Projeto Biomas na Amazônia
Resumo dos Suprojetos de Pesquisa
Comitê Gestor Regional:
- Alexandre Mehl Lunz (coordenador regional, Embrapa Amazônia Oriental);
- Rosana Quaresma Maneschy (vice-coordenadora regional, Universidade Federal do Pará);
- Arystides Resende Silva (Embrapa Amazônia Oriental);
- Andréa Hentz de Mello (Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará);
- Gracialda Costa Ferreira (Universidade Federal Rural da Amazônia).
O Projeto Biomas – Amazônia se prepara para a segunda fase de plantios, prevista para o
período de janeiro e fevereiro de 2015. Diversos subprojetos já foram implantados e apresentam
resultados parciais, enquanto outros estão prestes a terem suas primeiras ações executadas. A seguir,
são exibidos resumos dos objetivos e das atividades já executados de cada uma das 22 iniciativas de
pesquisa de pesquisadores de diversas partes do Brasil, especialmente da região Norte do país,
conduzidas nos municípios de Marabá e São Domingos do Araguaia, Pará.
AM01
Título: “Conservação de Germoplasma Florestal no Município de Marabá – Implantação de
Reserva Genética ‘in situ’”
Dra. Noemi Vianna Martins Leão, Embrapa Amazônia Oriental
Considerando que o município de Marabá é o segundo na lista dos índices de desmatamento
no Pará e há necessidade de recuperar Área de Reserva Legal e de Preservação Permanente, além de
projetos de reflorestamento com Sistemas Agroflorestais (SAFs) ou Integração Lavoura – Pecuária –
Floresta (iLPF) na região, há necessidade de preservar fragmentos florestais remanescentes na região
para que gerações futuras conheçam a flora nativa e que possam servir como fontes de propágulos
para projetos de reposição florestal nas áreas abertas, além de representarem áreas de pesquisa
botânica, ecologia e educação ambiental na região. Para tanto, foi selecionada uma Área de Coleta de
Sementes (ACS) na floresta da Fundação Zoobotânica de Marabá, que constitui a área de referência
do Projeto Biomas – Amazônia, levando em consideração o tipo de vegetação disponível e
diversidade de espécies. A área foi delimitada em parcelas de 1 ha, piqueteada e com árvores matrizes
dimensionadas quanto ao diâmetro à altura do peito (DAP) ≥ 25 cm, além de serem georreferenciadas.
Após a realização do inventário, será feita a seleção das árvores matrizes em duas etapas. A primeira
será baseada na distribuição espacial que cada espécie apresenta na área demarcada, selecionando-se
indivíduos distantes uns dos outros pelo menos 100 metros. A segunda fase da seleção das árvores
matrizes irá requerer, inicialmente, o atendimento aos critérios de melhores características fenotípicas,
tais como: altura da árvore; DAP; forma da copa; forma do fuste ou tronco; sanidade da árvore (sem
doenças); e produção de sementes. Todas as matrizes selecionadas para coleta de sementes serão
identificadas botanicamente, com coleta de material para herborização e envio a herbário para análise,
registro e confirmação de identificação.
AM02
“Adubação verde para recuperação da produtividade agrícola”
Dra. Débora Veiga de Aragão, Embrapa Amazônia Oriental
Uma maneira de recuperar área alterada de sistema agrícola, principalmente para produtor
agrícola de baixa renda, é por meio do manejo do pousio curto com plantas recuperadoras da
fertilidade do solo, como a leguminosa guandu (Cajanus cajan). Há evidências de que o pousio curto
com espécies leguminosas melhora a qualidade do solo, reduz a ocorrência de plantas invasoras e
minimiza os custos de manutenção dos cultivos agrícolas. Outra prática que está sendo bastante
utilizada para beneficiar o desenvolvimento inicial de árvores de interesse econômico é a inoculação
com fungos micorrízicos arbusculares (FMA) nas mudas, pois promove o aumento da capacidade das
plantas em absorver nutrientes no solo. Em Marabá, sudeste do estado do Pará, uma área de 1,024 ha
vem sendo trabalhada com objetivo de recuperar/melhorar a fertilidade do solo e a produtividade
agrícola com uso de adubação verde de guandu e de testar o efeito da inoculação por FMA em árvores
(castanha-do-pará, andiroba e pau preto). As plantas de guandu permanecerão na área por cerca de um
ano quando será introduzida a mandioca sobre o resíduo incorporado do guandu. As plantas de
interesse econômico terão seu desenvolvimento monitorado. Esse estudo possui principal foco em
identificar os benefícios e recomendar uma técnica capaz de restabelecer a capacidade produtiva do
solo, do cultivo agrícola e o desenvolvimento de árvores de interesse econômico, de modo a evitar
aberturas de novas áreas para o cultivo. Criar área permanente de cultivo agrícola capaz de elevar a
renda e a qualidade de vida de agricultores familiares.
AM03
“Adubação verde para recuperação da produtividade agrícola”
Dra. Marta Silvana Volpato Sccoti, Universidade Federal de Rondônia
O presente trabalho tem por objetivo testar diferentes arranjos espaciais com espécies
madeireiras e não madeireiras para a recomposição da reserva legal. O experimento conta com oito
tratamentos representados por diferentes arranjos compostos por quatro espécies comerciais
(Platypodium elegans, Schizolobium parahyba var. amazonicum , Eucalyptus sp., Dipteryx odorata)
consorciadas com a castanheira (Bertholletia excelsa) e espécies nativas da região (Swietenia
macrophylla, Inga sp., Dinizia excelsa, Parkia pendula, Dalbergia spruceana). A cada 12 meses até o
final do ciclo de cada espécie serão coletados dados das variáveis: diâmetro a altura do peito (DAP) e
altura total para determinação das taxas de incremento ao longo do tempo. Serão feitos três desbastes
das espécies com interesse madeireiro (aos 4, 10 e 14 anos). Também serão feitas avaliações da
regeneração natural a partir do quinto ano de cada arranjo em parcelas permanentes de 10 x 10 m para
avaliar o processo de recomposição das áreas reflorestadas e a influência dos desbastes no
crescimento das espécies regenerantes. Para análise da eficiência econômica de cada arranjo será
calculada a Taxa Interna de Retorno – TIR. Ainda serão desenvolvidas, curvas de crescimento para
cada espécie e análise fitossociológica nas parcelas de avaliação da regeneração natural. Com os
resultados espera-se demonstrar para o produtor rural o retorno econômico da Reserva Legal a partir
da retirada de produtos madeireiros e não-madeireiros além da recomposição da vegetação natural na
propriedade na forma de capoeira alta, que será importante para o regaste da biodiversidade da região
e qualidade dos recursos naturais.
AM04
“Caracterização e monitoramento da dinâmica de um trecho de floresta ombrófila densa de
terra-firme em uma unidade de conservação e em uma reserva legal privada”
Dr. Ademir Roberto Rüschel, Embrapa Amazônia Oriental
Busca-se caracterizar a riqueza e diversidade de espécies da flora arbórea nativa em área com
floresta pouca impactada, no Parque Zoobotânico de Marabá/PA e uma floresta altamente antropizada
localizada na Fazenda Cristalina, em São Domingos do Araguia/PA. Conhecer a riqueza, diversidade
e a dinâmica de espécies arbóreas em floresta pouco impactada pelo uso agropecuário e de outros
eventos como fogo subsidiam as informações básicas para o entendimento se nas formações florestais
altamente antropizadas a autorregeneração é suficiente para recuperar a diversidade de espécies
florestais nativas. Por outro lado, o conhecimento da riqueza, diversidade e da dinâmica de
crescimento e recrutamento de espécies das formações de floresta altamente impactadas da região são
importantes para a tomada de decisões sobre as estratégias de intervenção artificial ou não para a
restauração dessas tipologias. No caso de intervenções artificiais, pode-se auxiliar no processo de
restauração da flora via tratamentos silviculturais, seja via enriquecimento com propágulos dessas
essências nativas coletados nos remanescentes existentes na região e/ou favorecendo o recrutamento
das árvores jovens. O levantamento das informações sobre riqueza, diversidade e dinâmica das
espécies realizou-se através do estabelecimento de parcelas permanentes nas duas formações: floresta
conservada e floresta altamente antropizada. Nas parcelas realizou-se o inventário florístico e através
do monitoramento contínuo busca-se conhecer a dinâmica temporal dessas duas formações.
AM05
“Avaliação da adaptabilidade de diferentes clones comerciais de eucaliptos com e sem
inoculação de ectomicorrízas para a região sudeste do Estado do Pará”
Dr. Arystides Resende Silva, Embrapa Amazônia Oriental
O cultivo do eucalipto ampliou-se muito nas últimas décadas. Grandes maciços florestais estão
distribuídos por todas as regiões do Brasil. O estado do Pará é promissor para o reflorestamento, com
cerca de 20 milhões de hectares abertos pela ação antrópica com condições edafoclimáticas favoráveis
ao desenvolvimento de espécies de rápido crescimento. Suas espécies podem ser utilizadas para o
abastecimento do setor siderúrgico e empreendimentos que demandarão grandes quantidades de
madeiras de diversas finalidades. No Pará, clones comerciais sofrem expressiva mortalidade devido às
diferentes condições climáticas e de solo, e ainda por serem uma cultura extremamente dependente
dos fungos ectomicorrízicos, acarretando preocupação crescente dos eucaliptocultores para a
produção de carvão vegetal. Esse problema vem ao encontro de nossa proposta que visa evidenciar a
adaptabilidade de seis clones com e sem inoculação e fungos ectomicorrízicos na região de Marabá no
sudeste do Estado do Pará. Como produto, esse estudo visa identificar os clones que melhor se
desenvolvem nas condições de solos e clima na região sudeste do Pará.
AM06
“Bioindicadores fornecedores de serviços dos ecossistemas em áreas em recuperação ambiental
na Amazônia Oriental”
Dr. Diego Macedo Rodrigues, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará
O objetivo deste projeto será avaliar organismos bioindicadores fornecedores dos serviços dos
ecossistemas em áreas em recuperação ambiental na Amazônia Oriental, abrangendo macro, meso e
microfauna edáfica. As amostragens serão realizadas dentro de experimentos de sistemas de produção
e área de referência. As áreas serão no experimento de plantio direto de anuais, experimento de
sistemas agrosilvipastoris e em uma área de referência em área de proteção permanente. Os artrópodes
de solo serão amostrados através da coleta passiva com armadilhas do tipo alçapão, quatro vezes ao
ano em função da sazonalidade climática (período seco e chuvoso). Para a avaliação da microfauna
serão demarcadas áreas de 30 x 30 m em cada uma das áreas amostrais, nestas serão retiradas 10
amostras de solo simples para posterior análise em laboratório para identificação e contabilização,
principalmente, de esporos de fungos micorrízicos. Para a avaliação da dricofauna, será realizada
através de cinco monólitos de solo (50 x 50 cm), distanciados 10 m entre si. A compreensão das
complexas relações que ocorrem entre os artrópodes nos agroecossistemas por meio da avaliação da
abundância, riqueza e dinâmica populacional dos agentes ecológicos da fauna edáfica, frente ao
desequilíbrio ecológico causado pela ação antrópica, apresenta-se como um importante subsídio para
o manejo sustentável dos agroecossistemas. Desta forma, avaliação destes agentes em experimentos
de sistemas alternativos de exploração do solo torna-se importante para referendar ecologicamente
resultados produtivos destes sistemas.
AM07
“Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF): opção de sistema integrado de produção para
áreas antropizadas”
Dr. Roni de Azevedo, Embrapa Amazônia Oriental
Os sistemas de iLPF, aliados a práticas conservacionistas como o Sistema Plantio Direto
(SPD), são alternativas econômicas e sustentáveis para recuperar áreas antropizadas, principalmente
as pastagens. A receita das lavouras de grãos, cultivadas nos primeiros anos, amortizam os custos de
implantação do sistema. Da mesma forma, o animal gera receitas anuais ou bianuais melhorando
muito o fluxo de caixa e a atratividade do negócio. Esse projeto visa a obtenção de um sistema
integrado de produção e recuperação de áreas alteradas que seja sustentável e economicamente viável;
a geração de indicadores de viabilidade econômica que subsidiem a tomada de decisão dos
produtores, bem como a construção de cenários para o comportamento dos preços e da produção ao
longo do tempo; e a elaboração de material informativo (técnico e científico) referente aos resultados
advindos dos estudos a serem realizados na área experimental. Já foi estabelecido o componente
florestal (eucalipto), com espaçamento ampliado nas entrelinhas, possibilitando o plantio de culturas
granífera de interesse comercial na região como milho, feijão ou soja por dois a três anos. Para o
primeiro ano, foi implantado e colhido o milho. Após o final do ciclo inicial dos grãos, o pasto estará
formado nas entrelinhas do eucalipto, momento em que o animal entra no sistema. A área utilizada é
de aproximadamente 3,5 ha. O plantio do eucalipto foi feito com subsolagem no primeiro tratamento:
três fileiras simples com espaçamento de 25 m entre elas; segundo tratamento: três faixas de duas
fileiras com espaçamento de 3 x 3 m entre plantas e espaçamento entre as faixas de 25 m e terceiro
tratamento: três faixas de três fileiras com espaçamento de 3 x 3 m entre plantas e espaçamento entre
as faixas de 25 m.
AM08
“Avaliação do desenvolvimento de mudas inoculadas com fungos micorrízicos e estudo da
regeneração natural em área de Reserva Legal na Fazenda Cristalina”
Dra. Andréa Hentz de Mello, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará
As áreas alteradas na Amazônia brasileira ocupam expressiva proporção do território. A
reincorporação dessas áreas ao processo produtivo, a partir de plantações florestais, pode contribuir
significativamente para o aumento da oferta de madeira de elevado valor econômico, e diminuir a
pressão sobre as florestas nativas, além de promover a minimização de danos ambientais decorrentes
do aumento na emissão de gases de efeito estufa; perdas de solo, água e nutrientes, além da
possibilidade de aumento da biodiversidade que deve ser considerada. Para a pesquisa o desafio
colocado é oferecer opções de sistemas agrícolas e florestais passíveis de utilização. E, além disso, é
preciso que os sistemas de plantios florestais escolhidos, além de economicamente atrativos, sejam
adequados à legislação ambiental em termos de manutenção de Áreas de Reserva Legal (ARL). Com
a finalidade de contribuir para o fomento de plantios florestais na Amazônia, este trabalho tem por
objetivo apresentar um modelo de produção florestal que combina as espécies andiroba (Carapa
guianensis Aubl.), jatobá (Hymenaea courbaril L.) e sapucaia (Lecythis pisonis) inoculadas com
fungos micorrízicos arbusculares (FMAs), servindo de vitrine demonstrativa e gerando tecnologia de
produção de mudas para a ARL de agricultores do entorno da Fazenda Cristalina, que constitui a área
experimental do projeto. O experimento foi implantado em uma área de 0,6 ha e os tratamentos foram
compostos de (1) plantas inoculadas com fungos micorrízicos, (2) com uso de vermicomposto, (3)
com uso de escória, (4) plantas inoculadas com fungos e vermicomposto, (5) plantas inoculadas com
fungos e escória e (6) testemunha.
AM09
“Avaliação do desenvolvimento de paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum (Huber ex
Ducke) Barneby, Fabaceae) inoculados com microrganismos indutores de crescimento”
Dr. Alexandre Mehl Lunz, Embrapa Amazônia Oriental
Na natureza, o paricá conta com o sinergismo de vários microrganismos que ampliam a área de
atuação das raízes, solubilizam e captam compostos nutricionais, protegem a planta de patógenos e
produzem substâncias estimulantes do crescimento. O estudo da microbiota natural da rizosfera de
paricá, identificando microrganismos que auxiliem em seu crescimento, pode aumentar a
produtividade das plantas em áreas com histórico de uso inadequado da terra e contribuir com a
restauração de ecossistemas degradados. Este subprojeto objetiva a avaliação do desenvolvimento do
paricá em face de adubações químicas convencionais e com uso de microrganismos indutores de
crescimento. Em área de aproximadamente 0,8 ha, foram cultivadas 588 árvores divididas em blocos
inteiramente casualizados com três repetições de quatro tratamentos: (1) adubação química
convencional (termofosfato e, na cobertura, NPK), (2) inoculação com fungos micorrízicos
arbusculares (FMA), (3) inoculação com FMA e uso de bactérias indutoras de crescimento e (4)
testemunha. Avaliações de pragas são feitas mensalmente e, até o momento, foram observadas apenas
situações pontuais de ataques de gafanhotos, besouros desfolhadores e formigas. A primeira medição
de altura, aos seis meses de idade, foi executada em agosto de 2014 e a próxima está prevista para
janeiro de 2015. Nos primeiros três anos serão feitas medições semestrais por se tratar de espécie de
rápido crescimento inicial. A partir do quarto ano estão previstas avaliações anuais.
AM10
“Reabilitação estrutural de ecossistemas ripários em microbacias na região do médio Rio
Tocantins, Pará”
Dr. Diego Macedo Rodrigues, Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará
O objetivo deste projeto é avaliar os desempenhos silviculturais de espécies arbóreas com
potencial para recuperação de ecossistemas ripários na região do médio Rio Tocantins, Pará
utilizando-se espécies nativas da região amazônica como o cajá (Spondias mombin), açaizeiro
(Euterpe oleraceae) e andiroba (Carapa guianensis). As espécies nativas serão cultivadas em parcelas
homogêneas com 64 plantas (semeadas em covas de 20 cm de diâmetro e 40 cm profundidade), onde
serão utilizadas para avaliação somente as 16 centrais excluídas as duas linhas de bordas. Serão
testadas ainda diferentes medidas de espaçamento T1 (1,5 x 1,0 m; T2 (1,5 x 2,0 m); T3 (1,5 x 3,0 m)
e T4 (2,0 x 3,0 m). Semestralmente, será avaliada a percentagem de sobrevivência das mudas, bem
como mensurados o crescimento em altura (m) e o diâmetro do colo em mudas (mm) (ou o diâmetro à
1,30 m de altura no caso de plantas mais desenvolvidas). A reabilitação dos ecossistemas ripários
deverá restabelecer os serviços dos ecossistemas terrestres na proteção dos ecossistemas aquáticos,
como sítio de convergência dos vetores de superfície, principalmente transporte de sedimentos que
poluem e reduzem a capacidade da manutenção dos recursos hídricos de superfície e deteriora da
qualidade da água. Desta forma, esta pesquisa fornecerá dados relevantes quanto à adaptabilidade e
adequabilidade destas espécies para recuperação de áreas de proteção permanente degradadas por
atividades agropecuárias nas condições de solo e clima do sudeste do estado do Pará, subsidiando
estudos mais aprofundados no contexto da ecofisiologia de cada uma das espécies bem como planos
de recuperação.
AM11
“Recomposição de área de preservação permanente (APP) em microbacias na região do baixo
Tocantins, Marabá, Pará”
Dra. Roberta de Fátima Rodrigues Coelho, Instituto Federal do Pará (Castanhal)
O projeto parte da premissa de que a escolha de espécies para plantio florestal deve obedecer os
grupos ecológicos que as espécies pertencem. Nesse contexto, objetiva-se analisar o comportamento
de espécies arbóreas de diferentes grupos ecológicos plantadas em área de preservação permanente
(APP) degradada no município de Marabá, Pará. O experimento será implantado em 10 blocos ao
acaso constituídos de três parcelas de 20 x 20 m cada, totalizando 1,2 ha distribuídos nas duas
margens do curso de água. O plantio será realizado em duas etapas, sendo que a primeira será formada
por três tratamentos com espécies arbóreas comerciais, não comerciais e palmeiras da fase inicial de
sucessão, em espaçamento 2 x 2m, assim distribuídos: T1 = Leguminosae, arbóreas, intolerantes a
sombra + palmeiras; T2 = espécies arbóreas, de madeira branca, intolerantes à sombra + palmeiras; e
T3 = espécies arbóreas, de madeira vermelha, intolerantes à sombra + palmeiras. Cada tratamento será
composto de sete espécies com três repetições (duas às margens do rio e uma no entorno da nascente).
Após 18 meses do primeiro plantio será implementada a segunda etapa, com a introdução de espécies
de outros grupos de fases mais avançadas de sucessão, considerando comerciais e não comerciais, em
espaçamento de 1 x 1 m, nas linhas intermediárias do plantio da primeira etapa, descritos a seguir: T1
= Leguminosae, arbóreas, tolerantes a sombra; T2 = espécies arbóreas, de madeira branca, tolerantes a
sombra; T3 = espécies arbóreas, de madeira vermelha, tolerantes a sombra. Cada tratamento será
composto de cinco espécies e 3 repetições. O processo de sucessão natural da área será monitorado
em blocos intermediários de 20 x 60 m, nos quais serão alocadas três subparcelas de 10 x 10m,
aleatoriamente. Em cada parcela serão obtidas amostras de solos para monitorar o processo de
recuperação e resiliência. Nos plantios serão avaliados os seguintes parâmetros: composição florística,
índice de sobrevivência, índice de mortalidade, altura total da planta, diâmetro do caule ao nível do
solo. Os solos serão analisados sob o aspecto físico-químico para determinar a capacidade de
recuperação do mesmo. Como produto espera-se que as áreas de preservação permanente recompostas
com espécies madeireiras de uso comercial e não comercial sirvam como possibilidade de geração de
renda ao produtor, especialmente de produtos não madeireiros.
AM12
“Resposta hidrológica e monitoramento climático de pequena bacia submetida à alteração
gradual de uso do solo”
Dr. Edner Baumhardt, Universidade Federal de Santa Maria
Este estudo, por ser um projeto de natureza transversal ao foco do Projeto Biomas, está sendo
conduzido no intuito de quantificar os efeitos hidrológicos resultantes dos diversos subprojetos
implantados na bacia experimental. Para isso, foi necessária a construção de uma estrutura hidráulica
(vertedor triangular de 90º) no exutório (limite) da área cedida à pesquisa, transversalmente ao curso
de água principal. Além disso, foram perfurados três poços de monitoramento (piezômetros) com
profundidades de 20 , 10 e 5 m. Para coletar os dados, foram instalados em cada uma das estruturas,
sensores do tipo transdutores de pressão com coleta de informações quantitativas a cada 15 minutos.
Ainda, no intuito de identificar a dinâmica dos principais elementos meteorológicos e a sua principal
influência nos caracteres vegetativos e reprodutivos das espécies, foi instalada uma estação
climatológica de superfície com coleta de dados a cada 15 minutos. Assim, durante a vigência do
estudo pretende-se dar suporte hidrológico e climatológico aos demais subprojetos, quantificar a
recarga líquida do aquífero livre, quantificar o deflúvio resultante da bacia e analisar sua evolução
com o crescimento da vegetação e andamento dos subprojetos implantados, correlacionar as
informações climáticas com as respostas hidrológicas da bacia. Dessa forma, será possível observar o
quão efetiva foi a recuperação em termos hidrológicos com a implantação dos subprojetos.
AM13
“Desenvolvimento de dois Sistemas Agroflorestais em Área de Sistema de Produção – ASP para
região do Sudeste Paraense”
Dr. Antônio José Elias Amorim de Menezes, Embrapa Amazônia Oriental
Na região do Sudeste Paraense, os agricultores rurais que possuem áreas degradadas, dedicamse quase que exclusivamente à produção de cultivos de ciclo curto para subsistência e à formação de
pastagem para a criação de gado. Têm-se observado, entretanto, que nesse modelo econômico, além
da degradação ao meio ambiente, não foi conseguida a viabilização, até o momento, de um
mecanismo sustentado diversificado de capitalização. Diante desse fato, visualizam-se para esses
agricultores, a utilização de cultivos agrícolas perenes, em associação com espécies florestais e
frutíferas que participariam no conjunto produtivo da propriedade rural, como elementos de
capitalização. Este subprojeto almeja a indicação de pelo menos um tipo de sistema agroflorestal
(SAF) para recuperação de áreas alteradas na região em estudo, com culturas de ciclo curto, semiperene e perene. Em área de 1,2 ha, cada SAF ocupou 0,6 há, sendo o primeiro contendo árvores de
mogno-africano (Khaya ivorensis) e o segundo, castanheira (Bertholletia excelsa). Ambos foram
intercalados, no primeiro ano de plantio, com dois cultivares de mandioca e dois de macaxeira. Para o
segundo ano, após a colheita desses cultivares, prevê-se o plantio de abacaxi e maracujá entre as
árvores, visando oferecer fonte de renda alternativa ao produtor. Para os anos seguintes estão previstos
os plantios de bananeiras de diversos cultivares e, por fim, de cacau e cupuaçu.
AM14
“Avaliação econômica de sistema de produção integrando gado de corte e babaçu”
Dr. Joaquim Bezerra Costa, Embrapa Cocais
O babaçu atualmente é visto pelos pecuaristas como planta invasora e, quando mal manejada,
pode de fato inviabilizar o uso da pastagem. Porém, sua presença nas pastagens, quando manejada de
forma correta, pode trazer conforto térmico aos animais, resultando em maior ganho de peso, além de
trazer outros benefícios à pastagem através de aporte de matéria orgânica. Adicionalmente, o babaçual
bem manejado pode gerar vários produtos como a amêndoa (para extração de óleo), o endocarpo (para
produção de carvão) e o mesocarpo (para produção de alimentos), tornando-se uma fonte de renda
extra para o pecuarista. Posto isso, com este trabalho objetiva-se verificar a viabilidade econômica de
um sistema silvipastoril com o babaçu como componente florestal, bem como verificar o potencial de
uso e de mercado do babaçu como fonte de carvão para as cerâmicas da região, gerando dados
científicos que valorizem a manutenção do babaçu em áreas de pastagem ao passo em que minimizam
as pressões das carvoarias sobre a vegetação nativa. A área do subprojeto é de 9 ha, sendo 6 ha de
pastagem com babaçu, divididas em 2 tratamentos com 30 e 50 palmeiras/ha (3 ha por tratamento) e 3
ha de pastagem sem babaçu. Para a implantação dos experimentos será necessário realizar a reforma
da pastagem e adubação de correção de acordo com análise de solo previamente realizada e instalação
de cercas para conter o gado na área experimental. A delimitação das áreas será feita de acordo com a
densidade das palmeiras, previamente georreferenciadas na área experimental, que poderão ser
desbastadas para ajustes.
AM15
“Sistema silvicultural de restauração de RL em florestas amazônicas para a sua valorização
ecológica e econômica – Restauração, Recuperação e Restabelecimento – 3R”
Dr. Lucas Mazzei, Embrapa Amazônia Oriental
O experimento tem como objetivo testar um protocolo silvicultural para o restabelecimento do
valor ecológico e econômico de florestas alteradas em áreas de Reserva Legal (RL) de propriedades
rurais na Amazônia brasileira. Ter um sistema de manejo adaptado às florestas alteradas da Amazônia
tem papel importante no atendimento dos objetivos da RL instituídos pela legislação brasileira:
“assegurar o uso econômico de modo sustentável dos recursos naturais e conservar a biodiversidade”.
Um grande número de propriedades rurais da Amazônia possui importante passivo ambiental
referente ao estado de conservação de suas áreas de RL. O sistema silvicultural que está sendo testado
se apoia em uma forte intervenção orientada no plantio de espécies comerciais e de crescimento
rápido em clareiras artificiais. Trinta clareiras com 21 metros de diâmetro foram abertas no interior da
RL de uma propriedade localizada no município de São Domingos do Araguaia, Pará. Dentro destas
clareiras foram plantadas 1716 mudas de Mogno e Paricá em três níveis de adubação. O estudo tem a
seguinte hipótese de trabalho: o restabelecimento do dossel da floresta com estas espécies-chave cria
as condições ambientais necessárias para o reestabelecimento da riqueza florística e da dinâmica via
regeneração natural das espécies nativas locais. Assim, espera-se com este experimento criar um
sistema de recuperação simples e ao mesmo tempo economicamente atrativo, contrapondo o sistema
atual baseado no plantio em quincôncio de espécies de diferentes grupos ecológicos que tem se
mostrado oneroso, ineficiente e ecologicamente inadequado.
AM16
“A produção pecuária sob a sombra das árvores e em equilíbrio com o ecossistema”
Dra. Gladys Martinez, Embrapa Amazônia Oriental
Os sistema silvipastoris (SSP) se caracterizam pela integração de árvores e/ou arbustos com
pastagens e animais e tem como benefícios a conservação do solo e recursos hídricos, ciclagem de
água e nutrientes pelas raízes das árvores das camadas mais profundas do solo para as mais
superficiais. Além disso, o sombreamento das árvores propicia melhoria na atividade biológica pela
mudança favorável no microclima, fator que também beneficia os animais de produção a pasto
reduzindo o efeito da radiação solar, principalmente nos trópicos, pela alta temperatura e umidade
relativa. O clima pode ser limitante para o bom desempenho da atividade animal por produzir estresse
e desconforto fisiológico. Além disso, o calor excessivo altera seu comportamento ao reduzir sua
movimentação, alterando seu padrão de ingestão e consequentemente sua produtividade. O projeto
prevê o estudo do comportamento ingestivo e de bioindicadores de conforto térmico (frequência
respiratória, frequência cardíaca, temperatura retal e temperatura corporal superficial) dos animais.
De forma complementar, será realizada a determinação e analise da viabilidade econômica da
proposta de implantação e condução de um SSP. A área utilizada é de aproximadamente 3,5 ha,
divididos em dois talhões, de igual tamanho. São utilizadas duas espécies florestais: o eucalipto e o
paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum). O componente forrageiro (Brachiaria brizanta
cultivar BRS Piatã) será inserido no sistema juntamente com a segunda adubação de cobertura (~ 25
dias após a semeadura) na cultura do milho BR 105, plantada juntamente com as espécies florestais no
primeiro ano.
AM17
“Avaliação de espécies arbóreas forrageiras inoculadas com fungos micorrízicos arbusculares”
Dra. Rosana Quaresma Maneschy, Universidade Federal do Pará
O uso de leguminosas arbóreas ou arbustivas pode contribuir para suplementação alimentar de
bovinos a pasto no sudeste do Pará. Esse subprojeto tem como objetivo analisar o potencial de
espécies arbóreas forrageiras para introdução em sistemas pecuários na região. Foi implantado um
ensaio com cinco espécies, sendo uma introduzida e quatro de ocorrência natural em pastagens na
região, a saber: mutamba preta (Guazuma ulmilifolia Lam.), burdão de velho (Samanea saman (Jacq.)
Merr.), mungulu (Erythina glauca Willd.) e jurema (Chloroleucon tortum (Mart.) Pittier ex Barneby
& J. W. Grimes). Os parâmetros avaliados das espécies de ocorrência natural serão comparados com a
espécie introduzida gliricídia (Gliricidia sepium (Jacq.) Walp.). Cada espécie foi submetida a três
tratamentos: testemunha, adubação convencional (química) e inoculação com fungos micorrízicos
arbusculares. Para isso foram demarcadas 45 parcelas de 6 x 3 m, sendo utilizado o espaçamento 0,5 x
1 m. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso com esquema de parcelas subdivididas no
tempo considerando os períodos do ano (chuvoso e seco). Estão sendo realizadas avaliações de
sobrevivência, parâmetros de crescimento, colonização micorrízica, biomassa produzida e capacidade
de rebrota após o pastejo simulado. Também será analisada a qualidade nutricional, palatabilidade das
espécies, incidência de pragas e doenças. Os custos de implantação e manejo estão sendo registrados
para realização de simulações financeiras de sistemas envolvendo as espécies estudadas.
AM18
“Produção de frutas, madeira roliça e lenha associados com floresta em Reserva Legal – Bioma
Amazônia”
Dra. Annete Bonnet, Embrapa Pesca e Aquicultura
A área de Reserva Legal tem a função, entre outras, de assegurar a produção sustentável na
propriedade rural. Sua recomposição e manejo admitem a associação de espécies arbóreas nativas e
exóticas ou frutíferas, com possibilidade de exploração econômica por parte do produtor. Neste
sentido, a pesquisa tem como objetivo identificar, no consórcio estabelecido, os espaçamentos ideais
para obtenção de lenha (retorno mais rápido ao produtor), madeira roliça (moirões, por exemplo),
assim como avaliar a produção de frutos (produções sazonais) conforme a adubação.
Concomitantemente, está previsto monitorar o desenvolvimento de espécies arbóreas nativas para
restabelecimento de segmento florestal, com adubações diferenciadas e com Bertholletia excelsa, a
castanheira, como elemento principal. O projeto, iniciado em janeiro de 2014, possui o total de 12
espécies arbóreas nativas. Destas, apenas duas restaram para implantação no início de 2015. De todas
as espécies foram produzidas mudas, à exceção de Platonia insignis, o bacuri, implantado na forma de
sementes. Desde a campanha de plantio, já foram realizadas manutenções para limpeza da área e
coroamento das mudas, além de uma adubação de cobertura e uma irrigação de salvamento. A
primeira leitura da altura e diâmetro dos colos das mudas foi realizada em maio de 2014, e os dados
estão sendo analisados. Ao longo do tempo, os dados da experimentação trarão subsídios para avaliar
custos e receitas do sistema implantado, manutenção e colheita da madeira e frutos, possibilitando a
recomendação do modelo ao agricultor, com os ajustes que se fizerem necessários.
AM19
“Recomposição de Reserva Legal com plantio e colheita de espécies madeireiras”
Dr. José Francisco Pereira, Embrapa Amapá
Com a necessidade da recomposição da área de Reserva Legal (RL), os produtores são
obrigados a recuperar, de alguma forma, áreas já desmatadas, principalmente áreas improdutivas ou
degradadas. Há necessidade do desenvolvimento e validação de tecnologias que tornem essas áreas
produtivas e que propiciem a recuperação do recurso financeiro aplicado o mais rápido possível, além
de recompor as funções ambientais da área, como a recuperação da biodiversidade e função hídrica.
Propõe-se o plantio de espécies madeireiras de rápido crescimento, para a rápida recuperação do solo
e do capital investido, além de espécies de crescimento mais lento, que mantenham um ambiente
favorável à regeneração natural da floresta e gerem receitas no médio e longo prazos. Foram
implantados quatro arranjos com espécies madeireiras nativas da Amazônia em plantio misto, sendo
elas: paricá (Schizolobium parahyba var. amazonicum), fava-arara (Parkia multijuga), fava-bolota
(Parkia pendula), freijó-cinza (Cordia goeldiana), ipê-amarelo (Tabebuia serratifolia) e castanheira
(Bertholletia excelsa). Devido ao seu potencial econômico, utilizou-se também a espécie mognoafricano (Khaya ivorensis) em dois desses arranjos nas proporções 11,3% e 49,5% dos indivíduos. O
plantio seguiu as recomendações técnicas, com correção de pH do solo e adubação na cova, e na
manutenção, replantio, adubação em cobertura e coroamento. Não será realizada roçagem e capina nas
entrelinhas, deixando a regeneração natural se desenvolver para recompor a vegetação no decorrer do
tempo. Além dos aspectos silviculturais das espécies plantadas para a geração de índices técnicos e
econômicos, será avaliada a regeneração natural para a recomposição da RL.
AM20
“Recuperação de voçorocas em áreas rurais”
Dr. Alexander Silva de Resende, Embrapa Agrobiologia
A aceleração da perda de horizontes superficiais por erosão é um problema muito relacionado
a práticas agrícolas equivocadas ou a obras feitas pelo homem, como estradas e vias. Às margens da
Transamazônica, diversas são as situações em que o solo foi retirado para o aterro da estrada,
deixando cicatrizes, que, aliado ao uso intensivo e a fragilidade ambiental da região, acarretaram em
inúmeras voçorocas. Voçoroca em tupi significa "rasgos na terra", e não há definição melhor para
exemplificar o que acontece. Perda de área, perda de fertilidade do solo, assoreamento de rios e
lagoas, transtornos devido a deposição do sedimento em estradas, são alguns dos problemas causados.
Esse projeto visa propor uma técnica de estabilização da erosão a partir do uso de práticas físicas,
como a construção de bacias de sedimentação para ordenamento da água na paisagem e barreiras para
contenção dos sedimentos, que aliadas a introdução de árvores que possam se desenvolver nessas
condições, reduzirão os efeitos do processo erosivo e melhorarão o aspecto visual da área. Assim, o
modelo proposto nesse projeto é a de conversão dessas áreas sem uso agrícola, em áreas núcleos com
floresta, que possam servir de abrigo e alimento para animais.
AM21
“Implantação de sistemas silviculturais destinados a múltiplos usos e à recuperação de Reserva
Legal”
Dr. Alexandre Uhlmann, Embrapa Florestas
Áreas de Reserva Legal (RL), nos termos da Lei 12.651 (modificada pela Lei 12.727),
constituem-se em segmentos da propriedade rural com cobertura de vegetação nativa e exótica,
dependendo do manejo atribuído, que assegurem o uso sustentável, bem como auxiliem na
reabilitação dos processos ecológicos e conservação da biodiversidade. Em várias propriedades rurais,
particularmente as pequenas (com menos que quatro módulos fiscais) a extensão das RL encontra-se
em dissonância ao disposto em lei, exigindo sua regularização através da recomposição, compensação
ou manutenção da recomposição natural. A recomposição é uma estratégia que representa custos ao
produtor, mas pode oferecer retornos econômicos e sociais desde que feita com o uso de espécies
adequadas, trazendo ainda o benefício de possibilitar a regularização da propriedade. Reconstituir as
RLs considerando estes benefícios é ainda um desafio atual. Este trabalho deseja testar diferentes
arranjos de plantios utilizando espécies arbóreas nativas destinadas ao aproveitamento
econômico/social, ou simplesmente promover o restabelecimento de área florestada, esperando
determinar: (1) o espaçamento que promove o melhor desenvolvimento inicial das espécies de rápido
crescimento, (2) o arranjo que promove o melhor desenvolvimento inicial das espécies esciófilas e (3)
o modelo de plantio que atinja o melhor rendimento econômico projetado. Assim será avaliado o
desenvolvimento e o rendimento econômico de plantios consorciados entre espécies de crescimento
rápido e fins madeiráveis/lenha (carvoeiro, paricá e parapará) e espécies esciófilas de uso misto
(madeira/sementes – cumaru; madeira/óleo – andiroba) e frutífero (cupuaçu). É esperado que o rápido
crescimento das espécies heliófilas providencie duas vantagens: promova o sombreamento necessário
para a entrada das espécies esciófilas e atenue os investimentos necessários para a implantação de
espécies. O experimento visa ainda testar as vantagens do emprego de adubação verde através do
plantio de guandu frente ao uso de adubação química. O início do plantio está previsto para janeiro de
2015.
AM22
“Estruturação de um polo de produção de fruteiras na região de Carajás, Estado do Pará”
Dr. Rafael Moysés Alves, Embrapa Amazônia Oriental
A região de Carajás, no Pará, historicamente apresentou tradição para pecuária de corte.
Entretanto, com o desenvolvimento acelerado dos últimos anos e, consequentemente, vertiginoso
crescimento populacional, surgiram novas demandas, entre elas, a fruticultura. Nas matas que outrora
a ocupava, havia populações nativas de fruteiras como o taperebazeiro, cupuaçuzeiro, bacurizeiro e
outras, que foram sendo erodidas ao longo do tempo, e hoje somente são encontradas em alguns
mosqueados florestais ou em pomares caseiros das fazendas. Há necessidade que esse germoplasma
seja preservado, resgatado, avaliado e disponibilizado aos produtores para uso no sistema de
produção. Por outro lado, a maioria das frutas consumidas nos grandes centros da região como
mamão, abacaxi, maracujá e banana, são oriundas de outras regiões do país. Vale ressaltar que as
condições edafoclimáticas do Carajás são propícias para o desenvolvimento da fruticultura e,
certamente, poderia contribuir para a melhoria de emprego e renda na região. Este projeto tem por
objetivo iniciar o processo para desenvolver tecnologias que permitam a formação de um pólo de
produção de fruteiras, tanto nativas (taperebazeiro e cupuaçuzeiro), quanto exóticas (bananeira,
abacaxizeiro, maracujazeiro e mamoeiro). O plantio, em área de aproximadamente 1 ha, está previsto
para janeiro de 2015.
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