANDAS 71 ANEXO 3 – RECURSOS ADOTADOS DA CP-02 RECURSOS ADOTADOS P/ CÉLULA DE PRODUÇÃO 02 S - SUBORDINAR PROCESSOS DA CÉLULA DE PRODUÇÃO 02 15,4 22,0 22,0 30,0 20,0 9,4 4,3 27,5 110,0 8,8 5,5 220,0 19,8 33,0 71,23 321,07 297,99 101,00 33,13 11,77 31,65 207,74 973,43 62,00 2,00 17,70 96,24 m m² m² und m² m² m² m² m² und und m² m² m² TEMPO DE PROCESSO DA CÉLULA (DIAS ÚTEIS) QTDE DE PROFISSIONAIS 4,63 14,59 13,55 3,37 1,66 1,25 7,36 7,55 8,85 7,05 0,36 0,00 0,89 2,92 6,00 QTDE SERVENTES DIAS ÚTEIS PARA CÉLULA NOME FUNÇAO 3,00 0,77 2,43 2,26 0,56 0,28 0,21 1,23 1,26 1,47 1,17 0,06 0,00 0,15 0,49 Manoel Fernandes Cândido Estênio José Conceição Aldenor Luciano Mendes José Ribamar Anderson Luiz Pedreiro Pedreiro Pedreiro Pedreiro Pedreiro Pedreiro Servente Servente Servente Carlos Antonio Manoel John Erle Victor Cunha Bruno Pedreiro Pedreiro Pedreiro Pedreiro Pedreiro Pedreiro Thiago Robério Matheus Servente Servente 74,02 EQUIPE VERMELHA MARCAÇÃO DA ALVENARIA 1ª ELEVAÇÃO DE ALVENARIA 2ª ELEVAÇÃO DE ALVENARIA ASSENT. CX ELETRICAS EM AREAS SECAS ALVENARIA DA ESCADA ALVENARIA DO POÇO DO ELEVADOR SAIOTE DE WC'S REBOCO VARANDAS AMESTRAMENTO DE PAREDE CONTRA MARCOS CONTRA MARCOS PORTA CORTA FOGO AMESTRAMENTO DE PISO ALVENARIA HALL ELEVADOR REGULARIZAÇÃO DE PISO DE WC'S E VARANDAS DIAS ÚTEIS PARA 01 OPERARIO QTDE EQUIPE VERDE PRODUTIVIDADE HOMEM/DIA DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS EQUIPES DA CÉLULA DE PRODUÇAO 12,34 TEMPO TOTAL ADOTADO PARA A CÉLULA (DIAS ÚTEIS) DE 6 PEDREIROS E 3 SERVENTES 12,00 VALOR BRUTO DA CÉLULA DE PRODUÇÃO FUNÇAO DO PROFISSIONAL……………………………………………….………. PEDREIRO VALOR DE 01 LEAN (PROFISSIONAL)…………………….……………………… R$ 38,00 6,00 PEDREIROS x 12 Leans x 38 = NOME FUNÇAO Servente R$ 2.736,00 R$ 3.564,00 FUNÇAO DO AUXILIAR…………………………………………………………………...……. SERVENTE VALOR DE 01 LEAN (AUXILIAR)……………………………………………………………….. R$ 23,00 3,00 SERVENTES x 12 Leans x 23 = R$ 828,00 4821 154 154 7424 237 237 1175 38 38 PALLETS / PAV 100 2 2 186 4 2 39 1 1 LOCAL DIMENSÕES QTDE / PAV LOCAL DIMENSÕES QTDE / PAV. PORTA SALA PORTA VD JANELA JANELA WCS JANELA ESTAR JAN COZINHA CV JANELA QTS CV JANELA ESTAR CF JANELA Q2 E Q3 1,00x0,08x0,10 2,10x0,08x0,20 1,40x0,08x0,10 0,80x0,08x0,10 1,20x0,08x0,10 1,00x0,08x0,10 0,55x0,08x0,10 0,55x0,08x0,10 1,2x0,08x0,10 2,95x0,08x0,10 6 6 17 12 6 12 38 12 2 1 QUARTO WC COZINHA ESTAR ÍNTIMO ESCADA VARANDA PORTA CF 1,20 x 1,20 0,60 x 0,60 0,80 x 0,40 1,00 x 0,60 0,30 x 0,30 1,80 x 2,10 2,10 x 0,90 20 18 12 6 1 6 2 TIPO QTDE TRAÇO PREVISTO Alvenaria Regularização 163 REALIZADO CX'S ELETRICAS ARGAMASSA TOTAL QTDE 4X2 101 4X4 0 112 TOTAL QTDE 135 ITEM Escantilhoes Andaimes metálicos Regua de aluminio Tábuas Tambor de agua Rádio de comunicaçao Cinto de segurança Masseiras Porta Masseiras Betoneira 120L 65 TIPO SAIOTES PRÉ-MOLDADOS (8X20X20) (8X10X20) (8X5X20) (10X20X20) (10X10X20) (10X5X20) (14X20X20) (14X10X20) (14X5X20) BLOCOS / PALLET 48 96 98 40 64 98 30 40 60 CONTRA MARCOS QTDE / PAV EQUIPAMENTOS POR EQUIPE TELAS DE LIGAÇAO TIPO VERGAS E CONTRA VERGAS DE CONCRETO BLOCOS CERÂMICOS MATERIAIS DIMENSÕES QTDE / PAV BLOCOS / PALLET PALLETS / PAV S01 (84X35) 24 5 5 S02 (33X35) 12 5 2 S03 S04 S05 S06 S07 S08 S09 S10 S11 S12 S13 S14 (61X35) (14X35) (105X35) (106X35) (64X35) (66X35) (88X35) (30X35) (71X35) (70X35) (74X35) (22X35) 6 6 6 6 18 12 6 6 6 6 12 12 5 5 2 5 5 5 5 5 5 5 5 5 1 1 3 1 4 2 1 1 1 1 2 2 QTDE 18 12 6 20 m 2 1 6 6 6 1 72 ANEXO 4 – PLANILHA DE VERIFICAÇÃO DE SERVIÇOS DA ESTRUTURA SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE P02 - Planejamento e Gerenciamento de obra Código: PLANILHA DE VERIFICAÇÃO DE SERVIÇO - ESTRUTURA PLVS Obra:________________ Peça Estrutural INSPEÇÃO C NC REINSPEÇÃO C NC Local:_______________________ DATA OBSERVAÇÃO Obs: Levar em anexo o projeto de fôrma ou armadura da estrutura para identificação das peças. Revisão: 04 RESPONSÁVEL 73 ANEXO 5 – PLANEJAMENTO EXECUTIVO DA FACHADA