Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 23 e 24 de setembro de 2014 Contraturno Escolar: Principais Preocupações presentes entre o C.R.A.S e a Comunidade Antonio Richard Carias Raquel Souza Lobo Guzzo Faculdade de Psicologia Centro de Ciências da Vida [email protected] Grupo de Pesquisa Avaliação e Intervenção Resumo: O contraturno escolar atualmente é regulamentado a partir de políticas públicas, sendo presente no Programa Mais Educação e no Sistema Único de Assistência Social (SUAS), por meio do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para crianças e adolescentes de 06 a 15 anos. O objetivo deste estudo é compreender as principais preocupações presentes nas orientações para os profissionais do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do SUAS, pois desta forma, busca-se avaliar as correspondentes preocupações com o contraturno escolar na assistência social. Os resultados evidenciaram cinco grandes categorias de preocupações que se tornam significativas para o trabalho dos profissionais envolvidos. Tornou-se evidente a preocupação com fatores de desenvolvimento, fatores contrários ao desenvolvimento, aspectos da infância, orientações técnicas e atividades na assistência social. O presente estudo relava a importância do contraturno existente na Proteção Básica da assistência social, particularmente na luta contra o trabalho infantil. Palavras-chave: Contraturno escolar, políticas públicas, SUAS. Área do Conhecimento: Ciências Humanas - Psicologia – FAPIC/CNPQ 1. Introdução 1.1 Contraturno Escolar na Assistência Social A Educação Integral, que corresponde ao ensino e atividades de formação cidadã, está em pauta nas políticas públicas atuais. [9] pontuam que a proposta de um ensino integral está alicerçada no protagonismo do Estado em oferecer o direito a aprender, tanto no que concerne ao currículo aca- Psicossocial: Prevenção, Comunidade e Libertação Centro de Ciências da Vida [email protected] dêmico, quanto em atividades complementares de formação humana. Desta forma, essas atividades se inserem no período oposto às aulas, ou seja, no outro turno do dia, compondo, portanto um contraturno escolar [9]. Contudo, é significativo pontuar a contribuição do contraturno escolar na rede socioassistencial, particularmente no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do SUAS1. Esse turno de atividades diferenciadas, no período oposto as aulas, é organizado de forma diferente do contraturno da Escola Integral, particularmente quanto a objetivos e metodologias utilizadas [4]. Primeiramente, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos está inserido no SUAS, é regulamentado, desde 2009, pela Tipificação Nacional de Serviços Sócioassistenciais. Neste serviço é oferecido atendimento a crianças e adolescentes entre 06 a 15 anos, expostas a situações de vulnerabilidades e riscos. A proteção fornecida no SUAS, a todo cidadão, é categorizada conforme o grau de rompimento dos vínculos familiares, sendo sistematizada em Proteção Básica, de Média Complexidade e Alta Complexidade [4]. Por meio deste serviço e, consequentemente do contraturno, o Estado busca reduzir situações de vulnerabilidade social, prevenir ocorrências de riscos sociais com possíveis agravamentos e/ou reincidências, aumentar o acesso da população a serviços socioassistenciais e/ou setoriais, além de melhorar a qualidade de vida das famílias que moram na região de abrangência do Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) [4]. 1.2 Contraturno Escolar: historicidade da proposta 1 Sistema Unico de Assistencia Social Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 23 e 24 de setembro de 2014 O contraturno escolar no Brasil foi primeiramente pensado pelo intelectual baiano Anízio Teixeira (1900 a 1971). Pensador do Movimento da Escola Nova, Anízio participou da elaboração da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1961, sendo que defendeu a ampliação e acesso da população a escola pública de qualidade [10]. Contudo, na sociedade atual, a crença em algumas medidas protetivas para com a infância são na verdade prejudiciais ao desenvolvimento. [6] alertam, por exemplo, para a crença indiscriminada no trabalho, por parte de famílias pobres da população, que veem na atividade laboral da criança como uma medida protetiva ao crescimento. Segundo [7] no Brasil, o intelectual desenvolveu na cidade de Salvador-BA, uma escola modelo de atendimento integral a crianças e adolescentes. A referida instituição ficou conhecida como Escola Parque, mas seu nome oficial era Centro Educacional Carneiro Ribeiro. Darcy Ribeiro (1922 – 1997), amigo de Anízio, inspirou-se nas propostas educacionais do mesmo e, elaborou durante os dois governos de Leonel Brizolla, no Rio de Janeiro, os Centros Integrados de Educação Pública (CIEP´s). 2. Objetivo Este estudo teve por objetivo identificar as principais preocupações no cuidado para com a infância e adolescência, assistida pelo contraturno escolar na assistência social, sendo este fornecido no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para crianças e adolescentes de 06 a 15 anos. No ano de 2009, por meio da resolução nº 109, foi publicada a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais, que prevê e regulamenta a sistematização do SUAS. Por meio deste documento, são delineadas as atividades de cada serviço do SUAS, sendo de interesse particular desta pesquisa, a regulamentação do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, pois no mesmo se insere um espaço de contraturno escolar [4]. 1.3 Criança e Adolescente como sujeito social no Contraturno A existência de dois contraturnos escolares na atualidade (Programa Mais Educação e Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos) remete ao cuidado para com o sujeito social presente na criança e no adolescente. De fato, a infância foi vivenciada de forma diferente conforme cada povo e época, sendo nitidamente influenciada por aspectos culturais. Segundo [2], a infância ocidental na Idade Média era comparada a vida de um pequeno adulto, o qual se vestia de modo semelhante e era retratado nos quadros com um rosto envelhecido. Desta forma, a partir da Idade Moderna, particularmente quando a burguesia assume um poder social maior, a criança passou a ser vista como um ser angelical, de pureza, necessitada de cuidados. A visão de um pequeno adulto não era mais aceita, tornando-se repudiada; portanto, a criança passou a ser vista como um ser em desenvolvimento, repleto de potencialidades [2]. 3. Método Material Trata-se de uma pesquisa documental, a qual segundo Gil (2008) é caracterizada pela leitura de documento sob um tratamento analítico. Portanto, o documento utilizado como material foi publicado em 2010 pelo governo federal e editado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. O documento é denominado: “Orientações Técnicas sobre o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Crianças e Adolescentes de 06 a 15 anos”. Procedimento Primeiramente, foi realizada a leitura do documento analisado nesta pesquisa, buscando compreender a sua temática geral e suas particularidades. Desta forma, foi realizada uma nova leitura, de caráter analítico, a partir da metodologia proposta por Bardin (2004). Foram levantadas categorias temáticas em função das preocupações mais frequentes no material. Estas categorias foram analisadas, em função da literatura, buscando uma compreensão mais rigorosa sobre as orientações técnicas fornecidas no contraturno escolar do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos do SUAS. 4. Resultados e Discussão Por meio do levantamento das principais preocupações presentes no documento, foram elaboradas cinco grandes categorias que englobam condições positivas e negativas para o desenvolvimento; perspectiva sobre a infância e adolescência; preocu- Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 23 e 24 de setembro de 2014 pação em orientar tecnicamente para a atuação profissional e preocupação em apontar o percurso histórico e legislativo da assistência social que influenciaram o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos Tabela 1: Contraturno Escolar – principais preocupações Grandes categorias levantadas f % Fatores Desencadeantes para Condições de Desenvolvimento 124 28,5 Fatores Contraditórios para Condições de Desenvolvimento 53 12,18 Infância e Adolescência: Etapas no Desen-‐ volvimento 72 16,55 Orientações Técnicas do Serviço e Cons-‐ trução do Documento 162 37,24 Assistência Social: Serviço de Convivência e Fortalecimento 24 5,51 TOTAL 435 100 A tabela 1 descreve as principais preocupações presentes no documento, sendo que, a categoria: “Orientações Técnicas do Serviço e Construção do Documento” foi a que apresentou maior percentual (37,24%). Tal categoria refere-se a orientações, funções /divisões de atividades dentro do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Crianças e Adolescentes de 06 a 15 anos. Expõe, portanto, que a principal função do documento é orientar, fornecer subsídios para a atuação profissional, permitindo com que os funcionários e voluntários envolvidos com o contraturno da assistência social, possam desenvolver as atividades por meio de uma perspectiva comum. Desta forma, faz-se necessário compreender particularidades de cada categoria levantada, possibilitando a elaboração de sub-categorias em função das temáticas dos trechos. Tal apropriação permitirá um maior detalhamento das preocupações encontradas e, possibilitará uma triangulação de dados que, segundo [11] garante a pesquisa qualitativa maior rigor. 4.1 A preocupação com o Desenvolvimento O desenvolvimento na visão histórico-social acontece a partir da mediação das relações humanas, ou seja, o individuo se desenvolve inserido na sociedade, na cultura e, portanto, no mundo simbólico. Desta forma, o ser humano somente consegue romper os limites do conhecimento adquirido para se apropriar de novos saberes a partir de outras pessoas que permitam e realizem a mediação [1]. Não se trata de um processo unilateral, mas dialético; no qual ambos os participantes aprendem e se desenvolvem. O vínculo torna-se fundamental, porque aprender e se desenvolver com o outro exige relação, e a mediação na Zona de Desenvolvimento Proximal somente acontece a partir de relações estabelecidas [1]. Desta forma, cabe pontuar o espaço de contraturno da assistência social como um local privilegiado para o estabelecimento, o fortalecimento e restauração de vínculos perdidos e/ou danificados. Porém, é inegável que para a concretização do desenvolvimento, a partir do paradigma aqui exposto, são fundamentais os vínculos e o trabalho social efetivo, ou seja, as condições concretas que permitam uma estrutura para a mediação. Tabela 2: Preocupação com o Desenvolvimento Fatores Desencadeantes para Condições de Desenvolvimento Papel da família e seu fortalecimento f % 21 16,93 Intersetorialidade nas políticas públicas 42 33,87 Respeito a territorialidade brasileira 24 19,35 Percursos compartilhados 37 29,84 TOTAL 124 100 A tabela 2, referente às sub-categorias presentes na categoria maior “Fatores Desencadeantes para Condições de Desenvolvimento”, mostra que existe, por parte do documento, uma atenção particular para a “Intersetorialidade nas políticas e serviços” (33, 87%) e posteriormente, para os “Percursos Compartilhados” (29,84%). Desta forma, o principal motivo para o trabalho intersetorial é fortalecer as condições concretas e objetivas para o desenvolvimento. De fato, se uma criança participa do contraturno no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, e apresenta graves carências nutricionais, a mesma poderá ser encaminhada para outra atividade pública que atenda as suas necessidades. Atendimento médico e Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 23 e 24 de setembro de 2014 avaliação socioeconômica, por exemplo, permitiriam uma ação planejada para intervenções. além de que tal atividade é comprometedora no exercício das vivências infantis. 4.2 A preocupação com os fatores que prejudicam o desenvolvimento 4.3 A preocupação com as etapas da Infância e Adolescência De fato, por meio da tabela 1, torna-se visível que além da preocupação com a promoção do desenvolvimento, há uma consideração sobre os aspectos que prejudicam a efetivação do mesmo, portanto, tais aspectos interferem nas relações sociais e nas condições materiais de vida. Segundo [2] é a partir da Idade Moderna que a visão de infância foi sendo estabelecida, possibilitando a proteção e o tratamento diferenciado para as crianças. Desta forma, a ciência passou a considerar as particularidades desta fase da vida como momento especial de desenvolvimento. Tabela 3: Contraturno Escolar – Prejuízos ao desenvolvimento Tabela 4: Contraturno Escolar – Infância e Adolescência f % 9,43 Infância e Adolescência: Etapas no De-‐ senvolvimento Criança e Adolescentes: sujeitos de direi-‐ tos 47 65,28 25 47,17 Atenção particular a Infância 16 22,22 23 43,39 Atenção particular a Adolescência 9 12,5 Fatores Contraditórios para Condições de Desenvolvimento f % Pobreza e suas implicações 5 Trabalho infantil Vulnerabilidades e riscos TOTAL 53 100 Por meio da tabela 3 torna-se visível que a maior preocupação em percentual é o “Trabalho infantil” (47,17%); seguidas pela “Vulnerabilidades e riscos” e “Pobreza e suas implicações”. A primeira sub-categoria (Pobreza e suas implicações) contém trechos que assinalam a necessidade de recursos socioassistenciais para a sobrevivência, tais como bolsas federais em dinheiro; a segunda subcategoria refere-se a atividades laborais inadequadas a idade e maturação das crianças; a terceira abrange situações de fragilidades nos vínculos sociais e familiares. De fato, a maioria das crianças é dirigida ao contraturno para prevenção aos fatores contrários ao desenvolvimento. Segundo a [4], a Proteção Básica tem por meta prevenir e fortalecer vínculos; sendo que, neste eixo se insere o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. O documento enfatiza que a maior prioridade, dentre os aspectos que impedem o desenvolvimento, é o trabalho infantil, sendo tal resultado reafirmado por meio da tabela 3. Desta forma, é importante compreender o trabalho infantil como a atividade laboral exercida por uma criança que não possui, em função de maturação e inserção na cultura, condições físicas e psicológicas para a realização desta; TOTAL 72 100 Por meio da tabela 4 é visível três subcategorias, sendo que, “Criança e Adolescentes: sujeito de direitos” (65,28%) refere-se a preocupação, por parte do documento aqui analisado, em pontuar que estes sujeitos possuem direitos e que portanto, são cidadãos em igual medida aos adultos. Tal subcategoria apresenta trechos que reforçam a posição de que a criança e o adolescente devem ser escutados, priorizados como pessoas de vontade. De fato, a educação é direito de toda criança, assim como as experiências da infância: brincar, sonhar, descobrir o mundo espontaneamente. Na verdade, a criança é um cidadão e, portanto, goza de iguais direitos. Portanto, os direitos garantidos legalmente buscam proteger a criança/adolescente para que vivencie de forma saudável e plena a etapa do desenvolvimento maturacional e cultural a qual está envolvida. Porém, tais etapas apresentam diferenças, visto que, o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos aqui relatado, engloba usuários de 06 a 15 anos. Dentro deste intervalo, encontramse crianças e adolescentes em diferentes níveis de contato com as experiências típicas de cada etapa. O documento apresenta a preocupação em pontuar as diferenças entre as etapas, pois possibilita uma delimitação e atuação diferenciada para ca- Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 23 e 24 de setembro de 2014 da. As necessidades de uma criança são de ordem diferenciada para com o adolescente, exigindo do profissional atuante no serviço maior atenção. Contudo, observa-se que há maior preocupação com a infância (22,22%) do que com a adolescência (12,5%). Tal aspecto poderia ser tratado em maior igualdade, visto que, muitos adolescentes se encontram em situações comprometedoras ao desenvolvimento. Apesar da criança não possuir maior repertório de ações para intervir na realidade, tanto ela quanto o adolescente podem ser priorizados em igual medida, visto que há uma significativa diferença entre a atenção dedicada particularmente a crianças e aos adolescentes. 4.4 A preocupação com as orientações técnicas e a construção do documento De fato, o documento analisado busca orientar tecnicamente a atuação dos profissionais da Assistência Social no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. Tais orientações visam à eficácia do serviço, possibilitando a diminuição das sequelas da Questão Social, ou seja, das mazelas do capitalismo. Tabela 5: Contraturno Escolar – Orientações Técnicas e Construção do documento Orientações Técnicas do Serviço e Cons-‐ trução do Documento Organização e gestão dos materiais e re-‐ cursos humanos Construção do documento e organização das pesquisas Orientações técnicas sobre atividades de-‐ senvolvidas Questão Social. Portanto, é importante salientar que a Questão Social é a referência para o desenvolvimento de políticas sociais, sendo definida como o conjunto de desigualdades sociais inerentes ao capitalismo a partir das relações entre as pessoas que esse sistema estabelece. A origem do conceito remonta ao inicio da industrialização do século XIX, na qual a Revolução Industrial foi o evento propulsor para o fenômeno da pauperização massiva [12]. Diante deste fato, evidencia-se a preocupação em combater a Questão Social e, desta forma, faz-se necessária boa gestão, organização e distribuição dos recursos, garantindo a possibilidade de sucessos nas atividades. É interessante pontuar a preocupação em descrever as funções dos funcionários, suas atividades e sugestões de atuação; além de orientá-los em como atuar com as crianças. 4.5 A preocupação com as ações e os documentos da Assistência Social Conforme exposto na tabela 1, tal categoria expressa documentos e ações da Assistência Social brasileira que, dentro de um percurso histórico, implicaram direta ou indiretamente no Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos de Crianças e Adolescentes de 06 a 15 anos, e portanto, no contraturno. Tabela 6: Contraturno Escolar – Assistência Social f % 43 26,54 15 9,26 104 64,2 Assistência Social: Serviço de Convivência e Fortalecimento Documentos da Assistência Social no Serviço de Convivência Ações da Assistência Social no Serviço de Convivência f % 12 50 12 50 162 100 Segundo a tabela 5, a maior sub-categoria (64,2%) refere-se a orientações técnicas para os profissionais atuantes no serviço, seguidas das subcategorias que englobam a organização e gestão de recursos, como materiais, funções de funcionários, distribuições de horas/atividades nos Núcleos (26,54%) e, da preocupação em descrever como o documento foi feito e com quais pesquisas foi embasado para defender seus propósitos (9,26%). 24 100 De acordo com a tabela 6, existe uma igualdade na preocupação em apresentar os documentos e ações importantes que influenciaram na elaboração do contraturno da assistência social. Tal aspecto demonstra a necessidade de contextualizar ações, intervenções e planejamentos no SUAS. O conceito de “ações” refere-se a trechos que demarcam mudanças importantes na assistência social, muitas destas, após a publicação de novos documentos orientadores. A preocupação em orientar, organizar e dirigir, possivelmente visa a maior eficácia e eficiência dos serviços que de forma ampla, visam interferir na A mais destacada ação da assistência social no documento é o reconhecimento da mesma assistência enquanto direito e, não como favor. Segundo TOTAL TOTAL Anais do XIX Encontro de Iniciação Científica – ISSN 1982-0178 Anais do IV Encontro de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação – ISSN 2237-0420 23 e 24 de setembro de 2014 [12], a concretização desse direito foi um processo longo na história do Brasil; sendo que, desde a Independência até a Constituição de 1988, a assistência foi exercida enquanto caridade por instituições religiosas e/ou pessoas. A partir da Constituição vigente é que a Seguridade Social demarcou o direito a assistência a todos os brasileiros [12]. A sistematização desse direito também foi um processo longo, particularmente desde a formulação do SUAS até a sua efetivação enquanto trabalho. Desta forma, torna-se evidente que o contraturno da assistência social é um direito da criança/adolescente, sendo importante a conscientização do mesmo. Possivelmente, seria interessante o trabalho de conscientização com as famílias próximas ao serviço, sobre o direito a assistência. 5. Considerações Finais Os resultados evidenciaram a existência de cinco grandes preocupações de diferentes temáticas, sendo que, destaca-se a preocupação em orientar e organizar as atividades do serviço. O documento constantemente retoma a temática do trabalho infantil, possivelmente como um dos maiores motivos para a necessidade de um contraturno escolar. Torna-se evidente, por meio das orientações técnicas, a busca pelo desenvolvimento das crianças e adolescentes participantes/usuários do serviço. Busca-se constante relação entre o contraturno, a comunidade e outros serviços, que de forma articulada, tornam possível a existência da intersetorialidade. Contudo, apesar de pontuar a perspectiva de desenvolvimento como sócio-histórica, o documento não contém referências bibliográficas, particularmente as que permitiriam ao leitor uma melhor compreensão e fundamentação do paradigma de desenvolvimento adotado. 6. Referências [1] Alves, A. M. (2010) O método materialista histórico dialético: alguns apontamentos sobre a subjetividade. Revista de Psicologia da UNESP, 9 (1), p. 113, [2] Ariès, P. (1981). A história social da criança e da família. Rio de Janeiro, RJ, 2ª Edição, LTC- Livros Técnicos e Científicos Editora S.A. [3] Bardin, L. (2009). Análise de Conteúdo. Lisboa, Portugal; Edições 70, LDA. [4] Brasil (2009). Resolução nº 109, de 11 de novembro de 2009. Aprova a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais, Brasília, DF. [5] Brasil (2013). Secretaria de Educação Básica. Manual Operacional de Educação Integral, Brasília, DF. [6] Campos , H.R., Alverga, A.R. (2001). Trabalho infantil e ideologia: contribuição ao estudo da crença indiscriminada na dignidade do trabalho. Estudos de Psicologia, v.06, nº 02, p. 227-233. [7] Corrêa, M. (1988). A Revolução dos Normalistas. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, SP, v.66, nº01, p. 13-24. [8] Gil, R.L (2008). Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo, SP; 4ª Edição, Atlas. [9] Lecler, G.F. E e Moll, J. (2012). Programa Mais Educação: avanços e desafios para uma estratégia indutora da Educação Integral e em tempo integral. Educar em Revista, Curitiba, PR, n.45, p.91-110. [10] Romanelli, O. O. (1986). História da Educação no Brasil. Petrópolis, RJ; 8ª Edição, Editora Vozes. [11] Stake, R. (2011). Pesquisa qualitativa. Estudando como as coisas funcionam. São Paulo, SP; 2ª Edição, Editora Penso. [12] Yasbek, M.C. (2008) Estado e Políticas Sociais. Praia Vermelha – Estudos de Política e Teoria Social, Rio de Janeiro, RJ, v.18, n.1, p.1-22.