Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
ALUNOS EGRESSOS DO CURSO DE PEDAGOGIA E SUA
ATUAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO
Irene Rafaela Carneiro Lauria 1
Juliana Cavalcanti Macedo
2
Maria da Conceição Carrilho de Aguiar 3
Resumo
Esta pesquisa teve como objetivo identificar as principais dificuldades
enfrentadas pelo aluno egresso do Curso de Pedagogia da UFPE, desde sua
formação à inserção no mercado de trabalho. Analisando de que forma as
disciplinas contribuíram para a formação desse profissional. Participou da
pesquisa um total de dez pedagogos, sendo cinco atuando em ambientes
escolares e cinco em espaços não-escolares. A coleta de dados se deu através
do questionário. Os resultados apontaram a necessidade de uma reforma na
estrutura do currículo do Curso de Pedagogia da UFPE. Com a introdução de
disciplinas de caráter mais prático e disciplinas que discutam a respeito da
atuação desse profissional em ambientes extra-escolares. Dando uma melhor
base para o exercício desse profissional no mercado de trabalho.
Palavras-chave: alunos egressos – pedagogia – mercado de trabalho.
________________________________
1
Concluinte de Pedagogia – Centro de Educação – UFPE – [email protected]
Concluinte de Pedagogia – Centro de Educação – UFPE – [email protected]
3
Professora Adjunta do Departamento de Administração Escolar e Planejamento educacional
do CE / UFPE – [email protected]
2
1
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
1. Introdução
O processo educacional realizado no interior de uma Instituição de
Ensino Superior, tende a formar profissionais habilitados a atuarem na sua
área, através dos cursos oferecidos. De acordo com a Proposta Curricular do
Curso de Pedagogia da UFPE (2000), os conhecimentos e as competências
dos alunos vão se construindo a partir de três grandes fios1: o fio
epistemológico, que organiza os conteúdos de aprendizagens conceituais de
todas as disciplinas deste currículo, orientando o aluno e fundamentando o
saber pedagógico; o fio técnico-metodológico, que articula os conteúdos de
aprendizagens procedimentais das disciplinas, fundamentando o saber fazer
pedagógico e possibilitando ao aluno atuar na prática de ensino e gestão da
escola; e, por fim, o fio ético-profissional, que agrupa os conteúdos de
aprendizagens atitudinais das disciplinas, fundamentando o saber ser,
possibilitando ao aluno firmar e exercitar seu compromisso profissional.
O Curso de Pedagogia da UFPE, a partir da necessidade de uma
reorganização do currículo e de atualizar o perfil do pedagogo frente às
exigências contemporâneas para a educação neste novo milênio, propõe a
formação deste profissional, conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais
(2006) do Curso de Pedagogia, para atuar no ensino básico, essencialmente
em creches, em pré-escolas, nas séries iniciais do ensino fundamental e nos
cursos normais de nível médio. Fazendo articulação com a atividade de
pesquisa; para produção e difusão do conhecimento científico do campo
educacional e de áreas emergentes, tendo a docência como base obrigatória
de sua formação e identidade profissional. Tem como objetivo, ainda, preparar
esse profissional para a organização e gestão de sistemas tanto escolares
como extra-escolares e sua atuação em projetos educacionais.
Assim, com base em diversos questionamentos que foram surgindo no
decorrer do Curso de Pedagogia da Universidade Federal de Pernambuco,
sobretudo no que se refere, à relação teoria e prática, pretendemos com essa
pesquisa identificar e analisar as principais dificuldades encontradas pelo aluno
__________________________
1
Proposta sistematizada pela profª. Maria Elizabeth Varjal, do Departamento de Psicologia e
Orientação Educacional do Centro de Educação da UFPE.
2
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
egresso de Pedagogia da UFPE, desde sua capacitação, inserção e ascensão
no mercado de trabalho. Temos como foco os ramos de atuação do pedagogo,
seja no contexto escolar como, também, no extra-escolar.
Embora as instituições de ensino continuem sendo o espaço mais
privilegiado de inserção do pedagogo no mundo do trabalho, este profissional
conquistou novos espaços de atuação, devido a uma crescente busca de
novas práticas. No entanto, espera-se que o profissional egresso do Curso de
Pedagogia, atuando no ambiente escolar ou não, relacionando suas práticas
pedagógicas às possibilidades diferenciadas de aprendizagens e ampliando
sua área de atuação, dê continuidade a sua formação crítica, humanista e
contextualizada, numa perspectiva de formação para a construção e exercício
pleno da cidadania.
Neste processo de formação, espera-se que, o egresso do Curso de
Pedagogia esteja habilitado para organizar e desenvolver processos de ensino
e de aprendizagem em contextos educativos diversos. O pedagogo pode,
também, atuar no mercado de trabalho em empresas, em setores de ensino e
pesquisa, seleção, treinamento e desenvolvimento de recursos humanos.
Atualmente, existe uma crescente atuação deste profissional em trabalhos e
projetos de caráter comunitário e de difusão artística, principalmente em
organizações não-governamentais.
Desta forma, ante as conquistas de novos mercados de trabalho em que
o pedagogo possa estar atuando, pretendemos investigar as dificuldades
encontradas pelo aluno egresso de Pedagogia nesse mercado, analisando de
que forma as disciplinas contribuíram para a formação deste profissional.
2. A trajetória do Curso de Pedagogia
A Pedagogia, num sentido mais amplo, é um campo de conhecimento
que abriga o que se denomina de saberes da área da educação. Porém na
antiguidade, particularmente na Grécia antiga, segundo Ghiraldelli (1996) o
Paidagogo, ou seja, o Pedagogo, era um escravo cuja principal atividade
consistia em conduzir as crianças à escola, tinha como função, também, a
vigilância de jovens.
3
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
Conforme Ghiraldelli2, a pedagogia, é aquela parte do saber que está
ligada à razão que não se resume à razão instrumental apenas, mas que inclui
a razão enquanto razoabilidade; a racionalidade que nos possibilita o convívio,
ou seja, a vigência da tolerância e, mesmo, do amor.
De acordo com Libâneo (1999) a existência da Pedagogia se deve ao
fato desse campo ocupar-se do estudo sistemático das práticas educativas que
se realizam em sociedade como processos fundamentais da condição humana.
Investigando a natureza, as finalidades e os processos necessários às práticas
educativas com o intuito de propor a realização desses objetivos nos vários
contextos
em
que
essas
práticas
ocorrem.
Constituindo,
sob
esse
entendimento, uma diretriz orientadora da ação educativa, um campo de
conhecimento que possui objeto, problemáticas e métodos próprios de
investigação, configurando-se como “ciência da educação”.
O curso de Pedagogia foi instituído no Brasil em 1939, para formar
bacharéis que eram designados “técnicos em educação”. Nos anos 60, do
século passado, ele passou a formar tanto bacharéis quanto licenciados, com o
Parecer do Conselho Federal de Educação (CEF) 251/62. Com isto, o
pedagogo passou a ser um professor para diferentes disciplinas dos então
cursos ginasial e normal. Com o parecer do CEF 262/69 a distinção entre
bacharelado e licenciatura em Pedagogia, foi abolida e instituiu-se o projeto de
formar especialistas em administração escolar, supervisão pedagógica e
orientação educacional.
Segundo Pimenta (2006), nos anos 70 do século passado, com a
ampliação e consolidação da atividade científica na área educacional, tomada
como fenômeno social dentro do desenvolvimento capitalista brasileiro, a
escola e os sistemas de ensino tornaram-se objetos de investigação.
Ora sob o prisma metodológico-interpretativo, ora sob o prisma
prático-interpretativo. Ambos configurando metodologias qualitativas,
coerentes à apreensão dos fenômenos educativos numa perspectiva
crítica, contrapostas aos enfoques positivista e funcionalista
(PIMENTA, 2006, p. 9).
____________________________
2
Artigo extraído do site:http://www.centrorefeducacional.com.br/pdaguira.htm
4
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
No final dos anos 70 do século passado, com o aparecimento de um
movimento de redefinição dos cursos de Pedagogia, começaram a surgir
questionamentos sobre a identidade do curso e do profissional pedagogo.
Durante os anos 80, esse movimento denominou-se como Associação
Nacional pela Formação dos Profissionais da Educação (ANFOPE), promoveu
reflexões e oportunizou experiências de reformulação curricular.
Atualmente no Brasil, o curso de Pedagogia, em várias instituições de
ensino superior, continua em discussão. Libâneo afirma que:
[...] estudos referentes à história desse curso, no Brasil, mostram
uma sucessão de ambigüidades e indefinições, com repercussões
no desenvolvimento teórico do seu campo de conhecimento e na
formação intelectual e profissional do pedagogo (2006, p. 107).
A Pedagogia ocupa-se da educação intencional, ou seja, investiga os
fatores que contribuem para a construção do ser humano como membro de
uma determinada sociedade, bem como, os processos e os meios dessa
formação, buscando unir teoria e prática. E, é nesta produção específica da
relação teoria-prática em educação que a pedagogia tem sua origem, se cria,
se inventa e se renova.
Atualmente, pode-se perceber que o conceito de Pedagogia e da própria
função do pedagogo na sociedade veio passando por diversas transformações
ao longo dos tempos. Os vínculos entre educação e economia, as mudanças
recentes no capitalismo internacional colocam novas questões para a
Pedagogia. Para Libâneo (2002), o mundo assiste hoje a intensas
transformações
tecnológicas
em vários
campos
científicos.
E,
essas
transformações tecnológicas e científicas levam à introdução, no processo
produtivo, de novos sistemas de organização do trabalho, há uma nova
mudança no perfil profissional e passa-se a exigir novas qualificações dos
trabalhadores, que acabam afetando direta ou indiretamente os sistemas de
ensino. Nesse contexto, o papel do pedagogo é fundamental, pois todo
processo de mudança exige uma ação educacional e gerir o conhecimento é
uma tarefa, antes de tudo, de modificação de valores organizacionais. Segundo
Gatti:
5
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
é visível o impacto das novas tecnologias e das novas formas de
trabalho que elas geraram e que estão gerando com rapidez até há
pouco inimaginável, embora devamos reconhecer que nem todos
têm condições de perceber o que realmente se passa [ ...] (2000, p.
2).
A pedagogia foi adquirindo assim, novas características com as grandes
e rápidas mudanças ocorridas nos modelos de trabalho, nos padrões de
relações sociais e na escolarização de crianças e jovens. Para Ghiraldelli:
os tempos modernos secundarizaram a noção de pedagogia como
mera atividade prática, o ‘tomar conta das crianças’, privilegiando a
acepção enquanto indicadora de um programa, enquanto um
conhecimento específico, um saber complexo a respeito da
educação das crianças, da formação delas e dos adultos e das
relações disso com a vida social em geral (1996, p. 59).
Os debates em torno desse curso exerceram papéis significativos na luta
pela valorização desse profissional. O pedagogo atuando, seja em ambientes
escolares ou extra-escolares, busca ser um profissional especializado em
estudos e ações que estejam relacionados com a ciência e a pesquisa
pedagógica, e, com a problemática educativa. Tendo como foco o ato
educativo em sua multidimensionalidade, como afirma Libâneo (2002). O
pedagogo precisa prover o processo de formação e desenvolvimento do ser
humano que estiver sob sua responsabilidade através do acesso ao
conhecimento.
[...] o curso deverá formar o pedagogo que tem no fenômeno
educativo – ou na prática pedagógica intencional – ocorrido dentro
ou fora do sistema escolar o seu eixo fundamental de atuação. Esse
profissional deve ter conhecimentos e competências para entender,
analisar, efetivar, diagnosticar, redefinir a prática pedagógica,
enquanto atividade criadora e comprometida, que possa levar o ser
humano a realizar suas potencialidades e a atingir a plenitude da
cidadania (RELATÓRIO DO GT3 – PEDAGOGIA – V CEPFE, apud
LIMA, p. 215).
Porém, a história do curso no Brasil ainda mostra ambigüidades e
indefinições, a ANFOPE (1999) em suas diretrizes curriculares defende o
Curso de Pedagogia, para formação de docentes na educação infantil, nas
séries iniciais do ensino Fundamental e para as disciplinas de formação
pedagógica do nível médio, tendo a docência como base obrigatória de sua
6
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
formação e identidade profissional. Essa defesa pela docência está presente,
também, nos pareceres e resoluções do Conselho Federal de Educação e
conseqüentemente em algumas Faculdades de Educação. Que relutam admitir
um campo mais amplo de atuação desse profissional, dificultando com isso o
desenvolvimento dos estudos pedagógicos.
3. O Profissional Pedagogo
O pedagogo é um profissional que atua em várias instâncias da prática
educativa que estão ligadas à organização, fatos, estruturas, processos de
transmissão e assimilação de saberes, contextos e situações, em suas
inúmeras modalidades e manifestações.
Acreditamos, assim como Libâneo (2006), que a formação do educador
deve ser representada pelo conjunto de conhecimentos ligados à Pedagogia e
não, somente, à docência. Uma vez que os conteúdos de educação nos
remetem primeiramente aos conhecimentos pedagógicos e só posteriormente
ao ensino.
[...] a Pedagogia corresponde aos objetivos e processos do
educativo. Justamente em razão do vínculo necessário entre a ação
educativa intencional e a dinâmica das relações entre classes e
grupos sociais, é que ela investiga os fatores que contribuem para a
formação humana em cada contexto histórico-social, pelo que vai
construindo e recriando seu objeto próprio de estudo e seu conteúdo
– a educação (LIBÂNEO, 2006, p. 120).
Porém, somente após esse conhecimento é que se torna possível
executar a concepção de formação do educador. É através da humanização da
prática que a teoria pedagógica vai preocupar-se em fundamentar as diretrizes
que darão uma direção à ação educativa.
De acordo com Beillerot (1985), com a modernidade transformando a
nossa sociedade em pedagógica, ampliando os campos de atuação do
pedagogo no mercado de trabalho, o curso de Pedagogia está permitindo que
seu profissional atue em duas esferas da ação educativa, a escolar e a extraescolar.
Na ação pedagógica escolar, o educador pode estar atuando como
Professor dos anos iniciais do Ensino Fundamental, da Educação de Jovens e
7
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
Adultos, da Educação Indígena e de Educação especial; como Supervisor
Pedagógico; Gestor; Administrador Escolar; Coordenador e Orientador
Educacional. Na ação pedagógica extra-escolar o campo de atuação é mais
extenso, são as práticas educativas em serviços de saúde e promoção social;
em espaços culturais e nas empresas, com atividades de formação de
pessoas, dentre outras.
Devido a grande amplitude de atuação do pedagogo nos variados
sistemas escolares e extra-escolares, o curso de Pedagogia não consegue
incluir uma formação mais específica para todos esses campos de trabalho.
Como afirma Libâneo:
[...] enquanto a quantidade e qualidade profissional dos pedagogos
foram diminuindo. O movimento de reformulação dos cursos de
formação de educadores preocupou-se mais com o ”curso” e menos
com as bases teóricas da Pedagogia (2006, p. 130).
Porém, existem alguns cursos de formação profissional, como os de
aperfeiçoamento, que fazem parte das atividades de extensão universitária em
algumas Faculdades de Educação.
Com essa diversidade de atuação do pedagogo no mercado de trabalho,
[...] há de se convir que os problemas, os modos de atuação e os
requisitos de exercício profissional nesses níveis não são
necessariamente da mesma natureza, ainda que todos sejam
modalidades de prática pedagógica. (LIBÂNEO, 2006, p. 126).
Pois, os focos de atuação e as realidades com que lidam esses
profissionais, embora se unifiquem em torno da questão do ensino, são
diferentes, justificando a grande necessidade de formar educadores não
diretamente para a docência.
4. O Projeto Político Pedagógico do Curso de Pedagogia do Centro de
Educação da UFPE
O Centro de Educação (CE) da UFPE, procurando garantir um novo
perfil para o Curso de Pedagogia e interferir nas dicotomias ainda presentes
8
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
nas práticas de formação do pedagogo, elaborou a proposta atual de reforma
curricular. O Projeto Pedagógico do Curso tem concentrado suas discussões:
[...] na busca de um currículo com um enfoque complexo,
globalizador e integrado entre as áreas temáticas e disciplinas
específicas / integradoras, exigindo uma ruptura na lógica da
racionalidade técnico-científica, que tanto tem dividido os espaços,
os tempos, os sujeitos e os conhecimentos desse Curso (PROJETO
POLÍTICO PEDAGÓGICO DO CURSO DE PEDAGOGIA DO
CE/UFPE 2007, p. 02).
O Curso de Pedagogia da UFPE tem a docência e a gestão como
núcleo básico da formação / atuação do trabalho profissional do pedagogo,
criando um trabalho pedagógico de ampla interação entre sujeitos, em espaços
escolares e não-escolares. O Curso estabelece conexões com a realidade da
educação em suas determinações sócio-econômicas, políticas, culturais e
científicas. Conforme o Projeto Pedagógico (2007), o Curso de Pedagogia / CE
propõe-se formar esse profissional para atuar na Educação infantil; no Ensino
fundamental; no Ensino normal médio; na coordenação pedagógica da escola
básica; na gestão de sistemas educacionais, escolares e não escolares; e, em
diversas áreas do campo educacional.
Segundo o Projeto Pedagógico, a Pedagogia tem como concepção a
formação:
[...] do pedagogo-professor dotado das capacidades de produzir
conhecimento sobre seu trabalho, de tomar decisões em favor da
qualidade social e cognitiva das aprendizagens escolares e não
escolares e de atuar no processo constitutivo da cidadania do
“aprendente”, seja ele criança, jovem ou adulto (2007, p. 04).
Tendo
na
conhecimentos,
prática
sentidos,
educativa
saberes
um
e
espaço
interações.
de
O
construção
Curso
de
situa-se,
historicamente, num contexto social, seja em espaços educativos escolares ou
não-escolares.
Os objetivos do Curso de Pedagogia da UFPE, de acordo com o Projeto
Pedagógico (ibdem) são:
§
Formar profissionais para atuar em processos escolares e nãoescolares de formação humana (incluindo nas dimensões de
organização e gestão do trabalho pedagógico);
9
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
§
Formar profissionais para desempenhar as tarefas de planejamento,
formulação e avaliação de políticas públicas na área da educação;
§
Formar profissionais para produzir e divulgar o conhecimento na área
da educação.
O Projeto Pedagógico (ibdem) evidencia um perfil curricular de Curso de
Graduação Plena em Pedagogia, que tem o intuito de “[...] resgatar a
especificidade desse curso como licenciatura, sem perder de vista a pluralidade
de seus aportes teóricos”. (p. 03)
5. Metodologia
A nossa pesquisa foi desenvolvida a partir da abordagem qualitativa,
pois tem como principal fonte de dados o ambiente natural e terá como
principal instrumento o pesquisador. Sendo descritiva e valorizando o ser
humano, segundo Ludke e André (1986), esse tipo de pesquisa supõe um
contato direto do pesquisador com o ambiente e a situação que está sendo
investigada. O foco desse tipo de pesquisa estará na compreensão dos
fenômenos estudados e não na explicação deles. A pesquisa qualitativa nos
leva a ter uma melhor compreensão das ações, das percepções e da
manifestação de um problema relacionado com a problemática estudada,
retratando a realidade de forma completa e profunda.
5.1 Participantes
Participaram da nossa pesquisa dez sujeitos, que iremos identificar
como Pedagoga 1 (P1, P2 até P10). Dentre elas, cinco atuam em ambientes
escolares e cinco atuam em ambientes extra-escolares. Todas as participantes
da nossa pesquisa são do sexo feminino, o que já era esperado “visto que o
Curso de Pedagogia é reconhecidamente um curso eminentemente feminino”
(MONTEIRO, 2005, p. 16). P1, P3 e P4 têm mais de 51 anos; P2, P5, P8 e P9
têm entre 20 a 35 anos; P6 e P7 têm entre 36 a 50 anos. Conforme explicito
na tabela abaixo:
10
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
TABELA 1
Faixa Etária
Participantes
Sexo
Faixa etária
Feminino
Mais de 51 anos
Feminino
20 a 35 anos
Feminino
36 a 50 anos
Feminino
Não respondeu
P1
P3
P4
P2
P5
P8
P9
P6
P7
P10
Todas as participantes possuem habilitação em magistério; P1, P2 e P3
possuem também habilitações em Orientação Educacional, sendo P2 habilitada
também em Supervisão Escolar juntamente com P7. P5, P6, P8 e P9 possuem
ainda habilitação em Administração Escolar. O ano de conclusão do Curso de
Pedagogia variou de 1974 a 2006, portanto nossa amostra contempla
profissionais formados em quatro décadas. Como se pode observar na tabela 2
abaixo:
11
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
TABELA 2
Ano de Conclusão do Curso e Habilitação
Ano de conclusão do
Habilitações da
Curso
Graduação
P1
1980
Magistério e Orientação
P3
1974
Educacional
P5
2006
P6
1984
Magistério e
P8
1998
Administração Escolar
P9
2005
P7
2003
Participantes
Magistério e Supervisão
Escolar
Magistério, Orientação
P2
2003
Educacional e
Supervisão Escolar
P4
1983
Magistério
P10
Não respondeu
________
Das cinco participantes de instituições escolares, três trabalham na
Escola de Aprendizes - Marinheiros de Pernambuco (EAMPE), P1 é Técnica
em Orientação Educacional há vinte e nove anos na instituição, P2 é
Coordenadora Pedagógica há três anos e P3 é professora de história e auxiliar
do SOP (Serviço de Orientação Pedagógica) há vinte e oito anos; P4 trabalha
em uma Escola Estadual na cidade do Recife há seis meses desempenhando a
função de Técnica Pedagógica; P5 trabalha numa escola municipal de
Jaboatão dos Guararapes há nove meses como professora (polivalente). Vê
tabela 3.
12
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
TABELA 3
Ambiente Escolar / tempo e função
Participantes
Instituição
que trabalha
Tempo de
Papel que
Trabalho na
desempenha na
Instituição
Instituição
Técnico em
P1
EAMPE
29 anos
Orientação
Educacional
P2
EAMPE
03 anos
P3
EAMPE
28 anos
Coordenadora
Pedagógica
Professora e
Auxiliar do SOP
Escola
P4
Estadual da
cidade do
06 meses
Técnica Pedagógica
09 meses
Professora
Recife
Escola
Municipal da
P5
Rede de
Jaboatão dos
Guararapes
Das cinco participantes que atuam em ambientes extra-escolares, P6
atua na Chesf (Companhia Hidro Elétrica do São Francisco) há vinte anos
desenvolvendo atividades na área de recursos humanos; P7 atua na GC
Tenório Empreendimentos Imobiliários há dois anos e meio como gestora de
Recursos Humanos; P8 atua na FUNDAJ (Fundação Joaquim Nabuco) há um
ano e oito meses como coordenadora pedagógica do CEAD (Centro de
Educação a Distância) e Analista Júnior em Ciência e Tecnologia; e P9
trabalha prestando serviços à Italiana Automóveis do Recife há seis meses.
Conforme tabela 4.
13
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
TABELA 4
Ambiente Extra - Escolar / tempo e função
Participantes
Instituição
que trabalha
Tempo de
Papel que
Trabalho na
desempenha
Instituição
na Instituição
Analista de
P6
CHESF
20 anos
Recursos
Humanos
P7
GC Tenório
2 anos e 6
meses
Gestora de
Recursos
Humanos
Coordenadora
Pedagógica do
P8
FUNDAJ
1 ano e 8
CEAD e
meses
Analista Júnior
em Ciência e
Tecnologia
P9
P10
Italiana
Automóveis
IMIP
Auxiliar de
6 meses
Recursos
Humanos
_________
_________
As Pedagogas 1, 6, 7 e 8 recebem pelo seu trabalho mais de 7 salários
mínimos; P3 e P4 recebem de 4 a 6 salários mínimos; P5 e P9 recebem de 1 a
3 salários mínimos e P2 não quis informar. O que podemos perceber é que em
relação à questão salarial não há uma diferença muito significativa. Pois, a
maioria das pedagogas participantes afirmaram ter uma renda mensal
razoavelmente alta, em torno de 4 a 7 salários.
14
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
TABELA 5
Remuneração
Participantes
Renda Mensal
P1
P6
P7
Mais de 7 salários
P8
P3
P4
P5
P9
4 a 6 salários
1 a 3 salários
P2
Não informou
P10
Não respondeu
P1 possui três cursos de aperfeiçoamento na área de educação e
mestrado em Lingüística, P2 possui duas pós-graduações em Educação a
Distância, P3 possui pós-graduação em História, P4 possui especialização em
Psicopedagogia e mestrado em Ciências de Religião, P5 possui pós-graduação
de Recursos Humanos em Educação, P6 possui MBA em Recursos Humanos,
pós-graduação em Desenvolvimento Organizacional e especialização em
Dinâmica de Grupo; P7 possui Máster of Business Admnistration (MBA) em
Gestão Empresarial, duas pós-graduações na área de gestão de pessoas e
Psicologia Organizacional e graduação em Administração de Empresas; P8
possui mestrado em educação, e P9 possui capacitações na área de Recursos
Humanos.
5.2 Procedimentos de Coleta
Para coletar os dados utilizamos o questionário. Nessa fase, segundo
Martins (1994) buscaremos superar as primeiras impressões que expressaram
o conhecimento apreendido da realidade. Tomamos o espaço natural de
atuação das pedagogas como fonte de estudo.
15
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
Definimos como campo empírico as escolas e empresas onde as
participantes da pesquisa atuam.
Fomos bem recebidas por todas as
pedagogas e entregamos o questionário, o qual recebemos minutos depois
pelas pedagogas escolares. As pedagogas que atuam nos espaços extraescolares entregaram o questionário alguns dias depois, exceto uma
participante que não respondeu o questionário, alegando falta de tempo.
A coleta de dados foi realizada durante duas semanas do mês de
outubro. Realizamos nossa pesquisa em três instituições de ensino, em quatro
empresas e uma num hospital infantil. Queremos ressaltar que, ao longo da
aplicação do questionário, nos deparamos com algumas respostas superficiais.
Algumas participantes responderam rapidamente e sem justificar algumas
respostas, demonstrando pressa e pouco interesse no que estavam
escrevendo.
Segundo as autoras Lüdke e André (1986), o questionário nos dá uma
visão geral do perfil do objeto pesquisado, pois nele irá conter respostas
seguindo uma ordem rígida de questões e assim estabelecendo uma relação
hierárquica entre o pesquisado e o pesquisador.
Foi a partir da proximidade com o pesquisado que melhor coletamos
algumas informações com a finalidade de melhor caracterizar a amostra
pesquisada. O questionário continha onze questões fechadas referentes aos
dados pessoais, escolares e sobre a identidade profissional do pesquisado. E,
também, seis questões abertas referentes à escolaridade e sua atuação
profissional no mercado de trabalho, caracterizando-o como um questionário do
tipo misto. Em três das questões abertas foi solicitado às participantes que
justificassem suas respostas – para que pudéssemos dispor de mais elementos
para a nossa análise. O objetivo das questões fechadas foi traçar o perfil dos
sujeitos da pesquisa. E as questões abertas, tiveram a intenção de identificar
as principais dificuldades encontradas pelo aluno egresso do Curso de
Pedagogia da UFPE no mercado de trabalho e como as disciplinas
contribuíram para a sua formação como profissional.
Como procedimento de análise, descrevemos as informações oferecidas
pelas questões fechadas e organizamos em tabelas conforme apresentamos.
E, descrevemos as questões abertas a partir de categorias construídas das
respostas dos participantes.
16
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
6. Análise e Discussão dos Resultados
Após realizarmos os estudos sobre o Curso de Pedagogia, o profissional
pedagogo e o projeto político do Curso de Pedagogia do Centro de Educação /
UFPE, retomamos a nossa questão inicial de pesquisa, “quais as principais
dificuldades enfrentadas pelo aluno egresso do Curso de Pedagogia da UFPE”.
Os dados do questionário foram analisados com base em estudos sobre
análise de conteúdo de Bardin (1997). O tipo de categoria definido foi o
temático, que significa uma ascensão breve sobre determinado assunto. De
acordo com Bardin (1997), o tema é, segundo a autora, uma das mais úteis
unidades de registro da análise de conteúdo.
Tomando como referência os dados do questionário procedemos à
codificação e análises a partir das categorias temáticas que a seguir
apresentamos.
6.1 Dificuldades enfrentadas na área de atuação
Na primeira questão aberta que fizemos às participantes, perguntamos a
respeito das dificuldades que elas enfrentaram nas suas áreas de atuação
profissional. Todas as pedagogas afirmaram ter passado por problemas, porém
houve divergências comparando as profissionais do ambiente escolar com as
do ambiente extra-escolar.
As pedagogas das instituições de ensino mencionaram as dificuldades
existentes no dia-a-dia de uma escola, com alunos, pais de alunos, com a
comunidade e com colegas de trabalho. Lampert (1985) Apud Lourencetti e
Nicoletti observa nesse profissional uma “{...} função de intermediar interesses
contraditórios num trabalho que é construtivamente ambíguo” (2002 p. 56).
Pois, as situações que envolvem ensino apresentam inúmeras questões de
conflito com as quais esse profissional precisa solucionar.
As pedagogas que atuam em ambientes não-escolares afirmaram que
enfrentaram dificuldades quando começaram a trabalhar nas funções que hoje
desempenham. Pois, não possuíam uma formação mais específica para a
realização de atividades em empresas. De acordo com as participantes elas
17
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
precisaram de capacitações, como os cursos de aperfeiçoamento, para melhor
desempenharem suas funções.
As dificuldades apontadas por essas pedagogas do ambiente extraescolar, refletem o despreparo dessas profissionais no gerenciamento de
atividades em empresas. Apresentando um não reconhecimento por parte do
curso de Pedagogia com as possibilidades de atuação desse profissional em
espaços não-escolares, especificamente na área de Recursos Humanos, onde
as participantes estão atuando. Segundo Libâneo (2006), o curso de
Pedagogia deveria oferecer uma formação teórica, científica e técnica para a
atuação desse profissional em diversos setores de atividades. Pois, o exercício
profissional em espaços educativos extra-escolares são também modalidades
de práticas pedagógicas. Justificando, desta forma, a necessidade de uma
ampliação na formação dos profissionais da educação, para que eles não
sejam direcionados, apenas, à docência.
6.2 Contribuições das disciplinas do Curso de Pedagogia para a formação
profissional
Na segunda pergunta que fizemos as participantes da pesquisa,
questionamos a forma como as disciplinas do curso de Pedagogia contribuíram
para a formação profissional delas. Todas as pedagogas que responderam ao
questionário afirmaram que o curso as ajudou a crescer enquanto profissionais,
contribuindo na sua formação, porém em graus diferentes. Pois, as disciplinas
deveriam ser mais práticas e preparar, também, para as outras áreas de
atuação do pedagogo, que não sejam as escolares.
As participantes, tanto das instituições escolares como das nãoescolares, citaram as disciplinas de Didática, Psicologia e as Metodologias de
Ensino como as que mais trouxeram benefícios para suas práticas
profissionais. Com exceção de P 2, que declarou achar o curso de Pedagogia
da UFPE completamente descontextualizado com a realidade das escolas.
Segundo Gatti (2008, p.52)2: “As faculdades de Pedagogia não discutem os
______________________
2
Citação extraída da Revista Nova Escola, Outubro de 2008.
18
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
problemas da escola, só os tangenciam”. Deixando a prática em segundo plano
no currículo dos cursos de Pedagogia.
Percebe-se que as disciplinas que foram mais importantes para a
realização do exercício profissional das pedagogas participantes, são as que
mais
proporcionaram
“bases
teórico-práticas
de
atuação
profissional”
(LIBÂNEO, 2006, p. 123). Pois, proporcionam a compreensão do conjunto
escolar, do ensino e do indivíduo. Porém, segundo Alves (1998) Apud
Monteiro:
a formação de um profissional não se dá, exclusivamente, em cursos
de formação, e sim em múltiplas esferas e que os conhecimentos
teóricos e práticos-políticos, epistemológicos, pedagógicos,
curriculares, didáticos e outros são necessários [...] (2005, p. 12 e
13).
6.3 Articulação teoria – prática no exercício profissional
Nossa terceira pergunta as pedagogas foi relacionada à articulação que
elas fazem entre a teoria e a prática no seu exercício profissional. As
participantes que atuam em ambientes escolares, afirmaram que essa
articulação se dá através do Projeto Político Pedagógico da instituição de
ensino que trabalham com as atividades, os projetos que desenvolvem na
escola. Já as pedagogas dos espaços não-escolares declararam que tentam
refletir o suporte teórico nas atividades que desenvolvem na instituição que
atuam. Sempre buscando uma fundamentação teórica para entender melhor o
ser humano, como indivíduo e grupo. Fica evidente na fala das pedagogas que
suas práticas são embasadas por um referencial teórico que as norteia. Gadotti
diz que:
toda pedagogia refere-se à prática, pretende se prolongar na prática.
Não tem sentido sem ela, pois é a ciência da educação. Mas não só.
Fazer pedagogia é fazer prática teórica por excelência. É descobrir e
elaborar instrumentos de ação social. Nela se realiza de forma
essencial a unidade entre teoria e prática. (1995, p. 30 e 31).
19
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
6.4 O Curso de Pedagogia e o mercado de trabalho escolar e extra –
escolar
Na quarta pergunta ao serem questionadas se o curso de pedagogia
prepara o aluno para o mercado de trabalho, seja ele, no âmbito escolar ou
extra-escolar, das nove entrevistadas, cinco afirmaram que o Curso prepara.
Dentre as cinco pedagogas escolares, três disseram que o curso lhes ofereceu
uma boa base teórica que norteia o trabalho educacional. E dentre as quatro
pedagogas extra-escolares, duas declararam que a Universidade vem
agregando disciplinas na área de Recursos Humanos possibilitando uma visão
sistêmica sobre as exigências do mercado de trabalho e que o conhecimento
adquirido por uma boa base de formação pode ser adaptado e redirecionado
para dar conta dessas exigências.
Duas pedagogas escolares disseram não acreditar que o curso prepare
os alunos para o mercado, pois a prática vivenciada na Universidade ainda é
mínima e a aprendizagem só se dá totalmente com a prática diária, devido a
complexidade do mercado de trabalho. Segundo Vázquez:
a relação entre teoria e práxis é para Marx teórica e prática; prática,
na medida em que a teoria, como guia da ação, molda a atividade do
homem, particularmente a atividade revolucionária; teórica, na
medida em que essa relação é consciente (1968, p. 17).
Duas pedagogas dos espaços não-escolares disseram que o curso era
insuficiente para enfrentar as exigências do mercado e as demandas da área.
Atualmente, a sociedade está exigindo do profissional que ingressa no
mercado de trabalho muito mais do que a obrigatória formação acadêmica.
Hoje, é preciso ter uma formação humana e capacidade de desenvolver ações
que transformem o ambiente de trabalho e as pessoas à sua volta.
6.5 O Papel do pedagogo
Na quinta pergunta que fizemos, todas as pedagogas participantes da
pesquisa, responderam que o papel do pedagogo é de participar, orientar,
20
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
conduzir, mediar e coordenar a prática pedagógica seja ela em qualquer
ambiente. O profissional da educação é responsável pela mediação da
construção do conhecimento, e também, pelo desenvolvimento de atividades
que possam transformar o ser humano.
O papel do pedagogo é de mediar e articular a aprendizagem em uma
organização seja ela, escolar ou extra-escolar. É diagnosticar os problemas,
buscar as soluções, avaliar as ações e a melhor maneira para solucionar os
problemas.
em síntese, dizer do caráter pedagógico da prática educativa, é
dizer que a Pedagogia, a par de sua característica de cuidar dos
objetivos e formas metodológicas e organizativas de transmissão de
saberes e modos de ação em função da construção humana,
refere-se, explicitamente, a objetivos éticos e a projetos políticos de
gestão social ( LIBÂNEO, 2002, p.26).
6.6 Satisfação com a profissão
Na sexta e última pergunta, as participantes afirmaram estarem
satisfeitas com a profissão; apenas uma afirmou não estar satisfeita e outra,
relativamente satisfeita. As pedagogas escolares responderam que a profissão
é gratificante, pois podem contribuir de maneira positiva na vida das pessoas
ajudando-as a crescer enquanto indivíduos transformadores da sociedade. E
ainda, através de sua atuação em conjunto com outros profissionais de
educação, conseguem fazer com que pessoas pensem e participem do
processo
de
ensino-aprendizagem.
As
pedagogas
extra-escolares
responderam que a profissão requer gostar de trabalhar com pessoas, saber
atuar em várias frentes de trabalho, procurar por aperfeiçoamentos e estar
sempre aberto às mudanças. Todas disseram ter um perfil profissional
relacionado com a profissão. Apenas uma participante afirmou não estar
satisfeita com a profissão, pois gostaria de ser reconhecida profissionalmente e
financeiramente. E, outra participante disse estar relativamente satisfeita
porque é pouco valorizada pelo mercado e o pedagogo não é visto com a
dimensão merecida. Declarou ainda, que a pedagogia para ela, funciona como
uma ferramenta a mais na sua formação de administradora de empresas. Os
dados apresentados indicam, portanto, que o Curso de Pedagogia não tem
21
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
sido
condizente
com
as
exigências
e
complexidades
do
mundo
contemporâneo.
6. Considerações Finais
De acordo com nossa pesquisa, ficou evidente a necessidade da
introdução de disciplinas de natureza mais práticas no currículo do Curso de
Pedagogia da UFPE e uma maior ampliação desse currículo. Com o acréscimo
de disciplinas que possam estar abordando os novos contextos onde o
pedagogo possa estar inserido profissionalmente. Pois, como podemos
perceber, o pedagogo está atuando em ambientes não apenas voltado para a
docência e sim para o ato educativo que pode acontecer tanto em espaços
escolares como em empresas.
Acreditamos que o Curso de Pedagogia deve formar o pedagogo Stricto
Sensu, ou seja, habilitar seu aluno a ser um profissional qualificado para atuar
em diversos campos educativos, seja em ambientes escolares ou extraescolares. Que possa está atendendo as demandas educativas frente às novas
realidades sociais - as novas tecnologias, as mudanças nos ritmos de vida das
pessoas, as novas formas de comunicação e informação - que demandam uma
ação pedagógica que não fiquem voltadas apenas para a docência e a gestão,
mais também em serviços de Psicopedagogia, em empresas de animação
cultural, em movimentos sociais, no planejamento educacional, na definição de
políticas educacionais, na produção de vídeos, jogos e livros didáticos, dentre
outras.
O
pedagogo
exerce
um
papel
insubstituível
no
processo
de
transformação social. É aquele capaz de realizar a reflexão na ação sobre a
ação e dessa forma estar ligado constantemente com o cotidiano, com a
realidade, compreendendo sempre seu trabalho como ato de emancipação,
político, critico, produtivo, produzido nas relações com os outros sujeitos, nas
experiências e reflexões produzidas e reveladas como possibilidade de avançar
no seu fazer pedagógico. Sua identidade é do profissional inovador, criativo,
prospectivo, pesquisador, investigativo, capaz de lidar com as diferentes
situações que se apresenta. Portanto, fica visível a necessidade de uma
22
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
formação geral e profissional pensando na reflexão dos processos de
aprendizagem, a familiarização com os meios comunicativos e o domínio da
linguagem informacional, o desenvolvimento de habilidades comunicativas e
criativas para análise de novas situações.
7. Referências
BARDIN, L. Análise de conteúdo. São Paulo. Edições 70, 1997.
BEILLEROT, Jacky. A sociedade pedagógica. Porto, Rés editora, 1985.
Formação Inicial: Ao mesmo tempo tão perto e tão longe. Revista Nova Escola.
São Paulo, Outubro 2008, ano XXIII, nº 216. Pág. 114.
GADOTTI, Moacir. Pedagogia da Práxis. São Paulo: Cortez, 1995.
GATTI, Bernardete Angelina. Formação de professores e carreira: problemas e
movimentos de renovação. 2ª Edição. Campinas-SP: Autores Associados,
2000. – (Coleção formação de professores)
GHIRALDELLI Júnior, Paulo. O que é Pedagogia. 3ª Edição. São Paulo:
Brasiliense, 1966. – (Coleção primeiros passos)
LIBÂNEO, José Carlos. Pedagogia e Pedagogos, Para Quê? 2ª Edição. São
Paulo: Cortez, 1999.
LOURENCETTI, Gisela do Carmo e NOCOLETTI, Maria da Graça. “Dilemas de
professoras em práticas cotidianas”. In: NICOLETTI, Maria da Graça e
MEDEIROS, Aline Maria. (org). Aprendizagem profissional da docência:
saberes, contextos e práticas. São Carlos: Ed. UFSCAR, 2002.
LÜDK, M. ANDRÉ. M. Pesquisa em Educação: abordagens qualitativas. São
Paulo: Ed. EPU, 1986.
MARTINS, Gilberto de Andrade. Metodologias convencionais e nãoconvencionais e a pesquisa em administração. Caderno de Pesquisas em
Administração, São Paulo, v. 00, nº 0. 2º Semestre, 1994.
MONTEIRO, Ivaneide Alves. Formação inicial e profissão docente: as
representações sociais dos alunos do curso de Pedagogia da Universidade
Federal de Pernambuco. Recife: Editora Universitária da UFPE, 2005.
NICOLETTI, Maria da Graça. MEDEIROS, Aline Maria (orgs.). Formação de
professores, práticas pedagógicas e escola. São Carlos: EDUFSCAR, 2002
23
Generated by Foxit PDF Creator © Foxit Software
http://www.foxitsoftware.com For evaluation only.
NISBEST, J. e WATT, J. Case Study. Readguide 26: Guides in Educational
Research. University of Nottingham School of Educations, 1978.
PIMENTA, Selma Garrido (org.). Pedagogia, ciência da educação? /textos de
José Carlos Libâneo, (et. al). 5ª Edição. São Paulo: Cortez, 2006.
Projeto Pedagógico do Curso de Licenciatura em Pedagogia do Centro de
Educação / UFPE. Recife, Outubro 2007.
Proposta de Reordenação Curricular do Curso de Pedagogia da UFPE. Recife,
Novembro 2000.
VÁZQUEZ, A. S. Filosofia da Práxis. Rio de Janeiro. Paz e Terra, 1968.
Sites Pesquisados:
http://www.pedagobrasil.com.br/pedagogia/porumnovocurso.htm
Acesso em 07 de abril de 2008
http://www.anped.org.br/200904PosicaoDiretrizesCursosPedagogia.doc
Acesso em 04 de junho de 2008.
http://www.centrorefeducacional.com.br/pdaguira.htm
Acesso em 16 de maio de 2008
24
Download

alunos egressos do curso de pedagogia e sua atuação no merca