[UCBS Ano de 1924 – N.º 8 (15 de Agosto) – pág. 1] UNIÃO DOS COOPERADORES DA BOA IMPRENSA Opus fac Evangelistae (2TM 4,5) DEZ ANOS No dia de São Bernardo, 20 de Agosto de 1914, era aberta a Casa. Em 20 de Agosto de 1924 cumprem‐se dez anos. Quanto trabalho da graça neste período! O desígnio do Pai Celeste encarnou, confirmou‐se, difundiu‐se servindo‐Se das coisas que não existem. Celebraremos com profundo reconhecimento esta data. Todos os Cooperadores estão a unidos a nós nesse dia, na oração de acção de graças e na expressão do amor mais vivo: o Senhor usou para connosco de grande misericórdia! Oh! Que bom seria que nesse dia todos os sacerdotes da obra Boletins, e amigos; todas as pessoas vivas inscritas na Obra das Mil Missas, todos os Cooperadores de ofertas e obras colocassem na Missa uma lembrança especial e fizessem a Sagrada Comunhão pela Casa! Oh! Isto é possível! E recordaremos também, de modo especial, os Cooperadores defuntos, para que peçam e obtenham a multiplicação de graças! *** Tudo é obra da misericórdia de Deus. Os dois primeiros alunos multiplicaram‐se mais do que por cem; cresceu a seu lado o ramo da Filhas de S. Paulo, nasceu o grupo das Pias Discípulas: ao redor de São Paulo uniram‐se pelo coração, com o sacrifício e com a oração mais de dez mil Cooperadores, para fazerem o bem e enriquecerem‐se de méritos. A Casa ganhou nome, forma e estrutura: a Santa Sé aprovou a sua existência e missão, e abriu‐lhe os tesouros das indulgências. A Divina Providência concedeu casa, pátio, horta, máquinas e vários ramos de apostolado. A ideia da boa imprensa penetra nos corações, e Deus domina soberano com o Seu espírito, malgrado as infinitas ingratidões, rebeliões e faltas humanas. *** São Bernardo abriu a porta e faz de sentinela. Foi mesmo sob o olhar do santo Abade de Claraval, mente e coração do século XII, que Deus fez nascer os apóstolos da boa imprensa. E Deus quis‐nos bem. São Bernardo é o Doutor da Vida Religiosa: e os operários da boa imprensa devem em primeiro lugar ser ricos de espírito religioso; São Bernardo é o santo, o citarista, o Doutor de Nossa Senhora, e Maria é a Mãe desta Casa; São Bernardo é coluna da Igreja, Pai e Doutor, e a Boa Imprensa é ministério ordinário da Igreja, e populariza a Revelação que os Padres testemunharam e os Doutores ensinaram, é a defesa da Igreja, e a voz de propaganda. São Bernardo impregnou com o espírito de Jesus Cristo toda a vida do seu século, e esta é a missão da Boa Imprensa: impregnar com o Santo Evangelho o homem todo. Estamos reconhecidos a Deus por tão grande protecção, como previsão dos dias e dos acontecimentos futuros. São Bernardo acolheu [UCBS Ano de 1924 – N.º 8 (15 de Agosto) – pág. 2] os primeiros passos no mistério sacerdotal do nosso Senhor Teólogo, que precisamente na paróquia de São Bernardo começou a fazer o bem e a escolher vocações. *** O Pai Celeste segura a família [paulista] nos Seus braços amorosos. O titular, o patrono, o protector da Pia Sociedade é São Paulo Apóstolo, aquele que melhor viveu o espírito e a vida do Divino Mestre, e melhor levou o Evangelho às almas e às nações. Maria, Rainha dos Apóstolos, é a Mãe, a Protectora: Ela formou o Salvador: a Ela são dedicados os Noviços, chamados os Servos de Maria. O culto principal é prestado ao Divino Mestre: Ele é o caminho, a verdade e a vida. Também os sacerdotes da Casa são chamados mestres, em Sua honra. A Ele fazemos a adoração perpétua, a Ele são dedicados os postulantes, chamados os Discípulos do Divino Mestre e as Pias Discípulas. Invocamos o Espírito Santo todos os dias. As outras devoções principais são: a S. José, ao Anjo da Guarda, às Almas do Purgatório. *** Os homens não contam; os homens nada teriam feito. A Casa provém da vontade de Deus; aliás não teria sentido, seria uma loucura, não existiria. Fala‐se de admiração: mais admirável é o que não se vê: as vocações e o sacrifício escondido dos Cooperadores. Mas isto não o fizeram os homens: fê‐lo Deus no Seu amor: e a vontade de Deus guia e orienta: e tudo se faz somente por Deus. Excluindo a vontade de Deus, mesmo humanamente, exclui‐se toda a fecundidade de vida; haveria apenas a aridez em tudo. Ninguém deve por isso contar com os homens e com patrimónios: o património é infinito: Deus. *** O fim primário da Sociedade é por isso tornar santos os seus membros: agradar a Deus, agradar‐Lhe em tudo, odiar o pecado, servi‐Lo bem, procurar sobretudo a Sua vontade, a Sua glória, o Seu beneplácito. É isto que nós pregamos. O livro principal de formação são os Exercícios de Santo Inácio. O trabalho principal que ainda hoje se faz na Casa é a selecção e o cuidado das vocações: a Boa Imprensa precisa hoje de pessoas, de vocações mais do que outra coisa qualquer. Aqui se concentram ou cuidados mais delicados e assíduos do Sr. Teólogo. Depois vem o apostolado: a Boa Imprensa; não uma imprensa qualquer, mas a imprensa que é Evangelho, que é Revelação, que é comentário do Evangelho, divulgação da Revelação divina. Todos, mesmo os alunos, devem ser apóstolos desde o princípio naquilo que podem: o apostolado em Casa é parte necessária da formação. São conhecidas as principais manifestações de hoje. No apostolado da Boa Imprensa, a Pia Sociedade de São Paulo trabalha em união com os Párocos e os Bispos, nas Dioceses e nas Paróquias, tal como nas missões, para os ajudar a realizar aquele bem que hoje é necessário fazer com a Boa Imprensa. *** Escrevemos tudo isto, para que os amigos saibam melhor o que devem dizer ao Senhor nesse dia: no dia do juízo seremos consolados. ‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐‐ Recomendamos às orações dos amigos e a todos os Cooperadores a senhora Lucia Dellapiana Rovinale. A vida de fé, de sacrifício e de caridade no bairro de Castelrotto de Guarene encontrou palavras, cuidados, afecto, generosidade para cooperar com a Boa Imprensa; e quando era atendida alegrava‐se com grandíssima satisfação: cooperou especialmente como zeladora das Mil Missas e do S. Anjo, ajudou com ofertas e rezou muito. A Sociedade de São Paulo tem num livro especial os seus Cooperadores, e cada dia os apresenta a Deus. Todos a recordamos especialmente na Santa Missa, e os mais generosos façam, em sufrágio dela, alguma coisa pela Boa Imprensa, aplicando por ela as indulgências dos Cooperadores. [UCBS Ano de 1924 – N.º 8 (15 de Agosto) – pág. 3] SÃO BERNARDO São Bernardo nasceu em Fontaines, na Borgonha (França) no ano de 1091. Fez os seus estudos, primeiro em Chatillon, depois em Paris, e, dotado de inteligência como era, à idade de apenas 18 anos já os tinha terminado. *** São Bernardo foi uma coluna da Igreja e um dos maiores luminares do mundo de então; foi tão grande o esplendor que ele difundiu durante toda a primeira metade do século XII, que é tido por todos como o mestre mais esclarecido desse tempo. Regenerou a vida monástica; com a sua santidade e com o seu génio, orientou o governo do mundo com que de algum modo contactou; dirigiu as cruzadas; chamou os povos à fé, reconciliou príncipes em conflito; e aconselhou os mesmos príncipes; os próprios Papas a ele se dirigiam para receberem conselhos. Com razão recebeu o título de último dos Padres da Igreja, porque ele foi como um gigante que, colocado entre os tempos antigos em que as ideias antigas, as instituições antigas iam morrendo, e os tempos novos, as novas Instituições iam surgindo, as dominou; e soube orientar as coisas de modo que as novas ideias e instituições, que formam como que o princípio da idade moderna, fizeram brilhar o Cristianismo com novo esplendor. Distinguimos na sua vida duas características, as mais aptas hoje para os nossos Cooperadores: o seu zelo admirável que demonstrou desde o princípio da sua entrada em Religião, ao atrair para Deus o maior número de almas que lhe foi possível, e a sua grande e ilimitada devoção à SS.ma Virgem. *** São Bernardo, tendo acabado os estudos em Paris e vendo como eram perigosos os precipícios e as armadilhas de que por toda a parte estava rodeado, deliberou colocar‐se em segurança abraçando a Vida Religiosa; e em 1113 entrou no mosteiro de Citeaux. Mas não contente em fugir ele dos perigos, vendo que muitos seus companheiros se deixavam seduzir pelos fascínios do mundo, prometeu a Deus que iria trabalhar com todos os meios para conquistar para os seus ideais quantos mais pudesse. E, ajudado pela Divina Providência, não foi vão o seu propósito: ele tornou‐
se, nas mãos do Senhor, como um fogo ardente no meio dos seus semelhantes, um apóstolo. Foi de exemplo para os seus irmãos e conseguiu convencê‐los a todos para o seguirem na Vida Religiosa. Até seu pai abraçou a Vida Religiosa e se submeteu à Regra do próprio filho. Ele não se coibia de falar em público e em privado, para ganhar almas para Deus, e o Espírito Santo concedia tanta eficácia às suas palavras que não se lhe podia resistir. O seu zelo era tão grande, que as mães escondiam os filhos; os amigos afastavam os amigos para não ouvirem os raciocínios daquele jovem fervoroso, para que não fossem arrastados pela celestial facúndia dele. Era coisa inaudita e nunca vista ver um grande número de jovens, todos das famílias mais ricas e estimadas, renunciarem aos prazeres da idade, à glória da sua linhagem, para abraçarem uma vida austera e a pobreza de Jesus Cristo. *** Outra característica singular deste Santo é também a sua grande e ilimitada devoção à SS.ma Virgem. Ele era todo de Maria; e como terno filho de Mãe tão boa, pregou e escreveu tão bem acerca d’Ela que jamais, nem antes nem depois, pessoa alguma disse de Maria coisas tão amáveis, tão graciosas, tão belas; ninguém melhor do que ele celebrou as Suas prerrogativas e as ternuras íntimas de Mãe amorosa. Ao Seu Patrocínio recorria em todos os assuntos, pensava n’Ela continuamente e esforçava‐
se por [UCBS Ano de 1924 – N.º 8 (15 de Agosto) – pág. 4] imitá‐La em todas as Suas virtudes. Era tal o amor que tinha por tão boa Mãe, que só ao ouvir pronunciar o nome de Maria o coração se lhe inflamava e muitas vezes entrava em êxtase. Sempre que encontrava alguma imagem de Nossa Senhora, saudava‐A dizendo: «Ave, Maria»; e Nossa Senhora muitas vezes dignou‐Se responder‐lhe: «Ave, ó Bernardo». E Maria recompensou de muitos modos a devoção do Seu servo: fê‐lo progredir no caminho da virtude a passos de gigante, tanto que S. Bernardo é um dos Santos mais ilustres que a Igreja jamais teve; salvou‐o de uma doença mortal, e muitas vezes Ela mesma, pessoalmente, o quis confortar com aparições. São Bernardo é Padre da Igreja e Doutor; tal como ele testemunhou e ensinou a Revelação, assim hoje a Boa Imprensa a difunde: que S. Bernardo traga vocações para a Boa Imprensa, e fomente nelas o amor a Maria, Rainha dos Apóstolos. 
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UCBS 20ago1924