PREFEITURA MUNICIPAL DE APARECIDA DE GOIÂNIA CARTA DE RISCO DE APARECIDA DE GOIÂNIA – GO Relatório Final Goiânia, Goiás Outubro, 2012. Prefeito Municipal LUIZ ALBERTO MAGUITO VILELA Equipe Técnica do Município DALILLA ALVES DA SILVA Tecnologa em Geoprocessamento CAROLINA GONTIJO GUIMARÃES Arquiteta Urbanista JANAINA DE HOLANDA CAMILO Arquiteta Urbanista PATRICIA JULIANA COSTA LEMOS Bióloga RENATO MARCOS DA SILVA Engenheiro Civil Equipe Técnica VIASAT GLAUCIO FERNANDES Especialista em Análise Ambiental e Geoprocessamento SELOMAR BREDA Administrador NILSON CLEMENTINO Engenheiro Cartógrafo, Doutor em Ciências Ambientais CARLA ROSANA AZAMBUJA HERRMANN Arquiteta e Urbanista, Mestre em Engenharia do Meio Ambiente JOSE ALFREDO GUIMARÃES DE SÁ Geólogo, Mestre em Engenharia de Produção PATRICIA ROMÃO Geóloga, Doutora em Geologia MARCOS CORRENTINO Engenheiro Elétrico, Especialista em Hidrologia LIEGE HERRMANN Advogada, Especialista em Perícia Ambiental ALFREDO PALAU Biólogo, Mestre em Biologia e Ecologia ANA ELIZABETH Bióloga, Mestre em Biologia DANIEL PIRES Tecnólogo em Geoprocessamento VICTOR DA SILVA SOUZA Tecnólogo em Geoprocessamento THIAGO SOUZA Técnico em Mineração APRESENTAÇÃO O conhecimento do espaço é fundamental para o desenvolvimento ordenado das atividades humanas, pois em tudo que acontece há uma relação espacial. Particularmente, nas áreas relacionadas com a gestão pública, tais como mapeamento de áreas de risco, planejamento urbano, plano diretor, entre outras, a componente posicional da informação é de especial importância (HENGL & REUTER, 2009). Atualmente, os sistemas de informações geográficas (SIGs) vieram auxiliar o planejador, principalmente nas tarefas de pesquisa, análise e cruzamento de dados relacionados ao espaço geográfico. A intensa ocupação atual dos municípios brasileiros vem expandindo as áreas urbanas, além de intensificar a transformação das áreas rurais, por meio, principalmente do desmatamento. As áreas de ocupação humana, sem o prévio conhecimento das características e vulnerabilidades do espaço, podem levar a ocupação de áreas sujeitas à erosão, deslizamentos, alagamentos, enchentes, entre outras. Além disso, a alteração do meio físico para a ocupação humana pode induzir processos que tornam áreas anteriormente estáveis em áreas vulneráveis, ou ainda de risco. Neste contexto são apresentados resultados finais dos serviços pactuados entre a Prefeitura Municipal de Aparecida de Goiânia e a ViaSat que tratam do desenvolvimento de estudos e serviços técnicos para a Elaboração da Carta de Risco do Município de Aparecida de Goiânia. O produto final obtido com o desenvolvimento dos referidos estudos e serviços constitui-se em importante instrumento técnico e político para o planejamento do uso e ocupação do solo do território municipal. Ao integrar dados e informações em bases geográficas, a Carta de Risco pode subsidiar processos de tomada de decisões pelos diferentes atores sociais, principalmente os atores públicos, responsáveis diretos pela gestão do território municipal. ii SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1 2 OBJETIVOS ............................................................................................................. 2 2.1 OBJETIVO GERAL .................................................................................................... 2 2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ........................................................................................ 2 3 METODOLOGIA BÁSICA PARA A OBTENÇÃO DOS DADOS E GERAÇÃO DOS MAPAS TEMÁTICOS ............................................................................................... Levantamento de dados ........................................................................................ 3.1 3.2 4 4 3.2.1 Procedimentos metodológicos para a elaboração da base de dados e modelagens geográficas ........................................................................................ Base de dados ........................................................................................................ 3.2.2 Modelagem Geográfica ......................................................................................... 5 3.3 Definição dos Riscos .............................................................................................. 6 4 LINHAS TEMÁTICAS ............................................................................................... 7 4.1 MEIO FÍSICO ........................................................................................................... 7 4.1.1 Geologia ................................................................................................................. 7 4.1.1.1 Aspectos geológicos e geotectônicos regionais ................................................... 7 4.1.1.2 Aspectos geológicos locais ................................................................................... 8 4.1.1.3 Geologia estrutural ................................................................................................ 14 4.1.1.4 Geologia econômica .............................................................................................. 15 4.1.1.5 Aspectos geotécnicos das unidades mapeadas .................................................... 16 4.1.2 Geomorfologia ....................................................................................................... 17 4.1.2.1 Declividade (relevo) ............................................................................................... 19 4.1.2.2 Curvaturas .............................................................................................................. 24 4.1.2.3 Hipsometria ........................................................................................................... 25 4.1.2.4 Unidades Geomorfológicas ................................................................................... 26 4.1.2.5 Diagnóstico a partir dos aspectos geomorfológicos ............................................. 32 4.1.3 Pedologia e coberturas superficiais ...................................................................... 33 4.1.3.1 Unidade Dp1 – zona de predominância de latossolos avermelhados .................. 35 4.1.3.2 Unidade Dp2 – zona de predominância de solos quartzoarênicos ....................... 39 4.1.3.3 Unidade Dp3 – zona de predominância de litosolos quartzosos .......................... 39 4.1.4 Suceptibilidade erosiva das unidades geotécnicas ............................................... 41 4.1.4.1 Características e distribuição das áreas de susceptibilidade erosivas mapeadas 44 4.1.5 Cadastro dos processos erosivos .......................................................................... 51 4 5 iii 4.1.5.1 Tipos genéticos das erosões mapeadas ................................................................ 51 4.1.5.2 Fatores ativos de erosão – diagnóstico e prognóstico ......................................... 59 4.1.6 Características geoambientais .............................................................................. 64 4.1.6.1 Litologia ................................................................................................................. 64 4.1.6.2 Solos ....................................................................................................................... 65 4.1.6.3 A origem dos processos erosivos .......................................................................... 67 4.1.6.4 Prejuízos socioeconômicos .................................................................................... 71 6.1.6.5 Medidas corretivas adotadas ................................................................................ 74 4.1.7 Hidrogeologia ........................................................................................................ 76 4.1.7.1 Subsistema Aquífero Unidade C do Grupo Araxá Sul (SASUC) ............................. 77 4.1.7.2 Subsistema Aquífero Unidade D do Grupo Araxá Sul (SASGUD) ......................... 78 4.1.7.3 Diagnóstico a partir dos aspectos hidrogeológicos .............................................. 80 4.1.8 Hidrografia, hidrologia e dinâmica fluvial ............................................................ 81 4.1.8.1 Seleções de dados hidrológicos, análise e tratamento dos dados ....................... 83 4.1.8.2 Cálculos estatísticos com base nas séries históricas dos dados analisados ......... 83 4.1.8.3 Trabalhos de campo para reconhecimento das bacias ........................................ 83 4.1.8.4 Principais bacias hidrográficas .............................................................................. 84 4.1.8.5 Características físicas das principais bacias hidrográficas .................................... 85 4.1.8.6 Caracterização pluviométrica ................................................................................ 89 4.1.8.7 Caracterização fluviométrica ................................................................................. 92 4.1.8.8 Balanço hidrológico anual .................................................................................... 93 4.1.8.9 Diagnóstico e prognóstico a partir dos aspectos hidrográficos ........................... 94 4.2 MEIO BIÓTICO ........................................................................................................ 95 4.2.1 Vegetação .............................................................................................................. 95 4.2.1.1 Descrição dos pontos amostrados em campo ..................................................... 110 4.2.1.2 Diagnóstico a partir dos aspectos da vegetação .................................................. 138 4.2.1.3 Medidas Mitigadoras ............................................................................................. 139 4.3 INTERAÇÕES ANTRÓPICAS .................................................................................... 146 4.3.1 Uso do solo ............................................................................................................ 146 4.3.1.1 Aspectos socioeconômicos .................................................................................... 147 4.3.1.2 Características de uso e ocupação do solo municipal .......................................... 155 4.3.1.3 Diagnóstico a partir dos aspectos de uso do solo ................................................. 157 4.3.2 159 Dinâmica do crescimento da área urbana ............................................................ iv 4.3.4 Áreas de usos especiais ......................................................................................... 165 4.3.4.1 Unidades de Conservação ..................................................................................... 165 4.3.4.2 Cemitérios .............................................................................................................. 168 4.3.4.3 Disposição final de resíduos sólidos ..................................................................... 170 4.3.4.4 Distritos industriais ............................................................................................... 172 4.3.4.5 Mineração .............................................................................................................. 174 4.3.4.6 Segurança Pública .................................................................................................. 184 4.3.5 Linhas de Transmissão ........................................................................................... 185 4.4 BASES LEGAIS ......................................................................................................... 190 4.4.1 A Constituição Federal e o Estatuto da Cidade ..................................................... 190 4.4.2 A Lei n.° 12.651 de 25 de maio de 2012 – Código Florestal .................................. 192 4.4.2.1 Definições e conceitos ........................................................................................... 193 4.4.1.2 Das disposições relativas ao uso e ocupação do solo ........................................... 200 5 MODELAGEM DOS RISCOS AMBIENTAIS .............................................................. 218 5.1 Critérios para a modelagem dos riscos ambientais .............................................. 219 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 223 BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 225 v LISTA DE TABELAS Tabela 4.2 Classificação dos tipos de relevo, segundo Ponçano et al. (1981, modificada por Carneiro e Souza, 2003). Matriz dos índices de dissecação do relevo, segundo Ross (1992). Tabela 4.3 Classes de Declividades e respectivas áreas ocupadas pelas classes. 23 Tabela 4.4 Unidades Geomorfológicas e áreas. 28 Tabela 4.5 Chuva média mensal 89 Tabela 4.6 Chuva máxima de 1 dia em função do período de retorno 91 Tabela 4.7 Chuvas intensas para Aparecida de Goiânia (mm/h) 91 Tabela 4.8 Vazões médias estimadas na saída da bacia. 92 Tabela 4.9 Balanço hidrológico anual 93 Tabela 4.10 Evolução da população censitária do Município de Aparecida de Goiânia. Tabela 4.11 Resultados do Ranking dos Municípios Goianos conforme variáveis de análise (adaptado). Valor Adicionado Bruto a Preços Básicos do Município de Aparecida de Goiânia. Proporção de usos de terras com atividades rurais em número e área para Aparecida de Goiânia. Tabela 4.1 Tabela 4.12 Tabela 4.13 18 19 147 149 150 156 vi LISTA DE QUADROS Quadro 4.1 109 Quadro 4.5 Cadastro e classificação dos processos erosivos no Município de Aparecida de Goiânia. Listagem das espécies encontradas nos pontos amostrados no município de Aparecida de Goiânia março/abril/maio 2012. Descrição dos 53 pontos amostrandos quanto a paisagens e grau de conservação. Relação de espécies indicadas para o reflorestamento das áreas de preservação permanente. Árvores indicadas pra utilização em áreas urbanas. Quadro 1.6 Árvores de pequeno porte com folhagem permanente. 143 Quadro 4.7 Árvores de meio porte com folhagem semicaduca. 143 Quadro 4.8 Árvores de Médio porte com folhagem permanente. 143 Quadro 4.9 Grande porte com folhagem semicaduca. 144 Quadro 4.10 Grande porte com folhagem permanente. 144 Quadro 4.11 Espécies indicadas para estacionamento. 144 Quadro 4.12 Palmeiras indicadas para uso em calçadas e/ou canteiros centrais. 145 Quadro 4.13 Taxa de Crescimento Geométrico da População da RMG (%). 148 Quadro 4.14 Histórico da ocupação do território. 159 Quadro 4.15 Unidades de Conservação do Município de Aparecida de Goiânia. 166 Quadro 4.16 Distritos industriais criados por Lei Municipal. 173 Quadro 4.17 Quadro 4.18 Normas Reguladoras de Mineração – NRM Operações com Explosivos e Acessórios. Adaptado. Relação dos direitos minerários no Município de Aparecida de Goiânia. Quadro 4.19 Descrição do complexo prisional de Aparecida de Goiânia. Quadro 4.20 Quadro 4.21 Dimensionamento das faixas de segurança da redes de transmissão de energia elétrica. Valores de L1, L2 e L3 Quadro 4.22 Áreas de Preservação Permanente, conforme a Lei 12.651/2012. 214 Quadro 4.23 Áreas de Reserva Legal, conforme a Lei 12.651/2012. 216 Quadro 4.24 Áreas com atividades consolidadas em sede de áreas de preservação permanente, conforme a Lei 12.651/2012. Definições de risco, perigo, acidente e análise de risco. Quadro 4.2 Quadro 4.3 Quadro 4.4 Quadro 4.25 54 96 140 142 177 181 184 186 187 217 218 vii LISTA DE FIGURAS Figura 3.1 Figura 4.1 Quadrantes propostos para a realização dos levantamentos de dados de campo. Modelo criado no software ArcGIS/ArcMAP, juntamente com a janela de entrada de dados para a realização do mapa de Proteção e Preservação Ambiental. Modelo digital de terrenos do município de Aparecida de Goiânia. 21 Figura 4.2 Declividade do município de Aparecida de Goiânia em ângulos. 22 Figura 4.3 Declividade do município de Aparecida de Goiânia em percentuais. 22 Figura 4.4 Declividades no município de Aparecida de Goiânia-GO. 24 Figura 4.5 Curvaturas no município de Aparecida de Goiânia-GO. 25 Figura 4.6 Hipsometria do município de Aparecida de Goiânia-GO. 26 Figura 4.7 Unidades Geomorfológicas do município de Aparecida de Goiânia. 27 Figura 4.8 Gráfico do quantitativo das chuvas nos meses do ano 90 Figura 4.9 Figura 4.11 Gráfico da evolução da população censitária de 1980, 1991, 2000 e 2010 do Município de Aparecida de Goiânia. Gráfico dos usos da terra com atividades rurais no Município de Aparecida de Goiânia. Mapa de Uso do Solo de Aparecida de Goiânia e legenda Figura 4.12 Mapa do histórico do parcelamento e situação fundiária 161 Figura 4.13 Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia, até 1985, sobre imagem obrital LandSat. 161 Figura 4.14 Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia, em 1995, sobre imagem obrital LandSat. 162 Figura 4.15 Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia, em 2005, sobre imagem obrital LandSat. Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia, em 2011, sobre imagem obrital LandSat. Figura 3.2 Figura 4.10 Figura 4.16 4 6 148 156 158 163 163 Figura 4.17 Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia no período 1985 a 2011, sobre ortofoto digital em formato A0. 165 Figura 4.18 Localização do Cemitério Jardim da Paz, ás margens do Córrego da Pipa. 170 Figura 4.19 Localização do Aterro Sanitário de Aparecida de Goiânia. 172 Figura 4.20 Localização dos polos industriais de Aparecida de Goiânia. 173 Figura 4.21 Vista panorâmica da Pedreira Anhanguera/Izaíra, situada na folha AP-NE. 174 Figura 4.22 Figura 4.23 Localização das áreas de pedreiras no Município de Aparecida de Goiânia. Adaptado. Divisão da faixa de passagem em áreas “A”, “B” e “C”. Figura 4.24 Linhas de Transmissão de Energia Elétrica no Estado de Goiás 188 Figura 4.25 Linha de transmissão na projeção UTM e recortada de acordo com o 188 175 186 viii Figura 4.26 município de Aparecida de Goiânia Ilustração do mapa de linhas de transmissão de energia elétrica do município de Aparecida de Goiânia. 189 ix LISTA DE FOTOS Foto 4.1 Ocorrência de micaxistos da Unidade C em lote no Setor Veiga Jardim II. Foto 4.2 Exposição de quartzito da Unidade D do Grupo Araxá na região da Serra das Areias, vizinho ao Setor Jardim dos Ipês. Erosão com exposição de latossolo argilo-arenoso, de coloração avermelhada, e espessura variável entre 5,0m e 25m derivado de micaxistos. Quartzito branco-amarelado, creme e também com tons avermelhados em afloramento na região do Setor Madre Germana II. Afloramento de micaxistos no leito do córrego Triunfo. Foto 4.3 Foto 4.4 Foto 4.5 Foto 4.6 Foto 4.7 Foto 4.8 Foto 4.9 Foto 4.10 Foto 4.11 Foto 4.12 Foto 4.13 Foto 4.14 Foto 4.15 Foto 4.16 Foto 4.17 Foto 4.18 Foto 4.19 Foto 4.20 Foto 4.21 Foto 4.22 Foto 4.23 Sistemas de fraturas ortogonais com fortes mergulhos e fraturas subhorizontalizadas em micaxistoss observados no leito do Ribeirão das Lajes. Afloramento de micaxistos no leito do córrego Triunfo próximo ao seu encontro com o córrego Santo Antônio. Micaxistos alterado observando-se veios de quartzo paralelo à foliação, dobrados assimetricamente. Quartzitos da Unidade D que apresentam as melhores exposições na região da Serra das Areias. Bancos de quartzito da Unidade D do Grupo Araxá que aflora na região da Serra das Areias. Dobras intrafoliais desenvolvidas nos quartzitos, expostas em afloramento na região norte da Serra das Areias no Setor Jardim Tiradentes. Falha normal observada em afloramento de quartzito na região do vale do córrego Saco Feio, no Setor Madre Germana II. Sistema de fraturas ortogonais desenvolvidas no quartzito da Unidade D do Grupo Araxá. Depósito de areia contaminada por resíduos da construção civil observado no leito do córrego Santo Antônio. Relevo Plano/Rampeado no setor Pontal Sul. Vista ao fundo da unidade Topo Convexo, contrastando com a unidade Plano/Rampeado, em primeiro plano (Jardim dos Ipês). Processo erosivo em estrada vicinal na unidade Topo Convexo – C2 (zona rural, próximo ao Parque Montreal). Relevo de Encostas de Fundos de Vale (córrego Santo Antônio, Parque das Nações, respectivamente). Relevo de Encostas de Fundos de Vale (córrego Santo Antônio, Parque das Nações, respectivamente). Latossolo vermelho escuro observado em corte no viaduto de acesso ao Setor Madre Germana II. Folha AP-SO. Solo quartzoarênico observado no limite entre as folhas AP-SO e AP-NO, entre os Setores Madre Germana II e Jardim Tiradentes. Solo lítico quartzoso que ocorre na região da Serra das Areias e seu entorno. Zona de predomínio de solos orgânicos podzólicos não mapeáveis na escala de trabalho utilizada. Ponto situado na margem do córrego Tamanduá. Folha AP – NO. 8 9 9 10 10 11 11 12 12 13 13 14 15 16 27 29 30 30 30 33 33 34 34 x Foto 4.24 Foto 4.25 Foto 4.26 Foto 4.27 Foto 4.28 Foto 4.29 Foto 4.30 Foto 4.31 Foto 4.32 Foto 4.33 Foto 4.34 Foto 4.35 Foto 4.36 Foto 4.37 Foto 4.38 Foto 4.39 Foto 4.40 Foto 4.41 Foto 4.42 Foto 4.43 Foto 4.44 Foto 4.45 Foto 4.46 Foto 4.47 Perfil típico do latossolo da região onde se observa o processo de enriquecimento de ferro nas partes mais altas do perfil, marcado pela cor mais escura, e o seu consequente empobrecimento mais abaixo. Latossolo vermelho escuro típico da região observado próximo ao novo prédio da prefeitura municipal. Erosão desenvolvida em latossolo vermelho na região do Setor Cândida de Queiroz. Solos líticos quartzosos associados com latossolos vermelhos observados na região norte - noroeste da folha AP-NO. Variação do latossolo vermelho para latossolo vermelho-amarelado originado por processo de queluviação. Erosão em latossolo vermelho-amarelado em nascente do córrego Tamanduá. Laterita que é resultado final do enriquecimento de ferro observada na folha AP – NO. Corte mostrando cascalho laterítico derivado do processo de enriquecimento de óxido/hidróxido de ferro. Saprólito da rocha-mãe (micaxistos) observado no Setor Vila Maria. Folha AP- NE. Solo quartzoarênico derivado dos quartzitos da Serra das Areias que tem como região de ocorrência as áreas do entorno da serra na folha AP-SO. Detalhe do solo lítico quartzoso observado na região vizinha ao Jardim dos Ipês, próximo da Serra das Areias na folha AP-SO. Afloramento de quartzito que é a rocha-mãe dos solos líticos quartzosos e quartzoarênicos observados na folha AP-SO. Região da Serra das Areias que apresenta altas declividades, porém, baixa erodibilidade – Folha AP - SO. Área com declividade entre 0 e 3% situada na zona rural de Aparecida de Goiânia na Folha AP-SE. Área representativa da Unidade III, que apresenta declividades entre 3 e 8% e moderada susceptibilidade erosiva. Folha AP – NO. Zona de baixa declividade porém, com susceptibilidade erosiva alta em razão da ocorrência de solos arenosos. Erosão formada em zona com declividade superior a 8% associada a solo coluvial. Solo lítico quartzoso em área plana de potencial erosivo nulo. Folha APSO. Unidade I constituída por áreas com susceptibilidade erosiva baixa a nula, onde ocorrem solos líticos quartzosos e ocorrência de afloramentos quartzitos. Unidade II constituída por áreas com susceptibilidade erosiva baixa, onde ocorrem latossolos vermelhos com zonas lateríticas. Folha AP – NO. Unidade III constituída por áreas com susceptibilidade erosiva baixa a moderada, onde ocorrem latossolos vermelhos com zonas lateríticas. Folha AP – NO. Erosão observada em zona de declividade entre 3 e 8% na região do Setor Industrial Santo Antônio. Solo arenoso em zona com declividade entre 3 e 8% com geração de processo erosivo. Região do Jardim Ipês. Ao fundo a Serra das Areias. Solo arenoso em zona com declividade entre 0 e 3% com geração de 35 35 36 36 37 37 38 38 39 40 40 41 42 42 43 43 44 45 45 46 46 47 47 48 xi Foto 4.48 Foto 4.49: Foto 4.50 processo erosivo. Região entre os Setores Madre Germana II e Tiradentes. Formação de erosão na Unidade V que apresenta declividades superiores a 8%. No detalhe ravina cadastrada na Vila Maria. Processo erosivo observado no Setor Cândida de Queiroz. Folha AP – NO. Foto 4.53 Erosão observada no Setor Vila Maria em zona de declividade maior que 8%. Folha AP – NE. Processo erosivo por solapamento gerando um “anfiteatro”, observado no baixo curso do córrego do Alagado. Folha AP – NE. Processo erosivo gerado por concentração de fluxo entre os setores Madre Germana II – Jardim dos Ipês. Solapamento próximo ao poço 01 – sistema Parque das Nações. Foto 4.54 Bueiro erodido na passagem para residencial Cândida de Queiroz. Foto 4.55 Passagem do córrego Santo Antônio Anel Viário com ruptura do asfalto por erosão. Ruptura circular do maciço por solapamento – Anel Viário. Foto 4.51 Foto 4.52 Foto 4.56 Foto 4.57 Foto 4.58 Foto 4.59 Foto 4.60 Foto 4.61 Foto 4.62 Foto 4.63 Foto 4.64 Foto 4.65: Foto 4.66 Foto 4.67 Foto 4.68 Foto 4.69 Foto 4.70 Foto 4.71 Foto 4.72 Foto 4.73 Voçoroca em processo de crescimento, localizada em frente à Igreja de Santa Bárbara no residencial Cândida de Queiroz. Ravina no Setor Cândida de Queiroz transversal à voçoroca da imagem anterior. Ocorrência de erosão em zona baixa declividade com solo arenoso – Jardim- dos Ipês. Região de fundo de vale – APP – solapamento da margem do córrego Santo Antônio. Erosão das margens ocasionada pelo desmatamento e ocupação das margens. Solapamento observado na margem do córrego Santo Antônio com queda do muro da propriedade. Material turfáceo observado nas margens do córrego Santo Antônio em propriedade situada na Avenida do Ouro. Voçoroca observada na Avenida do Ouro c/ córrego Santo Antônio. Processo de solapamento e tentativa sem sucesso de sua contenção com entulhos. Formação de estruturas tipo “creep”, com rompimento e queda do maciço, observada na cabeceira de uma drenagem afluente do Ribeirão das Lajes – Jardim Tiradentes. Ocorrência de Material turfáceo frágil com desenvolvimento de erosão por solapamento – zona rural ribeirão das Lajes. Erosão por concentração de fluxo em terreno arenosos com declividade < 5%. Ocorrência de cascalho laterítico em exploração clandestina próximo ao Jardim Tiradentes. Erosão por ravinamento observada no Jardim dos Ipês – Folha AP – SO. Voçoroca em processo de crescimento observada na Rua Albatroz - Jardim Veneza. Processo erosivo de grandes proporções observado na região do Parque Ecológico do Tamanduá. Rompimento circular do maciço (creep) causado pela erosão por 49 49 50 50 52 52 53 53 54 59 60 60 61 61 62 62 63 63 64 64 65 66 67 68 68 69 xii Foto 4.74 Foto 4.75 Foto 4.76: Foto 4.77 Foto 4.78 Foto 4.79 Foto 4.80 Foto 4.81 Foto 4.82 Foto 4.83 Foto 4.84 Foto 4.85 Foto 4.86 Foto 4.87 Foto 4.88 Foto 4.89 Foto 4.90 Foto 4.91 Foto 4.92 Foto 4.93 Foto 4.94 Foto 4.95 solapamento e ravinamento – Anel Viário sobre o córrego Santo Antônio. Moradora da região se equilibrando numa estreita passagem improvisada no local da erosão do Parque Ecológico do Tamanduá. Erosão por solapamento das margens observada próximo das nascentes do córrego Tamanduá. Assoreamento do leito do córrego Santo Antônio por detritos da construção civil com desvio das águas para margem oposta gerando solapamento. Rompimento da cabeça da passarela sobre o córrego Itapuã, afluente do córrego Santo Antônio na região do Setor Morada dos Pássaros. Retorno das pessoas às suas casas, dificultado pelo rompimento da cabeceira da passarela. Perda de parte da propriedade pela erosão observada numa chácara situada na Avenida Córrego do Ouro nas margens do córrego Santo Antônio. Queda de talude ocorrida por solapamento durante o levantamento de campo no mesmo local da imagem anterior, indicando que o processo está em evolução. Erosão no Parque Ecológico do Tamanduá onde são visíveis os prejuízos, com rompimento da via, das tubulações de água e galerias pluviais, além do comprometimento da rede de energia. Área de risco à segurança e integridade física das pessoas que são obrigadas a passar por uma estreita faixa de terreno de pouco mais que 0,5m de largura. Detalhe do processo de entulhamento das erosões com resíduos de construção civil observado na Rua Vasco dos Reis no Jardim Tiradentes. Resíduos de materiais de podas de árvores utilizados no entulhamento de erosões. Formação de pequenas bacias com acumulação de água que se tornaram criatórios do mosquito da dengue “Aedes aegiypti”. Exposição de micaxistos observada no Setor Veiga Jardim III, onde se vê sistema de fratura ortogonal, que teóricamente são aquíferas. Afloramento de micaxistos com fratura observado no leito do Córrego Triunfo. Poço surgente e não aproveitado perfurado no sistema de fraturas da Unidade C do Grupo Araxá. Afloramento de quartzito com sistemas de fraturas observado na Serra das Areias. Afloramento de quartzito com sistema de fraturas ortogonais observado na região do Setor Jardim Tiradentes. Poço perfurado em região de domínio de quartzitos na região do Setor Jardim Tiradentes. Aspectos do ponto 04 onde há vestígios de extração de argila e ausência de APP. Aspectos do ponto 12 que se conecta no fragmento do ponto 14 que se encontra cercado e em regeneração. Aspectos da mata ciliar do rio Meia Ponte preservada em vários trechos. Aspectos do ponto 09 na mata ciliar do rio Meia Ponte que se encontra confrontante com pastagens, porem com certo grau de preservação. 69 70 70 71 72 72 73 73 74 75 75 76 77 78 78 79 79 80 112 112 113 114 xiii Foto 4.96 Foto 4.97 Foto 4.98 Foto 4.99 Foto 4.100 Foto 4.101 Foto 4.102 Foto 4.103 Foto 4.104 Foto 4.105 Foto 4.106 Foto 4.107 Foto 4.108 Foto 4.109 Foto 4.110 Foto 4.111 Foto 4.112 Foto 4.113 Foto 4.114 Foto 4.115 Foto 4.116 Foto 4.117 Foto 4.118 Foto 4.119 Aspectos da degradação da área pela retirada de espécies arbóreas do ponto 06. Aspectos do interior e exterior do fragmento de mata de galeria confrontante com área de pastagem. Mata de galeria com ausência de espécies arbóreas em alguns trechos e invadidas por capim braquiária. Depósito de lixo a céu aberto onde podem ser encontrados também entulhos de construção civil. Fitofisionomia de cerradão em transição para mata de galeria muito degradada pela retirada de cascalho e supressão vegetal. A fitofisionomia de cerradão caracteriza o fragmento 16. Este é cortado por várias estradas e invadido por capim braquiária. Fragmento florestal que se encontra cercado, porém com baixa biodiversidade do estrato arbóreo. Cerrado “strictu sensu” que sofre forte efeito de borda, confrotante com pastagens. Área localizada próxima à BR-153 que se encontra conectada com curso d’água com a presença de palmeiras em seu entorno. Curso d’água assoreado e com pouca vegetação em sua APP. Vista do fragmento florestal representado pela floresta estacional semidecidual com a presença de afloramentos de rocha. Curso d’água com formação de corredeiras pela presença de lajes de rochas entremeio também à vegetação. Fragmento de cerradão localizado às margens da rodovia BR – 153. Encontra-se cercado e com a espécie Vochysia tucanorum (pau de tucano) em época de inflorescência. Área com intensa degradação na APP do curso d’água com presença de edificações e grandes erosões devido ao desmatamento. Fragmento de vereda e floresta estacional semidecidual que se conectam, localizados em zona urbana. Fragmento de mata ciliar descaracterizada com ponte sobre o curso d’água localizado em zona urbana. Aspecto de depósito de entulho e erosão do barranco no curso d’água. Aspecto de mata ciliar degradada e com presença de capim braquiária invadindo a APP. Fragmento caracterizado pela floresta estacional semidecidual que se localiza em zona urbana. Aspectos do interior do fragmento com presença de clareiras e invasão de capim braquiária. Aspectos do interior do fragmento florestal degradado localizado em área urbana, com presença de espécies emergentes com o pau d’óleo (Copaifera langsdorffii). Aspectos da APP do curso d’água localizado próximo à estação de tratamento de esgotos da SANEAGO “Cruzeiro do Sul”. Fragmento caracterizado fitofisionomicamente por floresta estacional semidecidual localizado dentro de uma área denominada Centro Olímpico em zona urbana de Aparecida de Goiânia. Aspecto do parque da “Serra das Areias”, onde predomina o cerrado strictu sensu como vegetação natural. 115 115 116 117 118 120 121 122 122 123 123 124 125 126 126 130 130 132 132 133 133 134 135 137 xiv Foto 4.120 Foto 4.123 Extração clandestina (manual) de areia de aluvião, no córrego Triunfo, vendida no mercado varejista do município. Vista panorâmica do trecho do córrego Triunfo onde se observa exploração manual clandestina de areia. Área de cascalho explorada recentemente, ao lado do Setor Madre Germana II. Lavra clandestina de cascalho localizada no Setor Tiradentes Foto 4.124 Local de exploração clandestina de areia lavada no córrego Santo Antônio. 180 Foto 4.125 Depósito de cascalho localizado ao lado do cemitério Jardim da Esperança, com indícios de lavra (clandestina) recente. 180 Foto 4.121 Foto 4.122 178 178 179 179 xv LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ANA – Agência Nacional das Águas APP – Área de Proteção Permanente CELG – Centrais Elétricas de Goiás CPRM – Companhia de Pesquisas de Recursos Minerais DNAEE – Departamento Nacional de águas e Energia Elétrica DNPM – Departamento Nacional de Produção Mineral IBGE – Instituto Brasileiro de geografia e Estatística LT – Linhas de transmissão MDE – Modelo digital de elevação MPC – Máximo Porcentual de contribuição PDIG – Plano de Desenvolvimento Integrado de Goiânia PRA – Programa de Reforma Agrária RMG – Região Metropolitana de Goiânia SANEAGO – Saneamento de Goiás S/A SEGPLAN – Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento SIEG – Sistemas de Informações Estatísticas do Estado de Goiás SIG – Sistemas de informações geográficas UG – Unidades geotécnicas USP – Universidade de São Paulo ZSE – Zonas de susceptibilidade erosiva xvi 1 INTRODUÇÃO As Cartas de Risco são mapas onde são condensadas diversas informações sobre uma determinada porção territorial, referentes ao meio físico e biótico, tais como: relevo, tipos de solos, aspectos geológicos, aspectos geomorfológicos, declividade, vegetação nativa, susceptibilidade a incidência de processos erosivos, assoreamento de corpos d’água, susceptibilidade a desmoronamentos e deslizamentos, profundidade de lençol freático, surgências de água, nível de antropização, formas de ocupação, dentre outras. Todas as informações levantadas são representadas graficamente, de forma integrada, gerando um mapa síntese, que aponta, entre outras coisas: Áreas com grandes restrições para ocupação antrópica, devido ao risco de vida; Áreas com restrições de uso por aspectos legais; Áreas que podem ser ocupadas com algumas restrições; Áreas nas quais há condições plenas de ocupação, sendo possível, inclusive, potencializar-se esta ação. Assim sendo, as ações de ocupação do solo podem ser direcionadas e compatibilizadas com as possibilidades físico-ambientais, resultando no uso sustentável da porção territorial em questão. Particularmente no caso dos municípios, as Cartas de Risco são instrumentos fundamentais para: Elaborar e implementar os Planos Diretores e as Leis Urbanísticas Complementares, à medida que possibilitam o planejamento, a discriminação e a recomendação dos diferentes tipos de ocupação e uso do solo, dentro do território municipal, considerando as condições ambientais das áreas. Priorizar intervenções e fornecer elementos para formulação de ações corretivas, visando a prevenção de riscos e de prejuízos que possam afetar de forma direta ou indireta, os diferentes atores sociais, sejam eles públicos ou privados; Promover ações de controle e fiscalização com o objetivo de melhorar os índices de segurança e qualidade de vida da população. Localizar áreas onde ocorrem usos especiais, permitidos ou não, tais como: áreas de deposição e disposição de Resíduos Sólidos urbanos (lixo) e Resíduos de Construção e Demolição (entulho), aterros sanitários, aterros de vias, mineração, cemitérios, entre outras; Subsidiar a elaboração de Estudos de Impacto Ambiental de empreendimentos diversos. 1 2 2.1 OBJETIVOS Objetivo geral Elaborar a Carta de Risco e Planejamento de Aparecida de Goiânia, a partir do levantamento e interpretação dos dados físico-ambientais e indicações acerca das possibilidades de uso de cada porção do território, com vistas à garantia da segurança de vida dos cidadãos e da sustentabilidade ambiental. 2.2 Objetivos específicos Elaboração do mapa de declividade do território municipal como subsídio para as análises das componentes físico-ambientais; Elaboração de mapa geológico, geomorfológico, mapa hidrogeológico, mapa pedológico e de cobertura superficial, mapas de susceptibilidade erosiva e mapa cadastral de erosões, mapa cadastral das áreas de exploração de materiais de construção que contenham informações sobre as unidades geológicas que compõem o território municipal; Compilação do Mapa Geológico da CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais; Elaboração do mapa de hidrografia e da dinâmica fluvial e das áreas de alagamento inundações; Produção de documentação fotográfica a fim de registrar o cenário e a paisagem atual do território municipal, permitindo o apontamento de elementos significativos e a realização de estudos comparativos futuros; Descrição e mapeamento das fito fisionomias de cada remanescente vegetacional e das espécies botânicas mais expressivas e existentes em cada fito fisionomia; Descrição e mapeamento do grau de preservação do remanescente e, consequentemente, a necessidade de recuperá-lo; Descrição e mapeamento dos recursos naturais disponíveis à vida silvestre; Descrição e mapeamento das interações biológicas e ligações com outros fragmentos, bem como a possibilidade de formação de corredores ecológicos; Identificação dos problemas decorrentes do uso indevido dos recursos naturais, tais como: inadequações de uso e desgaste dos recursos; Descrição e mapeamento da dinâmica do crescimento das áreas urbanas; 2 Identificação e mapeamento do processo de uso e ocupação do solo das áreas urbana e rural e as incompatibilidades frente às características físico-ambientais; Mapeamento das Áreas de Usos Especiais; Mapeamento das Unidades de Conservação instituídas pela legislação municipal, estadual e/ou federal; Mapeamento das linhas de transmissão de energia elétrica; Indicação de subsídios à proteção do meio ambiente, a fim de assegurar a sadia qualidade de vida e conservar, ou ainda, se necessário, melhorar as condições ecológicas locais. 3 3 METODOLOGIA BÁSICA PARA A OBTENÇÃO DOS DADOS E GERAÇÃO DOS MAPAS TEMÁTICOS 3.1 Levantamento de dados Para a realização do trabalho foi estabelecida a divisão do território municipal em quatro quadrantes – AP-NO, AP-NE, AP-SO e AP-SE – conforme demonstrado na Figura 3.1. Ressalta-se que esta divisão corresponde a uma necessidade técnica para a realização dos levantamentos em campo e para o estabelecimento de um cronograma de entregas de produtos intermediários. Figura 3.1: Quadrantes propostos para a realização dos levantamentos de dados de campo. 3.2 Procedimentos metodológicos para a elaboração da base de dados e modelagens geográficas Com vistas à elaboração da Carta de Risco do Município de Aparecida de Goiânia, diversas bases de dados são manipuladas no Sistema de Informações Geográficas (SIG) ArcGIS (ESRI), incluindo um conjunto de ortofotos digitais e mapas temáticos diversos da região, além da compilação de dados provenientes do Mapa Urbano Básico Digital de Aparecida de Goiânia, tais 4 como: limites de bairros, vias de circulação e hidrografia. A presente descrição metodológica está dividida em duas partes: (I) Geração e compilação de dados georreferenciados acerca de cada tema; (II) Modelagem geográfica das unidades territoriais. 3.2.1 Base de dados Todos os dados digitais (imagens e vetores), necessários neste estudo, estão relacionados às bases de dados vetoriais do Mapa Urbano Básico Digital de Aparecida de Goiânia, produzido em 2011, através de contrato entre a Prefeitura Municipal de Aparecida de Goiânia e o Instituto de Desenvolvimento Tecnológico do Centro-Oeste. 3.2.2 Modelagem Geográfica Após a geração/compilação e organização de uma base de dados georreferenciada para o Município de Aparecida de Goiânia, é realizada a etapa de modelagem geográfica, visando a elaboração da Carta de Risco. Para tanto, vários modelos específicos são desenvolvidos, em ambiente de SIG (ArcGIS - model buider). Tais modelos integram os recentes levantamentos cartográficos para a região em análise, considerando as variáveis físico-bióticas (por exemplo: geologia, solos, declividade, remanescentes de vegetação/biodiversidade). A inserção dos dados nos modelos apresentados segue uma ordem lógica, permitindo a correta integração das informações geográficas. Para a definição (modelagem), por exemplo, das áreas de Proteção e Preservação Ambiental, são selecionados critérios, tais como: 1) entorno de aterros sanitários/estações de transbordo, com uma zona tampão de 1000 metros; 2) áreas com alta susceptibilidade de erosão; 3) Áreas de Preservação Permanente – APP’s; 4) áreas com fragmentos de Cerrado nativo. A Figura 3.2 ilustra a entrada dos dados para a realização deste cenário. 5 Figura 3.2: Modelo criado no software ArcGIS/ArcMAP, juntamente com a janela de entrada de dados para a realização do mapa de Proteção e Preservação Ambiental. 3.3 Definição dos Riscos A partir do mapeamento dos temas definidos no Termo de Referência e com a metodologia da modelagem geográfica proposta, passa-se à interpolação dos temas para a elaboração das Cartas de Riscos, por temas, e da Carta de Risco Síntese. Propõem-se para a modelagem dos Riscos o agrupamento das informações nos seguintes temas: Risco de Perda de Solos; Risco de Perda de Qualidade de Recursos Hídricos; Risco de Inundações; Risco de Perda da Vegetação; Risco de Perda da Qualidade de Recursos Atmosféricos Risco de Acidentes; Carta de Risco – Síntese. 6 4 LINHAS TEMÁTICAS 4.1 MEIO FÍSICO 4.1.1 Geologia O levantamento dos dados geológicos do Município de Aparecida de Goiânia e sua transposição para os mapas temáticos teve por base o mapa geológico da Folha Goiânia – SE.22X-B-IV – na escala 1:100.000, do Programa Levantamentos Geológicos Básicos do Brasil, realizado pela CPRM – Serviço Geológico do Brasil, no ano de 1994, com maior detalhamento em algumas áreas. Este detalhamento teve com objetivo da construção da Carta Geológica do município de Aparecida de Goiânia na escala 1: 20.000, totalmente inserido no contexto da Folha Goiânia. As informações obtidas além de serem úteis na elaboração da Carta Geológica na escala 1: 20.000, são importantes para identificação de áreas frágeis do ponto de vista estrutural, delimitação de zonas aquíferas potenciais e avaliação geotécnica dos maciços rochosos que compõem o substrato da região. A partir das informações preliminares foram realizadas três campanhas de campo, nas quais foram estudadas 202 estações geológicas com exposições de rocha e solo que permitiram construir o mapa geológico do município de Aparecida de Goiânia na escala 1:20.000 com algumas modificações. Algumas estações geológicas estudadas há época dos trabalhos da CPRM – Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais – foram revisitadas, e simplesmente houve a corroboração dos dados geológicos nelas observados. Assim, o mapa geológico resultante é uma reprodução do mapa apresentado pela CPRM com algumas modificações pontuais principalmente nas folhas AP – SW e AP – SE onde a cartografia dos quartzitos foi ligeiramente alterada. 4.1.1.1 Aspectos geológicos e geotectônicos regionais Em termos geotectônicos a área estudada está situada na junção das unidades geológicas que compõem o Maciço Mediano de Goiás e Faixas Metassedimentares Dobradas do Ciclo Uruaçuano (1.100 – 1.300 Ma). Esta modelagem tectônica segue o modelo apresentado por Almeida (1976) e adotada pelos autores da Folha Goiânia (PLGB, 1994). 7 Neste modelo são referenciadas rochas pertencentes ao Arqueano, onde se destacam: biotitahornblenda gnaisses e gnaisses kinzigíticos pertencentes ao Complexo Granulítico e Complexos Máfico-Ultramáfico Granulitizado Anápolis-Itauçu e, rochas do Proterozóico Médio do Grupo Araxá com destaque para clorita-muscovita xisto e quartzitos puros e micáceos. 4.1.1.2 Aspectos geológicos locais No mapa geológico local são referenciadas rochas do Grupo Araxá datado como Proterozóico Médio, sendo sugerida a ocorrência de micaxistos paraderivados da Unidade C (Foto 4.1) e quartzitos da Unidade D do referido grupo (Foto 4.2). Os xistos apresentam coloração cinza quando inalterados e arroxeada quando alterados, sendo capeados por solo argilo-arenoso, permeável, de coloração avermelhada, e espessura variável entre 5,0m e 25m (Foto 4.3). Já os quartzitos, que em geral são micáceos e apresentam afloramentos proeminentes na região da Serra das Areias e áreas vizinhas, têm colorações que variam entre o branco-amarelado, creme e também tons avermelhados (Foto 4.4). Foto 4.1: Ocorrência de micaxistos da Unidade C em lote no Setor Veiga Jardim II. 8 Foto 4.2: Exposição de quartzito da Unidade D do Grupo Araxá na região da Serra das Areias, vizinho ao Setor Jardim dos Ipês. Foto 4.3: Erosão com exposição de latossolo argilo-arenoso, de coloração avermelhada, e espessura variável entre 5,0m e 25m derivado de micaxistos. 9 Foto 4.4: Quartzito branco-amarelado, creme e também com tons avermelhados em afloramento na região do Setor Madre Germana II. a) Unidade C - PmaCmx Esta subunidade é constituída por micaxistos, localmente granadíferos e calcíferos e ocorre em aproximadamente 80% da área mapeada. O litotipo dominante apresenta coloração cinza, com tonalidades esverdeadas, frequentemente com veios de quartzo branco leitoso, boudinados, e localmente apresenta intercalações de muscovita quartzitos a creme (Foto 4.5). Foto 4.5: Afloramento de micaxistos no leito do córrego Triunfo. 10 Frequentemente mostram intensos processos de deformação dúctil marcados por lineações, clivagem de crenulação e outras estruturas de transposição como a presença de boudinage de veios de quartzo comumente encontrados nos afloramentos estudados. São encontradas também nestas rochas estruturas de origem rúptil como sistemas de fraturas ortogonais com fortes mergulhos e fraturas subhorizontalizadas como vistos nas pedreiras (Foto 4.6). As melhores exposições estão localizadas nas margens e leitos das principais drenagens que compõem a bacia hidrográfica local, compreendida pelos córregos Tamanduá, Santo Antônio e das Lajes e afluentes como os córregos Itapuã, da Mata e São Nicolau e, também nas erosões mais profundas (Fotos 4.7 e 4.8). Foto 4.6: Sistemas de fraturas ortogonais com fortes mergulhos e fraturas subhorizontalizadas em micaxistoss observados no leito do Ribeirão das Lajes. Foto 4.7: Afloramento de micaxistos no leito do córrego Triunfo próximo ao seu encontro com o córrego Santo Antônio. 11 Foto 4.8: Micaxistos alterado observando-se veios de quartzo paralelo à foliação, dobrados assimetricamente. b) Unidade D - PmaDqt É composta predominantemente por quartzitos micáceos com intercalações de muscovitaquartzo xistos, sericita xistos, grafita xistos e quartzitos ferruginosos que apresentam as melhores exposições na região da Serra das Areias (Foto 4.9). Foto 4.9:Quartzitos da Unidade D que apresentam as melhores exposições na região da Serra das Areias. 12 Os tipos petrográficos mais comuns são quartzitos micáceos de cor branca a creme, laminados e estratificados, que apresentam granulometrias variáveis entre muito fina a média. Intercalados, podem ser observados quartzo-muscovita xistos, sericita xistos, grafita xistos, filitos e granada-muscovita xistos. Estas rochas ocorrem em níveis métricos a poucas dezenas de metros. A ocorrência de bancos de quartzito puro é muito comum, assim como a presença de estruturas primárias como acamamento onde podem ser observadas estratificações plano-paralelas e cruzadas (Foto 4.10). Foto 4.10: Bancos de quartzito da Unidade D do Grupo Araxá que aflora na região da Serra das Areias. Foto 4.11: Dobras intrafoliais desenvolvidas nos quartzitos, expostas em afloramento na região norte da Serra das Areias no Setor Jardim Tiradentes. 13 Assim como na Unidade C, estruturas derivadas de processos tectônicos dúcteis e rúpteis podem ser visualizadas em afloramento. Lineações de estiramento mineral, dobras em bainha (sheath folds) e dobras intrafoliais (Foto 4.11), além de fraturas e falhas normais e inversas são indicativas desses processos (Foto 4.12). Foto 4.12: Falha normal observada em afloramento de quartzito na região do vale do córrego Saco Feio, no Setor Madre Germana II. 4.1.1.3 Geologia estrutural Em termos estruturais processos de deformação dúctil, com o desenvolvimento de lineações de estiramento dada pela orientação de minerais micáceos e elongação de cristais de quartzo, clivagem de crenulação nos xistos, dobras em bainha (sheath folds) e dobras intrafoliais nos quartzitos e outras estruturas de transposição como a presença de boudinage de veios de quartzo (Foto 4.8), são encontrados nos afloramentos estudados. São encontradas também nestas rochas estruturas de origem rúptil como sistemas de fraturas ortogonais (Foto 4.13) com fortes mergulhos e fraturas subhorizontalizadas, como vistos, nas pedreiras. Destacam-se ainda grandes estruturas falhadas NE-SW, NW-SE e NS que cortam a área independente da unidade geológica. Duas importantes falhas de cisalhamento podem ser observadas: uma na porção centro-norte da área estudada, acompanhando o leito do córrego Santo 14 Antônio, numa região de ocorrência de mica xistos e, outra situada na porção sudoeste da área, especificamente, na região central da Serra das Areias, na região de ocorrência de quartzitos. Foto 4.13: Sistema de fraturas ortogonais desenvolvidas no quartzito da Unidade D do Grupo Araxá. 4.1.1.4 Geologia econômica A principal aptidão das unidades geológicas mapeadas é para produção de agregados para construção civil, areia e brita. No município existem quatro unidades de extração de brita que no conjunto produzem mais de 1.000.000 de toneladas por ano. Estas unidades produtoras estão localizadas na região leste do município. Com relação a areia apesar de existirem vários requerimentos no DNPM – Departamento Nacional da Produção Mineral – para esta substância, questões ambientais e a crescente ocupação urbana inviabilizam ou podem inviabilizar a produção desse material na área do município. Além dessas questões existe o problema em relação à qualidade dessas areias, principalmente daquelas encontradas nos leitos das principais drenagens. A título de exemplo: existe um requerimento para esta substância no leito do córrego Santo Antônio onde o material aluvial arenoso está misturado a resíduos de construção civil, lixo urbano (Foto 4.14), óleos e graxas oriundos de esgotos, o que inviabiliza o seu uso como agregado para a produção de concretos e argamassas. 15 Foto 4.14: Depósito de areia contaminada por resíduos da construção civil observado no leito do córrego Santo Antônio. Durante os trabalhos de campo, algumas extrações clandestinas foram observadas, gerando riscos econômicos para quem consome e de saúde para quem produz, pois os mananciais são verdadeiros esgotos a céu aberto. 4.1.1.5 Aspectos geotécnicos das unidades mapeadas Embora na área do município não existam estudos específicos para o comportamento mecânico das duas subunidades geológicas do Grupo Araxá mapeadas, teoricamente, tanto os quartzitos da Unidade D, quanto os xistos da Unidade C, não possuem características geomecânicas que constituam zonas de risco geotécnico para quaisquer usos. Não constituem zonas sujeitas a quedas ou escorregamentos de blocos que possam por em risco empreendimentos ou pessoas. A zona geotécnica no domínio dos quartzitos, situada predominantemente na folha AP – SW se constitui como zona estável com baixo potencial de risco, tanto para os fenômenos relacionados à erosão, quanto a deslocamentos de maciços ou blocos de rocha. Quanto aos xistos, estudos realizados na área da barragem da Usina Corumbá IV (onde ocorre a mesma rocha) “mostram que o maciço rochoso, medianamente alterado, é constituído predominantemente por calco micaxistos, que apresenta elevada resistência mecânica, tendo-se obtido recuperação de 100% dos testemunhos, em quase todas as sondagens executadas pelo 16 processo rotativo. Na classificação dos testemunhos de sondagem verifica-se que o maciço rochoso é pouco a medianamente fraturado, com fraturas em geral inclinadas, paralelas à foliação, a maioria selada por carbonato, às vezes oxidadas com presença de sulfetos, algumas estriadas”. No mesmo estudo, na classificação do parâmetro RQD predominam valores de 100%, com média superior a 80%, o que caracteriza o maciço rochoso na qualidade excelente. Ensaios de compressão uniaxial, executados no Laboratório de Mecânica das Rochas, da Escola de Engenharia de São Carlos da USP – Universidade de São Paulo – indicaram os seguintes parâmetros para o micaxistos em testemunhos de sondagens: módulo de elasticidade E = 36,31 GPa (xistosidade paralela) e E = 27,77 GPa (xistosidade inclinada), resistência à compressão simples R.C = 86,58 MPa (xiSetor horiz.) e R.C = 35,46 MPa (xiSetor incl.), e massa específica de 2,78 g/cm3. Assim, de acordo com os estudos acima apresentados as áreas de domínio dos xistos, observadas nas folhas AP–NO, AP–NE e AP – SE, não constituem zonas de riscos geotécnicos, sujeitas a quedas ou escorregamentos de blocos que possam por em risco empreendimentos ou pessoas. 4.1.2 Geomorfologia Aparecida de Goiânia insere-se no contexto geomorfológico do Planalto Rebaixado de Goiânia, da Depressão do Meia Ponte (coincidente em parte com a unidade Vales do Meia Ponte, segundo Rodrigues et al., 2005) e de Residuais de Aplainamento da Serra das Areias (Campos et al., 2003), associado a rochas proterozoicas xistosas e quartzíticas, pertencentes ao Grupo Araxá, localmente recobertas por formações detrito-lateríticas cenozoicas. De acordo com Rodrigues et al. (2005), por terem propriedades que facilitam o intemperismo, as rochas xistosas correspondem às áreas rebaixadas do relevo e afloram, principalmente, em lajedos em córregos do município. Já os quartzitos, mais resistentes ao intemperismo, ocorrem associados às maiores altitudes, representadas pela Serra das Areias. O município integra principalmente a bacia hidrográfica do alto e médio curso do rio Meia Ponte, a partir do divisor de águas, que inclui a Serra das Areias, até o extremo leste, além da bacia do ribeirão Dourados, a oeste (CAMPOS et al., 2003). Com base inicialmente no relevo descrito por Campos et al. (2003) e por Rodrigues et al. (2005), em consonância com a proposta de Dambrós et al. (1994), as unidades em Aparecida de Goiânia abrangem relevos configurados principalmente por: superfícies de extensos interflúvios aplainados a plano-rampeados, com formas de rampas; superfícies residuais, com topos côncavos a convexos, correspondentes à Serra das Areias, com morros e morrotes; e por superfícies convexas 17 dissecadas, com formas de morros, que ocorrem na parte leste, associadas aos vales do Meia Ponte. Além dessas, delimitou-se a unidade de Encostas de Fundos de Vales, que acompanham os principais cursos d’água do município, segundo a proposta de Casseti (1992), adotada para o município de Goiânia. Essas unidades morfológicas foram assim mapeadas aqui em escala maior que os levantamentos anteriores, compilados e consultados. As etapas do mapeamento iniciaram-se pelo levantamento de material bibliográfico e cartográfico pertinente, partindo da metodologia proposta por Ross (1992); dos trabalhos de mapeamento realizados por Campos et al. (2003) e por Rodrigues et al. (2005), ambos em escala de 1:50.000; e por Dambrós et al. (1994), em escala de 1:150.000. Além da consulta às fontes bibliográficas e cartográficas, foi utilizado no presente estudo um modelo digital de elevação (MDE), com resolução de 80 (oitenta) centímetros e ortofotos com resolução de 20 (vinte) centímetros. Da análise das formas de relevo, observadas a partir do modelo digital de elevação, como a declividade, a curvatura, a dimensão dos interflúvios e a amplitude altimétrica, foram delimitadas as unidades de relevo de acordo com a escala de detalhe, 1:20.000. Estas unidades delimitadas foram confrontadas ainda com a litologia, com os solos, com o uso do solo e com a vegetação. Para a confirmação e complementação das unidades delimitadas, foram realizados também trabalhos de campo. Para a realização dos trabalhos de campo, seguiu-se a proposta de divisão da área do município em quatro cartas, AP-NO, AP-NE, AP-SO e AP-SE, representadas na Figura 3.1. As formas geométricas do relevo foram classificadas em rampas, colinas, morrotes e morros, segundo a classificação adotada por Carneiro e Souza (2003). Os critérios para a classificação são descritos na Tabela 4.1. Amplitudes locais < 100 m 100 a 300 m > 300 m Declividades predominantes < 15% 5 a 15% > 15% 5 a 15% > 15% > 15% Tipos de relevo Rampas Colinas Morrotes Morros com encostas suaves Morros Montanhas Tabela 4.1: Classificação dos tipos de relevo, segundo Ponçano et al. (1981, modificada por Carneiro e Souza, 2003). Com base no modelo digital de elevação foi possível analisar também o índice de dissecação do relevo, que contempla as informações da dimensão interfluvial média, e o entalhamento médio dos vales, analisados conforme a matriz dos índices de dissecação do relevo (Tabela 4.2), adaptada de Ross (1992). 18 Dimensão Interfluvial Média Graus de entalhamento dos vales (classes) Muito Fraco (1) MUITO GRANDE (1) GRANDE (2) MÉDIA (3) PEQUENA (4) MUITO PEQUENA (5) > 1.500 1.500 a 700 700 a 300 300 a 100 < 100 metros. 11 12 13 14 15 21 22 23 24 25 31 32 33 34 35 41 42 43 44 45 51 52 53 54 55 (< 10 m) Fraco (2) (10 a 20 m) Médio (3) (20 a 40 m) Forte (4) (40 a 80 m) Muito Forte (5) (> 80m) Tabela 4.2: Matriz dos índices de dissecação do relevo, segundo Ross (1992). A seguir, são apresentados os produtos obtidos a partir do modelo digital de elevação (os mapas de declividades, hipsométrico e de curvaturas das vertentes), que foram posteriormente utilizados para a elaboração do mapa geomorfológico, com escala de publicação de 1:20.000. 4.1.2.1 Declividade (relevo) Dentre os vários aspectos físicos do espaço geográfico de um município, o relevo é um dos principais, uma vez que é possível medir o nível de inclinação do mesmo. O nível de inclinação do relevo é denominado declividade e pode ser quantificado em porcentagem ou em ângulo de inclinação. As áreas onde o relevo apresenta inclinação demasiada são consideradas de grande vulnerabilidade, pois são sujeitas a deslizamentos que causam erosões, perdas de solos e em áreas urbanizadas podem ser causadoras de desmoronamentos de construções e degradações de infraestrutura, que podem causar prejuízos econômicos, sociais, ambientais e institucionais. O mapa de declividade do município de Aparecida de Goiânia foi construído utilizando-se o programa de Sistema de Informações Geográficas ArcGIS 9.3, por meio do processamento do modelo digital de terrenos elaborado a partir de mapeamento aerofotogramétrico de todo o município, realizado em 2011 pela empresa Topocart – Topografia, Engenharia e Aerolevantamento, sediada em Brasília-DF. O modelo digital de terrenos do município de Aparecida de Goiânia, ilustrado na Figura 4.1, possui excelente precisão, acurácia e detalhamento. Possui alta resolução espacial, de 80 19 centímetros, a altimetria do município, mapeada pelo modelo digital de terrenos, varia entre 647,25 metros a 1002,71 metros, com altitude média de 792,63 metros e desvio-padrão de 57,786 metros. A partir do modelo digital de terrenos, foi elaborado o mapeamento das declividades do relevo do município de Aparecida de Goiânia, nesse mapeamento o programa computacional calcula a diferença de altitude entre as células vizinhas do modelo digital de terrenos e considera a distância entre os centros das respectivas células. Desta forma, a declividade pode ser expressa em ângulo de inclinação, ou então em porcentagem de inclinação. No caso da porcentagem expressa em ângulo de inclinação utiliza-se a equação 1. 𝜃𝜃 = 𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎𝑎 ∆ℎ ∆𝑠𝑠 [1] Sendo que: 𝜃𝜃 é o ângulo da declividade do relevo; ∆ℎ é a variação de altitude entre as células vizinhas e ∆𝑠𝑠 é a distância entre os centros das células vizinhas. No caso da declividade expressa em porcentagens, é utilizada a equação 2. 𝜕𝜕% = sendo que: ∆ℎ ∆𝑠𝑠 ∗ 100 [2] 𝜕𝜕% é a porcentagem da declividade do relevo; ∆ℎ é a variação de altitude entre as células vizinhas e ∆𝑠𝑠 é a distância entre os centros das células vizinhas. 20 Figura 4.1: Modelo digital de terrenos do município de Aparecida de Goiânia Para a elaboração da Carta de Risco do município de Aparecida de Goiânia, foi realizado o mapeamento digital da declividade em ângulos (Figura 4.2) e também em porcentagens (Figura 4.3), no entanto, para a impressão do mapa de declividade, foi considerado somente o mapeamento da declividade em porcentagens. 21 Figura 4.2: Declividade do município de Aparecida de Goiânia em ângulos. Figura 4.3: Declividade do município de Aparecida de Goiânia em percentuais. 22 A declividade varia em dada célula, no entanto, para fins de visualização, as declividades do município de Aparecida de Goiânia foram classificadas em seis categorias, de acordo com o Sistema Brasileiro de Classificação de Solos: relevo plano (de 0% a 3% de declividade); relevo suave ondulado (de 3% a 8%); relevo ondulado (de 8% a 20%); relevo forte ondulado (de 20% a 45%); relevo montanhoso (de 45% a 75%) e relevo escarpado (> 75%) (MEDEIROS, 2009). A maior parte do município apresenta declividades modestas (entre 0 e 5%), o que caracteriza seu relevo como predominantemente plano. Essa classe de declividade representa 42% do relevo do município. Os relevos Suave Ondulados, caracterizados por declividades entre 5,1 e 8% estão presentes em 30% do município, perfazendo uma área de mais de 8 mil hectares. Em menor proporção, ocorrem os relevos Moderadamente Ondulados (declividades entre 8,1 e 12%), que cobrem 18% da área total do município; os relevos ondulados a fortemente ondulados, que representam 8% da área total e o relevo montanhoso ou escarpado, onde as declividades ultrapassam os 20%, que representam pouco mais de 1% da área total do município. A Tabela 4.3 e o mapa da Figura 4.4, a seguir, apresentam as classes de declividades do município, delimitadas a partir do modelo digital de elevação, com resolução espacial de 80 centímetros, a área ocupada (em hectares) por cada classe, assim como a porcentagem do município que cada classe representa. Da observação das declividades na área, é possível confirmar a porcentagem de áreas planas, somadas às suave-onduladas, de 72,19%. Nome da Classe Declividades (%) Área (ha) (%) 0-5 12.266,78 42,12 Suave Ondulado 5,1-8 8.756,28 30,07 Moderadamente Ondulado 8,1-12 5.287,51 18,16 Ondulado/Fortemente Ondulado 12,1-20 2.390,75 8,21 >20 418,86 1,44 Plano Montanhoso ou Escarpado TOTAL 29.120,18 100,00 Tabela 4.3: Classes de Declividades e respectivas áreas ocupadas pelas classes. 23 Figura 4.4: Declividades no município de Aparecida de Goiânia-GO. 4.1.2.2 Curvaturas O mapa da variação das declividades (inclinações ao longo de perfis topográficos), em intersecção com o de variação da orientação das vertentes, deu origem ao mapa de curvaturas, apresentado na Figura 4.5. É possível observar que os cursos d’água estão, em sua maioria, encaixados em vales de curvaturas côncavo-côncavas, as nascentes em vertentes côncavo-convexas, e que os interflúvios são em sua maioria convexo-convexos. Da análise dessas curvaturas, que influenciam nos fluxos relativos ao escoamento superficial, no que se refere às curvaturas côncavo-côncavas, é possível inferir que o fluxo de água pode ser desacelerado ao longo do perfil, provocando maiores denudações na alta vertente; e concentrado ao longo das curvas de nível, sugerindo a tendência de ocorrerem processos erosivos lineares, dependendo da fragilidade dos materiais. Quanto às curvaturas convexo-convexas, o fluxo tende a ser acelerado ao longo do perfil, devendo ser levado em conta o fato de, em geral, a parte mais baixa estar mais suscetível à 24 ocorrência de alcovas de regressão; e tende a ser divergente ao longo das curvas de nível, sugerindo a ocorrência de processos de erosão laminar, em caso dos materiais subjacentes estarem expostos e serem suscetíveis a esses processos. Figura 4.5: Curvaturas no município de Aparecida de Goiânia-GO. 4.1.2.3 Hipsometria No que se refere às amplitudes altimétricas, as menores altitudes são encontradas na porção leste do município, que é drenada pelo rio Meia Ponte. Nessa porção as altitudes variam entre 650 e 720 metros. Por sua vez, as maiores altitudes são encontradas na região da Serra das Areias, onde se encontram as principais nascentes do córrego Santo Antônio. Nesse local, as altitudes atingem valores entre 930 e 1000 metros, como demonstra a Figura 4.6. Situadas na parte oeste, as maiores altitudes são encontradas na Serra das Areias e no divisor de águas, entre as bacias do rio Meia Ponte e a do ribeirão Dourados. 25 Figura 4.6: Hipsometria do município de Aparecida de Goiânia-GO. 4.1.2.4 Unidades Geomorfológicas Logo, com a aplicação dos procedimentos metodológicos descritos anteriormente, foi possível delimitar as unidades morfológicas desde rampas e colinas, até morrotes e morros, principalmente da observação da declividade e curvatura do terreno. Essa morfologia foi então englobada em modelados, desde plano/rampeado até os de topo aguçado, em escala de 1:20.000 (Figura 4.7), descritos a seguir. Rampas do Plano/Rampeado – É a unidade predominante do município. Englobam as formas rampeadas (rampas), sendo por isso caracterizada por apresentar baixas declividades (Foto 4.15), onde se desenvolvem solos do tipo Latossolo Vermelho e Vermelho Amarelo. É também a unidade com a maior atuação antrópica, representada pela urbanização. Corresponde a aproximadamente 63% da área do município, conforme demonstra a Tabela 4.4. 26 Figura 4.7: Unidades Geomorfológicas do município de Aparecida de Goiânia. Foto 4.15: Relevo Plano/Rampeado no setor Pontal Sul. 27 Unidades (Modelado) Plano/Rampeado Plano Intermediário Fundos de Vale Topo Convexo - C1 Topo Convexo - C2 Topo Aguçado TOTAL Área (ha) (%) 18.463,38 695,51 3.554,16 3.042,35 3.040,36 324,42 29.120,18 63,40 2,39 12,21 10,45 10,44 1,11 100,00 Tabela 4.4: Unidades Geomorfológicas e áreas. Morrotes – Topo Aguçado – Representa a unidade com a maior altitude do município (1002 metros), com formas de morrotes, onde se observa ainda a cobertura vegetal natural, remanescente (Savana Arborizada com Floresta de Galeria), e os solos do tipo Neossolo Litólico, representando o equivalente a 1% da área do município. Corresponde à parte superior da Serra das Areias. Morros e Morrotes – Topos Convexos – É caracterizada por superfícies que apresentam altitudes entre 885 e 930 metros, associadas a superfícies de formas convexas dissecadas, formando morros e morrotes, localizada na porção sudoeste e leste do município (Foto 4.16). Essa unidade se subdivide em duas subunidades: Morros – Topo Convexo – C1 – Compreende superfícies convexas dissecadas, em forma de morros, com declividades acentuadas. Localizam-se em altitudes entre 885 e 930 metros, na porção sudoeste do município, limitando-se com a unidade Topo Aguçado, porção mais elevada do relevo, correspondente à Serra das Areias. Nessa unidade, desenvolvem-se solos do tipo Neossolo Quartzarênico, caracterizados por Rodrigues et al. (2005) como solos altamente suscetíveis à erosão. Morrotes – Topo Convexo – C2 – Localizadas na porção leste do município, são caracterizadas por superfícies convexas dissecadas, declividades acentuadas, em altitudes que variam entre 650 e 750 metros. Nessa subunidade desenvolvem-se principalmente solos do tipo Cambissolo (Foto 4.17). O uso rural predominante nesta unidade é indicado por Rodrigues et al. (2005) como um uso que deve ser mantido, uma vez que sejam observadas as características frágeis dos solos presentes, quanto aos processos erosivos e minimizados os impactos pela adoção principalmente de técnicas de manejo mais adequadas, além da indicação de proteção de áreas correspondentes às Áreas de Preservação Permanente. 28 Foto 4.16: Vista ao fundo da unidade Topo Convexo, contrastando com a unidade Plano/Rampeado, em primeiro plano (Jardim dos Ipês). Rampas do Plano Intermediário – Essa unidade ocorre em pequenas porções no oeste do município, em altitudes que variam entre 885 e 930 metros, com declividades entre 0 e 5%. Nessa unidade, predomina o Latossolo Vermelho. Encostas de Fundos de Vale – Nessa unidade predominam declividades mais acentuadas, onde se desenvolve principalmente o Cambissolo Háplico e Neossolo Flúvico, identificados por Campos et al., (2003) e por Rodrigues et al. (2005), consistindo em solos altamente suscetíveis à erosão. Nessa unidade, os amplos interflúvios, associados ao fluxo superficial concentrado tem sido responsável pelo assoreamento dos canais de drenagem (Fotos 4.18 e 4.19). Rodrigues et al. (2005) apresentam, em áreas correspondentes a esta unidade, depósitos relativos aos processos de acumulação, que podem ser considerados importantes em determinados vales fluviais mais abertos. No geral, o relevo do município é caracterizado por vales fortemente entalhados (que ultrapassam os 80 metros de amplitude altimétrica, desde o topo do interflúvio até o leito do curso d’água), associados a grandes dimensões interfluviais, que apresentaram médias superiores a 1.500 metros. Rodrigues et al. (2005) descrevem que na unidade correspondente às formas mapeadas aqui como Rampas, a densidade de drenagens é baixa e os processos de intemperismo e pedogênese são mais intensos que os de denudação, tratando-se por isso de um compartimento mais estável quanto aos processos da geodinâmica (processos atuais). 29 Foto 4.17: Processo erosivo em estrada vicinal na unidade Topo Convexo – C2 (zona rural, próximo ao Parque Montreal). Fotos 4.18 e 4.19: Relevo de Encostas de Fundos de Vale (córrego Santo Antônio, Parque das Nações, respectivamente). Apesar dessas grandes dimensões interfluviais observadas, associadas à formação de solos espessos em rampas alongadas, na unidade geomorfológica correspondente, Aguiar e Romão (2009, 2010), destacam a existência de processos erosivos deflagrados e intensificados, principalmente pela atuação antrópica. Delimitada como plano-rampeada, associada a rampas, ao estudarem a bacia do córrego Granada, quanto à erodibilidade dos solos e quanto à fragilidade do relevo aos processos erosivos, esses autores identificaram a existência de 28 focos de erosões lineares, dentre sulcos, ravinas e voçorocas. 30 Os focos de erosões lineares identificados por Aguiar e Romão (2009, 2010) foram encontrados principalmente em áreas adjacentes aos cursos d’água. O desnível existente pela conformação dos vales encaixados indica um potencial maior à ocorrência de processos erosivos. Uma vez deflagrado o processo, principalmente no caso dos processos lineares, a erosão tende a atingir grandes proporções em solos do tipo Latossolo, os quais possuem grandes espessuras e que, nesse caso, em condições desse solo tornar-se exposto, tornam-se materiais de suscetibilidade alta a esses processos. Além disso, a atuação antrópica se traduz em exemplos como a construção de arruamentos ao longo das linhas de maior inclinação em rampas longas, alguns terminados em meia vertente. A concentração do fluxo, associada a sistemas de drenagem inexistentes, parece ser a causa de intensificação, ou mesmo deflagração de processos erosivos. Além disso, cita-se o trabalho de Barbosa et al. (2011), que ao analisarem imagens de satélite, de 2002 e 2008, e realizarem trabalho de campo, ao longo do córrego Santo Antônio, constataram, além de problemas ambientais como assoreamento e contaminação, destacaram a existência de processos erosivos acelerados, causados pela ocupação desordenada. Tais autores citam a falta ou ineficiência de sistemas de drenagem de águas pluviais; a implantação inadequada do sistema viário, com ruas perpendiculares às curvas de nível; a ausência de pavimentação; a ausência de mata ciliar; a ausência de sistema de saneamento básico adequado; entre outros, exemplificando as causas da ocorrência desses problemas. Esses autores destacam a ocorrência de erosão e assoreamento nas margens do córrego Santo Antônio, no setor Veiga Jardim e a evolução de uma voçoroca, provavelmente causada pelo escoamento concentrado advindo da construção de arruamento perpendicular às curvas de nível. Em concordância com o que foi supracitado, Rodrigues et al. (2005) afirmam que a falta de uma política de controle da expansão urbana colaborou para a existência de diversos loteamentos regulares e irregulares, com pouca ou nenhuma infraestrutura, o que possivelmente intensificou a atuação dos processos geodinâmicos, apesar dessa área urbana ter sido considerada por eles como a mais propícia à instalação desse tipo de ocupação. Ainda segundo Rodrigues et al. (2005), no município como um todo, colaboram para a ocorrência de processos erosivos: a utilização inadequada dos solos, como ocupações clandestinas de áreas impróprias, sem a devida implantação de redes de drenagem pluviais; bem como a apropriação de antigas áreas de extração de areia, realizadas se critérios técnicos para a recuperação dessas áreas já degradadas. Sendo assim, pode-se inferir como sendo a causa da maior parte das erosões, a concentração e o não disciplinamento das águas pluviais. 31 4.1.2.5 Diagnóstico a partir dos aspectos geomorfológicos Considerando o exposto, é possível observar que a maior parte do município de Aparecida de Goiânia, totalizando aproximadamente 72% da sua área, configura-se como um relevo plano até suave ondulado (com declividades menores que 8%), sobre rochas xistosas e sobre elas materiais de cobertura, formando rampas de perfil convexo, sobre a qual se situa a maior parte da área urbana. Essa configuração associa-se assim a solos do tipo Latossolo, que são solos espessos e bem desenvolvidos. Pertencente em sua maior parte à bacia do córrego Santo Antônio, afluente do rio Meia Ponte, entalhando a unidade supracitada, ocorrem vales encaixados; com declividades chegando a valores maiores que 45%; com curvaturas côncavo-côncavas; em parte com ocorrência de solos do tipo Cambissolo, altamente suscetíveis à erosão. O extremo sudeste do município consiste em uma das áreas com menor densidade de ocupação, correspondente ao uso rural. Nesses terrenos ocorrem solos também do tipo Cambissolo, em relevos convexos dissecados, formando morrotes, situados no vale do rio Meia Ponte. Essas formas dissecadas, considerando as declividades altas e o tipo de solo, são também altamente suscetíveis à erosão. A parte oeste do município possui as maiores altitudes, associadas a rochas quartzíticas, que afloram na Serra das Areias. Parte do relevo nessa região associa-se a solos do tipo Neossolo Litólico, formando morrotes, e a solos do tipo Neossolo Quartzarênico, entalhados por nascentes do córrego Santo Antônio e do córrego da Mata, afluente do ribeirão Dourados. A constituição desses solos, arenosa, as declividades altas, as curvaturas côncavo-côncavas, que concentram o fluxo, e a ocorrência de nascentes, nas vertentes que contornam a serra, justificam a existência das Áreas de Preservação Permanente, a continuidade da ocorrência de remanescentes de vegetação natural e a necessidade de recuperação das áreas degradadas. Assim, apesar da maior parte do município, correspondendo à área urbana, situar-se sobre áreas relativamente planas, ocorrem de maneira expressiva focos erosivos, deflagrados e/ou intensificados, principalmente em áreas próximas aos cursos d’água, e consequentes assoreamentos desses mananciais, cuja causa principal deve-se à utilização e apropriação dos recursos naturais sem a observação dos condicionantes à deflagração e à intensificação desses processos ligados à dinâmica atual do relevo. 32 4.1.3 Pedologia e coberturas superficiais Foram mapeados de acordo com as características morfo-estruturais, 3 (três) domínios pedológicos (Dp), constituídos por: a) Dp1 – constituído por latossolos areno-argilosos vermelho e amarelo-avermelhado mapeados nas Folhas AP-NE, AP-NO e AP-SE (Foto 4.20); b) Dp2 – constituídos por solos quartzoarênicos mapeados na zona de influência da Serra das Areias (Foto 4.21) na folha AP-SO e, c) Dp3 – constituído por litosolos quartzosos cascalhentos formados por fragmentos de quartzo, quartzito-micáceo e mica xisto (Foto 4.22), que ocorrem na região geográfica da Serra das Areias. Foto 4.20: Latossolo vermelho escuro observado em corte no viaduto de acesso ao Setor Madre Germana II. Folha AP-SO. Foto 4.21: Solo quartzoarênico observado no limite entre as folhas AP-SO e AP-NO, entre os Setores Madre Germana II e Jardim Tiradentes. 33 Foto 4.22: Solo lítico quartzoso que ocorre na região da Serra das Areias e seu entorno. Outro domínio pedológico observado, preferencialmente ao longo das principais drenagens, é constituído por solos orgânicos escuros, com níveis de turfa, porém, não cartografáveis na escala de trabalho adotada. Estes solos em geral estão recobertos por solos coluviais derivados de latossolos vermelhos e suas variações (Foto 4.23). Foto 4.23: Zona de predomínio de solos orgânicos podzólicos não mapeáveis na escala de trabalho utilizada. Ponto situado na margem do córrego Tamanduá. Folha AP – NO. 34 4.1.3.1 Unidade Dp1 – zona de predominância de latossolos avermelhados Pela área de ocorrência o tipo mais significativo é constituído por latossolos avermelhados com variações para latossolos vermelho-amarelados, coesos, textura argilosa a areno-argilosa, localmente com os horizontes bem desenvolvidos (Foto 4.24). São solos em geral de coloração vermelho escuro (Foto 4.25), não hidromórficos desenvolvidos em zonas de oxidação, profundos, maduros, porosos, muito permeáveis, estruturados, de excelentes qualidades físicas e de variável resistência à erosão (Foto 4.26), com boa capacidade de armazenamento de água. Foto 4.24: Perfil típico do latossolo da região onde se observa o processo de enriquecimento de ferro nas partes mais altas do perfil, marcado pela cor mais escura, e o seu consequente empobrecimento mais abaixo. Foto 4.25: Latossolo vermelho escuro típico da região observado próximo ao novo prédio da prefeitura municipal. 35 Foto 4.26: Erosão desenvolvida em latossolo vermelho na região do Setor Cândida de Queiroz. Estes latossolos apresentam variação para latossolos vermelho-amarelados localmente líticos (Foto 4.27 e 4.28) com variação de coloração para castanho, observados principalmente nas folhas AP-NE, AP-NO e AP-SE. Nestes locais são comuns cascalhos lateríticos e, estes solos quando mais arenosos são susceptíveis a processos erosivos (Foto 4.29). Foto 4.27: Solos líticos quartzosos associados com latossolos vermelhos observados na região norte - noroeste da folha AP-NO. 36 Foto 4.28: Variação do latossolo vermelho para latossolo vermelho-amarelado originado por processo de queluviação. Foto 4.29: Erosão em latossolo vermelho-amarelado em nascente do córrego Tamanduá. As coberturas lateríticas são muito comuns e constituem depósitos de cascalho (Fotos 4.30 e 4.31). Parecem estar associadas com os terrenos planos encontrados nas áreas elevadas de topo 37 chato. Outra variação é constituída por latossolos vermelhos a castanho claro, com cascalho quartzoso, observada nas áreas de encostas, não longe das drenagens. A rocha-mãe desses solos é o micaxisto que comumente apresenta veios de quartzo disseminados e, nesta situação adquirem um caráter mais lítico (Foto 4.32). Foto 4.30: Laterita que é resultado final do enriquecimento de ferro observada na folha AP – NO. Foto 4.31: Corte mostrando cascalho laterítico derivado do processo de enriquecimento de óxido/hidróxido de ferro. 38 Foto 4.32: Saprólito da rocha-mãe (micaxistos) observado no Setor Vila Maria. Folha AP- NE. Estes solos estão sob tensão ocasionada pelo o avanço da área urbana, que poderá num futuro próximo impermeabilizar boa parte desses solos, reduzindo a recarga dos aquíferos superficiais e subterrâneos, além de agravar os problemas erosivos nesta unidade pedológica. 4.1.3.2 Unidade Dp2 – zona de predominância de solos quartzoarênicos Estes solos têm sua área de distribuição limitada à ocorrência da Unidade D do Grupo Araxá, onde predominam quartzitos puros e micáceos. São solos de textura arenosa fina, permeáveis, porosos e não coesos. Por estas razões são frágeis e susceptíveis a processos erosivos (Foto 4.33). Sua área de ocorrência está situada na folha AP-SO. 4.1.3.3 Unidade Dp3 – zona de predominância de litosolos quartzosos A ocorrência desses solos está associada aos quartzitos da Unidade D do Grupo Araxá e, sua distribuição geográfica está limitada a Serra das Areias. São solos imaturos, não estruturados, rasos, porosos e permeáveis onde predominam fragmentos de quartzito e quartzito micáceo (Fotos 4.34 e 4.35). As áreas de ocorrência desses solos estão localizadas na folha AP-SO e são pouco suscetíveis a processos erosivos. 39 Foto 4.33: Solo quartzoarênico derivado dos quartzitos da Serra das Areias que tem como região de ocorrência as áreas do entorno da serra na folha AP-SO. Foto 4.34: Detalhe do solo lítico quartzoso observado na região vizinha ao Jardim dos Ipês, próximo da Serra das Areias na folha AP-SO. 40 Foto 4.35: Afloramento de quartzito que é a rocha-mãe dos solos líticos quartzosos e quartzoarênicos observados na folha AP-SO. 4.1.4 Suceptibilidade erosiva das unidades geotécnicas Foram identificadas cinco grandes unidades geotécnicas (UG) para efeito de identificação das áreas suscetíveis a processos erosivos. Estas unidades estão relacionadas com as coberturas pedológicas, ao substrato rochoso, e às zonas de declividades conforme apresentadas no mapa correspondente. A integração entre esses três fatores compõem as zonas de susceptibilidade erosiva (ZSE). O mapa de declividade apresenta seis zonas com intervalos de declividade: declividade entre 0 - 3%; 3 – 8%; 8 – 20%; 20 – 30%; 30 – 45%, 45 – 75% e > 75%. As zonas com declividades maiores que 20% estão situadas na região da Serra das Areias e, em razão do substrato rochoso ser estável, não constitui uma zona problema do ponto de vista da erodibilidade. Entretanto, na construção do mapa de susceptibilidade erosiva foram catalogadas cinco unidades, ou áreas de susceptibilidades erosivas diferentes, assim definidas: I) áreas com susceptibilidade erosiva baixa a nula, mesmo que apresentem declividades maiores que 20% (Foto 4.36); II) áreas com susceptibilidade erosiva baixa, com declividades entre 0 e 3% (Foto 4.37); III) áreas com susceptibilidade erosiva moderada, com declividades entre 3 e 8% (Foto 4.38); IV) áreas com susceptibilidade erosiva moderada a alta, com declividades entre 3 e 8%, em zonas de ocorrência e predominância de solos quartzoarênicos (Foto 4.39), e, V) áreas com susceptibilidade 41 erosiva alta, com declividades maiores que 8%, fundos de vales, ou mesmo planas onde haja ocorrência de solos arenosos e coluviais de qualquer natureza (Foto 4.40). Foto 4.36: Região da Serra das Areias que apresenta altas declividades, porém, baixa erodibilidade – Folha AP SO. Foto 4.37: Área com declividade entre 0 e 3% situada na zona rural de Aparecida de Goiânia na Folha AP-SE. 42 Foto 4.38: Área representativa da Unidade III, que apresenta declividades entre 3 e 8% e moderada susceptibilidade erosiva. Folha AP – NO. Foto 4.39: Zona de baixa declividade porém, com susceptibilidade erosiva alta em razão da ocorrência de solos arenosos. 43 Foto 4.40: Erosão formada em zona com declividade superior a 8% associada a solo coluvial. Na construção desse mapa não foi considerado o grau de preservação da cobertura vegetal, que é um fator importante. Porém, considerando que o produto específico está apresentado com os demais mapas, as informações poderão ser cruzadas para se projetar um prognóstico para as unidades mapeadas. 4.1.4.1 Características e distribuição das áreas de susceptibilidade erosivas mapeadas Na definição das cinco unidades mapeadas os aspectos da geologia e pedologia prevaleceram sobre outros, como a declividade, como é o caso da unidade I, onde a ocorrência de quartzitos e de solos líticos quartzosos prevalece sobre o parâmetro declividade (Foto 4.41). a) Unidade I Trata-se de áreas com susceptibilidade erosiva baixa a nula, onde ocorrem solos líticos quartzosos e ocorrência de quartzitos. Esta unidade, embora apresente declividades maiores que 20%, em razão da natureza da rocha e do solo, é pouco susceptível à formação de processos erosivos, ou mesmo escorregamentos de massa. Sua área de ocorrência está confinada aos limites da Serra das Areias, no domínio geológico da Unidade D do Grupo Araxá, e situa-se na porção centro sul da folha AP – SO (Foto 4.42). 44 b) Unidade II Esta unidade pode ser definida como de susceptibilidade erosiva baixa e tem como característica apresentar declividades entre 0,0 e 3%. Estas zonas, quase planas, estão localizadas nos morros de topo chato, onde se observa o desenvolvimento de latossolos vermelhos a vermelhoamarelados, localmente com ocorrência de cascalhos lateríticos (Foto 4.43). Está distribuída em todas as folhas que compõem o mosaico e está associada à ocorrência de micaxistoss da Unidade C do Grupo Araxá. Nesta unidade não foram cadastradas erosões de qualquer natureza. Foto 4.41: Solo lítico quartzoso em área plana de potencial erosivo nulo. Folha AP-SO. Foto 4.42: Unidade I constituída por áreas com susceptibilidade erosiva baixa a nula, onde ocorrem solos líticos quartzosos e ocorrência de afloramentos quartzitos. 45 Foto 4.43: Unidade II constituída por áreas com susceptibilidade erosiva baixa, onde ocorrem latossolos vermelhos com zonas lateríticas. Folha AP – NO. c) Unidade III Nesta unidade foram cadastrados quatro processos erosivos. Entretanto, esta pode ser definida como de susceptibilidade erosiva baixa a moderada e tem como característica apresentar declividades entre 3% e 8%. Estas zonas suavemente inclinadas estão localizadas nas meio encostas das elevações de topo chato, onde se observa também o desenvolvimento de latossolos vermelhos a vermelho-amarelados, localmente com ocorrência de cascalhos lateríticos e/ou solos líticos quartzosos (Fotos 4.44 e 4.45). Está distribuída em três, das quatro folhas que compõem o mosaico, AP-NE, AP-NO e AP-SE e, está associada à ocorrência de micaxistoss da Unidade C do Grupo Araxá. Foto 4.44: Unidade III constituída por áreas com susceptibilidade erosiva baixa a moderada, onde ocorrem latossolos vermelhos com zonas lateríticas. Folha AP – NO. 46 Foto 4.45Erosão observada em zona de declividade entre 3 e 8% na região do Setor Industrial Santo Antônio. d) Unidade IV Esta unidade pode ser definida como de susceptibilidade erosiva de moderada a alta e tem como característica, também, declividades entre 3% e 8% ou até abaixo de 3%. Entretanto, a sua erodibilidade está associada à ocorrência de solos quartzoarênicos residuais ou coluviais derivados de rochas quartzíticas (Fotos 4.46 e 4.47). Foto 4.46: Solo arenoso em zona com declividade entre 3 e 8% com geração de processo erosivo. Região do Jardim Ipês. Ao fundo a Serra das Areias. 47 Foto 4.47: Solo arenoso em zona com declividade entre 0 e 3% com geração de processo erosivo. Região entre os Setores Madre Germana II e Tiradentes. Nesta unidade, distribuída nas porções noroeste e sudeste da folha AP-SO, foram cadastradas três erosões por ravinamento onde está associada à ocorrência de quartzitos da Unidade D do Grupo Araxá. e) Unidade V Apresenta susceptibilidade erosiva alta e nela foi cadastrado o maior número de erosões (Fotos 4.48 a 4.50). Tem como característica declividades maiores que 8% e, ocorrência também nos fundos de vale (Foto 4.51). São zonas quase planas associadas a solos arenosos não coesos e solos coluviais. Está distribuída em todas as folhas que compõem o mosaico e associada, de maneira geral, à ocorrência de micaxistoss da Unidade C do Grupo Araxá. Entretanto, na folha AP-SO está associada à Unidade D (quartzítica) do Grupo Araxá, nas faldas oeste da Serra das Areias. 48 Foto 4.48: Formação de erosão na Unidade V que apresenta declividades superiores a 8%. No detalhe ravina cadastrada na Vila Maria. Foto 4.49: Processo erosivo observado no Setor Cândida de Queiroz. Folha AP – NO. 49 Foto 4.50: Erosão observada no Setor Vila Maria em zona de declividade maior que 8%. Folha AP – NE. Foto 4.51: Processo erosivo por solapamento gerando um “anfiteatro”, observado no baixo curso do córrego do Alagado. Folha AP – NE. 50 4.1.5 Cadastro dos processos erosivos Este trabalho foi realizado com objetivo de estabelecer correlações entre os diversos elementos que compõem o meio físico, como os solos, o substrato rochoso, o grau de preservação da cobertura vegetal, declividade do terreno e a ocorrência de processos erosivos. Como esperado, não foi difícil estabelecer uma correlação direta entre os diversos tipos de intervenções humanas com os processos erosivos mapeados. Ao todo foram cadastrados 65 processos erosivos de diversas escalas, estabelecendo-se um grau variável entre I e IV, conforme a gravidade do processo instalado, e identificados os processos conforme a sua gênese. Com relação à classificação, optou-se por associar o processo erosivo à sua gênese, ou seja, as erosões geradas pela concentração do fluxo hidrodinâmico superficial, com a formação de sulcos, ravinas e voçorocas, também classificadas de acordo com o seu grau de gravidade de I a IV, sendo IV a de maior gravidade e, as erosões geradas pela ação fluvial, com a formação de feições de solapamento, anfiteatros. Foi definido também o tipo misto, onde se observou a interação dos dois processos genéticos, com a geração de formas complexas de erosão. O resultado desse cadastro está apresentado no Quadro 4.1 e no mapa do cadastro dos processos erosivos, onde os pontos mapeados estão numerados e apresentam uma simbologia própria de acordo com o processo erosivo observado e o seu grau de gravidade. 4.1.5.1 Tipos genéticos das erosões mapeadas Foram identificados três tipos de processos erosivos na região do Município de Aparecida de Goiânia: i) erosões geradas pela concentração de fluxo, com a formação de sulcos, ravinas e voçorocas (foto 4.52); ii) erosões por solapamento, com a formação de anfiteatros, alargamento do leito das drenagens envolvidas e como consequência o assoreamento dos canais (foto 4.53) e, iii) misto onde ocorre a interação de ravinas e voçorocas com o solapamento das margens (foto 4.54). Todos os processos identificados são graves, porém, o tipo misto é sem dúvida o de pior prognóstico, uma vez que as intervenções são caras e nem sempre são eficientes como mostram as Fotos 4.55 e 4.56. O Quadro 4.1 apresenta um resumo das erosões cadastradas na área do município. 51 Foto 4.52: Processo erosivo gerado por concentração de fluxo entre os setores Madre Germana II – Jardim dos Ipês. Foto 4.53: Solapamento próximo ao poço 01 – sistema Parque das Nações. 52 Foto 4.54: Bueiro erodido na passagem para residencial Cândida de Queiroz. Foto 4.55: Passagem do córrego Santo Antônio Anel Viário com ruptura do asfalto por erosão. 53 Foto 4.56: Ruptura circular do maciço por solapamento – Anel Viário. Quadro 4.1: Cadastro e classificação dos processos erosivos no Município de Aparecida de Goiânia. Nº EROSÃO TIPO LOCAL Estrada entre Setor Madre Germana e Jardim dos Ipês. Av. JI-9 c/ JI- 33 / Jardim dos Ipês. Estrada Jardim São Conrado e Jardim Tiradentes Rua Albatroz c/ Av. Rio Branco – Jardim Veneza Av. Brasil – Jardim Veneza / Poço 1 da Saneago – Setor Parque das Nações Al. dos Cisnes / Parque Floresta Rua 17 – Res. Cândida de Queiroz Rua 17 – Res. Cândida de Queiroz – Em frente à Igreja 01 Sulco 02 Ravina 03 Ravina 04 Voçoroca 05 Voçoroca/ Solapamento 06 Sulco 07 Solapamento 08 Voçoroca 09 Solapamento Creep 10 Solapamento – Creep 11 Solapamento – Creep Rua 15 – Setor Garavelo Park /Nascente Córrego Tamanduá Rua 15 – E – Parque Ecológico Tamanduá 12 Solapamento Final do Parque Ecológico Av. União – Setor Garavelo GRAU I III II IV IV I III III IV IV IV IV COORDENADAS E: 674.659 N: 8.137.426 E: 673.777 N: 8.136.728 E: 675.891 N: 8.137.922 E: 679.755 N: 8.142.083 E: 679.890 N: 8.142.235 E: 682.102 N: 8.143.513 E: 685.747 N: 8.144.425 E: 685.614 N: 8.144.429 E: 678.261 N: 8.146.003 E: 677.119 N: 8.146.271 E: 676.918 N: 8.146.188 E: 677.402 N: 8.146.130 54 Quadro 4.1: Cadastro e classificação dos processos erosivos no Município de Aparecida de Goiânia (cont.). Nº TIPO LOCAL GRAU COORDENADAS EROSÃO 13 Solapamento 14 Voçoroca 15 Solapamento 16 Solapamento 17 Solapamento 18 Ravina/ Voçoroca 19 Solapamento 20 Ravina 21 Solapamento 22 23 Ravina/ Solapamento Solapamento / Anfiteatro 24 Sulcos 25 Sulcos/Ravin a 26 Solapamento 27 Ravina 28 Ravina 29 Ravina/Voço roca 30 Ravina 31 Solapamento 32 Ravina 33 Ravina 34 Sulco/Ravina 35 Ravina profunda Margem do Córrego Tamanduá. Rua 14 C – Setor Garavelo Nascente do Córrego Tamanduá. Em frente a Rua H-84 – Córrego Tamanduá Em frente a Rua H-84 – Córrego Tamanduá. Horta – Av. Córrego do Ouro – Margem do córrego Santo Antônio. Av. Córrego do Ouro – Jardim Itapuã. Margem do Córrego Santo Antônio. Al. Córrego do Ouro – Jardim Itapuã. Margem do Córrego Santo Antônio. Av. das Bandeiras – Setor Maria Inês. Em frente a Al. Antônio Neto – Setor Maria Inês. Rua Antônio Alves – Vila Maria. Rua Antônio L. Trindade – Vila Maria. Av. Júlio de Castilho – Jardim Cristal. Av. Xavier de Almeida – Parque Atalaia. Rua D. Cunha c/ Leopoldo Kirst – Parque Atalaia. Av. Maçaranduba – Retiro do Parque. Rua 10 – Jardim Miramar. Margem do Córrego Da Mata – Jardim Miramar. Rua 91/Rua 124 - Jardim Miramar. Rua Dalio Dib / Rua 126 – Jardim Miramar. Rua Layla Navareth / Hildeu de Andrade – Setor Rosa dos Ventos. Cont. Rua Layla Navareth – Setor Rosa dos Ventos. IV E: 677.632 N: 8.145.761 IV E: 677.499 N: 8.145.655 IV IV IV IV IV IV IV III IV II II/III III IV III IV II III III II E: 681.789 N: 8.145.517 E: 682.088 N: 8.145.436 E: 680.940 N: 8.143942 E: 681.077 N: 8.143.909 E: 681.054 N: 8.143.792 E: 681.153 N: 8.143.829 E: 681.569 N: 8.142.000 E: 684.844 N: 8.147.262 E: 685.436 N: 8.147.193 E: 687.283 N: 8.144.281 E: 686.935 N: 8.144.197 E: 686.884 N: 6.141.417 E: 684.950 N: 8.140.602 E: 684.992 N: 8.139.995 E: 687.977 N: 8.138.474 E: 688.306 N: 8.137.753 E: 688.388 N: 8.136.669 E: 688.296 N: 8.136.623 E: 688.307 N: 8.136.440 II E: 688.465 N: 8.136.231 III E: 688.666 N: 8.135.611 55 Quadro 4.1 Cadastro e classificação dos processos erosivos no Município de Aparecida de Goiânia (cont.). Nº TIPO LOCAL GRAU COORDENADAS EROSÃO 36 Ravina Rua Conrado de Oliveira – Setor Rosa dos Ventos. II 37 Sulco/Ravina Rua Rosarita Fleury – Setor Rosa dos Ventos. II 38 Solapamento 39 Solapamento 40 Solapamento 41 Solapamento 42 43 Solapamento/ Anfiteatro Ravina Em frente à Rua – W /Mansões Paraíso/ Margem do Córrego Tamanduá. Em frente à Rua – W /Mansões Paraíso/ Margem do Córrego Tamanduá. Em frente à Rua – W /Mansões Paraíso/ Margem do Córrego Tamanduá. Ponte sobre Córrego Itapuã – Av. Uirapuru/Setor Morada dos Pássaros. Margem do Córrego Santo Antônio/Setor Pontal Sul II. 44 Solapamento 45 Voçoroca 46 Solapamento 47 Ravina 48 III E: 689.030 N: 8.136.209 E: 688.941 N: 8.135747 E: 683.821 N: 8.144.763 III E: 683.406 N: 8.144.672 III E: 682.472 N: 8.144.998 II E: 681.800 N: 8.143.213 IV Setor Pontal Sul II II Margem do Córrego Santo. Antônio/Entre os Setores Morada dos Pássaros e Veiga Jardim III III Al. Dona Rosalina c/ Córrego Santo. Antônio. III Margem do Córrego Santo Antônio – Ponte entre setores Veiga Jardim II e Industrial Santo Antônio. III Av. São João/Parque Sta Cecília. II Voçoroca Av. Odorico Neri/Setor Vila Maria. IV 49 Ravina II 50 Rua Gonçalo B. Lima – Setor Vila Maria. III 51 Ravina/ Voçoroca Ravina Rua Gonçalo B. Lima c/ Joaquim R. Filho – Setor Vila Maria. Jerônimo Melo Cabral. II 52 Solapamento Passagem do Anel Viário sobre o Córrego Santo Antônio. III 53 Ravina Av. Joaquim E. Camargo – Setor Ind. Santo Antônio. II 54 Solapamento 55 Solapamento 56 Ravina 57 Solapamento e Voçoroca Santo Antônio. Córrego Santo Antônio. Ao lado da Rua Teodoro da Silva Neiva – Parque Tiradentes. Ao lado da Rua Teodoro da Silva Neiva – Parque Tiradentes. E: 681.900 N: 8.142.071 E: 682.672 N: 8.141.650 E: 682.688 N: 8.142.365 E: 683.172 N: 8.142.588 E: 684.140 N: 8.142.867 E: 685.599 N: 8.144.993 E: 687.291 N: 8.144.310 E: 687.342 N: 8.145.211 III E: 687.247 N: 8.145.096 E: 687.019 N: 8.145.142 E: 685.540 N: 8.143.409 E: 684.674 N: 8.141.971 E: 685.858 N: 8.143.624 E: 684.946 N: 8.144.157 E: 690.395 N: 8.146.958 IV E: 690.397 N: 8.146.997 III III 56 Quadro 4.1 Cadastro e classificação dos processos erosivos no Município de Aparecida de Goiânia (cont.). Nº TIPO LOCAL GRAU COORDENADAS EROSÃO 58 59 60 61 62 63 64 65 66 67 Ravina/Voçoroca Rua Vasco dos Reis – Jardim Tiradentes. IV Solapamento Margem esquerda do Córrego São Nicolau – Setor Sta Luzia. III Solapamento Chácara - Margem do Córrego São Nicolau – Setor Sta Luzia. IV Solapamento Margem do Córrego Santo Antônio – Final da Al. B 1 – Setor Chac. São Pedro. IV Rua Aymorés – St DIMAG. III Setor Industrial. III Margem do Ribeirão das Lajes. IV Margem da BR – 153 / divisa do Setor Rosa dos Ventos com Jardim Tiradentes. IV Ravina Ravina Solapamento/ Voçoroca Voçoroca/ Anfiteatro/ Creeps Voçoroca Solapamento Solapamento 68 Ravina 69 Ravina 70 71 72 73 74 Misto Voçoroca / Ravina Ravina Misto Solapamento 75 76 Solapamento Solapamento 77 Na margem direita do córrego da lagoa, no bairro Buenos Aires. Av. W, Setor Mansões Paraíso, fica de frente a quadra 80 na margem do Rio Tamanduá. Na rua Primária 2, Distrito Agroindustrial Agropecuário de Aparecida de Goiânia (DAIAG) em frente a margem do córrego da lagoa. Divisa do Jd. Esplanada com Residencial Vilage Garavelo, primeira etapa próximo da margem do córrego do açude. Na referência 69, do outro lado da margem do córrego do açude, do lado de um reservatório. No fundo do CEL-OAB, na margem do córrego do açude. E: 690.647 N: 8.146.657 E: 690.110 N: 8.145.932 E: 690.016 N: 8.145.689 E: 688.483 N: 8.145.821 E: 689.704 N: 8.140.015 E: 690.551 N: 8.140.091 E: 686.712 N: 8.136.306 IV 693.198 8.141.519 IV E: 683.371 N: 8144713 IV E: 691066 N: 8139982 III E: 686710 N: 8140541 II E: 686916 N: 8140445 IV E: 686927 N: 8140776 IV E: 689987 N: 8139767 II E: 690109 N: 8139773 Do lado da referência 68. IV Divisa do loteamento DAIAG com área rural, do lado de uma lagoa, margeando o córrego da lagoa. E: 6901066 N: 8139982 III E: 692037 N: 8140686 Do lado da referência 75 IV Afluente que deságua no córrego do Galhardo, que faz divisa do jardim dos Girassóis com a área rural. E: 692194 N: 8140606 III E: 684740 N: 8137746 Pq. Industrial Vice Presidente José Alencar, no córrego da lagoa. Pq. Industrial Vice Presidente José Alencar, do lado da referência 72. 57 Quadro 4.1 Cadastro e classificação dos processos erosivos no Município de Aparecida de Goiânia (cont.). Nº TIPO LOCAL GRAU COORDENADAS EROSÃO 78 79 80 81 82 83 84 Solapamento Misto Ravina Sulco Sulco Sulco Solapamento Ravina 85 86 87 Ravina Voçoroca Voçoroca No córrego Pedro de Amolar divisa dos setores Independência com das Mansões e Riviera. No residencial Garavelo, na margem do córrego Tamanduá. Margeando o córrego do Almeida no bairro dos Buritis divisa com a chácara São Pedro. No cruzamento da rua Macuri com a rua 26 no residencial Guanabara. Acima do residencial Solar Central Park, na margem do córrego Saltador. Do lado da referencia 92. Ravina Abaixo da referencia 92. Sulco Chacara Boa Nova, rua 1 perto da margem do córrego do local. Abaixo da referência 94. Misto Solapamento 92 93 94 95 96 Área rural do município de Aparecida de Goiânia, na margem do córrego das Lajes. Área rural do município de Aparecida de Goiânia, na margem do córrego das Lajes. Área rural do município de Aparecida de Goiânia, na margem do córrego das Lajes. Loteamento Expansul com Divisa com jardim das Acácias. Divisa dos setores Parque das Nações com o Jardim Florença, fica no afluente que deságua no córrego Sto. Antônio. Córrego Galhardo, bairro dos Estados. Córrego Santo Antônio, ao lado do setor Oliveira. 90 91 Na margem da BR-153, entre o bairro Vera Cruz e Loteamento Retiro do Bosque na nascente do córrego Cortado. Na mesma região das referências 74 e 75. Solapamento 88 89 Abaixo da referencia 77, no córrego Galhardo. Ravina Misto Sulco IV E: 685060 N: 8137420 IV E: 687398 N: 8138175 II E: 692063 N: 8140585 I E: 681865 N: 8135446 I E: 681813 N: 8136144 I E: 681657 N: 8135937 II E: 688055 N: 8139672 III E: 680019 N: 8140940 III IV E:682881 N: 8138164 E: 682153 N: 8141991 III E: 680798 N: 8138623 IV E: 677576 N: 8145648 II E: 689042 N: 8145570 II E: 682761 N: 8139820 II E: 685522 N: 8140677 III II E: 685472 N: 8140779 E: 685522 N: 8140677 I E: 677735 N: 8137281 I E: 678130 N: 8136742 Das erosões mapeadas, 27 foram formadas por solapamento (41,5%), 4 por processos mistos (6,1% fluxo concentrado e solapamento), e 34 por concentração de fluxo (52,4%). De acordo com 58 cada tipo específico classificado a distribuição numérica é: sulcos 03 (4,6%); ravinas 18 (27,7%); voçorocas 06 (9,2%) e mistos: (16,9%) considerando como mistos sulco/ravina 03 (4,6%); ravina/voçoroca 04 (6,15%); ravina/solapamento 01 (1,5%) e voçoroca/solapamento 03 (4,6%). 4.1.5.2 Fatores ativos de erosão – diagnóstico e prognóstico Foram identificados três fatores ativos de erosão, quais sejam: i) concentração de fluxo pluvial; ii) fluxo fluvial com solapamento das margens e os iii) mistos, onde foi identificada a conjugação da concentração do fluxo das águas pluviais com o fluxo fluvial. Desse modo foi possível estabelecer um diagnóstico e um prognóstico para os processos instalados. Diagnóstico: i. Concentração do Fluxo Pluvial: os processos erosivos observados estão associados a uma interação de fatores como a declividade do terreno (5-10%) (Fotos 4.57 e 4.58); a natureza dos solos (latossolos vermelhos e vermelho amarelado, com textura areno-argilosa e solos quartzo-arênicos são mais suscetíveis à erosão mesmo em áreas planas – também solos coluviais mesmo em regiões de baixa declividade <5%) (Foto 4.59) e a ocupação de áreas de meia encosta próximas dos fundos de vale (Foto 4.60); ii. Fluvial: os processos erosivos observados estão associados ao desmatamento das margens e encostas (Foto 6.26); a ocupação indevida de APP’s (Foto 4.61) e à natureza dos solos que compõem as margens, em geral argilosos cinza, com manchas de turfa preta, frágeis, observados principalmente nas margens dos córregos Santo Antônio e Tamanduá (Foto 4.62). Foto 4.57: Voçoroca em processo de crescimento, localizada em frente à Igreja de Santa Bárbara no residencial Cândida de Queiroz. 59 Foto 4.58: Ravina no Setor Cândida de Queiroz transversal à voçoroca da imagem anterior. Foto 4.59: Ocorrência de erosão em zona baixa declividade com solo arenoso – Jardim- dos Ipês. 60 Foto 4.60: Região de fundo de vale – APP – solapamento da margem do córrego Santo Antônio. Foto 4.61: Erosão das margens ocasionada pelo desmatamento e ocupação das margens. 61 Foto 4.62: Solapamento observado na margem do córrego Santo Antônio com queda do muro da propriedade. Foto 4.63: Material turfáceo observado nas margens do córrego Santo Antônio em propriedade situada na Avenida do Ouro. 62 Prognóstico: i. Sulcos/Ravinas e Voçorocas: são processos em progressão com perspectivas evolutivas desfavoráveis (Foto 4.64). ii. Solapamentos: da mesma forma, estão em evolução com perspectivas desfavoráveis com aumento da extensão das áreas de ocorrência (Foto 4.65). iii. Na região de algumas cabeceiras de drenagens, a ocorrência de pontos de ruptura em semicírculo (creeps) é indicativa de escorregamento de massas subterrâneo, ocasionadas pela saturação do maciço e que tem como consequência a perda da estabilidade do mesmo, com o aumento progressivo da área de ocorrência (Foto 4.66). Foto 4.64 Voçoroca observada na Avenida do Ouro c/ córrego Santo Antônio. Foto 4.65: Processo de solapamento e tentativa sem sucesso de sua contenção com entulhos. 63 Foto 4.66: Formação de estruturas tipo “creep”, com rompimento e queda do maciço, observada na cabeceira de uma drenagem afluente do Ribeirão das Lajes – Jardim Tiradentes. 4.1.6 Características geoambientais 4.1.6.1 Litologia A correlação entre as unidades geológicas e os processos erosivos mapeados permite estabelecer que 58,5% ocorrem no domínio do Grupo Araxá Sul de Goiás, e 41,5% ocorrem nas baixadas onde são observados solos argilosos de várzeas, por vezes turfáceos (Foto 4.67). Foto 4.67: Ocorrência de Material turfáceo frágil com desenvolvimento de erosão por solapamento – zona rural ribeirão das Lajes. 64 Das erosões cadastradas no Grupo Araxá Sul de Goiás, 95,4% ocorrem na Subunidade C (predomínio de micaxistoss) e 4,6% na Subunidade D (predomínio de quartzitos). Considerando que as coberturas arenosas derivadas dos quartzitos sejam mais suscetíveis a processos erosivos que as coberturas argilo-arenosas derivadas dos micaxistoss, os números acima são contraditórios. Entretanto, dois fatores parecem interferir nesses números: i) a densidade populacional e ii) intervenções como a abertura de ruas sem construção de galerias pluviais, ou mesmo quando existem estão aparentemente subdimensionadas. No caso específico das coberturas arenosas, a sua fragilidade fica evidente quando se observa no local qualquer processo de intervenção, como pode ser visto no Jardim dos Ipês, onde se há uma ravina de grau III, em evolução (Foto 4.68). É previsível que esta unidade de solo apresente a intensificação dos processos erosivos com o aumento da taxa de ocupação, ou mesmo, quando da construção de obras civis, uma vez que em tese estes solos são mais frágeis geotecnicamente. Foto 4.68: Erosão por concentração de fluxo em terreno arenosos com declividade < 5%. 4.1.6.2 Solos Existe, de uma forma generalizada no município, o predomínio de latossolos vermelhos e latossolos vermelho-amarelados, que refletem teores diferentes de óxido de ferro e alumínio. Localmente são observadas concentrações de lateritas que formam cascalhos finos a médios e que são reflexo do processo de enriquecimento de ferro no local (Foto 4.69). 65 Foto 4.69: Ocorrência de cascalho laterítico em exploração clandestina próximo ao Jardim Tiradentes. Também é digna de nota, a ocorrência de manchas de solos líticos quartzosos, constituídos por fragmentos angulosos de quartzo derivado da desagregação mecânica dos veios de quartzo encontrados no micaxisto. Entretanto, tanto estas manchas de solos líticos quartzosos, quanto às zonas lateríticas são difíceis de serem individualizadas em razão da ocupação urbana. Os latossolos têm seu domínio associado à Subunidade C do Grupo Araxá que é constituída dominantemente por micaxistos e, a sua área de ocorrência abrange as folhas AP-NE, AP-NO e AP-SE onde ocorrem mais de 52% dos processos erosivos instalados. Outra unidade de solo importante é a que ocorre no entorno da Serra das Areias, na folha AP-SO, e tem como origem o desgaste físico dos quartzitos que compõem a serra, formando depósitos coluviais nas encostas, ou mesmo, depósitos eluviais quartzo-arênicos. Estes solos são frágeis do ponto de vista geotécnico e bastante suscetíveis a processos erosivos. Entretanto, apenas três erosões foram cadastradas nesta unidade, sendo a mais importante delas observada no Jardim dos Ipês (Foto 4.70). Neste local, apesar do relevo ser quase plano e a declividade menor que 5% os processos erosivos verificados são importantes. 66 Foto 4.70: Erosão por ravinamento observada no Jardim dos Ipês – Folha AP – SO. 4.1.6.3 A origem dos processos erosivos A análise dos processos cadastrados, associada com as informações geológicas, pedológicas e geomorfológicas permite estabelecer três origens para as erosões mapeadas: i) a concentração do fluxo superficial em áreas não pavimentadas; ii) o subdimensionamento de galerias e bueiros, ou mesmo projetos mal elaborados e iii) a ocupação indevida das áreas de margens, com a retirada da mata ciliar ou outra. As erosões causadas por concentração do fluxo pluvial são em maior número que as demais. A consequência natural desse processo é a ocorrência de sulcos, com evolução para ravinas e voçorocas como a observada na Rua Albatroz com a Avenida Rio Branco no Jardim Veneza (Foto 4.71). Nota-se que, nestes locais, as vias não são pavimentadas e que as erosões ocorrem mesmo em trechos de baixa declividade. O subdimensionamento de bueiros é uma das causas dos processos erosivos mapeados e, em dois pontos, foi também responsável pelo rompimento do pavimento como observado no final da Rua 15 E – Parque Ecológico Tamanduá (Foto 4.72) e na passagem do Anel Viário sobre o córrego Santo Antônio, onde houve a interdição de uma das pistas (Foto 4.73). Nos locais os prejuízos são evidentes, tanto para a população quanto para o poder público, além da questão de segurança para pessoas e veículos que circulam nestas áreas (Foto 4.74). 67 Foto 4.71: Voçoroca em processo de crescimento observada na Rua Albatroz - Jardim Veneza. Foto 4.72: Processo erosivo de grandes proporções observado na região do Parque Ecológico do Tamanduá. 68 Foto 4.73: Rompimento circular do maciço (creep) causado pela erosão por solapamento e ravinamento – Anel Viário sobre o córrego Santo Antônio. Foto 4.74: Moradora da região se equilibrando numa estreita passagem improvisada no local da erosão do Parque Ecológico do Tamanduá. 69 A ocorrência de solapamentos é muito comum e a causa principal é o avanço das intervenções humanas com a ocupação indevida de áreas, como fundos de vale e encostas, que deveriam ser preservadas (Foto 4.75). Este processo de ocupação foi acompanhado pelo desmatamento da mata ciliar o que, associado com o aumento do escoamento superficial, provocou uma sobrecarga no leito das drenagens trazendo mais sedimentos e, como consequência, o assoreamento dos canais com a formação de barreiras que redirecionam o fluxo em direção às margens desprotegidas causando o solapamento (Foto 4.76). Foto 4.75: Erosão por solapamento das margens observada próximo das nascentes do córrego Tamanduá. Foto 4.76: Assoreamento do leito do córrego Santo Antônio por detritos da construção civil com desvio das águas para margem oposta gerando solapamento. 70 Os córregos Santo Antônio e Tamanduá são aqueles onde as margens estão mais afetadas pelo processo e a rigor, quando se considera um ponto com solapamento, na maioria das vezes a sua extensão linear atinge dezenas, ou até, centena de metros. 4.1.6.4 Prejuízos socioeconômicos É inquestionável que os processos erosivos causem prejuízos tanto sociais quanto econômicos. No levantamento de campo foram flagradas várias situações de desconforto e segurança para as comunidades afetadas. Foi observado que a interligação entre alguns os setores é realizada através de passarelas, as quais muitas vezes estão comprometidas pelo processo de solapamento (Foto 4.77), inclusive com a interrupção em alguma das cabeceiras o que dificulta ou impede a passagem das pessoas (Foto 4.78). Foto 4.77: Rompimento da cabeça da passarela sobre o córrego Itapuã, afluente do córrego Santo Antônio na região do Setor Morada dos Pássaros. 71 Foto 4.78 Retorno das pessoas às suas casas, dificultado pelo rompimento da cabeceira da passarela. Além dos prejuízos de ordem social, são inúmeros os casos de prejuízos financeiros, tanto para o poder público, como para a iniciativa privada. Em vários locais estas perdas são evidentes e muitas das vezes irremediáveis, como é o caso observado nas margens do córrego Santo Antônio, onde o solapamento consumiu parte da propriedade situada na Avenida Córrego do Ouro, onde existe uma plantação de hortaliças (Foto 4.79). Nesse local durante o cadastramento do ponto houve o desabamento de uma parte do talude, no momento exato que se tomava a coordenada do ponto (Foto 4.80). Foto 4.79: Perda de parte da propriedade pela erosão observada numa chácara situada na Avenida Córrego do Ouro nas margens do córrego Santo Antônio. 72 Foto 4.80: Queda de talude ocorrida por solapamento durante o levantamento de campo no mesmo local da imagem anterior, indicando que o processo está em evolução. Na erosão observada no final do Parque Ecológico do Tamanduá são visíveis os prejuízos, com rompimento da via, das tubulações de água e galerias pluviais, além do comprometimento da rede de energia (Foto 4.81). Além disso, existe o risco à segurança e integridade física das pessoas, obrigadas a passar por uma estreita faixa de terreno de pouco mais que 0,5m de largura, de um lado ao outro da via (Foto 4.82). Foto 4.81 Erosão no Parque Ecológico do Tamanduá onde são visíveis os prejuízos, com rompimento da via, das tubulações de água e galerias pluviais, além do comprometimento da rede de energia. 73 Foto 4.82: Área de risco à segurança e integridade física das pessoas que são obrigadas a passar por uma estreita faixa de terreno de pouco mais que 0,5m de largura. 6.1.6.5 Medidas corretivas adotadas Na maioria das vezes, a medida mais adotada é o entulhamento das erosões com resíduos de construção civil (Foto 4.83), ou ainda, com resíduos de materiais de podas de árvores (Foto 4.84). O resultado dessa prática inadequada é que, nas chuvas, esse material é conduzido para jusante, gerando em seu percurso, atrito com o fundo da boçoroca, ou do leito da drenagem, ajudando a intensificar o processo erosivo, a provocar o assoreamento das drenagens por resíduos de construção e também, o desgaste das margens pelo carreamento de materiais, como grandes troncos, resíduos plásticos etc., que entulham as passagens de nível, bueiros e vãos de pontes, provocando enchentes à montante. Na Rua Vasco dos Reis – Jardim Tiradentes, a tentativa de corrigir uma ravina/voçoroca com entulhos provocou a formação de pequenas bacias com acumulação de água que se tornaram criatórios do mosquito da dengue “Aedes aegiypti” (Foto 4.85) com evidentes riscos à saúde pública. Portanto, esta prática danosa traz sérias consequências para o meio ambiente, para a saúde das pessoas e para os cofres públicos. Como o local preferido para o despejo desse material normalmente é a cabeceira da erosão, justamente onde os processos erosivos são mais acelerados, essa ação frequentemente danifica as vias públicas ou provoca outros estragos. 74 Foto 4.83: Detalhe do processo de entulhamento das erosões com resíduos de construção civil observado na Rua Vasco dos Reis no Jardim Tiradentes. Foto 4.84: Resíduos de materiais de podas de árvores utilizados no entulhamento de erosões. 75 Foto 4.85: Formação de pequenas bacias com acumulação de água que se tornaram criatórios do mosquito da dengue “Aedes aegiypti”. 4.1.7 Hidrogeologia O mapa hidrogeológico foi elaborado a partir das informações do mapa geológico da Folha Goiânia – SE.22–X–B-IV do PLGB-CPRM – e outras informações geológicas do substrato rochoso obtidas nos afloramentos de rocha estudados, onde foram definidas as direções de fraturamento, conjugadas com a interpretação estrutural das imagens da área. Neste trabalho foi desconsiderado o aquífero de domínio poroso superficial, ou freático, levando em conta que este é simplesmente um meio de transição para abastecimento do sistema hidrológico subsuperficial ou os aquíferos do domínio fraturado subterrâneo. Neste mapa, a integração dos aspectos estruturais com a geologia permitiram elaborar o mapa hidrogeológico para o Município e Aparecida de Goiânia, onde são definidos dois sistemas aquíferos com duas zonas de potencial para aquíferos de porosidade secundária do tipo fissural, sendo uma de caráter linear, que em geral são coincidentes com as principais drenagens e apresenta potencial médio a alto para este tipo de aquífero e, outra, no restante da área de potencial médio a baixo. Os dois domínios identificados fazem parte do “Sistema Aquífero do Araxá Sul de Goiás (SASG)”, que pode ser subdividido em Subsistema Aquífero Unidade C do Grupo Araxá Sul (SASGUC) de Goiás e Subsistema Aquífero Unidade D do Grupo Araxá Sul de Goiás (SASGUD), que apresentam poços com vazões variadas atingindo até 90.000l/h. 76 4.1.7.1 Subsistema Aquífero Unidade C do Grupo Araxá Sul (SASUC) Este domínio é constituído por uma zona geológica onde predominam micaxistoss, que constituem o substrato rochoso das folhas AP-NO, AP-NE e AP-SE. Estes micaxistoss de forma geral são aquífugos, ou seja, não têm capacidade de armazenar água e, e sua área de ocorrência abrange grande parte das folhas AP-NO e AP-NE. No entanto, estas rochas quando fraturadas podem acumular água nos vazios entre as fraturas e constituir aquíferos de porosidade secundária, o que pode ser observado nas três folhas citadas (Foto 4.86). Um aspecto estrutural a ser considerado e que interfere na potencialidade é o tipo de fraturamento, assim como as direções dos fraturamentos. As fraturas de extensão e alívio apresentam comportamento aquífero diferente das zonas de cisalhamento, que tendem a apresentar um potencial de acumulação maior que essas (Foto 4.87). Nas folhas AP-NO e AP-NE, a zona de cisalhamento do córrego Santo Antônio constitui uma zona aquífera de alto potencial onde inclusive foram perfurados alguns poços pela SANEAGO (Foto 4.88). Na folha AP-SE existe uma zona de potencial aquífero médio, especificamente na zona do interflúvio da margem direita do córrego Grande, onde sistemas de falhas de direções NE e NW que se cruzam formam uma zona de bom potencial aquífero. Foto 4.86: Exposição de micaxistos observada no Setor Veiga Jardim III, onde se vê sistema de fratura ortogonal, que teóricamente são aquíferas. 77 Foto 4.87: Afloramento de micaxistos com fratura observado no leito do Córrego Triunfo. Foto 4.88: Poço surgente e não aproveitado perfurado no sistema de fraturas da Unidade C do Grupo Araxá. Outra zona de alto potencial teórico é observada na folha AP-NE, no encontro dos córregos Santo Antônio e Tamanduá, onde a zona de cisalhamento do Santo Antônio cruza com falhas de direção NW. 4.1.7.2 Subsistema Aquífero Unidade D do Grupo Araxá Sul (SASGUD) Este domínio é constituído por uma zona geológica onde predominam quartzitos e quartzitos micáceos, que formam o substrato rochoso das folhas AP-SO que, em termos geográficos, corresponde a Serra das Areias (Foto 4.89). 78 Estes quartzitos em geral são aquífugos, ou seja, assim como os micaxistoss não têm capacidade de armazenar água. No entanto, estas rochas têm comportamento mecânico mais rígido e tendem a apresentar sistemas ortogonais de fraturas (Foto 4.90), que podem acumular água nos vazios entre elas e constituir aquíferos de porosidade secundária de potencial médio a alto. Esta natureza mecânica dos quartzitos interfere na potencialidade aquífera dessas rochas, pois as fraturas de alívio formadas, em geral são abertas e têm potencial maior que aquelas formadas em outras rochas. Deve ser ressaltado que a Serra das Areias, pelas suas características geo-estruturais, constitui-se numa potencial zona de recarga para os aquíferos da região de Aparecida de Goiânia. Foto 4.89: Afloramento de quartzito com sistemas de fraturas observado na Serra das Areias. Foto 4.90: Afloramento de quartzito com sistema de fraturas ortogonais observado na região do Setor Jardim Tiradentes. 79 4.1.7.3 Diagnóstico a partir dos aspectos hidrogeológicos Embora não se tenha executado um levantamento sobre os poços perfurados na região abrangida pelo município de Aparecida, durante os trabalhos de campo foram observados vários poços perfurados e explorados pela SANEAGO. A maioria desses poços esta situada no Subsistema Araxá Sul de Goiás – Unidade D (SASGUD), que de fato tem maior potencial (Foto 4.91). Foto 4.91: Poço perfurado em região de domínio de quartzitos na região do Setor Jardim Tiradentes. Informações obtidas na SANEAGO dão conta que algum desses poços, principalmente aqueles do Sistema Madre Germana II apresentam queda de vazão. Esta queda de vazão pode estar relacionada com exploração excessiva do sistema aquífero, ou a recarga esteja sendo insuficiente. Uma das possibilidades do comprometimento recarga é o processo de ocupação urbana, que é um fator negativo quando se pensa na necessidade de manter a capacidade de infiltração das águas superficiais como abastecedora desses aquíferos. Além do processo de ocupação urbana, o lançamento indiscriminado de efluentes domésticos e industriais no leito das drenagens citadas, tende a comprometer a qualidade e a quantidade hídrica disponível desses aquíferos, que devem ser considerados como reservas estratégicas. As nascentes dos córregos Tamanduá e Santo Antônio são exemplos de zonas de tensão ecológica e que apresentam risco de poluição ou mesmo de redução da recarga com a consequente 80 redução de vazões nos poços perfurados, em razão do processo ocupacional que compromete o processo de infiltração e recarga dos aquíferos da região. Portanto, entre os riscos potenciais para os aquíferos observados nas folhas AP-NO e AP-NE estão, a redução da recarga dos aquíferos fissurais mais profundos e a sua poluição por esgotos domésticos. A redução da recarga pode ocorrer pela diminuição das taxas de infiltração, principalmente nas áreas situadas à montante das drenagens, que teoricamente são contribuintes do sistema hídrico subterrâneo, em razão do aumento da taxa de ocupação e impermeabilização dos solos. Quanto ao risco de contaminação destes aquíferos por esgotos domésticos, o problema é real, uma vez que na região de Aparecida de Goiânia estes são lançados de forma indiscriminada nas drenagens que compõem o sistema hídrico superficial, que em tese é contribuinte do sistema subterrâneo. A folha AP-SO, onde se localiza a Serra das Areias e que abriga o Subsistema Araxá Sul – Unidade D (SASGUD) que tem o maior potencial hidrogeológico é a mais suscetível a riscos de contaminação, em função da rápida expansão do processo de ocupação urbana hoje em curso. Entretanto, como se trata de área de preservação o prognóstico para esta área é positivo, desde que sejam mantidas as atuais condições. Com relação à exploração desses aquíferos, os administradores municipais devem buscar alternativas de abastecimento que não seja unicamente a perfuração de poços profundos para abastecer setores, pois os sistemas hidrogeológicos subterrâneos são limitados e os seus recursos devem ser vistos como reserva estratégica. 4.1.8 Hidrografia, hidrologia e dinâmica fluvial O Município de Aparecida de Goiânia que é limitado pelos cursos d’água rio Meia Ponte, córrego das Lajes, rio Dourados e córrego Rodeio, tem como principais bacias hidrográficas, dentro do seu território, a do córrego Santo Antônio e do córrego das Lajes, as quais deságuam no rio Meia Ponte pela margem direita. No Município não existem séries históricas com mais de 10 anos de dados chuvas e de vazões, pois não existem estações pluviométricas para coleta de altura de chuva e estação fluviométrica para coleta de dados de variações de níveis d’água e de vazão, exceto uma estação fluviométrica já extinta, instalada a jusante da parte urbana da cidade, no córrego Santo Antônio, 81 próximo à confluência com o rio Meia Ponte, a qual pertenceu ao antigo Departamento Nacional de Águas e Energia Elétrica (DNAEE) e foi operada no período de 1984 a 1992. Em visita de campo, verificou-se a necessidade de proteção das nascentes e das partes altas dos tributários formadores dos principais cursos de água, objetivando reduzir os impactos ambientais em relação à deterioração dos corpos de águas e os impactos na dinâmica fluvial a jusante devido ao aumento das enchentes e carreamento de sedimentos, que provocam alterações no canal e no raio hidráulico dos mananciais. Segundo Tucci (1995), as enchentes em áreas urbanas são consequência de dois processos que ocorrem isoladamente ou de forma integrada: a) Enchentes em áreas ribeirinhas — as enchentes naturais que atingem a população que ocupa os leitos dos rios por falta de planejamento do uso do solo. Essas enchentes ocorrem, principalmente, pelo processo natural no qual o rio ocupa o seu leito maior, de acordo com os eventos chuvosos extremos, em média com tempo de retorno superior a dois anos, e normalmente, ocorre em bacias grandes, maiores que 1.000 km². b) Enchentes devido à urbanização — com o desenvolvimento urbano ocorre a impermeabilização do solo através de telhados, ruas, calçadas e pátios, entre outros. Dessa forma, a parcela da água que infiltra passa a escoar pelos condutos, aumentando o escoamento superficial. Este é o processo que mais se verifica na área urbana em Aparecida de Goiânia. Estudos hidrológicos, como de pluviosidade, fluviométricos e de evolução da dinâmica fluvial dos cursos de água, que visem indicar as probabilidades de inundações em áreas urbanas e indicar parâmetros para dimensionamento de obras hidráulicas, são imprescindíveis nos levantamentos do meio físico para prestar informações para planos diretores, projetos de gestão ambiental e para caracterização de áreas de risco e vulnerabilidade fisico-ambiental. Neste caso as séries históricas de dados de chuva, vazão e variação de níveis de água serão analisadas estatisticamente para a caracterização de eventos extremos em termos de magnitudes e frequência de ocorrência. Segundo Christofoletti (1981), o escoamento dos canais fluviais apresenta diversas características dinâmicas, que se tornam responsáveis pelas qualidades atribuídas aos processos pluviais. A dinâmica do escoamento, no que se refere à perspectiva geomorfológica, ganha significância na atuação exercida pela água sobre os sedimentos do leito fluvial, no transporte dos sedimentos, nos mecanismos deposicionais e na esculturação da topografia do leito. Os cursos de água transportam escoamento concentrados com superfície livre advindos de precipitações pluviais ou da contribuição de águas do lençol freático. Dessa maneira, as calhas dos cursos de água servem como canais naturais para drenagem de uma bacia hidrográfica e recebem ao mesmo tempo sedimentos da própria rocha do leito e por intervenção humana. 82 Segundo Silva et al (2007), em seu estado natural, a forma de equilíbrio de um rio tende a justar-se a uma conformação geométrica que é função dos seguintes fatores condicionantes: i. A sequencia de vazões líquidas impostas pelo processo chuva-vazão na bacia hidrográfica. ii. A sequencia de vazões sólidas provenientes da bacia e do próprio leito. iii. A susceptibilidade de suas margens aos processos de erosão ou deposição de sedimentos. As alterações bruscas ou gradativas destes fatores modificam a dinâmica fluvial do curso de água, alterando o seu curso normal, o raio hidráulico, o leito, a seção transversal e as magnitudes das vazões naturais. 4.1.8.1 Seleções de dados hidrológicos, análise e tratamento dos dados Foram coletados dados de chuva, vazões, climatológicos e de sedimentos das estações da Agência Nacional de Águas (ANA), Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), com séries históricas de mais de 20 anos. Após a seleção de dados, foi feita uma análise dos mesmos, com objetivo de verificar erros grosseiros, falhas de observações, e em seguida, fazer as devidas correções e preenchimento das falhas. 4.1.8.2 Cálculos estatísticos com base nas séries históricas dos dados analisados Para os cálculos estatísticos para determinação dos períodos de retorno, adotou-se o método de Ven te Chow e o coeficiente de Weise e Reid, utilizando a média e o desvio padrão das amostras. 4.1.8.3 Trabalhos de campo para reconhecimento das bacias Nesta etapa foram verificados os problemas de erosões, de sedimentos carreados pela chuva para os cursos de água, as instabilidades das margens dos córregos, as impermeabilidades dos solos das microbacias e os lixos e entulhos nas margens e dentro dos córregos. Foram realizadas medições de vazões em alguns cursos de água com a finalidade de verificar a influência da impermeabilização e da não infiltração da água da chuva nas bacias urbanas. Os resultados das medições foram comparados com as vazões específicas de cursos de água da bacia 83 hidrográfica do Rio Meia Ponte, onde ainda a região conserva, em parte, o seu estado natural, com vegetação, matas ciliares e bons índices de permeabilidade. 4.1.8.4 Principais bacias hidrográficas Para este estudo considerou-se como principais as seguintes bacias hidrográficas que pertencem ou interferem no Município: Grande Meia Ponte, do Dourados, das Lajes, Santo Antônio. E como microbacias do Santo Antônio, as seguintes: Saltador, Tamanduá, Almeida e da Lagoa. Como microbacias do Dourados as seguintes: Saco Feio, da Mata e dos afluentes do Dourados. Em algumas bacias e microbacias pode-se verificar a alteração na dinâmica fluvial dos córregos, com a modificação da velocidade da correnteza, desmoronamento dos barrancos e carreamento de sedimentos. Cita-se como exemplos o córrego Tamanduá nas coordenadas UTM aproximadas: 8146136N e 677339E, próximo ao cruzamento das suas 15E e 3E no setor Garavelo Residencial Park, onde há grande erosão que provocou a destruição de uma ponte, devido principalmente a força das águas de chuva que são canalizadas para o local sem um dispositivo para dissipação de energia. Neste local e a jusante, o risco de grande inundação ainda é baixo, devido principalmente as inclinações das margens. Outro exemplo que pode ser citado é do córrego João Miranda, que deságua no Rio Dourados. Observou-se no local de coordenadas UTM aproximadas: 8142642N e 677293E, próxima a quadra 08 da rua Alameda das Campinas no setor Goiânia Park Sul, grande concentração de sedimentos, modificando a calha do córrego, porém, ainda não contribui para inundações nas proximidades. No setor Cidade Satélite São Luiz verifica-se também grandes erosões e deposição de sedimentos provocados pelas cheias do córrego Tamanduá. Em relação à área inundada, destacam-se as inundações que ocorrem no Jardim Paraíso, na Vila Maria e na BR 153, decorrente do transbordamento do córrego Santo Antônio, principalmente na região das chácaras das ruas Niterói e Dr. Daniel Viana. Três importantes fatores contribuem para essas inundações: 1. A acentuada declividade das ruas da Vila Maria na direção do córrego Santo Antônio; 2. O impacto da correnteza na confluência do córrego Saltador com o córrego Santo Antônio; 3. O bueiro no córrego Santo Antônio na BR 153, o qual deve ser redimensionado o seu vão hidráulico, para dar maior vazão em épocas de cheias. 84 4.1.8.5 Características físicas das principais bacias hidrográficas As características físicas de uma bacia hidrográfica são elementos que dão noção do comportamento hidrológico da mesma. Esses elementos físicos, que podem ser considerados flúviomorfológicos constituem a mais conveniente possibilidade de conhecer a variação no espaço dos elementos do regime hidrológico e a dinâmica fluvial dos cursos de água. Funciona a bacia de drenagem como coletor de águas pluviais, recolhendo-as e conduzindoas, como escoamento, ao exutório. É assim que o relevo, a forma, a rede de drenagem, a declividade, a cobertura vegetal e a natureza do solo da bacia condicionarão, no espaço e no tempo, a relação precipitação-vazão nos cursos de água. Para este estudo foram determinadas as características de bacias e microbacias que tem maior interesse para o Município em relação à dinâmica fluvial. Foram calculadas as seguintes características físicas: • Perímetro — contorno que delimita a bacia — P. • Área de drenagem — área delimitada pelos divisores topográficos — A • Coeficiente de compacidade — relação entre o perímetro da bacia e a circunferência de um círculo de área igual à bacia. Um coeficiente igual à unidade corresponderia a uma bacia circular, sendo maior o perigo de enchentes. Portanto, quanto mais próximo de 1, maior o risco de enchentes — Kc. • Fator de forma — relação entre a largura média e o comprimento da bacia. Um valor baixo demonstra que a bacia é menos sujeita às enchentes que outra do mesmo tamanho, porém com maior fator de forma. A forma da bacia vertente tem grande importância no escoamento e, portanto, no hidrograma resultante, sento estreita e alongada comportar-se-á de maneira diversa do que fosse compacta e arredondada — kf. • Densidade de drenagem — relação entre o comprimento total dos cursos de água e a área de drenagem da bacia, indica o grau de sistema de drenagem. A densidade de drenagem varia inversamente com a extensão do escoamento superficial. A densidade de drenagem varia de 0,5 km/km2, pra bacias com drenagem pobre, a 3,5 km/km2 ou mais, para bacias bem drenadas — Dd. • Índice de circularidade – relação entre a área da bacia e a área do círculo de perímetro igual ao da bacia considerada. Quanto maior for o valor de IC mais próxima estará a bacia da forma circular e maior será o perigo de enchentes. 85 a) Bacia hidrográfica do córrego Santo Antônio • Altitudes do córrego (SRTM3) - Altitude máxima: 1000 metros - Altitude mínima: 668 metros - Altitude média: 795 metros • Área de drenagem: 155,7 km2 • Perímetro: 59,3 km • Coeficiente de compacidade: 1,330 • Fator de forma: 0,379 • Índice de circularidade: 0,557 • Densidade de drenagem: 0,7210 Pelos os valores do coeficiente de compacidade, fator de forma e índice de circularidade, considera-se que a bacia, em seu estado natural, não é sujeita às grandes enchentes. a.1) Microbacia hidrográfica do córrego Saltador • Altitudes do córrego (SRTM-3) - Altitude máxima: 850 metros - Altitude mínima: 733 metros - Altitude média: 799,277 metros • Área de drenagem: 14,99 km2 • Perímetro: 19,3km • Coeficiente de compacidade: 1,395 • Fator de forma: 0,300 • Índice de circularidade: 0,506 • Densidade de drenagem: 0,618 É uma microbacia não sujeita às enchentes, em condições naturais. a.2) Microbacia hidrográfica do córrego Tamanduá • Altitudes do córrego (SRTM-3) - Altitude máxima: 908 metros - Altitude mínima: 739 metros - Altitude média: 824,09 metros 86 • Área de drenagem: 26,6 km2 • Perímetro: 26,4 km • Coeficiente de compacidade: 1,433 • Fator de forma: 0,251 a.3) Microbacia hidrográfica do córrego Almeida • Altitudes do córrego (SRTM-3) - Altitude máxima: 865 metros - Altitude mínima: 707 metros - Altitude média: 792,019 metros • Área de drenagem: 25,8 km2 • Perímetro: 22,4km • Coeficiente de compacidade: 1,232 • Fator de forma: 0,273 • Índice de circularidade: 0,456 • Densidade de drenagem: 0,687 É uma microbacia sujeita às enchentes mais do que a do córrego Saltador. a.4) Microbacia hidrográfica do córrego da Lagoa • Altitudes do córrego (SRTM-3) - Altitude máxima: 828 metros - Altitude mínima: 689 metros - Altitude média: 769,8 metros • Área de drenagem: 11,7 km2 • Perímetro: 18,1 km • Coeficiente de compacidade: 1,482 • Fator de forma: 0,245 • Índice de circularidade: 0,449 • Densidade de drenagem: 0,586 É uma microbacia não muito sujeita às enchentes, em condições naturais. 87 b) Bacia hidrográfica do córrego das Lajes • Altitudes do córrego (SRTM-3) - Altitude máxima: 1003 metros - Altitude mínima: 655 metros - Altitude média: 791,34 metros • Área de drenagem: 176,1 km2 • Perímetro: 60,8 km • Coeficiente de compacidade: 1,284 • Fator de forma: 0,445 • Índice de circularidade: 0,599 • Densidade de drenagem: 0,7624 Pelos os valores do coeficiente de compacidade, fator de forma e índice de circularidade, considera-se que a bacia, em seu estado natural, não é sujeita às grandes enchentes, porém é mais susceptível às enchentes do que a bacia do Santo Antônio e se na mesma ocorrer impermeabilização em grandes áreas fatalmente ocorrerá inundações. c) Bacia hidrográfica do córrego Saco Feio • Altitudes do córrego (SRTM-3) - Altitude máxima: 909 metros - Altitude mínima: 785 metros - Altitude média: 858,89 metros • Área de drenagem: 26,7 km2 • Perímetro: 24,2 km • Coeficiente de compacidade: 1,311 • Fator de forma: 0,365 • Índice de circularidade: 0,573 • Densidade de drenagem: 0,662 É uma bacia não muito sujeita às grandes enchentes. d) Bacia hidrográfica do córrego da Mata • Altitudes do córrego (SRTM-3) 88 - Altitude máxima: 1002 metros - Altitude mínima: 744 metros - Altitude média: 851,27 metros • Área de drenagem: 32,4 km2 • Perímetro: 27,00 km • Coeficiente de compacidade: 1,329 • Fator de forma: 0,534 • Índice de circularidade: 0,5587 • Densidade de drenagem: 0,733 É mais sujeita às enchentes do que a microbacia do córrego da Lagoa. As bacias hidrográficas dos Córregos Saco Feio e da Mata pertencem à Bacia do Ribeirão Dourados a qual está parcialmente inserida no Município de Aparecida de Goiânia. Além destas há uma pequena porção da Bacia do Dourados, a qual por suas características físicas, foi nominada Bacia dos Afluentes do Dourados. Realizou-se a caracterização física das duas principais Bacias, as quais fazem parte da Bacia do Ribeirão Dourados e que estão completamente inseridas no território municipal. d) Bacia do Grande Meia Ponte Da mesma forma como a Bacia do Ribeirão Dourados, a Bacia do Grande Meia Ponte está parcialmente inserida no território Municipal. Desta forma optou-se por não caracterizá-la fisicamente para que não sejam produzidas informações equivocadas. 4.1.8.6 Caracterização pluviométrica Para a caracterização pluviométrica do Município, como também para as bacias e microbacias, foram utilizados os dados de chuvas da estação da Agência Nacional de Águas (ANA) instalada em Aragoiânia com código 01649001, com série histórica de mais de 30 anos. Após análise dos dados, pode-se considerar que a chuva média anual é de 1560 mm, correspondendo a um total de 140 dias de chuva, em média. A chuva máxima de um dia na região pode variar entre 55 mm a 110 mm. A Tabela 4.5 mostra a média mensal e o número de dias de chuva. 89 Mês Jan Fev Mar Abr Mai CMM 271,9 213,4 234,8 94,3 56,9 46,5 71,4 22 19 20 NDC Jul 31,3 7,4 5,7 32,2 19,1 4,5 10 4 2 Ago Set Out Nov Dez 13,1 49,7 129,3 220,4 288,7 Total ou máximo 1.560 4,9 7,0 21,3 39,00 51,6 61,0 71,4 1 2 6 13 18 23 140 Tabela 4.5: Chuva média mensal Nota: CMM: Chuva média mensal; Cmáx: Chuva máxima média mensal de 1 dia; NDC: Número de dias de chuva 350 300 250 CHUVA (mm) Cmáx. Jun 200 150 100 50 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez MESES Figura 4.8: Gráfico do quantitativo das chuvas nos meses do ano a) Máximo Porcentual de Contribuição (MPC) O regime de chuvas de quase todas as bacias hidrográficas é caracterizado pela maior ou menor quantidade de precipitação em determinados meses ou estação do ano. Para expressar quantitativamente o regime pluviométrico de uma bacia hidrográfica, a relação entre as médias mensais e a média anual define a porcentagem de contribuição de um ou mais meses em relação à 90 média anual (Morris, citado em Nimer, 1966). Se cada mês contribuísse com o mesmo total de chuva, teríamos 8,33% do total anual de chuva como percentual mensal. O conhecimento do MPC de 3 meses é de grande importância para a: • Climatologia, uma vez que fornece diferentes parâmetros dos regimes anuais de precipitação. Teoricamente é tanto melhor distribuído quanto mais se aproxima de 25% e tanto mais concentrado quanto mais se afasta desse índice. • Hidrologia, pela estreita dependência do regime dos cursos de água com MPC de 3 meses. A época do MPC geralmente é a mesma das enchentes dos cursos de água. • Geomorfologia, pela importância que o MPC de 3 meses exerce sobre a aceleração dos processos de erosão. • Agricultura, a fim de permitir melhor utilização da água no ciclo vegetativo das principais culturas. Adotando o período de novembro a janeiro de maior precipitação na região para o cálculo do MPC de 3 meses consecutivos, tem-se uma medida de concentração estacional do regime anual de chuvas de 781 mm, correspondendo 50% do total anual. b) Chuva máxima de 1 dia em função do período de retorno Para o cálculo da chuva máxima de 1 dia em função do período de retorno, foram utilizados os dados das estações pluviométricas instaladas em Goiânia e Aragoiânia e regionalizados para Aparecida de Goiânia. Foi utilizado o método de Ven Te Chow e o coeficiente de Weise Reid. A Tabela 4.6 mostra a chuva máxima de 1 dia em função do período de retorno. Tr (anos) 5 10 15 20 25 50 100 CM (mm) 90,7 100,1 105,4 109,2 112,1 121,0 129,9 Tabela 4.6: Chuva máxima de 1 dia em função do período de retorno c) Chuvas intensas Extraído da publicação Águas Pluviais – Guia do Profissional em Treinamento – Recesa – 2007 utilizou-se as equações de chuvas intensas definidas pelo professor Alfredo Ribeiro da Costa, da UFG. A Tabela 4.7 mostra as chuvas intensas para o município de Aparecida de Goiânia. 91 Duração (minuto) 5 176 132 97 76 63 47 38 5 15 30 45 60 90 120 10 199 149 109 86 71 53 42 Tempo de recorrência (anos) 20 25 220 227 165 171 121 125 95 99 79 82 59 61 47 49 50 252 189 138 109 90 67 54 100 279 209 153 121 100 74 59 Tabela 4.7: Chuvas intensas para Aparecida de Goiânia (mm/h) 4.1.8.7 Caracterização fluviométrica Com base nas vazões específicas das estações fluviométricas da bacia do rio Meia Ponte estimou-se as vazões médias na executória das bacias dos córregos Santo Antônio e das Lajes, levando em consideração as suas áreas de drenagens. A Tabela 4.8 mostra as vazões médias anuais. Bacias Santo Antonio Média 2,23 Lajes 2,52 Vazões médias anuais (m3/s) Máxima Mínima 7,41 1,31 8,38 1,48 Q(95%) 0,42 0,48 Tabela 4.8: Vazões médias estimadas na saída da bacia. Nota: Q(95%): vazão mínima com 95% de tempo de permanência. a) Vazões medidas Verificaram-se algumas medições de vazões nos córregos Santo Antônio, das Lajes e Tamanduá. • Santo Antônio Local: latitude -16°48’0” e longitude – 49°11’0” Vazão medida: 6,32 m3/s Data: 14/03/1988 Local: latitude -16°47’39” e longitude – 49°10’01” Vazão medida: 1,091 m3/s Data: 24/10/2000 Local: latitude -16°46’38” e longitude – 49°14’20” Vazão medida: 1,166 m3/s 92 Data: 03/06/2000 Local: latitude -16°46’48,4” e longitude – 49°14’39,2” Vazão medida: 1,680 m3/s Data: 04/05/2012 • Córrego das Lajes Local: latitude -16°51’18” e longitude – 49°13’23” Vazão medida: 0,177 m3/s Data: 07/08/1999 • Afluente do córrego Tamanduá Local: latitude -16°46’16,2” e longitude – 49°16’58,2” Vazão medida: 0,042 m3/s Data: 04/05/2012 • Córrego Tamanduá Local: latitude -16°46’17,7” e longitude – 49°17’10,6” Vazão medida: 0,288 m3/s Data: 04/05/2012 4.1.8.8 Balanço hidrológico anual Com base nas áreas de drenagens, precipitação e vazão média anual estimou-se o balanço hidrológico anual. A Tabela 4.9 mostra a estimativa do balanço hidrológico anual. Parâmetros Bacias Santo Antônio 2,23 Lajes 2,52 1.560 1.560 452 451 Défit de escoamento (mm) 1.108 1.109 Coeficiente de escoamento 0,29 0,29 Vazão média (m3/s) Pluviosidade (mm) Lâmina escoada (mm) Tabela 4.9: Balanço hidrológico anual 93 4.1.8.9 Diagnóstico e prognóstico a partir dos aspectos hidrográficos As recomendações para prevenir e minimizar os impactos decorrentes das alterações da dinâmica fluvial e das magnitudes dos picos de vazões dos cursos de água no Município de Aparecida de Goiânia são medidas estruturais e não estruturais. Como medidas estruturais sugerem-se a construção de pequenos reservatórios para detenção e controle de inundações, desobstruções de canais por meio de retirada de entulhos e vegetação dentro dos mesmos e procurar melhorar a infiltração nas áreas que são impermeáveis. Para as medidas não estruturais, sugerem-se as medidas preventivas, como um projeto de zoneamento de áreas inundáveis e programa de educação ambiental, visando a sensibilizar a população sobre a importância das áreas permeáveis e a disposição correta dos lixos para evitar que os mesmos sejam carreados para os córregos na época das chuvas. Deve-se evitar a canalização nos pontos críticos de enchentes dos córregos. A canalização nos pontos críticos pode solucionar um problema local, mas sempre transfere a inundação para outro lugar da bacia ou do próprio córrego. A mata ciliar, tanto na parte alta quanto na parte baixa das bacias não deverá ser removida, pois se isso acontecer terá efeito direto no aumento da poluição dos leitos dos cursos de água, por não existir o sistema de filtro natural, e em consequência contribuindo para acelerar os processos erosivos. Sugere-se também que os pontos de lançamento de águas pluviais nos córregos sejam providos com dispositivos de dissipação de energia. O zoneamento de áreas inundáveis é uma das medidas mais importantes e imprescindíveis que deverá ser executado antes da urbanização das regiões. Para o zoneamento é importante ter estações fluviométricas com réguas linnimétricas e linígrafos (equipamentos para medir a variação do nível da água) em vários locais ao longo dos cursos de água. Com a utilização dos Sistemas de Informações Geográficas (SIG) e com os dados das estações fluvométricas pode-se fazer um excelente trabalho de zoneamento de áreas inundáveis, que será um conjunto de regras para ocupação das áreas de riscos de inundações. Portanto, será realizado para definir as políticas de uso do espaço urbano; permitir o correto desenvolvimento da ocupação de novas áreas urbanas; indicar medidas estruturais e não estruturais de controle de inundações e de desmoronamento; indicar maiores oportunidades de área verde e de lazer e selecionar locais para construção de pequenos reservatórios para detenção e controle de inundações. 94 4.2 MEIO BIÓTICO 4.2.1 Vegetação Os aspectos originais da cobertura vegetal do município de Aparecida de Goiânia se destacavam pela ocorrência de matas – floresta estacional semidecidual – nos vales com afloramento de rocha basáltica, e de vegetação não florestal, arbóreo-herbácea semidecídua xeromorfa – o bioma Cerrado em suas diversas fasciações: cerrado “strictu sensu”, cerradão, cerrado rupestre, campos de cerrado. O cerradão é uma formação florestal com aspectos xeromórficos, caracterizada pela presença de espécies que ocorrem no cerrado e também por espécies de mata. Do ponto de vista fisionômico é uma floresta, mas floristicamente é mais similar a um Cerrado (RIBEIRO; WALTER, 1998). O cerrado sentido restrito caracteriza-se pela presença de árvores baixas, inclinadas, tortuosas, com ramificações irregulares e retorcidas, e geralmente com evidências de queimadas. De acordo com a densidade (estrutura) arbóreo-arbustiva, ou do ambiente em que se encontra, o cerrado sentido restrito apresenta quatro subtipos que são: cerrado denso, cerrado típico, cerrado ralo e cerrado rupestre. Os arbustos e sub-arbustos encontram-se espalhados, com algumas espécies apresentando órgãos subterrâneos perenes (Ribeiro & Walter, 1998). Walter (2006), afirma que a distribuição da flora do Cerrado revela maior número de espécies nas suas formações savânicas, seguidas pelas florestais ou campestres. O cerrado sentido restrito possui 1.855 espécies distribuídas em 102 famílias. Os palmeirais caracterizam-se pela presença marcante de uma única espécie de palmeira arbórea. Nesta fitofisionomia praticamente não existem árvores dicotiledôneas, embora essas possam ocorrer com frequência baixa. Palmeirais em solos mal drenados (brejosos), presentes ao longo dos fundos de vales do Brasil Central, quase sempre são dominados pela espécie Mauritia flexuosa (buriti) caracterizando o buritizal. Formações campestres do Cerrado englobam três tipos fitofisionômicos principais: o campo sujo, o campo rupestre e o campo limpo. São tipos fisionômicos exclusivamente herbáceo- arbustivo, com arbustos e subarbustos esparsos cujas plantas, muitas vezes, são constituídas por indivíduos menos desenvolvidos das espécies arbóreas do cerrado sentido restrito. O campo rupestre é um tipo fitofisionômico predominantemente herbáceo-arbustivo, com a presença eventual de arvoretas pouco desenvolvidas de até dois metros de altura. Abrange um complexo de vegetação que agrupa paisagens em microrelevos com espécies típicas, ocupando 95 trechos de afloramentos rochosos. Geralmente ocorre em altitudes superiores a 900 metros, em áreas onde há ventos constantes, dias quentes e noites frias. As matas mesofíticas (florestas estacionais) apresentam cobertura arbórea de 70 a 90% na estação chuvosa. A maioria das espécies é caducifólia na estação seca, quando a cobertura arbórea atinge níveis inferiores a 50%. Os fustes das árvores são retilíneos, sendo comum a presença de indivíduos emergentes do dossel que atingem alturas de 20-30m. Epífitas em geral são pouco abundantes, porém bromeliáceas e cactáceas são freqüentes, pois a baixa fertilidade e a baixa disponibilidade de água no solo favorecem espécies destas famílias (Felfili, 2001). Durante o levantamento de campo, nas fitofisionomias amostradas, originou-se uma lista de espécies geral, indicando sua ocorrência, posição ecológica, uso pontencial e hábito (Quadro 4.2). Quadro 4.2: Listagem das espécies encontradas nos pontos amostrados no município de Aparecida de Goiânia março/abril/maio 2012. Família / Nome Científico Nome Popular Uso Atual Potencial / Hábito Pos. Ecol./ Fitofisionomia ANACARDIACEAE Astronium fraxinifolium Schott Gonçalo-alves, Mad.Apic. Árv. S / Crd.,MC, FES gonçalo Astronium graveolens Jacq. Guaritá Mad. Apic Árv. S / C,FES,MC Lithraea molleoides (Vell.) Engl. Aroeirinha Mad.Orn. Árv. S / MC, MG,FES Myracrodruon urundeuva Fr. All. Aroeira Mad.Med. Árv. C / MC, FES Tapirira guianensis Aubl. Mad.Zooc Árv. S / MC, MG, Pau-pombo FES, Crd ANNONACEAE Xylopia emarginata Mart. Pindaíba-do- Mad. Árv. P / MG, MC Mad.Med. Árv. P / Crd, MC, FES brejo Xylopia aromatica (Lam.) Mart. Pimenta-demacaco, pindaiba APOCYNACEAE 96 Família / Nome Científico Aspidosperma Nome Popular Uso Atual Potencial / Hábito Pos. Ecol./ Fitofisionomia subincanum Guatambu Mad. Árv. S / MG, MC, FES cylindrocarpon Peroba-rosa Mad. Árv. C / FES, MC Mad Árv. C / MC, FES Alim. Árv. C/C Orn. Epíf. S / Crd, C Orn. Epíf. S / Crd, C, MC, Mart. Aspidosperma M.Arg. Aspidosperma tomentosum Peroba-branca Mart. Hancornia speciosa Gómez Mangaba var.speciosa ARACEAE Philodendron bipinnatifidum Cipó-imbé Schott. ex Endl. Philodendron imbe Schott.ex Cipó-imbé Endl. MG , FES ARALIACEAE Scheefflera (Didymopanax) Mandiocão-do- macrocarpa (Seem.)D.C. Frodin. Scheefflera Mad.Orn. Árv. cerrado (Didymopanax) Mandiocão C / Crd, FES, MC, MG Mad.Orn. Árv. morototonii (Aubl.) B. Maguire, C / Crd, FES, MC, MG Steyerm & D.C. Frodin. ARECACEAE Acrocomia aculeata (Jacq) Macaúba Alim.Orn. Árv. P / MG, MC Orn. Árv. C / MC, MG Orn.Alim. Árv. C / MC,MG Orn.Alim. Árv. C / MC, MG, FES Lodd.ex Mart. Syagrus flexuosa (Mart.) Becc. Licuri Syagrus romanzoffiana (Cham.) Jerivá Glassman Syagrus oleraceae Mart. Gueroba BIGNONIACEAE 97 Família / Nome Científico Tabebuia aurea Nome Popular (Manso) Caraiba Uso Atual Potencial / Hábito Pos. Ecol./ Fitofisionomia Orn.Mad. Árv. C /Crd, FES, Mad.Orn. Árv. C / Crd, FES, Benthan & Hooker Tabebuia serratifolia (Vahl.) Ipê-amarelo Nich. MC, MG Tabebuia impetiginosa (Mart) Ipê roxo Mad.Orn.Med. Árv. Standl. C / Crp, C, Crd, FES BOMBACACEAE Chorisia speciosa St. Hil. Paineira- Orn. Árv. S / Crd, C Mad. Árv. S / C, FES Mad. Árv. C / Crd Med.Mad Árv. C/C Orn. Erva S Mad.Res. Árv. C / MG, Crd, C Mad.Res Árv. C / Crd, C Imbaúba Zooc. Árv. P / C, MC, MG Sessenta-galhas Mad. Árv. C / MG, C barriguda Eriotheca pubescens (Mart. & Algodoeiro, Zucc.) Schot. & Endl. Pseudobombax paina-do-campo longiflorum Imbiruçu (Mart. & Zucc) A. Robins. Pseudobombax marginatum Imbiruçu (St.Hil.&Camb.) A. Robyns. BROMELIACEAE Bromelia sp Gravatá, ananaí BURSERACEAE Protium heptaphyllum (Aubl.) Amescla March. Tetragastris altissima (Aubl.) Breu-manga Swartz. CECROPIACEAE Cecropia pachystachya Trec. CHRYSOBALANACEAE Hirtella martiana Hook.f. 98 Uso Atual / Ecol./ Nome Popular Hirtella glandulosa Spreng. Uva-de-macaco Mad. Árv. S / MG, C, Crd Licania sp Cariperana Mad. Árv. S Apic.Mad. Árv. S/C Potencial Hábito Pos. Família / Nome Científico Fitofisionomia COMPOSITAE Piptocarpha rotundifolia (Less.) Macieira-preta, Baker. candeia Vernonia sp Assa-peixe Apic.Med. Arb. P Buchenavia tomentosa Eichl. Mirindiba Mad. Árv. S / MG, C Terminalia phaeocarpa Maria-preta Mad.Apic Árv S / FES, MC Terminalia acacia Mart& Zucc. Capitão-do- Mad.Apic. Árv. S / FES, MC Maria-preta Mad.Apic. Árv. S/C Bico-de- Mad. Árv. S/C Mad.Orn. Árv. S / Crd, FES Mad. Arb. C / Crd, MC Zooc. Arb. C Mad. Árv. S / MG COMBRETACEAE campo Terminalia brasiliensis Camb. CONNARACEAE Connarus suberosus Planch. papagaio, brinco EBENACEAE Diospyros brasiliensis Mart. Olho-de-boi, caquí-da-mata ERYTHROXYLACEAE Erythroxylum suberosum St. Hill. Mercúrio-docampo Erythroxylum sp Pimenteira-dearancuã Hyeronima alchorneoides F. All. Licurana, Margonçalo 99 Família / Nome Científico Nome Popular Pera glabrata (Schott.) Bail. Casca-d’anta, Uso Atual Potencial / Hábito Pos. Ecol./ Fitofisionomia Mad. Árv. S / MG, C Mad. Árv. S / MG, C Mad. Arv. S / C, FES Mad.Orn. Árv. S/C seca-ligeiro Sapium obovatum Klotz. ex M. Leiteiro Arg. FLACOURTIACEAE Casearia rupestris Eichl. Casearia sylvestris Fruta-de-jacú Sw. Chifre-de-veado Var.lingua (Camb.) Eichl. GUTTIFERAE Calophyllum brasiliense Camb. Landi, jacareúba Mad. Árv. C / MG, MC Kielmeyera sp (Spr.) Mart. Saco-de-boi, Mad.Cort Árv. S / C, Crd Helicônia Orn. Erva P Sobre Mad. Árv. S / MG, C Canelão Mad. Árv. S / C, Crd Mad. Árv. C / MG Árv. C / MG pau-santo HELICONIACEAE Heliconia sp ICACINACEAE Emmotum nitens (Benth.) Miers LAURACEAE Ocotea sp. LECYTHIDACEAE Cariniana estrellensis (Raddi) Jequitibá, Kuntze. Cariniana bingueiro rubra Garder Miers. ex Bingueiro, birro- Mad. Orn. d`água LEGUMINOSAE Amburana cearensis Amburana Mad. Med.Zooc Árv P / Crd Acacia pollyphylla D.C Monjoleiro Mad. Apic. Árv. P / FES, C 100 Uso Atual / Ecol./ Nome Popular Acacia farnesiana (L.) Wild. Esponjinha Mad. Apic. Árv P/C Acosmium dasycarpum Vog. Chapadinha, Mad. Orn. Apic. Árv. C / MG, C, Crd Potencial Hábito Pos. Família / Nome Científico Fitofisionomia sucupiraamarela. Anadenanthera sp. Angico Mad. Árv. S / C, MC, Crd Bauhinia sp Pata-de-vaca Orn. Árv S / MG, MC, FES Bowdichia virgilioides H.B.K. Sucupira-preta Apic. Orn. Mad. Árv. C / MG, C, Crd Calliandra sp. Angiquinho Orn. Sub. P / MC, MG Copaifera langsdorffii. Desf Pau-d’óleo Med.Orn.Mad. Árv. C / MG, C, MC Dalbergia miscolobium Benth. Caviúna Orn.Mad. Árv. C/C Dimorphandra mollis Benth. Faveiro Mad.Med. Árv. S/C Árv. C/C Mad.Med. Árv. C / MG, C, Crd Mad.Alim. Árv. C / C, Crp Enterolobium gummiferum Tamboril (Mart) Macb. cerrado Hymenaea courbaril L. Jatobá do Orn.Mad. Hymenaea stigonocarpa Mart. Jatobá-doex Hayne campo Inga laurina (SW.) Willd. Ingá, ingá-mirim Apic.Zooc. Árv. S / MG Machaerium aculeatum Raddi. Jacarandá-de- Apic.Orn.Mad. Árv. S / Crp, Crd Apic.Orn.Mad. Árv. C / FES, C Mad. Árv. S / C, Crp Mad. Árv. C / FES, Crp Trep. S espinho, bico- de-pato Machaerium acutifolium Vog. Jacarandá-docerrado Machaerium opacum Vog. Machaerium Jacarandá-preto paraguariense Jacarandá- Hassl. branco Mimosa sp Cipó-juquirí 101 Família / Nome Científico Nome Popular Piptadenia gonoacantha (Mart.) Angico-jacaré Uso Atual Potencial / Hábito Pos. Ecol./ Fitofisionomia Mad. Árv. S / MG, Crd Macbr. Plathymenia reticulata Benth. Vinhático Mod.Apic. Árv. C / C, Crd Platypodium elegans Vog. Canzileiro Mad.Orn. Árv. S / Crp Pterodon pubescens Benth. Sucupira-branca Med.Orn. ad Árv. C / FES, C, Crd Sclerolobium paniculatum Vog. Carvoeiro Mad.Mel. Árv. P / C, Crd (Tul.) Tatarema Mad.Apic. Árv. P/C Orn.Apic. Arb. P/C Med. Árv. S/C Apic.Orn.Mad. Árv. C / Crd Med. Erva S / C, Crd Sclerolobium aureum Benth. Senna alata (L.) Roxb. Stryphnodendron Fedegoso adstringens Barbatimão (Mart.) Coville Vatairea macrocarpa (Benth.) SucupiraDucke. amargosa LORANTACEAE Psitacanthus sp Erva-depassarinho MALPIGHIACEAE Byrsonima crassa Nied. Murici-do- Alim.Orn. Árv. S/C Murici-da-mata Alim.Orn.Mad. Árv. S / C, Crp, MC Gengibre-bravo Orn. Erva C / Crd, MC Tinteiro- Orn.Mad. Árv. P / MC, C Orn. Arb. P / MC, MG, Crd campo Byrsonima sericea DC. MARANTACEAE Calathea sp MELASTOMATACEAE Miconia albicans (Sw.) Triana. vermelho Tibouchina sp Quaresmeira 102 Família / Nome Científico Nome Popular Uso Atual Potencial / Hábito Pos. Ecol./ Fitofisionomia MELIACEAE Guarea guidonia (L.) Sleumer Marinheiro Mad. Árv. S / MG Negramina Orn. Arb. P / MG, Crd Brosimum gaudichaudii Tréc. Mamacadela Alim.Zooc. Árv. P / Crd, C Ficus sp Gameleira Zooc.Mad. Árv. P / FES, Crd, C Mad.Med.Zooc. Árv. S / FES Bicuíba,ucuúba Mad. Árv. P / MG Pororoca Mad. Árv. P / MG, C, FES Campomanesia sp Sete-capas Alim. Árv. P Campomanesia sp. Gabiroba Alim. Arb. P Eugenia dysenterica DC. Cagaita Alim.Mad.Zooc.Orn Árv. S / C, Crd Eugenia sp Gumirim-da- Zooc.Mad. Árv. S / FES, MC Mad.Zooc. Árv. S / C, Crd Zooc.Mad. Árv. S/C Árv. S/C MONIMIACEAE Siparuna guianensis Aubl. MORACEAE Maclura tinctoria (L.) D. Don ex Moreira Steud. MYRISTICACEAE Virola sebifera Aubl. MYRSINACEAE Rapanea guianensis Aubl. MYRTACEAE mata Eugenia sp Gumirimcascudo, gumirim-docerrado Gomidesia sp Gumirim-damata Myrcia fallax (Rich.) DC. Murta 103 Uso Atual / Nome Popular Psidium guajava L. Goiabeira Alim.Zooc. Árv. S / C, Crd Psidium sp Araçá Zooc. Árv. S João-mole Mad. Árv. S /Crp, C Mad. Árv. S / C, FES Orn.Mad. Árv. S / MG, C Orn. Erva P Orn Epif. Orn. Epíf. Potencial Hábito Pos. Família / Nome Científico Ecol./ Fitofisionomia NYCTAGINACEAE Neea oppositifolia R. et pav. OPILIACEAE Agonandra brasiliensis Benth.& Pau-marfim Hook. F. OCHNACEAE Ouratea exasperma (St. Hil.) Pau-de-cobra Baill. ONAGRACEAE Ludwigia sp Cruz-de-malta ORCHIDACEAE Cyrtopodium palmifrons Rchb.f. Orquídea & Warm. Oncidium sp Orquídea-desolo PIPERACEAE Piper aduncum L. Pimenta-longa Zooc. Arb. P/C Piper sp Dedo-de-urubú Zooc. Arb. P Capim- Forr. Erva P Forr. Erva -- Erva -- POACEAE Brachiaria sp braquiária Mellinis minutiflora Beauv. Capim-meloso Olyra latifolia L. Taboquinha 104 Uso Atual / Ecol./ Nome Popular Pennisetum sp Capim-elefante Forr. Erva P Euplassa inaequalis (Pohl) Engl. Carvalho Mad. Árv S / MG, C Roupala montana Aubl. Carne-de-vaca Apic.mad Árv. S / MG, C Cafezinho, Apic.mad.Zooc. Árv. P / MG, C, Crd Alim.Zooc. Arv. P / MG, C Arb. S Árv. P / C, Crd Alim.Zooc.Mad. Árv. S / Crd Zooc.Mad Árv. S / C, Crd Erva P/C Apic. Arb. S / FES Med.Zooc Árv. S / C, Crd, FES Med. Zooc Árv. S / Crd Zooc.Mad. Árv. S/C Potencial Hábito Pos. Família / Nome Científico Fitofisionomia PROTEACEAE RHAMNACEAE Rhamnidium elaeocarpus Reiss. cabriteiro. RUBIACEAE Alibertia edulis (L.C. Rich.) Marmelada-de- A.Rich ex DC. cachorro Alibertia sp Marmelada Coussarea hydrangeaefolia Conduru, folha- Apic.Orn.Mad. Benth. & Hook de-couro Genipa americana L. Genipapo Guettarda viburnoides Cham. & Angélica Schltr. Psychotria sp Cafezinho, erva- Tox. gado Randia armata (Sw) DC Limãozinho, veludo-deespinho Rudgea hydrangeaefolia Benth. Chá-de-bugre, & Hook. f. Rudgea congonha virbunoides (Cham.) congonha Benth. Tocoyena formosa (Cham. Schl.) Genipapo-deSchum. cavalo 105 Família / Nome Científico Nome Popular Uso Atual Potencial / Hábito Pos. Ecol./ Fitofisionomia RUTACEAE Fagara chiloperone Engl. Ex Cera-cozida Orn. Árv. S/C Apic.Mad Árv. S / Crd Chadat&Hassler. Zanthoxyllum rhoifolium Lam. Mamica-deporca SAPINDACEAE Cupania vernalis Camb. Camboatá Apic.mad Árv. S / MG Dilodendron bipinnatum Radlk. Mulher-pobre, Mad. Árv. S / FES mamoninha Magonia pubescens St. Hil. Tingui Med.Mad Árv. S / C, Crd Matayba guianensis Aubl. Assa-leitão Apic.Mad Árv. S / C, Crd Paulinia sp. Cipó-timbó Apic. Trep. S Serjania sp. Cipó-quina Apic. Trep. S Mad. Arv. S/C Mad. Árv. S / MG Mad. Árv. S/C Zooc.mad. Árv. S / MG, C Trep. S/C Arb. P/C SAPOTACEAE Chrysophyllum marginattum Uvinha- Hook.& Arn. vermelha Chrysophyllum gonocarpum Uvinha-da-mata (Mart.&Eichl.) Eichl. Pouteria torta (Mart.) Radlk. Pouteria ramiflora Guapeva (Mart.) Abio-curriola Radlk. SMILACACEAE Smilax sp Cipó-japecanga SOLANACEAE Solanum lycocarpum St.Hill. Lobeira Zooc. STERCULIACEAE 106 Uso Atual / Ecol./ Nome Popular Guazuma ulmifolia Lam. Mutamba Zooc.Mad. Árv. P / MG, C, Crd Laranjinha-do- Apic.Mad.Orn. Árv. S/C Apic.Mad. Árv. C / MG, C, MC Mad. Árv. S / MG Açoita-cavalo Med.Orn. Árv. S / C, MC Trema micrantha (L.) Blume. Candiúba Apic.Zooc. Árv. P / MG Celtis iguanaea (Jacq.) Sargent. Esporão-de-galo Apic.Zooc Árv. P / MG Macieira-branca Apic. Arb. S / C, MC Callisthene major Mart. João-farinha Mad. Árv. S/C Qualea grandiflora Mart. Pau-terra-da- Mad.Orn. Árv. S / C, Crd Mad.Orn. Árv. S / C, Crd da Mad.Orn.Apic. Árv. S / C, Crd Potencial Hábito Pos. Família / Nome Científico Fitofisionomia STYRACACEAE Styrax ferrugineus Nees & Mart cerrado Styrax guianensis A. DC. Laranjinha-domato TILIACEAE Apeiba tibourbou Aubl. Pente-demacaco Luehea sp ULMACEAE VERBENACEAE Aegiphylla sellowiana (Cham.) VOCHYSIACEAE folha-larga Qualea multiflora Mart. Pau-terravermelho Qualea parviflora Mart. Pau-terra folha miúda Vochysia rufa Mart. Pau-doce Med.Orn. Árv. S / C, Crd Vochysia tucanorum Mart. Pau-tucano Orn.Apic. Árv. P / C, Crd 107 Uso atual/potencial: Alim=alimentícia; Apic=apícola; Forr=forrageira; Mad=madeireira; Med=medicinal; Oleif=oleífera; Orn=ornamental; Res=resinífera; tox=tóxica; Zooc=de interesse faunítico; Hábito ou porte: Arb=arbusto; Árv=arvore; Epif=epífita; Erva=erva; Sub=subarbusto; Trep=trepadeira; Pal= Palmeira, Posição ecológica: P=pioneira; S=secundária; C=climácica. Fitofisionomia: C=cerrado “strictu sensu”, Crd=cerradão, Crp=Cerrado rupestre, FES= Floresta estacional semidecidual, MG=Mata de galeria, MC=Mata Ciliar. Para a realização do levantamento dos dados da vegetação remanescente para a Carta de Risco de Aparecida de Goiânia, optou-se pela interpretação da vegetação existente, nos remanescentes florestais n a re g i ão o n de se i nse re o m u ni cí p io . Foram realizadas vistorias in loco, a fim de verificar a tipologia florestal de cada fragmento, listar as espécies florestais arbóreas existentes, o estado de conservação de cada remanescente florestal e a existência de nascentes, córregos, rios e presença de processos erosivos. Para esta análise foram estabelecidos 53 pontos amostrados e classificados, conforme Quadro 4.3, para posterior comparação e interpretação junto à Ortofoto Digital de Aparecida de Goiânia do ano de 2011. Para as áreas com dificuldade de acesso esta interpretação foi através da análise da Ortofoto. Ressaltase que alguns pontos foram analisados juntamente, pois em campo, para facilitar o levantamento, havia pontos distintos conectados e próximos, ficando assim sujeitos a uma análise como um todo, como por exemplo, os pontos 4 e 12, e assim por diante, conforme descrito no diagnóstico. A classificação das fitofisionomias do bioma Cerrado presentes neste diagnóstico foi baseada na proposta de Ribeiro e Walter (1998), bastante empregada e de fácil entendimento. Considerandose para efeito técnico, a palavra “cerrado” com inicial maiúscula se refere ao bioma Cerrado e os demais termos fitofisionômicos com inicial minúscula se referem aos subtipos do bioma Cerrado, como por exemplo “floresta estacional semidecidual”, “campo limpo”, “campo sujo”, etc. Para cada remanescente de vegetação foram atribuídos valores de 1 a 10, sendo o valor 1 (um) para as áreas mais degradadas e 10 (dez) para as áreas mais preservadas. Estes valores têm a função de mostrar aquelas áreas que necessitam de trabalhos de recomposição florística ou regeneração natural. Logo, a classificação do grau de preservação é dada em números, onde: • 0 a 3 é considerado como baixo; • 4 à 6 é classificado como médio; • 7 à 10 é classificado como alto, considerando-se apenas números inteiros. As interações biológicas e as ecológicas foram atribuídas aos fragmentos de acordo com a existência de recursos naturais e a capacidade de oferecer suporte para a sobrevivência da fauna, lembrando que, fragmentos isolados e com grau de preservação baixo atraem, predominantemente, 108 espécies de aves, as quais possuem facilidade de deslocamento entre as áreas. Também foram analisados fragmentos unidos por corredores ecológicos nas Áreas de Preservação Permanente (APP) dos cursos d’água, onde se verificou o suporte dessas áreas para a passagem da mastofauna. Quadro 4.3: Descrição dos 53 pontos amostrandos quanto a paisagens e grau de conservação. Identificação do Ponto Area Coord. E Coord. N Fitofisionomia Grau de Preservação 1 36,02 695374,99 8132620,82 Mata de Galeria 1 2 4,06 696435,74 8132633,31 Mata de Pindaíba (brejo) 3 3 9,14 697357,55 8132655,4 Mata de Galeria 7 4 8,55 696754,17 8133712,26 7 5 43,96 697690,96 8133252,38 Floresta estacional semidecidual Mata Ciliar 6 15,11 678489,95 8133491,5 5 7 4,85 695852,06 8134437,74 Floresta estacional semidecidual Mata de Pindaíba (brejo) 8 2,42 695280,36 8134348 Mata de Pindaíba (brejo) 3 9 14,88 696961,76 8134667,48 Mata Ciliar 5 10 104,88 696230,05 8136015,26 Mata Ciliar 3 11 4,16 690451,83 8135102,41 Cerradão 3 12 65,41 696335,65 8134226,89 10 13 4,33 695524,72 8135185,36 14 25,35 691669,66 8135086,06 15 12,16 696675,61 8135263,44 16 38,91 687822,75 8135565,16 Floresta estacional semidecidual Floresta estacional semidecidual Floresta estacional semidecidual Floresta estacional semidecidual Cerrado 17 351,2 693538,11 8134629,74 9 18 96,06 683797,59 8136481,94 Floresta estacional semidecidual Cerrado 19 10,3 694755,27 8136207,4 Mata de Pindaíba (brejo) 9 20 43,08 690886,11 8135939,25 Cerrado 7 21 18,09 686595,73 8136567,98 Mata Ciliar 5 22 113,85 691408,09 8138072,77 Mata de Pindaíba (brejo) 1 23 4,27 691779,9 8136835,99 Mata de Pindaíba (brejo) 1 24 94,42 689750,01 8135640,57 Mata Ciliar 7 25 17,6 694909,21 8137146,78 Mata de Galeria 3 26 64,29 696155,73 8137095,15 Mata de Galeria 3 27 124,14 684437,3 8137863,8 3 28 111,52 688785,29 8136798,49 Floresta estacional semidecidual Pastagem 29 2,52 687268,4 8137825,96 Cerradão 3 30 33,93 687867,65 8137729,57 Mata Ciliar 3 31 37,37 690506,55 8139841,23 Mata de Galeria 1 7 5 3 5 7 3 5 3 109 Quadro 4.3: Descrição dos 53 pontos amostrandos quanto a paisagens e grau de conservação (cont.). Coord. Coord. Identificação Grau de E N Area Fitofisionomia do Ponto Preservação 32 484,55 694577,22 8138520,27 33 71,31 683937,93 34 32,61 35 7 8140022,65 Floresta estacional semidecidual Mata de Pindaíba (brejo) 695820,98 8140439,93 Mata Ciliar 3 3,54 695846,47 8141317,34 Mata Ciliar 3 37 7,87 693892,79 8141494,76 Mata de Galeria 3 39 20,43 695706,1 8141890,48 Mata Ciliar 3 41 1568,04 675262,33 8134563,46 Cerrado 5 42 9,25 686628,08 8145217,94 Mata Ciliar 1 43 330,35 689870,42 8142866,28 Mata de Galeria 5 44 291,91 680617,69 8145833,33 Mata Ciliar 1 45 636,61 693085,84 8142906,75 Mata de Galeria 1 46 546,89 685612,73 8144160,03 Mata Ciliar 3 47 55,97 691553,95 8145904,09 Mata Galeria 6 48 52,01 688932,34 8146625,51 3 49 271,21 686262,54 8146952,67 Floresta estacional semidecidual Mata de Galeria 50 110,95 689516,52 8147806,08 Mata Ciliar 7 51 15,21 676673,15 8136535,43 Mata de Galeria 3 52 27,77 681758,1 8136111,61 Mata de Galeria 1 53 1135,27 679331,5 8136650,64 Cerrado 5 3 1 Nota: a classificação quanto aos graus de conservação onde: - 0 a 3 é considerado como baixo; - 4 a 6 é classificado como médio; - 7 à 10 é classificado como alto, considerando-se apenas números inteiros. 4.2.1.1 Descrição dos pontos amostrados em campo Ponto 01 Fragmento florestal onde se localizam nascentes, com vegetação característica de mata-degaleria. Esta área encontra-se descaracterizada floristicamente, onde predomina forte pressão antrópica pela retirada da vegetação até às suas margens. Através da vistoria “in loco”, constata-se intensa invasão na área por capim braquiária e ervas invasoras que inibem o desenvolvimento das espécies arbóreas nativas. É registrada também, a construção de casas em ambas as margens do córrego e também cultivo de hortaliças que os moradores utilizam para subsistência com a venda nos mercados e feiras livres da região. Observa-se ainda uma barragem em sua cabeceira nas coordenadas UTM Zona 22 K (0695393,64 / 8132569,75). No tocante a vegetação remanescente 110 ainda é encontrada as seguintes espécies arbóreas: sangra d’água (Croton urucurana), embaúba (Cecropia pachystachya), marmelada (Alibertia edulis), murici da mata (Byrsonima sp), pimenta de macaco (Piper sp), canela (Ocotea sp). Em relação ao seu status de conservação, este ponto foi classificado como nível 3, pois o ponto encontra-se sem vestígios de formação de processos erosivos. Ponto 02 Trata-se de uma cabeceira de drenagem e nascente, caracterizada por ambiente úmido com presença de palmeiras buriti (Mauritia flexuosa), porém antropizada até suas margens, pela retirada indiscriminada de espécies arbóreas, onde nota-se a presença de construções na APP, para moradias. Região caracterizada por uma área brejosa, onde nota-se a presença de espécies nativas típicas desses ambientes, no tocante ao estrato herbáceo, dos quais podemos citar: capim barba de bode (Bulbostylis sp), cabelo de anjo (Xyris sp), drosera (Drosera sp), sofre do rim quem quer (Lycopodium sp), entre outras. Quanto ao status de conservação pode-se atribuir, devido aos aspectos de degradação da vegetação ciliar e pelas construções às suas margens como nível 3. Ponto 03 Fragmento de mata de galeria localizado em zona rural, sendo que o curso d’água é afluente do rio Meia Ponte, que se caracteriza por uma área aberta onde predominam herbáceas e gramíneas nativas como o capim barba de bode (Bulbostylis sp), (Arrabidea sp), (Bacharis sp), (Cissampelos sp) entremeio às espécies exótica e invasoras, como o capim braquiária que predomina em seu entorno. Do estrato arbóreo destacam-se espécies típicas de áreas úmidas e que apresentam especificidade quanto a este ambiente como, por exemplo: chapéu de couro (Palicoura rigida), aroeira (Lithraeae molleoides), guatambu (Aspidosperma subincanum), jatobá (Hymenea courbaril), a palmeira guariroba, gameleira (Ficus sp), pombeiro (Tapirira guianensis), marmelada (Alibertia edulis), embiruçu (Pseudobombax tomentosum), jacarandá (Machaerium sp), pimenteira (Piper sp), entre outras. No tocante ao status de conservação este pode ser caracterizado como nível 07. Pontos 04 e 12 No ponto 04 encontra-se um córrego sem APP e onde parece ter havido extração de argila, e no seu entorno encontra-se pastagens, algumas espécies nativas ainda podem ser encontradas como, por exemplo: chuva-de-ouro, sangra d’água e a palmeira macaúba. Está em anexo a esse córrego um fragmento florestal (floresta estacional semidecidual), que apresenta relevo 111 montanhoso, e forte pressão antrópica, no qual está caracterizado efeito de borda 1, com presença de capim braquiária em seu interior e de cipós e lianas, além da camada arbórea de espécies nativas, das quais merecem destaque: angico-vermelho (Piptadenia gonoacantha), mamica-de-porca (Zanthoxylon riedelianum), aroeira (Lithraeae molleoides), guatambu (Aspidosperma subincanum), jatobá (Hymenea courbaril), a palmeira guariroba, gameleira (Ficus sp), pombeiro (Tapirira guianensis), pau-d’óleo (Copaifera langsdorffii), marmelada (Alibertia edulis), embiruçu (Pseudobombax tomentosum), (Machaerium sp), entre outras. Esses pontos estão classificados quanto ao seu grau de conservação como nível 03 (ponto 04) e nível 1 (ponto 12). Há início de processos erosivos às margens da APP. Foto 4.92: Aspectos do ponto 04 onde há vestígios de extração de argila e ausência de APP. Foto 4.93: Aspectos do ponto 12 que se conecta no fragmento do ponto 14 que se encontra cercado e em regeneração. 1 Efeito de borda é uma alteração na estrutura, na composição e/ou na abundância relativa de espécies na parte marginal de um fragmento. Tal efeito seria mais intenso em fragmentos pequenos e isolados. Esta alteração da estrutura acarreta em uma mudança local, fazendo que plantas que não estejam preparadas para a condição de maior estress hídrico, característico das regiões de borda, acabem perecendo, acarretando em mudanças na base da cadeia alimentar e causando danos à fauna existente na região.Muitas vezes essa morte dentre os integrantes da flora na região de borda, acarreta na ampliação desta região, podendo atingir segundo alguns autores, até 500m. 112 Pontos 05 e 09 Estes pontos localizam-se em área rural, de propriedade do Sr. Francisco Elias, onde há mata ciliar do rio Meia Ponte. Nestes pontos encontram-se vestígios de atividades de turismo (barracas, churrasqueiras feitas de tijolos, etc.) e de entrada de bovinos (como fezes, e marca de pisoteio). Estes pontos também sofrem pressão antrópica pela plantação pastagens em seu entorno, no entanto encontram-se cercados nos limites exigidos por lei e cuja vegetação está em processo de regeneração. Muitas vezes, existem clarões chegando a faixa ciliar à 5 metros ou menor em vários trechos, sendo que, em outros, essa faixa ultrapassa 50 metros. Podem ser verificados afloramentos de rocha e solo arenoso nos barrancos, os quais visualmente parecem ter sido trazidos em épocas de cheia do rio até as margens. Destacam-se algumas espécies nativas que ocorrem com maior frequência nestes pontos, tais quais: guatambu (Aspidosperma subincanum), gameleira (Ficus sp), marmelada (Alibertia edulis), ingá (Inga sp), jequitibá (Cariniana estrelensis), aroeira (Lithraea molleoides), pombeiro (Tapirira guianensis), pau-d’óleo (Copaifera langsdorffii), mamica-de-porca (Zanthoxylon riedelianum), jamelão, peroba, entre outras. Destaca-se ainda a presença de lianas e cipós que abafam o sub-bosque e a regeneração natural. Em alguns trechos podem ser caracterizados entre a pastagem e a mata ciliar, brejos temporários com presença de capim barba-de-bode e herbáceas características desses ambientes. Estes fragmentos podem classificados quanto ao status de conservação como nível 05 (ponto 09) e nível 7 (ponto 05) . Ressalta-se que não há sinais de processos erosivos avançados e/ou em formação. Foto 4.94: Aspectos da mata ciliar do rio Meia Ponte preservada em vários trechos. 113 Foto 4.95: Aspectos do ponto 09 na mata ciliar do rio Meia Ponte que se encontra confrotante com pastagens, porem com certo grau de preservação. Ponto 06 Fragmento de vegetação localizado em área rural de propriedade do Sr. Edmar, onde existe um curso d’água represado em dois pontos, com ausência de mata ciliar no entorno das represas. Notam-se pastagens e um pomar de laranja (Citrus sp), em seu entorno. O gado faz uso dessa mata até a beira do córrego, onde a compactação do solo inibe o desenvolvimento vegetal nesses ambientes e contribui para a formação de processos erosivos, como constatados no local, onde predominam gramíneas do tipo braquiária. Logo após essas represas, ao norte da propriedade, foram observados remanescentes florestais (com aproximadamente 100 x 50 metros de extensão) que caracterizavam preteritamente a formação vegetal original daquele local (floresta estacional semidecidual), estando alguns representantes arbóreos e herbáceos característicos desta fitofisionomia, dentre os quais podem ser citados: jatobá (Hymenea courbaril), pombeiro (Tapirira guianensis), angico (Anadenanthera macrocarpa), marmelada (Alibertia edulis), aroeira (Myracrodruon urundeuva), canela-de-velho (Aspidosperma sp), jacarandá (Jacaranda sp), copaíba (Copaifera langsdorffii), guatambu (Aspidosperma subincanum),) além de espécies exóticas como a mangueira (Mangifera sp). No extrato herbáceo há a predominância de cruz-de-malta (Ludwigia sp) e capim rabo-de-burro (Andropogon bicornis), entre outras. É classificado através das observações em campo, quanto ao status de conservação, como nível 5. 114 Foto 4.96: Aspectos da degradação da área pela retirada de espécies arbóreas do ponto 06. Ponto 07 Este ponto encontra-se em propriedade rural, numa drenagem sem nome, localizada na Chácara da Barra, que se caracteriza por área brejosa com presença de capim barba-de-bode. Sofre forte pressão antrópica por pastagens em seu entorno, não apresentando adensamento vegetal, com árvores de porte médio a pequeno. Destacam-se algumas espécies que parecem ter maior frequência como, por exemplo: Pindaíba (Xylopia sp), bosta-de-rato (Hirtela sp), jatobá-da-mata (Hymenea courbaril), laranjinha (Styrax camporum), embiruçu (Pseudobombax tomentosum), sangra d’água (Croton urucurana), goiabinha-da-mata (Psidium myrsinoides), mamica-de-porca (Zanthoxylon riedelianum), embaúba (Cecropia pachystachya), e a palmeira macaúba, entre outras. Caracteriza-se o ponto 07 pelo nível 5 quanto ao grau de conservação do mesmo. Não foi observado presença de erosões onde esta área está cercada, porém o arame já se encontra velho e desgastado pelo tempo, não sendo um instrumento de recuperação eficiente para a vegetação. Foto 4.97: Aspectos do interior e exterior do fragmento de mata de galeria confrontante com área de pastagem. 115 Ponto 8 Trata-se de um ponto localizado em zona rural, a qual se caracteriza pela presença de uma nascente. Esta faixa de APP encontra-se descaracterizada floristicamente, onde podem ser encontradas faixas de no máximo 5m de largura, não sendo respeitados os limites mínimos exigidos por lei. Como quase todas as áreas verificadas na zona rural, esta sofre forte pressão antrópica pelo pisoteio do gado e áreas de pastagens que interpenetram o seu interior. Caracteriza-se ainda por afloramentos de rocha tapiocanga (laterita) em seu interior e nas bordas, assim como a presença de taboa (Tipha sp) no curso d’água. Algumas espécies arbóreas que merecem destaque podem ser citadas: embaúba (Cecropia pachystachya), ingá (Inga sp), carvoeiro (Sclerolobium paniculatum), limão-bravo, pindaíba (Xylopia sp), sangra-d’água (Croton urucurana), pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica), mandiocão (Scheeflera morototoni),aroeira (Lithraeae molleoides), guatambu (Aspidosperma subincanum), angico-vermelho (Piptadenia gonoacantha), a palmeira macaúba e taboa (Tipha sp) no curso d’água. Esta área recebeu o nível 3 quanto ao status de conservação, devido também a presença de erosões provocados pelo gado que bebe agua às suas margens e compacta o solo, inibindo a sucessão ecológica das espécies arbóreas e herbáceas. Foto 4.98: Mata de galeria com ausência de espécies arbóreas em alguns trechos e invadidas por capim braquiária. Ponto 10 Fragmento caracterizado pela mata ciliar em zona rural, onde se encontram em ambas as margens do curso d’água faixas preservadas e faixas de vegetação degradadas. Nota-se em alguns locais a presença de construções para moradias na sua APP. Este fragmento está localizado à jusante do ponto 19. Nesta área há fragmentos típicos de ambientes de mata ciliar, entre as quais se destacam: angico-vermelho (Piptadenia gonoacantha), mamica-de-porca (Zanthoxylon riedelianum), aroeira (Lithraeae molleoides), guatambu (Aspidosperma subincanum), jatobá (Hymenea courbaril), a 116 palmeira guariroba, gameleira (Ficus sp), pombeiro (Tapirira guianensis), pau-d’óleo (Copaifera langsdorffii), marmelada (Alibertia edulis), embiruçu (Pseudobombax tomentosum), jacarandá (Machaerium sp). Ressalta-se que todo o entorno está coberto com gramíneas do tipo braquiária para formação de pastagens. Quanto ao status de preservação este ponto pode ser caracterizado como nível 3. Ponto 11 Ponto localizado em zona rural, a qual é tratada fitofisionomicamente como cerradão em transição para mata-de-galeria, que sofre intensa pressão antrópica por estar próxima da área urbana. A vegetação foi suprimida, em algumas faixas, para instalação de rede elétrica e por trilhas feitas por moradores do entorno. Nota-se solo com presença de cascalho e grande quantidade de lixo e depósito de resíduos de construção civil, onde o fragmento se encontra cercado por arame. Podem ser encontradas algumas espécies mais frequentes nesta fitofisionomia, como por exemplo: pau-terra (Qualea multiflora), sucupira-preta (Bowdichia virgilioides), faveiro (Dimorphandra mollis), angico-vermelho (Piptadenia gonoacantha), caju (Anacardium occidentale), embira-preta (Xylopia emarginata), embaúba (Cecropia pachystachya), bosta-de-rato (Hirtela sp), monjoleiro (Acacia polyphylla), tingui (Magonia pubescens), carvoeiro (Sclerolobium aureum), embiruçu (Pseudobombax tomentosum), pequi (Caryocar brasiliensis), jacarandá (Jacaranda sp), barbatimão (Stryphnodendron adstringens), entre outras. Verifica-se que a área apresenta declive acentuado e devido à retirada de cascalho no local, torna-se bastante vulnerável à formação de processos erosivos como foi constatado no local. Quanto ao status de conservação, este ponto foi classificado como nível 1. Foto 4.99: Depósito de lixo a céu aberto onde podem ser encontrados também entulhos de construção civil. 117 Foto 4.100: Fitofisionomia de cerradão em transição para mata de galeria muito degradada pela retirada de cascalho e supressão vegetal. Ponto 13 Fragmento localizado em zona rural caracterizado fitofisionomicamente pela floresta estacional semidecidual em estágio secundário de regeneração e que está isolado, com nenhuma conectividade com matas ciliares e/ou de galeria. Trata-se de um fragmento que sofre forte pressão antrópica pela supressão de espécies do estrato arbóreo e pela invasão de capim braquiária em seu interior, denotando também forte efeito de borda com a presença de cipós e lianas em suas bordas. Neste fragmento podem ser encontrados alguns remanescentes arbóreos típicos desses ambientes, do qual podemos ressaltar os indivíduos que apresentam maior destaque: pororoca (Rapanea guianensis), pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica), peroba-rosa (Aspidosperma parvifolium), embaúba (Cecropia pachystachya), angico-branco (Anadenanthera colubrina), sucupiraamarela (Sweetia fruticosa), tarumai (Rhamnidium elaeeocarpum), jenipapeiro (Genipa americana), mutamba (Guazuma ulmifolia), angelim-do-campo (Andira anthelmia), peroba-do-campo (Paratecoma peroba), murici (Byrsonima verbascifolia), caviúna (Dalbergia miscolobium), lixeira (Curatella americana), pau-terra-folha-larga (Qualea grandiflora), pau-terra-folha-miúda (Qualea multiflora), murici (Byrsonima sp) , vinhático (Platymenia reticulata) , faveira (Dimorphandra mollis), barbatimão (Stryphnodendron adstringens) , barú (Dipterix alata) , gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), gonçalo-alves (Astronium graveolens ), angelim (Andira anthelmia), entre outras. Quanto ao status de conservação este pode ser caracterizado devido aos aspectos ambientais apresentados como nível 3. 118 Ponto 15 Este fragmento encontra-se conectado com outros pontos próximos como o ponto 9 e o ponto 12, porém são de fitofisionomias diferentes: os pontos 9 e 12 como mata ciliar e o ponto 15 como um fragmento de floresta estacional semidecidual. Ambos os fragmentos se caracterizam por apresentar certos trechos de degradação ambiental pela retirada das espécies arbóreas classificadas como madeira de lei. Nos remanescentes arbóreos ainda preservados, pode-se destacar que a margem esquerda apresenta-se mais preservada do que a margem direita do curso d’água existente nesta região. Este fragmento parece ter sido conservado como forma de Reserva Legal e pode ser caracterizado quanto ao status de conservação como nível 7, na propriedade onde ele está inserido, conectando-se ao curso d’água próximo. Das espécies arbóreas, podem ser citadas as seguintes, comuns aos dois ambientes analisados: pororoca (Rapanea guianensis), pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica), peroba-rosa (Aspidosperma parvifolium), embaúba (Cecropia pachystachya), angicobranco (Anadenanthera colubrina), sucupira-amarela (Sweetia fruticosa), taruma (Rhamnidium elaeocarpum), jenipapeiro (Genipa americana), mutamba (Guazuma ulmifolia), angelim-do-campo (Andira anthelmia), peroba-do-campo (Paratecoma peroba), murici (Byrsonima verbascifolia), caviúna (Dalbergia miscolobium), lixeira (Curatella americana), entre outras. Ponto 16 Fragmento classificado fitofisionomicamente como cerrado em processo secundário de regeneração, o qual muitas vezes é cortado em trechos para a passagem de rede elétrica. Trata-se de um fragmento que vem sofrendo uma pressão antrópica ocasionada pela ocupação urbana desordenada na região, estando cercado por chácaras de lazer. Nota-se efeito de borda pela presença de herbáceas e invasoras, além de espécies exóticas como a mamona. Podem ser citadas algumas espécies arbóreas nativas verificadas nesta fitofisionomia como cedrelo (Cedrela fissilis), marmelada (Alibertia edulis), araçá (Psidium myrsinoides), lixeira (Curatella americana), cafezinho (Rhaminidium eleocarpum), embaúba (Cecropia pachystachya), faveiro (Dimorphandra mollis), embiruçu (Pseudobombax tomentosum), jatobá (Hymenea courbaril), mamica-de-porca (Zanthoxylon riedelianum). Pela observação das características do fragmento, foi classificado como nível 3, em relação ao seu estado de conservação. 119 Foto 4.101: A fitofisionomia de cerradão caracteriza o fragmento 16. Este é cortado por várias estradas e invadido por capim braquiária. Ponto 17 Fragmento localizado em área rural, que se caracteriza fitofisionomicamente por floresta estacional semidecidual em transição com o cerradão, onde podem ser encontradas espécies típicas de floresta assim como de cerrado. Parece fazer parte da área de Reserva Legal da propriedade onde está inserido. Próximo a estrada de acesso a este fragmento as espécies arbóreas possuem porte mais alto com média de 12 a 15 metros, diminuindo seu porte num continumm vegetacional à medida que se limita com áreas de lavoura de sorgo, milho e em menor percentagem áreas de pastagens. Algumas espécies se destacam, pela grande frequência na área deste fragmento, das quais podemos citar: mandiocão (Scheeflera morototoni), mercurinho (Erythroxylum sp), aroeirinha (Lithraeae molleoides), barbatimão (Stryphnodendron adstringens), jatobá-da-mata (Hymenea courbaril), gameleira (Ficus sp), jacarandá-do-cerrado (Machaerium opacum), mamica-de-porca (Zanthoxylon riedelianum), embiruçu (Pseudobombax tomentosum), bosta-de-rato (Hirtela glandulosa), pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica), pombeiro (Tapirira guianensis), angicovermelho (Piptadenia macrocarpa), esponginha (Spondias sp), maria-pobre (Dilodendron bipinattum), entre outras. Este fragmento, na forma como se encontra atualmente, pode ser caracterizado quanto ao seu status de conservação como nível 9, onde não há formação de processo erosivo ou erosões já estabelecidas. 120 Foto 4.102: Fragmento florestal que se encontra cercado, porém com baixa biodiversidade do estrato arbóreo. Ponto 19 Fragmento caracterizado por uma cabeceira de nascente com ausência da faixa de APP em certos trechos, que praticamente foi suprimida para a formação de pastagens em seu entorno. A vegetação desta área encontra-se bastante degradada com a presença de plantas invasoras no estrato herbáceo que dificultam a regeneração natural, e que provocam forte efeito de borda por cipós e lianas que dominam a paisagem. Nota-se a construção de barragens com a formação de tanques para psicultura. O estrato arbóreo é dominado pela mata de pindaíbas (Xylopia sp) e alguns indivíduos de palmeiras como o buriti (Mauritia flexuosa).Quanto ao status de conservação pode ser caracterizado como nível 1. Ponto 20 Fragmento em estágio secundário de regeneração, que se encontra cercado. Caracteriza-se fitofisionomicamente por cerrado “strictu sensu”, o qual se limita com áreas de pastagens e áreas periféricas urbanizadas. No seu entorno, localizam-se várias chácaras, a maioria para lazer. Não foi constatado formação de processos erosivos nesse local. Algumas espécies que são mais frequentes podem ser citadas: pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica), cajuzinho (Anacardium humile), barbatimão (Sthryphnodendron adstringens), jatobá-do-cerrado (Hymenea stignocarpa), pau-detucano (Vochysia tucanorum), pau-terra (Qualea multiflora), chapéu-de-couro (Salvertia convallariaeodora), uvinha (Coccoloba sp), lixeira (Curatela americana). Considera-se nível 7 em relação ao status de conservação. 121 Foto 4.103: Cerrado “strictu sensu” que sofre forte efeito de borda, confrotante com pastagens. Ponto 21 Ponto localizada em zona rural, na propriedade do sr. Geraldo Brasil, às margens da rodovia BR153, sentido Hidrolândia-GO, onde pode ser encontrada a fitofisionomia de mata ciliar. Caracteriza-se por estar bastante degradada, com presença de erosões no barranco do córrego, o qual se encontra assoreado. Neste local o curso d’água apresenta-se com aproximadamente sete metros de largura e uma profundidade de 40 centímetros. Seu entorno é caracterizado por solos do tipo hidromorfo. A ele, conecta-se um fragmento de floresta estacional, em estágio secundário de regeneração, que se mostra ecologicamente bastante perturbado, com presença de lianas e cipós no seu interior. Ambas as áreas se limitam com áreas de pastagens, tendo como espécies arbóreas nativas entremeio às espécies exóticas mais frequentes: mangueiras (Mangifera sp), banana (Musa sp),buriti (Mauritia flexuosa), sangra-d’água (Croton urucurana), marmelada (Alibertia edulis), goiabinha (Psidium myrsinoides), entre outras. Quanto ao nível de conservação este fragmento foi classificado como nível 5. Foto 4.104: Área localizada próxima à BR-153 que se encontra conectada com curso d’água com a presença de palmeiras em seu entorno. 122 Foto 4.105: Curso d’água assoreado e com pouca vegetação em sua APP. Ponto 24 Fragmento localizado limítrofe a área urbana, onde se encontra uma drenagem com APP degradada, entremeio a um ambiente de “lajedo”, com presença expressiva de algumas espécies comuns tanto em mata ciliar, como em florestas estacionais, que também se conecta a um fragmento melhor preservado desta fitofisionomia. Próximo a esses fragmentos se localiza uma subestação da SANEAGO. Na mata ciliar, há lajes de rochas que formam corredeiras no curso d’água. Em sua composição botânica encontram-se palmeiras buriti (Mauritia flexuosa), além de embaúba (Cecropia pachystachya), angicos (Piptadenia gonoacantha), pau-de-tucano (Vochysia tucanorum), pequi (Caryocar brasiliensis), mandiocão (Scheeflera morototoni), caju (Anacardium humile), carvoeiro (Sclerolobium aureum) cafezinho (Buchenavia tomentosum), bambu (família Poaceae), marmelada (Alibertia edulis), bananeira (Musa sp). Foi classificado quanto ao status de conservação como nível 7. Foto 4.106: Vista do fragmento florestal representado pela floresta estacional semidecidual com a presença de afloramentos de rocha. 123 Foto 4.107: Curso d’água com formação de corredeiras pela presença de lajes de rochas entremeio também à vegetação. Pontos 25 e 26 Fragmentos localizados em zona rural caracterizado por uma cabeceira de nascente represada. Trata-se de um pequeno fragmento de mata de galeria que se conecta com outro fragmento de floresta caracterizado fitofisionomicamente pela floresta estacional semidecidual. As represas desse curso d’água estão localizadas entre as coordenadas UTM Zona 22 K 1) 0695309,8 / 8136980,19 e 2) 0695376,18 / 8137071,59, sendo a margem esquerda do curso d’água mais preservada do que a margem direita com maior faixa de vegetação. Nota-se em alguns pontos do curso d’água a presença de bancos de areia e construções em alvenaria para moradias as quais, muitas vezes, chegam ao barranco do rio. No entorno desse curso d’água há várias curvas de nível e várias áreas com pomar para a subsistência dos moradores. Quanto ao status de conservação estes pontos foram caracterizados como nível 3. Ponto 29 Fragmento localizado em área rural próximo à rodovia BR-153, que parece fazer parte da Área de Reserva Legal da propriedade. Caracteriza-se fitofisionomicamente como cerradão, com árvores de porte pequeno a médio, onde nota-se forte influência antrópica pelo efeito de borda que o mesmo apresenta, com a presença de espécies que abafam a regeneração e o desenvolvimento ecológico do fragmento. Nota-se que o gado utiliza esse ambiente para nidificação, devido a vestígios constatados no local. Observa-se a retirada das principais espécies de grande porte e que eram as matrizes principais que compunham o rol de espécies comuns daquele ambiente. Lianas e cipós predominam 124 no local, além de espécies arbóreas típicas, com CAP (Circunferência à Altura do Peito) médio de 0,60 m e altura média de 12 metros, dos quais podemos citar as mais frequentes, entre outras: pau-detucano (Vochysia tucanorum), aroeira (Lithraea molleoides), carvoeiro (Sclerolobium aureum), cedro (Cedrela fissilis), pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica), pau-santo (Kielmeyera coriaceae), faveiro (Dimorphandra mollis), amescla (Protium heptaphyllum), embiruçu (Pseudobombax tomentosum), mercúrio-do-campo (Erythroxylum deciduum), cagaita (Eugenia dysenterica). Constatou-se a ausência de sub-bosque e substrato composto por serrapilheira (troncos e folhas) de aproximadamente 0,5 cm, e a ocorrência de erosões próximas ao córrego com o qual se conecta. Pela observação “in loco” foi considerado nível 3 quanto ao status de conservação. Foto 4.108: Fragmento de cerradão localizado às margens da rodovia BR – 153. Encontra-se cercado e com a espécie Vochysia tucanorum (pau de tucano) em época de inflorescência. Ponto 30 Este ponto está localizado em área urbana (Rua das Cerejeiras, Setor Recanto do Bosque), onde se encontra uma drenagem bastante assoreada, depósito de entulhos e lixo doméstico e com a mata ciliar ausente em certos trechos. Há a presença de espécies exóticas e invasoras como a mamona (Ricinus comunis), e também a presença de espécies típicas como o buriti (Mauritia flexuosa) que domina a paisagem em questão. Nos remanescentes de matas ciliares, nota-se a ocorrência de espécies nativas, como por exemplo: angico (Piptadenia gonoacantha), sangra-d’água (Croton urucurana), jacarandá (Jacaranda sp), embaúba (Cecropia pachystachya), gameleira (Ficus sp), cedro-do-brejo (Cedrela odorata), paude-tucano (Vochysia tucanorum), pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica), goiabinha (Psidium myrsinoides), mandiocão (Scheeflera morototoni), além de espécies exóticas como bananeira (Musa 125 sp), entre outras. Através do levantamento “in loco”, este fragmento foi classificado como nível 3 de preservação, pela quantidade entulho depositado neste ambiente e edificações presentes na APP. Foto 4.109: Área com intensa degradação na APP do curso d’água com presença de edificações e grandes erosões devido ao desmatamento. Foto 4.110: Fragmento de vereda e floresta estacional semidecidual que se conectam, localizados em zona urbana. Ponto 32 Ponto com fragmentos preservados de floresta estacional semidecidual, onde há início de processos erosivos nas bordas, início de lixiviação do solo e a presença de construções em alvenaria na APP. No curso d’água local há uma ponte para travessia de pedestres e nascentes degradadas. O seu entorno possui vários remanescentes florestais que podem ser indicados para criação de unidades de Conservação. Este curso d’água desagua em outro que está identificao, neste levantamento, nos pontos 34, 35 e 39. Destaca-se ainda a presença de barragens para a formação de represas. Algumas espécies merecem destaque, das quais podem ser citadas: monjoleiro (Acacia 126 heptaphylla), pau pombo (Tapirira guianensis), cabriteiro (Rhamnidium elaeocarpa), embaúba (Cecropia pachystachia), ipê-branco (Tabebuia roseo-alba) e açoita-cavalo (Luehea sp), com presença expressiva de cipó quina (Serjania sp), entre outras. Quanto ao status de conservação, este pode ser caracterizado por nível 7. Pontos 34, 35 e 39 Os pontos 34, 35 e 39 estão localizados na mata ciliar do Rio Meia Ponte. Nestes locais encontram-se matas ciliares com clarões e até mesmo ausentes em certos trechos, e outros mais preservados com a vegetação arbórea ainda presente. Constatou-se, nestes locais, a presença de bovinos devido à ocorrência de vestígios de fezes e pisoteio o que dificulta a regeneração natural. Estes fragmentos localizam-se em zona rural, onde foi verificado o desenvolvimento de atividades diversas na propriedade, como granjas e pomares (laranja e café) que chegam até o barranco do curso d’água. Há ainda tanques formados para a atividade de psicultura. Há algumas espécies nativas presentes nesses locais, apesar da intensa antropização sofrida ao longo dos anos pela retirada de espécies arbóreas, dentre as quais podem ser citadas as seguintes: amargosinho (Acosmium dasycarpum), araticum (Annona coriacea), lixeira (Curatella americana), barbatimão (Stryphnodendron adstringens), faveira (Dimorphandra mollis), pau-santo (Kielmeyera spp.), pau terra (Qualea spp.), gritadeira ou douradão (Palicourea rigida), murici-rosa (Byrsonima coccolobifolia), pequi (Caryocar brasiliense), mangaba (Hancornia speciosa), mercúrio (Erythroxylum suberosum), entre outros. Quanto ao status de conservação, os pontos obervados podem ser caracterizados por nível 3, pelo tamanho do fragmento e por suas nascentes degradadas. Ponto 37 Ponto com a presença de pastagens onde podem ser encontrados fragmentos isolados de cerrado, o que torna visível o alto grau de degradação pela retirada das espécies do estrato arbóreo, assim como pela presença de bovinos no seu interior. Denota-se que esses fragmentos são transicionais com áreas de mata de galeria onde existem nascentes. Ressalta-se ainda, que no seu entorno houve perda de solo pela retirada de cascalho localizada entre as coordenadas UTM Zona 22 K 0693559, 69 / 8141058,26 ou por uma possível lixiviação do solo nesses locais. Algumas espécies nativas ainda podem ser encontradas, tais como: embaúba (Cecropia pachystachya), angico-branco (Anadenanthera colubrina), sucupira-amarela (Sweetia fruticosa), taruma (Rhamnidium elaeocarpum), jenipapeiro (Genipa americana), mutamba 127 (Guazuma ulmifolia), angelim-do-campo (Andira anthelmia), peroba-do-campo (Paratecoma peroba), murici (Byrsonima verbascifolia), caviúna (Dalbergia miscolobium), lixeira (Curatella americana), entre outras. Quanto ao status de conservação foi caracterizado essa área como nível 3. Ponto 41 Ponto com intensa atividade antrópica, porém localizada em zona rural, com a predominância de pastagens. Os fragmentos remanescentes estão preservados geralmente sob a forma de Reserva Legal das propriedades rurais. Denota-se também que os cursos d’água existentes no local estão com suas matas ciliares degradadas em certos trechos e preservadas em outros, caracterizando ambas as faixas laterais. Nas pastagens ainda são observados alguns remanescentes arbóreos nativos, distribuídos de forma aleatória. Podem ser encontradas ainda as seguintes espécies: bate-caixa (Palicourea rigida), Vassoura-do-campo (Baccharis trinervis), Maria-preta (Terminalia brasiliensis), Pé-de-perdiz (Croton antisyphiliticus), Pacova (Heliconia hirsuta), Pitanga (Eugenia bimarginata), Tamanqueiro (Aegiphila klotzkiana), Chapéu-de-couro (Salvertia convallariodora), entre outras. Quanto ao status de conservação este foi caracterizado por nível 5 pelas condições que a APP se encontra atualmente. Ponto 42 Fragmento localizado em área urbana, onde há uma drenagem bastante degradada pela forte pressão antrópica que vem sofrendo, devido à ausência de mata ciliar e a ocorrência de processos erosivos atuantes, além de edificações de moradia em APP, deposição de ferro velho (carros, televisão, entre outros) e uma indústria de água mineral no seu entorno. Nota-se a presença de espécies frutíferas como a mangueira (Mangifera indicans), abacate (Persea americana), bambus (família Poaceae), capim jaraguá (Hyparrhenia rufa), além de algumas espécies nativas, distribuídas de forma esparsa pela área, como por exemplo: angico (Piptadenia gonoacantha), pata-de-vaca (Bauhnia spp), laranjinha (Styrax camporum), buriti (Mauritia flexuosa), goiabinha (Psidium myrsinoides), entre outras. Quanto ao status de conservação, este foi caracterizado como nível 1. Ponto 43 Área localizada em zona urbana caracterizada por vegetação de mata de galeria. Estes fragmentos, ao longo da nascente, sofrem forte pressão antrópica pelo avanço da expansão urbana em seu entorno com a construção de condomínios horizontais e obras para o comércio em geral. Nas 128 matas de galeria, pôde-se observar na vistoria “in loco”, o plantio de espécies exóticas como bananeira (Musa sp), bambus (Bambusa spp) e palmeira imperial (Roystonea oleracea), entre outras. Além das espécies exóticas encontram-se também várias moradias construídas muitas vezes até o barranco do curso d’água, além de várias chácaras no seu entorno. Algumas espécies nativas podem ser listadas, tais como: pitanga-do-cerrado (Eugenia involucrata), pau-d’óleo (Copaifera langsdorffi), jenipapo (Genipa americana), mamica-de-porca (Zanthoxyllum rhoifolium), açoita-cavalo (Luehea grandiflora), entre outras. Quanto ao status de conservação este foi caracterizado pelo nível 5. Ponto 44 Ponto localizado em zona urbana (Setor Cidade Vera Cruz), onde se encontra uma drenagem bastante degradada, com a ocorrência de erosões em grande escala, edificações para moradia, e chácaras com hortaliças que chegam até o barranco do rio, além de rede elétrica de alta-tensão que cruza a drenagem. Nota-se ausência de mata ciliar, com alguns representantes arbóreos esparsos ainda presentes. Destaca-se o predomínio de capim braquiária em praticamente toda APP, além de espécies exóticas como a mamona (Ricinnus comunis), leucena (Leucaena leucocephala), pinheiro (Pinnus spp), bananeira (Musa sp), mangueiras (Mangifera indicans), abacate (Persea americana), mamão (Carica spp) entre outras. As espécies nativas presentes se caracterizam por porte médio à grande, das quais podem ser citadas: angico (Piptadenia gonoacantha), embaúba (Cecropia pachystachya), sangra d’água (Croton urucurana), barriguda (Chorisia speciosa), cajuzinho (Anacardium humile), goiabinha (Psidium myrsinoides), laranjinha (Styrax camporum), copaíba (Copaifera langsdorffii), jacarandá (Machaerium sp), pombeiro (Tapirira guianensis), embiruçu (Pseudobombax tomentosum), mamica-de-porca (Zanthoxylon rhoifolium), gameleira (Ficus sp), pauterra (Qualea grandiflora), pata-de-vaca (Bauhinia sp), tento (Ormosia arborea), entre outras. Quanto ao status de conservação, devido às observações “in loco”, este ponto foi caracterizado como sendo nível 1, principalmente pela ocupação da APP e pelo elevado nível de erosão que a mesma apresenta. 129 Foto 4.111: Fragmento de mata ciliar descaracterizada com ponte sobre o curso d’água localizado em zona urbana. Foto 4.112: Aspecto de depósito de entulho e erosão do barranco no curso d’água. Ponto 45 Ponto localizado em zona rural limítrofe à zona urbana, classificada fitofisionomicamente pela mata de galeria, com composição florística descaracterizada em ambas as margens. Relata-se que o curso d'água encontra-se bastante assoreado formando bancos de areia em seu leito, que pode ser devido à atividade de extração mineral que é realizada neste curso d’água. Podem ainda ser encontradas algumas espécies nativas remanescentes em suas matas de galeria, das quais podemos citar: Anadenanthera spp. (angicos), Apeiba tibourbou (pau-de-jangada, pente-de-macaco), Aspidosperma spp. (perobas), Celtis iguanae (grão-de-galo), Enterolobium contortisiliquum (tamboril), Inga spp. (ingás), Myracrodruom urundeuva (aroeira), Sterculia striata (chichá), Tabebuia spp. (ipês), Trema micrantha (crindiúva) e Triplaris gardneriana (pajeú), sangrad’água (Croton urucurana), monjoleiro (Anadenanthera falcata), maria-preta (Dyospiros sp), 130 embaúba (Cecropia pachystachya), chapadinha (Acosmium sp), ucuuba (Virola sp), capitão-do-mato (Erythrina fusca), murici-da-mata (Byrsonima sp) carne-de-vaca (Roupala brasiliensis), cipó-imbé (Phylodendron imbe), imbaúba (Cecropia pachystachia), pororoca (Dialium sp), pimenta-de-macaco (Piper sp), pau-terra-de-folha-larga (Qualea grandiflora), pau-terra-de-folha-miúda (Qualea sp.), pindaíba (Xylopia emarginata), araticum (Rollinia mucosa), mama-cadela (Brosimum gaudichaudii), jatobá (Hymenaea courbaril), vinhático (Enterolobium gummiferum). Quanto ao status de conservação este ponto caracteriza-se como nível 1 pela intensa atividade antrópica a que esses fragmentos são submetidos. Ponto 46 Este ponto se localiza em zona agroindustrial às margens do córrego Santo Antônio, onde a população pretérita ocupou grande parte da área de preservação permanente (APP), que em alguns locais não atinge 10 (dez) metros, permanecendo no local, remanescentes arbóreos arbustivos típicos de mata ciliar, distribuídos aleatoriamente por entre a mata seguindo o curso d’água, onde atualmente a APP se encontra ocupada por indústrias como a MEGAFORT, que reflorestou uma parte desta área degradada, com espécies nativas, respeitando a legislação ambiental vigente. A vegetação ripária apresenta certa variação de estrutura, composição e distribuição espacial, refletindo trechos de deposição e erosão de sedimentos. Lateralmente, as condições de saturação de umidade do solo diminuem à medida que se distancia do córrego, influenciando também a composição das espécies. Nas proximidades do córrego Santo Antônio, nos remanescentes de mata ciliar são encontradas as seguintes espécies: cedro (Cedrela fissilis), aroeira (Myracrodruon urundeuva), buriti (Mauritia flexuosa), ipê-amarelo (Tabebuia serratifolia), pau-pombo (Tapirira guianensis), pindaíba (Xylopia emarginata), gameleira (Ficus sp.), jatobá (Hymenea courbaril) , paina (Bombax sp.), tucum (Astrocaryum vulgare) , ingá (Inga sp.), tamboril (Enterolobium contortissilicum), aroeirinha (Lithraea molleoides), angico (Anadenanthera peregrina), sangra d’água (Croton urucurana) entre outras, porém, através de vistoria “in loco”, constata-se que a quantidade de representantes arbóreosarbustivos, encontram-se em número bastante reduzido, devido às atividades antrópicas como desmatamento e queimadas na sua APP . Para este ponto, através de observações, caracteriza-se quanto ao seu status de conservação como nível 3. 131 Foto 4.113: Aspecto de mata ciliar degradada e com presença de capim braquiária invadindo a APP. Ponto 47 Fragmento localizado em zona rural próximo à Pedreira Izaíra, onde se encontra uma drenagem bastante antropizada. Constatou-se localmente forte pressão antrópica nessa drenagem ao qual se apresenta bastante assoreada e com intenso processo erosivo laminar. Nota-se em seu entorno a predominância de pastagens com capim braquiária, e com relevo bastante acentuado. Nesta drenagem nota-se a presença de bovinos através de vestígios como fezes e a compactação do solo pelo pisoteio. Algumas espécies arbóreas nativas ainda são encontradas com alta frequência, dentre as quais podemos citar: angico (Piptadenia gonoacantha), carvoeiro (Sclerolobium aureum), marmelada (Alibertia edulis), bonequeiro (Pseudobombax longiflorum), laranjinha (Styrax camporum), aroeira (Myracrodruon urundeuva), guatambu (Aspidosperma subincanum), pata-de-vaca (Bauhinia rufa), gonçalo-alves (Astronium fraxinifolium), quaresmeira (Tibouchina sp), sobre (Emmotum nitens), entre outras. Através das observações “in loco”, caracterizou-se quanto ao status de conservação, pela alta vulnerabilidade do solo à erosão, e pela baixa diversidade das espécies como nível 6. Foto 4.114: Fragmento caracterizado pela floresta estacional semidecidual que se localiza em zona urbana. 132 Foto 4.115: Aspectos do interior do fragmento com presença de clareiras e invasão de capim braquiária. Ponto 48 Fragmento localizado em zona urbana, que sofre forte pressão antrópica pela ocupação desordenada. Destaca-se que fitofisionomicamente pode ser considerado como remanescente de floresta estacional semidecidual, em que, já foram suprimidas as principais matrizes desta tipologia, restando apenas alguns representantes que se caracterizam por CAP médio de 1,8 metros e altura média de 20 metros. Em seu interior, encontram-se trilhas abertas por moradores vizinhos, onde os cipós e lianas se desenvolveram inibem a regeneração natural, além de depósito de lixo doméstico e entulhos. Mesmo apresentando baixa resiliência local, alguns representantes arbóreos nativos típicos desta fitofisionomia ainda podem ser citados, como por exemplo: gameleira (Ficus sp), jequitibá (Cariniana estrelensis), angico-branco (Albizia niopoides), jacarandá (Jacaranda sp), pau-d’óleo (Copaifera langsdorffii), entre outras. O substrato é composto por serrapilheira (troncos e galhos). Quanto ao status de conservação, este foi caracterizado pelo nível 3. Foto 4.116: Aspectos do interior do fragmento florestal degradado localizado em área urbana, com presença de espécies emergentes com o pau d’óleo (Copaifera langsdorffii). 133 Ponto 49 Ponto localizado em zona urbana, onde se encontra uma drenagem bastante degradada, da qual a ocupação desordenada suprimiu praticamente toda a Área de Preservação Permanente (APP) do curso d’água em questão. Trata-se de ambiente ocupado principalmente por chácaras que chegam até as margens do córrego, onde há o predomínio do cultivo de hortaliças que substituiu a vegetação ciliar. Outro fator relevante foi o grande acúmulo de entulhos e lixo doméstico, depositados na área em questão, pelos moradores do bairro. Localiza-se ainda próximo a drenagem uma estação de tratamento de esgotos (ETE – Cruzeiro do Sul) da SANEAGO e uma escola de ensino primário e fundamental. Houve plantio da espécie leucina (Leucaena leucocephala) em seus barrancos, sendo a espécie dominante, além de espécies invasoras como a mamona (Riccinus comunis) e exóticas frutíferas como a mangueira (Mangifera sp), bananeira (Musa sp), entre outras. Das espécies nativas, podemos encontrar alguns representantes, dos quais podem ser citados com maior frequência: embaúba (Cecropia pachystachya), aroeirinha (Lythraeae molleoides), laranjinha (Styrax camporum), goiabinha (Psidium myrsinoides), mamica-de-porca (Zanthoxylon riendelianum), entre outras. Quanto ao status de conservação este ponto é o nível 1, pelos fatores considerados como baixa diversidade das espécies, e pela APP ausente. Foto 4.117: Aspectos da APP do curso d’água localizado próximo à estação de tratamento de esgotos da SANEAGO “Cruzeiro do Sul”. Ponto 50 Área localizada em zona urbana à jusante da indústria colchões Biflex, que apresenta dimensão aproximada de 3 metros de largura por 200 metros de comprimento. Na drenagem, atualmente encontra-se em vários trechos com ausência de APP, sendo os barrancos dominados por capim Jaraguá (Hyparrhenia rufa). Às margens desta drenagem encontra-se também um antigo Centro 134 Olimpico, com quadras poliesportivas dentro da APP, e que parecem estarem abandonadas. Existe também um fragmento de vegetação nativo anexo a essa área, classificado fitofisionomicamente pela floresta estacional semidecidual, e que seria uma área importante do ponto de vista biológico para a criação de uma Unidade de Conservação (UC), após ser devidamente recuperada. As espécies arbóreas presentes neste fragmento são um importante testemunho das espécies que formavam a mata ciliar do córrego em questão, com CAP’s médio de 1,50 e altura média de 20 metros. Ainda podem ser observadas as seguintes espécies nativas típicas de mata ciliar e de ocorrência em florestas estacionais, tais quais: angico-branco (Albizia niopoides), jatobá (Hymenea courbaril), barbatimão (Stryphnodendron adstringens), jequitibá (Cariniana estrelensis), pau-d’óleo (Copaifera langsdorffii), pombeiro (Tapirira guianensis), sobre (Emmotum nitens), marmelada (Alibertia edulis), entre outras. Quanto ao seu status de conservação, este recebeu nível 7, pela alta diversidade das espécies encontradas. Foto 4.118: Fragmento caracterizado fitofisionomicamente por floresta estacional semidecidual localizado dentro de uma área denominada Centro Olímpico em zona urbana de Aparecida de Goiânia. Ponto 51 Ponto localizado em zona rural próximo ao Parque da Serra das Areias. Trata-se de uma nascente, que sofreu forte pressão antrópica pelos proprietários rurais, preteritamente, pela extração de areia em seu entorno, como pôde ser observado pelos vestígios deixados na propriedade, em que provavelmente, aumentou a área de afloramento da nascente, formando uma pequena mancha de áreas alagadas em seu entorno, caracterizados por uma vegetação herbácea típica desses ambientes, como o capim barba-de-bode (Cyperus compressus) e o lírio-do-brejo (Hedychium sp). Das espécies arbóreas encontradas neste ponto, estas são caracterizadas por árvores de porte médio à grande com CAP’s médio de 1,20 metros e altura média de 16 metros. Destaca-se a 135 supressão das principais matrizes arbóreas representantes desta tipologia, sendo encontradas algumas espécies dos quais podemos citar: marmelada (Alibertia edulis), fruta de pomba (Erythroxyllum sp), jequitibá (Cariniana estrelensis), sucupira-preta (Bowdichia virgilioides), maria pobre (Dilodendron bippinatum), bosta-de-rato (Hirtela sp), embaúba (Cecropia pachystachya), angico branco (Albizia niopoides), laranjinha (Styrax camporum), pombeiro (Tapirira guianensis), amescla (Protium heptaphylum), aroeira (Myracrodruon urundeuva), gonçalo alves (Astronium fraxinifolium), entre outras. Quanto ao status de conservação este ponto recebeu nível 3, pela baixa diversidade das espécies e a abundância das mesmas. Ponto 53 Este ponto localiza-se no Parque Estadual da Serra das Areias. Encontra-se antropizada no pé da serra, e pouco mais conservada do meio para o topo da serra. Através do exame da carta de vegetação natural e de uso/ocupação da terra (Carraro & Lopes, 2006), constatou-se o predomínio de pastagens nas áreas de domínio dos interflúvios amplos revestidos, em sua maioria, pelo Latossolo Vermelho distrófico. Segundo Carraro & Lopes 2006, alguns remanescentes de vegetação de cerrado sinalizam que, antes da modificação da área pelas atividades antrópicas, era esta a vegetação nativa. O cerrado “strictu sensu” aqui referido, caracteriza-se pela presença de estratos arbóreo e arbustivo-herbáceo definidos, com as árvores distribuídas aleatoriamente sobre o terreno em diferentes densidades (SANO & ALMEIDA, 1998). Em meio às áreas de vegetação de cerrado destaca-se o que resta das faixas da mata de galeria seguindo os cursos d’água e precedidas, à montante, pelas Veredas. Nas Veredas destaca-se a presença da palmeira arbórea Mauritia flexuosa (buriti), emergente em meio a grupamentos mais ou menos densos de espécies arbustivo-herbáceas, segundo Eiten (1993). Os buritis encontram-se alinhados e ladeados por gramíneas. Para jusante, nas vertentes suavemente convexiformes dos vales em V aberto, instala-se a mata de galeria. Por mata de galeria entende-se a vegetação florestal que acompanha os rios de pequeno porte e córregos do Planalto Central, formando corredores fechados (galerias) sobre o curso d’água, diferenciando-se da mata ciliar não somente por esta feição, mas também por seu caráter perenifólio e sua composição florística (SANO; ALMEIDA, 1998). Na Serra das Areias se faz presente a vegetação nativa de cerrado rupestre, nos seus topos planos e inclinados em altitudes próximas a 1000 m, que, segundo Sano e Almeida (1998) , é um subtipo de vegetação arbóreo-arbustiva que ocorre em ambientes onde há frequentes afloramentos de rocha e solos rasos (Neossolos Litólicos distróficos). Pode ocorrer em trechos contínuos, mas 136 geralmente aparece em mosaico, incluído em outros tipos de vegetação. O substrato é um critério de fácil diferenciação entre cerrado rupestre e cerrado ralo, pois o primeiro comporta pouco solo entre afloramentos de rocha. Nas suas vertentes encontra-se o cerrado “strictu sensu”, ao passo que nas nascentes das bordas da serra aparecem às veredas seguidas, à jusante, pelo que resta da mata de galeria. Tais fitofisionomias, particularmente aquelas da serra propriamente dita, ali preservada pela dificuldade de acesso, são tipos representativos dos diferentes tipos de vegetação que compõem a flora do Cerrado, caracterizando a Serra das Areias como um remanescente a ser preservado. Além de detentora de potencial banco genético (MALENTACHI, 2001), abriga uma fauna diversificada adaptada a esses ambientes. Quanto ao ponto amostrado, esse se caracteriza pelo predomínio do cerrado, dos quais ainda podemos encontrar as seguintes espécies: pequi (Caryocar brasiliensis), cajuzinho-do-cerrado (Anacardium sp), mata-cachorro (Simarouba versicolor), mercurinho (Erythroxylum suberosum), pauterra-folha-larga (Qualea grandiflora), pau-terrinha (Qualea multiflora), lixeira (Curatela americana), chapéu-de-couro (Salvertia convallaeriodora), baru (Dipteryx alata), sucupira (Pterodon emarginatus), carvoeiro (Sclerolobium aureum), lobeira (), cagaita (Eugenia dysenterica), mamacadela (Brosimum gaudichaudi), duguetia (Duguetia furfuraceae), gomeira (Vochysia pyramidalis), goiaba-brava (Myrcea tomentosa), murici (Byrsonima sp), pixirica (Miconia sp), guabiroba (Campomanesia sp), paineira (Eryotheca sp), entre outras. Quanto ao status de conservação este recebeu nível 5, por manter alta diversidade das espécies arbóreas. Foto 4.119: Aspecto do parque da “Serra das Areias”, onde predomina o cerrado strictu sensu como vegetação natural. 137 4.2.1.2 Diagnóstico a partir dos aspectos da vegetação a) Impactos sobre a Flora Os impactos ambientais referentes à vegetação estão relacionados basicamente pela supressão da vegetação. Trata-se de impactos os quais, na maioria dos casos, são bastante significativos, mesmo em zonas rurais, pois se encontram bastante antropizadas, onde os fragmentos remanescentes estão com acentuado grau de degradação, com pouca ou nenhuma ligação entre si, e apresentam com claros efeitos de borda, conforme diagnóstico do estudo. Ressalta-se ainda que a maioria dos cursos d’água avaliada é caracterizada por trechos com ausência de vegetação nativa, com início de processos erosivos, com invasão para construção irregular de moradias, além de formação de pomares e hortaliças, e plantio de espécies exóticas na APP. Os impactos inerentes à supressão da vegetação estão analisados a seguir: a.1) Remoção da vegetação por ocasião da abertura do arruamento, execução de cortes e aterros no terreno. Conforme o levantamento “in loco” nos pontos amostrados para a Carta de Risco de Aparecida de Goiânia e a observação quanto ao seu grau de preservação, a abertura das vias de circulação em área urbana se concentrou em locais cuja cobertura vegetal varia de cerrado a floresta estacional. Com a retirada de espécies arbóreas para a execução de obras, na implantação de loteamentos e comércio em geral, a supressão da vegetação desses locais eliminou grande parte de espécies arbóreas, diminuindo a abundância e diversidade das espécies, assim como fragmentou grande parte da vegetação original do município, ocasionado pela expansão urbana desordenada. Trata-se de um impacto com incidência direta, de magnitude moderada, de abrangência local, irreversível e com moderadas condições de mitigação. a.2) Degradação das áreas de preservação permanente e fragmentos florestais, cortes e abates de árvores isoladas. Durante a fase para a construção de moradias, o intenso fluxo de pessoas e veículos, a impermeabilização do solo, o cortes de árvores para liberação de áreas, a possibilidade de roçagem de sub-bosques dos fragmentos existentes, as queimadas criminosas ou acidentais, dentre outros, 138 são os fatores que influenciam direta ou indiretamente a qualidade ambiental do município de Aparecida de Goiânia durante o período da expansão urbana. Essas ações têm influência negativa nos processos de sucessão natural uma vez que prejudicam, dentre outros, o estabelecimento de novas plântulas, a disseminação feita pela fauna e o desenvolvimento da regeneração natural, principalmente onde as matas ciliares e matas de galeria dos cursos d’água localizados em zona urbana, que foram substituídas por moradias de alvenaria. A remoção de árvores individuais ou desmatamentos generalizados durante a fase de construção das moradias e obras afins, em escalas diferentes, levam à redução do banco genético da flora local. A roçagem de sub-bosques dos fragmentos florestais retira o estoque de plântulas e indivíduos jovens da floresta impedindo o desenvolvimento natural desta. Com o envelhecimento das árvores maduras não há a substituição destas por outras mais jovens levando paulatinamente a uma redução da cobertura vegetal. A antropização tende ainda a favorecer o estabelecimento de espécies invasoras em detrimento das espécies nativas especialmente as climácicas. Tal impacto tem incidência direta, de magnitude moderada, de abrangência local, irreversível e com moderadas condições de mitigação. a.3) Arborização inadequada A utilização de espécies inadequadas na arborização do município de Aparecida de Goiânia, mesmo em períodos pretéritos pode trazer diversos problemas como quebras constantes, susceptibilidade a pragas e doenças, conflito com rede elétrica ou estruturas hidro-sanitárias, necessidade de podas, dentre outros. Tal impacto tem incidência direta, de magnitude acentuada, de abrangência local, irreversível e com ótimas condições de mitigação. 4.2.1.3 a) Medidas mitigadoras Flora Para os impactos sobre a flora a medida recomendada é a recomposição da área de preservação permanente e a proteção e revitalização das áreas verdes remanescentes e, ainda a recuperação das áreas de voçorocas transformando-as em áreas verdes de preservação. Para essa 139 medida, além do PRAD (Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas), é indicada a implantação do Programa de Recomposição das APPs e áreas verdes, conforme descrito no item abaixo. b) Recomposição da Área de Preservação Permanente e Áreas Verdes Remanescentes. As áreas de preservação permanentes dos cursos d’água existentes em zona urbana e zona rural do município de Aparecida de Goiânia constituída por faixa marginal com largura de aproximadamente 20 a 30 metros deverão ser protegidas e recuperadas nos locais que não perfazem a largura mínima exigida por lei (30 m), conforme estabelece legislação ambiental em vigor. Essas áreas poderão ser objeto de adensamento de espécies com o uso de mudas ou sementes. Essa técnica segundo Rodrigues & Gandolfi 2000, visa aumentar as populações de algumas espécies de alta densidade nas formações ciliares, que dado o processo de degradação local e através do levantamento “in loco”, constatou-se reduzida diversidade florística. c) Indicação de espécies para recuperação de APP’s Em virtude das restrições impostas pelas condições de encharcamentos que ocorrem nos cursos d’água como o rio Meia Ponte, assim como as nascentes tanto em zona rural como em zona urbana a prescrição das espécies levará em conta, principalmente as características adaptativas das espécies ao fator umidade do solo. Sendo assim o plantio deverá contemplar a indicação de espécies de ocorrência nos fragmentos de floresta-de-galeria e/ou mata de galeria existentes no local. É importante que por ocasião do plantio seja utilizado o maior número de espécies possível dentre aquelas que ocorrem na região. Quadro 4.4: Relação de espécies indicadas para o reflorestamento das áreas de preservação permanente. Nome Comum Nome Científico Família Açoita-cavalo Luehea sp. TILIACEAE Angico Anadenanthera sp. LEGUMINOSAE Aroeirinha Litraea moleoides ANACARDIACEAE Banha-de-galinha Swartzia acutifolia LEGUMINOSAE Boleiro Alchornea sp. EUPHORBIACEAE Cabriteiro Rhaminidium eleocarpum RHAMNACEAE 140 Cafezinho Psychotria sp. RUBIACEAE Camboatá Mataiba guianensis SAPINDACEAE Cana-de-macaco Costus spiralis ZINGIBERACEAE Canelão Nectandra sp. LAURACEAE Cipó-cissus Cissus sp. VITACEAE Crisophilum Crisophillum sp. SAPOTACEAE Embaúba Cecropia pachystachya CECROPIACEAE Espinheira-santa Maytenus ilicifolia RUBIACEAE Feijão-crú Platymiscium floribundum LEGUMINOSAE Garapa Apuleia leiocarpa LEGUMINOSAE Goiabinha-da-mata Psidium Sartorianum MYRTACEAE Helicônia Heliconia sp. MUSACEAE Hibisco Hibiscus sp. MALVACEAE Imbé Phylodendron imbe ARACEAE Imbira-preta Unonopsis lendmanii ANNONACEAE Ingá Inga sp. LEGUMINOSAE Jacareúba Calophyllum brasiliense GUTTIFERAE João-farinha Callistene sp. VOCHYSIACEAE João-mole Neea sp. NYCTAGINACEAE Lixeira Curatella americana DILLENIACEAE Macaúba Macrocomia oculeata PALMEAE Mandiocão Dydimopanax sp. ARALIACEAE Margonçalo Hieronyma sp. EUPHORBIACEAE Marinheiro Guarea guidonia MELIACEAE Marmelada Alibertia sp. RUBIACEAE Murici Byrsonima sp. MALPIGHIACEAE Murici-da-mata Byrsonima sericeae MALPIGHIACEAE Murta Myrcia fallax MYRTACEAE Mutamba Guazuma ulmifolia STERCULIACEAE Pateiro Sloanea guianensis ELEOCARPACEAE Pau-dóleo Copaifera langsdorffi LEGUMINOSAE Pau-pombo Tapirira guianensis ANACARDIACEAE Peroba-rosa Aspidosperma ylindrocarpon APOCYNACEAE Pindaíba Xylopia aromatica ANNONACEAE 141 Pindaíba-do-brejo Xylopia emarginata. ANNONACEAE Pororoca Rapanea sp. MYRSINACEAE Sangra-dágua Croton urucurana EUPHORBIACEAE Samambaia Polypodium sp. POLYPODIACEAE Samambaiaçu Cyathea sp. CYATHEACEAE Sessenta-galha Hirtella martiana CHRYSOBALANACEAE Taboquinha Merostachys multiramea GRAMINEAE Tento Ormosia stipularis LEGUMINOSAE Ucuuba Virola sp. MYRISTICACEAE d) Arborização Urbana Adequada A arborização adequada de futuros empreendimentos deverá ser planejada por profissional habilitado com assessoria de equipe multi-disciplinar visando otimizar os efeitos benéficos da arborização para a população. A seleção de espécies deverá contemplar o emprego de essências nativas com potencial para arborização urbana. Essa medida terá como objetivo compensar efeitos da retirada da vegetação nativa ocasionada pela expansão urbana de Aparecida de Goiânia. • SUGESTÃO DE ESPÉCIES PARA ARBORIZAÇÃO: Quadro 4.5: Árvores indicadas pra utilização em áreas urbanas. Nome popular Nome científico Acácia-mimosa Acacia podalytifolia Açoita-cavalo Luehea divaricata Mart. Aroeira-periquita Schinus molle L. Aroeira-vermelha Schinus terebinthifolius Raddi Butiazeiro Butia eriospatha (Mart.) Becc. Capororocão Rapanea parviflora (A Dc) Mez Chal-Chal Allophyllus edulis Coração-de-negro Poecilanthe parviflora Benth Corticeira-do-banhado Erytrina crista-galli L. Gerivá Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman Goiabira Psidium guajava L. Ingá-feijão Inga marginata Ipê-roxo Tabebuia avellanedae Lor. Ex Griseb. Jaboticabeira Myrciaria trunciflora Berg Jaborandi Pilocarpus pennatifolius Lem. 142 Mulungú Erythrina falcata Paineira Chorisia speciosa St. Hill. Palmito Euterpe edulis Mart. Pata-de-vaca Bauhinia candicans Benth. Pinheiro Araucaria angustifolia Kuntze Pitangueira Eugenia uniflora L. Salseiro Salyx humbolditiana Wild. Sina-sina Parkinsonia aculeata L. Timbaúva Enterolobium contortisilicum (Vell.) Morong. Uva-do-japão Hovenia dulcis • ESPÉCIES INDICADAS PARA A REDUÇÃO DA POLUIÇÃO Quadro 1.6: Árvores de pequeno porte com folhagem permanente. Nome popular Nome científico Araçá Psidium Cattleianum Chal-chal Allophyllus edulis Chuva-de-ouro Cassia multijuga Quaresmeira Tibouchina granulosa Quaresmeira Tibouchina sellowiana Quadro 4.7: Árvores de meio porte com folhagem semicaduca. Nome popular Nome científico Cocão Erythroxylum argentinum Goiabeira-da-serra Brittoa guazumifolia Guarbiroba-de-folha-miúda Campomanesia rhombea Manacá-da-serra Tibouchina mutabilis Tarumã-preta Vitex montevidensis Quadro 4.8: Árvores de Médio porte com folhagem permanente. Nome popular Nome científico Goiabeira Psidium guajava Alecrim Holocalix glaziovii 143 Quadro 4.9: Grande porte com folhagem semicaduca. Nome popular Nome científico Guabiroba Campomanesia xanthocarpa Camboatá-vermelho Cupania vernalis Maria-preta Diospyrus inconstans Camboatá-branco Matayba ealeagnoides Quadro 4.10: Grande porte com folhagem permanente. Nome popular Nome científico Guajuvira Patagonula americana Aguaí Pouteria gardneriana Aguaí-folha-de-salsa Pouteria salicifolia Catiguá Trichilia clauseni Açoita-cavalo Luehea divaricata Louro-preto Chordia ecalyculata Louro Chordia trychotoma Caroba Jacaranda micrantha Quadro 4.11: Espécies indicadas para estacionamento. Nome popular Nome científico Açoita-cavalo Luehea divaricata Aleluia Senna multijug Angelim-bravo Lonchocarpus campestris Angico-vermelho Parapiptadenia rigida Aroeira-priquita Schinus molle Bartimão Cassia leptophylla Camboatá-vermelho Cupania vernalis Canafístula Peltophorum dubium Canela-amarela Nectranda rigida Canela-do-brejo Machaerium stipitatum Canela-ferrugem Nectranda rigida Capororoca Rapanea umbellata Carne-de-vaca Styrax leprosus Carvalho-brasileiro Roupala brasiliensis Catiguá Trichilia clausenii Cedro Cedrella fissilis Corticeira-da-serra Erytrhrina falcata 144 Grápia Apuleia leiocarpa Guajuvira Pataonula americana Ingá-feijão Inga marginata Ingá-macaco Inga sessilis Ingazeiro Lonchocarpus sericeus Marmeleiro-do-mato Ruprechtia laxiflora Pau-brasil Caesalpinia echinata Coração-de-negro Poecilanthe parviflora Quaresmeira Tibouchina granulosa Rabo-de-bugio Lonchocarpus muehlbergianus Sibipiruna Caesalpinia peltophoroides Quadro 4.12: Palmeiras indicadas para uso em calçadas e/ou canteiros centrais. Nome popular Nome científico Butiazeiro Butia capiata Buriti-palito Trithrinax brasiliensis Cariota Caryota urens Gerivá Syagrus romanzoffiana Neodipsis Dypsis decary Palmeira-cabeluda Trachycarpus fortunei Palmeira-da-califórnia Washingtonia robusta Palmeira-da-califórnia Washingtonia filifera Palmeira-imperial Roystonea oleracea Palmiteiro Euterpe edulis Robeline Phoenix roebelinii Sabal Sabal palmetto Tamareira-das-cancanárias Phoenix canariensis Tamareira Phoenix dactylifera 145 4.3 INTERAÇÕES ANTRÓPICAS 4.3.1 Uso do solo O uso do solo nos municípios, notadamente aquele relacionado à urbanização, resulta na interação entre os aspectos físicos e bióticos 1 e a ação do homem. Assim sendo a complexidade da ação humana faz com que a interação homem-ambiente não ocorra segundo um modelo cujas leis físicas e químicas sejam determinantes. Isto significa que está ligada a uma dinâmica social e econômica as quais os modelos biológicos não conseguem explicar e que imprimem alterações mais rápidas do que as naturais, cujos efeitos são mais intensos e irreversíveis (SOBRAL apud MOTA, 2003). A antropização do meio natural em prol da urbanização traz como consequência uma série de impactos ambientais que representam riscos tanto à manutenção do equilíbrio ecológico quanto à manutenção da qualidade de vida das pessoas. Dentre as principais alterações impostas pelo homem nos processos de urbanização destacam-se: desmatamento, movimento de terra, impermeabilização do solo, assoreamento de rios e riachos, modificações nos ecossistemas, poluição ambiental. É indiscutível que a modificação do meio ambiente é necessária em qualquer processo sócioeconômico-cultural, tal como o desenvolvimento e o crescimento urbanos. No entanto, o que se deve discutir é a forma como a interação homem-ambiente ocorrerá e as bases conceituais, éticas e políticas sobre as quais uma sociedade decidirá se desenvolver. Desta forma o processo de planejamento urbano, capitaneado pelo poder executivo municipal, deverá considerar de forma integrada o meio físico, o biótico e o antrópico visando à ordenação do espaço físico e a provisão dos elementos relativos às necessidades humanas de modo a garantir a conservação dos recursos naturais e a qualidade de vida dos habitantes atuais e futuros (MOTA, 2003). A análise do uso do solo, este relacionado com o meio antrópico, pressupõe uma abordagem sobre aspectos sociais, econômicos dentre os quais se destacam: demografia, atividades e meios produtivos, saneamento, infraestrutura e habitação. Assim sendo serão apresentados e analisados dados secundários de fontes oficiais tais como o IBGE, SEGPLAN-GO e Prefeitura Municipal que posteriormente serão interpretados com o Mapa do Uso do Solo elaborado no âmbito da Carta de Risco de Aparecida de Goiânia e com os aspectos dos meios físico e biótico caracterizados nos estudos realizados. 1 Geologia, geomorfologia, pedologia, hidrologia, hidrogeologia, dinâmica fluvial, vegetação. 146 4.3.1.1 Aspectos socioeconômicos a) Demografia Conforme a SEGPLAN – Secretaria de Estado de Gestão e Planejamento do Estado de Goiás, Aparecida de Goiânia localiza-se na Região Metropolitana de Goiânia – RMG, e de acordo com o IBGE – resolução PR n° 11 de 05 de junho de 1990 – situa-se na mesoregião Centro Goiano e na microrregião de Goiânia. Caracteriza-se em termos demográficos como o segundo município em Goiás e na RMG constituindo-se em um dos polos regionais e estadual de atração populacional. Segundo o censo demográfico de 2010 (IBGE, 2012), o município de Aparecida de Goiânia contava com 455.657 habitantes sendo que destes 455.193 habitavam na área urbana e somente 455 na área rural. Desta forma 99,9% da população do município aglomera-se na área urbana, fenômeno observado em grande parte dos municípios brasileiros, iniciado na década de 1950 e intensificado, em Goiás, a partir da construção de Goiânia e Brasília. Os dados demográficos demonstram a expressiva evolução da população de Aparecida de Goiânia em 30 anos (Tabela 4.10 e Figura 4.9). Em 1980 contava com 42.627 habitantes e chegando a 2010 com 455.657 habitantes, o que representa um acréscimo, em números absolutos, de 413.000 habitantes neste período. População de Aparecida de Goiânia 1980 1991 2000 2010 42.627 178.483 336.392 455.657 Tabela 4.10: Evolução da população censitária do Município de Aparecida de Goiânia. Fonte: SEGPLAN; SEPIN; IBGE, 2012. No contexto da RMG, o Município figurou com a maior Taxa de Crescimento Geométrico da População em 1991 (13,9%), valor que decresceu ao longo das duas décadas consideradas resultando em 3,48% em 2010. Ao longo do período apresentado pode-se verificar que Aparecida de Goiânia foi dentre os municípios da RMG, o que mais cresceu em termos populacionais. O incremento de sua população esteve acima dos valores aferidos para a Capital e para o Estado no ano de 2010 (Quadro 4.13). 147 500.000 450.000 400.000 350.000 300.000 1980 250.000 1991 200.000 2000 150.000 2010 100.000 50.000 0 População de Aparecida de Goiânia Figura 4.9: Gráfico da evolução da população censitária de 1980, 1991, 2000 e 2010 do Município de Aparecida de Goiânia. Fonte: SEGPLAN; SEPIN; IBGE, 2012. Quadro 4.13: Taxa de Crescimento Geométrico da População da RMG (%). MUNICÍPIO Abadia de Goiás 1991 2000 2010 - - 3,30 Aparecida de Goiânia 13,9 7,3 3,08 Aragoiânia 2,59 3,03 2,68 Bela Vista de Goiás 0,03 1,16 2,48 Bonfinópolis - 5,44 3,48 0,37 1,93 1,55 - - 1,52 Caturaí 0,53 0,52 0,79 Goianápolis 3,21 -0,05 0,02 Goiânia 2,31 1,91 1,77 Goianira 5,07 4,23 6,17 Guapó 1,48 1,82 0,08 Hidrolândia 1,66 2,75 2,89 Inhumas 1,83 1,51 0,95 Brazabrantes Caldazinha Nerópolis 3,01 4,06 2,68 -0,14 2,8 2,40 Santo Antônio de Goiás - - 4,24 Senador Canedo - 9,27 4,75 Terezópolis de Goiás - - 2,59 Trindade 5,31 4,66 2,52 ESTADO 2,33 2,46 1,84 Nova Veneza Fonte: SEGPLAN; SEPIN; IBGE, 2012. 148 b) Atividades e meios produtivos O crescimento demográfico determina o crescimento econômico e vice-versa, no entanto nem sempre este último ocorre em proporção do atendimento das demandas do primeiro. Como ponto de análise para as condições da produção do município vale salientar a 3° posição de Aparecida de Goiânia, no ranking dos municípios do estado de Goiás 2, elaborado pela SEPIN – Superintendência de Estatísticas, Pesquisa e Informações Socioeconômicas, o que coloca o município em condições de desenvolvimento econômico favoráveis. O documento aponta que Aparecida de Goiânia apresenta índices relevantes em termos de desenvolvimento, principalmente em relação à infraestrutura, tais como distritos industriais, localização estratégica e proximidade a grandes centros consumidores. Contudo, é deficiente nos aspectos relativos à qualidade de vida, principalmente quanto à cobertura com atendimento de esgoto e água tratada além de apresentar índice de violência acima da média (Tabela 4.11). 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 MUNICÍPIOS DINAMISMO (100) RIQUEZA ECONÔMICA (100) INFRAESTRUTURA ECONÔMICA, LOCALIZAÇÃO ESTRATÉGICA E LOGÍSTICA (100) QUALIDADE DE VIDA (100) MÃODEOBRA (30) INFRAESTRUTURA TECNOLÓGICA (70) POLÍTICAS DE INCENTIVOS FINANCEIROS E TRIBUTÁRIO (30) MÉDIA (PONDERADA) Anápolis Rio Verde Aparecida de Goiânia Catalão Senador Canedo Itumbiara Luziânia Caldas Novas São Simão Mineiros Niquelândia Palmeiras de Goiás Jataí Quirinópolis Trindade Goianira 40,18 55,60 51,53 96,69 65,92 80,12 77,77 63,84 74,15 62,99 63,88 49,42 19,38 19,55 16,68 64,28 33,66 15,90 7,26 15,00 4,88 58,39 53,29 49,17 36,87 61,68 45,10 31,43 72,80 73,32 69,55 55,17 20,42 14,68 17,20 0,00 1,52 0,49 42,91 42,63 30,00 35,96 33,96 32,64 37,28 15,18 67,87 66,30 64,79 68,92 41,93 66,71 17,39 11,17 14,40 24,97 12,06 7,81 2,58 0,20 0,75 39,20 34,41 33,94 44,27 34,82 43,85 47,53 12,92 14,99 18,50 6,60 53,31 45,45 25,36 43,96 64,45 66,65 54,93 59,72 15,36 17,08 21,64 12,73 0,00 2,26 12,21 0,00 0,44 10,40 4,09 1,61 33,57 32,35 32,06 31,38 28,92 23,16 30,72 45,06 26,17 10,39 15,13 4,58 43,37 70,69 53,32 50,04 65,44 61,38 58,58 51,07 14,76 18,10 12,87 13,59 7,10 6,11 8,24 0,00 2,39 2,66 0,97 0,07 31,01 30,81 30,08 29,92 Tabela 4.11: Resultados do Ranking dos Municípios Goianos conforme variáveis de análise (adaptado). Fonte: SEPIN, 2010. 2 O Ranking dos Municípios Goianos classifica os municípios do Estado de Goiás, em um determinado período, sob aspectos conjunturais e estruturais favoráveis para atrair investimentos, demonstrados principalmente pelos indicadores relacionados à riqueza econômica, infraestrutura econômica e infraestrutura tecnológica, sendo reforçados pelos indicadores relativos ao dinamismo econômico, que evidencia municípios em processo de crescimento econômico e, ainda, pelo volume de recursos recebidos. Constituem características principais apresentadas pelos municípios melhores classificados no ranking o fato de serem os mais industrializados e possuírem melhor infraestrutura econômica e/ou tecnológica, destacando-se Anápolis, Rio Verde, Catalão, Aparecida de Goiânia, Senador Canedo e Itumbiara (Fonte: SEPIN, 2010). 149 Em se tratando das questões relacionadas ao dinamismo econômico, este está diretamente ligado ao caráter da população, a qual no Município é predominantemente urbana, o que se reflete nas características de uso do solo. Neste sentido verifica-se que é o setor de serviços, com atividades eminentemente urbanas, que predomina sobre os demais setores. Em seguida destaca-se a indústria, a administração pública e por último a agropecuária, conforme demonstra a Tabela 4.12 do Valor Adicionado a Preços Básicos 3, valores que mensuram a participação de cada setor produtivo na economia local. Valor Adicionado Bruto a Preços Básicos 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Total (R$ mil) 742.879,82 960.407,02 1.057.224,67 1.255.445,49 1.417.726,72 1.677.776,50 1.963.656,12 2.376.975,51 2.759.937,20 3.440.365,05 4.076.615,52 Agropecuária (R$ mil) 1.497,83 2.041,20 2.479,97 3.758,77 4.454,15 4.938,66 3.935,04 3.981,98 4.721,40 Indústria (R$ 168.220,15 258.394,44 mil) 301.558,07 385.630,47 339.755,75 439.245,73 516.039,04 618.459,50 673.777,46 Serviços (R$ 573.161,84 699.971,38 mil) 753.186,62 866.056,25 1.073.516,82 1.233.592,12 1.443.682,04 1.754.534,04 2.099.242,02 2.643.203,90 3.066.614,67 Administração Pública (R$ 156.917,53 174.354,68 mil) 181.169,92 244.909,21 281.800,83 343.157,56 395.226,13 480.245,53 563.849,88 646.512,45 688.196,38 Impostos (R$ mil) 140.262,68 170.125,55 221.275,11 211.891,77 266.055,31 293.169,67 323.151,30 432.634,93 524.757,40 83.880,02 103.607,43 5.420,57 791.740,58 1.003.354,82 NOTA: A partir de 2002 nova metodologia e revisão dos dados. Tabela 4.12: Valor Adicionado Bruto a Preços Básicos do Município de Aparecida de Goiânia. Fonte: SEGPLAN, 2011. Destaca-se ainda a importância de Aparecida de Goiânia na economia do Estado. Participou com 6,9% do Valor Adicionado - VA estadual de serviços em 2009, colocando o Município em segundo lugar no ranking estadual conforme esta componente, sendo que a atividade tinha peso de 75,2% na estrutura municipal. Os destaques em 2009 ficaram por conta de atividades imobiliárias e aluguéis, comércio e alojamento e alimentação (SEGPLAN, 2011). c) 6.646,04 Infraestrutura O espaço urbano constitui-se, além dos espaços edificados e livres, das redes de infraestrutura as quais colaboram com os aspectos relacionados à qualidade de vida das pessoas, ao desenvolvimento econômico, a segurança, a proteção e conservação do meio ambiente natural. O sistema de redes de infraestrutura urbano, segundo suas funções, é formado de acordo com 3 Valor adicionado a preço básico é a diferença entre o Valor Bruto da Produção, medido a preços do produtor, e o Consumo Intermediário, mensurado a preços de mercado. 150 Mascaró (2005) por quatro subsistemas: subsistema sanitário, subsistema energético, subsistema viário e subsistema de comunicação. Mascaró (2005) inclui no subsistema sanitário duas redes simétricas e opostas: a rede de abastecimento de água potável e a rede de esgoto. No entanto o governo federal, para fins de desenvolvimento de políticas públicas de saneamento, considera ainda como componentes deste subsistema o manejo das águas pluviais e o manejo dos resíduos sólidos. O sistema viário é aquele que está diretamente vinculado ao usuário, portanto os problemas apresentados por este se torna mais evidente. Alem disto ocupa uma parcela importante do solo urbano, entre 20 a 25% da área dos parcelamentos, apresenta dificuldade de expansão de capacidade, pois se vincula, geralmente, a um espaço confinado entre edifícios e possui alto custo de execução (MASCARÓ, 2005). As questões ambientais são relevantes em relação a este subsistema devido à supressão de vegetação, movimentos de terra necessários à sua implantação e à impermeabilização a que submete o solo. O sistema energético se constitui por duas redes básicas: a de energia e a de gás, sendo que, em relação a esta última, no Brasil, não há disponibilidade de atendimento direto domiciliar, pois este está vinculado à logística de entrega via compartimentação em vasilhames específicos. A rede elétrica pode ser aérea ou subterrânea sendo a primeira a mais utilizada devido ao menor custo em relação à subterrânea. Atualmente cresce em importância o subsistema de comunicação, pois a difusão da tecnologia de transmissão de dados requer a expansão e a especialização desta rede. Ainda segundo Mascaró (2005) as deficiências dos serviços de infraestrutura reduzem a qualidade de vida e prejudicam a produtividade, diminuindo a renda das pessoas. Segundo este autor, o serviço de provimento de energia elétrica relaciona-se, principalmente, às atividades das pessoas enquanto a água encanada e coleta de esgotos são fundamentais a sua saúde. Estudos apontam que, ao nível da habitação e/ou do lote, a transmissão de doenças exacerba-se devido ao fato de as pessoas, além de pobres, estarem sujeitas à má nutrição e a condições de moradia em áreas destituídas de um mínimo de infraestrutura básica (ACIOLY, 1998). No Município de Aparecida de Goiânia o censo IBGE 2010 apurou, em relação às condições de infraestrutura de saneamento básico, que dos 136.382 domicílios particulares permanentes ocupados: 78.422 são atendidos por rede geral de distribuição de água, o que representa em termos percentuais a 57,50% dos domicílios, indicando que as condições, nos dez anos que sucederam o censo de 2000, não apresentaram melhora significativa. Do total dos domicílios ocupados 55.826, domicílios são atendidos por poço ou 151 nascente na propriedade e os demais por alguma outra forma como carro pipa, água da chuva armazenada (IBGE, 2012). 132.867 domicílios possuem banheiro e algum sistema de esgotamento sanitário. Destes 25.020 são atendidos por rede geral de esgoto ou rede pluvial (18,83%), 23.890 possuem fossa séptica (17,98%), 83.669 possuem fossa rudimentar (62,97%) e o restante dos domicílios, ou seja, 288 de alguma outra forma (0,22%) (IBGE, 2012). Comparando os dados dos censos de 2000 e 2010 depreende-se que em relação à componente esgotamento sanitário não houve avanços significativos para a melhoria do atendimento à população. 135.631 domicílios possuem coleta de lixo, o que representa 99,44% do total de domicílios particulares permanentes. Destes, 128.533 por serviço de limpeza (94,24%) e 7.098 (5,20%) em caçamba de serviço de limpeza. Os restantes 751 domicílios (0,55%) têm outro destino do lixo não especificado (IBGE, 2012). o que os desclassifica sob os critérios de atendimento de infraestrutura. Nesta componente percebe-se uma melhora significativa no atendimento desta componente. O manejo das águas pluviais refere-se à rede de drenagem e tem importância fundamental no planejamento das cidades, dado que consiste no controle do escoamento das águas de chuva, para evitar os efeitos adversos que podem representar sérios prejuízos à saúde, à segurança e ao bem estar da sociedade. Tal rede de drenagem contempla pavimentação de ruas, implantação de redes superficial e subterrânea de coleta de águas pluviais e destinação final de efluentes (IBGE, 2010). Em Aparecida de Goiânia esta rede resume-se à pavimentação de ruas, inexistindo as demais componentes superficiais (sarjetas, bocas de lobo) e subterrâneas (caixas de ligação, poços de visita e galerias). Esta condição faz com que ocorram alagamentos em diversos pontos da área urbana, mesmo em áreas onde não seria provável a ocorrência de tais alagamentos, nos meses críticos de chuvas (setembro a março) causando transtornos e riscos para a população. A disposição final dos resíduos sólidos é realizada atualmente em um aterro sanitário, criado em 2002. Ocupa 100 hectares e teve seu início como um lixão, caracterizado pela simples descarga do lixo sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. Atualmente as lagoas de tratamento de efluentes deste aterro sanitário localizam-se em um nível de aproximadamente 50 metros acima do nível do córrego Santo Antonio e numa distancia de 100 metros. Estudos de impactos ambientais provocados por efluentes do aterro sanitário devem ser empreendidos, pois de acordo com estudos já realizados foi observado possível comprometimento da qualidade da água do córrego Santo Antônio (OLIVEIRA et al, 2008). 152 No contexto da pobreza relacionada à ausência de serviços de infraestrutura básica, os dados do IBGE (2012) demonstram que em Aparecida de Goiânia 76,4% da população residente em domicílios particulares, que percebe rendimentos médios mensais per capita de até ½ salário mínimo, apresenta carência no atendimento dos serviços de saneamento básico, fato que coloca esta componente como um dos graves problemas socioambientais a serem enfrentados pelo município. O sistema viário de Aparecida de Goiânia constitui-se, basicamente, por vias urbanas com leito carroçável (destinado ao trânsito de veículos) e passeio (destinados ao trânsito de pedestres), não havendo uma especialização do sistema no sentido da qualidade do atendimento aos cidadãos. Ou seja, os pavimentos dos leitos não resistem às cargas e às intempéries, resultando em fragmentação do material (buracos, rachaduras e descolamento do pavimento). As calçadas não possuem qualidade e continuidade dos seus pavimentos, não há sinalização vertical ou horizontal além de não haver adaptação para pedestres com limitações físicas e motoras, causando riscos à vida das pessoas. Outro fator a ser considerado em relação ao sistema viário, pois se agrega a este de forma física 4, refere-se à inexistência de rede de drenagem das águas pluviais o que compromete a conservação da pavimentação além de causar sérios impactos ambientais nas microbacias hidrográficas locais, como foi diagnosticado nos levantamentos do meio físico. Quanto ao atendimento de energia elétrica, dados do IBGE (2012) dão conta que 99% dos domicílios do Município recebem este serviço. A rede de distribuição é aérea desde as linhas de transmissão de alta voltagem (redes primárias – vide Mapa das Linhas de Transmissão) até a distribuição aos usuários pelas redes secundárias. Do ponto de vista ambiental, as redes aéreas representam interferência na vegetação urbana, poluição visual e riscos de descargas tanto na fiação quanto nos sistemas de transformadores associados aos postes. No que se refere aos sistemas de comunicação o censo 2010 (IBGE,2012) apurou que, dos 136.319 domicílios particulares permanentes ocupados, 131.445 são atendidos por sistema de telefonia, sendo 4.589 por telefonia fixa (3,49%), 70.911 por telefonia móvel (53,94%) e 55.945 pelos dois sistemas (42,56%). Do ponto de vista ambiental o poder público municipal deve atentar-se para o licenciamento das torres ou antenas de transmissão, pois sua localização 5 no tecido urbano deve 4 As sarjetas e bocas de lobo fazem parte do conjunto do leito carroçável. São estes elementos que conduzem a água das chuvas até a galeria de esgoto pluvial. 5 A Lei Federal nº 9.472/1997, que dispõe sobre a organização dos serviços de telecomunicações, defendeu as atribuições dos Estados, Distrito Federal e Municípios, ao disciplinar no artigo 74: A concessão, permissão ou autorização de serviço de telecomunicações não isenta a prestadora do atendimento às normas de engenharia e às leis municipais, estaduais ou do Distrito Federal relativas à construção civil e à instalação de cabos e equipamentos em logradouros públicos. 153 considerar aspectos como a salubridade da população do entorno imediato, os riscos de acidentes por descargas elétricas, a paisagem urbana, dentre outros. d) Habitação O censo 2010 (IBGE, 2012) apontou que o Município de Aparecida de Goiânia possuía 136.319 domicílios particulares permanentes ocupados, sendo mais de 99% destes localizados na área urbana, o que se justifica pelo caráter urbano de sua população. Destes 123.515 são casas (90,60%), 1.701 casas de vila ou de condomínios (1,24%), 8.190 são apartamentos (6,00%) e 2.976 (2,16%) são casas de cômodos ou de cortiços. Estas proporções indicam uma ocupação eminentemente horizontal e espraiada, com habitações unifamiliares, o que se reflete, em termos de ocupação, por baixas densidades 6 em uma grande área de solo ocupada e, no caso de Aparecida de Goiânia, uma ocupação com grandes vazios intraurbanos. A densidade populacional do Município situa-se na ordem de 1.580,27 hab/km², o que corresponde a uma densidade de 15,45 hab/ha. Faz-se esta transformação para demonstrar a baixa densidade de ocupação em relação a outros municípios em estágios mais avançados em termos de planejamento urbano, tal como Curitiba. Nesta cidade o Plano Diretor induz a densificação ao longo dos principais eixos viários estruturais onde estimula usos residenciais e comerciais a uma densidade de 600 hab/ha. Já as densidades médias, na ordem de 180 hab/ha, ocorrem nas áreas onde predominam a ocupação multifamiliar em prédios de vários pavimentos e as áreas de baixa densidade são caracterizados por habitações unifamiliares alcançando densidades de 70 hab/ha (ACIOLY, 1998). Não se pretende com estas considerações sugerir a cópia de um modelo de planejamento bem sucedido, mas sim despertar para uma reflexão acerca da ocupação do solo em bases sustentáveis, sendo a densidade um aspecto ligado à eficiência e provisão dos serviços urbanos. Outro aspecto relacionado à habitação refere-se às demandas sociais deste componente. Estudos recentes 7 dão conta de que 26,31% da população possui rendimentos de até 1 salário mínimo 8, 32,75% rendimentos de até 3 salários mínimos e 32,90% não percebem rendimentos (IBGE, 6 A densidade representa um referencial importante para se avaliar tecnicamente e financeiramente a distribuição e consumo de terra urbana, infraestrutura e serviços públicos em uma área residencial. Em princípio, especialistas em habitação têm assumido que, quanto maior a densidade, melhor será a utilização e maximização da infraestrutura e solo urbano (ACIOLY, 1998). Rogers (2001) defende também o modelo de ‘cidade densa’. Afirma que além da oportunidade social, o modelo de ‘cidade densa’ pode trazer benefícios ecológicos maiores, pois por meio de um planejamento integrado , podem ser pensadas tendo em vista um aumento de sua eficiência energética, menor consumo de recursos, menor nível de poluição e, além disto, evitar sua expansão sobre a área rural. 7 Estudos realizados no âmbito do Plano Local de Habitação de Interesse Social – PLHIS para o Município. 8 O salário mínimo no ano de 2010 era de R$ 510,00. 154 2012). Estes dados demonstram a baixa renda da população, o que leva a necessidade da inserção de parcela significativa da população nos programas de assistência dos governos, incluídos nestes os programas de habitação. Além disto, o Mapa da Pobreza e Desigualdade publicado pelo IBGE no ano de 2003 (IBGE, 2012) conclui que 38,59% da população de Aparecida de Goiânia encontrava-se em situação de pobreza. Remetendo-se este percentual para a população contada em 2010 estima-se que mais de 175.000 pessoas vivam nestas condições. Depreende-se desta forma que mais de um terço da população vive em situação de vulnerabilidade social o que induz à ocupação inadequada do solo urbano, não por opção, mas por condição socioeconômica, e toda sorte de problemas ambientais a ela relacionados. O estudo concluiu que o déficit habitacional básico (corresponde à somatória dos domicílios improvisados, da coabitação familiar, da habitação em cômodos e dos domicílios rústicos) foi estimado em 15.322 unidades habitacionais. Neste sentido deve-se atentar para o fato de que a localização das novas unidades deve considerar os aspectos físicos e bióticos, bem como os riscos ambientais apontados na Carta de Risco de Aparecida de Goiânia. 4.3.1.2 Características de uso e ocupação do solo municipal Embora o estado de Goiás tenha sua economia fundada nas atividades agropecuárias, o Município de Aparecida de Goiânia demonstra, atualmente, uma vocação econômica baseada nos setores de serviço e indústria o que se reflete no caráter urbano de sua população e na predominância do uso do solo municipal para fins urbanos – vide Mapa de Uso do Solo. Desta forma, a pressão para o uso e ocupação do solo se dá com maior intensidade na área urbana – onde a valorização imobiliária ocorrida nos últimos vinte anos, em função da proximidade com a Capital e de alguma melhoria das infraestruturas, fez com que os parcelamentos tenham se multiplicado. Situação que tem provocado sérios impactos ambientais como já demonstrado nos estudos de caracterização dos meios físico e biótico. Em se tratando do uso do solo rural, os dados do IBGE (2012) apontam para a predominância de pequenas a médias propriedades, com a maior área utilizada com pastagens naturais e plantadas, o que corresponde a 5.519 ha dos 6.885 ha dos estabelecimentos agropecuários conforme demonstram a Tabela 4.13 e o Figura 4.10. 155 2006 Estabelecimentos Agropecuários Utilização de Terras - Estabelecimentos -Total (número) 197 Utilização de Terras em Lavouras Permanentes - Estabelecimentos (número) 60 Utilização de Terras em Lavouras Temporárias - Estabelecimentos (número) 92 Utilização de Terras em Pastagens Naturais - Estabelecimentos (número) 77 Utilização de Terras em Pastagens Plantadas - Estabelecimentos (número) 86 Utilização de Terras em Matas Naturais- Estabelecimentos (número) 61 Utilização de Terras em Matas Plantadas - Estabelecimentos (número) 2 Utilização de Terras - Área Total (ha) 6.885 Utilização de Terras em Lavouras Permanentes - Área (ha) 148 Utilização de Terras em Lavouras Temporárias - Área (ha) 178 Utilização de Terras em Pastagens Naturais - Área (ha) 1.796 Utilização de Terras em Pastagens Plantadas - Área (ha) 3.672 Utilização de Terras em Matas Naturais - Área (ha) 774 Utilização de Terras em Matas Plantadas - Área (ha) - Tabela 4.13: Proporção de usos de terras com atividades rurais em número e área para Aparecida de Goiânia. Fonte: SEGPLAN; SEPIN; IBGE, 2012. Matas Naturais Pastagens Plantadas Pastagens Naturais 1 Lavouras Temporárias Lavouras Permanentes Utilização de Terras - Área Total (ha) 0 2.000 4.000 6.000 8.000 Figura 4.10: Gráfico dos usos da terra com atividades rurais no Município de Aparecida de Goiânia. Fonte: SEGPLAN; SEPIN; IBGE, 2012. 156 A área urbana ocupa, em geral, terrenos planos (conforme demonstrou o Mapa de Declividade) na porção territorial localizada 9 a nordeste (AP-NO) e a noroeste (AP-NE), justamente na direção do Município de Goiânia com o qual se encontra conurbado em, praticamente, dois terços do limite Municipal. Nos demais quadrantes, AP-SO e AP-SE se observa ocupação urbana em parte de suas áreas e ocupação rural e por vegetação remanescente nas restantes (Figura 4.11). Ressalta-se o fato destas áreas (localizadas nos quadrantes ao sul) possuírem grande quantidade de recursos hídricos (Figura 4.11), seus solos apresentarem características de fragilidade potencial com relevo acidentado e declividades que podem chegar a valores superiores a 20%. Por estas razões são áreas que devem ser ocupadas de forma especial. Em geral, na área urbana há ocupação de fundos de vale o que proporciona riscos tanto do ponto de vista ambiental, quanto do social. 4.3.1.3 Diagnóstico a partir dos aspectos de uso do solo O Mapa de Uso do Solo foi elaborado considerando os usos gerais, compatíveis com a escala de apresentação 1:20.000 indicada pelo Termo de Referência. São eles: agricultura, pastagem, vegetação remanescente e área urbana. As áreas identificadas solo exposto na área rural estão, possivelmente, relacionadas às atividades de agricultura. A partir da interpretação das variáveis analisadas, ou seja, aspectos socioeconômicos e uso do solo em relação à espacialização dos usos pode-se concluir e indicar ações no seguinte sentido: • O dinamismo demográfico e econômico das atividades urbanas aponta para a necessidade de se estabelecer regras mais rigorosas para o uso do solo bem como fiscalização e controle; • Adoção de medidas corretivas para as situações de risco ambiental (erosões, assoreamentos, inundações) e risco social (pobreza e desigualdade) encontradas no Município; • Contenção do avanço da área urbana sobre a rural na busca de uma ocupação mais densa e menos invasiva nos sistemas ecológicos remanescentes com vistas à preservação dos recursos hídricos; • Investimento em infraestruturas de saneamento básico, componente ligada à preservação ambiental e a saúde da população; 9 De acordo com os quadrantes propostos na metodologia apresentada para a elaboração dos estudos técnicos da Carta de Risco de Aparecida de Goiânia. 157 • Adoção das medidas necessárias e indicadas nos demais estudos de caracterização do Município. A proposição de ações abrangentes é indicativa para o desenvolvimento de planos, programas e projetos na esfera do planejamento urbano municipal com vistas à sustentabilidade sócio-ambiental. Figura 4.11: Mapa de Uso do Solo de Aparecida de Goiânia e legenda 158 4.3.2 Dinâmica do crescimento da área urbana O município foi criado pela Lei 4.427 de 14 de novembro de 1963, a partir de área desmembrada do Município de Goiânia. O histórico da ocupação do seu território remonta, no entanto a década de 1920, com a fundação do arraial de Aparecida de Goiânia a partir da doação de terras por alguns fazendeiros da região para a construção de uma Igreja. Daí em diante a ocupação ocorre segundo uma lógica pautada pela construção da nova Capital do Estado de Goiás, como demonstra o Quadro 4.14 a seguir. Quadro 4.14: Histórico da ocupação do território. • Com a construção da capital, algumas glebas do que hoje é o território de Aparecida de Goiânia foram transferidas aos empreiteiros como parte do pagamento pelos serviços prestados em Goiânia; • Na década de 50 inicia-se o processo de parcelamento nas terras de Aparecida, então distrito de Goiânia; • Mesmo com a fixação de algumas famílias próximo às jazidas de saibro, cascalho, brita e areia, estimulada pela crescente demanda da construção civil em Goiânia, a ocupação do território ainda era muito incipiente; • Na década de 60, com a construção de Brasília, o estado de Goiás sofre um significativo movimento de migração vindo principalmente do norte e nordeste; • Em 1963 Aparecida de Goiânia se emancipa; • Com o fluxo migratório, Goiânia começa a sofrer uma pressão no processo de ocupação, e, visando resguardar um ambiente urbano qualificado, é elaborada a Lei de Parcelamento de 1971, que definia regras restritivas para o parcelamento e ocupação do solo da capital • A doação de áreas públicas, a especulação imobiliária e assentamos promovidos pelos Governos do Estado e pela Prefeitura agravam o quadro da ocupação urbana de Aparecida de Goiânia, nas décadas de 1980 e 1990. • À época da elaboração do Plano (final da década de 1990 e início de 2000), a zona urbana de Aparecida de Goiânia, segundo o Diagnóstico, era ocupada por 229 bairros e setores com apenas 32% dos lotes cadastrados ocupados. Aparecida de Goiânia é o grande exemplo de um espaço urbano de ocupação dispersa e marcada por grandes vazios. Fonte: Avaliação dos Planos Diretores Participativos dos municípios do Estado de Goiás (UFRJ, 2009). Percebe-se que o contexto da ocupação urbana de Aparecida de Goiânia não difere da realidade da maioria dos municípios brasileiros, ou seja, ocupação desordenada e desconectada de políticas públicas, desrespeitando questões socioambientais, com a atuação evidente da especulação imobiliária e a omissão do poder público perante o avanço das forças econômicas e em detrimento das reais demandas sociais. 159 Outra questão evidenciada refere-se à ocupação do município, vinculada à metrópole, Goiânia, e ao modelo de expansão urbana da capital, definido pelo Plano de Desenvolvimento Integrado de Goiânia (PDIG) de 1971 e pelos demais que se seguiram, os quais conduziram o crescimento da malha urbana no sentido sul / sudeste, fazendo com que a capital transbordasse de forma intensa, até o ano 2000, para os municípios localizados nestas direções, notadamente os Municípios de Aparecida de Goiânia e Trindade, sendo que em relação à Aparecida, o processo de conurbação, iniciado da década de 1980 e intensificado no final da década de 1990 com o aporte investimentos do mercado imobiliário, já se encontra consolidado (LIMA; MOYSÉS, 2009). Além da vinculação à metrópole, a origem dos problemas remonta a década de 50, quando se inicia o processo de parcelamento nas terras de Aparecida, até então Distrito de Goiânia 10. Na década de 60, com a construção de Brasília, o Estado sofre um significativo movimento de migração vindo do Norte e Nordeste do País, cujo principal destino foi Goiânia, pressionando a ocupação de seu entorno, notadamente as áreas localizadas em Aparecida de Goiânia, em face do menor valor de mercado de terras relativamente urbanizadas e próximas de uma infraestrutura instalada. A Figura 4.12 demonstra o histórico de parcelamento do território a partir de 1922, que corrobora as informações acerca da ocupação do entorno da Capital. Observa-se que o núcleo inicial, datado de 1922, está distante do parcelamento posterior, de 1935 à 1963, que por sua vez encontrase no limite entre Aparecida de Goiânia e a Capital. Depreende-se ainda que, embora na época posterior, ou seja, de 1963 a 1980 não houvesse contingente populacional que justificasse a expansão dos parcelamentos, isto ocorreu em, praticamente, todo o restante do território municipal. Se forem comparadas as Figuras 4.12 e 4.13 observar-se-á que a ocupação urbana restringe-se aos limites do parcelamento do período anterior (1935 – 1963), com poucos acréscimos. Somada a esta realidade, a inexistência de uma política de urbanização responsável e de uma atuação do poder público – articulada com outras políticas para suprir as necessidades habitacionais da população de menor poder aquisitivo – agravou as condições de ocupação do território urbano. Parcelamentos ocorreram à revelia do poder público formando uma malha urbana extensa e desarticulada, e com uma disponibilidade de lotes além da demanda real. Consequentemente, a ocupação ocorreu de maneira desordenada e predatória envolvendo muitas vezes áreas impróprias para urbanização. 10 O município foi emancipado no ano de 1963. 160 LEGENDA 1922 – Fundação da cidade 02/08/1935 a 13/12/1963 d 14/11/1963 a 18/12/1980 d 19/12/1980 a 04/04/1990 d 05/04/1990 d Figura 4.12: Mapa do histórico do parcelamento e situação fundiária. Fonte: Plano Diretor, 2001. Figura 4.13: Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia, até 1985, sobre imagem obrital LandSat. 161 Figura 4.14 - Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia, em 1995, sobre imagem obrital LandSat. A Figura 4.14, que representa a ocupação urbana do território até 1995 demonstra a evolução da ocupação, a qual ainda nesta década não abrange a totalidade do território parcelado até 1995, como demonstra a Figura 5, deixando grandes vazios urbanos entre as faixas já ocupadas que se localizam ao norte do município, em conurbação com Goiânia e ao sul ao longo da Av. Independência e sua continuação na Av. Perimetral. Percebe-se ainda que ao longo do trecho do Anel Viário que corta o município também ocorreu uma faixa intermediária de ocupação, entre o norte e o sul. Em 2005 (Figura 4.15) consolida-se a conurbação entre o município e a Capital e o processo de ocupação do restante do território segue interiorizando-se, mas ainda apresenta vazios urbanos significativos. Em 2011 (Figura 4.16) a situação da ocupação urbana não apresenta aumento significativo em relação ao período anterior. 162 Figura 4.15 - Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia, em 2005, sobre imagem obrital LandSat. Figura 4.16: Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia, em 2011, sobre imagem obrital LandSat. 163 A principal consequência do histórico da ocupação do município de Aparecida de Goiânia é a segregação social que, por sua vez, ocasiona uma demanda insustentável por serviços e infraestrutura pública, e assim uma pressão social sem respostas satisfatórias por parte da administração pública, fragilizando a credibilidade de qualquer ação política. No contexto da RMG, Aparecida de Goiânia foi o Município que mais recebeu pessoas de municípios da própria Região Metropolitana, o que representou 60,5% do total apurado na Região. Isso sugere que ou as pessoas estão saindo de Goiânia em direção à periferia, onde o custo de vida torna-se mais baixo, ou elas estão saindo dos municípios mais distantes do polo em direção aos mais próximos, como forma de facilitar sua mobilidade, seja para trabalho seja para estudo. O que acarreta a ocorrência de todo o tipo de ocupações em áreas urbanas, notadamente, aquelas classificadas como precárias ou subnormais. O processo de ocupação de Aparecida de Goiânia ainda está diretamente vinculado às taxas elevadas de crescimento populacional dos municípios da Região Metropolitana de Goiânia – RMG, muitas destas superiores à da cidade polo, Goiânia o que pode ser explicado a partir de três considerações: [...] a população metropolitana cresce em função do poder de atração que a capital do Estado exerce, devido às ofertas de serviços e possibilidades de trabalho, tanto no setor formal quanto no setor informal da economia; novos contingentes populacionais são atraídos pela dinâmica urbana de Goiânia, porém, a maioria vai localizar-se nos municípios do entorno da capital; e, finalmente, a manutenção da taxa de crescimento da população metropolitana durante a década de 1990 (e no período posterior) atesta a existência de uma grande mobilidade interna, ou seja, a transferência de pessoas de um município para o outro tem sido uma constante durante esse período (LIMA; MOYSÉS, 2009) Grifo nosso. A evolução da ocupação urbana foi construída a partir da interpretação visual de imagens de satélite LandSat referentes aos anos de 1985, 1995, 2005 e a Ortofoto digital produzida em 2011. A Figura 4.17 demonstra a evolução da ocupação a partir das análises das imagens do período de 1985 a 2011. 164 Figura 4.17 Ilustração do Mapa de Ocupação Urbana do município de Aparecida de Goiânia no período 1985 a 2011, sobre ortofoto digital em formato A0. 4.3.4 Áreas de usos especiais 4.3.4.1 Unidades de Conservação Unidades de Conservação, segundo a Lei Federal n° 9.985/2000 que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação – SNUC, são espaços territoriais e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídos pelo Poder Público, municipal, estadual ou federal com objetivos de conservação e limites definidos, sob regime especial de administração, ao qual se aplicam garantias adequadas de proteção. Segundo referida Lei, as Unidades de Conservação são subdivididas em dois grupos: Unidades de Proteção Integral, cujo objetivo básico é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei e; Unidades de Uso Sustentável cujo objetivo básico é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. 165 O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de unidade de conservação: Estação Ecológica, Reserva Biológica, Parque Nacional, Monumento Natural, Refúgio de Vida Silvestre. Os objetivos e definições de cada categoria estão expressos na Lei 9.985/2000. Destaca-se, dentre as categorias das Unidades de Preservação Integral, a figura do Parque Nacional que tem como objetivo básico a preservação de ecossistemas naturais de grande relevância ecológica e beleza cênica, possibilitando a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de turismo ecológico. Suas terras são de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei. As unidades dessa categoria, quando criadas pelo Estado ou Município, serão denominadas, respectivamente, Parque Estadual e Parque Natural Municipal. Das Unidades de Uso Sustentável, destacam-se as seguintes categorias de unidade de conservação: Área de Proteção Ambiental, Área de Relevante Interesse Ecológico, Floresta Nacional, Reserva Extrativista, Reserva de Fauna, Reserva de Desenvolvimento Sustentável, e Reserva Particular do Patrimônio Natural. As unidades de conservação são criadas por ato do Poder Público. Sua criação deve ser precedida de estudos técnicos e de consulta pública que permitam identificar a localização, a dimensão e os limites mais adequados para a unidade, conforme se dispuser em regulamento. No Município de Aparecida de Goiânia foram identificadas como Unidades de Conservação, criadas por lei, os seguintes espaços territoriais: Quadro 4.15: Unidades de Conservação do Município de Aparecida de Goiânia. Unidade de Conservação Parque Municipal Serra das Areias Parque Municipal Tamanduá Parque Alto Paraíso Parque da Criança Lei de criação / Data Criado pala Lei Municipal n° 2.018 de 23/11/1999, delimitado pelo Decreto Municipal “N” n° 391 de 24/11/2009 o qual regulamenta e retifica o Decreto Municipal n° 909 de 04/06/2004. Parque Ecológico Municipal do Tamanduá - Lei Municipal n° 2.435 de 12/01/2004. Parque Municipal Ecológico Paraíso - Lei Municipal n° 2.731 de 23/04/2008. Parque Municipal da Criança- Lei Municipal n° 2.731 de 23/04/2008. Fonte: Legislação Municipal. 166 Da análise da legislação da criação das Unidades de Conservação no Município, depreende-se que há incongruências na denominação dos parques em relação à legislação federal vigente, o que poderá vir causar problemas, do ponto de vista legal, no processo de implementação das Unidades. A Lei Federal n° 9.985/2000 estabelece que, no caso de Parques criados pelo poder público Municipal a nomenclatura a ser utilizada é de “Parque Natural Municipal”, cujos objetivos e usos são especificados por esta Lei e os quais devem ser compatíveis no nível municipal, com o que se supõe adequado, para cada Unidade. Além de questões nominais faz-se necessário a adequação dos dispositivos legais de criação dos Parques Municipais aos demais aspectos da Legislação Federal vigente 11, bem como às Resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA, no que se refere às características de uso pretendidas para cada Unidade e ao uso do solo do seu entorno. No caso específico do Parque Municipal Serra das Areias, tendo em vista as características físicas (geologia, geomorfologia, hidrografia, hidrogeologia) e bióticas (flora) apontadas nos estudos da Carta de Risco de Aparecida de Goiânia, destaca-se a necessidade de uma avaliação técnica e jurídica acerca da definição da área como um Parque. Tendo em vista a fragilidade ambiental da área, há a necessidade de que a Unidade de Conservação instituída garanta, do ponto de vista legal, instrumentos rigorosos de proteção dos recursos naturais, o que seria possível a partir da transformação deste Parque Municipal em uma Estação Ecológica ou de Reserva Biológica, cujas condições de uso e ocupação são mais restritivas. Além das Unidades instituídas por Lei Municipal, existem duas outras as quais não possuem até o momento dispositivos legais de criação, mas que foram indicadas pela Prefeitura Municipal como possíveis UC’s. São elas: Bosque do Colina Azul e Bosque Alvaluz. Do ponto de vista da localização das Unidades de Conservação no território municipal estas se encontram dispersas, isoladas e desarticuladas espacialmente entre si. Além disto, a dimensão de suas áreas, em relação à totalidade territorial do município, não é significativa, o que restringe sua abrangência e eficiência no que se refere aos serviços ambientais e a preservação da biodiversidade, com exceção do Parque Municipal Serra das Areias. 11 Lei n. 6.938, de 31/08/1981, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente, Lei n. 9.985, de 18/07/2000, que regulamenta as disposições do artigo 225 da Constituição Federal e demais dispositivos complementares tais como Resoluções CONAMA e Decretos regulamentadores. 167 Analisando a localização do Parque Ecológico Municipal do Tamanduá, do Parque Municipal da Criança e do Bosque Alvaluz, verifica-se que estes se encontram às margens do Córrego Tamanduá, havendo a possibilidade de se proporcionar a partir da recomposição florística da Área de Preservação Permanente do córrego, um corredor ecológico como uma forma de minimizar os efeitos negativos da fragmentação territorial 12 das áreas verdes abrangidas pelos parques. O mesmo raciocínio aplica-se à integração do Parque Alto Paraíso e do Bosque do Colina Azul com o Parque Municipal Serra das Areias. No que se refere às recomendações sobre a quantidade de áreas verdes entremeando as áreas urbanas, a Organização Mundial de Saúde – OMS aponta o mínimo de 12 m² de área verde por habitante (GOUVÊA, 2002). Assim para Aparecida de Goiânia haveria a necessidade de mais de 5.000.000 de m² de áreas verdes permeando a malha urbana. 4.3.4.2 Cemitérios Os cemitérios nunca foram incluídos nas listas de fontes tradicionais de contaminação ambiental, apesar da existência de alguns relatos históricos em Berlim e Paris na década de 70, constatando que a causa de epidemias de febre tifoide estava diretamente ligada ao posicionamento a jusante de fontes de água, como aquíferos freáticos e nascentes, dos cemitérios. No Brasil, são inúmeros os casos de áreas contaminadas divulgados ao público nos últimos anos (SILVA; FILHO, 2008). O necrochorume, produzido durante a putrefação, pode entrar em contato com as águas subterrâneas, principalmente em áreas com intensa precipitação pluviométrica e com o nível do lençol freático próximo à superfície, num período que pode demorar de 1 a 4 semanas (PACHECO, 1986 apud BRAZ et al) ou, ainda, segundo Silva (1994) apud Braz et al , de 6 a 8 meses. 12 A fragmentação territorial é um conceito simples e intuitivo; trata-se da divisão de uma mancha do habitat em partes pequenas, inclui também a transformação e destruição do habitat. As consequências negativas da fragmentação territorial materializam-se em consequências abióticas e bióticas: desertificação e incremento da erosão de solo, vulnerabilidade dos habitats às alterações climáticas ou na extinção de espécies (PEREIRA et al, 2007). 168 Os impactos causados na qualidade de águas superficiais e, principalmente, subterrâneas, além da contaminação do solo estão diretamente relacionados à localização inadequada destes equipamentos nos territórios municipais. Esta localização refere-se tanto as condições geológicas quanto as condições de ocupação antrópica já existente ou futura, no caso do crescimento das áreas urbanas. Em 2003 o Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA – promulgou a Resolução nº 335 que dispõe sobre o licenciamento ambiental de cemitérios horizontais e verticais a serem implantados no Brasil. A partir de então, os órgãos ambientais estaduais passam a ter a obrigação de licenciar e, portanto, fiscalizar a implantação de novos cemitérios. Em 2006, foi promulgada a Resolução do CONAMA nº 368, que altera dispositivos nos artigos 3º e 5º da Resolução nº 335. Estas resoluções definem condições para a localização dos cemitérios, ressaltando-se os dispositivos que proíbem a instalação dos mesmos em Áreas de Preservação Permanente. Ainda define que a área prevista para a implantação do cemitério deverá estar a uma distância segura de corpos de água, superficiais e subterrâneos, de forma a garantir sua qualidade, de acordo com estudos apresentados e a critério do órgão licenciador. As referidas resoluções estabelecem exigências na elaboração dos projetos de implantação, como forma de garantir a decomposição normal do cadáver e proteger as águas subterrâneas da infiltração do necrochorume. Essas exigências devem ser apresentadas durante as três fases do processo de licenciamento ambiental: na fase da Licença Prévia (LP), na fase da Licença Instalação (LI) e na fase da Licença Operação (LO). Em Aparecida de Goiânia há três cemitérios instalados: Cemitério Jardim Boa Esperança, localizado ao leste da rodovia BR-153 em área periférica com baixa densidade de ocupação urbana; Cemitério Municipal localizado a oeste da BR-153 no Centro de Aparecida de Goiânia e; Cemitério Jardim da Paz, localizado também a oeste da rodovia e em condição de alto risco de contaminação dos recursos hídricos, pois se encontra às margens do córrego da Pipa (Figura 4.18). 169 Cemitério Jardim da Paz Figura 4.18: Localização do Cemitério Jardim da Paz, ás margens do Córrego da Pipa. Fonte: Mapa das áreas de usos especiais. Há necessidade de especial atenção dos órgãos ambientais municipais no sentido de monitorar a qualidade dos corpos hídricos de superfície e os subterrâneos e fiscalizar as medidas adotadas para a contenção da percolação do necrochorume, exigindo medidas preventivas, mitigadoras e compensadoras acerca do que preconiza a legislação vigente, além de utilizar os recursos da Carta de Risco do Município no licenciamento de novos empreendimentos desta natureza. 4.3.4.3 Disposição final de resíduos sólidos A ausência de coleta pública do lixo domiciliar e urbano em geral, bem como sua adequada disposição final, representa um dos grandes problemas ambientais nas cidades brasileiras Dentre as várias formas de descarte dos resíduos sólidos, pode-se destacar os lixões, aterros controlados e os aterros sanitários, sendo este último a forma mais correta 170 para o destino final dos resíduos urbanos, excetuando-se aqueles que podem ser reciclados (SILVA, 2012). O aterro é um método de disposição e tratamento no qual o “lixo” é disposto em camadas sobre o solo, geralmente em cavas dimensionadas (células), e posteriormente revestidas com solo, fazendo com que a decomposição ocorra em um ambiente confinado. A diferença básica entre aterro controlado e sanitário consiste na inexistência, no caso do aterro controlado, de sistemas de coleta e tratamento de chorume e queima do biogás gerado pela decomposição do lixo. Segundo Tozetto (2008): Os principais impactos ambientais causados por aterros sanitários têm como causa a formação de gases e de lixiviado, também denominado líquido percolado, efluente líquido de aterros sanitários ou ainda chorume, denominação esta mais popular, compostos provenientes da infiltração, percolação de água no maciço e da biodegradação e lixiviação dos resíduos sólidos. Entre estes impactos podem ser citados incêndios e explosões, danos à vegetação, odores desagradáveis, poluição das águas subterrâneas, poluição do ar e aquecimento global. Neste sentido, os impactos mais visíveis bem como os riscos ambientais relacionados são: contaminação do solo, da atmosfera, dos recursos hídricos e perda de vegetação além de consequências para a saúde da comunidade, notadamente daquela localizada no entorno imediato da área. O projeto, construção e operação de aterros devem pautar-se pela legislação ambiental vigente, resoluções do CONAMA e normas técnicas editadas pela ABNT. Além disto, o Município deve adequar-se à Lei 12.305/2010, da Política Nacional de Resíduos Sólidos, a qual institui parâmetros a serem atingidos com vistas à sustentabilidade ambiental. O Aterro Sanitário de Aparecida de Goiânia, localizado a leste da rodovia BR-153, foi criado em 2002 e ocupa aproximadamente 100 hectares. Inicialmente caracterizava-se como um lixão onde se realizava simples descarga do lixo sobre o solo, sem medidas de proteção ao meio ambiente ou à saúde pública. As lagoas de tratamento de efluentes deste Aterro Sanitário localizam-se em um nível de aproximadamente 50 metros acima do nível do córrego Santo Antônio e numa distância 171 de, aproximadamente, 100 metros do mesmo. Segundo estudos realizados (OLIVEIRA et al, 2008; NARCISO; GOMES, 2005), foi constatado comprometimento da qualidade da água do aquífero próximo ao Aterro, o que pode interferir na qualidade da água de toda a bacia na qual se insere o referido córrego. Figura 4.19: Localização do Aterro Sanitário de Aparecida de Goiânia. Fonte: Mapa das áreas de usos especiais. Alerta-se ainda o fato da existência de loteamentos no entorno da área do aterro, o que não é recomendável considerando a abrangência dos riscos ambientais da atividade e o impacto social que a mesma pode ocasionar. 4.3.4.4 Distritos industriais O Município de Aparecida de Goiânia possui, atualmente, cinco polos industriais criados pela legislação municipal em vigor (Quadro 4.16). Os aspectos de zoneamento e uso e ocupação do solo para fins industriais, instruídos pela legislação municipal, apontam que as áreas industriais de qualquer porte, de comércio e serviços de médio e grande porte localizar-se-ão nas ZONAS DE ATIVIDADES ECONÔMICAS I e II, na ZONA INDUSTRIAL e na ZONA DE INFLUÊNCIA DA RODOVIA E ANEL VIÁRIO. A legislação municipal indica ainda que o devido processo de licenciamento das referidas atividades estão sujeitas a analises de impactos ambientais (APARECIDA DE GOIÂNIA, 2002). 172 Quadro 4.16: Distritos industriais criados por Lei Municipal. ÁREA INDUSTRIAL LEI DE CRIAÇÃO / DATA LOCALIZAÇÃO DIMAG – Distrito Industrial Municipal de Aparecida de Goiânia Lei Municipal n° 1.470/1995. Jardim Eldorado. Polo Empresarial Lei Municipal n° 1.624/1997 DAIAG – Distrito Agroindustrial de Aparecida de Goiânia Esquerda da BR-153 e à margem do Anel Viário; limita-se com os loteamentos Solar das Candeias, Jardim Copacabana, Setor Santo André, Jardim Ametista, Setor Industrial Santo Antônio, dentre outros. Lei Municipal n° 1.849/1998 Não consta na Lei de criação. Lei Municipal n° 1.849/1998 Próximo ao Jardim Eldorado. Adjacente à área do Aterro Sanitário. Parque Industrial Aparecida Polo Municipal de Reciclagem Fonte: Aparecida de Goiânia, 2012. Figura 4.20: Localização dos polos industriais de Aparecida de Goiânia. Fonte: Mapa das áreas de usos especiais. Considerando os aspectos ambientais da localização dos Distritos Industriais de Aparecida de Goiânia vale destacar que os Distritos estão instalados em áreas com abundância de recursos hídricos, cuja proximidade com os corpos d’água podem causar graves impactos ambientais. Deve-se, portanto, nos processos de licenciamento, considerar as orientações gerais da Carta de 173 Risco para a qualificação física (relevo, geologia, geomorfologia, pedologia) e biótica das áreas verificando-se a compatibilidade entre estas e as atividades econômicas propostas. Além disto, deve haver em âmbito municipal, adequação dos dispositivos legais, principalmente daqueles relacionados ao meio ambiente no sentido de intensificar as ações de licenciamento, fiscalização e controle das atividades potencialmente poluidoras e impactantes. 4.3.4.5 Mineração O Município de Aparecida de Goiânia tem como principal aptidão mineral a ocorrência de micaxisto, explorado para produção de brita em quatro unidades de beneficiamento. As quatro pedreiras juntas têm uma produção estimada de 300.000 t/mês, e atendem principalmente aos mercados de Goiânia e Aparecida de Goiânia (Figura 4.21). Figura 4.21: Vista panorâmica da Pedreira Anhanguera/Izaíra, situada na folha AP-NE. Fonte: Ortofoto Digital de Aparecida de Goiânia. Topocart, 2011. 174 Figura 4.22: Localização das áreas de pedreiras no Município de Aparecida de Goiânia. Adaptado. Fonte: Mapa das áreas de usos especiais. As áreas de exploração de agregados para construção civil em Aparecida de Goiânia situamse a leste do território municipal. São quatro áreas, relativamente próximas entre si, em área periférica e com características de ocupação mista – residencial, industrial. Observa-se que os loteamentos para fins residenciais avançam em direção às pedreiras, o que do ponto de vista da segurança e conforto das populações, não é recomendável. Os conflitos entre as atividades de mineração e as populações circunvizinhas a estes empreendimentos nas áreas urbanas relaciona-se de forma intrínseca ao processo de explosão do crescimento das áreas urbanas. Tanto as mineradoras – que conduzem as atividades de lavra sem cuidados específicos em relação à segurança e ao conforto ambiental das populações do entorno, muitas vezes descumprindo leis e normas – quanto os agentes da produção do espaço urbano – que agem descumprindo Leis municipais de uso e ocupação – e o próprio poder público por incapacidade institucional nos processos de aprovação e fiscalização dos processos instalados nos municípios, ou por não promoverem a edição de dispositivos legais abrangentes, são corresponsáveis por tais conflitos (FERREIRA et al, 2006). 175 Os impactos ambientais resultantes da atividade mineral são principalmente: alteração de lençol de água subterrânea, poluição sonora, visual, da água, ar e solo, impactos sobre a fauna e a flora, assoreamento erosão, mobilização da terra, instabilidade de taludes, encostas e terrenos em geral, sobrepressão, lançamentos de fragmentos e vibrações. Dentre estes, os que mais se destacam associam-se ao desmonte de rocha com explosivos (sobrepressão, vibração do terreno e ruído), pois são os que causam maior desconforto à população de bairros residenciais próximos a pedreiras. Os efeitos da sobrepressão refletem-se nas estruturas civis através da vibração das paredes, janelas e objetos no interior das residências. Nos moradores, a percepção se expressa muito mais pelo susto no momento da detonação, do que pela interferência com as atividades diárias. No Brasil, o limite aceito para a sobrepressão é de 134 dB, de acordo com ABNT(2004). As vibrações de terreno são um subproduto inevitável de qualquer detonação. Os possíveis efeitos das vibrações, nas construções civis, se verificam através de trincas e rachaduras nas paredes e da vibração do terreno. Os moradores sentem a vibração do piso e das paredes e confundem os efeitos das vibrações do terreno com os da sobrepressão. Os limites de vibração do terreno sugeridos pela NBR 9653 (2004) são divididos em três faixas, de acordo com a frequência das ondas sísmicas, medidas através da velocidade de partícula: de 15 a 20 mm/s, para frequências abaixo de 15 Hz, de 20 a 50 mm/s, para frequências entre 15 e 40 Hz e acima de 50 mm/s, para frequências acima de 40 Hz. O ruído ocorre devido à detonação dos explosivos e pode ser ouvido a distâncias consideráveis. Os maiores efeitos do ruído, no entanto, são observados no beneficiamento, devido à sua duração e continuidade e são mais uma preocupação ocupacional dos funcionários, não atingindo diretamente a comunidade. O Departamento Nacional de Pesquisa Mineral – DNPM, por meio de Normas Reguladoras de Mineração 13 estabelece critérios e condições de segurança exigidas para processos de mineração nas proximidades de habitações (Quadro 4.17). Observa-se que não há um limite pré-estabelecido para o lançamento de fragmentos, mas que sua definição será realizada mediante estudo técnico e apresentado no Plano de Lavra do empreendimento cuja exigência fica a critério do DNPM. 13 Portaria Nº 12 , de 22 de janeiro de 2002 publicada no DOU de 29 de janeiro de 2002, que altera dispositivos do ANEXO I da Portaria nº 237, de 18 de outubro de 2001, publicada no DOU de 19 de outubro de 2001. 176 Quadro 4.17: Normas Reguladoras de Mineração – NRM Operações com Explosivos e Acessórios. Adaptado. 16.4.10 Em minas a céu aberto, próximas de habitações, vilas, fábricas, redes de energia, minas subterrâneas, construções subterrâneas e obras civis, tais como pontes, oleodutos, gasodutos, minerodutos, subestações de energia elétrica, além de outras obras de interesse público devem ser definidos perímetros de segurança e métodos de monitoramento e apresentados no Plano de Lavra ou quando exigidos, a critério do Departamento Nacional de Produção Mineral - DNPM. 16.4.11 Definidos os perímetros de segurança e respectivos métodos de monitoramento, os mesmos podem ser alterados mediante avaliação técnica, que comprove as possíveis mudanças, sem danos às estruturas passíveis de influência da atividade, submetidos à apreciação do DNPM. 16.4.12 Não devem ocorrer lançamentos de fragmentos de rocha além dos limites de segurança da mina. 16.4.12.1 Devem ser adotadas técnicas e medidas de segurança no planejamento e execução do desmonte de rocha com o uso de explosivos. 16.4.13 As detonações devem ser limitadas a um mínimo de horários determinados, conhecidos dos trabalhadores e da vizinhança da mina. 16.4.14 O monitoramento de vibrações no solo e o ruído no ar decorrentes detonações deve ser realizado nas obras civis próximas ao local de detonação e manter-se dentro dos seguintes limites máximos: a) velocidade de vibração da partícula: 15 mm/s (quinze milímetros por segundo) – componente vertical e b) sobrepressão sonora: 134 dB (A) (cento e trinta e quatro decibéis). 16.4.15 Deve ser realizado estudo para o ajuste do plano de fogo de modo a atender aos limites do item anterior (16.4.14). Fonte: DNPM, 2002. Esta indefinição de um perímetro de segurança mínimo põe em condições de fragilidade os aspectos de uso e ocupação do solo urbano por não apontar de forma técnica e explícita as condições mínimas de segurança. Há recomendações sobre níveis de segurança na NBR-9.653, da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, definida como Guia para Avaliação dos Efeitos Provocados pelo Uso de Explosivos nas Minerações em Áreas Urbanas. Neste sentido há de se considerar a pertinência da elaboração de legislação municipal que aborde esta questão com vistas a garantir a segurança das populações abrangidas por tais empreendimentos. No caso da delimitação de um perímetro de risco no entorno dos empreendimentos de mineração de agregados com desmonte por meio de explosivos, utilizou-se como referência os estudos da Carta de Risco e Planejamento do Meio Físico do Município de Goiânia, o qual aponta um raio mínimo de 300 m. 177 Existe ainda a exploração clandestina de areia de aluvião (areia lavada) no leito de mananciais como os córregos Santo Antônio e Triunfo (Fotos 4.120 e 4.121) e também de areia de sequeiro na região nordeste do Setor Madre Germana II. Além da exploração clandestina de areia, existe a lavra clandestina de cascalho em pelo menos três lugares dentro e fora da área urbana (Fotos 4.122 e 4.123). Foto 4.120: Extração clandestina (manual) de areia de aluvião, no córrego Triunfo, vendida no mercado varejista do município. Foto 4.121: Vista panorâmica do trecho do córrego Triunfo onde se observa exploração manual clandestina de areia. 178 Foto 4.122: Área de cascalho explorada recentemente, ao lado do Setor Madre Germana II. Foto 4.123: Lavra clandestina de cascalho localizada no Setor Tiradentes. O fator relevante em relação à localização das áreas de exploração, tanto das pedreiras quanto das de cascalho e de areia refere-se à vulnerabilidade à perda de solos, de qualidade dos recursos hídricos, de vegetação e qualidade atmosférica nas áreas onde estão instalados os empreendimentos de mineração. Ressalta-se que os riscos ambientais envolvidos devem ser monitorados e exigida a consecução de medidas preventivas, compensatórias e mitigatórias. 179 a) Títulos minerários Foram cadastrados 35 (trinta e cinco) títulos minerários entre requerimentos de pesquisa e concessões de lavra, assim distribuídos: 9 requerimentos de pesquisa; 16 autorizações de pesquisa (áreas com alvará de pesquisa); 1 autorização de pesquisa em disponibilidade; 1 concessão de lavra em disponibilidade; 1 licenciamento mineral; 2 requerimentos de licenciamento mineral; 5 requerimento de lavra e 5 concessões (Portarias) de lavra que correspondem as áreas com pedreiras. Esses títulos perfazem um total de 12.201,81 hectares, e estão sumarizados no Quadro 4.18 e na base geológica simplificada. Nesta base, estão também lançadas as áreas de exploração clandestinas (Fotos 4.124 e 4.125) para areia e cascalho. Deve ser ressaltado, que a lavra de areia de aluvião é manual e tem escala insignificante, não trazendo nenhum prejuízo ambiental. Foto 4.124: Local de exploração clandestina de areia lavada no córrego Santo Antônio. Foto 4.125: Depósito de cascalho localizado ao lado do cemitério Jardim da Esperança, com indícios de lavra (clandestina) recente. 180 Quadro 4.18: Relação dos direitos minerários no Município de Aparecida de Goiânia. Nº PROC. NUMERO TITULAR DNPM ÁREA (ha) SUBSTÂNCIA FASE MINÉRIO DE OURO AREIA E QUARTZITO AREIA REQUERIMENTO DE PESQUISA MINÉRIO DE PLATINA MINÉRIO DE OURO MINÉRIO DE OURO QUARTZITO REQUERIMENTO DE PESQUISA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA 862.036/2011 CENTRO OESTE MINERAÇÃO E COMERCIO LTDA 1.155,65 860.749/2012 THIAGO MARTINS BORGES DE MOURA 277,36 860.740/2012 NELSON LUIZ CABRAL FRANÇA 48,94 860.333/2006 CIRLEY ANTÔNIO ROSA DA SILVA 1.000,00 860.737/2009 VRM GEOLOGIA E MINERAÇÃO LTDA 618,43 860.366/2002 LUIZA CATARINA LOBO DE GODOI 299 860.355/2011 128,4 860.738/2009 TITÂNIO GOIÁS MINERAÇÃO IND. E COMER. LTDA VRM GEOLOGIA E MINERAÇÃO LTDA 769,99 9 861.284/1995 FARIDE LUIZ DA SILVA - FI 48,82 MINÉRIO DE OURO AREIA 10 860.116/1994 FARIDE LUIZ DA SILVA - FI 50 AREIA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA 11 861.285/1995 FARIDE LUIZ DA SILVA - FI 50 AREIA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA 860.444/2010 FABRICIO DE SIQUEIRA MENDONÇA 1.308,27 AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA 861.611/2011 IBRAHIM RASSI 389,13 861.704/2011 MINERAÇÃO JARDIM LTDA 976,96 861.705/2011 MINERAÇÃO JARDIM LTDA 168,71 861.223/2011 CUSANTODIO ROSA FALEIROS 15,29 MINÉRIO DE OURO MINÉRIO DE OURO MINÉRIO DE OURO MINÉRIO DE OURO GNAISSE 860.251/2011 RTM MINERAÇÃO LTDA 49,99 MINÉRIO DE OURO AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA 1 2 3 4 5 6 7 8 12 13 14 15 16 17 REQUERIMENTO DE PESQUISA REQUERIMENTO DE PESQUISA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA 181 Quadro 4.18: Relação dos direitos minerários no Município de Aparecida de Goiânia (cont.). Nº PROC. NUMERO TITULAR DNPM ÁREA (ha) SUBSTÂNCIA FASE AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA 860.626/2009 CONSTRUTORA JAD LTDA 1.898,66 19 861.354/2010 RUBENS MARTINS MOURÃO 24,47 MINÉRIO DE OURO BASALTO 20 860.331/2009 CONSTRUTORA JAD LTDA 49,79 AREIA AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA 21 860.100/2010 FABRICIO DE SIQUEIRA MENDONÇA 1.733,67 MINÉRIO DE OURO 22 860.771/2002 BRITENG BRITAGEM E CONSTRUÇÕES LTDA 16 XISTO 23 861.006/2011 CARLITO TEIXEIRA MACEDO 14,23 AREIA AUT. PESQ. / DISPONIBILIDADE CONC. DE LAVRA/DISPONIBILIDADE REQ. DE LICENCIAMENTO 24 860.761/2012 MIGUEL SILVEIRA DE BARCELOS 17,3 CASCALHO REQ. DE LICENCIAMENTO 25 862.138/1980 AGENCIA MUNICIPAL DE OBRAS 42 MICAXISTO LICENCIAMENTO 26 861.110/2002 INDÚSTRIA E COMÉRCIO CANTAREIRA LTDA 6,67 ÁGUA MINERAL REQUERIMENTO DE LAVRA 27 861.475/2009 MINERAÇÃO JARDIM LTDA 8,63 XISTO REQUERIMENTO DE LAVRA 28 860.388/1994 GENOVEVA CARNEIRO CARRERA 50 MICAXISTO REQUERIMENTO DE LAVRA 29 813.474/1973 PEDREIRA IZAIRA IND E COMER. LTDA 56,16 MICAXISTO REQUERIMENTO DE LAVRA 30 860.145/2004 PEDREIRA IZAIRA IND E COMER. LTDA 20 MICAXISTO REQUERIMENTO DE LAVRA 31 860.017/2001 PEDREIRA ITAÚNA LTDA 38,69 XISTO CONCESSÃO DE LAVRA 32 862.117/1994 BRITENG BRITAGEM E CONSTRUÇÕES LTDA 35 MICAXISTO CONCESSÃO DE LAVRA 33 860.159/1989 AFRANIO ROBERTO DE SOUZA - FI 771,52 XISTO CONCESSÃO DE LAVRA 34 813.473/1973 JULIO CESAR CAMELO PARRODE 35,07 MICAXISTO CONCESSÃO DE LAVRA 35 860.874/1999 TEMPUS ALIMENTOS E LAZER LTDA 29,01 ÁGUA MINERAL CONCESSÃO DE LAVRA 18 AUTORIZAÇÃO DE PESQUISA 182 O Decreto Lei nº 227 de 1967 – Código de Mineração - prevê cinco modalidades de exploração e aproveitamento das substâncias minerais em território brasileiro: I – Regime de Autorização; II – Regime de Concessão; III – Regime de Licenciamento; IV – Permissão de Lavra Garimpeira; V – Regime de Monopólio. A Autorização de Pesquisa é o passo inicial para se executar uma pesquisa de qualquer substância mineral, a exceção do petróleo e/ou minerais radioativos que só podem ser explorados e/ou aproveitados através do Regime de Monopólio. A pesquisa é solicitada ao Ministério de Minas e Energia através do Requerimento de Pesquisa, que é um documento apresentado ao DNPM e que dará ao requerente um título minerário denominado Alvará de Pesquisa. O Regime de Concessão de lavra é um título minerário concedido pela União que dá direito ao titular de explotar (extrair) a substância mineral requerida e pesquisada adstrita à área requerida, inclusive em terrenos de terceiros. O Regime de Licenciamento Mineral é um título minerário que permite ao titular a exploração/extração de substâncias minerais de emprego imediato na construção civil como a areia a brita e o cascalho, entre outros, sem a necessidade de pesquisar a substância requerida. Porém, sua concessão depende da anuência do superficiário e da autoridade municipal. Dessa forma, é um título mineral precário, pois, depende de terceiros além da União para sua concessão. A Permissão de Lavra Garimpeira é um título minerário concedido a Garimpeiros ou grupos de Garimpeiros, reunidos através de Cooperativas de Garimpeiros, em áreas específicas de ocorrência de substâncias minerais garimpáveis definidas pela legislação mineral brasileira. É um título mineral muito específico concedido também em locais e condições especiais. O Regime de Monopólio de exclusividade da União é regido por Leis especiais e está restrito à exploração de bens minerais como o petróleo e os minerais radioativos. Atualmente está em discussão no Congresso Nacional o Marco Regulatório que estabelecerá as regras para exploração e aproveitamento das substâncias minerais no Brasil. Este marco regulatório substituirá o atual Código de Mineração. Grande parte dos títulos minerários em Aparecida de Goiânia é constituída de Autorizações de Pesquisa para substâncias minerais diversas. Entretanto, o que se verifica na prática é que estas autorizações visam às substâncias minerais de emprego imediato na construção civil, como areia e brita. 183 As Concessões de Lavra e as Licenças expedidas para no município são para extração, ou de areia, ou de brita (micaxisto), que são substâncias minerais de uso restrito à construção civil. O município de Aparecida de Goiânia tem aptidão mineral restrita a estas substâncias e também para cascalho. Atualmente, se verifica que algumas dessas áreas requeridas e licenciadas estão em processo de disponibilidade que ocorre quando o titular dessas áreas requeridas ou com concessão de lavra deixa de cumprir alguma formalidade especificada pela legislação mineral. Nesse caso, as áreas são licitadas através do Processo de Disponibilidade junto a Departamento Nacional da Produção Mineral – DNPM. 4.3.4.6 Segurança Pública A área destinada ao uso institucional da AGESP – Agência Goiana do Sistema Prisional – em Aparecida de Goiânia localiza-se na margem leste do perímetro urbano, nas proximidades dos polos industriais e do aterro sanitário. Considerando as questões relacionadas aos riscos ambientais, os centros prisionais não estão no rol de atividades que necessitam de estudos de impacto ou licenciamento ambiental, definidos por lei federal ou resoluções CONAMA. No entanto alerta-se para o fato de que as unidades prisionais podem vir a afetar de forma contundente a saúde, a segurança, as atividades sociais e econômicas, a educação e as condições de saneamento da região onde se localizam. A caracterização das atividades desenvolvidas no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia está descrita de forma resumida no Quadro 4.19. Quadro 4.19: Descrição do complexo prisional de Aparecida de Goiânia. O Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia a maior concentração de presos no Estado, dividida em cinco estabelecimentos penais, em uma área de mais de 100 alqueires, sendo: 1) Penitenciária Cel. Odenir Guimarães – POG: custodia condenados no regime fechado do sexo masculino; 2) Casa de Prisão Provisória – CPP: abriga presos provisórios do sexo masculino e feminino; 3) Colônia Industrial e Agrícola do Estado de Goiás: acolhe condenados no regime semiaberto do sexo masculino. Este estabelecimento penal é subdividido em 02 (duas) unidades que são conhecidas como Semi-aberto Velho (Unidade I) e Semi-aberto Novo (Unidade II); 184 4) Penitenciária Feminina Consuelo Nasser: destinado aos condenados no regime fechado do sexo feminino; 5) Núcleo de Custódia: unidade de segurança máxima com características especiais, podendo receber tanto presos do sexo masculino provisórios, quanto condenados. Em síntese, o Núcleo de Custódia destina-se a custodia dos internos sob medida administrativa de segurança, para cumprimento de sanção disciplinar ou em cumprimento de decisão judicial. Fonte: AGESP, 2012. Disponível em: http://www.agsep.go.gov.br/historico Considerando a natureza do equipamento público destacam-se os impactos sociais passíveis de ocorrerem nas populações circunvizinhas e no município como um todo. Neste sentido os Estudos de Impacto de Vizinhança e de Impacto Ambiental se fazem necessários para a qualificação e quantificação destes impactos com vistas a apontar as ações necessárias para sua minimização ou eliminação. 4.3.5 Linhas de Transmissão As redes de infraestrutura (energia elétrica, transportes, saneamento) são essenciais para o desenvolvimento social e econômico dos municípios, seu correto funcionamento e respeito de suas faixas de domínio garantem o baixo risco desses equipamentos. No entanto, devido à alta tensão, as redes de transmissão podem irradiar campos eletromagnéticos em sua vizinhança, que podem causar interferências e até problemas de saúde em moradores (ICNIRP, 1998). Ocupações irregulares de faixas de passagem, domínio, servidão e segurança de linhas de transmissão também é motivo de risco, pois acidentes e, principalmente, incêndios podem causar a interrupção no fornecimento de energia elétrica para as inúmeras atividades humanas. Segundo a especificação técnica para limitação do uso de faixa de linhas de subtransmissão e transmissão da CELGPar 69 kv, 138 kv e 230 kv (CELGPar, 2010): As faixas de linhas de subtransmissão e transmissão caracterizam-se como locais com limitações no que se refere ao uso e ocupação. A ocupação adequada e a conservação das faixas de servidão e de segurança contribuem para garantir a plena operação, a execução dos serviços de manutenção, a maior rapidez na localização de anomalias nas linhas, bem como, a preservação do meio ambiente e a segurança de pessoas e bens em suas proximidades. [...] 185 A norma técnica NBR 5422 – Projeto de Linhas Aéreas de Transmissão de Energia Elétrica – Procedimento estabelece os critérios a serem observados para a convivência da linha de subtransmissão/transmissão com obstáculos e com a execução de atividades por terceiros na faixa de passagem e no seu entorno. Neste contexto a CELG estabelece o dimensionamento das faixas de passagem, domínio, servidão e segurança. De acordo com a referida especificação as faixas de segurança variam com a classe de tensão e o tipo da região atravessada. O Quadro 4.20 especifica de uma maneira geral a dimensão das faixas de segurança. Quadro 4.20: Dimensionamento das faixas de segurança das redes de transmissão de energia elétrica. TENSÃO kV LARGURA (m) Observações 69 12 6 m para cada lado do eixo da LT 138 16 8 m para cada lado do eixo da LT 230 35 17,5 m para cada lado do eixo da LT Fonte: CELGPar, 2010. No município de Aparecida de Goiânia, há 110,04 km de linhas de transmissão de energia elétrica, sendo que 10,2 km são de linhas com tensão de 69 kV, 23,33 km são de linhas com 138 kV, e finalmente 76,51 km são de linhas com 230 kV de tensão. Para fins de uso e de ocupação da faixa de passagem das linhas de subtransmissão e transmissão deverão ser consideradas as áreas, definidas de acordo com seu grau de importância para operação, manutenção e segurança da linha, conforme demonstrado na Figura 4.23 e Quadro 4.21: Figura 4.23: Divisão da faixa de passagem em áreas “A”, “B” e “C”. Fonte: CELGPar, 2010 186 Nota: Área “A” - Localiza-se no entorno das estruturas da linha de transmissão e destina-se a permitir o acesso das equipes de manutenção com seus respectivos veículos e equipamentos, bem como servir para a instalação de proteção contra abalroamentos às estruturas. Área “B” - É a faixa de terreno, excluída a área A, que envolve os cabos condutores ao longo da linha e destinase a proporcionar maior segurança à linha e também a terceiros. Área “C” - É a porção da faixa de passagem, excluindo-se as zonas A e B, cujos limites externos são definidos no projeto da linha de transmissão e destina-se a garantir os limites de campos elétricos e magnéticos, no limite da faixa de passagem, e a evitar acidentes devido a balanço de cabos condutores e para-raios. Quadro 4.21: Valores de L1, L2 e L3. LARGURA 69 kV 138 kV 230 kV L1 2m 2m 2m L2 12 m 16 m 35 m L3 6m 6m 6m Fonte: CELGPar, 2010. Além das definições e dimensionamento das faixas de segurança e de passagem a especificação define os termos, indica as limitações de uso, as benfeitorias permitidas e não permitidas, bem como as normas para implantação de loteamentos às margens das LT’s. O mapa de Linhas de Transmissão do município de Aparecida de Goiânia foi construído utilizando-se o programa de Sistema de Informações Geográficas ArcGIS 9.3, por meio do arquivo de dados geográficos vetoriais digital de linha de transmissão de energia elétrica disponibilizado pela Companhia de Energia Elétrica do Estado de Goiás (CELG), no sítio do Sistema de Informações Estatísticas e Geográficas do Estado de Goiás (SIEG). Além disso, na elaboração do mapa também foram utilizados dados geográficos auxiliares precisos produzidos a partir de mapeamento aerofotogramétrico de todo o município, em 2011 pela empresa Topocart – Topografia, Engenharia e Aerolevantamento, sediada em Brasília-DF. O dado geográfico de linha de transmissão disponibilizado pelo SIEG possui a abrangência geográfica de todo o Estado de Goiás, e está geograficamente referenciado com coordenadas geográficas no datum South American Datum 1969 (SAD-69), Figura 4.24. De posse do dado geográfico de linhas de transmissão, as mesmas foram projetadas para o sistema de projeção cartográfica Universal Transversa de Mercator (UTM), fuso 22, datum SAD-69 (Figura 4.25) conforme estão configurados os demais dados geográficos que integrarão a Carta de Risco. 187 Figura 4.24 - Linhas de Transmissão de Energia Elétrica no Estado de Goiás Figura 4.25: Linha de transmissão na projeção UTM e recortada de acordo com o município de Aparecida de Goiânia 188 Finalmente, foi realizada a composição do mapa de linhas de transmissão do município de Aparecida de Goiânia, em folha de tamanho A0 (118,9 cm x 84,1 cm). O mapa contém os seguintes elementos: corpo do mapa (onde fica o mapa propriamente dito), legenda, orientação, escala gráfica, escala numérica, informações cartográficas, informações sobre o contratante e informações sobre a empresa contratada. Para que fosse possível a elaboração de apenas um mapa em tamanho A0, contendo as linhas de transmissão de todo o município de Aparecida de Goiânia, foi adotada a escala 1:25.000, no caso da adoção de escalas maiores, por exemplo 1:20.000, seria necessária a adoção de uma folha em formato maior que A0, o que não seria conveniente para a manipulação, ou então a divisão do mapa em várias folhas, que também seria inconveniente. Tanto o mapa impresso quanto os dados geográficos digitais estão na projeção cartográfica UTM, fuso 22, datum South American Datum 1969. Para impressão, sob os dados de linha de transmissão foram integrados outros dados cartográficos, para que os usuários utilizem referências espaciais ao observar o mapa, tais como rede hidrográfica, bairros, arruamentos principais, entre outros, conforme se ilustra a Figura 4.26. Figura 4.26: Ilustração do mapa de linhas de transmissão de energia elétrica do município de Aparecida de Goiânia. 189 4.4 BASES LEGAIS A legislação de uso e ocupação do solo, em sentido geral, seja em nível federal, estadual ou municipal, é fundamental para a vida do cidadão, bem como para a preservação dos recursos hídricos, da fauna, da flora dentre outros. Considerando que o uso do solo é o conjunto das atividades – processos individuais de produção e reprodução – de uma sociedade por sobre uma aglomeração urbana, assentada sobre localizações individualizadas, combinadas com seus padrões ou tipos de assentamentos do ponto de vista de regulação espacial, pode se dizer que o uso do solo é o rebatimento da reprodução social no plano do espaço urbano, é uma combinação de um tipo de uso (atividade) e de um tipo de assentamento (edificações). No entanto o uso da propriedade privada, não pode refletir a vontade, ou a necessidade individual, pois há de se contemplar, a priori, o interesse da coletividade. Desta forma, para que haja, de fato, o cumprimento da função social da propriedade privada há a necessidade de que os regulamentos, ou leis, reflitam as necessidades sociais, ambientais, econômicas das sociedades em cada época e contexto. O contexto proposto pelo presente trabalho refere-se à dimensão físico-ambiental da ocupação do território por meio da identificação dos aspectos físicos, bióticos e antrópicos e seus consequentes riscos e impactos ambientais. Esta proposta resulta na necessidade de se identificar os regulamentos que tratam dos aspectos ambientais uso do solo quanto às restrições e permissões de uso e ocupação pela sociedade com vistas à proteção e preservação ambiental. Nos aspectos que abrangem as proposições da Carta de Risco existe uma significativa dimensão jurídica a qual respalda a ação do poder público quanto ao licenciamento, ou restrição, e a fiscalização do uso do solo em âmbito municipal. Neste contexto, são apontados no ordenamento jurídico federal, os dispositivos legais que pautam o ordenamento do uso do solo, tanto urbano quanto rural, sob a ótica ambiental, destacando-se a Lei nº. 12.651 de 25 de maio de 2012, o Novo Código Florestal, a partir da qual a legislação municipal deverá ser revista e atualizada. 4.4.1. A Constituição Federal e o Estatuto da Cidade Com relação ao uso do Solo a Constituição Federal de 1988, no Título VII, que trata da Ordem Econômica e Financeira, no Capítulo II, trata da Política Urbana, no artigo 182, dá o norte para a política de desenvolvimento urbano, bem como determina as competências para a materialização da ordenação do uso do solo. 190 “Art. 182 - A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem-estar de seus habitantes.” Regulamenta as normas Constitucionais, a Lei nº. 10.257 de 10 de julho de 2001, chamada também Estatuto da Cidade, estabelecendo diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. O artigo 2º, da Lei citada, que trata da política urbana, com relação ao uso do solo, assim dispõe em seus incisos: “... IV – planejamento do desenvolvimento das cidades, da distribuição espacial da população e das atividades econômicas do Município e do território sob sua área de influência, de modo a evitar e corrigir as distorções do crescimento urbano e seus efeitos negativos sobre o meio ambiente; ...”. “... VI – ordenação e controle do uso do solo, de forma a evitar: a) a utilização inadequada dos imóveis urbanos; b) a proximidade de usos incompatíveis ou inconvenientes; c) o parcelamento do solo, a edificação ou o uso excessivos ou inadequados em relação à infra-estrutura urbana; d) a instalação de empreendimentos ou atividades que possam funcionar como pólos geradores de tráfego, sem a previsão da infra-estrutura correspondente; e) a retenção especulativa de imóvel urbano, que resulte na sua subutilização ou não utilização; f) a deterioração das áreas urbanizadas; g) a poluição e a degradação ambiental; h) a exposição da população a riscos de desastres....” “ ... XII – proteção, preservação e recuperação do meio ambiente natural e construído, do patrimônio cultural, histórico, artístico, paisagístico e arqueológico; ...”. 191 “... XIV – regularização fundiária e urbanização de áreas ocupadas por população de baixa renda mediante o estabelecimento de normas especiais de urbanização, uso e ocupação do solo e edificação, consideradas a situação socioeconômica da população e as normas ambientais; XV – simplificação da legislação de parcelamento, uso e ocupação do solo e das normas edilícias, com vistas a permitir a redução dos custos e o aumento da oferta dos lotes e unidades habitacionais; ...”. A fim de subsidiar a implementação das normas citadas se faz necessário o levantamento da legislação que norteia as restrições e permissões para o uso do solo, facultando a diagnose, dentro e nos limites das diretrizes jurídicas/institucionais, na elaboração da Carta de Risco do Município de Aparecida de Goiânia. 4.4.2 A Lei nº. 12.651 de 25 de maio de 2012 – Novo Código Florestal Com o advento da Lei nº. 12.651 de 25 de maio de 2012 – que dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis nos 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis nos 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências, com as alterações propostas na Medida Provisória nº. 571 de 25 de maio de 2012 – surgiram modificações que alteram algumas disposições relacionadas com o uso do solo e sua ocupação no âmbito local (municipal). O artigo 82, do Novo Código Florestal, prevê o prazo de seis (06) meses para os entes públicos (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) para se reorganizarem/adequarem às disposições deste Instrumento. “... Art. 82. São a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios autorizados a instituir, adaptar ou reformular, no prazo de 6 (seis) meses, no âmbito do Sisnama, instituições florestais ou afins, devidamente aparelhadas para assegurar a plena consecução desta Lei. Parágrafo único. As instituições referidas no caput poderão credenciar, mediante edital de seleção pública, profissionais devidamente habilitados para apoiar a regularização ambiental das propriedades previstas no inciso V do art. 3o, nos termos de regulamento baixado por ato do Chefe do Poder Executivo....”. 192 Neste contexto, o início do presente estudo se dá pela definição/conceituação das figuras jurídicas imprescindíveis para os levantamentos/delimitações das áreas que estarão disponíveis, segundo a Lei nº. 12.651 para uso e ocupação no Município de Aparecida de Goiânia. 4.4.2.1 Definições e conceitos “ ... Art. 3o Para os efeitos desta Lei, entende-se por: ... ... ... II - Área de Preservação Permanente - APP: área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas; III - Reserva Legal: área localizada no interior de uma propriedade ou posse rural, delimitada nos termos do art. 12, com a função de assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais do imóvel rural, auxiliar a conservação e a reabilitação dos processos ecológicos e promover a conservação da biodiversidade, bem como o abrigo e a proteção de fauna silvestre e da flora nativa; IV - área rural consolidada: área de imóvel rural com ocupação antrópica preexistente a 22 de julho de 2008, com edificações, benfeitorias ou atividades agrossilvipastoris, admitida, neste último caso, a adoção do regime de pousio; V - pequena propriedade ou posse rural familiar: aquela explorada mediante o trabalho pessoal do agricultor familiar e empreendedor familiar rural, incluindo os assentamentos e projetos de reforma agrária, e que atenda ao disposto no art. 3o da Lei no 11.326, de 24 de julho de 2006; VI - uso alternativo do solo: substituição de vegetação nativa e formações sucessoras por outras coberturas do solo, como atividades agropecuárias, industriais, de geração e transmissão de energia, de mineração e de transporte, assentamentos urbanos ou outras formas de ocupação humana; 193 VII - manejo sustentável: administração da vegetação natural para a obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras ou não, de múltiplos produtos e subprodutos da flora, bem como a utilização de outros bens e serviços; VIII - utilidade pública: a) as atividades de segurança nacional e proteção sanitária; b) as obras de infraestrutura destinadas às concessões e aos serviços públicos de transporte, sistema viário, inclusive aquele necessário aos parcelamentos de solo urbano aprovados pelos Municípios, saneamento, gestão de resíduos, energia, telecomunicações, radiodifusão, instalações necessárias à realização de competições esportivas estaduais, nacionais ou internacionais, bem como mineração, exceto, neste último caso, a extração de areia, argila, saibro e cascalho; c) atividades e obras de defesa civil; d) atividades que comprovadamente proporcionem melhorias na proteção das funções ambientais referidas no inciso II deste artigo; e) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal; IX - interesse social: a) as atividades imprescindíveis à proteção da integridade da vegetação nativa, tais como prevenção, combate e controle do fogo, controle da erosão, erradicação de invasoras e proteção de plantios com espécies nativas; b) a exploração agroflorestal sustentável praticada na pequena propriedade ou posse rural familiar ou por povos e comunidades tradicionais, desde que não descaracterize a cobertura vegetal existente e não prejudique a função ambiental da área; 194 c) a implantação de infraestrutura pública destinada a esportes, lazer e atividades educacionais e culturais ao ar livre em áreas urbanas e rurais consolidadas, observadas as condições estabelecidas nesta Lei; d) a regularização fundiária de assentamentos humanos ocupados predominantemente por população de baixa renda em áreas urbanas consolidadas, observadas as condições estabelecidas na Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009; e) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e de efluentes tratados para projetos cujos recursos hídricos são partes integrantes e essenciais da atividade; f) as atividades de pesquisa e extração de areia, argila, saibro e cascalho, outorgadas pela autoridade competente; g) outras atividades similares devidamente caracterizadas e motivadas em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional à atividade proposta, definidas em ato do Chefe do Poder Executivo federal; X - atividades eventuais ou de baixo impacto ambiental: a) abertura de pequenas vias de acesso interno e suas pontes e pontilhões, quando necessárias à travessia de um curso d’água, ao acesso de pessoas e animais para a obtenção de água ou à retirada de produtos oriundos das atividades de manejo agroflorestal sustentável; b) implantação de instalações necessárias à captação e condução de água e efluentes tratados, desde que comprovada a outorga do direito de uso da água, quando couber; c) implantação de trilhas para o desenvolvimento do ecoturismo; d) construção de rampa de lançamento de barcos e pequeno ancoradouro; e) construção de moradia de agricultores familiares, remanescentes de comunidades quilombolas e outras populações extrativistas e tradicionais em áreas rurais, onde o abastecimento de água se dê pelo esforço próprio dos moradores; f) construção e manutenção de cercas na propriedade; 195 g) pesquisa científica relativa a recursos ambientais, respeitados outros requisitos previstos na legislação aplicável; h) coleta de produtos não madeireiros para fins de subsistência e produção de mudas, como sementes, castanhas e frutos, respeitada a legislação específica de acesso a recursos genéticos; i) plantio de espécies nativas produtoras de frutos, sementes, castanhas e outros produtos vegetais, desde que não implique supressão da vegetação existente nem prejudique a função ambiental da área; j) exploração agroflorestal e manejo florestal sustentável, comunitário e familiar, incluindo a extração de produtos florestais não madeireiros, desde que não descaracterizem a cobertura vegetal nativa existente nem prejudiquem a função ambiental da área; k) outras ações ou atividades similares, reconhecidas como eventuais e de baixo impacto ambiental em ato do Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA ou dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente; ... ... ... XII - vereda: fitofisionomia de savana, encontrada em solos hidromórficos, usualmente com palmáceas, sem formar dossel, em meio a agrupamentos de espécies arbustivo-herbáceas; (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012). ... ... ... XVII - nascente: afloramento natural do lençol freático que apresenta perenidade e dá início a um curso d’água; XVIII - olho d’água: afloramento natural do lençol freático, mesmo que intermitente; XIX - leito regular: a calha por onde correm regularmente as águas do curso d’água durante o ano; XX - área verde urbana: espaços, públicos ou privados, com predomínio de vegetação, preferencialmente nativa, natural ou recuperada, previstos no Plano Diretor, nas Leis de Zoneamento Urbano e Uso do Solo do Município, indisponíveis 196 para construção de moradias, destinados aos propósitos de recreação, lazer, melhoria da qualidade ambiental urbana, proteção dos recursos hídricos, manutenção ou melhoria paisagística, proteção de bens e manifestações culturais; XXI - várzea de inundação ou planície de inundação: áreas marginais a cursos d’água sujeitas a enchentes e inundações periódicas; XXII - faixa de passagem de inundação: área de várzea ou planície de inundação adjacente a cursos d’água que permite o escoamento da enchente; XXIII - relevo ondulado: expressão geomorfológica usada para designar área caracterizada por movimentações do terreno que geram depressões, cuja intensidade permite sua classificação como relevo suave ondulado, ondulado, fortemente ondulado e montanhoso. XXIV - pousio: prática de interrupção de atividades ou usos agrícolas, pecuários ou silviculturais, por no máximo 5 (cinco) anos, em até 25% (vinte e cinco por cento) da área produtiva da propriedade ou posse, para possibilitar a recuperação da capacidade de uso ou da estrutura física do solo; (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). XXV - área abandonada, subutilizada ou utilizada de forma inadequada: área não efetivamente utilizada, nos termos dos §§ 3o e 4o do art. 6o da Lei no 8.629, de 25 de fevereiro de 1993, ou que não atenda aos índices previstos no referido artigo, ressalvadas as áreas em pousio; (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). XXVI – áreas úmidas: pantanais e superfícies terrestres cobertas de forma periódica por águas, cobertas originalmente por florestas ou outras formas de vegetação adaptadas à inundação; e (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). XXVII – área urbana consolidada: aquela de que trata o inciso II do caput do art. 47 da Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). Vejamos da legislação citada na transcrição retro. 197 Art. 3o da Lei no 11.326 14, de 24 de julho de 2006;: “Art. 3o Para os efeitos desta Lei, considera-se agricultor familiar e empreendedor familiar rural aquele que pratica atividades no meio rural, atendendo, simultaneamente, aos seguintes requisitos: I - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 (quatro) módulos fiscais; II - utilize predominantemente mão-de-obra da própria família nas atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento; III - tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do seu estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo; (Redação dada pela Lei nº 12.512, de 2011) IV - dirija seu estabelecimento ou empreendimento com sua família. § 1o O disposto no inciso I do caput deste artigo não se aplica quando se tratar de condomínio rural ou outras formas coletivas de propriedade, desde que a fração ideal por proprietário não ultrapasse 4 (quatro) módulos fiscais. § 2o São também beneficiários desta Lei: I - silvicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste artigo, cultivem florestas nativas ou exóticas e que promovam o manejo sustentável daqueles ambientes; II - aqüicultores que atendam simultaneamente a todos os requisitos de que trata o caput deste artigo e explorem reservatórios hídricos com superfície total de até 2ha (dois hectares) ou ocupem até 500m³ (quinhentos metros cúbicos) de água, quando a exploração se efetivar em tanques-rede; III - extrativistas que atendam simultaneamente aos requisitos previstos nos incisos II, III e IV do caput deste artigo e exerçam essa atividade artesanalmente no meio rural, excluídos os garimpeiros e faiscadores;...” Parágrafos 3º. e 4º. do art. 6º. da Lei nº. 8.629 15 de 25 de fevereiro de 1993. 14 Estabelece as diretrizes para a formulação da política nacional da agricultura familiar e empreendimentos familiares rurais. 198 “Art. 6º Considera-se propriedade produtiva aquela que, explorada econômica e racionalmente, atinge, simultaneamente, graus de utilização da terra e de eficiência na exploração, segundo índices fixados pelo órgão federal competente. ... ... ... § 3º Considera-se efetivamente utilizadas: I - as áreas plantadas com produtos vegetais; II - as áreas de pastagens nativas e plantadas, observado o índice de lotação por zona de pecuária, fixado pelo Poder Executivo; III - as áreas de exploração extrativa vegetal ou florestal, observados os índices de rendimento estabelecidos pelo órgão competente do Poder Executivo, para cada Microrregião Homogênea, e a legislação ambiental; IV - as áreas de exploração de florestas nativas, de acordo com plano de exploração e nas condições estabelecidas pelo órgão federal competente; V - as áreas sob processos técnicos de formação ou recuperação de pastagens ou de culturas permanentes, tecnicamente conduzidas e devidamente comprovadas, mediante documentação e Anotação de Responsabilidade Técnica. (Redação dada pela Medida Provisória nº 2.183-56, de 2001) § 4º No caso de consórcio ou intercalação de culturas, considera-se efetivamente utilizada a área total do consórcio ou intercalação. ...”. Inciso II do caput do art. 47 da Lei nº. 11.977 16 de 07 de julho de 2009: “... Art. 47. Para efeitos da regularização fundiária de assentamentos urbanos, consideram-se: I – área urbana: parcela do território, contínua ou não, incluída no perímetro urbano pelo Plano Diretor ou por lei municipal específica; 15 Dispõe sobre a regulamentação dos dispositivos constitucionais relativos à reforma agrária, previstos no Capítulo III, Título VII, da Constituição Federal. 16 Dispõe sobre o Programa Minha Casa, Minha Vida – PMCMV e a regularização fundiária de assentamentos localizados em áreas urbanas. 199 II – área urbana consolidada: parcela da área urbana com densidade demográfica superior a 50 (cinquenta) habitantes por hectare e malha viária implantada e que tenha, no mínimo, 2 (dois) dos seguintes equipamentos de infraestrutura urbana implantados: a) drenagem de águas pluviais urbanas; b) esgotamento sanitário; c) abastecimento de água potável; d) distribuição de energia elétrica; ou e) limpeza urbana, coleta e manejo de resíduos sólidos; ...”. Ultrapassadas estas considerações impõe-se o levantamento do respaldo jurídico para o levantamento das restrições e permissões de uso e ocupação do solo, com vistas a implementação da Carta de Risco do Município de Aparecida de Goiânia. 4.4.2.2 Das disposições relativas ao uso e ocupação do solo A normatização quanto ao uso e ocupação do solo, para assegurar a plena consecução da Lei nº. 12.651 de 25 de maio de 2012, pelos Órgãos Ambientais da União, Distrito Federal, Estados e Municípios, tem prazo de seis (06) meses, artigo 82. As áreas de Preservação Permanente são objeto do Capítulo II, Seção I, que as delimita, nos termos do artigo 4º. “Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: a) 30 (trinta) metros, para os cursos d’água de menos de 10 (dez) metros de largura; 200 b) 50 (cinquenta) metros, para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50 (cinquenta) metros de largura; c) 100 (cem) metros, para os cursos d’água que tenham de 50 (cinquenta) a 200 (duzentos) metros de largura; d) 200 (duzentos) metros, para os cursos d’água que tenham de 200 (duzentos) a 600 (seiscentos) metros de largura; e) 500 (quinhentos) metros, para os cursos d’água que tenham largura superior a 600 (seiscentos) metros; II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros; b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento, observado o disposto nos §§ 1o e 2o; IV – as áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica, no raio mínimo de 50 (cinquenta) metros; (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012). V - as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive; VI - as restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; VII - os manguezais, em toda a sua extensão; VIII - as bordas dos tabuleiros ou chapadas, até a linha de ruptura do relevo, em faixa nunca inferior a 100 (cem) metros em projeções horizontais; IX - no topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 (cem) metros e inclinação média maior que 25°, as áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado 201 por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação; X - as áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros, qualquer que seja a vegetação; XI – em veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros, a partir do limite do espaço brejoso e encharcado. (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012). § 1o Não se aplica o previsto no inciso III nos casos em que os reservatórios artificiais de água não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água. § 2o No entorno dos reservatórios artificiais situados em áreas rurais com até 20 (vinte) hectares de superfície, a área de preservação permanente terá, no mínimo, 15 (quinze) metros. § 4o Fica dispensado o estabelecimento das faixas de Área de Preservação Permanente no entorno das acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 (um) hectare, vedada nova supressão de áreas de vegetação nativa. (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012). § 5o É admitido, para a pequena propriedade ou posse rural familiar, de que trata o inciso V do art. 3o desta Lei, o plantio de culturas temporárias e sazonais de vazante de ciclo curto na faixa de terra que fica exposta no período de vazante dos rios ou lagos, desde que não implique supressão de novas áreas de vegetação nativa, seja conservada a qualidade da água e do solo e seja protegida a fauna silvestre. § 6o Nos imóveis rurais com até 15 (quinze) módulos fiscais, é admitida, nas áreas de que tratam os incisos I e II do caput deste artigo, a prática da aquicultura e a infraestrutura física diretamente a ela associada, desde que: I - sejam adotadas práticas sustentáveis de manejo de solo e água e de recursos hídricos, garantindo sua qualidade e quantidade, de acordo com norma dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente; II - esteja de acordo com os respectivos planos de bacia ou planos de gestão de recursos hídricos; 202 III - seja realizado o licenciamento pelo órgão ambiental competente; IV - o imóvel esteja inscrito no Cadastro Ambiental Rural - CAR. V – não implique novas supressões de vegetação nativa. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). § 9o Em áreas urbanas, assim entendidas as áreas compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, as faixas marginais de qualquer curso d’água natural que delimitem as áreas da faixa de passagem de inundação terão sua largura determinada pelos respectivos Planos Diretores e Leis de Uso do Solo, ouvidos os Conselhos Estaduais e Municipais de Meio Ambiente, sem prejuízo dos limites estabelecidos pelo inciso I do caput. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). § 10. No caso de áreas urbanas, assim entendidas as compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões metropolitanas e aglomerações urbanas, observar-se-á o disposto nos respectivos Planos Diretores e Leis Municipais de Uso do Solo, sem prejuízo do disposto nos incisos do caput. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). Art. 5o Na implantação de reservatório d’água artificial destinado a geração de energia ou abastecimento público, é obrigatória a aquisição, desapropriação ou instituição de servidão administrativa pelo empreendedor das Áreas de Preservação Permanente criadas em seu entorno, conforme estabelecido no licenciamento ambiental, observando-se a faixa mínima de 30 (trinta) metros e máxima de 100 (cem) metros em área rural, e a faixa mínima de 15 (quinze) metros e máxima de 30 (trinta) metros em área urbana. (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012). § 1o Na implantação de reservatórios d’água artificiais de que trata o caput, o empreendedor, no âmbito do licenciamento ambiental, elaborará Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno do Reservatório, em conformidade com termo de referência expedido pelo órgão competente do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, não podendo exceder a dez por cento do total da Área de Preservação Permanente. (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012). § 2o O Plano Ambiental de Conservação e Uso do Entorno de Reservatório Artificial, para os empreendimentos licitados a partir da vigência desta Lei, deverá ser 203 apresentado ao órgão ambiental concomitantemente com o Plano Básico Ambiental e aprovado até o início da operação do empreendimento, não constituindo a sua ausência impedimento para a expedição da licença de instalação. Art. 6o Consideram-se, ainda, de preservação permanente, quando declaradas de interesse social por ato do Chefe do Poder Executivo, as áreas cobertas com florestas ou outras formas de vegetação destinadas a uma ou mais das seguintes finalidades: I - conter a erosão do solo e mitigar riscos de enchentes e deslizamentos de terra e de rocha; II - proteger as restingas ou veredas; III - proteger várzeas; IV - abrigar exemplares da fauna ou da flora ameaçados de extinção; V - proteger sítios de excepcional beleza ou de valor científico, cultural ou histórico; VI - formar faixas de proteção ao longo de rodovias e ferrovias; VII - assegurar condições de bem-estar público; VIII - auxiliar a defesa do território nacional, a critério das autoridades militares. IX – proteger áreas úmidas, especialmente as de importância internacional. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). O Capítulo III, da citada norma (Código Florestal) normatiza as áreas de uso restrito, vejamos. “Art. 10. Nos pantanais e planícies pantaneiras é permitida a exploração ecologicamente sustentável, devendo-se considerar as recomendações técnicas dos órgãos oficiais de pesquisa, ficando novas supressões de vegetação nativa para uso alternativo do solo condicionadas à autorização do órgão estadual do meio ambiente, com base nas recomendações mencionadas neste artigo. (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012). Art. 11. Em áreas de inclinação entre 25° e 45°, serão permitidos o manejo florestal sustentável e o exercício de atividades agrossilvipastoris, bem como a manutenção 204 da infraestrutura física associada ao desenvolvimento das atividades, observadas boas práticas agronômicas, sendo vedada a conversão de novas áreas, excetuadas as hipóteses de utilidade pública e interesse social.” O Capítulo IV normatiza a delimitação da área de reserva legal, na Seção I. Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel: ... ... ... II - localizado nas demais regiões do País: 20% (vinte por cento). § 1o Em caso de fracionamento do imóvel rural, a qualquer título, inclusive para assentamentos pelo Programa de Reforma Agrária, será considerada, para fins do disposto do caput, a área do imóvel antes do fracionamento. ... ... ... § 3o Após a implantação do CAR, a supressão de novas áreas de floresta ou outras formas de vegetação nativa apenas será autorizada pelo órgão ambiental estadual integrante do Sisnama se o imóvel estiver inserido no mencionado cadastro, ressalvado o previsto no art. 30. , ... .... .... § 6o Os empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento de esgoto não estão sujeitos à constituição de Reserva Legal. § 7o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas por detentor de concessão, permissão ou autorização para exploração de potencial de energia hidráulica, nas quais funcionem empreendimentos de geração de energia elétrica, subestações ou sejam instaladas linhas de transmissão e de distribuição de energia elétrica. § 8o Não será exigido Reserva Legal relativa às áreas adquiridas ou desapropriadas com o objetivo de implantação e ampliação de capacidade de rodovias e ferrovias.”. 205 ... ... ... Art. 14. A localização da área de Reserva Legal no imóvel rural deverá levar em consideração os seguintes estudos e critérios: I - o plano de bacia hidrográfica; II - o Zoneamento Ecológico-Econômico III - a formação de corredores ecológicos com outra Reserva Legal, com Área de Preservação Permanente, com Unidade de Conservação ou com outra área legalmente protegida; IV - as áreas de maior importância para a conservação da biodiversidade; e V - as áreas de maior fragilidade ambiental. Art. 15. Será admitido o cômputo das Áreas de Preservação Permanente no cálculo do percentual da Reserva Legal do imóvel, desde que: I - o benefício previsto neste artigo não implique a conversão de novas áreas para o uso alternativo do solo; II - a área a ser computada esteja conservada ou em processo de recuperação, conforme comprovação do proprietário ao órgão estadual integrante do Sisnama; e III - o proprietário ou possuidor tenha requerido inclusão do imóvel no Cadastro Ambiental Rural - CAR, nos termos desta Lei. § 1o O regime de proteção da Área de Preservação Permanente não se altera na hipótese prevista neste artigo. § 3o O cômputo de que trata o caput aplica-se a todas as modalidades de cumprimento da Reserva Legal, abrangendo a regeneração, a recomposição e, na hipótese do art. 16, a compensação. (Redação dada pela Medida Provisória nº 571, de 2012). Art. 16. Poderá ser instituído Reserva Legal em regime de condomínio ou coletiva entre propriedades rurais, respeitado o percentual previsto no art. 12 em relação a cada imóvel, mediante a aprovação do órgão competente do Sisnama. 206 Parágrafo único. No parcelamento de imóveis rurais, a área de Reserva Legal poderá ser agrupada em regime de condomínio entre os adquirentes.” A Seção III, da citada norma (Código Florestal), prevê o Regime de Proteção das Áreas Verdes Urbanas. “Art. 25. O poder público municipal contará, para o estabelecimento de áreas verdes urbanas, com os seguintes instrumentos: I - o exercício do direito de preempção para aquisição de remanescentes florestais relevantes, conforme dispõe a Lei no 10.257, de 10 de julho de 2001; II - a transformação das Reservas Legais em áreas verdes nas expansões urbanas III - o estabelecimento de exigência de áreas verdes nos loteamentos, empreendimentos comerciais e na implantação de infraestrutura; e IV - aplicação em áreas verdes de recursos oriundos da compensação ambiental.” No Capítulo V, da citada norma (Código Florestal) normatiza a possibilidade de supressão da vegetação nativa para uso alternativo do solo, a ser observado. “Art. 26. A supressão de vegetação nativa para uso alternativo do solo, tanto de domínio público como de domínio privado, dependerá do cadastramento do imóvel no CAR, de que trata o art. 29, e de prévia autorização do órgão estadual competente do Sisnama. § 3o No caso de reposição florestal, deverão ser priorizados projetos que contemplem a utilização de espécies nativas do mesmo bioma onde ocorreu a supressão. § 4o O requerimento de autorização de supressão de que trata o caput conterá, no mínimo, as seguintes informações: I - a localização do imóvel, das Áreas de Preservação Permanente, da Reserva Legal e das áreas de uso restrito, por coordenada geográfica, com pelo menos um ponto de amarração do perímetro do imóvel; II - a reposição ou compensação florestal, nos termos do § 4o do art. 33; 207 III - a utilização efetiva e sustentável das áreas já convertidas; IV - o uso alternativo da área a ser desmatada. Art. 27. Nas áreas passíveis de uso alternativo do solo, a supressão de vegetação que abrigue espécie da flora ou da fauna ameaçada de extinção, segundo lista oficial publicada pelos órgãos federal ou estadual ou municipal do Sisnama, ou espécies migratórias, dependerá da adoção de medidas compensatórias e mitigadoras que assegurem a conservação da espécie. Art. 28. Não é permitida a conversão de vegetação nativa para uso alternativo do solo no imóvel rural que possuir área abandonada. Com efeito, a ocupação das Áreas de Preservação Permanente, com atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural, até 22 de julho de 2008, são consideradas pela Lei nº. 12.651, de maio de 2012, como consolidadas, ficando autorizada a permanência das mesmas, observado o regramento de preservação e recomposição da flora natural, insculpido nos parágrafos do artigo 61-A, o qual foi inserido pela Medida Provisória 571/2012. Vejamos o que merece destaque, as prescrições legais sobre a matéria ventilada, no Capítulo XIII, Disposições Transitórias Seção II, Das Áreas Consolidadas em Áreas de Preservação Permanente: “ ... Art. 61-A. Nas Áreas de Preservação Permanente é autorizada, exclusivamente, a continuidade das atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural em áreas rurais consolidadas até 22 de julho de 2008. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). § 1o Para os imóveis rurais com área de até 1 (um) módulo fiscal que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais em 5 (cinco) metros, contados da borda da calha do leito regular, independentemente da largura do curso d´água. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). § 2o Para os imóveis rurais com área superior a 1 (um) módulo fiscal e de até 2 (dois) módulos fiscais que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais em 8 (oito) metros, contados da borda da calha do leito 208 regular, independente da largura do curso d´água. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). § 3o Para os imóveis rurais com área superior a 2 (dois) módulos fiscais e de até 4 (quatro) módulos fiscais que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais em 15 (quinze) metros, contados da borda da calha do leito regular, independentemente da largura do curso d’água. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). § 4o Para os imóveis rurais com área superior a 4 (quatro) módulos fiscais que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo de cursos d’água naturais, será obrigatória a recomposição das respectivas faixas marginais: (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). I - em 20 (vinte) metros, contados da borda da calha do leito regular, para imóveis com área superior a 4 (quatro) e de até 10 (dez) módulos fiscais, nos cursos d’agua com até 10 (dez) metros de largura; e (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). II - nos demais casos, em extensão correspondente à metade da largura do curso d’água, observado o mínimo de 30 (trinta) e o máximo de 100 (cem) metros, contados da borda da calha do leito regular. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). § 5o Nos casos de áreas rurais consolidadas em Áreas de Preservação Permanente no entorno de nascentes e olhos d’água perenes, será admitida a manutenção de atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo ou de turismo rural, sendo obrigatória a recomposição do raio mínimo de: (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). I - 5 (cinco) metros, para imóveis rurais com área de até 1 (um) módulo fiscal; (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). II - 8 (oito) metros, para imóveis rurais com área superior a 1 (um) módulo fiscal e de até 2 (dois) módulos fiscais; e (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). III - 15 (quinze) metros, para imóveis rurais com área superior a 2 (dois) módulos fiscais. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). 209 § 6o Para os imóveis rurais que possuam áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente no entorno de lagos e lagoas naturais, será admitida a manutenção de atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo ou de turismo rural, sendo obrigatória a recomposição de faixa marginal com largura mínima de: (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). I - 5 (cinco) metros, para imóveis rurais com área de até 1 (um) módulo fiscal; (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). II - 8 (oito) metros, para imóveis rurais com área superior a 1 (um) módulo fiscal e de até 2 (dois) módulos fiscais; (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). III - 15 (quinze) metros, para imóveis rurais com área superior a 2 (dois) módulos fiscais e de até 4 (quatro) módulos fiscais; e (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). IV - 30 (trinta) metros, para imóveis rurais com área superior a 4 (quatro) módulos fiscais. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). § 7o Nos casos de áreas rurais consolidadas em veredas, será obrigatória a recomposição das faixas marginais, em projeção horizontal, delimitadas a partir do espaço brejoso e encharcado, de largura mínima de: (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). I - 30 (trinta) metros, para imóveis rurais com área de até 4 (quatro) módulos fiscais; e (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). II - 50 (cinquenta) metros, para imóveis rurais com área superior a 4 (quatro) módulos fiscais. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). § 8o Será considerada, para os fins do disposto no caput e nos §§ 1o a 7o, a área detida pelo imóvel rural em 22 de julho de 2008. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). § 9o A existência das situações previstas no caput deverá ser informada no CAR para fins de monitoramento, sendo exigida, nesses casos, a adoção de técnicas de conservação do solo e da água que visem à mitigação dos eventuais impactos. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). 210 § 10. Antes mesmo da disponibilização do CAR, no caso das intervenções já existentes, é o proprietário ou possuidor responsável pela conservação do solo e da água, por meio de adoção de boas práticas agronômicas. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). § 11. A realização das atividades previstas no caput observará critérios técnicos de conservação do solo e da água indicados no PRA previsto nesta Lei, sendo vedada a conversão de novas áreas para uso alternativo do solo nesses locais. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). § 12. Será admitida a manutenção de residências e da infraestrutura associada às atividades agrossilvipastoris, de ecoturismo e de turismo rural, inclusive o acesso a essas atividades, independentemente das determinações contidas no caput e nos §§ 1o a 7o, desde que não estejam em área que ofereça risco à vida ou à integridade física das pessoas. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). ... ... ... 16. As Áreas de Preservação Permanente localizadas em imóveis inseridos nos limites de Unidades de Conservação de Proteção Integral criadas por ato do Poder Público até a data de publicação desta Lei não são passíveis de ter quaisquer atividades consideradas como consolidadas nos termos do caput e dos parágrafos anteriores, ressalvado o que dispuser o Plano de Manejo elaborado e aprovado de acordo com as orientações emitidas pelo órgão competente do SISNAMA, nos termos do que dispuser regulamento do Chefe do Poder Executivo, devendo o proprietário, possuidor ou ocupante a qualquer título, adotar todas as medidas indicadas. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). ... ... ... Nas áreas denominadas de atividades consolidadas, o benefício da lei com relação à recomposição das APP´s, referente às propriedades que desenvolviam atividades agrossilvipastoris, se materializa pela limitação em relação ao tamanho da área, artigo 61-B; 61-C e 62, da Lei 12.651/2012, inclusões pela Medida Provisória 571/2012. “ ... Art. 61-B. Aos proprietários e possuidores dos imóveis rurais que, em 22 de julho de 2008, detinham até 4 (quatro) módulos fiscais e desenvolviam atividades agrossilvipastoris nas áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente, é 211 garantido que a exigência de recomposição, nos termos desta Lei, somadas todas as Áreas de Preservação Permanente do imóvel, não ultrapassará: (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). I - 10% (dez por cento) da área total do imóvel, para imóveis rurais com área de até 2 (dois) módulos fiscais; e (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). II - 20% (vinte por cento) da área total do imóvel, para imóveis rurais com área superior a 2 (dois) e de até 4 (quatro) módulos fiscais. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). Art. 61-C. Para os assentamentos do Programa de Reforma Agrária a recomposição de áreas consolidadas em Áreas de Preservação Permanente ao longo ou no entorno de cursos d'água, lagos e lagoas naturais observará as exigências estabelecidas no art. 61-A, observados os limites de cada área demarcada individualmente, objeto de contrato de concessão de uso, até a titulação por parte do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária - INCRA. (Incluído pela Medida Provisória nº 571, de 2012). Art. 62. Para os reservatórios artificiais de água destinados a geração de energia ou abastecimento público que foram registrados ou tiveram seus contratos de concessão ou autorização assinados anteriormente à Medida Provisória no 2.166-67, de 24 de agosto de 2001, a faixa da Área de Preservação Permanente será a distância entre o nível máximo operativo normal e a cota máxima maximorum. ...” Já, com efeito, a regularização de atividades das APP´s agrossilvipastoris, ressalvadas as situações de risco de vida, em propriedades de até 4 (quatro) módulos fiscais, no âmbito do PRA, a Lei nº. 12.651/2012 remete para deliberação dos Conselhos Estaduais de Meio Ambiente ou órgãos colegiados estaduais equivalentes, artigo 63, § 3º. Segundo os artigos 64 e 65, da Lei 12.651/2012, a regularização fundiária de interesse social dos assentamentos inseridos em área urbana de ocupação consolidada e que ocupam Áreas de Preservação Permanente, a regularização ambiental será admitida por meio da aprovação do projeto de regularização fundiária, na forma da Lei no 11.977, de 7 de julho de 2009. A Lei 12.651/2012, Seção III, e a Medida Provisória 451/2012, também, normatizaram sobre as atividades consolidadas em áreas de reserva legal, anteriormente constituídas, conforme disposições contidas nos artigos 66, 67, 68, da Lei retro citada. 212 A operacionalidade da Lei nº. 12.651/2012, e alterações nesta, pela Medida Provisória nº. 571/2012, nos termos do artigo 82, não só a União, mas também, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios terão parte ativa, reservadas as competências institucionais. A seguir, são apresentados os Quadros 4.22 a 4.24, resumo das disposições quanto às restrições ou permissões de uso conforme o novo Código Florestal. 213 Quadro 4.22: Áreas de Preservação Permanente, conforme a Lei 12.651/2012. Lei nº. 12.651, de 25 de maio de 2012 “Art. 4o Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou urbanas, para os efeitos desta Lei: I - as faixas marginais de qualquer curso d’água natural, desde a borda da calha do leito regular, em largura mínima de: ...” Situação topográfica Rio/ largura Menor de 10 metros Rio/ largura De 10 a 50 metros Rio/ largura De 50 a 200 metros Rio/ largura De 200 a 600 metros Rio/ largura Superior a 600 metros Lagos/lagoas – naturais superfície menor que 20 há Lagos/lagoas – naturais superfície maior que 20 há Lagos/lagoas – naturais superfície qualquer tamanho Lagos/lagoas – artificiais superfície Até 20 há Lagos/lagoas – artificiais superfície Qualquer tamanho, quando não decorram de barramento ou represamento de cursos d’água. Corpo d´água/ entorno de nascentes/olhos d´água perenes – naturais Qualquer situação topográfica. Localização APP Legislação Zona rural ou urbana 30 metros Zona rural ou urbana 50 metros Zona rural ou urbana 100 metros Zona rural ou urbana 200 metros Zona rural ou urbana 500 metros Zona rural 50 metros Alínea “a”, inciso II, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012 Zona rural 100 metros Alínea “b”, inciso II, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012 Zona urbana 30 metros Alínea “c”, inciso II, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012 Zona rural Mínimo de 15 metros § 2º., inciso III, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012 Zona rural ou urbana Não previsto § 1º., inciso III, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012 Zona rural ou urbana Raio mínimo de 50 metros Alínea “a”, inciso I, art. 4º., da Lei nº.12.651/2012 Alínea “b”, inciso I, art. 4º., da Lei nº.12.651/2012 Alínea “c”, inciso I, art. 4º., da Lei nº.12.651/2012 Alínea “d”, inciso I, art. 4º., da Lei nº.12.651/2012 Alínea “e”, inciso I, art. 4º., da Lei nº.12.651/2012 Inciso IV, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012, redação da M P nº. 571/2012 214 Encostas ou partes destas, com declive superior a 45º equivalente a 100% na linha de maior declive. Restingas, fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues. Manguezais Bordas dos tabuleiros ou chapadas, a linha de ruptura do relevo. Topo de morros, montes, montanhas e serras, com altura mínima de 100 metros e inclinação média maior que 25º. Qualquer vegetação em áreas em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) metros. Veredas, a faixa marginal, em projeção horizontal, com largura mínima de 50 (cinquenta) metros. Entorno das acumulações naturais ou artificiais de água com superfície inferior a 1 (um) hectare. Zona rural ou urbana Zona rural ou urbana Zona rural ou urbana Na totalidade Na totalidade Na totalidade Inciso V, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012 Inciso VI, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012 Inciso VII, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012 Zona rural ou urbana Não inferior a 100 metros em projeções horizontais Inciso VIII, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012 Zona rural ou urbana As áreas delimitadas a partir da curva de nível correspondente a 2/3 (dois terços) da altura mínima da elevação sempre em relação à base, sendo esta definida pelo plano horizontal determinado por planície ou espelho d’água adjacente ou, nos relevos ondulados, pela cota do ponto de sela mais próximo da elevação. Inciso IX, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012, redação da M P nº. 571/2012 Zona rural ou urbana Na totalidade Inciso X, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012 Zona rural ou urbana A partir do limite do espaço brejoso e encharcado. Inciso XI, art. 4º.,Lei nº.12.651/2012 Zona rural ou urbana Dispensado o estabelecimento, vedada nova supressão de áreas de vegetação nativa. § 4º., art. 4º.,Lei nº.12.651/2012, redação da M P nº. 571/2012 Reservatório d’água artificial destinado a geração de energia ou abastecimento público. Zona rural ou urbana Reservatório d’água artificial destinado a geração de energia ou abastecimento público. Zona rural ou urbana Faixa mínima de 30 (trinta) metros e máxima de 100 (cem) metros em área rural, e a faixa mínima de 15 (quinze) metros e máxima de 30 (trinta) metros em área urbana. Não podendo exceder a dez por cento do total da Área de Preservação Permanente. Art. 5º.,Lei nº.12.651/2012, redação da M P nº. 571/2012 § 1º., art. 5º.,Lei nº.12.651/2012, redação da M P nº. 571/2012 Fonte: Lei 12.651/2012. 215 Quadro 4.23: Áreas de Reserva Legal, conforme a Lei 12.651/2012. “Art. 12. Todo imóvel rural deve manter área com cobertura de vegetação nativa, a título de Reserva Legal, sem prejuízo da aplicação das normas sobre as Áreas de Preservação Permanente, observados os seguintes percentuais mínimos em relação à área do imóvel: Imóvel rural Reserva Legal Com qualquer metragem 20% do total da área do imóvel Ao fracionar o imóvel, a qualquer título. Observado a área do imóvel antes do fracionamento Empreendimentos de abastecimento público de água e tratamento de esgoto Isento de reserva Localização Legislação Todas as regiões do País, exceto na Amazônia Legal. Inciso II, art. 12º., Lei nº.12.651/2012 Todas as regiões do País, exceto na Amazônia Legal. § 1º., art. 12º., Lei nº.12.651/2012 Todas as regiões do País, § 6º., art. 12º., Lei nº.12.651/2012 Fonte: Lei 12.651/2012. 216 Quadro 4.24: Áreas com atividades consolidadas em sede de áreas de preservação permanente, conforme a Lei 12.651/2012. Situação topográfica Propriedade Nºs. módulos fiscais Rios, independente da largura do curso natural. 00 a 01 módulo Rios, independente da largura do curso natural. 01 a 02 módulos Rios, independente da largura do curso natural. 02 a 04 módulos Rios em áreas consolidadas, com largura até 10 metros. 04 a 10 módulos Rios em áreas consolidadas, com qualquer largura. Nascentes e olhos d´água perenes, em áreas consolidadas. Nascentes e olhos d´água perenes, em áreas consolidadas. Nascentes e olhos d´água perenes, em áreas consolidadas. Lagos e lagoas naturais, em áreas consolidadas. Lagos e lagoas naturais, em áreas consolidadas. Lagos e lagoas naturais, em áreas consolidadas. Lagos e lagoas naturais, em áreas consolidadas. Acima de 10 módulos, extensão correspondente a metade da largura do rio. Área a ser recuperada 5 metros, da borda da calha do leito regular. 8 metros, da borda da calha do leito regular. 15 metros, da borda da calha do leito regular. 20 metros, da borda da calha do leito regular. Mínimo de 30 metros e máximo de 100 metros, da borda da calha do leito regular. Percentual a respeitar Legislação 10% da área total do imóvel. § 1º., art. 61-A., e inciso “I”, artigo 61-B, Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012. 10% da área total do imóvel. § 2º., art. 61-A., e inciso “I” artigo 61-B, Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012. 20% da área total do imóvel. § 3º., art. 61-A., e inciso “II”, artigo 61-B, Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012. Não previsto Inciso “I”, § 4º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012. Não previsto Inciso “II”, § 4º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012. 00 a 01 módulo 5 metros, raio mínimo. Não previsto Inciso “I”, § 5º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012. 01 a 02 módulos 8 metros, raio mínimo. Não previsto Inciso “II”, § 5º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012. 15 metros, raio mínimo. Não previsto Inciso “III”, § 5º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012 Acima de 02 módulos 00 a 01 módulo. 01 a 02 módulos 02 a 04 módulos Acima de 04 módulos 05 metros, mínimo de faixa marginal. 08 metros, mínimo de faixa marginal. 15 metros, mínimo de faixa marginal. 30 metros, mínimo de faixa marginal. Não previsto Não previsto Não previsto Não previsto Inciso “I”, § 6º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012. Inciso “II”, § 6º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012. Inciso “III”, § 6º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012. Inciso “IV”, § 6º., art. 61-A., Lei nº.12.651/2012, acrescido p/ M P nº. 571/2012. Fonte: Lei 12.651/2012. 217 5 MODELAGEM DOS RISCOS AMBIENTAIS Vencida a etapa de caracterização dos temas propostos (meio físico, meio biótico e meio antrópico) para a modelagem dos riscos ambientais, passa-se à delimitação dos temas que serão interpolados resultando, assim, nos mapas de risco por temas e no mapa de risco síntese do município. No entanto, faz-se necessária a conceituação/definição dos termos envolvidos nas análises de risco. Assim sendo, o risco, em sentido mais abrangente, refere-se à probabilidade de ocorrência de processos no tempo e no espaço, não constantes e não determinados, e a maneira como estes processos afetam, direta ou indiretamente, a vida humana (CASTRO et. al., 2005). Na área da Geologia de Engenharia, diretamente relacionada aos estudos da Carta de Risco do Município de Aparecida de Goiânia, risco é o principal termo utilizado para indicar a possibilidade de ocorrência de um acidente. Este último, definido como um fato já ocorrido onde foram registradas consequências sociais e econômicas. No campo científico da Geologia, risco refere-se a uma situação de perigo ou dano, ao homem e suas propriedades, em razão da possibilidade de ocorrência de processo geológico, induzido ou não (CASTRO et. al., 2005). Segundo autores compilados no estudo de Castro et.al. (2005) a noção de perigo relaciona-se com o processo/evento a ocorrer, enquanto o risco será definido a partir de uma escala ou hierarquia de probabilidades e de graus/níveis de ocorrência de eventos perigosos, na tentativa de classificar áreas com níveis de risco (perdas/prejuízos/danos) maiores e menores. Em relação ao dimensionamento de níveis ou graus de risco, no estudo realizado em Aparecida de Goiânia estes foram definidos como MUITO ALTO, ALTO, MÉDIO e BAIXO. A partir das considerações sobre os termos envolvidos nos estudos de riscos apresenta-se o Quadro 4.25, o qual compila as definições utilizadas no presente estudo. Quadro 4.25: Definições de risco, perigo, acidente e análise de risco. TERMO DEFINIÇÃO Risco Uma medida da probabilidade e severidade de um efeito adverso para a saúde, propriedade ou ambiente. Risco geralmente é estimado pelo produto entre a probabilidade e as consequências. Entretanto, a interpretação mais genérica de risco envolve a comparação da probabilidade e consequências, não utilizando o produto matemático entre estes dois termos para expressar os níveis de risco. Uma condição com potencial de causar uma consequência desagradável. Perigo Acidente Análise de risco Fato já ocorrido onde foram registradas consequências sociais e econômicas O uso da informação disponível para estimar o risco para indivíduos ou populações, propriedades ou ambiente. A análise de risco, geralmente, contém as seguintes etapas: definição do escopo, identificação do perigo e determinação do risco. Fonte: Adaptado de Castro et. al., 2005 218 Em se tratando da produção de modelos geográficos de riscos ambientais sobre uma porção territorial definida, no presente caso o município de Aparecida de Goiânia, entra-se na seara da dimensão espacial de risco os quais foram definidos e delimitados espacialmente, conforme a metodologia inicialmente proposta. Conforme a metodologia os modelos integraram levantamentos cartográficos para a região em análise, considerando as variáveis físico-bióticas (por exemplo: geologia, solos, declividade, remanescentes de vegetação/biodiversidade). A inserção dos dados nos modelos apresentados segue uma ordem lógica, permitindo a correta integração das informações geográficas selecionadas para a delimitação de cada risco. A modelagem dos riscos foi resultado do agrupamento das informações obtidas nos levantamentos e caracterizações dos meios físico, biótico e antrópico nos seguintes temas e critérios definidos no item 5.1: Risco de Perda de Solos; Risco de Perda de Qualidade de Recursos Hídricos; Risco de Inundações; Risco de Perda da Vegetação; Risco de Perda da Qualidade de Recursos Atmosféricos Risco de Acidentes; Carta de Risco – Síntese. 5.1 Critérios para a modelagem dos riscos ambientais a) MAPA DE RISCO DE PERDA DE SOLOS Alto Risco Áreas com processos erosivos; Declividade acima de 8% sem vegetação, ou com vegetação degradada (grau de preservação abaixo de 5); Fundos de vales e vale do Meia Ponte; Topos convexos (c2), topos conexos (c1), topos aguçados e fundos de vales (Geomorfologia); Áreas Próximas de Rede de Drenagem. 219 Médio Risco Declividade de 5 a 8% e o restante da vegetação Baixo risco O restante da área. MAPA DE RISCO DE PERDA DA QUALIDADE DE RECURSOS HÍDRICOS b) Muito Alto Risco17 Áreas: cemitérios, áreas industriais, termoelétrica 18 e aterro sanitário. Alto Risco Áreas Urbanas e áreas agrícolas. Médio Risco Áreas de pastagem e com solos expostos. Baixo Risco O restante da área. MAPA DE RISCO DE INUNDAÇÕES c) APP´s e fundos de vales (proveniente do mapa de Geomorfologia). Não há a critério técnico para a classificação dos riscos de inundação como ALTO, MÉDIO ou BAIXO, tampouco dados hidrológicos e pluviométricos disponíveis para que este detalhamento possa ser realizado com precisão. Portanto quanto à este risco somente foram apontadas as áreas de risco. MAPA DE RISCO DE PERDA DA VEGETAÇÃO d) Alto Risco Áreas de vegetação remanescente, em locais com alto risco de perda de solos. Médio Risco 17 Muito Alto Risco é uma condição estabelecida somente para o Mapa de Risco de Perda de Qualidade dos Recursos Hídricos, devido ao entendimento da maior fragilidade deste sistema ambiental. 18 Na modelagem dos riscos a usina Termoelétrica entra como área industrial. 220 Áreas de vegetação remanescente, em locais com médio risco de perda de solos. Baixo Risco O restante das áreas com vegetação remanescente. MAPA DE PERDA DA QUALIDADE DE RECURSOS ATMOSFÉRICOS e) Alto Risco Áreas industriais; Avenidas, rodovias e anel viário ; Área dos aterros; Pedreiras – raio de 300 m. Médio Risco Área urbana e áreas com agricultura. Baixo Risco Áreas restantes. MAPA DE RISCO DE ACIDENTES f) Alto Risco Principais vias (Av. São Paulo, Av. Rio Verde, Anel Viário e rodovia BR-153) – 50 m do eixo das vias para cada lado; Linhas de transmissão de energia elétrica 23,5 m do eixo das linhas para cada lado; Pedreiras – raio de 300 m. Áreas dos distritos industriais. Médio Risco Restante das áreas urbanas. Baixo Risco Demais áreas. 221 MAPA SÍNTESE DE RISCOS À OCUPAÇÃO 19 g) Alto Risco Áreas com processos erosivos instalados; Áreas com declividade acima de 8% sem vegetação, ou com vegetação degradada (abaixo de 5); Entorno das pedreiras (300 metros); Fundos de vales, vale do Meia Ponte, topos convexos (c2), topos conexos (c1), topos aguçados (dados de Geomorfologia); Áreas de Preservação Permanentes; Áreas de cemitérios e aterro sanitário. Médio Risco Declividade de 5 a 8% e as áreas com vegetação com grau de preservação acima de 5. Baixo risco Demais áreas. Finalmente, foram integradas no mapa síntese, as áreas com muito alto risco de perda da qualidade de recursos hídricos, alto risco de acidentes, risco de inundações, a área do Parque Serra das Areias acrescida de um cinturão de 1 km como área de contenção à ocupação. A partir destas definições resultaram os mapas dos riscos ambientais que fazem parte do conjunto dos documentos técnicos entregues à administração municipal. 19 Embora no mapa de RISCO DE PERDA DA QUALIDADE DE RECURSOS HÍDRICOS haja a classificação MUITO ALTO RISCO, no mapa síntese esta classificação foi agregada ás áreas de ALTO RISCO. Optou-se tecnicamente por esta condição para não haver prejuízo no entendimento e valoração das áreas de ALTO RISCO à ocupação. 222 CONSIDERAÇÕES FINAIS Os estudos realizados para caracterizar os aspectos físicos, bióticos e as interações antrópicas no município de Aparecida de Goiânia tiveram como objetivo principal prestar informações básicas e necessárias para o planejamento territorial, mediante elaboração da Carta de Risco. O mapeamento de riscos é uma poderosa ferramenta de avaliação e gestão ambiental, com o qual é possível identificar as condições atuais de um compartimento ambiental e inferir de que forma o mesmo poderá atender às variadas demandas da população humana. Detectou-se, durante os estudos, a ocorrência de graves problemas ambientais. Muitos já ultrapassaram a condição de risco e a linha dos impactos e se configurando como passivos ambientais os quais devem ser mitigados com vistas à melhoria da qualidade do ambiente e de vida da população. Podem-se citar como exemplo as áreas onde os processos erosivos comprometem a segurança da população local. Em relação aos aspectos físicos – geologia, geomorfologia, pedologia – conclui-se que embora a maior parte do município situe-se sobre áreas relativamente planas, processos erosivos ocorrem de maneira expressiva, principalmente, em áreas próximas aos cursos d’água, resultando no assoreamento desses mananciais. A causa principal destes processos é à utilização e apropriação de áreas potencialmente frágeis do ponto de vista ambiental. Inúmeros são os processos erosivos instalados e em condições avançadas de degradação da estabilidade dos solos, o que, em se tratando de ocupação urbana, configura graves riscos à vida da população. O agravamento das condições de escoamento superficial – devido ao processo desordenado de ocupação urbana e consequente impermeabilização do solo – resulta em sérias alterações na dinâmica fluvial e nas magnitudes dos picos de vazão. Desta forma, até mesmo as bacias e microbacias hidrográficas as quais, por condições físicas naturais não são sujeitas às inundações, ficam susceptíveis a estes eventos. Ainda nos aspectos relacionados aos mananciais hídricos observa-se a queda de vazão nos poços subterrâneos do sistema SANEAGO, o que ocorre devido à exploração irregular destes mananciais aliada ao comprometimento de recarga devido à ocupação urbana. Alerta-se para o fato do comprometimento da qualidade das águas subterrâneas, e por consequência das superficiais, devido a existência de grande quantidade de fossas rudimentares – mais de 60% dos domicílios destinam seu esgoto sanitário a fossas rudimentares. A síntese do diagnóstico da vegetação expõe as características de um meio bastante antropizado, mesmo na área rural. Foram constatados poucos fragmentos de vegetação nativa que 223 guardam as características originais de parte da flora. Constatou-se a fragmentação de ecossistemas e à baixa preservação das faixas bilaterais dos mananciais. Alerta-se para a ocupação irregular dos fundos de vale e das áreas do entorno das nascentes, o que agrava a situação dos processos erosivos instalados e proporcionam a ocorrência de novas erosões. No que se refere às áreas verdes urbanas e às Unidades de Conservação, ressalta-se que as áreas são mínimas em relação à dimensão territorial do município e estas se encontram isoladas, sem qualquer possibilidade de trocas ecológicas entre si. A Serra das Areias constitui-se em um importante fragmento de vegetação nativa e detentora de um potencial hídrico de importância local e regional, no entanto encontra-se ameaçada pelo avanço da ocupação urbana, o que requer do poder público uma ação imediata no sentido de conter este avanço. Dos aspectos relacionados às interações antrópicas destaca-se a relevância econômica do Município em relação à microrregião e ao Estado de Goiás. No entanto detectou-se que as políticas ambientais e de uso e ocupação do solo ainda não acompanham a pujança econômica e o processo acelerado de ocupação do solo, tanto nos aspectos relacionados à habitação, quanto aos aspectos relacionados aos usos especiais, tais como indústrias, exploração mineral, disposição de resíduos sólidos. A preservação da qualidade do meio ambiente natural relaciona-se diretamente com as políticas municipais de uso do solo (refletidas no Plano Diretor e legislação urbanística que o complementam), com a infraestrutura instalada (água tratada, esgotamento sanitário, disposição de resíduos sólidos, sistemas de drenagem urbana). Percebe-se que na maioria destes aspectos o Município ainda não avançou na qualidade e quantidade imposta pelo seu crescimento demográfico e econômico. Neste contexto, o mapeamento detalhado de todo o município de Aparecida de Goiânia, garantiu a excelente qualidade na espacialização de informações necessárias a implementação de um processo de gestão urbana moderna e ligado às demandas socioambientais. Além de importante subsídio para a detecção das características físico-ambientais do Município, as informações e o mapeamento poderão ser utilizados em várias outras atividades do município, entre elas monitoramento ambiental, planejamento urbano e rural, obras de engenharia, educação, saúde entre outras. Por fim ressalta-se que este trabalho não se encerra em si mesmo. Faz-se necessário o uso constante das informações e interpretações apontadas e a atualização diária para que este não se perca no tempo e no espaço. 224 BIBLIOGRAFIA ABNT. Guia para avaliação dos efeitos provocados pelo uso de explosivos nas minerações em áreas urbanas. Norma Brasileira, NBR 9653, de 30 de setembro de 2005. ABNT: São Paulo, 2005. 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